Relatório AP

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Área de Projecto 12º B - Grupo 5 1 Escola Secundária Quinta do Marquês Ano Lectivo 2009/2010 Professor João Queirós e Professora Mafalda Bessa Criminologia e Ciência Forense Um projecto de: Bárbara Alexandrino Isabel Teixeira Marta Bento Melissa Santos Rita Serdoura

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Criminologia e Ciência Forense. 2009/2010

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rea de Projecto 12 B - Grupo 5

Escola Secundria Quinta do MarqusAno Lectivo 2009/2010 Professor Joo Queirs e Professora Mafalda Bessa

Criminologia e Cincia Forense

Um projecto de: Brbara Alexandrino Isabel Teixeira Marta Bento Melissa Santos Rita Serdoura

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ndiceINTRODUO ................................................................................................................................ 7 CRIMINOLOGIA ............................................................................................................................. 8 Definio ................................................................................................................................... 8 Histria da Criminologia ............................................................................................................ 8 Tipificao dos Criminosos ........................................................................................................ 9 Tipos de Criminosos: ........................................................................................................... 10 Psicologia Criminal.................................................................................................................. 11 Viso do Criminoso ................................................................................................................. 12 A motivao para o crime na viso do criminoso ............................................................... 12 A infncia do indivduo ........................................................................................................ 13 Poder econmico e social ................................................................................................... 13 Homicdios ........................................................................................................................... 14 Perspectiva de vida ps-priso............................................................................................ 14 Dimenses da Personalidade .................................................................................................. 14 Sociologia Criminal .................................................................................................................. 15 Explicao e Perspectiva Interaccionista............................................................................. 15 Nveis e Formas de Explicao. Uma tentativa de Classificao ......................................... 16 Sentido e Vias da Explicao Criminolgica ........................................................................ 17 Explicao e etiologia .......................................................................................................... 17 1. 2. 3. O problema ................................................................................................................. 17 Respostas .................................................................................................................... 17 Teorias monofactoriais e multifactoriais ................................................................... 18

O Homem delinquente ........................................................................................................ 18 I. Introduo. As teorias bioantropolgicas ................................................................. 18

1.Caracterizao geral ......................................................................................................... 18 2

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2.Tradio lombrosiana ....................................................................................................... 18 3. 4. II. A) III. As modernas teorias bioantropolgicas .................................................................... 19 Para uma reavaliao das teorias bioantropolgicas ............................................... 19 Teorias Psicodinmicas............................................................................................... 19 Conceito e Princpios Gerais ....................................................................................... 19 Teorias Psicodinmicas ........................................................................................... 20

A criminologia psicanaltica ................................................................................................. 20 1. Sentido e alcance ........................................................................................................ 20

4. Dois tipos especiais: o criminoso por sentido de culpa e o criminoso normal ............... 20 5. A sociedade punitiva ....................................................................................................... 21 6. A poltica criminal ............................................................................................................ 21 Condicionamento, conscincia e crime............................................................................... 21 Poltica Criminal: cura em vez de castigo........................................................................... 22 Teorias Psico-Sociolgicas .................................................................................................. 23 Teoria da frustrao-agresso............................................................................................ 24 O crime por sentimento de injustia ................................................................................. 25 Tcnicas de neutralizao .................................................................................................. 25 A Sociedade Crimingena ................................................................................................... 26 I - Criminologia de consenso e criminologia de conflito ..................................................... 27 II -Ecologia criminal e desorganizao social ...................................................................... 30 1- A escola de Chicago ......................................................................................................... 30 Contexto histrico: .............................................................................................................. 31 III Teorias da subcultura ................................................................................................... 33 Albert Cohen e a delinquncia juvenil ................................................................................ 34 Formao da subcultura:..................................................................................................... 34 Walter Miller e a cultura da lower class .......................................................................... 35 A subcultura da classe mdia .............................................................................................. 36

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Implicaes cientficas e poltico-criminais: ........................................................................ 37 Criminalidade dos Emigrantes............................................................................................. 38 Teoria de Anomia ................................................................................................................ 38 Gentica Criminal .................................................................................................................... 40 Neurologia Criminal ................................................................................................................ 43 Mtodos para anlise da Actividade Cerebral .................................................................... 50 Ressonncia magntica ....................................................................................................... 51 Evoluo Histrica do Aparelho .......................................................................................... 51 Espectroscopia de ressonncia magntica nuclear............................................................. 53 Magnetismo macroscpico e microscpico ........................................................................ 54 Explicao Fsica da Imagiologia Biolgica .......................................................................... 55 Tomografia por emisso de positres ................................................................................. 56 Equipamento ....................................................................................................................... 57 Segurana ............................................................................................................................ 58 Radionucldeos .................................................................................................................... 58 Histria ................................................................................................................................ 58 Eletroencefalografia ............................................................................................................ 59 Procedimento ...................................................................................................................... 59 Histria ................................................................................................................................ 59 Cintilografia ......................................................................................................................... 60 Vantagens e desvantagens .................................................................................................. 61 Indicaes ............................................................................................................................ 61 Cincia Forense ....................................................................................................................... 61 Medicina Legal .................................................................................................................... 61 Campo de Aco .................................................................................................................. 61 Designaes......................................................................................................................... 62 A importncia da Medicina Legal ........................................................................................ 62 Jurisdio da Medicina Legal ............................................................................................... 62 4

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Organismos onde se exerce Medicina Legal ....................................................................... 63 Anlise de Dados Forenses.................................................................................................. 66 Impresses digitais .............................................................................................................. 66 Manchas de Sangue ............................................................................................................ 68 Tanatologia .......................................................................................................................... 70 A Autpsia ou Necrpsia ..................................................................................................... 70 Leses originadas pela electricidade................................................................................... 72 Queimaduras provocadas pelos diferentes agentes trmicos ............................................ 73 Dinmica do Projecto ............................................................................................................. 75 Introduo........................................................................................................................... 75 Evoluo do Projecto........................................................................................................... 75 Contactos ............................................................................................................................ 77 Blog Criminosos e Afins.................................................................................................... 81 Inqurito .............................................................................................................................. 82 Divulgao Cientfica do nosso Tema .................................................................................. 87 Relatrio da Apresentao ao 7E ...................................................................................... 89 Relatrio da Apresentao ao 7C ...................................................................................... 90 Relatrio da Visita ao CNPC (Centro Nuno Belmar da Costa) ............................................. 90 Fotoalbum ........................................................................................................................... 91 Peddy-paper ........................................................................................................................ 93 Actividades Experimentais .................................................................................................. 96 Verter gua sem entornar ................................................................................................... 96 Bolas de Sabo resistentes .................................................................................................. 97 Leite Colorido ...................................................................................................................... 98 Detector de Mentiras .......................................................................................................... 99 Balano do Progresso Geral do Grupo ................................................................................ 99 CONCLUSO .............................................................................................................................. 100

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Bibliografia: ............................................................................................................................... 100 Sites: ...................................................................................................................................... 100 Livros: .................................................................................................................................... 102 Outros documentos: ............................................................................................................. 102 Plataformas Electrnicas da nossa autoria: .......................................................................... 102 ANEXOS: .................................................................................................................................... 103 o 1 Anexo........................................................................................................................ 103

Crebros criminosos Estudo Estatstico da regio dos Aores efectuado por Alberto Peixoto ............................................................................................................................................... 103 o 2 Anexo........................................................................................................................ 108

Inqurito de Dezembro efectuado s turmas de ESQM...................................................... 108 o 3 Anexo........................................................................................................................ 109

Ranking Mundial ................................................................................................................... 109 o 4 Anexo........................................................................................................................ 116

Relatrio n1 ......................................................................................................................... 116 o 5 Anexo........................................................................................................................ 121

Relatrio n2 ......................................................................................................................... 121 o 6 Anexo........................................................................................................................ 124

P Altura ............................................................................................................................. 124

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INTRODUOPara este projecto, depois de muita reflexo, decidimos abordar o tema Criminologia e Cincia Forense. Esta escolha baseou-se nas preferncias disciplinares dos elementos do grupo, nomeadamente as disciplinas Biologia, Psicologia e Fsica. Entretanto a aluna Brbara Alexandrino tinha apontado como tema de interesse pessoal a Criminologia. Tema que aps muita controvrsia foi aceite pelos restantes membros do grupo at porque tnhamos o apoio dos professores de Biologia e Fsica. Este tema acabou por agradar a todos os elementos do grupo e mostrou-se como uma oportunidade para realizarmos um trabalho de investigao e experincias didcticas acerca das reas disciplinares em causa. Os objectivos que pretendemos alcanar com este trabalho so a divulgao cientfica tanto do nosso tema como da cincia experimental em geral e aprofundar o nosso conhecimento e estudos sobre cincia e psicologia criminal. O nosso projecto de divulgao engloba a exposio do nosso tema a vrias escolas e centros de interesse nas diversas faixas etrias de forma a informar a comunidade para o risco de criminalidade potencial sempre presente na nossa sociedade. O relatrio aqui presente constitudo pela informao terica detalhada sobre o tema, protocolos de experincias e actividades realizadas ao longo dos trs perodos lectivos. Inicialmente depararmo-nos com dificuldades em encontrar possveis entidades patrocinadoras mas conseguimos o apoio do Dr. Miguel Talina, do Sr. Rui Maciel e da Dr. Isabel Leal Bento a quem agradecemos. Para alm destes, a nossa escola, Escola Secundria Quinta Do Marqus, a Escola Antnio Rebelo de Andrade, e os professores da disciplina, que nos acompanharam ao longo do ano lectivo, Professor Joo Felizardo, Professora Mafalda Bessa e Professora Leonor Ferro.

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CRIMINOLOGIAO tema Criminologia abrange todas as temticas consequentes do nosso relatrio escrito: Histria da Criminologia; Tipificao dos Criminosos; Psicologia Criminal; Sociologia Criminosa; Neurologia Criminal; Cincia Forense e Dinmica do Projecto

DefinioA criminologia um conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminalidade e suas causas, da vtima, do controle social do acto criminoso, bem como da personalidade do criminoso e da maneira de ressocializ-lo. Etimologicamente o termo deriva do latim crimino (crime) e do grego logos (tratado ou estudo), seria portanto o "estudo do crime". uma cincia emprica e interdisciplinar. emprica, pois baseia-se na experincia da observao, nos fatos e na prtica, mais que em opinies e argumentos. interdisciplinar e portanto formada pelo dilogo de uma srie de cincias e disciplinas, tais como a biologia, a psicopatologia, a sociologia, poltica, a antropologia, o direito, a filosofia e outros.

Histria da Criminologia287-212 aC Arquimedes prova que uma coroa no era toda feita de ouro tal como o vendedor afirmava atravs do uso de inmeros princpios da Fsica. Sculo VII Primeiro uso registado de impresses digitais na Arbia, segundo os relatos do mercador Suleiman. 1247 escrito o livro Xi Yuan Ji Li cuja traduo livre pode ser Compilao de casos resolvidos e que contm o primeiro registo do uso da medicina e da etimologia como forma de resolver crimes.

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Sculo XVI Ambroise Par, um cirurgio Francs, estuda os efeitos de uma morte violenta nos rgos internos; Fortunato Fidelis e Paolo Zacchia, dois cirurgies Italianos criam a base para a fundao da patologia moderna ao estudarem mudanas que ocorriam na estrutura do corpo aps um crime violento. 1686 Marcello Malpighi, um professor de anatomia na Universidade de Bolonha reinventou o sistema das impresses digitais. 1780 Foram escritos inmeros trabalhos sobre Medicina Forense como, por exemplo, o Tratado sobre Medicina Forense e Sade Pblica escrito pelo mdico Francs Fodr. 1806 O cientista Alemo Valentin Ross descobre como detectar arsnico nas paredes do estmago de uma vtima desse veneno. Sculo XIX criada a primeira fora de detectives, a Sret de Paris pelo detective Eugne Franois Vidocq. Sculo XX Criam-se organizaes como o FBI nos EUA e a Interpol na ustria. inventado o primeiro sistema automatizado de identificao de impresses digitais. Com a chegada da informtica, verificam-se cada vez mais progressos nas reas da Cincia Forense.

Tipificao dos CriminososUm criminoso um indivduo que viola uma norma penal, sem justificao e de forma reprovvel. Aos criminosos condenados e submetidos a um devido processo legal aplica-se uma sano criminal, uma pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos, multa). A punio aplicada a um criminoso pode ser de carcter correctivo, com a inteno de reeducar o indivduo para que no volte a cometer delito, ou de carcter9

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exemplar, com a inteno de desincentivar outras pessoas a cometerem actos semelhantes. Aquele que ajuda um criminoso a cometer um crime considerado tambm um criminoso, participante ou co-autor, enquanto aquele que por omisso permite que um crime acontea quando poderia ou deveria ter impedido geralmente considerado cmplice. Tipos de Criminosos:

Passamos a apresentar os diversos tipos de criminosos consoante critrios aplicados por entidades competentes.

Ladro - aquele que se apropria indevidamente de algo que pertence a outros. Assassino - aquele que tira a vida de outra pessoa, sem estar em situao de legtima defesa.

Estuprador ou violador - aquele que fora outra pessoa a manter relao sexual.

Estelionatrio - aquele que se aproveita da ignorncia de uma ou mais pessoas para obter vantagem para si prprio.

Sequestrador - aquele que rapta uma pessoa e exige da famlia um pagamento em troca da libertao dessa.

Falsrio - aquele que produz dinheiro falso.

A classificao dos criminosos segundo Candido Motta1 pode ser assim resumida:

Criminosos impetuosos - so aqueles que cometem crimes movidos por impulso emotivo, por exemplo os crimes passionais ou crimes que ocorrem em uma discusso de trnsito. O criminoso impetuoso costuma arrepender-se em seguida.

Criminosos ocasionais - so aqueles que decorrem da influncia do meio, isto , so pessoas que acabam por cair em "tentao" devido a alguma circunstncia facilitadora. Neste caso aplica-se o ditado "a ocasio faz o

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Candido Motta Filho (So Paulo, 16 de Setembro de 1897 Rio de Janeiro, 4 de Fevereiro de 1977) foi um advogado, professor, jornalista, ensasta e poltico brasileiro.

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ladro". Os delitos mais comuns so furto e estelionato. O criminoso ocasional tem a oportunidade de se redimir.

Criminosos habituais - so os profissionais do crime. Normalmente iniciam-se no crime durante a adolescncia e progressivamente adquirem habilidades mais sofisticadas. Praticam todo tipo de crimes. A violncia tem o intuito de intimidar a vtima.

Criminosos fronteirios - so criminosos que se enquadram numa zona fronteiria entre a doena mental e os indivduos normais. So pessoas que apresentam delinquncia devido a distrbios de personalidade, por exemplo, transtorno de personalidade anti-social (psicopatia); transtornos sexuais etc. Em geral, so pessoas frias, sem valores ticos e morais, que cometem crimes com extrema violncia desmotivada.

Loucos criminosos - so pessoas que possuem doena mental, isto , alterao qualitativa das funes psquicas que comprometem o entendimento e a autodeterminao do indivduo. Por exemplo: esquizofrnicos, paranicos, psicticos, toxicmanos graves etc. Em geral agem sozinhos, impulsivamente, sem premeditao e remorso.

Psicologia CriminalA psicologia criminal, ou psicologia forense, dedica-se ao estudo do comportamento criminoso, constituindo uma interface entre a psicologia e o direito. A primeira rea procura estudar o comportamento humano e a segunda disciplin-lo, estabelecendo, assim, uma ponte entre as teorias psicolgicas e neuropsicolgicas, o acto criminoso e o controlo da justia penal. A psicologia criminal procura identificar as causas que conduzem ao comportamento desviante e os mecanismos que desencadeiam esse comportamento bem como os efeitos sociais, podendo assim, adoptar medidas de preveno; procura reconstruir o percurso de vida do indivduo delinquente e compreender os processos mentais que o levaram criminalidade. Tenta assim descobrir a raiz do problema, pois s desta forma se poder encontrar uma soluo e determinar uma pena justa.

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Esta cincia nasceu da necessidade de fazer leis adequadas para indivduos considerados doentes mentais. Um profissional desta rea dever dominar conhecimentos referentes doena mental, psicologia em si e s leis civis.

Viso do CriminosoEsta seco pretende demonstrar algumas tentativas de compreenso dos factores que orientam o comportamento criminal.Revista de Iniciao Cientifica Determinao ou escolha: o crime segundo o criminoso de Fernanda Antunes Guedes.

O crime segundo um Criminoso: O crime iluso O crime uma coisa que no compensa. Certo? O crime voc vive de iluso. T aqui dentro E aperto, fica atrs das grades, sofrendo. Voc fica sem ver seus parentes, sua famlia, as pessoas que te ama, sofrendo tambm l fora e voc sofrendo aqui dentro. Ento uma coisa que no compensa. Ficar sofrendo? gostoso, gostoso Furtar, roubar, ter dinheiro demais, ter dinheiro pra fazer o que quiser. Fazer sua vontade., fazer a vontade da pessoa que voc est com ela. No tem coisa mais gostosa que voc estar com a pessoa do seu lado, que voc gosta e ela falar: Nossa senhora, eu quero isso! E voc bater no dinheiro na hora e vai comprar. Dar do bom e do melhor para a pessoa.

A motivao para o crime na viso do criminoso Existem dois tipos de motivao:

A determinao sociocultural que diz respeito a determinado tipo de exigncia que a sociedade impe ao indivduo e independente do seu livre arbtrio como necessidades econmicas relacionadas ao sustento da famlia ou, simplesmente, para bens pessoais. Este tipo de motivao tambm diz respeito s influncias sociais como os amigos (as ditas ms companhias).

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E a escolha individual que diz respeito aos factores que levaram o indivduo a optar pela via criminosa por ambio, pela procura de mais dinheiro com o fim de poder usufruir de luxos. Tambm esto inseridos nesta motivao os crimes levados a cabo para satisfazer as necessidades de emoo, aventura e adrenalina. Este tipo de motivao fruto de uma deciso tomada num qualquer momento da vida do indivduo, pesando prs e contras, e utilizando as suas faculdades mentais no seu estado normal.

Aqui ficam alguns relatos de presidirios brasileiros que usaram as motivaes da determinao sociocultural e escolha individual, respectivamente:

De tanto voc ficar no meio de assaltantes, voc acaba virando assaltante tambm Simplesmente roubava para mim terRevista de Iniciao Cientifica Determinao ou escolha: o crime segundo o criminoso de Fernanda Antunes Guedes

A infncia do indivduo A infncia do indivduo crucial para o seu desenvolvimento e para a formao da sua personalidade. A maioria dos criminosos teve uma infncia triste e violenta, bastante sofrida e, por vezes, abandonada.

Poder econmico e social A maioria dos delinquentes que pratica crimes com penas mais leves, como roubo, nasce em bairros pobres e tem uma educao tambm pobre (no so todos, mas muitos deles, criando um determinado esteretipo a nvel social). Estes indivduos, normalmente, entram no mundo do crime com o intuito de poderem subsistir ou por curiosidade. Tm um enorme gosto pelo dinheiro e pela facilidade com que conseguem obter carros, mulheres e drogas. Por ultimo, para estes indivduos o crime tem o intuito de ostentao de poder e vaidade. No entanto, existem, tambm, criminosos com poder econmico e social superior. Estes indivduos esto comummente associados a crimes de colarinho branco (crimes econmicos como desvios de fundos e burlas). Para estes indivduos o crime tem como objectivo garantir o futuro atravs de investimentos e negcios obscuros.13

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Alguns crimes so cometidos em nome da religio como o caso do terrorismo, muito em vogue actualmente.

Homicdios Grande parte dos homicdios so justificados por a vtima me estar a provocar o que faz que, do ponto de vista do criminoso seja bem feito o seu destino.

Perspectiva de vida ps-priso Geralmente, os reclusos mais velhos e/ou com penas maiores mostram-se arrependidos e desejam seguir uma vida diferente de que tinham anteriormente. No entanto, outros, os que j foram presos vrias vezes, no demonstram arrependimento e dizem que se voltar para c pacincia!...

Dimenses da PersonalidadePersonalidade - A personalidade a organizao de dinmica dos traos no interior do Eu, formados a partir dos genes particulares que herdamos, das experincias singulares e das percepes individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada individuo nico na sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social. Psiclogos descobriram que dezoito mil adjectivos relacionados s caractersticas de personalidade num dicionrio da lngua inglesa podem ser ligados a uma dessas cinco dimenses de personalidade: 1)Aberto a novas experincias at sem muita curiosidade. 2)Sensvel ao sentimento dos outros at totalmente sem escrpulos. 3)Extrovertido at introvertido. 4)Costuma concordar at gosta de discordar, antagonizar. 5)Exageradamente preocupado at estvel, calmo. O estudo da personalidade nos ltimos anos de to grande significado social, que est hoje em pleno desenvolvimento. No entanto, apesar de seu grande avano, o que se conhece sobre personalidade ainda insuficiente para atender s exigncias

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prticas que so colocadas em propores cada vez menores pelo mundo contemporneo. A palavra personalidade, evidentemente, no se constitui em um termo desconhecido, porquanto vem sendo usada indevidamente para determinar os traos que nos tornam agradveis para com as outras pessoas. Gostamos ou admiramos. O indivduo que tem personalidade , prontamente afirmamos que ele dinmico, amigo, simptico. Assim, algum tem personalidade, quando impressiona fortemente a seus semelhantes. Por outro lado, somos indiferentes ou no toleramos o indivduo que no tem personalidade porque, pelo menos para ns ele irritante ou desagradvel. Chega-se mesmo a dizer que uma pessoa que passa despercebida, aptica na vida em comum, no tem personalidade. Existem correntes da Psicologia que estudam a formao da Personalidade mas por outro lado h correntes da mesma que negam a existncia de tal conceito.

Sociologia CriminalNesta seco falaremos um pouco da dinmica envolvente no estudo das caractersticas psico scio - culturais dos indivduos criminosos.

Explicao e Perspectiva InteraccionistaOs temas que sero explanados nesta diviso da Sociologia Criminal so referentes a tentativas de classificao de teorias que so utilizadas para o estudo do comportamento criminal. O labeling modificou o equilbrio da criminologia tradicional, criticando o seu determinismo, por ter substitudo o problema central da criminologia porque se cometem crimes? por outras questes como o que leva a que as pessoas sejam estigmatizadas e encaminhadas numa carreira delinquente. Existem diferenas entre a criminologia tradicional de cariz etiolgico-explicativa e a nova criminologia, de raiz interaccionista.

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A nova criminologia, dinmica, apresenta um modelo dinmico com vrios responsveis pelo crime factores crimingenos. Sabendo estes factores, tende-se a ceder ao determinismo. A explicao interaccionista caracteriza-se por incidir particularmente na deliquncia secundria, que resulta da estigmatizao. O interaccionismo no soluccionou o problema etiolgico mas introduziu novas variveis no estudo da criminologia. Este modelo insiste que a estigmatizao determina a deliquncia secundria atravs da reduo de oportunidades legitimas, da associao com indivduos delinquentes, da aprendizagem de tcnicas do crime e de neutralizao de culpa. Nveis e Formas de Explicao. Uma tentativa de Classificao O valor de cada teoria depende da sua clareza e consistncia bem como da sua capacidade explicativa. Por exemplo, uma teoria que se limite a explicar o aumento do volume do crime deveria ser rejeitada em detrimento de outro que explicasse o aumento diferencial segundo os tipos de crimes, de classe social, etc. O critrio principal de organizao de teorias o de nvel individual ou sociolgico. Assim, existem as teorias que dizem respeito ao homem delinquente enquanto outras versam a sociedade crimingena. Nas teorias de nvel individual (relacionadas com o homem delinquente) existem os seguintes grupos: - teorias bioantropolgicas: diz que existem tipos de pessoas com predisposio para o crime. A explicao do crime prende-se com factores congnitos e o delinquente diferente do homem vulgar. So teorias extremas dado o valor que do s variveis congnitas em relao aos factores sociolgicos. - teorias psicodinmicas: ocupam uma posio intermdia relativamente s teorias bioantropolgicas. Segundo estas teorias, a diferena entre o delinquente e o homem vulgar no congnita, afirmando que originariamente os homens so anti-sociais. Os delinquentes so indivduos cujos processos de aprendizagem e socializao falharam, e portanto no criaram resistncia para os impulsos delinquentes.

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- teorias psico-sociolgicas: do mais importncia aos elementos sociais e situacionais do que aos da personalidade. Integra por exemplo, teorias do crime por sentimento de injustia e tcnicas de neutralizao da culpa. Tambm existem as teorias sociolgicas etiolgicas (privilegiam a dimenso causalista) ou interaccionistas (privilegiam a vertente da reaco social).

Sentido e Vias da Explicao CriminolgicaOs temas que sero explanados nesta diviso da Sociologia Criminal so referentes a tentativas de classificao de teorias que so utilizadas para o estudo do acto criminal consoante as provas que so encontradas no local do crime e consoante o estado psicolgico do indivduo em causa.

Explicao e etiologia 1. O problema A explicao do crime, a penetrao na realidade do fenmeno em termos de causa-efeito tem de ter como pressupostos a existncia de uma razo pura e uma razo prtica do pensamento criminolgico. A primeira razo pode refugiarse em argumentos transcendentalistas enquanto a segunda pode utilizar-se em poltica criminal. 2. Respostas Posies que sustentam uma utilizao moderada de teorias etiolgicas da criminologia sugerem a adaptao dos conceitos etiolgicos realidade, sendo que devem ser consideradas as alteraes sofridas pelo conceito causa na mente do criminoso, o conhecimento da causa deixa de ser suficiente e a explicao etiolgica no justificativa de uma interpretao. O anterior pode ser explicado pelo facto de que o conhecimento da causa e do efeito no significam o conhecimento dos passos intermdios.

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3. Teorias monofactoriais e multifactoriais Teorias monofactoriais: encontrar uma explicao universal para o crime cometido (Sutherland); esta teoria apresenta falhas dado que o factor que se isola como causa no a nica varivel no acto do crime. Teorias multifactoriais: teoria que defende a existncia de multiplicidade de causas (Ciril Burt); apresenta falhas considerando que no possui um conjunto articulado de proposies logicamente entrelaadas dado que cada varivel empreende um novo conjunto de variveis. Conclui-se que nada impede a utilizao de teorias etiolgicas desde que as limitaes tenham sido tidas em conta.

O Homem delinquente

I. Introduo. As teorias bioantropolgicas 1.Caracterizao geral Tratam-se de teorias explicativas do crime que privilegiam, os processos e condies que se consideram pertencentes ou caractersticos do organismo e no do ambiente actual. Explicao do crime pela estrutura orgnica do criminoso e no pela sua interaco ou socializao, factores que escapam ao controle do criminoso. Origem (por ordem de relevncia): - Constitucional, W. Sheldon - Congnito, - Inato - Hereditrio, Charles Goring - Inferioridade Antropolgica, Ernest Hooton - Debilidade Mental, Goddard e Kuhlman 2.Tradio lombrosiana Sc. XIX, positivista Lombroso, o indivduo reproduz na sua pessoa os instintos ferozes da humanidade primitiva e dos animais inferiores. Hooton teve uma abordagem semelhante, defendendo uma teoria de inferioridade, a partir de um18

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estudo a reclusos, defendendo que a erradicao do crime s possvel pela erradicao dos criminosos para que no reproduzam. W. Sheldon, concorda com Hooton neste ltimo ponto, sendo que aponta como causa do crime o plasma biolgico que constitui o indivduo. Glueck defende uma perspectiva mais moderada, que afirma a existncia de condicionantes hereditrias que so despertadas por factores sociais. 3. As modernas teorias bioantropolgicas As teorias de Gluek esto muito prximas das teorias actuais. No entanto o estudo bioantropolgico encontra-se mais aprofundado nas reas recentemente

desenvolvidas de gentica, bioqumica, endocrinologia e psicofisiologia. - Gentica: estuda-se essencialmente a influncia de mutaes cromossmicas no comportamento humano, com especial incidncia no sndrome de Klinefelter e no cromossoma y supranumerrio no homem. Para alm disso, as premissas de definitividade e exclusividade so abolidas. 4. Para uma reavaliao das teorias bioantropolgicas Algum do antigo legado bioantropolgico tem causado a criao de estigmas associadas a tipos de delinquncia, num quadro de interaccionismo que combina uma situao de prius ou posterius - causa ou efeito. Bem como, em situaes como na guerra ao crime.

II. Teorias Psicodinmicas A) Conceito e Princpios Gerais Segundo estas teorias o comportamento do delinquente no advm da sua estrutura orgnica mas resulta das vicissitudes da sua formao e do sucesso do seu processo de socializao. Defendido por Cohen. O crime explicado como uma resultante de um conflito os impulsos naturais e as resistncias sociais (super-ego) - diferente imunidade ao super-ego. Neste mbito, a psicanlise da sociedade punitiva permitiu uma melhor compreenso destes mecanismos. Apesar disso, podem ainda apontar-se algumas falhas a estas teorias, nomeadamente s teorias psico-sociolgicas, porque sobrevalorizam os elementos estruturais caracterizados pela sua variabilidade e flutuao.

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Este tipo de teorias englobam ainda corpos tericos de crimes especficos, como o crie por envolvimento do eu, teorias estas mais particularizadas: o crime sem motivos; envolvimento de um terceiro, bystander; processo concreto de delinquncia. III. Teorias Psicodinmicas A criminologia psicanaltica 1. Sentido e alcance Pretende dar resposta s questes levantadas pelo acto criminal e pelo papel da sociedade punitiva. Teve a sua expanso com Freud, a partir do sc. XX. b) O modelo especfico da criminologia psicanaltica sustenta que o crime constitui uma erupo vitoriosa das pulses libidinosas no campo da conscincia. Alexander e Staub sustentam que um criminoso neurtico e um neurtico s se distinguem pela divergente expresso dos impulsos libidinosos. O crime , ento uma perda do poder inibidor do Super-ego sobre o Ego. Deve ter-se em ateno que potencialmente qualquer homem aparentemente respeitador das leis vigentes pode ser delinquente com a agravante que o seu criminoso interior se encontrar sob tenso criminalidade latente que se manifesta em sonhos, fantasiais criminosas passivas (imaginar objecto odiado a sofrer um acidente) ou activas (imaginar-se a cometer o crime). A fantasia activa pode ser acompanhada de movimentos finalsticos prtica inconsciente de movimentos criminais. Herren criou uma escala que organiza os nveis de aco criminosa latente e real. A renncia ao prazer criminal assenta num contrato social que visa prazeres mais efectivos ou evitar sofrimento. As excepes decorrem de experincias que propiciam o comportamento desviante como o criminoso ter sido vtima de uma injustia; criminalidade neuroticamente condicionada (iluses criadas para iludir o Super-ego, ocultando-lhe a realidade do acto) 4. Dois tipos especiais: o criminoso por sentido de culpa e o criminoso normal a)o delinquente por sentimento de culpa neurtico; pratica um crime porque sente necessidade de ser punido por um crime anterior. No apresenta a sequncia

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normal. Este comportamento pode ser denunciado pela atitude de confisso do criminoso aps o crime e a tendncia irresistvel de voltar ao local de prtica do crime. b) No criminoso normal no existe conflito entre o Id e o Super-ego, dado que os padres sociais do indivduo so estruturalmente desviantes, deve-se a perturbaes nos processos de identificao e formao de conscincia na primeira infncia. 5. A sociedade punitiva A psicanlise da sociedade punitiva pretende descobrir as motivaes e os mecanismos que levam punio de criminosos. a)A pena tem como funo primacial a legitimao da ordem vigente para reforo do Ego social, evitando o contgio do crime. b) A pena pode despertar sentimentos ambivalentes: a sociedade identifica-se com a vtima ou com o delinquente. 1 permite a liberdade de agresso 2 a punio permite expiar sentimentos de culpa. 6. A poltica criminal A poltica criminal emergente da criminologia psicanaltica apresenta duas linhas formais: 1 - interpretao etiolgica que acredita num tratamento. Atribuda a Alexandre e Staub. Deve-se defender a sociedade pela punio do criminoso. As penas devem constituir tratamento, seja o caso de se tratar de um doente com cura. 2 - preconiza a superao dos modelos tradicionais da sociedade. Atribuda a Reiwald e Plack. Rejeita qualquer possibilidade de cura e defende a abolio do direito penal.

Teorias Psicodinmicas. C) Eysenck e a teoria do condicionamento Condicionamento, conscincia e crime Segundo Eysenck a propenso para o crime universal, contudo contrariada pela conscincia de cada pessoa. Esta consciencia consiste num sistema de respostas

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condicionadas, adquiridas durante a infncia e adolescncia. Assim, esta conscincia pode estar subdesenvolvida devido ausncia de condies sociais e familiares ou fraqueza congnita dos mecanismos pessoais. As pessoas extrovertidas tm maior tendncia a condicionar-se menos que as introvertidas, sendo mais provvel que venham a assumir formas anti-sociais de comportamento. O problema a que Eysenck tentou responder saber porque a maioria das pessoas no comete crimes. Quais so os factores que levam as pessoas a resistir tentao de no cometer crimes? A resposta no deve procurar-se somente na eficcia da sleis criminais, nomeadamente no medo das sanes penais. Alis, o paradoxo do criminoso contraria esta teoria, uma vez que as penas no dissuadem os criminosos da prtica de novos crimes. Um aspecto interessante a lei da sequncia temporal: as consequncias de uma aco determinam a sua prtica no futuro, dependendo da proximidade temporal das consequncias. Um criminoso colhe de imediato as consequncias positivas do crime enquanto as consequncias negativas esto mais longnquas e podem nem existir. a socializao que permite adquirir respostas condicionadas: evitar actos que os pais, educadores e a sociedade consideram maus e que sancionam com castigos e praticar actos bons que esto ligados a prmios. A conscincia desdobra-se em duas componentes ou funes principais: a resistncia tentao e a culpa. A personalidade dos delinquentes, tal como acontece com os psicopatas (e ao contrrio do que acontece com os neurticos) caracterizada pela extroverso e emotividade. Assim, enquanto, na generalidade, os neurticos so introvertidos, o moderno criminoso extrovertido, fortemente emotivo e colrico.

Poltica Criminal: cura em vez de castigo

Aps realizar esta interpretao, Eysenck procurou uma nova poltica criminal. Segundo este novo sistema, a pena deveria dar lugar a medidas de terapia do

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comportamento, com os criminosos a serem tratados e no punidos. O castigo talvez satisfaa os nossos instintos primitivos, mas nenhum progresso realiza diz Eysenck. Para o autor, a pena-castigo falha e os resultados esto no aumento da reincidncia criminal pois exacerba a elevada emotividade dos criminosos e as suas tendncias para o crime ou converte-os em neurticos. Devem por isso privilegiar-se as medidas teraputicas para descondicionar o delinquente do comportamento criminoso. A resposta ao crime deve ser diferenciada e quando possvel, imediata (lei da sequncia temporal).

Teorias Psico-Sociolgicas

Estas teorias procuram perceber a natureza e a fora dos vnculos que ligam o individuo sociedade e quais as resistncias ineriores ou exteriores que o levam a superar os impulsos naturais e a obedecer lei. Substitui-se a questo: porque que eles o fazem? por porque que ns no fazemos?. As teorias tentam explicar as hipiteses de ruptura do vnculo social ou das resistncias que controlam os instintos. Reckless deu mais importncia aos factores interiores, uma vez que por exemplo, nem todos os hovens que vivem em reas delinquentes se tornam delinquentes. Este criminlogo procurou estudar a criminalidade normal deixando de parte a criminalidade do foro da psiquiatria e a criminalidade associada ao modo de vida de certas comunidades ou grupos. Para Reckless existem componentes externas ou internas que so foras inibitrias que protegem o indivduo das presses para se desviar das normas legais.

Hirschi achava por outro lado que os actos delinquentes tendem a ocorrer quando se enfraquece ou rompe o vnculo do indivduo com a sociedade. Esta teoria est mais relacionada com o crime nas classes mais desfavorecidas.

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Hirschi assume que o delinquente acredita nas normas enquanto as viola. So quatro os prinicipais elementos em que se analisa o vnculo social cujo enfraquecimento aumenta as probabilidades de delinquncia: - attachment: consiste na ligao afectiva de apego, empatia com o outro. Representa a medida da sensibilidade s opinies e expectativas dos outros. Segundo Hirschi, violar as normas contrariar os desejos e as expectativas das outras pessoas. - empenho (commitment): corresponde ao clculo custos-ganhos que oferece

racionalidade deciso de cometer ou no cometer um crime. - envolvimento (involvement): consiste na medida das energias e do tempo dispendidos em carreiras convencionais. Quanto mais o indivduo investir em carreiras convencionais, menos interessante a opo da delinquncia. - crena (belief): consiste no grau de respeito que as normas convencionais merecem por parte dos indivduos. A ordem convencional dever surgir aos indivduos como a opo mais atraente e mais respeitvel em detrimento da soluo da delinquncia.

Teoria da frustrao-agresso

Para Dollard, a agresso a resposta a uma frustrao. Segundo esta teoria, toda a frustrao desencadeia uma agresso e toda a agresso pressupe uma frustrao. Dollard sustenta que a frustrao pode ser provocada pelos obstculos, ameaas ou limites do mundo exterior. Contudo, hoje em dia parece mais aceitvel que existem outras respostas frustrao para alm da agresso (medo, evaso, regresso, por exemplo). Um dos factores importantes a tolerncia do indivduo frustrao. Esta tolerncia depende da experincia adquirida durante a infncia, da mobilidade do esprito, do grau de comunicao social, da abertura aos valores e da estabilidade emocional. Por outro lado, nem toda a agresso advm da frustrao. Existem fenmenos de agresso e violncia que so resultado de um processo cultural de aprendizagem ou socializao.

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Para alm disso, tambm existem estudos que mostram que o significado e a natureza frustrante de uma experincia so uma aquisio cultural. As pessoas aprendem que certos estmulos so frustrantes e aprendem o modo de lhes responder agressivamente, ou no. Segundo este pensamento, as penas no devem ser fonte de frustrao.

O crime por sentimento de injustia

Consiste num crime cometido como resposta a uma injustia real ou imaginada, de que o delinquente se considera vtima. A injustia tem como consequncia a dissoluo ou relaxamento do vnculo moral lei, mediante este sentimento, o criminoso coloca a sua aco de harmonia com o seu cdigo moral. A subcultura agrava e acentua o sentimento de injustia entre os delinquentes. A subcultura delinquente , segundo Matza um memorial onde se coleccionam injustias.

Tcnicas de neutralizao

Para Matza e Sykes, os sentimentos de culpa que a generalidade dos delinquentes exibem so a prova que os delinquentes interiorizaram os valores da cultura dominante. O problema que os dois investigadores colocam como que as pessoas passam por cima das normas que interiorizaram, como que vencem a resistncia. A resposta so as tcnicas de neutralizao de culpa: verbalizaes ou racionalizaes anteriores conduta que tornam inoperativo o controlo social que as normas veiculam. A explicao destas tcnicas prende-se, por sua vez, ao facto das normas legais raramente terem a forma de imperativos categricos, revelando grande flexibilidade. Existem cinco tipos fundamentais de tcnicas de neutralizao: - negao da responsabilidade: o delinquente projecta o evento como algo que lhe acontece e no como algo que fez. - negao do dano: o delinquente convece-se que no prejudica ningum.

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- negao da vtima: trata-se de negar a existncia de uma vtima, sobretudo se a vtima despertar sentimentos de culpa. - condenao dos condenadores: o delinquente desvia o centro das atenes dos seus actos e motivos delinquentes para o comportamento e os motivos daqueles que desaprovam as suas infraces. - apelo a lealdades superiores: o delinquente representa toda a conduta como sempre ilegal, justificando o seu acto.

A Sociedade CrimingenaOs temas que sero explanados nesta diviso da Sociologia Criminal so referentes posio social vigente na actualidade no que diz respeito ao criminoso e ao seu enquadramento social.

A sociologia criminal tem como objecto de estudo o crime como fenmeno exclusivamente social. A sua utilizao tem duas vantagens significativas: torna mais explcita a intencionalidade crtica (a interpretao sociolgica do crime), e complementarmente sugere mais directamente a pluralidade de dimenses e de planos que hoje se abrem sociologia criminal e obrigam a redimensionar em novos moldes o seu contedo e alcance, assim como as implicaes poltico-criminais. A sociedade crimingena, ou sociedade criminal, ter de problematizar a prpria ordem social, ou seja, a explicao sociolgica do crime dever ser tendencialmente globalizante, explicar o crime no s atravs do plano do acontecer e dos dados sociolgicos, mas tambm ao nvel da prpria ordem social. Actualmente, a sociologia criminal apresenta duas vertentes: A vertente pertencente s teorias etiolgicas, a par de divergncias irrecusveis, mantm reas considerveis de continuidade com as teorias de nvel individual. Continuam a prestar homenagem s representaes fundamentais do positivismo: a aceitao da ordem social como um dado; a crena em que o crime se pode substancializar como algo intrinsecamente mau e em que o criminoso

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necessariamente diferente do cidado normal; o postulado de que o crime sempre a resultante de factores que no deixam outra alternativa de comportamento. A sua diferena, no na estrutura da sua personalidade ou a sua biografia, sim nas estruturas sociais envolventes. O crime o resultado das condies ambientais e habitacionais, da insero em determinadas culturas ou subculturas, classe econmico-social, entre outros. epidemiolgica, pois a partir do estudo da classe, filiao tnica, residncia urbana ou rural, regio, pas, perodo histrico. a partir destes factores, que o socilogo conclui que para alm do ambiente e da intimidade da famlia, existe algo que operativo na produo dos modelos de comportamento delinquente que caracterizam a atmosfera cultural e social dos vrios sectores. Na segunda vertente inclumos as teorias perspectivas que procuram dar resposta a problemas, atravs de analogias com a linguagem psicanaltica, o que nos poder reconduzir rubrica genrica de sociologia da sociedade punitiva. Explicar o crime equivale, a penetrar na racionalidade que preside ordem social. No se pode pensar em comportamento desviante sem que reduza a complexidade resultante da abertura do homem ao mundo e vida e torne possvel a interaco. Inversamente, a existncia de uma ordem social implica necessariamente estratgias de legitimao, defesa e punio. I - Criminologia de consenso e criminologia de conflito A discusso tem-se polarizado em torno da antinomia consenso-conflito. Tm-se equacionado os problemas mais relevantes que se prendem com a ordem social: com a sua gnese, legitimao, contedo, amplitude, mecanismos de proteco e perpetuao, etc. Este problema j vem sendo abordado h muito tempo pois a discusso entre Socrtes e Trasimaco na Repblica de Plato era um debate entre um modelo de consenso (Socrtes) e um modelo de conflito (Trasmaco), em que chegaram concluso de que em toda a parte a justia e o interesse do mais forte so uma e a mesma coisa. Um modelo de consenso aquele em que o poder exercido em nome, no interesse e com o apoio de todos, situando-se as suas decises no lugar geomtrico da27

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conscincia colectiva. Ou seja um modelo de consenso puro exclui seguramente toda a margem de alienao, mas exclui igualmente toda a hiptese de mudana, tendendo para a historicidade e para o imobilismo. Um modelo de conflito define-se pela natureza do vocabulrio utilizado: fala de mudana em vez de equilbrio, de conflito em vez de harmonia, de coero em vez de anomia. Foi transposio destes dois modelos para o problema criminal, que ficou a deverse o aparecimento da antinomia criminologia de consenso-criminologia de conflito. A criminologia de consenso corresponde fundamentalmente criminologia tradicional que caracterizada pela aceitao positivista das normas jurdico-criminais como um dado e destinadas tutela de valores essenciais e comuns a todos os membros da colectividade. O crime visto como uma negao (recusa ou no interiorizao) daqueles valores e do universo cultural que os suporta e, por isso, como uma ameaa ao equilbrio e ao normal funcionamento do sistema. Os problemas que suscita so, pois, problemas de explicao e controlo. A criminologia de conflito caracteriza-se por privilegiar os modelos institucionais (particularmente o sistema econmico) e o modo como estes modelos condicionam a distribuio da criminalidade. O modelo de conflito sustenta que a lei criminal problemtica e deve ser estudada de modo a determinar-se como ela formada e quem processado como delinquente. A criminologia de conflito projecta, assim, as suas categorias metodolgicas e tericas em dois planos complementares: a gnese da lei criminal e o processo (desigual) da sua aplicao. Resumindo o que a criminologia de conflito pe em relevo o carcter de classe do direito criminal. O direito criminal no passa de um instrumento de que os grupos detentores do poder se armam para assegurar e sancionar o triunfo das suas posies face aos grupos conflituosos.

Os efeitos positivos do crime Uma das representaes mais correntes a propsito do crime a que o associa, de forma necessria, a efeitos socialmente negativos e perturbadores. E a verdade que

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tais efeitos, socialmente so irrecusveis, pois alm dos danos materiais que provoca, o crime aumenta as taxas de medo e desconfiana, inviabilizando a interaco e a convivncia, e pe em causa os valores fundamentais sobre que assenta uma dada ordenao econmico-social. Consequentemente, se o crime e a sua punio constituem uma propriedade invarivel da ordem social, importa indagar a que tipo de necessidades sociais responde o universo criminal, que servios presta ordem social. Segundo Durkheim em as Regras do Mtodo Sociolgico o crime no se observa s na maior parte das sociedades (...), mas em todas as sociedades de todos os tipos. No h nenhuma em que no haja criminalidade. Muda de forma, os actos assim qualificados no so os mesmos (), mas sempre e em toda a parte existiram homens que se conduziam de modo a incorrer na represso penal. (...) o crime um factor de sade pblica, uma fonte integrante de qualquer sociedade s. (...) O crime , portanto necessrio: est ligado s condies fundamentais de qualquer vida social mas, precisamente por isso, til. Especificando os efeitos positivos do crime, Durkheim acentua que, alm de reforar a coeso social, o crime ajuda a vencer a rigidez das estruturas institucionais e normativas e o imobilismo, abrindo as portas s modificaes necessrias e ao progresso. Segundo Rusche e Kirchheimer todas as reaces criminais tm uma origem histrica definvel em termos de situao do mercado de trabalho. assim que, segundo estes autores, dever explicar-se a origem da priso, situada por volta de 1600. A inveno penitenciria uma resposta a uma situao de grande procura e escassa oferta no mercado de trabalho durante o sc XVII, antes de a revoluo industrial ter criado o exrcito industrial de reserva. Nesta situao de prolongada penria de mo de obra, que tornava toda a fora de trabalho preciosa, teria sido uma crueldade economicamente insensata continuar a exterminar os criminosos. A pena privativa da liberdade veio, por isso, substituir os castigos corporais e capitais. A humanidade substitui-se crueldade; em vez dos cadafalsos de sempre comearam a edificar-se prises(...). E a pena privativa de

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liberdade ficou como um dado adquirido, vestgio de uma poca em que as relaes sociais eram completamente diferentes e que no se podem compreender com referncia aos interesses contemporneos. Para estes autores as condies de vida na priso deviam garantir um nvel de existncia inferior ao dos operrios de salrios mais baixos, de modo a fazer aparecer o trabalho livre como prefervel condio prisional. o que Cohen procura ilustrar com a prostituio. Pela estigmatizao negativa que a atinge e pela distncia social que as pessoas respeitveis mantm em relao a ela, a prostituio no constitui um concorrente srio das gratificaes oferecidas pela famlia e pelo casamento institucionais; mas, ao abrir a porta a satisfaes sexuais ilegtimas a prostituta evita as tenses que podem ameaar a estabilidade da famlia. II -Ecologia criminal e desorganizao social 1- A escola de Chicago A Escola de Chicago surgiu nos Estados Unidos, na dcada de 1910, por iniciativa de socilogos americanos e teve um papel relevante na histria da criminologia, ao trazer a questo da desorganizao social, e da ecologia criminal. Com a formao desta escola inaugura-se um novo campo de pesquisa sociolgica, centrado exclusivamente nos fenmenos urbanos, que levar constituio da chamada Sociologia Urbana como ramo de estudos especializados. Tem como temtica preferida o estudo daquilo que poderamos denominar a sociologia da grande cidade, a anlise do desenvolvimento urbano, da civilizao industrial e, correlativamente a morfologia da criminalidade nesse novo meio. Esta escola foi responsvel por um estudo mais detalhado a respeito de fenmenos sociais que ocorriam na parte urbana das cidades. A primeira gerao de socilogos da escola de Chicago foi composta por Robert Ezra Park, Ernest Watson Burgess; Roderick Duncan Mckenzie e William Thomas. Foram eles que elaboraram o primeiro programa de estudos de sociologia urbana.

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Contexto histrico: O aparecimento da Escola de Chicago est directamente ligado ao processo de expanso urbana e ao crescimento demogrfico da cidade de Chicago no incio, do sc. XX, como resultado do acelerado desenvolvimento industrial das cidades . Devido a um aumento populacional de forma repentina na cidade de Chicago, esta no estava preparada para receber todas essas pessoas e comeou a ter que enfrentar uma sequncia de problemas sociais urbanos como o crescimento da criminalidade, aumento da delinquncia juvenil, aparecimento de gangs e a formao de comunidades segregadas. Pode-se concluir que comunidades com alta densidade populacional, ms condies de saneamento bsico, falta de estrutura urbana e outros factores sociais contribuem para a criao da oportunidade e da motivao para o crime. Esta escola defende que necessrio estudar o crime e o delinquente mas que tem de se levar em considerao o seu contexto histrico ou seja o crime visto como um problema social e no uma patologia individual, fundamentalmente ligado ao conceito de espao (crime no uma resposta anormal, mas resposta normal a um ambiente anormal). Os estudos dos problemas sociais estimularam a elaborao de novas teorias e conceitos sociolgicos, alm de novos procedimentos metodolgicos. Segundo Thomas, a desorganizao social significa, do ponto de vista institucional, do grupo ou da comunidade, a impossibilidade de definir e impor modelos colectivos de aco: paralelismo entre criao de novos ce4ntros urbanos e criminalidade, cidade produz delinquncia decomposio da cidade em zonas.-existncia de reas crimingenas desorganizao social e contgio inerente aos ncleos urbanos ausncia de efectivo controle social (lack of control) deteriorao de grupos primrios (famlia) modificao qualitativa das relaes pessoais perda de razes no lugar da residencial - crise dos valores tradicionais superpopulao

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Para Thomas, a desorganizao social no passa de uma fase de um processo dinmico de mudana, alternando, por isso, com fases de organizao social. Ecologia humana Robert Park, Ernest Burgess e McKenzie elaboraram o conceito de ecologia humana, a fim de sustentar teoricamente os estudos de sociologia urbana. O conceito de ecologia humana serviu de base para o estudo do comportamento humano, tendo como referncia a posio dos indivduos no meio social urbano. A abordagem ecolgica interroga-se no habitat social (espao fsico e as relaes sociais) determina ou influencia o modo e o estilo de vida dos indivduos. A questo principal saber at que ponto os comportamentos desviantes so produtos do meio social em que o indivduo est inserido. O conceito de ecologia humana e a concepo ecolgica da sociedade foram muito influenciados pelas abordagens tericas do evolucionismo social, ao consistirem num equilbrio entre a comunidade humana com o seu ambiente concreto transposto sociologia. Existem duas grandes linhas de orientao terica e metodolgica (Thomas, Park E Burgess) a que obedece toda a ecologia criminal: a perspectiva epidemiolgica (ou sociolgica) e a perspectiva psico-sociolgica (ou individual) A perspectiva epidemiolgica preocupa-se com o crime como fenmeno sociolgico estatstico e privilegia as grandes recolhas estatsticas de dados e os instrumentos cartogrficos. A perspectiva psico-sociolgica encontra-se virada para o estudo da experincia individual do delinquente e das suas respostas s presses ambientais, preferindo, por isso, os estudos biogrfico-individuais. Park e Burgess realizaram um conjunto sistemtico de investigaes empricas que cobriram uma extensa rea de problemas humanos e sociais: desde os problemas econmicos, aos sanitrios, aos religiosos, aos psiquitricos, etc, procurando interpret-los luz da teoria ecolgica. Assim surgiu em Chicago a possibilidade de distinguir cinco zonas concntricas: Loop (zona central, ocupada por fbricas, servios administrativos, armazns e

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bancos) (central business); Zona intersticial ou de transio (sujeita invaso da zona central e, ao mesmo tempo, da sada centrfuga dos seus habitantes, sendo por isso a menos desejada e habitada por imigrantes e pobres: zona de guettos como Chinatown, Little Siclia, etc.) (zone of transition); Zona Residencial (trabalhadores de segunda gerao - working class zone); Zona de grandes blocos habitacionais (classe mdia middle class zone); Zona habitada por cidados respeitveis e de posses (commuters zone cidados que viajam de casa ao trabalho diariamente). Podemos ento concluir que a desorganizao social provoca a falta de controlo dos adultos e dos valores convencionais sobre os jovens. Surge ento a chamada tradio delinquente. Esta tradio delinquente, que os mais velhos transmitem aos mais novos, assegura aos jovens delinquentes tanto o suporte moral e o apoio emotivo como os meios materiais e tcnicos indispensveis, bem como as gratificaes duma carreira que d prestgio e sucesso. Em 1942 Shaw e Mckay analisaram cerca de 60.000 casos individuais. Concluram que a criminalidade est directamente ligada ao distanciamento da cidade e da sua rea industrializada, abandonando assim as explicaes relativas raa, etnia ou nacionalidade. Consideram o crime como um produto da estrutura da vida

comunitria, especialmente pela desorganizao social e tradio delinquente (e transmisso de uma diversidade de valores culturais, cdigos morais e modelos de conduta, muitos de natureza delinquente) Actualmente existe uma influncia sobre as polticas voltadas para o espao local, como por exemplo, a revitalizao de espaos comunitrios e intervenes locais para a preveno do crime. III Teorias da subcultura difcil existir uma s teoria para definir subcultura, pois sempre existiram teorias subculturais. Mas o que caracteriza as teses sociolgicas a procura da origem das subculturas, vinculadas estratificao social; surgiram na dcada de 50 nos Estados Unidos com resposta ao problema das minorias marginalizadas: tnicas, raciais, culturais, etc.33

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Estas teorias encontravam-se voltadas sobretudo para a delinquncia juvenil. Cada grupo possua o seu cdigo de valores e analisado no a partir de um cdigo geral, mas do seu cdigo. Segundo as teorias da subcultura delinquente, o crime resulta da interiorizao e da obedincia a um cdigo moral ou cultural que torna a deliquncia imperativa. luz destas teorias no s o delinquente que visto com o normal, como igualmente normal o seu processo de aprendizagem, socializao e motivao. Com efeito, ao obedecer s normas subculturais, o delinquente mais no pretende do que corresponder expectativa dos outros sindicantes que definem o seu meio cultural e funcionam como grupo de referencia para efeitos de status e de sucesso. Albert Cohen e a delinquncia juvenil A explicao da delinquncia juvenil bvia: o crime resulta da identificao dos jovens das classes trabalhadoras com os valores e as regras de conduta emergentes da subcultura delinquente. Representa a resposta colectiva s experincias de frustrao nas tentativas de aquisio de status no contexto da sociedade respeitvel e da sua cultura. Cohen parte de dois pressupostos: a delinquncia fundamentalmente produto dos jovens masculinos de classe

mdia baixa. A subcultura delinquente no-utilitria (cometem o crime pelo prprio

crime), m (jovens dos gangs revelam prazer em quebrar regras e tabus) e negativa (subverso total e inverso das normas). Formao da subcultura: O problema que se pe a Cohen o de explicar o aparecimento e a manuteno desta subcultura: Adeso ao american dream; sonho de sucesso apenas aparentemente

democrtico, que coloca em desvantagem os jovens das classes baixas, pois valores como a racionalidade, disciplina, cultura acadmica, boas maneiras, etc., no so compartilhados no seu processo de socializao. Cohen adverte que, o que sobretudo distingue as diversas classes sociais o tipo de socializao primria no seio da famlia. Assim os filhos da classe mdia so34

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socializados numa tica de responsabilidade individual, de autodisciplina, de sacrifcio e renncia s gratificaes imediatas. Diversamente os jovens das classes trabalhadoras so educados numa tica de reciprocidade, uma tica de permissividade e de recurso violncia. Isto gera frustrao e humilhao, confundindo sucesso e virtude, razo pela qual optam por sair do jogo e criar o seu prprio cdigo. Processo colectivo de reaco/formao, um processo psicodinmico de ruptura com a cultura dominante e de acolhimento nova subcultura. Este processo necessariamente colectivo e interactivo-dialgico, uma vez que pressupe a existncia de um certo nmero de actores em interaco recproca, com problemas semelhantes de ajustamento. A interaco realiza-se sobretudo por meio de gestos, gestos exploratrios, atravs dos quais e por insinuaes sucessivas, os jovens vo construindo a soluo subcultural.

Walter Miller e a cultura da lower class Miller defendia a cultura da lower class, trata-se de uma teoria assente no postulado de que a delinquncia no passa do resultado normal de um processo psicosociolgico de empenhamento em solues conformistas, segundo um dado quadro cultural. Segundo Miller o abismo que separa a lower class das classes mdia e superior intransponvel e total, abrangendo tanto as relaes econmico-sociais, como o universo cultural. Assim a lower class apresenta um sistema cultural radicalmente diferente e conflituante com o da classe mdia. Est polarizado em torno de alguns valores tais como: envolvimento em conflitos ou distrbios rudeza esperteza excitao sorte autonomia

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A partir daqui fcil de entender que a delinquncia no resulta de qualquer ideia de desorganizao social ou ruptura entre os jovens e os adultos, mas da adeso dos jovens aos valores da cultura da lower class. As Teorias das subculturas delinquentes: A subcultura da classe mdia A meados do sculo assistiu-se ao aparecimento do modelo da subcultura delinquente para explicar as reas de delinquncia dos jovens da classe mdia. Isto deveu-se descoberta de elevadas taxas de criminalidade real dos jovens oriundos das classes mdias e ao facto de sociologia geral ter dedicado ateno aos problemas de juventude no contexto da moderna sociedade tcnica. Segundo o estudo de Parsons, a nova sociedade moderna caracterizada como hedonista e irresponsvel, devido s tenses nas relaes entre os jovens e os adultos. Esta sociedade surge como resposta a problemas comuns da juventude contempornea, estados de ansiedade, crise de identidade, problemas de status, etc. Ou seja, estes problemas aparecem por entrarem em conflito com os sentimentos da classe mdia, e reflectem os valores e expectativas dos adultos que encorajam o desenvolvimento da youth culture. A concepo da youth culture assenta obviamente numa interpretao das condies histricas . Antigamente, era normal os jovens de dezasseis e dezassete anos se dirigissem ao mercado de emprego e fizessem a transio para a idade adulta. Hoje esse acontecimento tem lugar entre os vinte e trs e vinte e quatro anos. England escreve que as bases de transposio para a sociedade moderna tiveram inicio quando os jovens comearam a ser progressivamente afastados dos papeis da economia atravs da legislao laboral-protectiva, do movimento de eduo obrigatria, etc. Tambm na estrutura familiar se registaram grandes transformaes, com reflexos evidentes nos novos padres educativos. A educao deixou de se realizar predominantemente em casa como se passou a perspectivar pela aquisio dos ttulos profissionais ou escolares. As actividades extracurriculares, desde as mais variadas manifestaes culturais, desporto ao convvio36

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entre sexos, convvio com praticamente toda a publicidade comercial, potenciado pelos modernos meios da comunicao, fizeram da cultura hedonista e irresponsvel uma fun and games. Esta youth culture de fun and games induz neles uma atitude de invencvel ambiguidade em relao cultura convencional. Exige-se-lhes o respeito pelo funcionamento do sistema institucional, mas denega-se-lhes a possibilidade de interveno nas respectivas decises. Surgindo deste modo, as crises de identidade (competindo com os valores da sociedade), levando a prticas colectivas de criminalidade violenta, actos ilegais (at mesmo sancionadas), embriaguez, jogo, furto de dinheiro e de automveis, etc. Para a explicao destas prticas, contribuiro dois factores, a ambivalncia e suporte recebido por parte da sociedade, nomeadamente os pais e a ausncia de jovens e auto-imagens delinquentes, como exemplo padro do que no se deve fazer.

Implicaes cientficas e poltico-criminais: O comportamento criminoso como comportamento normativamente apoiado (esperado e reclamado), segundo Sykes, uma ideia das mais promissoras linhas de investigao, no campo da explicao do crime. Nos Estados Unidos da Amrica, a ideia da subcultura lower class persiste A interpretao da evoluo da sociedade americana contempornea obedece a uma lgica de estratificao cada vez mais rgida, feito a custo da excluso dos scio-ecomicamente mais dbeis, independentemente da caor d epele ou da provenincia tnica. Com a crescente sofisticao tecnolgica torna-se cada vez mais dispensvel a fora de trabalho no qualificada. Um dos domnios mais insistentemente testado o da criminalidade violenta em geral e do homicdio em particular. Wolfagang e Ferracuti afirmam que h pases, cidades ou comunidades (com destaque para comunidades americanas no brancas), aderem a sistemas prprios de valores, impem respostas de violncia a determinadas situaes definidas como desafios intolerveis sua honra. A este sistema constitui uma subcultura da violncia.37

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Subcultura de Violncia Podemos admitir que num ponto de vista psicolgico, quanto maior for o grau de integrao do individuo, numa sociedade/cultura de violncia, maior ser a probabilidade de o seu comportamento ser desfloro. Criminalidade dos Emigrantes A criminalidade dos emigrantes constitui outro dos domnios associados ideia de crime normativamente apoiada. Existiu sempre um enquadramento terico da criminalidade dos emigrantes na teoria do conflito, esta teoria ps em causa os esteretipos da maior propenso para o crime por parte dos emigrantes, responsveis por atitudes gerais e agressivas. Mas por outro lado as investigaes esto longe de confirmar os pressupostos de que com a existncia de mais emigrantes, maior a criminalidade (taxas superiores de criminalidade s dos residentes nacionais). Na verdade, tem sido o contrrio que se tem comprovado, os imigrantes cometem menos crimes e as suas taxas de delinquncia aumentam com o processo de aculturao. i. As sugestes poltico-criminais das teorias da subcultura delinquente: A principal responsabilidade pelo crime deve, pois, atribuir-se s fracturas e contradies verificadas a nvel de universal cultural. Sugestes poltico-criminais prprias a destinadas a maximizar a conformidade dos jovens das classes mdias: Medidas para reforar uma nova moralidade da classe mdia, tolerncia aceitar nomeadamente a discriminao de condutas prprias desta idadeprricas sexuais, consumo de alcol, etc; Medidas de intensificar a participao e empenho dos jovens no mundo dos adultos, permitindo-lhes a realizao de tarefas nos campos laborais. Teoria de Anomia Este conceito de anomia (ausncia de normas), vai ser utilizada no sentido que a anomia assume linhas de teorizao sociolgica (constitui uma propriedade de um sistema social e no um estado de esprito deste ou daquele individuo dentro do sistema).

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Nettler opta pela expresso teoria das estruturas de oportunidade, trata-se duma das mais prestigiadas teorias explicativas, tanto no domnio da criminologia como da sociologia e at em reas como participao poltica e psiquiatria. Comeou como uma mera hiptese explicativa de suicdio, mas acabou por se elevar categoria geral da criminalidade e das formas mais variadas de comportamento desviante ( ex: alcoolismo, drogas). No que respeita criminologia, acredita-se que a partir do modelo da anomia, constri-se uma teoria integrada e geral do comportamento desviante: ii. O problema que se coloca teoria da anomia o de descobrir as tenses que induzem a procura de solues desviantes. Trata-se de indagar como que o sistema produz o crime e o produz como resultado normal do seu prprio funcionamento. Em suma, Nettler estuda as relaes sociais que condicionam o exerccio diferencial dos talentos e interesses que se supe serem iguais em todas as pessoas. O objectivo da teoria consiste em descobrir como certas estruturas sociais exercem uma presso definida sobre algumas pessoas da sociedade, no sentido de se envolverem em condutas no-conformistas em vez de em condutas conformistas (Os delinquentes) Merton considera que a teoria de anomia dentre as teorias sociolgicas a que mais se distancia da do modelo mdico, porque considera que o crime no resultado normal do funcionamento do sistema e da actualizao da fora normativa dos seus valores, ou seja no nenhuma anomalia que existe no individuo que o faa cometer crimes. Em suma, a teoria da anomia caracteriza-se, pela aceitao do carcter normal do crime.

iii.

O suicdio abordou, de forma mais explcita, o tema da anomia, porm f-lo com sentidos e alcance num enquadramento moral e poltico completamente dspares. Uma sociedade anmica uma sociedade carecida de ordem normativa e incapaz, por isso de controlar a fora centrfuga e desintegradora dos

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instintos, das ambies e dos interesses individuais. O estado de desregramento ou de anomia ainda acentuado pelo facto das paixes serem menos disciplinadas, na altura em que deveriam ser. Nesta sociedade anmica existem : A diviso do trabalho social que faz com que os indivduos se especializem, individualizem, e percam a conscincia colectiva. A solidariedade orgnica e mecnica (Caracterizam-se pelo facto de terem uma conscincia colectiva, de sentimentos e crenas de fundo religioso a que todos obedecem). O normal na sociedade moderna, ser que a diviso do trabalho crie solidariedade social. Mas este processo no est isento de constantes conflitos entre o trabalho e o capital. Segundo Durkheim, existem 3 tipos de suicdio, o anmico e egosta e o altrusta Ao estudar o suicdio, retira a seguinte concluso: as taxas de suicdios obedecem ao ritmo dos ciclos econmicos o suicdio aumenta nos perodos de depresso

Gentica CriminalA influncia dos genes na vida psquica do indivduo poder ser equacionada de relevante (ou no), no apenas enquanto determinante directa de uma maior propenso agressiva, mas tambm enquanto determinante indirecta; ao atribuir ao sujeito determinadas caractersticas (herdadas geneticamente) como a debilidade intelectual ou a impulsividade, as quais, particularmente se conjugadas no mesmo indivduo, no deixaro de se repercutir na insero vivencial do sujeito e potenciar um comportamento homicida. E, se adicionarmos a estas caractersticas do indivduo uma educao propiciada por pais igualmente limitados, eventualmente alcolicos, e vivendo num meio degradado, percebemos como certas caractersticas biolgicas se podem associar a factores culturais, educativos ou sociais, no sentido de potenciarem circunstncias que levem o sujeito a cometer um homicdio.

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Alvo do maior interesse e estudo tm sido as mutaes genticas. As relativas ao cromossoma 47 foram, desde h muito apontadas como um dos factores causais deste aumento de agressividade e criminalidade. Contribuiu para isso o facto de os indivduos com um caritipo 47xyy (sndrome da supermasculinidade), ou seja, com um cromossoma y suplementar, terem, alm da frequente debilidade mental, propenso violncia e serem, frequentemente encontrados entre a populao prisional numa percentagem maior do que seria de esperar. Foi publicado um estudo por Jacobs e Colab em 1965 com 197 indivduos dbeis e violentos e constataram que oito revelavam possuir o cromossoma Y suplementar, ou seja, uma percentagem de quase 4%, contra 0,1% da populao geral. No caso da sndroma de Klinefelter, com caritipo 47-XXY, e que atinge 1 em 1000 homens, a afectao psico-orgnica ainda mais marcada e 25% destes indivduos revelariam comportamento antissocial. A hiptese de o cromossoma X propiciar um ser menos agressivo no parece convincente porque as mulheres com sndroma de Turner (XO) no so mais agressivas que as mulheres normais (XX) enquanto as mulheres com triplo XXX evidenciam mais problemas comportamentais que as mulheres normais. A importncia da hereditariedade demonstrada em traos de carcter como a agressividade, a impulsividade ou a maior instabilidade emocional. Lagerspetz, na Finlndia, separou, a partir de uma adopo cruzada, os ratos mais agressivos dos no agressivos. Aps cruzar algumas geraes de ratos (machos e fmeas) obteve uma espcie altamente agressiva. Similarmente, quando se cruzavam ratos de diferente gnero no agressivos obtinha-se uma espcie de ratos no agressivos que dificilmente reagia s provocaes de que era vtima. O investigador demonstrou que as diferenas entre a agressividade dos ratos no s se deviam a factores do meio, mas tambm a factores genticos. Poder-se-ia deduzir que nos humanos tudo se passaria de modo semelhante. No entanto, o facto de estes terem uma enorme capacidade de aprendizagem, viverem muitos anos na dependncia de educandos, no se poderem cruzar segundo o livre-arbtrio dos investigadores no permite extrapolar que as concluses obtidas a

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partir de investigaes com animais sejam sobrepostas e extensveis aos seres humanos. Por isso, estudos de gmeos e estudos de adopo passaram a ter uma grande importncia. Um dos trabalhos mais importantes foi o de Christiansen que estudou 3586 pares de gmeos dinamarqueses nascidos entre 1881 e 1910. o autor encontrou uma concordncia na criminalidade para os pares de gmeos monozigticos (52%) que era 2,3 vezes mais alta que a dos pares de gmeos dizigticos (22%).

Mednick, num estudo similar, estudou 14 427 rapazes dinamarqueses adoptados entre 1924 e 1947, descobriu que: - a taxa de comportamento criminal era de 13,5% quando nem os pais biolgicos ou adoptivos eram criminosos - 20% quando s os pais biolgicos eram criminosos - 24,5% naqueles casos em que ambos os pais, biolgicos e adoptivos, estavam envolvidos no crime A agresso no se trata de um trao de personalidade herdado, mas os factores que influenciam a agresso podem ser transmitidos geneticamente. Esses factores incluem o perfil de actividade hormonal, os limiares de activao das estruturas cerebrais e, evidentemente, as epilepsias geneticamente transmitidas. Relacionadas com a agresso, esto tambm as hormonas, a testosterona tem sido a hormona sexual mais importante. Vrios estudos tm demonstrado que a agressividade pode ser diminuda com tratamento base de estrognio e, em menor proporo, com progesterona. As hormonas so mensageiros qumicos que so inseridos na corrente sangunea pelas glndulas endcrinas (referente ao sistema endcrino) e pelas clulas nervosas (neurnios). As mensagens que transmitem regulam o crescimento ou o funcionamento de rgos e tecidos especficos, em cujo o processo podero influenciar o comportamento humano. Nos ltimos cinquenta anos do sculo transacto, os investigadores atentaram na possibilidade de um desequilbrio no nvel das hormonas sexuais do corpo poder estar ligado criminalidade.

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As pesquisas sugeriram que a hormona sexual masculina testosterona est directamente ligada a crimes agressivos e anti-sociais como a violao e o homicdio. Os nveis de testosterona sobem na puberdade e no princpio da casa dos 20 anos, algo que se associa s taxas mais elevadas de crimes. tambm sabido que o sistema lmbico do crebro, que controla as emoes como a raiva, o amor-dio, o cime e fervor religioso, pode ser afectado pela testosterona. No entanto, embora se tenha verificado que nos violadores mais violentos se verifica uma secreo elevada de testosterona, no se estabeleceu uma ligao directa entre o comportamento criminoso e os nveis de hormonas sexuais. Os investigadores tambm verificaram os efeitos de uma deficincia ou desequilbrio nutricional sobre o comportamento. Por exemplo, um estudo recente relata que um grupo de prisioneiros submetido a uma deita especialmente concebida com uma quantidade progressiva de vitaminas deu mostras de melhoramento notveis no comportamento. Os nveis de acar no sangue foram notavelmente importantes num caso de homicdio ocorrido em 1989. Um homem esfaqueou a mulher e depois tentou suicidarse cortando os pulsos. Posteriormente, verificou-se que sofria de amnsia. Nos dois meses que precederam o crime, tinha seguido uma dieta bastante rigorosa, abastecendo-se de acar, po, de batatas e de fritos, mas bebera dois copos de whisky na manh em que cometera o crime. No julgamento, mdicos especialistas testemunharam que sofria de hipoglicemia, um baixo nvel de acar no sangue. Disseram que isto era suficiente para impedir o funcionamento normal do crebro e que reduzia substancialmente o sentido de responsabilidade, tornando-se talvez num autmato, o jri considerou-o inocente.

Neurologia CriminalNos ltimos 20 anos, muitos estudos tm mostrado que assassinos e criminosos muito violentos tm evidncias precoces de doena cerebral.

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Por exemplo, num estudo feito por Pamela Y. Blake, Jonathan H. Pincus e Cary Buckner - Neurologic abnormalities in murderers, 20 de 31 assassinos confessos e sentenciados possuam diagnsticos neurolgicos especficos: - Mais de 64% dos criminosos foram diagnosticados com anormalidades no lobo frontal.

Muitos comportamentos associados s relaes sociais so controlados pelo lobo frontal, que est localizado na parte mais anterior dos hemisfrios cerebrais. Todos os primatas sociais desenvolveram bastante o crebro frontal, e a espcie humana tem o maior desenvolvimento de todos.

Fig 1. Imagem tridimensional de um encfalo

As principais subdivises do encfalo humano: as reas frontais incluem o lobo frontal (a rea denominada rea pr-frontal), o crtex motor (responsvel pelo controlo voluntrio do movimento muscular) e o crtex sensorial (que recebe a informao sensorial vinda principalmente do tacto, vibrao, dor e sensores de temperatura).

H muito tempo que os neurocientistas sabem que as leses nos lobos frontais levam a anomalias graves em determinados comportamentos. O uso abusivo da lobotomia pr-frontal (lobos = poro, parte + tomos = corte, ou seja, corte do lobo frontal),44

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como uma ferramenta teraputica pelos cirurgies em muitas doenas mentais nas dcadas de 40 e 50, forneceu dados suficientes aos pesquisadores para concluir que a gnese de muitas personalidades anti-sociais se encontra no lobo frontal.

Fig.2 Ilustrao da leucotomia transorbital, uma operao cirrgica que foi amplamente utilizada nosanos 50 para executar lobotomia pr-frontal em muitos tipos de doena mental. Desenvolvido pelo neurocirurgio americano Walter Freeman, ela consistia em inserir uma lmina no tecto sseo de uma das rbitas usando um martelo e anestesia local. O movimento da lmina lesava conexes importantes entre as reas frontais e o resto do crebro.

Existem muitos exemplos de pessoas que adquiriram personalidades sociopticas devido quer a leses patolgicas do crebro quer a tumores. Antnio e Hanna Damsio so dois notveis neurologistas e pesquisadores da Universidade de Iowa que investigaram na ltima dcada as bases neurolgicas da psicopatologia. Os Damsios concluram em 1990, por exemplo, que indivduos que se tinham submetido a leses no crtex frontal (e que tinham personalidades normais antes da leso) desenvolveram comportamentos sociais anormais, levando a consequncias pessoais negativas. Entre outras coisas, estes indivduos apresentavam as tomadas de decises inadequadas e inabilidades de planeamento com as quais so conhecidas por serem processadas pelo lobo frontal do crebro. Os Damsio tambm reconstituram neurologicamente o primeiro caso conhecido da alterao de personalidade devido a uma leso frontal no crebro, observado no sculo XIX o caso de Phineas Gage. Phineas Gage era um supervisor de obras ferrovirias que perdeu parte de seu crebro devido a uma barra de ferro que atravessou o seu crnio quando uma carga explosiva45

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rebentou acidentalmente. Ele sobreviveu por muitos anos ao extenso trauma, mas tornou-se uma pessoa inteiramente nova, abusiva e agressiva, irresponsvel e mentirosa, incapaz de imaginar e planear caractersticas completamente diferentes dos da sua formao base. O equilbrio, por assim dizer, entre as suas faculdades intelectuais e as suas propenses animais fora destrudo. As mudanas tornaram-se evidentes quando amainou a fase crtica da leso cerebral. Mostrava-se agora caprichoso e irreverente, usando, por vezes, a mais obscena das linguagens, o que no era anteriormente seu costume, ma