relatório batatas branqueadas pré-fritas
-
Upload
jessicavitoria -
Category
Documents
-
view
503 -
download
1
Transcript of relatório batatas branqueadas pré-fritas
Processamento de batatas Asterix branqueadas, pré-fritas e congeladas
Irineu Svistak, Jessica Vitória, Jéssica Souza e Mayara Schork
Tecnologia de Frutas – Tecnologia em Alimentos
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Professora Me. Marianne Ayumi Shirai
Resumo O processamento industrial de alimentos promove o prolongamento da sua vida útil,
tornando-os mais atraentes ao paladar, entretanto, induz mudanças e interações entre os
constituintes de alimentos. Assim, o processamento pode ter um impacto positivo (destruição de
inibidores ou formação de complexos desejáveis entre os componentes dos alimentos e os íons
metálicos) ou um impacto negativo (perdas de nutrientes). A redução da temperatura aos níveis
compatíveis atua na inibição ou destruição de microrganismos putrefativos e no retardamento da
atividade enzimática, aumentando a vida comercial dos alimentos, tanto como o processo de
branqueamento empregado. Neste trabalho avaliaram-se os métodos mais eficientes para inibirem o
escurecimento enzimático em batatas do tipo Asterix através do branqueamento após sendo pré-fritas
e realizou-se o congelamento, e se obteve um produto final satisfatório.
Palavras-chaves Escurecimento enzimático, peroxidase, hipoclorito de sódio, esterilização comercial.
Introdução
Entre os diversos processos de
conservação, o branqueamento é bastante
utilizado em vegetais como um pré-tratamento
com a finalidade de inativar enzimas, ajudar
na limpeza, reduzir a carga microbiana da
superfície do alimento, eliminar ar e gases
existentes nos tecidos, impedir a
despigmentação, desenvolver sabor
característico e pré-aquecer o produto
(EVANGELISTA, 2003).
De acordo com ORSO et al., (2011) o
branqueamento tem como objetivos principais
inativar enzimas, manter a consistência firme,
e as propriedades organolépticas, eliminar o ar
presente nos interstícios celulares, estruturas
responsáveis pela ocorrência de oxidações
indesejáveis, e promover a desinfecção parcial
de frutas e hortaliças destinadas ao
congelamento.
Grande parte das enzimas é destruída
por aquecimento entre 50 a 80°C, durante um
intervalo de tempo que varia de dois a cinco
minutos. A PPO não pertence às enzimas
estáveis ao calor, quando expostas a
temperatura de 60 a 90°C por um curto
período de tempo são, na maioria dos casos,
destruídas parcial ou total em relação a sua
função catalítica (SANTOS, 2009).
Este estudo tem por objetivo analisar a
eficiência dos métodos de controle na inibição
do escurecimento oxidativo em batatas do tipo
Asterix depois de realizado uma pré-fritura e o
congelamento.
Metodologia:
I. Branqueamento nos vegetais:
Materiais utilizados:
Batata Asterix e cenoura;
Duas panelas pequenas;
Duas bacias pequenas e uma
grande;
Colheres e facas;
Duas tábuas para corte;
Dez tubos de ensaio;
Água destilada;
Gelo;
Hipoclorito de sódio;
Solução de Guaiacol 1%;
Água oxigenada 0,5%.
Procedimentos:
a) Lavou-se e higienizou-se os vegetais em
solução de hipoclorito de sódio a 200 ppm
(0,2 mL de hipoclorito de sódio/L de água
por 15 minutos);
b) Descascou as batatas e a cenoura em
palitos e cubos;
c) Realizou o branqueamento em água
fervente de acordo com o tempo
especificado no quadro 1 abaixo;
d) Resfriou os vegetais em bacias com água e
gelo. A partir destes processos, verificou-se
a efetividade do branqueamento a partir do
teste da peroxidase.
Quadro 1 - Avaliação do tempo de branqueamento de batata e cenoura
II. Processamento de batata pré-frita congelada
Materiais utilizados:
1 kg de batata Asterix;
Hipoclorito de sódio;
Descascador de batatas;
Gordura vegetal;
Panela para fritura;
Panela para branqueamento;
Bacias;
Escorredor;
Assadeiras;
Gelo;
Papel toalha.
Procedimentos:
Quadro 2 - Fluxograma do processamento das batatas pré-fritas
Lavagem e sanitização
Descascamento
Corte (palito)
Branqueamento
Resfriamento
Pré – fritura
Congelamento
Embalagem
Tempo de branqueamento
BatataTempo de
branqueamentoCenoura
2 (min) Positivo 2 (min) Positivo
4 (min) Negativo 4 (min) Negativo
6 (min) Negativo 6 (min) Negativo
8 (min) Negativo 8 (min) Negativo
10 (min) Negativo 10 (min) Negativo
Negativo Nenhuma mudança de cor
PositivoColoração avermelhada ou algumas
manchas pelo vegetal
a) Lavou-se e higienizou novamente as
batatas na mesma solução utilizada
anteriormente;
b) Descascaram-se as batatas e cortou em
forma palitos;
c) Realizou o branqueamento conforme o
tempo determinado no teste realizado
anteriormente;
d) Resfriaram as batatas na bacia com água e
gelo;
e) Secaram-se as batatas com o papel toalha
e iniciou-se a fritura em gordura vegetal à
180ºC / 3 minutos;
f) Novamente secaram-se as batatas para
retirar o excesso de gordura;
g) Congelaram as batatas. Após o
congelamento, embalaram-se em sacos de
polietileno e armazenou-se em temperatura
de -18ºC.
Resultados e discussões
Depois de realizados os processos de
branqueamento e fritura das batatas,
obtiveram-se os resultados.
O escurecimento enzimático ocorre
devido à presença da enzima polifenoloxidase
(PPO), uma enzima que catalisa a oxidação
de compostos fenólicos, produzindo pigmentos
escuros em cortes ou superfícies danificadas
de frutas e hortaliças. O escurecimento
enzimático não ocorre em células intactas,
porque os compostos fenólicos que se
encontram nos vacúolos celulares ficam
separados dessa enzima que fica armazenada
nos plastos. Quando o tecido é danificado pelo
corte ou por injúrias, a enzima entra em
contato com seu substrato e há formação de
pigmentos escuros devido à exposição ao
oxigênio (OLIVEIRA, 2008).
Nos resultados obtidos o
branqueamento a partir de 4 minutos foi
fundamental para que se inativasse a enzima
PPO. A inativação enzimática da PPO por
aquecimento é possível aplicando
temperaturas superiores a 50°C, porém isso
pode produzir cores e flavors indesejáveis,
como também mudanças na textura
(OLIVEIRA, 2008).
O branqueamento se resultou em um
tratamento prévio que utiliza água fervente ou
vapor há um tempo e uma temperatura pré-
estabelecidos, tendo como finalidade inativar
enzimas responsáveis por reações de
deterioração, que causam alterações
sensoriais e nutricionais (água ou vapor)
(PROCHASKA, 2000).
Ele também é empregado no processo
de apertização, ou esterilização comercial.
Nesse caso, o branqueamento é realizado
com os objetivos de remover gases dos
tecidos de alimentos e pré-aquecer o produto,
diminuindo o tempo de uso da autoclave
durante a esterilização comercial (SILVA,
2006).
Também há outros métodos para a
inativação da enzima, como: métodos físicos
incluem redução de temperatura, proteção do
produto contra oxigênio, desidratação, uso de
atmosfera modificada, embalagens ativas e
outros. Métodos químicos envolvem o uso de
compostos antioxidantes que inibem a ação da
enzima.
O armazenamento de vegetais em
embalagens plásticas, ou em sofisticados
filmes poliméricos constitui uma ótima maneira
de manipular a atmosfera ao seu redor. E isto
contribuiu para o armazenamento das batatas
já haviam sido branqueadas e depois pré-
fritas.
Existem várias formulações de
policloreto de vinila (PVC) que são utilizadas
na produção de filmes. Os filmes de PVC
apresentam uma taxa de permeabilidade ao
vapor de água moderada e podem apresentar
altas taxas de permeabilidade ao oxigênio e
dióxido de carbono, o que permite sua
utilização em embalagens para frutas e
hortaliças minimamente processadas (COSTA,
2010).
Certos vegetais estão sujeitas ao
escurecimento devido à ação de enzimas
oxidantes e do oxigênio atmosférico. Essas
mudanças se dão rapidamente, principalmente
durante e após o degelo. As hortaliças não
branqueadas e as pouco escaldadas
deterioram-se rapidamente quanto à cor,
sabor e odor, mesmo quando armazenadas à
–20,5ºC, devido à ação de enzimas, que não
são inativadas durante o congelamento
(SISTA; ERICKSON; SHEWFELT, 1997).
Após de pré-fritas e embaladas
separadamente, as batatas foram levadas ao
freezer para serem congeladas.
O objetivo do congelamento é reter,
tanto quanto possível, e no mais alto grau, as
propriedades das frutas frescas e das
hortaliças ou outros produtos alimentícios
(GAVA, 1984). Entretanto, do congelamento
ao descongelamento ocorrem mudanças
irreversíveis que tornam o produto congelado
e descongelado bem diferente do produto
fresco, principalmente quanto à textura.
Durante o descongelamento o produto se
torna muito mais flácido e perde bastante água
(SILVA et al., 2007).
Atualmente há técnicas de
congelamento rápido bastante viáveis
comercialmente. O congelamento rápido evita
a formação de cristais de gelo grandes,
diminuindo os danos causados aos tecidos
(CRUESS, 1973).
O congelamento criogênico provoca
resfriamento e congelamento ultrarrápido do
alimento, originando um produto de alta
qualidade, proporcionando menor
susceptibilidade às oxidações superficiais.
A qualidade dos produtos congelados
está diretamente relacionada às suas
alterações sensoriais pós-descongelamento.
Embora a cor, o sabor e o odor sejam
notadamente modificados durante o
processamento, a textura é o parâmetro que
mais afeta a qualidade sensorial de um
alimento descongelado. O amolecimento
resultante do descongelamento é geralmente
acompanhado por uma liberação de líquido do
produto (BARONI,1997).
Conclusão
O branqueamento nas batatas Asterix
seguido da fritura e logo o congelamento
resultou em um produto mais resistente em
relação ao escurecimento provocado pela
oxidação e também sem perdas sensoriais, ou
seja, conclui-se que os métodos utilizados
foram suficientes para se conservar o
alimento.
Referências
BARONI, A.F. Semi-desidratação
congelamento e semi-desidratação
secagem de cebola (Allium cepa L.).
Campinas, 1997, 94 p. Dissertação (Mestre
em Engenharia de Alimentos) – Faculdade de
Engenharia de Alimentos, Universidade
Estadual de Campinas.
COSTA, A.C.; Estudo da conservação do
pêssego (Prunus persica L.) minimante
processado. Tese Doutorado), Ciência e
Tecnologia Agroindustrial, Universidade
Federal de Pelotas, p.77, Pelotas, 2010.
CRUESS, W.V; Produtos industriais de
frutas e hortaliças. Volume II. São
Paulo: Edgard Blücher,1973. 854 p.
EVANGELISTA, J. Tecnologia de Alimentos.
2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003.
GAVA, A.J. Princípios da tecnologia de
alimentos. São Paulo: Nobel ,1984, 283 p.
OLIVEIRA, T. M., SOARES, N. F. F., PAULA,
C. D., VIANA, G. A. Uso da embalagem ativa
na inibição do escurecimento enzimático de
maçãs. Ciências Agrárias, Londrina, v.29,
n.1, p.117-128, 2008.
ORSO, E. Estudo dos fatores que
influenciam a eficiência do branqueamento
em couve-flor. Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC), Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Sul –
IFRS, p.33, Bento Gonçalves, 2011.
PROCHASKA, L. J. et al. Effects of food
processing on the thermodynamic and nutritive
value of foods: literature and database survey.
Med. Hypoth., v.54, n.2, p.254-262, 2000.
SILVA, P. T.; LOPES, M. L. M.;
VALENTEMESQUITA, V. L. Effect of different
processing methods on ascorbic acid content
in orange juice used to make cakes, puddings
and jelly. Ciênc. Tecnol. Alim., v.26, n.3,
p.678-682, 2006.
SILVA, E.O.; CARNELOSSI, M.A.G.;
PUSCHMANN, R.; SOARES, N.F.F.;
VANETTI, M.C.D.; MININ, V.P.R.; CAMPOS,
R.S. Manual de Processamento de Frutas e
Hortaliças. In: Processamento mínimo de
repolho. Embrapa. Brasília, DF. 2007. Cap 25.
pág. 465-482.
SISTA, R.V.; ERICKSON, M.C.; SHEWFELT,
R.L. Quality Deterioration in Frozen Foods
Associated with Hydrolytic Enzyrne
Activities. In: Quality in Frozen Food.
NewYork: Chapman & Hall, 1997. p.101-110.
SANTOS, I.R.C. Escurecimento enzimático
em frutos: polifenoloxidase de Atemóia
(Annona cherimola Mill. X Annona
squamosa L.). Dissertação (Mestrado),
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de
Araraquara, Departamento de Alimentos e
Nutrição, p.119, Araraquara, 2009.