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Relatório da Autoridade da Concorrência sobre o Mercado dos Combustíveis em Portugal 2 de Junho de 2008

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  • Relatrio da Autoridade da Concorrncia sobre o Mercado dos Combustveis em

    Portugal

    2 de Junho de 2008

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    ndice

    1. Introduo ............................................................................................ 8 2. Breve caracterizao do sector petrolfero nacional..................................... 9 2.1. Refinao, armazenagem, transporte e distribuio...................................10 2.2. Venda ao pblico em postos de abastecimento .........................................14 2.3. Factores estruturais e clusulas contratuais..............................................15 3. Condicionantes da formao dos preos dos combustveis ..........................17 3.1. Condicionantes da formao do preo do petrleo .....................................17 3.2. Condicionantes da formao dos preos da gasolina e do gasleo sada da

    refinaria na Europa e em Portugal ...........................................................19 3.3. Condicionantes da formao dos preos da gasolina e do gasleo na venda a

    retalho de combustveis em Portugal .......................................................20 4. Evoluo dos preos dos combustveis lquidos de 2003 a Abril de 2008.......22 4.1. Evoluo da cotao internacional do petrleo ..........................................22 4.2. Evoluo dos preos de referncia sada da refinaria...............................26 4.3. Evoluo dos PMVP................................................................................29 4.3.1. Evoluo do PMVP em Portugal ......................................................29 4.3.2. Evoluo do diferencial entre o PMVP e o preo mdio sada da

    refinaria...............................................................................................31 4.3.3. Paralelismo dos PMVP (antes de impostos) do Gasleo e da Gasolina

    IO95 entre Portugal e Espanha ...............................................................32 4.4. Consideraes finais ..............................................................................37 5. Evoluo e formao dos preos dos combustveis lquidos no primeiro

    quadrimestre de 2008 ...........................................................................39 5.1. A alterao do preo da principal matria-prima nos mercados internacionais

    ..........................................................................................................39 5.2. A alterao dos preos dos produtos refinados sada das refinarias na Europa

    ..........................................................................................................40 5.2.1. Gasolina IO95 .............................................................................40 5.2.2. Gasleo ......................................................................................41 5.3. Alterao do PVP antes de impostos em Portugal ......................................42 5.3.1. PMVP antes de impostos em 2006, 2007, e no primeiro quadrimestre de

    2008 .................................................................................................42 5.3.2. Comparaes Internacionais..........................................................43 5.4. Alterao do PMVP depois de impostos em Portugal...................................46 5.4.1. Evoluo dos preos mximos recomendados por empresa ...............46 5.4.2. PMVP nacionais em 2006, 2007, e no 1. quadrimestre de 2008 ........52 5.4.3. Preos praticados em hiper/supermercados vs preos praticados pelas

    principais petrolferas ............................................................................54 5.4.4. Comparaes Internacionais..........................................................57 5.5. Decomposio dos custos para formao do PVP recomendado...................59 5.5.1. Anlise global da decomposio no primeiro quadrimestre de 2008 ....60 5.5.2. Anlise dinmica das vrias componentes que contribuem para a

    formao dos preos recomendados ........................................................62 5.5.2.1. Gasolina IO95 ..........................................................................63 5.5.2.2. Gasleo...................................................................................65 6. Enquadramento jus-concorrencial ...........................................................69 6.1. Observaes preliminares ......................................................................69 6.2. De alegadas prticas de concertao entre operadoras no mercado dos

    combustveis ........................................................................................69 7. Concluses e Recomendaes.................................................................76 7.1. Acesso de concorrentes aos mercados retalhistas......................................77 7.2. Informao aos consumidores finais no mercado retalhista.........................78 7.3. Acesso grossista a fontes alternativas de abastecimento ............................78

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    7.4. Medidas estruturais de longo prazo .........................................................79 8. Anexos ................................................................................................80 8.1. Anexo 1 Combustveis gasosos.............................................................80 8.1.1. Notas introdutrias ......................................................................80 8.1.2. Caracterizao do mercado do GPL em Portugal...............................82 8.1.2.1. O consumo de GPL....................................................................82 8.1.2.2. A oferta de GPL ........................................................................84 8.1.2.3. Caractersticas gerais ................................................................85 8.1.3. Os preos do GPL.........................................................................86 8.1.3.1. Evoluo dos preos do GPL em Portugal .....................................86 8.1.3.2. O enquadramento do regime de preos vigiados do GPL em garrafa87 8.1.3.3. Anlise da disperso regional de preos do GPL em garrafa ...........88 8.1.3.4. Comparao internacional de preos de GLP em garrafa ................89 8.1.4. Comparao dos PVP das garrafas de gs butano em Portugal e em

    Espanha...............................................................................................89 8.1.4.1. A regulao dos preos do gs butano e propano engarrafado em

    Espanha ..............................................................................................91 8.1.5. Sntese conclusiva........................................................................93 8.2. Anexo 2 ...............................................................................................94 9. Glossrio..............................................................................................95

    ndice de Tabelas TABELA 1 REFINARIAS E CAPACIDADE DE REFINAO NO ESPAO IBRICO, ANO DE

    2005 ...............................................................................................................................................12 TABELA 2 NMERO MDIO DE SEMANAS NECESSRIO AOS AJUSTAMENTOS ENTRE O

    PREO DA MATRIA-PRIMA (PETRLEO) E OS PMVP NA UE A 15 ..................................21 TABELA 3 EVOLUO DA MDIA MENSAL DA COTAO DOS FUTUROS A 1-MS DO BRENT,

    DE JANEIRO DE 2003 A ABRIL DE 2008, EM $ E / BARRIL (BBL) E EM CTS / LITRO (LT), NVEL, VARIAO CUMULADA EM NVEL (VAR. CUMUL.) E EM PERCENTAGEM (% CUMUL.) DESDE JANEIRO DE 2003......................................................22

    TABELA 4 ESTIMATIVAS DA EVOLUO DOS PREOS MDIOS ANUAIS DO PETRLEO (EM DLARES) .......................................................................................................................................25

    TABELA 5 DIFERENCIAIS MDIOS, DESDE JULHO DE 2003, ENTRE O PREO MDIO NACIONAL SADA DA REFINARIA E A COTAO PLATTS NWE CIF DE REFERNCIA DO GASLEO E DA GASOLINA IO95 ( CTS / LITRO) ........................................................28

    TABELA 6 DIFERENCIAIS NACIONAIS ANUAIS MDIOS E NO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2008 ENTRE O PMVP (ANTES DE IMPOSTOS) E O PREO MDIO SADA DA REFINARIA DO GASLEO E DA GASOLINA IO95 ( CTS / LITRO)...................................32

    TABELA 7 DIFERENCIAIS MDIOS DESDE JULHO DE 2003 ENTRE OS PMVP (ANTES DE IMPOSTOS) NACIONAIS E ESPANHIS DO GASLEO E DA GASOLINA IO95 ( CTS / LITRO) .............................................................................................................................................34

    TABELA 8 ESTATSTICAS SUMRIAS DA DISTRIBUIO DOS DIFERENCIAIS ENTRE OS PMVP (ANTES DE IMPOSTOS) NACIONAIS E ESPANHIS DO GASLEO E DA GASOLINA IO95: MDIA, DISPERSO, VALOR MNIMO (MIN), MEDIANA, VALOR MXIMO (MAX) E PERCENTIS DE 2,5% E DE 97,5%, EM CTS / LITRO ...................................................35

    TABELA 9 EVOLUO DA CARGA FISCAL SOBRE O PVP DOS COMBUSTVEIS LQUIDOS, DA PRIMEIRA SEMANA DE JANEIRO DE 2004 AT LTIMA SEMANA DE ABRIL DE 2008 (MDIAS DOS PMVP), EM ESPANHA E EM PORTUGAL ........................................................36

    TABELA 10 EVOLUO DOS PREOS DE REFERNCIA/RECOMENDADOS (CLASSE MODAL) DA GASOLINA IO95 ....................................................................................................................47

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    TABELA 11 EVOLUO DOS PREOS DE REFERNCIA/RECOMENDADOS (CLASSE MODAL) DO GASLEO ..................................................................................................................................50

    TABELA 12 PREOS MDIOS POR GRUPOS DE EMPRESAS GASOLINA IO95 (/LITRO)..........................................................................................................................................................55

    TABELA 13 PREOS MDIOS POR GRUPOS DE EMPRESAS GASLEO (/LITRO) ............56 TABELA 14 CONSUMO DE GS BUTANO E DE GS PROPANO POR DISTRITO EM 2006 ......84 TABELA 15 NDICE DE CONCENTRAO (IHH) NO MERCADO DOS GPL, DE 1996 A

    2008 ...............................................................................................................................................85

    ndice de Ilustraes ILUSTRAO 1 REFINARIAS, OLEODUTOS E RESERVAS TERRITORIAIS EXISTENTES NO

    ESPAO IBRICO ...........................................................................................................................11 ILUSTRAO 2 REFINARIAS, PARQUES DE ARMAZENAGEM E REDE DE OLEODUTOS DA CLH

    EM ESPANHA ..................................................................................................................................13

    ndice de Grficos GRFICO 1 EVOLUO MENSAL, DESDE JANEIRO DE 1999, DA COTAO DOS FUTUROS A

    1-MS DO BRENT (FECHO DO MS), EM $ E EM / BBL .....................................................22 GRFICO 2 EVOLUO SEMANAL, DESDE MARO DE 2002, DA COTAO DOS FUTUROS A

    1-MS DO BRENT (FECHO DA SEMANA), EM $ E EM / BBL..............................................23 GRFICO 3 EVOLUO SEMANAL, DESDE MARO DE 2002, DA TAXA DE CMBIO / $

    (FECHO DA SEMANA)....................................................................................................................23 GRFICO 4 EVOLUO SEMANAL, DESDE JULHO DE 2003, DO PMVP NACIONAL DO

    GASLEO, DA COTAO PLATTS NWE CIF E PREO MDIO SADA DA REFINARIA RESPECTIVOS E DA COTAO DOS FUTUROS A 1-MS DO BRENT DESFASADA DE 2 SEMANAS ( CTS / LITRO) .........................................................................................................27

    GRFICO 5 EVOLUO SEMANAL, DESDE JULHO DE 2003, DO PMVP NACIONAL DA GASOLINA IO95, DA COTAO PLATTS NWE CIF E PREO MDIO SADA DA REFINARIA RESPECTIVOS E DA COTAO DOS FUTUROS A 1-MS DO BRENT DESFASADA DE 2 SEMANAS ( CTS / LITRO).........................................................................27

    GRFICO 6 MDIAS MVEIS DE 4 SEMANAS DOS DIFERENCIAIS ENTRE OS PREOS MDIOS NACIONAIS SADA DA REFINARIA E AS COTAES PLATTS NWE CIF DE REFERNCIA RESPECTIVAS DO GASLEO E DA GASOLINA IO95 ( CTS / LITRO) ......28

    GRFICO 7 EVOLUO DO PMVP DA GASOLINA IO95 POR EMPRESA (/LITRO) ..........30 GRFICO 8 EVOLUO DO PMVP DA GASLEO POR EMPRESA (/LITRO) ........................30 GRFICO 9 MDIAS MVEIS DE 4 SEMANAS DOS DIFERENCIAIS ENTRE OS PMVP (ANTES

    DE IMPOSTOS) E OS PREOS MDIOS NACIONAIS SADA DA REFINARIA DO GASLEO E DA GASOLINA IO95 ( CTS / LITRO) .................................................................................32

    GRFICO 10 EVOLUO SEMANAL DOS PMVP (ANTES DE IMPOSTOS) NACIONAIS E ESPANHIS DO GASLEO E DA GASOLINA IO95, DESDE JULHO DE 2003, EM CTS / LITRO ...............................................................................................................................................33

    GRFICO 11 MDIAS MVEIS DE 4 SEMANAS DOS DIFERENCIAIS ENTRE OS PMVP (ANTES DE IMPOSTOS) NACIONAIS E ESPANHIS DO GASLEO E DA GASOLINA IO95 ( CTS / LITRO) ...........................................................................................................................34

    GRFICO 12 EVOLUO SEMANAL COMPARATIVA DOS PMVP (APS IMPOSTOS) NACIONAIS E ESPANHIS DO GASLEO E DA GASOLINA IO95, DESDE JULHO DE 2003, EM CTS / LITRO............................................................................................................36

    GRFICO 13 EVOLUO DO PREO DO BARRIL DE CRUDE (FUTUROS DO BRENT A 1 MS) EM EUROS E USD (DECOMPOSIO DOS EFEITOS DE VARIAO DO PREO DA MATRIA-PRIMA E DA TAXA DE CMBIO) ................................................................................39

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    GRFICO 14 EVOLUO DO PREO DA GASOLINA IO95 NOS MERCADOS INTERNACIONAIS (PREM UNLEADED NWE CIF PLATTS HIGH).....................................40

    GRFICO 15 EVOLUO DO PREO DO GASLEO NOS MERCADOS INTERNACIONAIS (ULSD 50PPM NWE CIF ARA PLATT'S HIGH) .................................................................41

    GRFICO 16 EVOLUO DO PMVP ANTES DE IMPOSTOS DA GASOLINA IO95 EM PORTUGAL ......................................................................................................................................42

    GRFICO 17 EVOLUO DO PMVP ANTES DE IMPOSTOS DO GASLEO EM PORTUGAL....43 GRFICO 18 PMVP ANTES DE IMPOSTOS DA GASOLINA IO95 NA UE A 27 (MDIA DE

    PREOS DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2008)................................................................44 GRFICO 19 PMVP ANTES DE IMPOSTOS DO GASLEO NA UE A 27 (MDIA DE PREOS

    DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2008)...............................................................................45 GRFICO 20 NMERO DE ALTERAES DO PREO RECOMENDADO/DE REFERNCIA

    MODAL DAS SEIS PRINCIPAIS PETROLFERAS A ACTUAR EM PORTUGAL (GASOLINA IO95 1. QUADRIMESTRE DE 2008) .................................................................................48

    GRFICO 21 AMPLITUDE DAS VARIAES EM CNTIMOS POR LITRO DO PREO RECOMENDADO/DE REFERNCIA MODAL DAS SEIS PRINCIPAIS PETROLFERAS (GASOLINA IO95 - 1. QUADRIMESTRE DE 2008) ...........................................................49

    GRFICO 22 NMERO DE ALTERAES DO PREO RECOMENDADO/DE REFERNCIA MODAL DAS SEIS PRINCIPAIS PETROLFERAS A ACTUAR EM PORTUGAL (GASLEO 1. QUADRIMESTRE DE 2008) .................................................................................................51

    GRFICO 23 AMPLITUDE DAS VARIAES EM CNTIMOS POR LITRO DO PREO RECOMENDADO/DE REFERNCIA MODAL DAS SEIS PRINCIPAIS PETROLFERAS (GASLEO - 1. QUADRIMESTRE DE 2008) .........................................................................52

    GRFICO 24 EVOLUO DO PMVP DA GASOLINA IO95 EM PORTUGAL (/LITRO).......53 GRFICO 25 EVOLUO DO PMVP DO GASLEO EM PORTUGAL (/LITRO).....................53 GRFICO 26 PMVP DEPOIS DE IMPOSTOS DA GASOLINA IO95 NA UE A 27 (MDIA DE

    PREOS DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2008)................................................................58 GRFICO 27 PMVP DEPOIS DE IMPOSTOS DO GASLEO NA UE A 27 (MDIA DE PREOS

    DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2008)...............................................................................59 GRFICO 28 DECOMPOSIO DOS CUSTOS ASSOCIADOS AO PREO RETALHISTA DA

    GASOLINA IO95 (MDIA DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2008)...............................61 GRFICO 29 DECOMPOSIO DOS CUSTOS ASSOCIADOS AO PVP DO GASLEO (MDIA

    DO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2008)...............................................................................62 GRFICO 30 EVOLUO DO CUSTO E MARGEM DA ACTIVIDADE DE DISTRIBUIO ENTRE

    JANEIRO E ABRIL DE 2008 (GASOLINA IO95) ..................................................................63 GRFICO 31 EVOLUO DO CUSTO E MARGEM DA ACTIVIDADE RETALHISTA ENTRE

    JANEIRO E ABRIL DE 2008 (GASOLINA IO95) ..................................................................64 GRFICO 32 EVOLUO DO PREO MDIO SADA DA REFINARIA ENTRE JANEIRO E

    ABRIL DE 2008 (GASOLINA IO95) .......................................................................................65 GRFICO 33 EVOLUO DO CUSTO E MARGEM DA ACTIVIDADE DE DISTRIBUIO ENTRE

    JANEIRO E ABRIL DE 2008 (GASLEO).................................................................................66 GRFICO 34 EVOLUO DO CUSTO E MARGEM DA ACTIVIDADE RETALHISTA ENTRE

    JANEIRO E ABRIL DE 2008 (GASLEO).................................................................................67 GRFICO 35 EVOLUO DO PREO MDIO SADA DA REFINARIA ENTRE JANEIRO E

    ABRIL DE 2008 (GASLEO) .....................................................................................................68 GRFICO 36 PROCURA DE GPL, EM TON, DESDE JANEIRO DE 1995 A JANEIRO DE 2008

    ..........................................................................................................................................................83 GRFICO 37 PROCURA ANUAL DE GPL, DE 1995 A 2007, POR MODO DE

    ACONDICIONAMENTO ...................................................................................................................83 GRFICO 38 EVOLUO DOS PMVP DO GPL, NO PERODO DE JANEIRO DE 2004 A

    JANEIRO DE 2008 (/KG)........................................................................................................86 GRFICO 39 DISPERSO REGIONAL DOS PVP DA GARRAFA DE BUTANO () DE 13 KG,

    DE JANEIRO DE 2003 A DEZEMBRO DE 2007 ......................................................................88 GRFICO 40 COMPARAO INTERNACIONAL DOS PAI NO GPL EM GARRAFA NA EUROPA,

    EM /KG, EM 2006 .....................................................................................................................89

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    GRFICO 41 PVP DE GS BUTANO (13 KG) EM PORTUGAL E EM ESPANHA EM JANEIRO DE 2008 () .................................................................................................................................90

    GRFICO 42 EVOLUO DOS PVP ANTES E DEPOIS DE IMPOSTOS DE UMA GARRAFA DE GPL EM PORTUGAL (13 KG) E EM ESPANHA (12,5 KG) ...................................................91

    GRFICO 43 EVOLUO SEMANAL COMPARATIVA, DESDE A LTIMA SEMANA DE 2002, ENTRE AS COTAES DA GASOLINA SEM CHUMBO DOS FUTUROS A 1-MS NO MERCADO DE NOVA IORQUE E DO PREO SPOT FOB NO MERCADO DE ROTERDO ( / M3) ......94

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    1. Introduo

    O Senhor Ministro da Economia e da Inovao, em carta dirigida ao Senhor Presidente da

    Autoridade da Concorrncia e datada de 30 de Abril, solicitou a elaborao de uma anlise

    sobre a formao do preo dos combustveis no retalho j que, segundo referem alguns

    analistas, esse preo no reflecte os custos de produo, avaliados segundo o diferencial de

    cotao Euro/Dlar.

    O presente Relatrio est dividido em 7 seces, um glossrio e dois anexos. Aps a

    introduo, apresentada na seco 2 uma breve caracterizao do sector petrolfero

    nacional. Na seco 3 so apresentadas e analisadas as condicionantes da formao dos

    preos dos combustveis lquidos (gasolina sem chumbo de 95 octanas e gasleo rodovirio).

    Na seco 4, analisada a evoluo dos preos do petrleo e daqueles combustveis entre

    2003 e Abril de 2008. Segue-se a seco 5 que analisa a evoluo e formao dos preos da

    matria-prima e dos produtos refinados (gasolina sem chumbo de 95 octanas e gasleo

    rodovirio), durante o primeiro quadrimestre de 2008. A seco 6 apresenta um

    enquadramento jus-concorrencial da formao dos preos dos combustveis lquidos em

    Portugal. Segue-se a seco 7 com as principais concluses que se podem retirar do

    Relatrio e com as recomendaes que a Autoridade da Concorrncia entende ser til

    formular nesta fase. No primeiro anexo feita uma breve anlise da evoluo do mercado de

    combustveis gasosos em Portugal (gases butano e propano) e a sua comparao com o

    mercado espanhol. Num segundo anexo so apresentados dados estatsticos que sustentam

    parte da anlise constante do texto principal do Relatrio.

    Para a realizao deste Relatrio foram solicitados vrios dados estatsticos s diferentes

    empresas petrolferas presentes em Portugal, bem como Associao Nacional de

    Revendedores de Combustveis (ANAREC), entidades com quem foram mantidas reunies de

    trabalho para esclarecimento e desenvolvimento de vrias questes. Foram tambm

    solicitados dados estatsticos a diversas empresas do ramo da distribuio alimentar que

    operam postos de venda ao pblico de combustveis lquidos.

  • 9

    2. Breve caracterizao do sector petrolfero nacional1

    1. A actividade petrolfera , em geral, subdividida entre as actividades a montante, da

    explorao, desenvolvimento, produo, transporte (martimo) e venda de petrleo

    bruto, e as actividades a jusante, da refinao, armazenagem e transporte; da

    distribuio aos postos de abastecimento (estaes de servio); e da venda a

    retalho, nomeadamente, atravs de postos de venda ao pblico (consumidor final).

    2. As empresas verticalmente integradas da explorao de petrleo e/ou refinao

    venda ao pblico so designadas por empresas petrolferas, sendo as demais

    intervenientes, nos estdios a jusante da refinao, denominadas por empresas no

    petrolferas ou independentes.

    3. Existem, actualmente, seis petrolferas em Portugal: a Galp Energia, SGPS (Galp), a

    British Petroleum (BP), a Repsol YPF (Repsol)2, o grupo Total-Fina-Elf (Total/Cepsa)3,

    a Agip (do Grupo ENI, que controla 1/3 do capital da Galp)4 e a Esso (do Grupo

    Exxon-Mobil).

    4. O sector nacional importa a integralidade da principal matria-prima (petrleo) pelo

    que se circunscreve s actividades petrolferas a jusante, da refinao,

    armazenagem, transporte, distribuio e venda ao pblico em postos de

    abastecimento.

    1 Uma descrio detalhada do sector petrolfero em geral consta de Decises CE relativas a operaes de concentrao naquele sector (tais como Casos n. IV/M.727 BP/MOBIL, 7 Agosto 1996, n. COMP/M.3291 PREEM/SKANDINAVISKA RAFFINADERI, 1 Dezembro 2003 e n. COMP/M.4348 PKN/MAZEIKIU, 7 Janeiro 2006, em verso Inglesa). Ver, de igual modo, informao constante das Newsletters trimestrais da AdC sobre o acompanhamento do mercado dos combustveis lquidos e gasosos, disponveis no endereo: http://www.concorrencia.pt/Publicacoes/Newsletter.asp.

    2 Por deciso de no oposio da CE, a Repsol adquire, em Setembro de 2004, os negcios de distribuio e de venda a retalho da Shell em Portugal (Deciso CE n. COMP/M.3516 REPSOL/SHELL, de 13 de Setembro de 2004). Segundo declaraes da Repsol, esta empresa viria, no final de 2005, a ultrapassar a BP como a segunda maior insgnia na venda ao pblico em Portugal.

    3 Em Outubro de 2006, a Total adquire, aps deciso de no oposio da CE, o controlo exclusivo da Cepsa (vide Deciso CE n. COMP/M.4329, de 13 de Outubro de 2006), embora j detivesse cerca de 45% do capital daquela empresa antes daquela data.

    4 No final do ano de 2006, a Galp tem cerca de 20% do seu capital disperso em Bolsa, sendo o remanescente controlado pelo Grupo Amorim (33,34%), pelo Grupo ENI (1/3) e pelo Estado.

  • 10

    2.1. Refinao, armazenagem, transporte e distribuio

    5. A actividade de refinao consiste na transformao de petrleo bruto em derivados

    de petrleo, entre os quais os combustveis lquidos (gasleos e gasolinas) e os

    combustveis gasosos (butano ou gs de garrafa e propano, usualmente, conhecido

    por gs de cidade).

    6. A refinao integra, assim, o estdio de entrada de combustveis em territrio

    nacional, pelo que no poder ser dissociada dos circuitos de importao de

    combustveis, por via terrestre (frrea e rodoviria) ou martima (grandes navios e

    bateles), em provenincia de refinarias localizadas fora do territrio nacional.

    7. A venda de combustveis sada da refinaria efectuada a um preo usualmente

    designado por preo ex-work refinery que lquido de impostos (ISP e IVA).

    8. Na refinao nacional, existe uma nica empresa, a Galp, a qual controla mais de

    80% da capacidade total de armazenagem de combustveis em territrio nacional,

    abastecendo, de igual modo, mais de 80% do consumo nacional em combustveis

    lquidos e gasosos para venda ao pblico.

    9. Existem duas refinarias em Portugal, em Lea da Palmeira (Porto) e em Sines. A

    refinaria de Sines abastece entre 60-65% do territrio nacional continental,5

    incluindo as zonas Sul e Centro do pas e, em particular, a regio de Lisboa e Vale do

    Tejo, sendo esta ltima abastecida pelo parque de Aveiras ligado a Sines atravs do

    nico oleoduto (de longa distncia) existente em Portugal (vide Ilustrao 1 infra).

    Este oleoduto gerido pela Companhia Logstica de Combustveis, S.A. (CLC), a qual

    detida pela Galp a 65%, pela BP a 20% e pela Repsol (ex-Shell) a 15%.6

    5 Conforme identificado na Ilustrao 1, a refinaria de Sines ainda responsvel pelo abastecimento dos

    arquiplagos dos Aores e Madeira. 6 Para alm do oleoduto Sines Aveiras, gerido pela CLC, existem oleodutos de curta distncia, mas

    especficos aos depsitos localizados perto das refinarias (v.g., os oleodutos que ligam a refinaria de Lea aos depsitos da Galp, BP, Repsol e Total/Cepsa no Parque do Real, em Matosinhos, os terminais e depsitos de armazenagem da Esso na Trafaria, da Repsol na Bantica e da Galp e Total na Tanquipor no Barreiro).

  • 11

    Ilustrao 1 Refinarias, oleodutos e reservas territoriais existentes no espao

    ibrico

    Legenda: As cores distinguem entre as reas de abastecimentos das refinarias nacionais e principais

    parques de armazenagem: Matosinhos (rosa), parque de Aveiras (verde), Sines (verde mate) e Faro

    (laranja).

    Fonte: Galp Energia, SGPS.

    10. Em contrapartida, o territrio espanhol dispe de uma rede mais vasta e dispersa de

    refinarias (vide Tabela 1 infra) e de oleodutos (vide Ilustrao 2 infra), sendo esta

    rede de oleodutos gerida pela congnere espanhola da CLC, a Compaia Logstica de

    Hidrocarburos, S.A. (CLH).

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    Tabela 1 Refinarias e capacidade de refinao no espao Ibrico, ano de 20057

    Capacidade Pas Empresa Refinaria

    kbbl / dia % Ibrica

    Porto 90 Portugal Galp

    Sines 220 19,6

    Somorrostro Vizcaya 220

    Cartagena, Mrcia 100

    La Corua 120

    Puertollano, Ciudad

    Real 140

    Repsol

    Tarragona 160

    46,8

    Cdiz 240

    Huelva 100 Cepsa

    (Total)

    Tenerife 87

    27,0

    Espanha

    BP Castelln de la Plana 105 6,6

    Legenda: A capacidade de refinao expressa em milhares de barris (kbbl) por dia. A coluna %

    Ibrica reporta-se percentagem de capacidade de cada empresa na Pennsula Ibrica.

    Fonte: Oil & Gas Journal, 2005 Worldwide Refining Survey, salvo os elementos relativos s refinarias da

    Galp que so fonte da prpria.

    7 De salientar que segundo informao da Galp, as vendas a retalho de combustveis ascendem, em

    2005, a cerca de 6,830 mil m3 em territrio nacional contra 35,700 mil m3 em Espanha, donde resulta que o retalho em Portugal representa cerca de 16% do total do retalho ibrico (cf. http://investor.relations. galpenergia.com/galpir/vPT/ Business_Segments/Refining_Marketing).

  • 13

    Ilustrao 2 Refinarias, parques de armazenagem e rede de oleodutos da CLH em

    Espanha8

    Fonte: CLH, http://www.clh.es/.

    11. A CLH dispe de uma capacidade total de armazenagem de combustveis lquidos de

    cerca de 6,5 milhes de m3, o que corresponde a cerca de 80% da capacidade total

    de armazenagem daqueles produtos na Pennsula Ibrica. 9

    12. A CLH , de igual modo, caracterizada por uma estrutura accionista mais dispersa do

    que a da CLC, no podendo, em particular, as empresas com capacidade de

    refinao em Espanha Repsol, Total/Cepsa e BP deter, no seu total, mais de 45%

    do capital daquela companhia. Segundo informao da CLH, cerca de 85% do seu

    capital est repartido entre petrolferas: a canadiana Enbrige (25%), a Repsol

    (15%), a Total/Cepsa (14,15%), a Oman Oil (10%), a Disa (adquirente da ex-Shell

    em Espanha, 10%), a BP (5%) e a Galp (5%).10

    8 Refira-se que para alm da rede de oleodutos da CLH, existem outras redes de menor dimenso,

    como por exemplo, o oleoduto da Repsol que liga as suas refinarias de Puertollano e de Cartagena. 9 Cf. http://www.clh.es/. 10 Cf. http://www.clh.es/.

  • 14

    2.2. Venda ao pblico em postos de abastecimento

    13. Na venda a retalho ao pblico, existem cerca de 2300 postos de abastecimento em

    territrio nacional continental, operando a maioria destes postos cerca de 70%

    sob a insgnia das petrolferas.

    14. Para alm das insgnias das petrolferas, existem, contudo, outros operadores na

    venda ao pblico, sendo de especial relevncia os denominados postos brancos que

    operam sob a insgnia dos grupos da grande distribuio alimentar, a saber os postos

    dos grupos Os Mosqueteiros (insgnias Intermarch e Ecomarch), E. Leclerc, Modelo

    Continente11 e Auchan.12

    15. Conforme analisado no captulo 5.4.3 do presente Relatrio e reportado nas

    Newsletters trimestrais da Autoridade da Concorrncia (doravante AdC) sobre o

    mercado dos combustveis lquidos e gasosos13, estes postos brancos constituem um

    veculo importante de concorrncia pelos preos no mercado da venda ao pblico

    dado praticarem um preo de venda ao pblico (PVP) inferior, em mdia, em cerca

    de 6 cntimos / litro (cts/lt) ao das demais marcas.14

    16. Ao nvel do territrio nacional continental, a venda a retalho por insgnias uma

    actividade fortemente concentrada, detendo os trs principais operadores Galp,

    Repsol e BP no seu conjunto, mais de 70% desta actividade e os postos brancos

    dos grupos da grande distribuio alimentar menos de 10%.15

    17. Em termos de regulao dos preos dos combustveis em Portugal Continental, a 1

    de Janeiro de 2004 foi concluda a ltima fase da liberalizao dos PVP dos

    combustveis lquidos, tal como aprovada pela Portaria n. 1423-F/2003, de 31 de

    Dezembro.

    11 Corresponde aos postos anteriormente detidos pelo Carrefour e que se encontram em fase de

    alienao. 12 Para alm destes grupos e das petrolferas, calcula-se, segundo informao recolhida da Direco

    Geral de Energia e Geologia (DGEG), que existam cerca de 30 outras empresas (independentes) detentoras de redes de postos de abastecimento ao pblico (v.g., Cipol, Alves Bandeira, Sopor e Avia).

    13 Cf. http://www.concorrencia.pt/Publicacoes/Newsletter.asp 14 Refira-se a este propsito a Recomendao AdC ao Governo (Recomendao n. 3/2004, pontos 60-

    66) no sentido de aligeirar as condies de acesso ao mercado por estes postos e a alterao legislativa subsequente (Portaria n. 362/2005, de 4 de Abril). De salientar que a legislao espanhola existente na matria fortemente mais exigente do que a nacional, ao impor a obrigatoriedade dos grandes estabelecimentos comerciais incorporarem, pelo menos, um posto de abastecimento para veculos (artigo 3. do Real Decreto-Lei n. 6/2000, de 23 de Junho), bem como a proibio de qualquer operador de quota superior a 30% naquele mercado, in casu a Repsol, em expandir a sua rede de postos de abastecimento por um perodo de 5 anos aps a publicao do diploma (artigo 4. do mesmo diploma).

    15 Em contrapartida, calcula-se que em Frana estes postos brancos de hipermercados representem

    cerca de 50% do volume total de vendas a retalho.

  • 15

    18. Desde ento, deixaram de ser fixados tectos mximos sobre os PVP da gasolina sem

    chumbo 95 octanas (gasolina IO95) e dos gasleos rodovirio, colorido e marcado,

    estando os PVP dos demais combustveis (gasolinas IO98 e aditivada, bem como os

    gasleos e gasolinas da nova gerao) j liberalizados a essa data.

    19. O anterior regime de tectos mximos previa a incidncia do IVA sobre o tecto

    mximo do PVP, independentemente do preo praticado em cada posto, facilitando

    desta forma, e em conjunto com a transparncia de PVP resultante da publicao,

    pelo Estado dos preos mximos, a unicidade de PVP inter- e intra-marcas.

    2.3. Factores estruturais e clusulas contratuais

    20. A actividade petrolfera nacional caracteriza-se pelos seguintes factores estruturais:

    (i) Nmero reduzido de empresas e concentrao da oferta, estando mais de 90%

    da venda por grosso em territrio nacional concentrada nas (seis) petrolferas,

    sendo que as trs principais petrolferas controlam cerca de 70% daquela

    actividade.

    (ii) Integrao vertical dos principais operadores (petrolferas), em toda a cadeia de

    valor, desde o transporte e distribuio por grosso at ao retalho, incluindo a

    refinao em territrio nacional no caso da Galp;

    (iii) Homogeneidade do produto;

    (iv) Informao completa sobre o mercado tal como traduzida pela informao

    disponvel aos operadores ao longo da cadeia de valor (v.g., cotaes Platts

    NWE, cotaes internacionais do Light Crude e do Brent e PVP mdios com e sem

    impostos nos Estados Membros da Unio Europeia), bem como pelas inmeras

    estatsticas sobre quantidades vendidas (publicadas v.g. pela Direco Geral de

    Energia e Geologia);

    (v) Existncia de condicionantes de escala e administrativas entrada no mercado,

    bem como condicionantes ao nvel do desenvolvimento de capacidade de

    armazenagem;

    (vi) Relaes estruturais entre as petrolferas, tal como traduzidas pelos acordos de

    fornecimento e de logstica (v.g. casos da CLC em Portugal e da CLH em

    Espanha);

    (vii) Simetria de relaes (fornecedor cliente) entre petrolferas e contactos em

    vrios mercados, v.g. o posicionamento das principais petrolferas clientes da

    Galp em territrio nacional (Repsol, Total/Cepsa e BP) enquanto fornecedoras da

    Galp em Espanha;

  • 16

    (viii) Regularidade, estabilidade e reduzida elasticidade da procura (a aumentos e a

    desnveis de preos inter- e intra-marcas), sendo que uma procura voltil

    aumenta os incentivos das empresas em desviarem do status quo aquando de

    quedas abruptas da procura;

    (ix) Ausncia de contra-poder de compra do lado da procura, (eventual) excepo

    da rede de postos brancos de hipermercados.

    21. Relativamente s clausulas contratuais com a distribuio, todas as empresas

    petrolferas que, relembre-se, so em nmero reduzido, operam redes de

    distribuio similares, estabelecendo mecanismos de acompanhamento e controlo do

    funcionamento do mercado ao nvel retalhista que lhes permitem conhecer de forma

    quase imediata as alteraes de preos dos concorrentes a nvel local.

    22. De entre tais clusulas, so de salientar:

    (a) Clusulas contratuais impostas ao revendedor de cada insgnia com o objectivo

    de monitorizar as condies comerciais (v.g., preos) praticadas pela

    concorrncia na zona;

    (b) As empresas petrolferas realizam ainda uma monitorizao prpria e unilateral

    atravs do denominado cliente mistrio, quer junto dos postos que vendem sob

    a sua insgnia, quer nos postos que vendem sob insgnias concorrentes;

    (c) A actuao das empresas petrolferas mediante a operao de postos de sua

    propriedade ou com recurso a agentes permite-lhes determinar directamente os

    preos praticados nesses postos;

    23. Finalmente, o facto de um conjunto significativo de revendedores pertencerem

    ANAREC introduz um elemento adicional de divulgao das alteraes de preos

    entre operadores de diferentes insgnias.

  • 17

    3. Condicionantes da formao dos preos dos combustveis

    3.1. Condicionantes da formao do preo do petrleo

    24. O mercado do petrleo pode ser visto como uma grande pool de vrias qualidades de

    petrleo, cujos diferenciais de preos seguem um processo estacionrio, ou seja, os

    diferentes mercados encontram-se ligados entre si num grande mercado integrado

    internacional.

    25. Assim, no existe uma nica qualidade de petrleo mas uma diversidade de

    petrleos com diferentes nveis de qualidade (designadamente diferentes

    densidades).

    26. As duas especificaes de petrleo utilizadas a nvel internacional como referncia de

    preo so vulgarmente designadas por Brent (Crude) e Western Texas Intermediate

    (WTI), tambm conhecido por Light Sweet Crude.

    27. O petrleo do tipo Brent o petrleo de referncia no mercado Europeu, e portanto,

    a referncia para Portugal, sendo cotado em Londres.

    28. O designado Brent blend o tipo de crude mais transaccionado no mar do Norte. O

    Brent tem uma densidade de cerca de 37,5 de acordo com a escala do API (American

    Petroleum Institute).16 Tecnicamente uma mistura de crude da Shell UK (zona de

    explorao de Brent) e da BP (zona de explorao de Ninian).

    29. O WTI o petrleo de referncia nos Estados Unidos (EUA), do tipo Light Crude,

    mais denso do que o Brent e encontra-se cotado em Nova Iorque. O WTI, de menor

    densidade e peso do que o Brent , por tal via, mais caro, usualmente, entre 1 a 2

    USD / barril ($/bbl) face ao Brent.

    30. O preo do Brent vulgarmente aferido pela cotao dos futuros a um ms sobre

    este produto (i.e., o custo do produto com entrega no prazo de um ms), em USD/

    barril17.

    31. No significa isto, porm, que todas as empresas com actividade de refinao

    comprem o petrleo ao preo dos futuros do Brent, na medida em que existem

    petrleos com diferentes qualidades, que tm, por isso, preos distintos num mesmo

    momento de tempo.

    32. Significa antes que o preo do Brent serve como referncia para indexao desses

    preos de compra existindo spreads que corrigem esses preos pela qualidade do

    petrleo adquirido, entre outros factores.

    16 Segundo o API, a densidade API de um produto mede o seu peso relativo comparado com a gua.

    Produtos cuja densidade API exceda 10 so mais leves e flutuam na gua. Produtos cuja densidade API seja inferior a 10 so mais pesados e afundam-se quando em contacto com a gua.

    17 Um barril, de petrleo e/ou de combustveis lquidos, equivale a 42 gales americanos (US gallons) e,

    aproximadamente, a 158,9873 litros.

  • 18

    33. Para alm disso, o preo final do petrleo para um determinado refinador depende

    da sua posio geogrfica, designadamente da distncia entre o ponto onde o

    petrleo explorado e o ponto onde a refinaria se encontra localizada.

    34. Refinarias localizadas em cruzamentos de rotas entre mercados de explorao e de

    consumo podem beneficiar de menores custos de transporte martimo.

    35. O preo a que transaccionado o petrleo resulta de uma teia complexa de variveis

    estruturais.

    36. A evoluo do preo do petrleo nos mercados internacionais depende das

    condicionantes da oferta e da procura deste produto.

    37. De diversos relatrios internacionais publicados pela AIE (Agncia Internacional de

    Energia), EIA (Energy Information Administration), OPEP, OCDE e FMI, foram

    identificadas as seguintes condicionantes da procura mundial de petrleo numa

    perspectiva de mdio prazo: crescimento econmico; intensidade de utilizao de

    petrleo nas actividades produtivas; incentivos/desincentivos fiscais; consideraes

    ambientais. 18

    38. Foram tambm identificadas as seguintes principais condicionantes da oferta mundial

    de petrleo: evoluo das reservas mundiais de petrleo; riscos geopolticos;

    investimento necessrio para desenvolvimento e manuteno da capacidade

    produtiva; alteraes na composio da OPEP e na distribuio de quotas de

    produo; comportamentos dos pases-membros da OPEP; mudanas climticas;

    depreciao do dlar.

    39. Atendendo ao facto de o petrleo ser um produto de base (commodity), o seu

    preo incorpora alm de variveis estruturais uma parte de volatilidade devida ao

    mercado, pelo que a previso da variao dos preos incorpora um elevado grau de

    incerteza.

    40. O regime de preos do petrleo que vigora desde a segunda metade dos anos 80

    envolve grande volatilidade que se deve, em grande parte, ao facto dos mercados de

    futuros reagirem por under ou overshooting a notcias que saem a todo o momento.

    41. A volatilidade do preo do petrleo tem tambm a ver com as percepes dos

    agentes dos mercados financeiros que gerem carteiras de activos, nas quais se inclui

    o petrleo e seus derivados, sobre a evoluo da oferta e a procura.

    18 Cf. Captulo 4 das Newsletters AdC (op. cit.) n. 17 e n. 18 de acompanhamento do mercado dos

    combustveis relativas aos terceiro e quarto trimestres de 2007.

  • 19

    3.2. Condicionantes da formao dos preos da gasolina e do gasleo sada da

    refinaria na Europa e em Portugal

    42. Os preos dos produtos refinados, em particular da gasolina e do gasleo, sada da

    refinaria dependem fundamentalmente dos preos da principal matria-prima

    utilizada na actividade de refinao, isto , do preo do petrleo.

    43. Esta no , contudo, a nica varivel que determina os preos dos produtos

    refinados sada das refinarias.

    44. De facto, o preo de venda da gasolina e do gasleo depende das condies de

    procura e oferta destes combustveis e no apenas das condies de procura e oferta

    de petrleo.

    45. Nos ltimos anos tem-se verificado a existncia de uma maior escassez de gasleo

    refinado nos mercados da Europa Ocidental, tendo essa presso da procura gerado

    uma alterao do diferencial relativo de preos de venda sada das refinarias entre

    gasolina e gasleo.

    46. De igual forma, em perodos de maior procura de gasolina nos Estados Unidos da

    Amrica (designadamente nos meses de Vero) frequente a existncia de escassez

    de oferta deste refinado na Amrica do Norte verificando-se presses sobre o preo

    de venda sada das refinarias europeias no sentido da alta deste produto para

    exportao.

    47. Assim, as margens de refinao variam em funo da procura e oferta de produtos

    refinados em cada momento do tempo.

    48. Na Europa, os preos dos produtos refinados sada da refinaria acompanham

    maioritariamente as cotaes de produtos refinados do Noroeste Europeu baseado

    nas entregas em Roterdo e/ou do mercado do Mediterrneo baseado nas

    entregas em Lavera (Itlia).

    49. Estas cotaes reflectem o custo das matrias-primas (designadamente do petrleo),

    outros custos da actividade de refinao entre outras condicionantes da oferta, mas

    tambm da procura do produto refinado em questo num determinado momento.

    50. Em Portugal os preos dos produtos refinados sada da refinaria acompanham as

    cotaes do mercado de Roterdo.

    51. Assim, numa determinada semana, os preos sada das refinarias nacionais

    reflectiam at ao final do ano de 2007, a mdia das cotaes do mercado de

    Roterdo (numa base CIF) relativas s duas semanas anteriores.

    52. Em 2008, a forma de indexao dos preos sada das refinarias nacionais foi

    revista, passando as refinarias nacionais a considerar a mdia das cotaes dirias

  • 20

    do mercado de Roterdo (numa base CIF) tal como resultam das negociaes tidas

    na plataforma Platts do Noroeste Europeu (Northwestern Europe, NWE) relativas

    semana anterior (doravante designadas por cotaes Platts NWE de referncia).

    53. O facto de os preos dos produtos refinados acompanharem estas cotaes

    internacionais no significa que, a todo o momento, o preo de venda sada das

    refinarias que usam os indexantes do mercado de Roterdo seja nico, dependendo

    essencialmente das caractersticas dos produtos vendidos sada de cada refinaria.19

    3.3. Condicionantes da formao dos preos da gasolina e do gasleo na venda a

    retalho de combustveis em Portugal

    54. As alteraes dos PVP antes de impostos da gasolina e do gasleo em Portugal

    dependem fundamentalmente de variaes no preo de venda sada da refinaria

    dos produtos refinados, mas tambm de alteraes nos custos e margens das

    actividades de distribuio (designadamente transporte e armazenagem) e

    retalhista, dependendo, tanto das condies da oferta, como das da procura nestas

    actividades.

    55. Por tudo o referido nos captulos 3.1 e 3.2, relativamente s diferentes

    condicionantes da formao dos preos nos mercados da matria-prima e produtos

    refinados, as variaes do preo do petrleo so a principal condicionante das

    variaes dos preos dos produtos refinados sada das refinarias.

    56. Para alm disso, existe evidncia de um desfasamento temporal entre as alteraes

    no preo do petrleo e nos preos mdios de venda ao pblico (doravante PMVP)20

    antes de impostos dos combustveis na Europa, e, em particular, em Portugal.

    57. Em 2005 a AdC analisou a velocidade de ajustamento dos PMVP dos combustveis

    lquidos em Portugal a alteraes na cotao internacional do crude, tendo realizado

    diversas anlises estatsticas e economtricas21. Procedeu tambm a uma

    comparao internacional da velocidade de ajustamento dos preos.

    58. Concluiu pela existncia de evidncia de um desfasamento mdio de 4 semanas

    entre uma alterao do preo do crude nos mercados internacionais e um

    ajustamento do PMVP da gasolina IO95 e do gasleo rodovirio (doravante gasleo)

    em Portugal.

    19 No olvidando a existncia de outras componentes tais como spreads e descontos. 20 Os PMVP, tal como publicados pela Direco Geral da Energia e Transportes da Comisso Europeia

    para cada Estado Membro (EM), correspondem mdia dos PVP por posto, em cada EM, ponderados pelo volume de vendas respectivo.

    21 Captulo 4 da Newsletter AdC (op. cit.) n. 9 de acompanhamento do mercado dos combustveis

    relativa ao terceiro trimestre de 2005.

  • 21

    59. A generalidade dos pases europeus (12 no caso do gasleo e 11 no caso da

    gasolina) ajustava com uma velocidade de entre 1 e 2 semanas.

    60. Conforme quadro apresentado abaixo, apenas Portugal e Irlanda ajustavam o PMVP

    do gasleo em mais de 3 semanas. Relativamente ao PMVP da gasolina IO95 (s/

    chumbo 95) o ajustamento verifica-se em mais de 3 semanas apenas nos mesmos

    dois pases a que acresce o Reino Unido (4 semanas).

    Tabela 2 Nmero mdio de semanas necessrio aos ajustamentos entre o preo

    da matria-prima (petrleo) e os PMVP na UE a 15

    Tipo de combustvel 1 2 3 4 5 6

    Gasleo

    Dinamarca Alemanha P. Baixos Finlndia Sucia

    Blgica Grcia

    Espanha Frana Itlia

    Luxemburgo ustria

    Reino Unido Portugal Irlanda

    Gasolina s/ chumbo 95

    Blgica Dinamarca Alemanha

    Frana Luxemburgo

    P. Baixos Finlndia Sucia

    Grcia Espanha ustria

    ItliaReino Unido

    PortugalIrlanda

    N. de Pases Gasleo

    5 7 1 1 0 1

    N. de Pases Gasolina s/

    8 3 1 2 0 1

    Nmero de semanas necessrias para o ajustamento

    Fonte: Anlise da AdC.

    61. Atendendo ao facto de a forma de indexao dos preos dos produtos derivados

    sada das refinarias nacionais ter sido revista em 2008, tal alterao poder conduzir

    a uma reduo do tempo de ajustamento dos preos de venda a retalho antes de

    impostos em Portugal durante o decurso do corrente ano.

    62. S no final de 2008, quando disponvel um maior nmero de observaes de preos,

    ser possvel aferir a evoluo da velocidade de ajustamento de forma consistente.

  • 22

    4. Evoluo dos preos dos combustveis lquidos de 2003 a Abril de 2008

    4.1. Evoluo da cotao internacional do petrleo

    63. Conforme supra referido, o custo da matria-prima, tal como reflectido, no caso

    nacional, pela cotao dos futuros a 1-ms do Brent mostra uma subida acentuada

    desde o inicio da presente dcada, em US $ e em , tendo a amplitude desta subida

    aumentado de forma considervel no primeiro quadrimestre do corrente ano (vide

    Tabela 3, Grfico 1 e Grfico 2 infra) e tal no obstante da forte depreciao do dlar

    face ao euro (vide Grfico 3 infra).

    Tabela 3 Evoluo da mdia mensal da cotao dos futuros a 1-ms do Brent, de

    Janeiro de 2003 a Abril de 2008, em $ e / barril (bbl) e em cts / litro (lt), nvel,

    variao cumulada em nvel (Var. cumul.) e em percentagem (% cumul.) desde

    Janeiro de 2003

    cts / ltNvel Var. cumul. % cumul. Nvel Var. cumul. % cumul. Nvel

    Jan-03 31.28 1.062 29.45 18.52Jan-04 31.23 -0.05 -0.2% 1.261 24.76 -4.69 -15.9% 15.57Jan-05 44.23 12.95 41.4% 1.312 33.71 4.26 14.5% 21.21Jan-06 63.05 31.77 101.6% 1.210 52.09 22.64 76.9% 32.77Jan-07 53.68 22.40 71.6% 1.300 41.30 11.85 40.2% 25.97Jan-08 92.00 60.72 194.1% 1.472 62.51 33.06 112.3% 39.32Abr-08 108.97 77.69 248.4% 1.575 69.18 39.73 134.9% 43.52

    $ / bbl / bbl / $

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters.

    Grfico 1 Evoluo mensal, desde Janeiro de 1999, da cotao dos futuros a 1-

    ms do Brent (fecho do ms), em $ e em / bbl

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    110

    120

    Jan-99

    Jul-9

    9

    Jan-00

    Jul-0

    0

    Jan-01

    Jul-0

    1

    Jan-02

    Jul-0

    2

    Jan-03

    Jul-0

    3

    Jan-04

    Jul-0

    4

    Jan-05

    Jul-0

    5

    Jan-06

    Jul-0

    6

    Jan-07

    Jul-0

    7

    Jan-08

    Jul-0

    8

    Jan-09

    $ / bbl / bbl $ alisado (1 ano) alisado (1 ano)

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters.

  • 23

    Grfico 2 Evoluo semanal, desde Maro de 2002, da cotao dos futuros a 1-

    ms do Brent (fecho da semana), em $ e em / bbl

    2030

    4050

    6070

    80

    90100110

    120130

    140150

    15-M

    ar-02

    15-Set-02

    15-M

    ar-03

    15-Set-03

    15-M

    ar-04

    15-Set-04

    15-M

    ar-05

    15-Set-05

    15-M

    ar-06

    15-Set-06

    15-M

    ar-07

    15-Set-07

    15-M

    ar-08

    15-Set-08

    $ / bbl / bbl

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters.

    Grfico 3 Evoluo semanal, desde Maro de 2002, da taxa de cmbio / $ (fecho

    da semana)

    0.80

    0.90

    1.00

    1.10

    1.20

    1.30

    1.40

    1.50

    1.60

    1.70

    15-M

    ar-02

    15-Set-02

    15-M

    ar-03

    15-Set-03

    15-M

    ar-04

    15-Set-04

    15-M

    ar-05

    15-Set-05

    15-M

    ar-06

    15-Set-06

    15-M

    ar-07

    15-Set-07

    15-M

    ar-08

    15-Set-08

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters.

  • 24

    64. vulgarmente utilizado o argumento de que os aumentos no preo do petrleo so a

    todo o tempo compensados pela depreciao do dlar americano face ao euro,

    resultando da que o preo do petrleo em euros ter sofrido uma valorizao pouco

    acentuada em resultado desse efeito.

    65. Tal no corresponde, de todo, realidade. A volatilidade do preo do petrleo

    superior volatilidade da taxa de cmbio /USD.

    66. um facto que desde 2002 o dlar americano se depreciou face a um conjunto de

    moedas, entre as quais o euro (Cf. Grfico 3), tendo emergido a discusso acerca da

    substituio do dlar americano pelo euro enquanto moeda indexante dos preos do

    petrleo nos mercados financeiros.

    67. A depreciao do dlar , porm, de acordo com a OCDE22, uma pequena parte da

    explicao do recente aumento dos preos em dlares do petrleo, j que o recente

    choque nos preos se tem vindo a dever, em muito, a aumentos da procura e no

    tanto a interrupes na oferta, como sucedeu no passado.

    68. Numa perspectiva histrica, em termos globais, desde o incio de 1990, at ao fim do

    terceiro trimestre de 2007, a cotao do Brent, em dlares, registou um aumento de

    284,7%. Esta subida foi, no entanto, atenuada por uma depreciao do dlar face ao

    euro (vide ECU at ao final do ano de 1998) de 16,4%, o que, em termos finais,

    significou, em euros, um aumento da cotao do Brent em 221,7%.23

    69. Diversos aspectos da conjuntura internacional actual e, nomeadamente, os

    relacionados com:

    (i) A crise do sector imobilirio nos EUA conhecida por crise do sub-

    prime, responsvel, em parte, pela depreciao do USD face ao ;

    (ii) A reteno de reservas petrolferas ou, pelo menos, fuga a aumentos da

    produo de petrleo decorrentes da desvalorizao do USD face,

    nomeadamente, ao , atento o facto do petrleo e seus derivados serem

    transaccionados em USD;

    (iii) O forte aumento de consumo e procura de petrleo e produtos derivados

    pelas grandes economias emergentes da ndia e da China;

    (iv) A crise geopoltica no Mdio Oriente;

    (v) O desenvolvimento ainda relativamente precoce de fonte energticas

    alternativas ao petrleo; sem esquecer

    (vi) As condicionantes futuras em termos de reservas petrolferas mundiais,

    22 OECD (2007), OECD Economic Outlook, No. 82 (Preliminary Version December), Paris. 23 221.7% = (1+284.7%) (1-16.4%)-1. No se est a tomar em considerao possveis alteraes que

    podero ter ocorrido na composio do ECU entre 1990 e a data de introduo do Euro.

  • 25

    so factores geradores de uma forte incerteza quanto evoluo futura da cotao

    do petrleo, Brent e WTI.

    70. Algumas instituies de referncia avanaram com as seguintes estimativas para o

    preo do petrleo nos anos de 2008 e de 2009.

    Tabela 4 Estimativas da evoluo dos preos mdios anuais do petrleo

    (em dlares)

    Instituio Data de

    publicao 2008 2009

    Ministrio das Finanas PEC 2007-2011 Dezembro 2007 80,8

    Banco de Portugal 08-01-2008 89 86

    Comisso Europeia 21-02-2008 90,3

    Eurosistema 06-03-2008 90,6 89,1

    OCDE 06-12-2007 87 87

    Banco Mundial (*) 08-01-2008 84,1 78,4

    FMI (*) Outubro 2007 75

    Energy Information Administration 11-03-2008 94,1 85,9 (*) Mdia simples do Dubai, Brent e West Texas Intermediate.

    Fontes: Ministrio das Finanas e da Administrao Pblica (2007a), Programa de Estabilidade e Crescimento 2007-2011 (Actualizao de Dezembro de 2007), Lisboa; Banco de Portugal (2008), Boletim Econmico: Inverno de 2007, Vol. 13, N. 4, Lisboa; European Commission, Directorate-General For Economic and Financial Affairs (2008), Interim forecast, February 2008; European Central Bank (2008), Eurosystem Staff Macroeconomic Projections for the Euro Area; OECD (2007), OECD Economic Outlook, No. 82, Paris; International Bank for Reconstruction and Development, World Bank (2008), Global Economic Prospects - Technology Diffusion in the Developing World, Washington; International Monetary Fund (2007), World Economic Outlook, October 2007 Globalization and Inequality, Washington; Energy Information Administration (2008), Short-Term Energy Outlook March 2008, Washington.

  • 26

    4.2. Evoluo dos preos de referncia sada da refinaria

    71. A subida acentuada da cotao da matria-prima e, nomeadamente, dos futuros a 1-

    ms do Brent conjugada com os factores de conjuntura internacional supra referidos

    instigam um movimento de subida acentuada das cotaes internacionais dos

    combustveis lquidos e, em particular, das cotaes Platts NWE do gasleo e da

    gasolina IO95 (vide Grfico 4 e Grfico 5 infra).

    72. No caso nacional, conforme supra referido, a subida destas cotaes Platts NWE

    tende a repercutir-se nos preos sada da refinaria.

    73. De facto, conforme supra referido, a Galp fixa os seus preos sada da refinaria,

    semanalmente, em termos da cotao Platts NWE CIF de referncia.

    74. Considerando aquela cotao Platts NWE CIF de referncia, constata-se (vide Grfico

    4 e Grfico 5 infra) que os preos mdios nacionais sada da refinaria do gasleo e

    da gasolina IO95 evoluem em paralelo com aquelas cotaes Platts NWE CIF de

    referncia.

    75. Constata-se, tambm, que:

    (i) As cotaes Platts NWE CIF de referncia do gasleo seguem a evoluo

    da cotao dos futuros a 1-ms do Brent desfasada de, pelo menos, 2

    semanas; e

    (ii) As cotaes Platts NWE CIF de referncia da gasolina IO95 evidenciam

    picos sazonais, inexistentes na cotao dos futuros a 1-ms do Brent,

    com especial relevncia nos meses mais quentes, mas em perfeita

    consonncia com a cotao dos futuros a 1-ms da gasolina sem chumbo

    no mercado de Nova Iorque (vide Grfico 43 em Anexo 2).

    76. Este ltimo paralelismo sugere a dimenso internacional (extracomunitria) dos

    mercados dos produtos refinados e, nomeadamente, das gasolinas, sendo expectvel

    que, atento o facto do consumo de gasleo nos EUA ser despiciendo face ao consumo

    de gasolinas, os picos sazonais na cotao Platts NWE da gasolina sem chumbo

    sejam, de facto, induzidos pelos picos sazonais da cotao respectiva em Nova

    Iorque.

  • 27

    Grfico 4 Evoluo semanal, desde Julho de 2003, do PMVP nacional do Gasleo,

    da cotao Platts NWE CIF e preo mdio sada da refinaria respectivos e da

    cotao dos futuros a 1-ms do Brent desfasada de 2 semanas ( cts / litro)

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    55

    60

    65

    70

    75

    7-Jul-0

    3

    7-Ou

    t-03

    7-Jan-04

    7-Ab

    r-04

    7-Jul-0

    4

    7-Ou

    t-04

    7-Jan-05

    7-Ab

    r-05

    7-Jul-0

    5

    7-Ou

    t-05

    7-Jan-06

    7-Ab

    r-06

    7-Jul-0

    6

    7-Ou

    t-06

    7-Jan-07

    7-Ab

    r-07

    7-Jul-0

    7

    7-Ou

    t-07

    7-Jan-08

    7-Ab

    r-08

    PMVP Platts Refinaria Brent(-2)

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters; Platts; Comisso Europeia.

    Grfico 5 Evoluo semanal, desde Julho de 2003, do PMVP nacional da Gasolina

    IO95, da cotao Platts NWE CIF e preo mdio sada da refinaria respectivos e

    da cotao dos futuros a 1-ms do Brent desfasada de 2 semanas ( cts / litro)

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    55

    60

    65

    7-Jul-0

    3

    7-Out-03

    7-Jan-04

    7-Ab

    r-04

    7-Jul-0

    4

    7-Out-04

    7-Jan-05

    7-Ab

    r-05

    7-Jul-0

    5

    7-Out-05

    7-Jan-06

    7-Ab

    r-06

    7-Jul-0

    6

    7-Out-06

    7-Jan-07

    7-Ab

    r-07

    7-Jul-0

    7

    7-Out-07

    7-Jan-08

    7-Ab

    r-08

    PMVP Platts Refinaria Brent(-2)

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters; Platts; Comisso Europeia.

  • 28

    77. No que respeita ao paralelismo existente entre o custo mdio de aquisio nas

    refinarias nacionais e o preo Platts NWE CIF de referncia respectivo, constata-se

    que o diferencial entre o primeiro e o segundo evolui, no perodo em anlise, em

    torno de zero, estando mesmo o primeiro abaixo do segundo no primeiro

    quadrimestre de 2008, em mdia, em cerca de 0,44 cts / litro no caso do gasleo e

    em cerca de 0,14 cts / litro no caso da gasolina IO95 (vide Tabela 5 e Grfico 6

    infra).

    Tabela 5 Diferenciais mdios, desde Julho de 2003, entre o preo mdio nacional

    sada da refinaria e a cotao Platts NWE CIF de referncia do Gasleo e da

    Gasolina IO95 ( cts / litro)

    Diesel Gasolina IO952003 -0.02 0.22004 0.51 0.22005 0.09 -0.052006 0.39 0.392007 0.3 0.44

    Jan-Abr08 -0.44 -0.14Total 0.23 0.21

    Grfico 6 Mdias mveis de 4 semanas24 dos diferenciais entre os preos mdios

    nacionais sada da refinaria e as cotaes Platts NWE CIF de referncia

    respectivas do Gasleo e da Gasolina IO95 ( cts / litro)

    -5

    -4

    -3

    -2

    -1

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    7-Jul-0

    3

    7-Ou

    t-03

    7-Jan-04

    7-Ab

    r-04

    7-Jul-0

    4

    7-Ou

    t-04

    7-Jan-05

    7-Ab

    r-05

    7-Jul-0

    5

    7-Ou

    t-05

    7-Jan-06

    7-Ab

    r-06

    7-Jul-0

    6

    7-Ou

    t-06

    7-Jan-07

    7-Ab

    r-07

    7-Jul-0

    7

    7-Ou

    t-07

    7-Jan-08

    7-Ab

    r-08

    Diesel Gasolina IO95

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters; Platts; Comisso Europeia.

    24 Utilizam-se mdias mveis de 4 semanas a fim de alisar picos observados no diferencial, de amplitude

    positiva e negativa, dado tais picos serem especficos a uma determinada semana, no reflectindo, assim, a evoluo a prazo do mercado.

  • 29

    78. Resulta, de igual modo, dos Grfico 4 e Grfico 5 supra que a evoluo do preo

    mdio sada da refinaria tende, em geral, a repercutir-se sobre o PMVP nacional

    antes de impostos (vide seco 4.3.2), conforme analisado de seguida.

    4.3. Evoluo dos PMVP

    4.3.1. Evoluo do PMVP em Portugal

    79. Atentas as caractersticas dos mercados retalhistas de combustveis lquidos em

    Portugal, os preos inter-marcas foram semelhantes nos ltimos anos (vide Grfico 7

    e Grfico 8 infra).

    80. As principais empresas petrolferas a actuar em Portugal, com uma excepo,

    praticaram entre si, durante o perodo analisado, diferenais mdios de preos

    inferiores a 0,9 cntimo por litro na gasolina IO95 e no gasleo.

    81. Em termos mdios (e medianos), no existe, por isso, diferena significativa de PVP

    entre as insgnias principais, com uma excepo.

    82. Uma das petrolferas praticou, em mdia, um PVP entre 2,81 cts/litro inferior (vide

    Grfico 7 infra) ao do principal operador no caso da gasolina IO95 e de 2,89 cts/litro

    no caso do gasleo (vide Grfico 8 infra).

    83. Por seu turno, os postos de hiper/supermercados praticaram, em mdia, um PVP

    inferior ao das principais petrolferas.

    84. Durante o perodo em anlise os postos localizados em hiper/supermercados

    praticaram preos 4,6 e 6,5 cts/litro mais baixos no caso da gasolina e entre 4,9 e

    6,7 cts/litro no caso do gasleo, dependendo do operador.

  • 30

    Grfico 7 Evoluo do PMVP da Gasolina IO95 por empresa (/litro)

    1,000

    1,050

    1,100

    1,150

    1,200

    1,250

    1,300

    1,350

    1,400

    1,450

    1-Ja

    n-06

    1-Fe

    v-06

    1-M

    ar-0

    61-

    Abr-0

    61-

    Mai

    -06

    1-Ju

    n-06

    1-Ju

    l-06

    1-Ag

    o-06

    1-Se

    t-06

    1-O

    ut-0

    61-

    Nov

    -06

    1-D

    ez-0

    61-

    Jan-

    071-

    Fev-

    071-

    Mar

    -07

    1-Ab

    r-07

    1-M

    ai-0

    71-

    Jun-

    071-

    Jul-0

    71-

    Ago-

    071-

    Set-0

    71-

    Out

    -07

    1-N

    ov-0

    71-

    Dez

    -07

    1-Ja

    n-08

    1-Fe

    v-08

    1-M

    ar-0

    81-

    Abr-0

    8

    /lt.

    Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5

    Hiper/Super 1 Hiper/Super 2 Hiper/Super 3

    Fonte: DGEG.

    Grfico 8 Evoluo do PMVP da Gasleo por empresa (/litro)

    0,800

    0,850

    0,900

    0,950

    1,000

    1,050

    1,100

    1,150

    1,200

    1,250

    1,300

    1-Ja

    n-06

    1-Fe

    v-06

    1-M

    ar-0

    61-

    Abr-0

    61-

    Mai

    -06

    1-Ju

    n-06

    1-Ju

    l-06

    1-Ag

    o-06

    1-Se

    t-06

    1-O

    ut-0

    61-

    Nov

    -06

    1-D

    ez-0

    61-

    Jan-

    071-

    Fev-

    071-

    Mar

    -07

    1-Ab

    r-07

    1-M

    ai-0

    71-

    Jun-

    071-

    Jul-0

    71-

    Ago-

    071-

    Set-0

    71-

    Out

    -07

    1-N

    ov-0

    71-

    Dez

    -07

    1-Ja

    n-08

    1-Fe

    v-08

    1-M

    ar-0

    81-

    Abr-0

    8

    /lt.

    Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5

    Hiper/Super 1 Hiper/Super 2 Hiper/Super 3

    Fonte: DGEG.

  • 31

    4.3.2. Evoluo do diferencial entre o PMVP e o preo mdio sada da

    refinaria

    85. Embora os diferenciais entre os PMVP (antes de impostos) e os preos mdios

    sada da refinaria do gasleo e da gasolina IO95 tenham evoludo de forma estvel

    em torno de 10 cts / litro at ao final do primeiro trimestre de 2006, constata-se um

    ligeiro aumento daqueles diferenciais desde essa data e, nomeadamente, no primeiro

    quadrimestre do corrente ano de 2008. Em particular, aqueles diferenciais evoluem

    para cerca de 12,9 cts / litro no gasleo e cerca de 12,6 cts / litro na gasolina IO95,

    em mdia, no primeiro quadrimestre do corrente ano. (vide Tabela 6 e Grfico 9

    infra).

    86. Atento o facto daqueles diferenciais incorporarem custos e margens das petrolferas

    e, nomeadamente, os custos de importao, distribuio e transporte, no poder

    ser a priori excluda a possibilidade do aumento daqueles diferenciais poder ser, em

    parte ou na totalidade, explicado pela escalada dos preos do gasleo importante

    para o transporte rodovirio (distribuio) e do fuelleo utilizado no transporte

    martimo (para as importaes/exportaes e o transporte entre refinarias).

    87. Refora esta possibilidade o facto de existir um quase perfeito paralelismo entre os

    PMVP (antes de impostos), do gasleo e da gasolina IO95, nacionais e espanhis,

    donde resulta que aquele aumento do diferencial entre o PMVP e o preo mdio

    sada da refinaria comum a Espanha (vide infra).25

    88. De facto, as refinarias espanholas seguem na fixao dos seus preos de venda

    porta de refinaria, em consonncia com as nacionais, as cotaes Platts NWE na

    costa Atlntica e as cotaes de Lavera (Itlia) na costa Mediterrnica, no existindo

    indcios que estas duas cotaes apresentem diferenas significativas.26

    25 Um Relatrio recente da Comisin Nacional de Energa (CNE) espanhola sobre os Principais

    indicadores do sector petrolfero, relativo a Maro de 2008, revela, de facto, que o diferencial mdio, relativo ao ms de Fevereiro de 2008, entre o PMVP (antes de impostos) espanhol e o preo mdio sada da refinaria situa-se nos 11,72 cts / litro no caso da gasolina IO95 e nos 10,76 cts / litro no caso do gasleo (cf. http://www.cne.es/cne/Home). Relativamente ao mesmo ms, estes diferenciais situam-se, no caso nacional, nos 13,1 cts / litro no caso de ambos o gasleo e a gasolina IO95, o que, atento ao paralelismo de PMVP existente entre Portugal e Espanha, sugere que os preos mdios sada das refinarias espanholas so ligeiramente superiores aos observados em Portugal. No mesmo perodo, Portugal registava um PMVP (antes de impostos) inferior ao espanhol em 0,54 cts / litro no gasleo e 0,39 cts / litro na gasolina IO95.

    26 Caso as refinarias espanholas da costa Mediterrnica praticassem preos substancialmente diferentes

    dos das refinarias na costa Atlntica, a possibilidade de arbitragem de consumo entre elas, quer por via terrestre, quer, e nomeadamente, por via da rede de oleodutos da CLH acabaria por reequilibrar o mercado, gerando um nvel quase uniforme de preos entre refinarias.

  • 32

    Tabela 6 Diferenciais nacionais anuais mdios e no primeiro quadrimestre de

    2008 entre o PMVP (antes de impostos) e o preo mdio sada da refinaria do

    Gasleo e da Gasolina IO95 ( cts / litro)

    Diesel Gasolina IO952003 9.22 10.022004 9.72 9.992005 9.93 9.932006 11.03 11.452007 11.52 11.57

    Jan-Abr08 12.89 12.62Total 10.58 10.80

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Platts; Comisso Europeia.

    Grfico 9 Mdias mveis de 4 semanas dos diferenciais entre os PMVP (antes de

    impostos) e os preos mdios nacionais sada da refinaria do Gasleo e da

    Gasolina IO95 ( cts / litro)

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    7-Jul-0

    3

    7-Ou

    t-03

    7-Jan-04

    7-Ab

    r-04

    7-Jul-0

    4

    7-Ou

    t-04

    7-Jan-05

    7-Ab

    r-05

    7-Jul-0

    5

    7-Ou

    t-05

    7-Jan-06

    7-Ab

    r-06

    7-Jul-0

    6

    7-Ou

    t-06

    7-Jan-07

    7-Ab

    r-07

    7-Jul-0

    7

    7-Ou

    t-07

    7-Jan-08

    7-Ab

    r-08

    Diesel Gasolina IO95

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Platts; Comisso Europeia.

    4.3.3. Paralelismo dos PMVP (antes de impostos) do Gasleo e da Gasolina

    IO95 entre Portugal e Espanha

    89. Conforme supra referido, quando comparado a Espanha, o territrio nacional

    continental caracterizado por redes logsticas de transporte de combustveis

    lquidos (oleodutos e terminais martimos) com algumas limitaes.

    90. Embora haja uma diferena de colorao da gasolina entre Portugal e Espanha que

    pode ser atribuda a razes fiscais, nomeadamente, de controlo de ISP na importao

  • 33

    de gasolina de Espanha, o mesmo no acontece no caso do gasleo de igual

    colorao entre Portugal e Espanha , quando o consumo deste ltimo representa

    mais do dobro do consumo de gasolinas em Portugal.27

    91. A importao de combustveis de Espanha verifica-se, essencialmente, a partir das

    refinarias espanholas e parques de armazenagem CLH localizados em zonas

    fronteirias.28

    92. No obstante as diferenas de infra-estruturas de distribuio e logstica entre

    Portugal e Espanha, o efeito final sobre o consumidor (antes de impostos) idntico

    porquanto existe um paralelismo quase perfeito entre os PMVP nacionais e espanhis

    do gasleo e da gasolina IO95 (vide Grfico 10, Grfico 11 e Tabela 7 infra).

    Grfico 10 Evoluo semanal dos PMVP (antes de impostos) nacionais e

    espanhis do Gasleo e da Gasolina IO95, desde Julho de 2003, em cts / litro

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    55

    60

    65

    70

    75

    7-Jul-0

    3

    7-Out-03

    7-Jan-04

    7-Ab

    r-04

    7-Jul-0

    4

    7-Out-04

    7-Jan-05

    7-Ab

    r-05

    7-Jul-0

    5

    7-Out-05

    7-Jan-06

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    r-06

    7-Jul-0

    6

    7-Out-06

    7-Jan-07

    7-Ab

    r-07

    7-Jul-0

    7

    7-Out-07

    7-Jan-08

    7-Ab

    r-08

    Diesel Por Diesel Esp IO95 Por IO95 Esp

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Comisso Europeia.

    27 De salientar, em acrscimo, que a diferena de colorao da gasolina irrelevante para o consumidor

    dado as zonas fronteirias nacionais se abastecerem nos dois lados da fronteira e preferencialmente em Espanha, atento o forte desnvel de carga fiscal existente entre estes dois territrios.

    28 Salientar-se-, mesmo, o facto dos parques CLH localizados em Huelva disporem de gasolinas

    devidamente coloradas (violeta / azul) para exportao para Portugal.

  • 34

    Grfico 11 Mdias mveis de 4 semanas dos diferenciais entre os PMVP (antes de

    impostos) nacionais e espanhis do Gasleo e da Gasolina IO95 ( cts / litro)

    -8

    -6

    -4

    -2

    0

    2

    4

    6

    8

    7-Jul-0

    3

    7-Ou

    t-03

    7-Jan-04

    7-Ab

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    4

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    5

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    6

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    7

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    t-07

    7-Jan-08

    7-Ab

    r-08

    Diesel Gasolina IO95

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Comisso Europeia.

    93. Em particular, em mdia no perodo considerado, de Julho de 2003 a Abril de 2008, o

    PMVP (antes de impostos) nacional inferior ao espanhol em 0,16 cts / litro no

    gasleo e superior em 0,28 cts / litro no caso da gasolina IO95, enquanto que no

    perodo mais recente do primeiro quadrimestre de 2008, o PMVP (antes de impostos)

    nacional supera o espanhol em 0,17 cts / litro no caso do gasleo e em 0,49 cts /

    litro no caso da gasolina IO95 (vide Tabela 7 infra).

    Tabela 7 Diferenciais mdios desde Julho de 2003 entre os PMVP (antes de

    impostos) nacionais e espanhis do Gasleo e da Gasolina IO95 ( cts / litro)

    Diesel Gasolina IO952003 -0.48 -0.372004 -0.24 -0.652005 -0.84 -0.582006 0.26 1.582007 0.24 1.03

    Jan-Abr08 0.17 0.49Total -0.16 0.28

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Comisso Europeia.

    94. Em termos estatsticos, mesmo possvel afirmar que no existe qualquer diferena

    entre os PMVP antes de impostos nacionais e espanhis do Gasleo e da Gasolina

  • 35

    IO95, ao nvel de probabilidade standard de 95%, porquanto o intervalo de confiana

    quele nvel de probabilidade i.e., o intervalo entre os percentis de 2,5% e de

    97,5% da distribuio dos diferenciais entre aqueles PMVP inclui o valor zero (vide

    Tabela 8 infra).

    Tabela 8 Estatsticas sumrias da distribuio dos diferenciais entre os PMVP

    (antes de impostos) nacionais e espanhis do Gasleo e da Gasolina IO95: mdia,

    disperso, valor mnimo (min), mediana, valor mximo (max) e percentis de 2,5%

    e de 97,5%, em cts / litro

    mdia disperso min 2,5% mediana 97,5% maxDiesel 2003 -0,31 1,44 -3,76 -3,76 -0,02 1,69 1,74

    2004 -0,65 1,36 -3,04 -2,52 -0,61 1,88 2,122005 -0,58 1,54 -5,38 -4,92 -0,61 1,97 2,712006 1,58 1,67 -1,45 -1,04 1,61 4,87 6,392007 1,03 0,97 -1,08 -0,99 0,95 2,75 2,98

    Jan-Abr08 0,49 1,10 -1,31 -1,31 0,50 2,07 2,83Total 0,29 1,66 -5,38 -2,52 0,28 2,98 6,39

    IO95 2003 -0,37 0,90 -1,36 -1,36 -0,50 1,30 2,322004 -0,24 1,38 -2,76 -2,33 -0,44 2,53 3,522005 -0,84 1,47 -5,23 -3,70 -0,82 1,69 2,402006 0,26 1,10 -2,15 -1,80 0,06 2,17 3,762007 0,24 0,85 -1,14 -1,00 -0,02 2,08 2,19

    Jan-Abr08 0,17 1,36 -1,63 -1,63 0,17 2,18 2,91Total -0,15 1,27 -5,23 -2,65 -0,20 2,40 3,76

    95. A anlise da fiscalidade sobre os combustveis lquidos na Unio Europeia, permite

    concluir que no Portugal que tem uma fiscalidade muito diferente da mdia

    europeia, a Espanha que tem uma fiscalidade bastante inferior (vide Tabela 9 e

    Grfico 12 infra).

  • 36

    Tabela 9 Evoluo da carga fiscal sobre o PVP dos combustveis lquidos, de

    Janeiro de 2004 a Abril de 2008 (mdias semanais), em Espanha e em Portugal

    Portugal Espanha Diesel Gasolina IO95 Diesel Gasolina IO95

    Jan-04 PMVP c/impostos 70,0 95,0 69,6 80,2 IVA (%) 19% 19% 16% 16% IVA (cts / lt) 11,2 15,2 9,6 11,1 ISP (cts / lt) 30,0 51,8 29,4 39,6

    PMVP s/impostos 28,8 28,0 30,6 29,5

    Abr-08 PMVP c/impostos 126,5 140,1 115,9 114,1 IVA (%) 21% 21% 16% 16% IVA (cts / lt) 22,0 24,3 16,0 15,7 ISP (cts / lt) 36,4 58,3 30,2 39,6

    PMVP s/impostos 68,1 57,5 69,7 58,8 Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Comisso Europeia.

    Grfico 12 Evoluo semanal comparativa dos PMVP (aps impostos) nacionais e

    espanhis do Gasleo e da Gasolina IO95, desde Julho de 2003, em cts / litro

    60

    70

    80

    90

    100

    110

    120

    130

    140

    150

    7-Jul-0

    3

    7-Out-03

    7-Jan-04

    7-Ab

    r-04

    7-Jul-0

    4

    7-Out-04

    7-Jan-05

    7-Ab

    r-05

    7-Jul-0

    5

    7-Out-05

    7-Jan-06

    7-Ab

    r-06

    7-Jul-0

    6

    7-Out-06

    7-Jan-07

    7-Ab

    r-07

    7-Jul-0

    7

    7-Out-07

    7-Jan-08

    7-Ab

    r-08

    Diesel Por Diesel Esp IO95 Por IO95 Esp

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Comisso Europeia.

    96. Atenta a fronteira entre Portugal e Espanha e a possibilidade de acesso entre os dois

    territrios, quer por via terrestre (rodoviria e/ou frrea), quer por via martima, o

    paralelismo de PMVP (antes de impostos) entre Portugal e Espanha sugere que a

    dimenso geogrfica da actividade da refinao extravasa o territrio nacional

    continental, sendo, pelo menos, ibrica.

  • 37

    4.4. Consideraes finais

    97. O sector petrolfero nacional , em consonncia com os demais mercados

    transfronteirios, caracterizado por diversos factores v.g., homogeneidade do

    produto combustvel, informao completa sobre os PVP, concentrao do sector,

    inelasticidade da procura a variaes e/ou a desnveis inter-marcas de preos

    propcios a uma situao de comportamentos paralelos (vide de estratgias

    comerciais e/ou preos) sem necessidade de qualquer entendimento explicito entre

    os operadores de mercado.

    98. Os nveis pequenos de importao de combustveis lquidos e de investimentos em

    infra-estruturas de distribuio e logstica nacionais v.g., o caso das redes de

    oleodutos e, nomeadamente, a possibilidade dos mesmos ligarem parques e/ou

    refinarias nacionais a parques e/ou refinarias espanholas no tm, at agora,

    merecido um interesse maior dos operadores, possivelmente devido forma como o

    mercado nacional funciona essencialmente baseado em preos internacionais sada

    da refinaria.

    99. Resulta da presente anlise uma clara evidncia que os preos nacionais sada da

    refinaria so fixados (pela Galp) em consonncia com os preos CIF do mercado

    Noroeste Europeu de Roterdo (plataforma Platts NWE), sendo, em acrscimo, que

    no caso particular da gasolina tais cotaes evoluem em paralelo com as cotaes

    daquele produto no mercado de Nova Iorque.

    100. Tal evidncia sugere que a dimenso geogrfica relevante da venda sada da

    refinaria extravasa os limites territoriais (e/ou martimos) nacionais, podendo,

    mesmo, e em especial no caso da gasolina, estender-se para alm dos limites da

    prpria UE e ou EEE (Espao Econmico Europeu).

    101. Assim, a anlise no permitiu detectar indcios de que a Galp, no obstante ser a

    nica refinadora a nvel nacional e controlar mais de 80% da capacidade de

    armazenagem disponvel em territrio nacional, no deixe de seguir as cotaes

    internacionais dos combustveis lquidos.

    102. A anlise revela a existncia de um ligeiro aumento do diferencial entre o PMVP

    (antes de impostos) nacional e o preo mdio de venda sada da refinaria, desde o

    fim do primeiro trimestre de 2006, embora este aumento caracterize, de igual modo,

    o mercado espanhol.

    103. Assim, atento o facto daquele diferencial incorporar custos e margens das

    petrolferas e, nomeadamente, os custos de importao, distribuio e transporte,

    no poder ser a priori excluda a possibilidade daquele aumento poder resultar da

    escalada dos preos do gasleo importante para o transporte rodovirio

  • 38

    (distribuio) e do fuelleo utilizado no transporte martimo (para as

    importaes/exportaes e o transporte entre refinarias).

    104. No obstante este pequeno diferencial, observa-se um quase perfeito paralelismo

    entre os PMVP (antes de impostos) nacionais e espanhis do gasleo e da gasolina

    IO95 de diferencial estatisticamente nulo no perodo em anlise, de Julho de

    2003 a Abril de 2008 e, em particular, no primeiro quadrimestre do corrente ano.

    105. Assim e atento o paralelismo de custos ex-refinery existente entre os preos

    mdios sada da refinaria nacionais do gasleo com o preo Platts NWE CIF de

    Roterdo e da gasolina IO95 com o preo Platts NWE CIF respectivo de Roterdo e

    com a cotao do mesmo produto no mercado de Nova Iorque, no possvel

    concluir que os aumentos dos PVP dos combustveis lquidos e, em particular, os

    observados desde o inicio do corrente ano tenham uma origem nacional, sendo mais

    verosmil que as suas principais causas se alarguem a todo o espao da UE seno

    extravasem os limites do prprio EEE.

  • 39

    5. Evoluo e formao dos preos dos combustveis lquidos no primeiro

    quadrimestre de 2008

    5.1. A alterao do preo da principal matria-prima nos mercados

    internacionais

    106. O primeiro quadrimestre de 2008 foi caracterizado por uma subida relativamente

    continuada do preo do petrleo nos mercados internacionais.

    107. A cotao mdia, em euros, do preo dos futuros do petrleo a 1 ms aumentou

    24,4% de 2007 para o primeiro quadrimestre de 2008.

    108. O preo mdio dos futuros do barril de petrleo de referncia (Brent) a 1 ms foi de

    $72,80 (52,88) em 2007.

    109. O preo mdio dos futuros do barril do petrleo de referncia (Brent) a 1 ms

    aumentou $27,11 de 2007 para o primeiro quadrimestre de 2008, tendo nesse

    quadrimestre atingido o valor de $99,91.

    110. A depreciao do dlar durante o primeiro quadrimestre do ano atenuou apenas

    parcialmente a subida do preo do petrleo, tendo este cotado em mdia nos 65,76

    por barril (bbl), o que representa um acrscimo de 12,88/bbl face ao preo mdio

    de 2007.

    Grfico 13 Evoluo do preo do barril de crude (Futuros do Brent a 1 ms) em

    Euros e USD (decomposio dos efeitos de variao do preo da matria-prima e da

    taxa de cmbio)

    19,92

    52,88

    72,80

    27,11 99,91 34,14

    65,76

    /b

    bl

    Efe

    ito ta

    xa d

    ec

    mb

    io $/b

    bl

    Efe

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    atr

    ia-

    pri

    ma

    ($/b

    bl)

    $/b

    bl

    Efe

    ito ta

    xa d

    ec

    mb

    io /b

    bl

    Preo mdio 2007 Preo mdio 1. Quadrimestre 2008

    + 12,88/bbl+24,4%

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Reuters.

  • 40

    5.2. A alterao dos preos dos produtos refinados sada das refinarias na

    Europa

    5.2.1. Gasolina IO95

    111. Na Europa, durante o primeiro quadrimestre de 2008 e face a 2007 o preo mdio de

    venda de referncia da gasolina IO95 sada das refinarias que utilizam indexaes

    ao mercado de Roterdo (como o caso nacional) aumentou 4,9 cntimos por litro,

    o que corresponde a um aumento de 12,5% face ao preo mdio de 2007.

    112. O preo mdio de venda da gasolina IO95 sada das refinarias que utilizam como

    indexante o mercado de Roterdo foi de $0,536/litro (0,390/litro) em 2007.

    113. A depreciao do dlar durante o primeiro quadrimestre do ano atenuou, apenas

    parcialmente, a subida do preo, tendo este cotado em mdia nos $0,667/litro

    (0,439/litro) no primeiro quadrimestre de 2008.

    Grfico 14 Evoluo do preo da Gasolina IO95 nos mercados internacionais

    (Prem Unleaded NWE CIF Platts High)

    0,146

    0,390

    0,536

    0,131 0,667 0,228

    0,439

    /l

    Efe

    itota

    xa d

    ec

    mb

    io $/l

    Efe

    itom

    at

    ria

    -p

    rim

    a $

    /l $/l

    Efe

    itota

    xa d

    ec

    mb

    io /l

    Preo mdio 2007 Preo mdio 1. Quadrimestre 2008

    + 0,049/l+12,5%

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Platts.

  • 41

    5.2.2. Gasleo

    114. Na Europa, durante o primeiro quadrimestre de 2008 e face a 2007 o preo mdio de

    referncia do gasleo (50ppm29) de venda sada das refinarias que utilizam

    indexaes ao mercado de Roterdo (como o caso nacional) aumentou 11,2

    cntimos por litro, o que corresponde a um aumento de 27% face ao preo mdio de

    2007.

    115. O preo mdio de venda do gasleo sada das refinarias que utilizam como

    indexante o mercado de Roterdo foi de $0,507/litro (0,413/litro) em 2007.

    116. A depreciao do dlar durante o primeiro quadrimestre do ano atenuou, apenas

    parcialmente, a subida do preo, tendo este cotado em mdia nos $0,712/litro

    (0,524/litro) no primeiro quadrimestre de 2008.

    Grfico 15 Evoluo do preo do Gasleo nos mercados internacionais (ULSD

    50ppm NWE CIF ARA Platt's High)

    0,095

    0,413

    0,507

    0,2050,712 0,188

    0,524

    /l

    Efe

    itota

    xa d

    ec

    mb

    io $/l

    Efe

    itom

    at

    ria

    -p

    rim

    a($

    /l)

    $/l

    Efe

    itota

    xa d

    ec

    mb

    io /l

    Preo mdio 2007 Preo mdio 1. Quadrimestre 2008

    + 0,112/l+27%

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Platts.

    117. Assim, durante o primeiro quadrimestre do ano foram particularmente evidentes as

    consequncias das diferentes condicionantes da oferta e da procura, do petrleo

    sada do explorador, e da gasolina IO95 e do gasleo sada da refinaria.

    118. De facto, o preo mdio dos futuros a 1 ms do Brent aumentou 24,4%, enquanto os

    preos da Gasolina IO95 e do gasleo sada das refinarias indexadas ao mercado

    29 A especificao de referncia actual no mercado nacional, mas que ir ser alterada em 2009 para

    10ppm.

  • 42

    de Roterdo sofreram aumentos de respectivamente 12,5% e 27% de 2007 para o

    primeiro quadrimestre de 2008.

    5.3. Alterao do PVP antes de impostos em Portugal

    5.3.1. PMVP antes de impostos em 2006, 2007, e no primeiro quadrimestre de

    2008

    119. Em Portugal, durante o primeiro quadrimestre de 2008 e face a 2007 o PMVP antes

    de impostos da gasolina IO95 aumentou 5,5 cntimos por litro, o que corresponde a

    um aumento de 10,9% face ao preo mdio de 2007.

    120. O PMVP antes de impostos da gasolina IO95 foi de 50; 50,8 e 56,3 cntimos por litro

    em 2006, 2007 e no primeiro quadrimestre de 2008, respectivamente.

    Grfico 16 Evoluo do PMVP antes de impostos da Gasolina IO95 em Portugal

    0,5630,5080,500

    0,000

    0,100

    0,200

    0,300

    0,400

    0,500

    0,600

    2006

    2007

    1.

    Qua

    drim

    estr

    e20

    08

    /l itro

    + 0,055/l+10,9%

    Fonte: Anlise da AdC com base em dados da Comisso Europeia.

    121. Assim, o PMVP antes de impostos da gasolina IO95 em Portugal evolui, em linha,

    com o verificado nos preos sada das refinarias europeias indexados s cotaes

    do mercado de Roterdo (4,9 cntimos/litro vs 5,5 cntimos/litro e 12,5% vs

    10,9%).

    122. No que respeita ao gasleo, em Portugal, durante o primeiro quadrimestre de 2008 e

    face a 2007 o PMVP antes de impostos aumentou 11,5 cntimos por litro, o que

    corresponde a um aumento de 22,1% face ao preo mdio de 2007.

  • 43

    123. O PMVP antes de impostos do gasleo foi de 52,5; 52,9 e 64,6 cntimos por litro em

    2006, 2007 e no primeiro quadrimestre de 2008, respectivamente.

    Grfico 17 Evoluo do PMVP ante