RELATÓRIO DE CAMPO BARTLO, Roger Henrique SILVA, … · possível observar muito a paisagem do...

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RELATÓRIO DE CAMPO BARTLO, Roger Henrique SILVA, Simoni Meire OKADA, Karina Harumi INTRODUÇÃO O presente trabalho é resultado do trabalho de campo realizado pelo 4° do curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina, realizado pela professora Márcia Siqueira nos dias 07/06/2012 às cidades de Foz do Iguaçu no Paraná, Ciudad Del Este no Paraguai e Puerto Iguazú na Argentina. O trabalho teve como finalidade a observação do espaço geográfico da tríplice fronteira e a inter relação existente entre as cidades. Para a disciplina de Geografia do Brasil, o objetivo do trabalho de campo é observar as relações sociais, econômicas e políticas da tríplice fronteira, ou seja, analisar a relação das diversas etnias que ocupam a região e como elas se aproveitam da utilização do território. Diversos autores afirmam que a região pode ser considerada uma metrópole tri-nacional, por abarcar uma imensidão serviços, atender uma diversa área comercial e ainda ser um pólo turístico, essas particularidades são nossa fonte de análise, pois discorremos no seguinte trabalho os diversos usos do território na região e o seus impactos no espaço. Devido a essa intensa relação da região com outras áreas do Brasil e do mundo, visitamos a tríplice fronteira com o objetivo de analisar o que Santos (1996) chamou de Circuitos de produção e círculos de cooperação. Metodologicamente, se baseamos nas origens da geografia clássica e realizamos uma análise totalmente descritiva, nossos esforços foram em aproveitar o conteúdo discutido em sala de aulas e levar a campo. Na prática observamos as diversas espacialidades que o território pode abranger devido as suas funções econômicas, sociais e culturais e descreveremos a seguir essas espacialidades inexactas da fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. 1° DIA NA TRÍPLICE FRONTEIRA

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RELATÓRIO DE CAMPO

BARTLO, Roger Henrique

SILVA, Simoni Meire

OKADA, Karina Harumi

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é resultado do trabalho de campo realizado pelo 4°

do curso de Geografia da Universidade Estadual de Londrina, realizado pela

professora Márcia Siqueira nos dias 07/06/2012 às cidades de Foz do Iguaçu

no Paraná, Ciudad Del Este no Paraguai e Puerto Iguazú na Argentina. O

trabalho teve como finalidade a observação do espaço geográfico da tríplice

fronteira e a inter –relação existente entre as cidades.

Para a disciplina de Geografia do Brasil, o objetivo do trabalho de campo

é observar as relações sociais, econômicas e políticas da tríplice fronteira, ou

seja, analisar a relação das diversas etnias que ocupam a região e como elas

se aproveitam da utilização do território.

Diversos autores afirmam que a região pode ser considerada uma

metrópole tri-nacional, por abarcar uma imensidão serviços, atender uma

diversa área comercial e ainda ser um pólo turístico, essas particularidades são

nossa fonte de análise, pois discorremos no seguinte trabalho os diversos usos

do território na região e o seus impactos no espaço. Devido a essa intensa

relação da região com outras áreas do Brasil e do mundo, visitamos a tríplice

fronteira com o objetivo de analisar o que Santos (1996) chamou de Circuitos

de produção e círculos de cooperação.

Metodologicamente, se baseamos nas origens da geografia clássica e

realizamos uma análise totalmente descritiva, nossos esforços foram em

aproveitar o conteúdo discutido em sala de aulas e levar a campo. Na prática

observamos as diversas espacialidades que o território pode abranger devido

as suas funções econômicas, sociais e culturais e descreveremos a seguir

essas espacialidades inexactas da fronteira entre Brasil, Argenti na e Paraguai.

1° DIA NA TRÍPLICE FRONTEIRA

Nosso ponto de partida foi o Museu Histórico de Londrina, da í em diante

nosso objetivo era observar como o espaço geográfico vai se modificando à

medida que você realiza uma viagem. Neste contexto estamos partindo da

segunda maior cidade do Estado do Paraná, que conta segundo o último senso

do IBGE (2010) com mais de 500.000 mil habitantes e percorremos por volta

de 500 km até chegar ao nosso destino que é a cidade de Foz do Iguaçu

conhecida mundialmente pelas suas belezas naturais, pelo trajeto não foi

possível observar muito a paisagem do lado de fora do ônibus por a viagem ter

sido realizada a noite, mas o pouco que se pode analisar sobre a viagem é

como as áreas rurais e urbanas são presentes em nosso Estado, e como as

estradas de rodagem cruzam essas paisagens moldando uma rede de

transportes interligada com ambas os mundos.

Fizemos duas paradas pelo caminho para nos alimentar até chegar a

Foz do Iguaçu (a primeira parada na cidade de Campo Mourão e a segunda na

cidade de Santa Terezinha do Itaipu) , adentramos na cidade mais ou menos

por volta das 7 da manha e fomos direto ao hotel Lanville Athéenée. Ao chegar

ao hotel descarregamos nossas malas e partimos para o nosso primeiro

compromisso do dia, a passagem pela ponte internacional da amizade rumo à

cidade Paraguai de Ciudad Del Este.

Fonte: http://burgos4patas.blogspot.com.br/

Ao seguir rumo à ponte, nos deparamos com um intenso

congestionamento em plena BR 277 (nessa parte a estrada é conhecida como

rodovia do atlântico que faz a ligação entre Assunção capital do Paraguai e o

Porto de Paranaguá) , o que nos levar a afirmar que as relações comerciais

existentes entre as duas cidades são intensas. A baixo o mapa mostra a

variedade de opções de se chegar a tríplice fronteira pelas estradas de

rodagem.

Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010230982008000100008&script=sci_arttext

Assim, temos que destacar a importância da ponte Internacional da

Amizade que foi construída em na década de 1950 em cooperação dos

governos brasileiro e paraguaio numa ambição de integração entre os dois

países e junto com a BR 277 é o elo fundamental para a ligação entre o

território brasileiro e o Paraguai.

Figura 3 Autor: Karina Harumi Okada

A foto mostra bem a o congestionamento de carros e o intenso fluxo de

automóveis e pessoas que a rodovia recebe diariamente, a travessia da

fronteira pode ser feita tanto por automóveis como a pé e não existe um

controle nem uma restrição ao número de vezes que as pessoas poder

percorrer a travessia. Pode- se observar na foto como a paisagem é poluída

pelos Outdoors que nada mais é que uma forma de propagando escolhida

pelos comerciantes para atrair os consumidores, ressaltando a importância

comercial que a região tem, mas essa não foi sempre a realidade do local, no

passado a região se destacava pela sua produção de madeira e erva mate.

A cidade de Foz do Iguaçu surgiu com a função de ser uma base militar

implantada pelo governo brasileiro no final do século XIX, a colônia militar foi

implantada com a finalidade de minimizar a influência Política da Argentina na

bacia platina. Assim, a colônia militar do Iguassu surge numa perspectiva bélica

e nos anos seguintes uma medida do governo leva a uma política de

povoamento, onde o governo brasileiro acreditava que ao aumentar o número

de brasileiro na região fortaleceria o domínio do território.

Nesse período as empresas estrangeiras produtoras de erva mate

(conhecidas como Obranges) operavam i legalmente no território brasileiro, o

que obrigou o governo nacional a tomar essa medida de domínio do território.

Nesse cenário histórico surge o Município de Foz do Iguaçu (a

emancipação ocorreu em 1914) que nesse primeiro momento tinha uma

determinada função política, a de ser um ponto estratégico nas ações

brasileiras de domínio e fiscalização da região, mas ao decorrer do século XX a

cidade foi ganhando uma nova função econômica e se tornou grande área

comercial e com um setor terciário consolidado, atualmente a cidade conta com

aproximadamente 315.000 mil habitantes e, é conhecida pelo seu comércio

internacionalmente de produtos ilegais que adentram no país pela ponte da

Amizade vindos do Paraguai e pelo seu forte turismo, explorado pelas suas

belas cataratas e pela imensidão da usina hidrelétrica de Itaipu.

Diariamente, milhares de pessoas atravessam a ponte para realizar

compras no Paraguai, essa atividade é realizada pelos chamados sacoleiros

que realizam essa prática como forma de sustento de suas famílias, pois essas

pessoas vão a Ciudad Del Este para comprar produtos para revender em suas

cidades de origem, assim alimentando a produção e escoando os produtos

ilegais pelo Brasil.

Figura 4 Autor: Karina Harumi Okada

É impossível analisar a cidade de Foz do Iguaçu sem ressaltar sua

ligação econômica com a cidade paraguaia de Ciudad Del Este. Essa relação

teve início com a inauguração da ponte na década de 1960 e se intensificou

nas décadas seguintes, principalmente com a chegada dos imigrantes árabes

que impulsionaram o comércio na região.

Ciudad Del Este é a segunda maior cidade Paraguai, é a capital do

estado Paraguai de Alto Paraná (o Paraguai possui 17 estados) e é a segunda

cidade em importância econômica e demográfica do país, só perdendo para a

capital Assunção. Assim, podemos afirma que as cidades de Foz do Iguaçu e

Ciudad Del Este estão ligadas economicamente pelo comércio, territorialmente

pela Ponte Internacional da Amizade é além disso compartilham a energia

elétrica gerada pela Itaipu Bi-nacional.

A cidade paraguaia de Ciudad Del Este é para muitos um local de

trabalho e quanto para outros um paraíso para as compras, a cidade concentra

uma imensa variedade de lojas e Shopping Centers, sem contar os diversos

vendedores informais que comercializam seus produtos de menor qualidade

(que na grande maioria são produzidos em países asiáticos) nas ruas e

calçadas por preços mais baixos, abastecendo uma rede de comércio de

produtos falsificados principalmente no Brasil.

O fluxo ilegal pela ponte da Amizade é uma ação constante nessa

paisagem, essa atividade é comanda em ambas as cidades por organizações

ilegais que trazem a região uma sensação de incerteza enquanto a segurança

do local.

Essa relação intrínseca entre as duas cidades trouxe uma nova

territorialidade a região, principalmente após a década de 1970 quando

chegam a região imigrantes árabes (na maioria libaneses) que expandiram as

relações comercial entre as cidades, num primeiro momento levando produtos

brasileiros a cidade Paraguai e atualmente esses imigrantes estabelecida suas

lojas em Ciudad Del Este abastecem as sacolas dos “sacoleiros” que vão a

cidade em busca de produtos de baixo valor para comercializar no Brasil.

Figura 5 Autor: Karina Harumi Okada

A foto 5, mostra como é o cotidiano já do lado Paraguai. O intenso fluxo

de pessoas e carros e motos (na grande maioria moto taxistas) é assustador

num primeiro momento, já ao passar a porte é possível perceber a

concentração de lojas, shoppings e ambulantes que disputam cada consumidor

de diferentes formas, sendo no visual, no preço ou pelo próprio poder de

convencimento do vendedor.

Ciudade Del Este foi fundada em 1957 inicialmente com o nome de

Puerto' Presidente Stroessner (o nome foi uma homenagem ao ditador Alfrade

Stroessner e foi alterado para Ciudad Del já na década de 1980) com a

finalidade de ser um ponto estratégico para as ambições políticas e

econômicas do governo Paraguai (o acordo para a construção da ponte da

Amizade foi assinado no ano de 1956).

Atualmente, a cidade tem como características marcantes seu comércio

ilegal e legal, já que muito consumidores na grande maioria brasileiros buscam

as lojas da cidade por oferecerem preços melhores que os encontrados no

Brasil.

Sobre o processo de urbanização é possível observar como o

crescimento da cidade foi desordenado, a verticalização é intensa e se

concentra nas proximidades da ponte da amizade, sendo que essa área é

praticamente toda comercial, e o fluxo de pessoas e carros é intenso, nesse

contexto, o transito é uma desordem, motos e pessoas se misturam com carros

e as leis de trânsitos praticamente não existem.

Essa multiplicidade de pessoas e mercadorias é uma característica

marcante da área da fronteira, no lado paraguaio podemos analisar como o

sítio de Ciudad Del Este influenciou na distribuição espacial de suas

construções, a inclinação existente no terreno faz com que as construções

sigam essa irregularidade morfodinâmica, pois logo após passar pela ponte

você pode se deparar com o intenso comércio de lojas e de ambulantes, onde

o comércio legal se confunde com o ilegal, isso comprova que nem as

dificuldades do terreno atrapalharam a concentração dos serviços próximos à

ponte, o que podemos considerar que para os comerciantes quanto mais

rápido for o contato com o consumidor mais fácil será a sua venda.

Ciudad Del Este foi fundada nesse contexto, de ser um corredor viário e

um pólo econômico paraguaio dividindo a importância econômica com a capital

Assunção, essa inter-relação entre o Brasil e o Paraguai é muito forte e esta

presente nas ruas de Ciudad Del Este onde compradores vindos de diversos

cantos do Brasil consomem milhões de dólares e alimentam um circuito

comercial transnacional.

Ao andar pelas ruas de Ciudad Del Este é possível observar a

inexistência de uma infraestrutura consolidada, muitas ruas não contam com o

meio fio não foi visto uma rede de esgoto o que significa que grande maioria

dos resíduos líquidos escoa para as redes hídricas ou se depositam pelas ruas

da cidade, o que explica o forte cheiro que se sente ao andar pelas ruas da

cidade. O lixo é outro problema grave, as ruas estão entupidas de lixos e não

observamos nem trabalhadores municipais responsáveis em limpar as ruas

como não foram encontrados lixeiras que incentivassem a coleta ou reciclagem

do material residual.

Figura 6 Autor: Karina Harumi Okada

A poluição fica bem nítida na foto a cima, onde as pessoas circulam no

meio do lixo algo que já virou comum no cotidiano de Ciudad Del Este, outra

poluição é a visual, onde mesmo após uma lei que retirou os outdoors da

cidade não conseguiu minimizar a feiúra visual existente na cidade.

A falta de uma rede de esgoto é um problema muito sério, pois se não

foi encontrado na área central essa infraestrutura, muito dificilmente será vista

nas áreas residências mais carentes o que mostra que a cidade sofre com

problemas estruturais importantes para o bem estar da sua população.

Outro problema a se destacar e a organização espacial ou a inexistência

dela, a cidade não conta com áreas verdes (na área comercial observada) a

impermeabilização do solo é total, os motoristas não seguem as leis de trânsito

, as ruas não tem uma forma regular o que mostra a falta de planejamento

urbano de sua planta criando uma desordem urbana que assusta a todos que

visitam a cidade pela primeira vez.

Finalizando, Ciudad Del Este surge de um projeto político ambicioso do

governo paraguaio, mas sem um planejamento urbano eficiente que

preparasse a cidade para receber o fluxo de pessoas e número de habitantes

que moram em seu perímetro urbano (222.274 habitantes em 2002)

oferecendo a ambos uma infraestrutura básica. Isso afirma que a ação do

governo paraguaio em criar um território na região deu certo em partes o

problema foi à falta de planejamento urbano em Ciudad Del Este que nos dias

atuais convive com problemas urbanos típicos das grandes metrópoles. O que

nos faz pensar sobre qual será o futuro dessa cidade? O que os governos

municipal, estadual e federal paraguaio estão fazendo para minimizar esses

problemas e qual é o papel do governo brasileiro? Será que existe uma

preocupação de nossos governantes por um território que não é nosso, mas

que nosso povo usufrui tanto. Essas são algumas das reflexões que nos leva a

refletir como o desenvolvimento econômico de uma região não

necessariamente significa desenvolvimento social.

Fonte: professora Márcia Siqueira

Ao analisarmos a nossa quadra (quadra número 3) observamos as

diferenças daquela quadra para as demais, essa quadra tem como

característica uma diminuição das verticalizações que é mais intensa na área

próxima a ponte, os prédios misturam as funções sendo no térreo uma

atividade comercial a nos andares a cima área residencial.

Figura 8 Autor: Karina Harumi Okada

Sobre o comércio na área ele é menos intenso e a circulação de

pessoas é menor, o fluxo de cambistas também diminui o que mostra que essa

quadra tem uma atividade comercial menos intensa que nas áreas próximas a

ponte. Nessa quadra também existe a presença de comerciante que vendem

seus produtos na calçada, existe um shopping de baixo status, onde você pode

encontrar produtos de vestuário de baixa qualidade.

Sobre o fluxo do trânsito ele é menos intenso, sendo essa quadra

localizada na marginal da rodovia o que significa que os carros pouco passam

pela rua em frente a nossa quadra. Já sobre a infraestrutura da quadra não é

possível verificar bueiros e nem rede de esgoto e o que é geral em todas as

outras quadras, a poluição tanto visual como em forma de resíduos pela rua.

Existe uma passarela para pedestres em frente à quadra e uma praça,

ambos os espaços são ocupados por ambulantes que abordam as pessoas

que param pra descansar na praça ou que estão atravessando a passarela, é

importante destacar que nessa praça existem algumas poucas árvores, algo

muito raro na paisagem de Ciudad Del Este.

Figura 9 Autor: Karina Harumi Okada

Por fim, a organização espacial da nossa quadra é um pouco diferente

das quadras próximas à ponte da Amizade, sendo que a rua é mais larga e

surgem as primeiras áreas residências. Mostrando que a área comercial de

Ciudad Del Este se localiza principalmente próxima a área de acesso ao

território paraguaio o que podemos afirmar que as cidades de Foz do Iguaçu e

Ciudad Del Este estão conurbadas e só estão separadas pela ponte, mas ao

mesmo tempo a ponte é o elo entre as duas cidades que tem nesse comércio

um circuito de cooperação intenso.

O TURISMO NA REGIÃO

O turismo é um importante setor econômico para as cidades de Foz de

Iguaçu e Ciudad Del Este, a primeira tem grande potencial turístico devido as

suas riquezas naturais, sendo o carro chefe as belíssimas cataratas do Iguaçu

que atraem turistas de todo o mundo que visitam Foz do Iguaçu para admirar

as belezas das quedas d’água. Ciudad Del Este atrai outro tipo de turista o

chamado turismo do consumo que é movimentado pelos “muambeiros” que

invadem a região e atravessam a ponte da amizade em busca de bons preços

na compra de mercadorias dos mais diversos tipos.

Ambos os municípios sabem aproveitar dessas atrações turísticas, foz

tem uma excelente estrutura apoiada no turismo ambiental e também para

acolher os muambeiros que chegam à cidade com intenção de fazer compras

no Paraguai. Sobre o ecoturismo em Foz, destaque para o parque Nacional do

Iguaçu, onde o turista pode encontrar com um leque de atrações como trilhas e

passeios a barco, além de poder admirar as belezas naturais do parque que

conta com um ônibus que transporta os turistas pelos vários pontos do parque

proporcionando um passeio agradável pelas belas paisagens existente ali,o

parque conta com vários guias preparados que vão fazendo as explicações

sobre a fauna e a flora existentes naquele ecossistema, e o que é melhor tudo

a um preço acessível.

Figura 10 Autor:Karina Haruma Okada

Outra característica importante do parque a limpeza de suas trilhas,

estas contam com lixeiras espalhadas por todo o trajeto para que os turistas

depositem os seus lixos no devido lugar, assim não contaminando o parque e

assim prejudicando os animais que ali vivem.

Agora, outra atração turística de Foz do Iguaçu é a usina binacional de

Itaipu, essa hidrelétrica que começou a ser construída em meados da década

de 1970 (no governo do general Geisel) em parceria com o governo paraguaio,

é a maior hidrelétrica do mundo e produz energia elétrica que é dividida pelos

dois países.

Essa gigantesca construção é um importante atrativo turístico para a

cidade que recebe turista do Brasil e do mundo que se impressionam com o

tamanho da hidrelétrica, ou seja, ao mesmo tempo em que tem sua função de

fornecer energia elétrica é um excelente atrativo turístico devido a sua

imensidão.

Enquanto Ciudad Del Este se aproveita do seu intenso comércio para

atrair os turistas à cidade, assim os baixos preços dos produtos atraem

milhares de pessoas que alimentam o comércio ilegal na região, assim a

cidade é conhecida internacionalmente por ser um local de distribuição de

mercadorias pirateadas criando um aspecto negativo para o seu turismo.

Ao analisar ambas as cidades e o seu uso do território, percebemos que

o setor turístico é bem diferente dos dois lados da fronteira ( Brasil e Paraguai),

já que no lado brasileiro as amenidades naturais e os atrativos de infra

estrutura como hotéis e restaurantes proporcionam conforte e segurança para

os turista fazendo girar uma grande quantidade de renda na cidade, enquanto

do lado paraguaio o fluxo de dinheiro que gira é somente o do comércio já que

os turistas apenas vão a Ciudad Del Este para consumirem e após a compra

das mercadorias voltam aos território brasileiro, ou seja, o turismo em Ciudad

Del Este não é explorado da mesma forma que em Foz do Iguaçu já que a

primeira ganhou fama de ser uma áreas perigosa e rede de abastecimento de

atividades ilegais.

Figura 11 Autor: Karina Haruma Okada

Essa última foto mostra ilustra bem o que foi discorrido a cima, que os

turista que vão a Ciudad Del Este passam pela aduaneira brasileira em busca

de mercadorias no Paraguai e no mesmo dia voltam para o território brasileiro

após realizar suas compras, muitos ficam detidos ao serem barrados pelos

agentes da receita federal e têm suas mercadorias apreendidas devido ao

excesso de compras no país vizinho, criando uma analogia podemos dizer que

esse é um turismo pendular comparando a movimentação das pessoas na

fronteira com as migrações internas existentes principalmente em grande

cidades conurbadas.

2° DIA NA TRÍPLICE FRONTEIRA

Dentre as atividades do segundo dia do trabalho de campo, na manha

visitamos a Itaipu binacional e o Ecomuseu. Nessa visita mais uma vez foi

possível verificar que alem de produzir energia elétrica a usina é uma excelente

atração turística, com uma barragem de imensidão faraônica os turistas podem

se deparar com o poder da ação humana alterando e modificando a natureza

em favor de desenvolvimento da sociedade.

Existe toda uma estrutura para atender os turistas dentro da usina que

disponibiliza de uma sala de cinema onde é passado um filme sobre a história

e importância da hidrelétrica, de profissionais qualificados e um interessante

museu que explica a história da colonização e ocupação da região.

Figura 12 Autor: foto tirada pelo fotógrafo que trabalha na usina.

Após o almoço nos dirigimos à cidade argentina de Puerto Iguazú que

tem sua dinâmica econômica entre o turismo e o comércio local, e lá foi

possível analisar as diferenças do uso do território do lado argentino. Assim

como no Paraguai o acesso ao país vizinho é feito por uma ponte , a ponte

internacional Tancredo Neves (finalizada em 1982) também conhecida como

ponte da Fraternidade é o elo de ligação entre o território brasileiro e argentino

na região, mas chegando ali já é possível verificar as diferenças das relações

entre os dois países diferentemente de como é feito em território paraguaio.

Primeiramente, ao chegar à aduana é necessário fazer sua identificação

com um documento pessoal com foto, assim você tem o direito de ficar até três

dias como turista legal no país, caso contrário não reali zar uma nova

identificação no término desse prazo você se torna ilegal no território argentino.

Ao passar pela aduana nos dirigimos para a cidade de Puerto Iguazú,

mas antes não tem como não citar o Shopping Duty Free onde é possível

encontrar uma variedade de produtos com preços mais acessíveis que no

Brasil e em alguns casos que no próprio Paraguai.

Figura 13 Autor:Karina Haruma Okada

A foto a cima mostra o fluxo de carros passando pela aduana argentina,

logo após passarmos pela aduana encontramos já em Puerto iguazú o

comércio todo fechado devido à tradicional parada para o sono à tarde a

chamada siesta (influência da colonização espanhola).

Figura 14 Autor:Karina Haruma Okada

Sobre a organização espacial e o uso do território a diferença é enorme,

Puerto Iguazú é uma cidade menor em representatividade política e econômica

que as outras duas até aqui já analisadas, suas ruas são mais largas e menos

movimentadas, a limpeza é umas das suas principais características. O trânsito

é tranquilo e as ruas são bem sinalizadas, o comércio é bem menos intenso

destacando pequenas lojinhas que buscam atingir um nicho de turista de maior

status econômico.

A infraestrutura é visível, as ruas são limpas e o saneamento básico com

bueiros e meio fio mostram as diferenças de Puerto Iguazú para Ciudad Del

Este, outra aspecto importante é a arborização algo muito raro no lado

paraguaio.

Existe um comércio que prioriza os turistas de maior poder executivo e

as lojas valorizam os produtos da região, também é possível encontrar um

mercado municipal onde concentram bares, restaurantes, pequenas lojas de

vestuário e artesanato.

O transporte público oferece linhas até Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este

(o transporte inter-urbano é presente em toda a tríplice fronteira) e os ônibus

são de boa qualidade, o preço da passagem é de R$ 4,00 reais e você ainda

conta com taxistas que oferecem corridas que poder ser pagas tanto em

Guarani, Pesos, Dólares ou Reais.

Figura 15 Autor:Karina Haruma Okada

Finalizando, Puerto Iguazú é uma cidade aconchegante que

valoriza suas características regionais e prioriza a qualidade de vida de seus

moradores, diferente das outras cidades do tríplice fronteira que em nome do

desenvolvimento econômico transformaram suas paisagens e perderam suas

características originais em nome do desenvolvimento comercial. Por fim,

voltamos à aduaneira nos identificamos e retornamos ao território brasileiro.

ASPECTOS IMPORTANTES DA TRÍPLICE FRONTEIRA

Sobre os dois dias do trabalho de campo, nos do grupo relatamos

algumas observações sobre o cotidiano da tríplice fronteira e destacaremos em

pontos a partir de agora.

- A mobilidade de pessoas, trabalhadores, moedas e a própria língua nas três

cidades era intensa, melhor exemplificando eram brasileiros trabalhando em

Ciudad Del Este e Puerto Iguazú, paraguaios trabalhando em Foz (nós tivemos

a oportunidade de conversa com um dos garçons do Hotel, paraguaio que

trabalhava a dois anos em Foz do Iguaçu ) e como as línguas se misturavam, o

português o inglês e o Espanhol e para a grande maioria um portunhol (uma

mistura de tentativas de conversa entre brasileiros e povos castelhanos).

- A diferença cambial entre Peso, Real, Guarani e Dólar que é muito variável e

inflacionada.

- a precariedade da infraestrutura em Ciudad Del Este, destacando o

emaranhado de fios que poluem a paisagem da cidade com cabos e fios

expostos e pendurados em postes de baixa qualidade, o que é um perigo para

um curto circuito e começo de um incêndio.

- As disparidades na qualidade das construções principalmente entre Ciudad

Del Este e Puerto Iguazú. Essas disparidades são reflexos das funções

econômicas de ambas, outro aspecto que nos chamou atenção foi à diferença

entre os veículos e ônibus, a situação desses na Argentina é muito melhor que

no Paraguai.

-Sobre as pontes, enquanto a ponte Internacional da Amizade convive com um

fluxo de pessoas e veículos intenso durante todo o dia, na ponte da

fraternidade ( Tancredo Neves) o fluxo é bem menor, não existindo os grande

engarrafamentos que são normais na passagem da ponte da Amizade e outro

aspecto importante de ressaltar é que não existe uma passagem de pedestres

entre o Brasil e a Argentina.

- O papel do Estado, em Puerto Iguazú você pode observar uma preocupação

do setor público enquanto a qualidade de vida da sua população e dos turistas

que ali adentram diariamente, diferentemente de Ciudad Del Este onde o

abandono do Estado é quase total, e não existe uma preocupação social nem

ambiental com a cidade.

-A função das cidades, essa função fica explicita em suas formas e na sua

organização espacial. Assim Ciudad Del Este, Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú

têm suas paisagens relacionadas diretamente com suas funções econômicas

na região.

-pouca ou quase inexistentes área agrícola.

-A verticalização de Ciudad Del Este, Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú são

diferentes do ponto de vista que na primeira cidade a concentração da

verticalização é próxima a ponte da amizade, em Foz a verticalização é mais

espalhada concentrando a maioria dos prédios na área central enquanto na

cidade argentina não existe prédio de grande porte com pouquíssimos prédios

com mais de 4 ou 5 andares.

- A mobilidade pendular intensa, na tríplice fronteira.

- Influência da imigração nas atividades comerciais da região, principalmente a

de árabes, essa influência está presente em bares, restaurantes e até em

lanches, (encontramos diversas lanchonetes que vendiam Shawarma, lanhe

tipicamente árabe).

- a presença de poucas empresas na região, o que afirma a importância do

setor terciário e do turismo.

- a disparidade enquanto a questão ambiental nas três cidades.

Assim, esses foram alguns dos pontos que observamos na tríplice

fronteira e que nos chamaram atenção sobre as especificidades endêmicas

existente nessa área onde umas multiplicidades de relações se misturam e se

confundem entre as fronteiras nacionais e ao mesmo tempo criam um território

único e interligado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Primeiramente, ressaltar a importância do trabalho de campo como

metodologia fundamental para a ciência geográfica, pois a partir dele é possível

observar e analisar as relações entre a sociedade e a natureza e as

transformações do espaço geográfico em determinada localidades num

determinado período histórico.

Sobre a tríplice fronteira e como se dispõe o uso do seu território, sua

organização é heterogênea e diversificada, existe uma divisão social do

trabalho mais intensa em algumas áreas e menos em outras, e uma divisão

territorial do trabalho bem marcantes entre as cidades que compõe a tríplice

fronteira, e sobre essas diferenças do uso do território o trabalho de campo foi

fundamental como opção metodológica de averiguação do conteúdo até então

discutido em sala de aula.

A conurbação urbana existente entre as 3 cidades que para alguns

autores pode ser considerada há formação de uma metrópole trinacional é

uma área onde as disparidades econômicas e sociais e políticas são

gigantescas, onde as culturas se misturam, mas ao mesmo tempo são

imiscíveis, valorizando suas heranças culturas e seus aspectos nacionais, mas

de uma forma geral formam a heterogênea região Guarani onde as belezas

naturais das cataratas são o orgulho tanto do lado brasileiro como do lado

argentino e como o rio Paraguai é importante para os três países criando uma

integração muito forte entre as nacionalidades.

Como afirmam Santos e Silveira (2011) os acréscimos técnicos renovam

a materialidade de um território, essa realidade é vista diferentemente nas três

cidades visitadas, onde a infraestrutura foi cristalizada diferente na região

devido a fatores políticos, econômicos e sociais que transformaram a região

nos últimos 50 anos, uma região que no início dos anos 1960 era uma área

pouco povoada e onde o domínio econômico era predominantemente

argentino, se tornou hoje uma área de intensa urbanização e que tem grande

influência no cenário mundial.

Por fim, a tríplice fronteira é marcada pela integração comercial,

econômica, culturas e social das três nacionalidades, que caracterizam

objetivos de seus governos e transforma a região com principal cenário do livre

comércio incentivado pelo Mercado Comum do Sul – MERCOSUL.

REFERÊNCIAS

BARTLO, Roger Henrique. Caderneta de campo. Geografia do Brasil,

Tríplice Fronteira. 2012

GOMES, Cristiane. Legislação Ambiental do Mercosul e a Gestão de

Recursos Hídricos na Tríplice. 2008. 182 p. Dissertação (Mestrado em

Geografia), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.

OKADA, Karine Harumi. Caderneta de campo. Geografia do Brasil,

tríplice fronteira. 2012

ROSEIRA, Antônio Marcos. Foz do Iguaçu: Cidade Rede Sul-

Americana. São Paulo. 2006. Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-

Graduação em. Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas da Universidade de São Paulo, 2006.

SANTOS, M. A natureza do espaço; técnica e tempo razão e

emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.

SANTOS, Miltons; SILVEIRA, Maria Laura.O Brasil: Território e

sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.

SILVA, Simoni Meire. Caderneta de campo. Geografia do Brasil,

Tríplice Fronteira. 2012