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RELATÓRIO CLÍNICO
MARIA INÊS DOMINGUES, Nº1892
MÓDULO 7 | RACIOCÍNIO CLÍNICO NAS DISFUNÇÕES CÁRDIO RESPIRATÓRIAS
UNIDADE CURRICULAR | FISOTERAPIA TEORIA E PRATICA III RESPONSÁVEL DO MÓDULO | PROF. LINA ROBALO
2010- 2011
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Índice
Introdução 3
Exame Subjectivo 5
Exame Físico 8
Análise Crítica 11
Processo Fisiopatológico 12
Principais Problemas – Hierarquia 14
Potenciais Problemas 14
Barreiras ao diagnóstico 15
Facilitadores ao diagnóstico 16
Diagnóstico Funcional 16
Análise Reflexiva 17
Prognóstico Funcional 17
Definição de Objectivos 17
Instrumentos/Critérios de Avaliação 18
Análise Reflexiva 19
Plano de Tratamento 19
Análise Reflexiva 21
Avaliação dos Resultados 22
Critérios de Alta 22
Análise Reflexiva 22
Conclusão 22
Bibliografia 23
Anexo: Mapa Conceptual 26
3
Introdução
No âmbito da Unidade Curricular de Fisioterapia Teoria e Prática III foi proposta a
realização de um relatório clínico que tem por base o caso do Sr. Rui Gomes, um utente de 68
anos que tem bronquiectasias e foi submetido a uma cirurgia pulmonar devido à presença de
nódulos pulmonares. Neste relatório está contemplada a avaliação (subjectiva e objectiva) do
utente bem como todo o processo fisiopatológico segundo o modelo bio-psico-social, o
diagnóstico em Fisioterapia onde estão evidenciados os principais problemas para este utente,
os objectivos para a intervenção, o prognóstico funcional, o plano de tratamento, a avaliação dos
resultados e os critérios de alta.
As bronquiectasias são definidas como sendo dilatações e distorções anómalas crónicas
dos brônquicos, que são causadas pela destruição dos componentes elástico e pulmonar das
paredes brônquicas. Tais alterações anatómicas conduzem muitas vezes a um quadro clínico de
infecções respiratórias repetidas, com tosse e expectoração abundante, mucopurulenta e fétida
(Sousa, 2003). As bronquiectasias podem ser unilaterais ou bilaterais, sendo que em cerca de
30% dos casos são bilaterais. Em utentes com fibrose quística esta percentagem é mais
elevada. Geralmente, os lobos inferiores são os mais atingidos, sendo o esquerdo cerca de três
vezes mais, principalmente nas crianças (Sousa, 2003).
Podem classificar-se as bronquiectasias como sendo cilíndricas, varicosas e saculares
ou quísticas. As cilíndricas são caracterizadas por uma dilatação uniforme dos brônquios
(tubulares), cujo lúmen distal é interrompido abruptamente, devido ao preenchimento dos
brônquios de menores dimensões por muco espesso. Nas bronquiectasias varicosas, os
brônquicos são semelhantes a veias varicosas, dilatadas e irregulares, com terminações
bulbosas. As saculares ou quísticas são as mais graves, onde o brônquio está dilatado com um
aspecto de balão, podendo ocorrer até à 5ª divisão, encontrando-se os brônquicos mais
periféricos destruídos ou fibrosados (Sousa, 2003). No caso do Sr. Rui Gomes, as
bronquiectasias que este apresenta são cilíndricas nos diferentes lobos pulmonares. Podem
também classificar-se como locais, em que habitualmente estão limitadas a um lobo e resultam
de sequelas de infecção e obstrução brônquica, ou difusas, que atingem vários lobos de um ou
ambos os pulmões e surgem devido a infecções pulmonares prévias, alterações genéticas,
imunodeficiência, doença mucociliar ou hipersensibilidade (Sousa, 2003).
As condições predisponentes para o desenvolvimento de bronquiectasias são vários,
podendo ser infecções broncopulmonares severas, obstrução das vias respiratórias (corpo
estranho, neoplasia), alterações anatómicas congénitas, imunodeficiências, anomalias
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hereditárias (alterações ciliares da mucosa respiratória, fibrose quística), entre outras alterações
(Sousa, 2003). A idade avançada, os hábitos tabágicos e a DPOC são factores de risco para
esta patologia (King, 2009).
Os utentes com bronquiectasias apresentam geralmente excessiva produção de
expectoração purulenta, geralmente diária e de predomínio matinal, que é variável em
quantidade e qualidade consoante a extensão das lesões brônquicas; tosse crónica, sempre
presente (podendo ser a única queixa); hemoptises, causadas pela erosão da mucosa brônquica
inflamada ou pela ruptura de uma artéria brônquica; dispneia, dependendo da extensão das
lesões e de uma eventual sobreinfecção; febre e diminuição da tolerância ao exercício (Sousa,
2003).
O cancro do pulmão é uma das neoplasias malignas mais frequentes e letais da
humanidade (Sotto-Mayor, 2003). Representa 18% dos cancros do sexo masculino e 8% no
sexo feminino, afectando predominantemente os idosos com idades entre os 65 e os 79 anos
(Queiroga, 2003). As neoplasias do pulmão são, actualmente, umas das mais importantes
patologias respiratórias devido à sua incidência elevada e alta taxa de mortalidade (Queiroga,
2003). Os pulmões são os órgãos mais envolvidos na metastisação de tumores de outros orgãos
(Palhano, 2003), um dado que é importante uma vez que o utente apresenta antecedentes
pessoais de carcinoma do cólon, podendo ocorrer uma invasão das células cancerígenas para o
pulmão a partir da corrente sanguínea. Como factores de risco consideram-se o fumo do tabaco
(exposição activa ou passiva), exposição ocupacional, poluição atmosférica, predisposição
genética, dieta ou doença pulmonar crónica (Queiroga, 2003). Uma das opções terapêuticas
mais comuns no tratamento das neoplasias do pulmão é a cirurgia pulmonar, que pode consistir
em pneumectomia, lobectomia de um ou mais lobos ou segmentectomia (Sotto-Mayor, 2003).
De acordo com o Grupo de Interesse em Fisioterapia Cárdio-Respiratória (GIFCR)
(2003), os modelos que estão subjacentes ao ciclo de intervenção e raciocínio clínico são: o
esquema dos componentes ventilatório-cardiovascular-metabólico subjacente ao transporte de
oxigénio e o modelo bio-psico-social subjacente à CIF (Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde). Estes dois modelos constituem actualmente os modelos
de referência para a intervenção do fisioterapeuta na área cárdio-respiratória, pois permitem uma
actuação onde são contempladas as funções e estruturas corporais bem como as suas
deficiências, o nível de actividade e participação do utente, as suas limitações e restrições, e os
factores contextuais (pessoais e ambientais) que poderão ser barreiras ou facilitadores ao
prognóstico (GIFCR, 2003).
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Exame Subjectivo
Dados Demográficos
Nome: Rui Gomes
Idade: 68 anos
Estado Civil: Casado
Profissão: Reformado (desenhador)
Agregado Familiar: Vive com a esposa numa moradia
História Clínica Actual
O Sr. Rui Gomes está diagnosticado com bronquiectasias cilíndricas ao nível do lobo
médio, na língula e em ambos os lobos inferiores, desde Março de 2009. Também nesta data
foram detectados um nódulo parenquimatoso lobar inferior esquerdo e três micronódulos
bilaterais, através de uma TC torácica. Passados três meses, o utente foi submetido a uma
intervenção cirúrgica para ressecção atípica do lobo superior direito (LSD) e do lobo médio (LM)e
para a extracção da ponta do Pleurocath® que acidentalmente não foi retirada aquando da
broncofibroscopia. Para além disto, o utente apresenta ainda hipertensão arterial, rinite alérgica,
gastrite e varizes nos membros inferiores.
Como sintomas, o utente apresenta uma quantidade moderada de expectoração
(mucosa, por vezes amarelada e/ou hemoptóica); tosse produtiva e eficaz; dispneia (cansaço
respiratório) a esforços moderados (subir e descer escadas – 4/10 EBM; tomar banho – 3/10
EBM; marcha em terreno inclinado – 4/10 EBM; tosse – 2/10 EBM) e dor torácica direita quando
tosse (6/10 EVN) e se deita sobre o lado direito (3/10 EVN).
História Clínica Anterior
Em Agosto de 2008, o Sr. Rui Gomes recorreu à consulta no Hospital Pulido Valente
com queixas de “catarros brônquicos” (cit.) que já eram frequentes desde há alguns anos.
Realizou uma TC torácica na qual foram detectadas bronquiectasias cilíndricas nos diferentes
lobos pulmonares, um nódulo no lobo inferior esquerdo e um micronódulo no lobo médio. Como
o utente tinha antecedentes pessoais de carcinoma do cólon há quatro anos, foi sugerido um
controlo da evolução desses nódulos.
Em Março de 2009, após repetir a TC torácica, verificou-se uma acentuação discreta das
dimensões do nódulo parenquimatoso lobar inferior esquerdo, o aparecimento de três
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micronódulos bilaterais e a persistência de aspectos bronquiectásicos no lobo médio, na língula
e em ambos os lobos inferiores.
Depois de enviado à consulta de Pneumologia devido aos nódulos pulmonares bilaterais
com suspeita de metástases do carcinoma do cólon, realizou uma broncofibroscopia com biopsia
da qual resultou negativo para carcinoma. Deste gesto diagnóstico resultou um pneumotórax
iatrogénico, que foi drenado mas por acidente acidente a ponta do Pleurocath® (dreno de
pequeno calibre) não foi retirada. A 1 de Junho de 2009, o utente foi submetido a intervenção
cirúrgica para ressecção atípica do lobo superior direito (LSD) e do lobo médio (LM) e para a
extracção da ponta do Pleurocath® por VATS (Video – Assisted Thoracoscopic Surgery). Após a
cirurgia foi-lhe colocada uma drenagem torácica, retirada seis dias depois. Depois da análise
anatomopatológica dos fragmentos cirúrgicos, verificou-se um processo inflamatório crónico
granulomatório agudizado no do LSD. Quanto aos antecedentes familiares, este não são
clinicamente relevantes.
História Social e Ambiental
O Sr. Rui Gomes reside com a sua esposa numa moradia. Sabe-se que tem filhos uma
vez que refere que nos seus tempos livres costuma passear com os netos. Foi desenhador, mas
actualmente já está reformado.
Este utente foi fumador durante 14 anos, um dos factores de risco quer para o
desenvolvimento de bronquiectasias (King, 2009), quer para o aparecimento de cancro do
pulmão (Queiroga, 2003), fumando em média 28 unidades maço por ano. Contudo, agora é um
ex – fumador desde há 20 anos.
Nos seus tempos livres dá explicações de matemática e passeia com os seus netos.
Quanto às actividades da vida diária (AVD’s), o utente refere que executa qualquer tarefa e
caminhava em média 2,5Km por dia, antes da cirurgia. Tem expectativas em relação à
Fisioterapia, pois espera que com esta, para além de conseguir reduzir a tosse e expectoração,
lhe permitam voltar a conseguir realizar todas as suas actividades normalmente.
Testes e Exames Complementares
Agosto de 2008 – TC torácica – revelou bronquiectasias cilíndricas nos diferentes
lobos pulmonares, um nódulo no lobo inferior esquerdo e um micro-nódulo no lobo
médio.
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Março de 2009 – TC torácica – revelou uma acentuação discreta das dimensões do
nódulo parenquimatoso lobar inferior esquerdo, aparecimento de três micro-nódulos
bilaterais e a persistência dos aspectos bronquiectásicos no lobo médio, na língula, e em
ambos os lobos inferiores.
1 de Junho de 2009 – Broncofibroscopia com biopsia – resultado negativo para
carcinoma.
Espirometria (portátil) – revelou um valor de FEV1= 65% do previsto, um valor de
FVC= 70% do previsto, um FEV1/FVC ratio = 65% do previsto e um PEF= 80% do
previsto. À partida estes valores obtidos apontam para uma síndrome obstrutiva, uma
vez que os valores de FEV1/FVC se encontram <70% do previsto e de FEV1 <70% do
previsto. Por outro lado o valor de FVC, por se encontrar abaixo do que seria esperado
(> 80%), pode demonstrar que o utente, para além de síndrome obstrutiva, possui
também uma síndrome restritiva. No entanto, para confirmar este facto seria necessário
o valor da Capacidade Pulmonar Total (TLC). Quanto ao valor do PEF, pode dizer-se
que este está dentro dos valores normais (> ou = 65% do previsto). Contudo, não existe
referência quanto à data desta espirometria, um dado que seria importante averiguar.
Raio X ao tórax – revelou dimunuição do campo pulmonar direito, com elevação da
hemicúpula diafragmática direita e discreta obliteração do seio costo-diafragmático
direito. Estas alterações surgiram como consequência da ressecção atípica do LSD e
LM, sendo que a obliteração do seio costo-diafragmático pode ter sido devido ao
pneumotórax iatrogénico que ocorreu aquando da broncofibroscopia. São visíveis
algumas imagens em carril e anelares predominantemente à esquerda na região
lingular e lobo inferior. Imagem nodular no lobo inferior esquerdo. Tal como na
espirometria também no raio x não existe referência à data da sua realização, algo que
seria importante averiguar.
7 de Junho de 2009 – Prova de Marcha dos 6 Minutos – o utente terminou a prova
com dispneia forte (5 – EBM) e subida da pressão arterial (165/85 mmHg). A SpO2
mínima foi de 92% e a FC máxima foi de 104 bpm.
8 de Junho de 2009 – Questionário do Hospital St. George – o utente considera o seu
estado de saúde como sendo moderado.
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Terapêutica
Lortaan Plus® (1 comprimido de manhã): é uma associação de um antagonista dos
receptores da angiotensina II (losartan) e de um diurético (hidroclorotiazida). É indicado no
tratamento da hipertensão essencial (pressão arterial elevada). Tem como principais efeitos
secundários a tosse, infecção das vias aéreas superiores, congestão nasal, sinusite, diarreia,
dores musculares, fraqueza e cansaço (Infarmed, 2010).
Norvask® (1 comprimido ao almoço): é um anti-hipertensor pertencente ao grupo dos
bloqueadores dos canais de cálcio e ao grupo dos antiangianos. Está indicado no tratamento de
primeira linha da hipertensão e da isquémia do miocárdio. Tem como principais efeitos
secundários cefaleias, edema, rubor, cansaço, náuseas, sonolência, dores abdominais, tonturas
e palpitações (Infarmed, 2010).
Quando a dor for incomodativa, o utente tem indicação para fazer analgésico.
Exame Físico
Medição dos Sinais Vitais
A medição dos sinais vitais é um procedimento indispensável uma vez que estes são
sinais cardinais na avaliação, proporcionando informações iniciais que irão ter influência na
direcção da intervenção (Bickley & Szilagyi, 2009).
Pressão Arterial – 160/80 mmHg (normal 95-140 sistólica/ 60-90 diastólica)
Frequência Cardíaca – 79 bpm (normal 60 a 100 bpm)
Frequência Respiratória – 24 cpm (normal 12 a 20 cpm)
Temperatura – apirético (temperatura corporal normal)
Dor: dor torácica direita, que se manifesta quando o utente tosse (6/10 EVN) e quando
se deita sobre o lado direito (3/10 EVN)
Em relação à pressão arterial pode dizer-se (e confirmar-se) que o utente é hipertenso,
uma vez que a pressão sistólica se encontra muito acima do normal, embora a pressão diastólica
esteja dentro dos valores normais. Como o utente está a tomar medicação para a hipertensão,
seriam esperados valores mais baixos, mas não é o que se verifica. Então seria importante
averiguar se o utente está de facto a fazer a medicação e se a faz correctamente.
Quanto à frequência respiratória, esta também se encontra um pouco acima dos valores
normais, mas o aumento não é muito significativo. Pode ter sido devido à ansiedade do utente
9
por ter sido o primeiro contacto com o fisioterapeuta ou então por ter chegado à pouco tempo à
Fisioterapia e ainda estar cansado.
Observação
A observação do utente começa logo assim que o fisioterapeuta entra em contacto com
o mesmo. O Sr. Rui Gomes apresenta-se ectomorfo, com um IMC de 17,96 Kg/m2. Como o seu
IMC é menor que 18,5 Kg/m2, o utente encontra-se com baixo peso (Bickley & Szilagui, 2009).
Não apresenta sinais de dificuldade respiratória, como cianose, adejo nasal, tiragem, polipneia
ou expiração com os lábios semicerrados. Ao nível da face, da pele e das mucosas não existem
alterações. Uma alteração na hidratação das mucosas iria influenciar a mobilidade muco-ciliar.
Em relação ao tórax, este apresenta-se sem deformidades e simétrico. Apresenta duas
pequenas cicatrizes na face antero–lateral do hemitórax direito, como resultado da intervenção
cirúrgica a que o utente foi submetido, bem como das drenagens.
Quanto à observação da ventilação, esta apresenta um ritmo regular e é
predominantemente costo-diafragmática, com uma relação inspiração/expiração normal (1:2).
Relativamente à observação das extremidades, o utente apresenta hipocratismo digital,
ou seja, dedos em baqueta de tambor e unhas em vidro de relógio. Esta deformidade é frequente
nos casos de bronquiectasias extensas e de longa evolução (Sousa, 2003). Em relação aos
membros inferiores, o utente não apresenta edema, o que revela ausência de cor pulmonale
(Valente, Bárbara, Carvalho & Shaing, 2003).
Observação da expectoração
O utente apresenta expectoração com origem nas vias aéreas inferiores, mucosa, um
pouco viscosa e de cor amarelada (por vezes é hemoptóica) e em quantidade moderada. Este
tipo de expectoração é característico dos utentes com bronquiectasias (Devereux & Douglas,
2009). O volume da expectoração é proporcional à extensão da inflamação (Braverman, 2001).
Para além da importância da cor, é também importante verificar o cheiro da expectoração, facto
que não é aferido no exame físico, pois se a expectoração tiver cheiro pode indicar infecção
bacteriana que ocorre nas bronquiectasias (Deveraux & Douglas, 2009).
Palpação
A palpação permitiu avaliar quer a mobilidade do tórax quer a mobilidade do diafragma.
Assim, o utente apresenta mobilidade torácica superior direita ligeiramente diminuída e
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mobilidade diafragmática direita também ligeiramente diminuída, como consequência da
diminuição do campo pulmonar direito devido à cirurgia.
Percussão
Através da percussão foi possível detectar que a hemicúpula diafragmática direita se
encontra ligeiramente elevada, que pode ser devido à adaptação deste músculo ao espaço da
cavidade torácica que ficou um pouco reduzido devido à ressecção atípica do LSD e LM. Este
dado foi depois confirmado com o raio x.
Auscultação
Para além de contribuir para um diagnóstico diferencial, a auscultação permite identificar
a localização da obstrução nas vias aéreas e a localização das zonas de ventilação diminuída.
Auscultação pulmonar:
Ruído Respiratório Normal (RRN): moderadamente diminuído no campo pulmonar
direito (++ no 1/3 inferior posteriormente).
Ruídos Adventícios (RA):
Fervores telofásicos inspiratórios na região da base pulmonar esquerda, e
protofásicos (audíveis ++ após a tosse).
Fervores mesofásicos inspiratórios dispersos por ambos os campos
pulmonares (++ na região da língula).
Segundo Postiaux (1990), uma diminuição da produção de turbulência é sinal de menor
ventilação na zona referida. Assim sendo, como o campo pulmonar direito está diminuído devido
à ressecção atípica do LSD e do LM, significa que existe menos tecido pulmonar e por isso a
ventilação está diminuída, daí o RRN se encontrar moderadamente diminuído. Este pode
também estar diminuído devido à obstrução das vias aéreas e diminuição da expansão do
pulmão como consequência da diminuição da mobilidade torácica.
Na auscultação pulmonar também se auscultaram ruídos adventícios que são sempre
patológicos. Auscultaram-se fervores telofásicos inspiratórios na região da base pulmonar
esquerda, e protofásicos audíveis mais após a tosse, que indicam que o utente tem secreções
nas vias aéreas periféricas e proximais, respectivamente. O facto dos fervores protofásicos
serem mais audíveis após a tosse pode sugerir que as secreções se encontrem mais aderentes
ao nível das vias aéreas proximais. Quanto aos fervores mesofásicos inspiratórios que se
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encontram dispersos por ambos os campos pulmonares, mas mais na região da língula, indicam
que o utente possui secreções ao nível das vias aéreas distais (Postiaux, 2000).
Análise Crítica
A avaliação feita pelo fisioterapeuta deve incluir a recolha da história do utente (história
clínica actual e anterior, evolução e estadio da condição, etc.) e o exame físico. Estes dados vão
permitir determinar os objectivos da fisioterapia e são indispensáveis para o planeamento do
tratamento adequado (Langer et al., 2009).
Ao fazer o exame subjectivo, o fisioterapeuta transforma a história do utente em
elementos organizados que irão guiar o seu raciocínio e até poderá descobrir mais problemas
que o utente possa ter omitido e que sejam importantes para a intervenção (Bickley & Szilagyi,
2009). Relativamente ao exame físico, os componentes mais importantes são a observação, a
palpação, a percussão e a auscultação. Cada um destes componentes irá fornecer informações
que em conjunto com os dados do exame subjectivo irão permitir ao fisioterapeuta direccionar a
sua intervenção. Para complementar esta informação, devem ser realizados testes
complementares e aplicados questionários padronizados.
A Prova de Marcha dos 6 Minutos é uma prova relevante para uma avaliação funcional
de esforço que integra as respostas dos vários sistemas envolvidos durante a realização de
exercício (Smith, 2009). Esta abordagem de avaliação funcional revela não apenas normalidades
do sistema cardiopulmonar, mas também potenciais contribuições, como mudanças na
cãoculação periférica e composição do sangue, e as respostas metabólicas musculares e
neuromusculares (Smith, 2009). Nesta prova, o Sr. Rui Gomes percorreu um total de 360 metros
num corredor com 20 metros. No início da prova, o utente apresentava os seguintes valores:
T.A.- 150/75 mmHg, FC – 70 bpm, FR – 20 cpm, SpO2 – 95%, Dispneia (0 – EBM), sendo que
no final da prova, os valores alteraram-se para o seguinte: T.A.- 165/85 mmHg, FC – 100 bpm,
FR – 30 cpm, SpO2 – 92%, Dispneia (5 – EBM). A SpO2 diminuiu, a FC aumentou, resultando
assim num aumento da T.A., o que evidencia que a pressão sistólica é sensível ao aumento do
esforço físico (Des Jardins, 2002).
Para avaliar a qualidade de vida do Sr. Rui Gomes, foi-lhe aplicado o Questionário do
Hospital St. George. Este questionário forneceu dados importantes como a percepção do utente
acerca do seu estado de saúde (moderado), que considera que a sua doença respiratória lhe
causa muitos problemas e é um incómodo para a família, amigos e vizinhos e que a sua tosse o
envergonha em público. Para além disto, o utente refere que deixou de correr, jogar bowling e
12
passear na montanha, concluindo que a sua doença o impede de fazer muitas coisas que
gostaria de fazer.
Relativamente à informação em falta, seria importante terem sido mais exploradas as
questões da história social e ambiental do utente. Sabe-se que este vive com a mulher, mas não
se sabe se está a ter apoio familiar, algo que seria importante para o utente, uma vez que iria
sentir-se mais motivado se soubesse que não está sozinho e que tem alguém que o acompanhe
(Langer et al., 2009). Também não existe referência quanto ao conhecimento, por parte do
utente, da sua condição, uma vez que o facto de possuir conhecimento iria levá-lo a uma melhor
compreensão dos benefícios que pode ter com a Fisioterapia. Seria também importante
averiguar na história do utente se este padece ou não de artrite reumatóide, uma vez que a
presença desta condição poderá estar por detrás do aparecimento das bronquiectasias (King,
2009).
Durante a observação do tórax do utente, verificou-se q existência de duas pequenas
cicatrizes na face antero-lateral do hemitórax direito, consequentes da cirurgia e das drenagens.
Contudo, essas duas cicatrizes deveriam ter sido avaliadas para saber se estão aderentes, se
têm boa mobilidade e se apresentam hipo ou hipersensibilidade.
Relativamente à auscultação, não foi realizada auscultação peroral que marca o início da
sequência da auscultação. Esta permite detectar a presença de ruídos de transmissão, pieira
oral (que indica o estreitamento do lúmen dos brônquios) ou farfalheira oral (que indica
acumulação de secreções na traqueia e nos grandes brônquios).
Algo que seria importante analisar, e não foi feito, seria uma gasimetria do utente, uma
vez que não existem dados sobre a pressão parcial dos principais gases (PaO2 e PaCO2)
envolvidos nas trocas gasosas, que seriam importantes para inferir se o utente pode ou não
sofrer de Insuficiência Respiratória, um potencial problema. Poderá fazer-se uma aproximação
da PaO2 a partir da SpO2, que apenas é medida antes e após a prova de marcha dos 6 minutos.
A partir destes dados pode aferir-se que o utente não tem hipoxémia, uma vez que quer no início
quer no final da prova, a SpO2 estava dentro dos valores normais (> 90%). Contudo, seria
importante ter sido medida a SpO2 durante o exame.
Processo Fisiopatológico
(Mapa Conceptual em anexo)
O utente Rui Gomes está diagnosticado com Bronquiectasias que são dilatações e
distorções anómalas crónicas dos brônquios, causadas pela destruição dos componentes
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elástico e muscular das paredes brônquicas (Sousa, 2003). Estas dilatações levam a uma
diminuição da compliance pulmonar, e perda de elasticidade que leva a uma diminuição da
tracção radial. A destruição dos componentes elástico e muscular das paredes brônquicas surge
geralmente como consequência de uma infecção ou de uma clearance mucociliar deficiente
(Sousa, 2003; King & Daviskas, 2010). Esta alteração do mecanismo de limpeza é devido a uma
inflamação crónica das vias aéreas (Braverman, 2001), mas o tabaco, que como reduz o número
de cílios no epitélio, também vai contribuir para uma clearance deficiente. Como consequência
desta inflamação vai ocorrer hipersecreção de muco, pois esta é provocada pela estimulação
das glândulas produtoras de muco por intermédio de mediadores de inflamação (Bárbara, 2003).
A hipersecreção vai causar produção de expectoração que levar à presença de tosse produtiva e
eficaz, mecanismo que vai expelir as secreções (Frownfelter & Dean, 2004).
A lesão brônquica existente leva ao agravamento da falência das defesas do tracto
respiratório, o que conduz à estase de secreções para à qual a clearamce deficiente também
contribui (King & Daviskas, 2010). Como as secreções ficam retidas, as bactérias que invadem o
aparelho respiratório vão ficar acumuladas nas secreções, o que provoca várias infecções
respiratórias recorrentes. As secreções acumuladas vão obstruir parcialmente o lúmen das vias
aéreas, provocando a obstrução das vias aéreas inferiores (Wilson, 2007), que se confirma pela
existência de fervores. A obstrução das vias aéreas leva a uma diminuição da ventilação
regional, confirmada pela presença do ruído respiratório normal diminuído, que
consequentemente conduz a uma diminuição da relação ventilação – perfusão (Abreu, 2003),
influenciada pela diminuição da capacidade de difusão alvéolo – capilar que leva a uma
diminuição do aporte de O2 às células (Frownfelter & Dean, 2004), que contribui para a
diminuição da tolerância ao exercício.
Como as vias aéreas estão obstruídas, existe um aumento da resistência destas ao fluxo
de ar. Para compensar este facto, vai ter que existir um aumento do trabalho dos músculos
respiratórios, que por consequência leva a um aumento do consumo de O2 (Abreu, 2003). Este
aumento do consumo de O2 vai contribuir para a sensação subjectiva de falta de ar – dispneia,
que vai provocar cansaço e assim diminuir a tolerância ao exercício. Como o utente tolera menos
o exercício, algumas das suas actividades funcionais como correr, jogar bowling e passear na
montanha vão estar limitadas pela incapacidade funcional do utente que contribui para a
diminuição da sua qualidade de vida.
O utente foi fumador durante 14 anos, o que significa que inalou várias vezes
substâncias cancerígenas que fazem parte da constituição do tabaco. Essas substâncias
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poderão estar na origem do aparecimento dos nódulos pulmonares (Queiroga, 2003). Também o
facto de o utente ter baixo peso, com um IMC igual a 17,96 Kg/m2, pode estar associado ao
aparecimento dos nódulos pulmonares, dado que a perda de peso é um sintoma geral da
evolução das neoplasias do pulmão (Salvador Melo, 2003). Para remover tais nódulos foi feita
uma ressecção atípica do lobo superior direito e lobo médio, o que significa que o campo
pulmonar direito está diminuído. Se o campo pulmonar está diminuído, significa que existe
menos tecido pulmonar, logo haverá uma diminuição da ventilação regional. Como consequência
da diminuição do campo pulmonar, vai existir uma diminuição da mobilidade torácica, que leva a
uma diminuição dos débitos e volumes, contribuindo também para a diminuição da ventilação
regional. Como o campo pulmonar direito diminuiu, a hemicúpula diafragmática direita teve que
se adaptar ao espaço da cavidade torácica, resultando na sua elevação que provoca diminuição
da mobilidade diafragmática. Devido à cirurgia a que foi submetido, o utente passou a ter dor
torácica direita. Como este sente dor, não vai conseguir tolerar o aumento de pressão intra –
torácica que é necessário para que ocorra a tosse, e mesmo quando tenta a dor aumenta, o que
significa que vai ocorrer uma inibição da tosse, pois é algo que o utente tenta evitar porque sente
dor. Como consequência deste fenómeno, as secreções vão ficar retidas. Para além disto, a dor
também vai ser um dos factores contribuintes para a hipomobilidade torácica.
Os potenciais problemas que constam no mapa serão apresentados posteriormente.
Principais Problemas – Hierarquia
1- Obstrução das vias aéreas causada pela retenção de secreções
2- Hipersecreção que causa expectoração e provoca tosse produtiva
3- Dispneia causada pela diminuição da tolerância ao exercício
4- Dor torácica devido à cirurgia pulmonar
5- Ligeira diminuição da mobilidade torácica
6- Diminuição da ventilação regional
Potenciais Problemas
Atelectasias – como existe retenção de secreções, que não são devidamente expelidas, estas
podem formar uma espécie de “rolhão” que obstrui as vias aéreas podendo levar ao colapso das
mesmas.
15
Pneumonia – as secreções retidas vão acumulando bactérias que invadem constantemente o
aparelho respiratório e que podem levar ao desenvolvimento de um processo infeccioso dos
espaços alveolares do parênquima, sendo o seu conteúdo substituído por células e exsudado
inflamatório (Mendonça, 2003).
Hipoxémia – a diminuição da ventilação regional que o utente apresenta pode levar à
diminuição da PaO2 abaixo dos níveis normais, isto é, menor que 70 mmHg, o que por
consequência pode levar à hipoxémia (Oliveira, Matos, Paiva & Ferreira, 2003).
Insuficiência Respiratória Parcial – se o utente tiver hipoxémia, ou seja, um valor de PaO2
menor que 70 mmHg, poderá vir a ter Insuficiência Respiratória Parcial (Oliveira, Matos, Paiva &
Ferreira, 2003).
Cor Pulmonale – a hipoxémia é o factor mais importante para o desenvolvimento de
hipertensão pulmonar, uma vez que para além de provocar vasoconstrição das artérias
pulmonares, promove a remodelação da parede do vaso, traduzindo-se num espessamento da
parede com a diminuição do seu lúmen. Assim, a resposta de bombeamento dos ventrículos vai
ter que ser maior para puderem superar a resistência, podendo levar a insuficiência cardíaca
direita, conduzindo à cor pulmonale (Bárbara, 2003). Um dos sinais que indica a sua presença é
o edema dos membros inferiores, que no caso do Sr. Rui Gomes não apresenta.
Fadiga Muscular – o aumento do trabalho dos músculos respiratórios para compensar o
aumento da resistência das vias aéreas, pode levar à sobrecarga dos mesmos que se traduz na
fadiga muscular, ou seja, na incapacidade dos músculos manterem uma determinada força
(Abreu, 2003).
Doenças Cardiovasculares – como o utente já foi fumador durante 14 anos e tem hipertensão
arterial poderá vir a padecer de uma patologia do foro cardiovascular (Frownfelter & Dean, 2004).
Barreiras ao Prognóstico
Relativamente às barreiras que se colocam ao prognóstico, pode considerar-se a idade
do utente (68 anos) como uma delas, uma vez que a idade está muitas vezes associada à
inactividade e a alterações estruturais que podem afectar a evolução do utente (Mota, Figueiredo
& Duarte, 2004). O facto de o utente ter hipertensão arterial também pode ser considerado uma
barreira, dado que pode levar ao aparecimento de vários problemas a nível cardiovascular e
também porque como o utente tem resposta hipertensiva ao exercício, isso poderá influenciar a
intervenção (Frownfelter & Dean, 2004). Tal como a hipertensão, também o facto de o utente ter
16
sido fumador durante 14 anos pode levar ao surgimento de doenças cardiovasculares (Bickley &
Szilagyi, 2009).
Facilitadores ao Prognóstico
Em relação aos factores facilitadores ao prognóstico, pode considerar-se o facto de o
utente estar com boas expectativas em relação à Fisioterapia, pelo que se pode aferir que este
parece estar motivado, o que é um factor positivo. Se tal não acontecesse, o utente poderia
encarar mal a sua condição e poderá até não aderir ao tratamento (Langer et al., 2009). Apesar
de não haver referência à existência de apoio familiar, sabe-se que o utente vive com a esposa e
que nos seus tempos livres passeia com os netos. Este facto do utente estar ligado à família
pode ser encarado como factor positivo, pois o utente pode sentir que não está sozinho. Os
netos podem ser considerados os motivos da motivação que vão levar o utente a querer
ultrapassar o seu problema para poder passear com eles. O facto do utente já se encontrar
reformado pode também ser considerado como factor positivo, uma vez que o utente poderá ter
mais tempo quer para ir as sessões de Fisioterapia quer para poder realizar exercícios que lhe
sejam prescritos para o utente fazer autonomamente. Aliado a isto, surge também o hobbie que
o utente tinha antes da cirurgia: caminhar em média 2,5Km por dia. Isto revela que o utente é
uma pessoa activa, que gosta de exercício e se preocupa com o seu bem-estar, que pode
também ser considerado como factor positivo.
Diagnóstico Funcional
O senhor Rui Gomes, de 68 anos, encontra-se limitado em actividades que impliquem
esforço moderado como subir e descer escadas, tomar banho, andar em terreno inclinado,
correr, jogar bowling e passear na montanha. Tal limitação ocorre devido ao cansaço respiratório
– dispneia (subir e descer escada – 4/10 EBM; tomar banho – 3/10 EBM; marcha em terreno
inclinado – 4/10 EBM), obstrução das vias aéreas inferiores por hipersecreção que causa
expectoração e tosse, tosse essa que agrava a dor torácica direita (6/10 EVN) bem como deitar-
se para o lado direito (3/10), diminuição da mobilidade torácica e da ventilação regional, factores
estes que advém de bronquiectasias e de uma cirurgia pulmonar a que o utente foi submetido
por nódulos pulmonares.
17
Análise Reflexiva
Nesta etapa, considero que a minha principal dificuldade foi ao nível da hierarquização
dos principais problemas. Foi relativamente fácil para mim reconhecer os problemas do utente,
mas não foi fácil colocá-los de forma hierárquica.
Prognóstico Funcional
Como constatado anteriormente, o Sr. Rui Gomes apresenta vários factores tanto
facilitadores como barreiras ao prognóstico. Os factores negativos que funcionam como barreiras
são a idade do utente, a hipertensão arterial e o facto de o utente ter sido fumador durante 14
anos. Os factores positivos que são facilitadores ao prognóstico são o facto de o utente ter
expectativas em relação à Fisioterapia e assim encontrar-se motivado, o suporte familiar, a maior
disponibilidade quer para se dirigir às sessões quer para realizar exercícios em casa
autonomamente e o facto de o utente ser uma pessoa activa. Assim sendo, pode dizer-se que o
Sr. Rui Gomes terá uma boa evolução, sendo o seu prognóstico considerado positivo.
Definição de Objectivos
Considerando toda a informação do utente recolhido, o fisioterapeuta deve, em conjunto
com este, definir os objectivos de tratamento, objectivos esses que pretendem reduzir ou
eliminar aquilo que comprometa a função corporal do utente e melhorando as suas actividades e
participação social, para poder atingir uma melhor qualidade de vida (Langer et al., 2009).
Segundo Langer et al. (2009) não são só os programas de maior duração que têm
efeitos benéficos, mas também os programas mais curtos resultam em benefícios clinicamente
relevantes para o utente, o que significa que não existe uma definição temporal fixa. Para se
determinar a duração adequada do plano de tratamento devem ser tidos em consideração
aspectos como as características do utente e os seus objectivos de tratamento, bem como o
custo–benefício (Langer et al., 2009). Apesar de estar documentado que os programas com
duração entre 8 e 12 semanas trazem benefícios para os utentes com problemas pulmonares
crónicos, como as bronquiectasias (Ries, Bauldoff & Casaburi et al., 2007), ainda não existe
evidência suficiente que demonstre qual a duração do programa mais efectiva no tratamento de
utentes com bronquiectasias (García & Soriano, 2009).
Assim sendo, o programa de tratamento para este utente terá a duração de 10 semanas,
tendo o curto-prazo 3 semanas e o longo prazo 7 semanas.
18
Objectivos a Curto – Prazo:
Educar o utente
Promover a desobstrução das vias aéreas inferiores
Diminuir a dispneia
Diminuir a dor torácica direita (3/10 EVN quando tosse e 0/10 EVN quando se deita para o
lado direito)
Promover o aumento da mobilidade torácica
Objectivos a Longo – Prazo:
Educar o utente, proporcionando uma higiene brônquica de forma autónoma e eficaz
Promover a desobstrução das vias aéreas inferiores
Diminuir a dispneia
Diminuir a dor torácica quando tosse para um valor próximo de 0 na EVN
Promover o aumento da mobilidade torácica
Promover uma melhoria da ventilação
Promover o aumento da tolerância ao exercício
Promover um melhor desempenho das actividades da vida diária
Promover uma melhor qualidade de vida
Instrumentos/Critérios de Avaliação
Os instrumentos de avaliação são utilizados para monitorizarem a progressão do
tratamento e avaliarem a progressão do mesmo (Langer et al., 2009).
A educação do utente pode ser avaliada através da observação da sua autonomia
quando realiza várias actividades (Langer et al., 2009).
A obstrução das vias aéreas pode ser avaliada através da auscultação pulmonar
(Frownfelter & Dean, 2004).
A dispneia pode ser avaliada através da Escala de Borg Modificada (Nici et al., 2005).
A tolerância ao esforço pode ser avaliada através da realização da Prova de Marcha
dos 6 Minutos (Nici et al., 2005).
A dor pode ser avaliada através da Escala Visual Numérica (Sousa & Silva, 2005).
A mobilidade torácica pode ser aferida pela palpação e pela observação (Bickley &
Szilagyi, 2009).
19
A qualidade de vida pode ser avaliada através do Questionário do Hospital St. George
(Nici et al., 2005).
O desempenho das actividades da vida diária pode ser aferido através da utilização
da Escala de Actividade da Vida Diária (London Chest Activity of Daily Living - LCADL) (Langer
et al., 2009).
Análise Reflexiva
Neste momento, penso que a minha maior dificuldade foi em termos da definição
temporal pelo curto e longo prazo, associado também ao facto de não ter conseguido encontrar
um intervalo de tempo específico para o tratamento de utentes com bronquiectasias que me
desse mais “confiança”.
Plano de Tratamento
Ao longo das 10 semanas de tratamento irão ser realizadas 3 sessões por semana,
perfazendo um total de 30 sessões que, segundo Nici et al. (2005), permite adquirir resultados
benéficos. As sessões durante a semana serão à segunda, à quarta e à sexta, o que permitirá
que não haja uma sobrecarga dos músculos e assim aumentar a tolerância ao exercício (Langer
et al., 2009).
Educação
A educação é um parâmetro chave num programa de reabilitação respiratória, com a
principal finalidade de manter o mais possível ou melhorar a qualidade de vida do utente,
proporcionando uma modificação dos comportamentos e estilo de vida (Canteiro, 2003). O
processo educativo deve ser estruturado de forma a tornar o utente o mais autónomo possível na
gestão do seu auto-cuidado e auto-controlo (Canteiro, 2003). Desta forma, é necessário ensinar
o utente para que este adopte técnicas de higiene brônquica de modo a torná-lo autónomo a
este nível. Deve-se também informar o utente que não deve evitar expectorar, mesmo que seja
em público, pois se reter as secreções pode agravar ainda mais a sua condição. É também
necessário que o utente reconheça que tem responsabilidade sobre a sua doença. Deve também
ser ensinado ao utente quais os benefícios do exercício e de manter a actividade física, algo que
o utente provavelmente já terá conhecimento (por caminhar em média 2,5Km por dia) mas é
importante reforçar esse conhecimento.
20
Desobstrução das vias aéreas
Para promover a desobstrução das vias aéreas é necessário o uso de técnicas de
expiração forçada para as vias aéreas proximais (Pasteaur, Bilton & Hill, 2010; Bott et al., 2009).
No caso do Sr. Rui Gomes, como este foi sujeito a uma cirurgia pulmonar, não irá suportar as
alterações de pressão intra-torácica que ocorrem durante a tosse, o que torna necessário o uso
de técnicas de huffing. O huffing realiza-se com a boca e glote abertas fazendo-se uma
contracção dos músculos da parede abdominal, sendo um mecanismo que se baseia no conceito
de ponto de igual pressão (Olazabal, 2003).
Relativamente à desobstrução das vias aéreas distais pode utilizar-se a técnica ELTGOL
(Expiração Lenta Total com Glote Aberta em Infralateral). Nesta técnica, através de uma
expiração lenta, que evita o colapso das vias aéreas distais, vai ocorrer uma movimentação das
secreções de um nível distal para um nível proximal. Para complementar esta técnica deve ser
usada uma pressão expiratória positiva oscilatória (Pasteaur, Bilton & Hill, 2010; Bott et al.,
2009), como por exemplo o Flutter. É um dispositivo em forma de cachimbo com bucal e com
uma esfera de aço no seu interior, que quando o utente expirar para o seu interior, serão
produzidas vibrações e oscilações que vão soltar as secreções. Após 4 ou 8 ciclos respiratórios
deve realizar-se um huff para expelir as secreções (Olazabal, 2003). Esta é uma das técnicas
que o utente pode realizar autonomamente.
Quanto à desobstrução das vias aéreas periféricas pode utilizar-se a técnica EDIC
(Exercícios de Débito Inspiratório Controlado). Nesta técnica, o utente faz uma inspiração lenta
máxima, realizando apneia no final durante 5 segundos para que o ar chegue até às vias
periféricas, seguida de uma expiração lenta, acompanhada, por exemplo, por vibrações manuais
para facilitar a movimentação das secreções para um nível distal.
Como técnica para o utente realizar em casa autonomamente pode utilizar-se o ACBT
(Ciclo Activo de Técnicas Respiratórias) (Pasteaur, Bilton & Hill, 2010; Bott et al., 2009). Consiste
na respiração a volume corrente, exercícios de expansão torácica e expiração forçada, e pode
ser usada na desobstrução das vias aéreas proximais, distais e periféricas (Olazabal, 2003).
No caso da expectoração se tornar muito viscosa, o que diminui a capacidade da
remoção do muco, devem utilizar-se agentes osmóticos, por inalação, que têm a capacidade de
aumentar a hidratação das vias aéreas e modificar as propriedades físicas do muco, facilitando a
sua remoção (King & Daviskas, 2010). Este procedimento deve ser realizado antes das técnicas
de higiene brônquica.
21
Diminuição da dor
Para a diminuição da dor pode proceder-se à utilização de TENS (Estimulação Eléctrica
Nervosa Transcutânea). É uma forma de electroanalgesia que pode ser utilizada na redução da
dor pós-cirurgica (Kaye, Murray & Brandstater, 2010). Através dos eléctrodos colocados na pele,
o TENS provoca uma activação das vias descendentes da dor, levando a uma redução da
sensação de dor (Kitchen, 2003).
Aumento da mobilidade torácica
Devem ser utilizadas técnicas de mobilidade torácica, pois estas permitem melhorar a
mobilidade torácica, diminuir o trabalho respiratório e melhor a vantagem mecânica do
diafragma. Para além disto, estas técnicas também contribuem para a desobstrução das vias
aéreas, melhoria da ventilação regional, aumento dos volumes pulmonares e redução da dor
torácica (Abreu, 2003). Como o utente tem mobilidade torácica direita diminuída, as técnicas
devem incidir mais no hemitórax direito.
Diminuição da dispneia e aumento da tolerância ao exercício
Um programa de exercício é muito importante na reabilitação de utentes com dispneia e
diminuição da tolerância ao exercício (Nici et al., 2005). O treino intervalado é mais apropriado
para este utente do que o treino da endurance pois este, para ser efectivo, deve ter uma duração
superior a 30 minutos, o que poderia sobrecarregar demasiado o utente, devido à sua diminuição
da tolerância ao exercício e também pela resposta hipertensiva que apresenta ao exercício
(Langer et al., 2009; Nici et al., 2005). Assim, as sessões de treino serão de 2 a 3 minutos com
intensidade moderada (70% da carga máxima), com intervalos trabalho/descanso 2:1 (Langer et
al., 2009). Para além disto, devem também ser treinadas as actividades em que o utente se
encontra mais limitado (Abreu, 2003).
Na diminuição da dispneia também devem ser tidas em conta as técnicas de intervenção
anteriores, pois com melhorias, por exemplo, na desobstrução das vias aéreas, a sensação de
cansaço respiratório irá diminuir.
Análise Reflexiva
Penso que a minha maior dificuldade nesta fase foi em seleccionar a evidência que
melhor ia de encontro aos objectivos definidos. Foi também um pouco difícil a escolha das
técnicas terapêuticas mais adequadas ao utente em questão e à sua condição em particular.
22
Avaliação dos resultados
Ao longo do tratamento devem ser realizadas várias avaliações. Assim sendo, a
reavaliação do utente deve ser feita no final de cada semana do tratamento para se poder
analisar a evolução do utente ao longo da intervenção. Os indicadores a avaliar serão: a
educação do utente – espera-se que seja totalmente autónomo; a desobstrução das vias aéreas
– espera-se que o utente esteja parcialmente desobstruído; o grau de dispneia – que deverá
estar próximo do valor 0 na EBM durante a realização das actividades diárias; a dor – espera-se
que a dor tenha diminuído para um valor próximo de 0 na EVN; a mobilidade torácica – espera-
se que o utente tenha maior mobilidade torácica; a tolerância ao exercício – espera-se que o
utente tenha maior tolerância ao exercício; a ventilação – espera-se que o utente tenha uma
melhoria na sua ventilação; o desempenho nas actividades diárias – espera-se que o utente
desempenhe as suas actividades sem dificuldades; e a qualidade de vida – espera-se que o
utente tenha uma melhor qualidade de vida.
Critérios de Alta
Para que o senhor Rui Gomes tenha alta da Fisioterapia é necessário que todos os
objectivos do tratamento tenham sido atingidos. O utente não deve estar limitado em nenhuma
das suas actividades diárias, proporcionando-lhe uma melhor qualidade de vida. Para isso, deve
ter um aumento da tolerância ao exercício, com diminuição da dispneia, desobstrução das vias
aéreas, diminuição da dor e aumento da mobilidade torácica e da ventilação.
Análise Reflexiva
Considero que esta fase juntamente com a anterior foi a mais complicada de todo o
relatório, principalmente no que diz respeito aos resultados esperados com a aplicação do plano
de tratamento.
Conclusão
Considero que a realização deste relatório foi de extrema importância, uma vez que
durante a sua elaboração fui desenvolvendo mais a minha capacidade de raciocínio clínico e
integrando e compreendendo os vários conceitos existentes na área da cárdio-respiratória.
O facto de ter realizado o relatório em época normal permitiu-me aprofundar melhor
alguns conceitos que ainda não estavam muito bem compreendidos e que posteriormente serão
necessários para a prática clínica. Contudo, sinto que ainda não domino completamente os
conceitos, dadas as dificuldades que senti ao longo da elaboração deste relatório, mas espero
dominá-los com a continuação do estudo da cárdio-respiratória.
23
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26
BRONQUIECTASIAS
Dilatações e
distorções anómalas
crónicas dos
brônquios
Lesão Brônquica
Agravamento da
falência das defesas
do tracto respiratório
Estase de secreções
Infecções respiratórias
recorrentes
Pneumonia
Perda de
elasticidade
Tracção radial
Atelectasia
compliance
pulmonar
Destruição dos
componentes elástico
e muscular das
paredes brônquicas
Obstrução das vias
aéreas inferiores
da ventilação
regional
Fervores
ventilação/perfusão
Insuficiência
Respiratória Parcial
PaO2
Hipoxémia
Hipertensão Pulmonar
Insuficiência Cardíaca
do ventrículo direito
Cor Pulmonale
Clearance Mucociliar
Deficiente
Infecção
↑ Resistência do fluxo
de ar
RNN
↑ W músculo
respiratórios
Fadiga Muscular ↑ Consumo de O2
Dispneia
capacidade de
difusão alvéolo-capilar
aporte de O2 às
células
Cansaço
Tolerância ao
exercício
Incapacidade
Funcional
Qualidade de Vida
- Correr - Andar em terreno inclinado - Jogar Bowling - Subir/descer escadas -Passear na Montanha - Tomar banho
Inflamação crónica
das vias aéreas
Tabaco
Substâncias
cancerígenas
Nódulos Pulmonares
Ressecção Atípica do
LSD e LM
Menos Tecido
Pulmonar
do campo
pulmonar direito
mobilidade torácica
débitos e volumes
Hipersecreção
Expectoração
Tosse produtiva e
eficaz
HTA
Doenças
cardiovasculares
Dor torácica direita
Elevação da
hemicúpula
diafragmática direita
mobilidade
diafragmática
Inibição da tosse
IMC < 18,5 Kg/m2