RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR: CONTROLE ÉTICO...
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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
GISELE FERREIRA FEDALTO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR:
CONTROLE ÉTICO POPULACIONAL DE CÃES E GATOS
CURITIBA
2015
2
GISELE FERREIRA FEDALTO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR:
CONTROLE ÉTICO POPULACIONAL DE CÃES E GATOS
CURITIBA
2015
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Curso de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti
do Paraná, como requisito parcial
para obtenção do título de Médico
Veterinário.
Professora orientadora: Jesséa de
Fátima França
3
TERMO DE APROVAÇÃO
GISELE FERREIRA FEDALTO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR:
CONTROLE POPULACIONAL DE CÃES E GATOS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título
de Médico Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 03 de dezembro de 2015.
________________________________
Bacharelado em Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Prof. Jesséa de Fátima França
Universidade Tuiuti do Paraná
Prof. Maria Aparecida Alcântara
Universidade Tuiuti do Paraná
Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns
Universidade Tuiuti do Paraná
4
À minha mãe Neiva Fedalto, ao meu pai
Darley Fedalto e a todos aqueles que sempre
me apoiaram e incentivaram em todas as
minhas decisões. E principalmente a Deus,
por abençoar esta conquista.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, pela paciência e apoio. Em especial à minha mãe
Neiva e ao meu pai Darley, que me ensinaram os valores da vida, os quais me
fortalecem para seguir em frente. Obrigada pelo incentivo, dedicação e pela fé em
mim depositada.
À minha avó Rosa pelo imenso carinho, apoio e confiança.
Ao meu irmão Jeferson pela motivação.
Às minhas amigas e futuras colegas de profissão, Janaínna, Sandra, Milena,
Tatielli, Morgana e Paula e a todos os colegas de classe que lutaram comigo por um
mesmo objetivo.
A minha amiga de estágio Adriele pelo companheirismo durante essa etapa.
Aos funcionários da Faculdade Evangélica do Paraná e aos professores que
tive a honra de conhecer durante esta trajetória da minha formação acadêmica, que
transmitiram os seus conhecimentos e mais que isso, me ensinaram que devemos
lutar até o fim pelo que acreditamos. A vocês expresso o meu orgulho e gratidão.
À Universidade Tuiuti do Paraná por acolher os alunos em um momento tão
delicado para nós.
Aos professores da Universidade Tuiuti do Paraná pela colaboração e
ensinamentos.
À querida professora Jesséa, pelo suporte e orientação durante o decorrer
desse trabalho.
Aos professores, funcionários e Médicos Veterinários residentes da
Universidade Federal do Paraná, em especial a Amanda e Amália, por me
proporcionarem o aprendizado de competências próprias da atividade profissional
tanto no Hospital Veterinário quanto na Medicina Veterinária do Coletivo.
A Deus, pela vida, proteção e por tornar esse sonho realidade, sua benção
foi essencial nessa caminhada.
6
E a todos que desejaram o meu bem e contribuíram para a minha formação
acadêmica.
7
“Jamais creia que os animais sofrem menos
do que os humanos. A dor é a mesma para
eles e para nós. Talvez pior, pois eles não
podem ajudar a si mesmos.”
Louis J. Camuti
8
RESUMO
O estágio curricular é fundamental para lapidar todo o conhecimento adquirido
durante a graduação, porém de forma prática e rotineira. O objetivo do presente
estudo foi realizar uma avaliação da casuística acompanhada em cada área de
estágio, descrevendo as atividades executadas. Incluiu-se um levantamento de
dados do ano de 2014 do Projeto de Controle Ético Populacional de Cães e Gatos
do município de Pinhais, Paraná, com a respectiva revisão de literatura que aborda a
importância do manejo dessas populações dentro da saúde pública, pois o
crescimento indiscriminado do número de cães e gatos, com todas as suas
implicações sanitárias, sociais e humanitárias é extremamente preocupante, sendo
necessário difundir conhecimentos, estimular e motivar posturas de guarda
responsável.
Palavras-chave: Saúde Pública, Controle Ético Populacional, Pequenos Animais,
Guarda Responsável.
9
ABSTRACT
The traineeship is essential to polish all the knowledge acquired during the
graduation, but in practice and routinely. The aim of this study was to evaluate the
sample accompanied at every stage area, describing the activities performed.
Included was a year of data collection in 2014 of population ethical control design of
dogs and cats from the city of Pinhais, Paraná, with their literature review that
addresses the importance of managing these populations within the public health,
because growth indiscriminate number of dogs and cats, with all its health, social and
humanitarian implications, is extremely worrying, being necessary to disseminate
knowledge, stimulate and encourage responsible ownership postures.
Key Words: Public Health, Population Ethical Control, Small Animals, Responsible
Ownership.
10
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
FIGURA 2
FIGURA 3
FIGURA 4
FIGURA 5
FIGURA 6
FIGURA 7
FIGURA 8
FIGURA 9
FIGURA 10
FIGURA 11
FIGURA 12
FIGURA 13
FIGURA 14
FIGURA 15
FIGURA 16
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São José dos
Pinhais.......................................................................................
Centro de Controle de Zoonoses de São José dos Pinhais.....
Consultório específico para avaliação clínica dos animais.......
Centro de Controle de Zoonoses e Vetores de Curitiba...........
Investigação de leptospirose em local de manipulação de
material reciclável......................................................................
Investigação de leptospirose em residência de paciente com
óbito confirmado........................................................................
Morcego que foi submetido à coleta de material biológico no
laboratório do CCZ de Curitiba..................................................
Morcego durante o reconhecimento da sua ordem e família
pertencente...............................................................................
Passeio realizado com o cão Milo pelo campus da UFPR.......
Cão Milo abrigado no canil da UFPR........................................
Cadela Lola abrigada no canil da UFPR...................................
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Pinhais..................
Ficha de denuncia de maus tratos aos animais do município
de Pinhais..................................................................................
Retirada da corda onde o cão permanecia preso, durante
uma fiscalização de maus tratos aos animais...........................
Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.........
Ambulatório para atendimento clínico geral do HV UFPR........
17
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21
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23
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24
25
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26
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31
32
11
FIGURA 17
FIGURA 18
FIGURA 19
FIGURA 20
FIGURA 21
FIGURA 22
Sala de emergência do HV UFPR.............................................
Sala de cirurgia do bloco cirúrgico do HV UFPR......................
Internamento geral do HV UFPR..............................................
Internamento exclusivo para gatos do HV UFPR.....................
Sala de isolamento para doenças infecciosas do HV UFPR
Sala de radiografia do HV UFPR..............................................
32
33
33
34
34
35
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
CCZ
UFPR
UTP
SEMMA
FC
FR
TR
TPC
®
UPA
UMEES
SRD
HV
UTI
Centro de Controle de Zoonoses
Universidade Federal do Paraná
Universidade Tuiuti do Paraná
Secretaria Municipal de Meio Ambiente
Frequência Cardíaca
Frequência Respiratória
Temperatura Retal
Tempo de Preenchimento Capilar
Marca Registrada
Unidade de Pronto Atendimento
Unidade Móvel de Esterilização e Educação em Saúde
Sem Raça Definida
Hospital Veterinário
Unidade de Terapia Intensiva
13
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1
GRÁFICO 2
GRÁFICO 3
GRÁFICO 4
GRÁFICO 5
GRÁFICO 6
Raças caninas acompanhadas durante o período de estágio no
HV UFPR.......................................................................................
Raças felinas acompanhadas durante o período de estágio no
HV UFPR.......................................................................................
Discriminação dos sistemas mais acometidos em cães, durante
o período de estágio no HV UFPR................................................
Proporção entre as espécies dos animais cadastrados no
Projeto de Controle Ético Populacional de Cães e Gatos de
Pinhais no ano de 2014.................................................................
Proporção entre machos e fêmeas felinos cadastrados no
projeto em 2014............................................................................
Proporção entre machos e fêmeas canino cadastrados no
projeto em 2014............................................................................
36
37
37
46
46
47
14
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
TABELA 2
TABELA 3
TABELA 4
Proporção entre machos e fêmeas dos 63 casos
acompanhados no HV UFPR........................................................
Discriminação dos sistemas mais acometidos em gatos, durante
o período de estágio no HV UFPR................................................
Medicina Preventiva: Vacinações realizadas em cães e gatos,
durante o período de estágio no HV UFPR...................................
Situação dos cadastros realizados em 2014 no Projeto de
Controle Ético Populacional de Cães e Gatos do Município de
Pinhais...........................................................................................
36
38
38
45
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................16
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO.................................................................17
2.1 MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO.........................................................17
2.1.1 Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São José dos Pinhais...................17
2.1.2 Centro de Controle de Zoonoses e Vetores de Curitiba...................................21
2.1.3 Canil da Universidade Federal do Paraná.........................................................25
2.1.4 Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Pinhais..........................................27
2.2 HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ.........31
2.2.1 Atividades Desenvolvidas..................................................................................35
2.2.2 Casuística..........................................................................................................36
3 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................39
4 LEVANTAMENTO DE DADOS DO PROJETO DE CONTROLE ÉTICO
POPULACIONAL DE CÃES E GATOS DO MUNICÍPIO DE PINHAIS, PARANÁ NO
ANO DE 2014.............................................................................................................43
5 CONCLUSÃO..........................................................................................................48
6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................49
16
1. INTRODUÇÃO
O estágio curricular obrigatório é de extrema importância para que o acadêmico
tenha a oportunidade de acompanhar uma rotina de atividades profissionais de sua
área, desenvolvendo os conhecimentos que aprendeu em sala de aula, visando à
contextualização curricular.
O aprendizado de forma prática permite ao acadêmico fixar o conteúdo a ele
lecionado e sanar as dúvidas que lhe reste, visto que sempre estará acompanhado
de um supervisor qualificado, além de vivenciar novas experiências na área de
interesse, tornando-se assim mais seguro e apto a desenvolver as competências da
sua profissão.
O presente trabalho tem como finalidade descrever as atividades exercidas
durante o período de estágio curricular realizado como requisito parcial para a
conclusão do curso de Medicina Veterinária, da Universidade Tuiuti do Paraná.
O estágio curricular foi desenvolvido em duas áreas diferentes, sob a orientação
da professora Jesséa de Fátima França. Durante o período de 03 de agosto a 02 de
outubro de 2015, foi realizado na Universidade Federal do Paraná, na área de
Medicina Veterinária do Coletivo, totalizando uma carga horária de 359 horas, sob
supervisão do Médico Veterinário Alexander Welker Biondo.
No período de 05 de outubro a 30 de outubro de 2015, foi realizado no Hospital
Veterinário da Universidade Federal do Paraná, na área de Clínica Médica de
Pequenos Animais, totalizando uma carga horária de 152 horas, sob supervisão do
Médico Veterinário Marlos Gonçalves Sousa.
Este trabalho apresenta a descrição dos locais de estágio, com as respectivas
casuísticas e atividades acompanhadas e desenvolvidas e um levantamento de
dados do Projeto de Controle Ético da População Canina e Felina do município de
Pinhais, com sua respectiva revisão bibliográfica.
17
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
2.1 MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO UFPR
A Medicina Veterinária do Coletivo envolve demandas sociais nas áreas de
saúde e bem estar animal aplicado em: medicina de abrigos, saúde única, controle
populacional canino e felino, medicina veterinária forense, maus tratos,
acumuladores, educação em saúde e guarda responsável.
O estágio nessa área preconiza o acompanhamento das atividades realizadas
pelos Médicos Veterinários residentes do Coletivo, com a observação do
desenvolvimento das atividades ocorridas na Secretaria Municipal de Meio Ambiente
de São José dos Pinhais, na Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Pinhais, no
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Curitiba e no canil da UFPR.
2.1.1 SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE SÃO JOSÉ DOS
PINHAIS
Um período do estágio, de aproximadamente um mês, foi realizado na Secretaria
Municipal de Meio Ambiente de São José dos Pinhais que está localizada na
Avenida Senador Souza Naves, número 420, Centro, São José dos Pinhais, Paraná.
FIGURA 1 – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São José dos Pinhais
Fonte: Acervo pessoal
18
As atividades desenvolvidas no setor de Guarda Responsável foram relacionadas
ao Programa de Controle ético da População Canina e Felina, que foi implantado
pelo município de São José dos Pinhais pelo Decreto Municipal nº 35/10.
Esse programa contempla cães e gatos de famílias residentes no município,
priorizando a população de baixa renda. Para que seus animais passem pelo
procedimento cirúrgico de esterilização, as famílias devem entrar em contato com a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e realizar o cadastro, após a confirmação
aguardam em uma lista de espera por aproximadamente 6 meses até que sejam
chamadas para participar do mini curso, que é uma palestra ministrada pelos
Médicos Veterinários da prefeitura em conjunto com os residentes da UFPR
objetivando passar informações referentes a guarda responsável, orientando sobre
práticas de promoção do bem-estar animal que devem ser exercidas pelo
proprietário e também os cuidados pré e pós-operatório dos animais que serão
submetidos ao procedimento de castração.
Após a participação no mini curso, o proprietário é orientado a levar o seu animal
para a avaliação clínica na data e horário agendados pela SEMMA. A avaliação é
conduzida pelo Médico Veterinário no CCZ de São José dos Pinhais (FIGURA 2). Na
avaliação clínica realizada em um consultório especifico para o programa (FIGURA
3), é feita a anamnese e são checados os parâmetros vitais do animal, como FC,
FR, TR, TPC, hidratação, presença de linfonodos reativos, presença de alterações à
palpação, escore corporal e presença ou não de doença.
Se o animal estiver apto para a cirurgia e não for vacinado regularmente, ele
recebe vacina polivalente contra as doenças dos cães ou gatos (Vanguard®) e
vacina antirrábica (Rabisin®), ambas gratuitas.
No momento da avaliação é agendada a data e local da castração e também são
repassadas orientações sobre os cuidados com relação ao pré e pós-operatório. A
prefeitura é conveniada com três clinicas veterinárias, Acupet, Animalis e Vip Vet,
que são responsáveis por realizar a esterilização dos animais. Na data marcada, os
proprietários são orientados a levar seus animais na clínica conveniada de sua
preferência, lá permanecendo para a realização do procedimento cirúrgico, e ao final
do dia, se estiver recuperado e apto para retornar a sua casa, o animal recebe alta
médica.
19
Os cães e gatos são excluídos do programa caso apresentem idade avançada,
presença de tumores, doença debilitante, cadelas prenhas ou em situações em que
o procedimento constitua maior risco ao animal.
FIGURA 2 – Centro de Controle de Zoonoses de São José dos Pinhais
Fonte: Adriele Aparecida Binhara Braz, 2015
20
FIGURA 3 – Consultório específico para avaliação clínica dos animais
Fonte: Acervo pessoal
Durante o período de estágio, foram acompanhados 156 animais, os quais foram
submetidos a avaliação clínica. Posteriormente, foram liberados 124 animais para a
castração e 32 foram excluídos do programa, pois não estavam aptos para o
procedimento cirúrgico.
Desses 156 animais, 127 eram caninos (81,41%) e 29 felinos (18,58%). Dentre
os caninos 104 eram fêmeas e 23 machos e com relação aos felinos 21 eram
fêmeas e 8 machos.
21
2.1.2 CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES E VETORES DE CURITIBA
Um período do estágio, de aproximadamente 14 dias, foi realizado no CCZ de
Curitiba que está localizado na Rua Lodovico Kaminski, sem número, CIC, Curitiba,
Paraná.
FIGURA 4 – Centro de Controle de Zoonoses e Vetores de Curitiba
Fonte: Acervo pessoal
Uma das atividades desenvolvidas no CCZ de Curitiba foi a investigação dos
casos confirmados de leptospirose humana, visando obter informações como
provável local de infecção e promover o esclarecimento de possíveis dúvidas
relacionadas à zoonose em questão.
Após a identificação dos casos confirmados de leptospirose humana, o Médico
Veterinário juntamente com sua equipe, vai até a residência do paciente para avaliar
a sua atual situação e realiza algumas perguntas sobre a renda familiar,
escolaridade, o local de atendimento médico (UPA ou rede particular) e como foi a
evolução do caso (em tratamento/cura ou óbito). Também faz o levantamento do
provável local de infecção do paciente, verificando se o mesmo teve contato com as
seguintes situações nos trinta dias anteriores ao início dos sintomas, como:
jardinagem, limpeza de terreno, horta, situação de enchente, contato com valeta/rio,
terreno encharcado, manipulação de material reciclável, presença de abrigo e
22
alimento para roedores, presença de acesso, sinais ou mesmo dos roedores no
domicílio, trabalho ou local de lazer.
Em seguida o Médico Veterinário promove a educação em saúde, esclarecendo
eventuais dúvidas sobre a leptospirose e explicando como o paciente deve proceder
para desenvolver atitudes positivas para efetivação das ações de prevenção de
zoonoses.
Durante o período de estágio foram acompanhadas seis visitas aos pacientes
com casos confirmados de leptospirose. As visitas ocorreram em bairros distintos de
Curitiba, tendo em comum as residências humildes ou locais de trabalho em
situação de risco (manipulação de material reciclável).
FIGURA 5 – Investigação de leptospirose em local de manipulação de material reciclável
Fonte: Adriele Aparecida Binhara Braz, 2015
23
FIGURA 6 - Investigação de leptospirose em residência de paciente com óbito confirmado
Fonte: Acervo pessoal
O recolhimento de um morcego encontrado caído em um local não comum a
espécie durante o dia (suspeito de raiva) também foi uma atividade acompanhada, o
CCZ recebeu a informação pela central de atendimento e informações 156, de que
um morcego encontrava-se na garagem de uma residência no bairro Bigorrilho,
Curitiba, Paraná.
Em seguida uma equipe especializada para o recolhimento deste animal
deslocou-se até a residência para recolher o mesmo, que foi encaminhado para o
CCZ. Como a pessoa entrou em contato com o morcego, este foi eutanasiado, para
posteriormente realizar-se a coleta e encaminhamento do material biológico para
realização de exame de raiva.
24
FIGURA 7 – Morcego que foi submetido à coleta de material biológico no laboratório do CCZ de
Curitiba
Fonte: Acervo pessoal
FIGURA 8 - Morcego durante o reconhecimento da sua ordem e família pertencente
Fonte: Acervo pessoal
25
2.1.3 CANIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Durante os 2 meses de estágio realizados na Medicina Veterinária do Coletivo,
nas segundas e sextas-feiras foram executadas atividades no canil da UFPR.
O canil abriga 8 cães, dentre eles estão animais abandonados e resgatados de
situações de maus tratos ou oriundos de acumuladores, 7 deles estão disponíveis
para adoção e 1 está em processo de treinamento comportamental.
A maioria dos cães presentes no canil apresentam alterações comportamentais,
que são trabalhadas pelos Médicos Veterinários residentes, mestrandos, estagiários
e alguns alunos da UFPR.
As atividades desenvolvidas foram voltadas para o comportamento animal, sendo
treinados comandos com os cães e também passeios pelo campus para estimular a
socialização dos mesmos.
FIGURA 9 – Passeio realizado com o cão Milo pelo campus da UFPR
Fonte: Acervo pessoal
26
FIGURA 10 – Cão Milo abrigado no canil da UFPR
Fonte: Acervo pessoal
FIGURA 11 – Cadela Lola abrigada no canil da UFPR
Fonte: Acervo pessoal
.
27
2.1.4 SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE PINHAIS
Um período do estágio, de aproximadamente 14 dias, foi realizado na Secretaria
Municipal de Meio Ambiente de Pinhais que está localizada na Rodovia João
Leopoldo Jacomel, 11427, Pineville, Pinhais, Paraná.
FIGURA 12 - Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Pinhais
Fonte: Acervo pessoal
Uma das atividades desenvolvidas na seção de Defesa e Proteção Animal foi
relacionada ao Projeto de castração gratuita de cães e gatos (Lei Municipal
1356/2012).
O programa contempla caninos e felinos (machos ou fêmeas) de famílias
residentes no município de Pinhais que possuam renda de até três salários mínimos.
Para que os animais passem pelo procedimento cirúrgico de esterilização, os
proprietários devem entrar em contato com a Secretaria de Meio Ambiente para
realizar o cadastro e em seguida assistir uma palestra sobre guarda responsável.
Após o cadastramento, o animal é microchipado e caso não seja vacinado
regularmente, a Prefeitura se responsabiliza pela vacinação do animal no momento
da avaliação clínica, esta realizada pelo Médico Veterinário durante a visita
domiciliar.
28
A cirurgia é realizada na clínica veterinária conveniada da prefeitura Paulo
Miranda ou pela UMEES, ambas em data e horário marcados previamente pela
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Pinhais.
Outra atividade desenvolvida na SEMMA de Pinhais foi o projeto Carroceiros, que
iniciou em 2008 sendo uma parceria da Prefeitura Municipal de Pinhais com a
Universidade Federal do Paraná.
A cada três meses os equinos são levados até a Secretaria Municipal de
Educação em Pinhais, e recebem pela equipe de alunos, estagiários, residentes e
professores da UFPR, todo o atendimento necessário, visando manutenção de sua
saúde, ou seja, exame físico completo, exame de fezes, exames de sangue, além de
receberem vermífugos e vacinas contra encefalomielite, tétano, leptospirose e raiva.
Os animais doentes ou que precisavam de outras intervenções eram levados ao
Hospital Veterinário da UFPR, onde recebiam a assistência necessária.
Dessa forma, o projeto Carroceiros é um programa de grande importância para o
bem estar dos equinos usados para o trabalho no município de Pinhais.
A fiscalização de maus tratos aos animais também foi uma atividade
acompanhada durante o estágio, já que o abandono e a prática de ato de abuso ou
maus tratos caracterizam crime, de acordo com a Lei Municipal 1356/2012.
A partir da denúncia realizada pelo contato telefônico, é preenchida uma ficha
(FIGURA 13) com os dados do denunciante (sigiloso), dados do denunciado, motivo
da denúncia, quantidade, espécie e características do animal envolvido. Após o
registro, os fiscais de proteção animal vão até o local para investigação, possuindo a
ficha de vistoria que permite descrever o que foi observado durante a visita e colocar
o parecer técnico.
Se confirmada a denúncia ou qualquer outra situação de maus tratos, a conduta
do fiscal pode ser orientação, notificação ou autuação, sempre utilizando o
embasamento legal para respaldar as suas decisões.
29
FIGURA 13 – Ficha de denúncia de maus tratos aos animais do município de Pinhais
Fonte: SEMMA de Pinhais
No decorrer do estágio foram realizadas oito vistorias em imóveis no município de
Pinhais com a presença dos fiscais de Proteção Animal. Em uma destas, observou-
se três cães SRD, todos com evidência de maus tratos, com escore corporal
inadequado (2/5), presos em uma corda curta sem acesso a água e comida, num
ambiente sujo com presença de muitas fezes, indicando comprometimento das cinco
liberdades do bem-estar animal. O proprietário foi orientado a remover a corda que
mantinha os animais presos, fazer melhorias no local e manter água fresca e
alimento sempre disponível.
30
FIGURA 14 – Retirada da corda onde o cão permanecia preso, durante uma fiscalização de maus
tratos aos animais
Fonte: Acervo pessoal
31
2.2 HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Um período do estágio, de aproximadamente um mês, foi realizado no Hospital
Veterinário da UFPR que está localizado na Rua dos Funcionários, número 1540,
Juvevê, Curitiba, Paraná.
FIGURA 15 – Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná
Fonte: Acervo pessoal
O curso de Medicina Veterinária da UFPR é o mais antigo do estado do Paraná e
possui um Hospital Veterinário (HV) com excelente estrutura para atendimento
clínico e cirúrgico de animais de pequeno porte, grande porte e animais silvestres.
O HV da UFPR presta serviços de atendimento clínico geral e serviços
especializados em oftalmologia, cardiologia, odontologia, oncologia, cirurgia de
tecidos moles, ortopedia, anestesiologia, diagnóstico por imagem, emergência e
terapia intensiva.
A estrutura do HV dispõe de seis ambulatórios (FIGURA 16), uma sala de
emergência (FIGURA 17), um bloco cirúrgico (FIGURA 18), um internamento geral
(FIGURA 19), um internamento exclusivo para gatos (FIGURA 20), uma sala de
isolamento para doenças infecciosas (FIGURA 21), salas de pré-operatório e pós-
operatório; laboratórios de diagnóstico por imagem (FIGURA 22), sala de
eletrocardiograma e ecocardiograma, Setor de Histopatologia, Parasitologia,
32
Patologia Clínica e Microbiologia, sala de necropsia, lavanderia e alojamento para
Médicos Veterinários plantonistas.
FIGURA 16 – Ambulatório para atendimento clínico geral do HV UFPR
Fonte: Acervo pessoal
FIGURA 17 – Sala de emergência do HV UFPR
Fonte: Acervo pessoal
33
FIGURA 18 – Sala de cirurgia do bloco cirúrgico do HV UFPR
Fonte: Adriele Aparecida Binhara Braz, 2015
FIGURA 19 – Internamento geral do HV UFPR
Fonte: Acervo pessoal
34
FIGURA 20 – Internamento exclusivo para gatos do HV UFPR
Fonte: Acervo pessoal
FIGURA 21 – Isolamento para doenças infecciosas do HV UFPR
Fonte: Acervo pessoal
35
FIGURA 22 – Sala de radiografia do HV UFPR
Fonte: Acervo pessoal
2.2.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades desenvolvidas compreenderam a área de Clínica Médica de
Pequenos Animais. Nesse setor foram realizadas consultas no ambulatório (com
horário marcado) e com senha (sem horário marcado) que incluíam a anamnese e
exame físico dos pacientes, em seguida o caso clínico era passado para o Médico
Veterinário residente responsável. A interpretação dos exames complementares e
conduta de tratamento eram discutidas com o residente, após o termino da consulta,
na ausência do proprietário.
No internamento efetuou-se a monitoração dos pacientes internados, a partir da
aferição dos parâmetros vitais (TR, TPC, FC, FR e avaliação de mucosas),
administração de medicamentos, controle da glicemia e pressão arterial,
fornecimento de dietas e verificação da fluidoterapia. No isolamento as atividades
executadas foram as mesmas do internamento, porém visando não disseminar as
doenças infecciosas ali existentes.
Durante os casos de emergência, o estagiário, auxilia quando requerido, na
fluidoterapia, oxigenioterapia, colheita de material para exame ou qualquer outra
36
atividade determinada pelo residente responsável, após a estabilização do paciente,
é realizada a anamnese junto ao proprietário, bem como a monitoração constante do
paciente. Se necessário a utilização da UTI, os cuidados são repassados para os
estagiários e residentes de anestesiologia.
2.2.2 CASUÍSTICA
Durante o período de estágio foram acompanhados os atendimentos de 63
animais, entre casos novos e retornos. Dentre esses, 49 animais (78%) eram da
espécie canina e 14 animais (22%) eram da espécie felina. Dentre os cães, um total
de 60% eram fêmeas, enquanto que, dentre os gatos, 57% eram machos.
TABELA 1 – Proporção entre machos e fêmeas dos 63 casos acompanhados no HV UFPR
ESPÉCIE MACHOS FÊMEAS TOTAL DE ANIMAIS
CANINA 20 29 49
FELINA 8 6 14
Com relação a raça dos 49 cães atendidos, 37% eram SRD, dos que possuíam
raça definida, eram mais representados pela raça Yorkshire (13%) e Pinscher (10%),
seguido pelas demais raças (GRÁFICO 1), entre os gatos, a maioria (86%) não
possuíam raça definida (GRÁFICO 2).
GRÁFICO 1 – Raças caninas acompanhadas durante o período de estágio no HV UFPR
0
5
10
15
20
25
30
35
40
37
GRÁFICO 2 – Raças felinas acompanhadas durante o período de estágio no HV UFPR
O gráfico 3 mostra os principais atendimentos realizados em cães, durante o
período de estágio. O sistema mais acometido foi a dermatologia (23%), seguido do
equilíbrio entre os casos gastrointestinais (13%), musculoesqueléticos (13%),
endócrinos (13%) e oncológicos (13%).
GRÁFICO 3 - Discriminação dos sistemas mais acometidos em cães, durante o período de estágio no
HV UFPR
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
SRD SIÂMES PERSA
Gastrointestinal
Dermatologia
Genitourinário
Doenças Infectocontagiosas
Respiratório
Neurológico
Musculoesquelético
Endocrinologia
Oncologia
Cardiologia
23%
13%
2% 10% 2% 6%
13%
13%
13% 5%
38
Com relação aos sistemas mais acometidos em gatos (TABELA 2),
acompanhados durante o período de estágio, em maior número encontram-se os
casos genitourinários (34%), seguido dos problemas dermatológicos (25%) e
endócrinos (17%).
TABELA 2 – Discriminação dos sistemas mais acometidos em gatos, durante o período de estágio no
HV UFPR
Atendimentos Número de casos %
Cardiologia 1 8
Dermatologia 3 25%
Genitourinário 4 34%
Infectocontagiosas 1 8%
Gastrointestinal 1 8%
Endocrinologia 2 17%
Total 12 100%
A tabela 3 mostra que parte dos proprietários vem até o HV UFPR com objetivo
de profilaxia dos seus animais, sendo a vacina múltipla contra as doenças dos cães
ou gatos a mais procurada, seguida pela vacina da raiva.
TABELA 3 – Medicina Preventiva: Vacinações realizadas em cães e gatos, durante o período de
estágio no HV UFPR
Espécie Raiva Múltipla
Canina 2 7
Felina 1 1
Total 3 8
39
3. REVISÃO DE LITERATURA
A interação entre seres humanos e animais requer o desenvolvimento de ações
conscientes para que sejam mantidos os equilíbrios social, biológico e ambiental
entre as espécies (ACHA; SZYFRES, 2003).
Os animais de estimação representam uma significante parcela de espécimes
introduzidos no âmbito das relações humanas, tornando impactante a sua
agregação ao cotidiano dos grupos comunitários (VIEIRA et al., 2005). Os cães e
gatos são mantidos nas residências ou em outros ambientes, estimulando o
desenvolvimento de hábitos, atitudes e valores culturais das famílias, devido à
capacidade de proporcionar a complementação de interesses afetivos com as
pessoas (SÃO PAULO, 2009).
Os interessados em conviver com animais de estimação assumem o
compromisso ético de manter hábitos e posturas de promoção à saúde e bem estar
dos mesmos. Esse compromisso de prover alimentação e controle de mobilidade
parece simples, porém a manutenção consiste em uma postura que abranja
cuidados com abrigo, sustento, prevenção de doenças e agravos diversos, controle
da reprodução e responsabilidade jurídica, diante dessa relação de dependência,
faz-se necessária uma nova cultura, com ações de guarda responsável (INSTITUTO
PASTEUR, 2000).
As modificações no ambiente, a falta de saneamento básico, o crescimento
desordenado das cidades e o desequilíbrio na população animal elevam a
possibilidade de disseminação de doenças, principalmente as zoonoses
(MAGNABOSCO, 2006). Portanto o excesso de cães e gatos na maioria dos centros
urbanos representa um risco para a saúde humana, ambiental e animal (GUTJAHR,
2013).
As atividades isoladas de recolhimento e eliminação de cães e gatos não são
efetivas para o controle da dinâmica dessas populações, sendo necessário atuar na
causa do problema: a procriação animal sem controle e a falta de responsabilidade
do ser humano quanto a sua posse (LIMA; LUNA, 2012).
As cadelas e gatas são animais pluríparos de gestação curta (aproximadamente
60 dias) e proles numerosas que podem atingir a maturidade sexual a partir de 6
40
meses de idade. Esses fatores contribuem para o alarmante crescimento
populacional de cães e gatos (PAULA, 2012).
O descontrole da população canina e felina está intimamente relacionado com as
condições sociais, econômicas e culturais de cada comunidade (SÃO PAULO,
2009).
Atualmente emerge um novo paradigma que visa o respeito e a proteção das
formas de vida no controle das zoonoses, já que durante anos a forma de controle
populacional animal era a eliminação do susceptível ou da fonte de infecção para
promover a saúde humana (SLATER, 2001).
Motivos tais como doenças, alteração de comportamento, crias indesejadas,
mudança de residência, viagens e férias familiares ou a simples presença do cão na
rua levavam a captura e o extermínio do mesmo (GUTJAHR, 2013).
Essas medidas de eliminação mostravam-se ineficazes, pois a apreensão e
remoção de cães errantes desenvolvidas sem conotação epidemiológica, sem o
conhecimento prévio da população e segundo técnicas agressivas e cruéis
mostraram pouca eficiência no controle da raiva e de outras zoonoses e de
diferentes agravos. Bem como, isoladamente a apreensão de cães também não era
um fato resolutivo para o controle da dinâmica populacional canina, pois se a
capacidade de suporte do ambiente garantir a sobrevida, a reprodução e o ingresso
de novos espécimes no grupo, eles suprirão numericamente o desfalque (LIMA;
LUNA, 2012).
O controle das zoonoses e das populações de animais deve ser contemplado em
programas ou políticas públicas nos diferentes municípios, necessitando de aporte
financeiro, técnico e humano. Sendo imprescindível um planejamento que englobe
diagnóstico, controle, ações preventivas e monitoramento (PAULA, 2012).
É de extrema importância que se conheça a dinâmica populacional da área que
se pretende interferir, com a realização de censos ou estimativas populacionais, bem
como o registro e identificação de animais, que são instrumentos de
responsabilização do proprietário e possibilitam dimensionar a quantidade da
população canina e felina em determinada região (VIEIRA et al., 2005).
41
Segundo o documento Guidelines for dog population management (WHO; WSPA,
1990), os estratos de populações de cães apresentam importância para a saúde
pública, podendo ser classificados em:
1. Cães supervisionados ou de proprietários: São animais restritos as
dependências de uma moradia. Dependem de um proprietário definido para
sua alimentação, cuidados básicos de higiene e prevenção de doenças,
obedecem a diferentes comandos.
2. Cães parcialmente supervisionados ou de família: São parcialmente restritos,
podendo circular pelas ruas e logradouros públicos sem supervisão.
Dependem parcialmente da intervenção de pessoas para sua alimentação,
cuidados básicos de higiene e de prevenção de doenças, respondendo ou
não a comandos simples.
3. Cães de vizinhança ou de comunidade: São irrestritos e podem desfrutar de
cuidados de pessoas da comunidade, inclusive vacinação e esterilização
cirúrgica, sem que haja um responsável. Podem não depender
completamente das pessoas para realizar a alimentação.
4. Cães ferais: São independentes e irrestritos. Unem-se em grupos de 10 a 15
animais, à semelhança de matilhas. A interação com seres humanos não
ocorre e são de difícil localização, por se abrigarem em locais inusitados de
áreas urbanas.
A manutenção de espécimes sem controle de mobilidade e sem supervisão por
parte de pessoas que se proponham a com eles interagir, cria condições para que
os estratos populacionais de animais de vizinhança e ferais sejam incrementados,
aumentando a sua densidade demográfica (GUILLOUX, 2011).
Pode-se dizer que cães e gatos domiciliados, semidomiciliados e errantes
apresentam maior risco na transmissão de zoonoses pelo convívio mais estreito com
o ser humano, constituindo um sério problema de saúde pública, e isso se agrava
em virtude do acelerado grau de reprodução desses animais, o que tornam,
conforme já mencionado, extremamente ineficazes todas as medidas amparadas no
método de captura e extermínio (PAULA, 2012).
A discussão ética no controle das populações felinas e caninas acontece num
período transacional na saúde pública, focando esses animais não apenas como
42
potenciais zoonóticos, mas sim, como integrantes das famílias e comunidades, e
com valor intrínseco agregado. Os cães e gatos são agentes que interferem na
promoção da saúde, positiva ou negativamente, dependendo das políticas públicas
implantadas e da guarda responsável, seja para a estabilização dessas populações
e prevenção das zoonoses e demais agravos que esses animais possam produzir ao
indivíduo e coletividade, seja para o bem-estar dos próprios animais (GARCIA,
2008).
Sendo assim, existem três métodos de intervenção na capacidade reprodutiva de
cães e gatos. O método cirúrgico que induz à esterilidade permanente por meio de
alterações anatômicas, com remoção cirúrgica total (ovário-salpingo-histerectomia e
orquiectomia) ou parcial (ovariectomia e vasectomia) dos órgãos do aparelho
reprodutivo. O método farmacológico que em fêmeas suprime indiretamente a
fertilidade pela inibição da secreção dos hormônios gonadotróficos, previne o
desenvolvimento embrionário, interfere na atividade cíclica ou induz a perda
embrionária ou fetal e em machos ocorre a degeneração testicular com consequente
diminuição no número de células germinativas. Já o método imunológico interfere na
atividade reprodutiva por meio da imunização contra proteínas ou hormônios
essências na reprodução (SÃO PAULO, 2009).
O método cirúrgico de esterilização vem sendo utilizado para o controle ético de
caninos e felinos em diferentes municípios, sendo uma das formas mais eficazes de
reduzir o abandono, garantir uma vida digna aos animais e conter o crescimento das
populações (WHO; WSPA, 1990). Sua principal vantagem é o fato de ser realizado
em um único procedimento, causando a perda irreversível da capacidade
reprodutiva (SLATER, 2001).
As fêmeas esterilizadas cirurgicamente não apresentam cio e os machos
orquiectomizados perdem progressivamente a libido, diminuindo assim a
possibilidade de ninhadas não desejadas, minimizando a ocorrência de brigas,
agravos a seres humanos e disseminação de doenças (NEILSON et al., 1997).
Com uma menor quantidade de animais nas ruas, os índices de captura pelos
Centros de Controle de Zoonoses são reduzidos, juntamente com o número de
animais sacrificados. A população de cães e gatos errantes é diminuída e há uma
melhoria na saúde pública e animal (ACHA; SZYFRES, 2003).
43
Portanto é necessário difundir conhecimentos, estimular e motivar posturas de
propriedade, posse ou guarda responsável e apresentar propostas alternativas para
cada grupo comunitário (PAULA, 2012).
A conscientização da população e do próprio órgão público sobre a importância
do serviço de controle da população animal como mecanismo de interação sadia
entre os seres humanos e os animais, a fim de garantir a segurança e saúde pública,
a preservação do meio ambiente e o resguardo social, será automaticamente obtida
com a prestação de um serviço de qualidade e com uma atuação que prime pela
ética (ACKEL, 2001).
Controlar as populações canina e felina não é apenas equilibrar a demanda de
animais com o número de tutores responsáveis por eles, mas neutralizar os fatores
que colaborem para o abandono (GARCIA,2009).
4. LEVANTAMENTO DE DADOS DO PROJETO DE CONTROLE ÉTICO
POPULACIONAL DE CÃES E GATOS DO MUNICÍPIO DE PINHAIS,
PARANÁ NO ANO DE 2014
O Médico Veterinário tem papel essencial na saúde pública contemporânea e
deve estar inserido nas atividades realizadas nos diversos níveis desse segmento, já
que o mesmo deve desempenhar papel fundamental na saúde e bem-estar dos
animais perante as necessidades sanitárias humanas, trabalhando através de uma
visão complexa que contempla a integração da saúde animal, humana e ambiental
(GARCIA, 2008).
Partindo desse ponto de vista a Medicina Veterinária do Coletivo é uma área que
cresce rapidamente no campo da medicina Veterinária, pois existe uma necessidade
urgente de especialistas em medicina de abrigos, maus tratos contra animais, saúde
única, guarda responsável e controle populacional canino e felino (MILLER, 2013).
O conceito de Medicina do Coletivo é uma adaptação do Shelter Medicine e visa
proporcionar treinamento avançado em controle, manejo e prevenção de zoonoses,
bem como investigação de surtos, proporcionar oportunidade de treinamento na
saúde pública incluindo princípios de epidemiologia, trabalhar questões relacionadas
44
a acumuladores e medicina veterinária forense. Sendo que um dos pilares do
Coletivo no Brasil é o desenvolvimento de programas de controle das populações
caninas e felinas, já que a questão do manejo das populações desses animais é
relevante para a maioria dos municípios brasileiros (PAULA, 2012).
Esse tema ainda traz muitos questionamentos, pois não apresenta um conjunto
de políticas e ações que permitam uma padronização das orientações para as
atividades municipais no manejo das populações de cães e gatos. Entretanto, nos
últimos anos, vários avanços foram obtidos através de experiências de diversos
municípios e instituições, permitindo construir fundamentos iniciais para orientar os
serviços que gerenciam essas populações (VIEIRA et al., 2005).
A preocupação com a superpopulação de cães e gatos no município de Pinhais
originou ações quanto à implantação de um projeto de controle ético populacional
desses animais, respaldado pela lei municipal número 1356 de 14 de Dezembro de
2012 que dispõe sobre a proteção e bem-estar animal.
Nos art. 11 e 12 dessa lei é possível observar que o órgão municipal de controle
de zoonoses adotará procedimentos visando o manejo da população de cães e
gatos, como disposto em decreto, sendo proibida a eutanásia como método de
controle desses animais.
A partir dessas informações foi realizado um levantamento de dados do projeto
de controle ético populacional de cães e gatos do município de Pinhais no ano de
2014.
A planilha com os dados utilizados nesse levantamento foi concedida pela
Secretária Municipal de Meio Ambiente de Pinhais, nela constavam informações
referentes aos dados pessoais do proprietário disposto a esterilizar seu animal (que
foram mantidas em sigilo), número e data do cadastro, espécie, nome e sexo do
animal e a situação em que o cadastro encontrava-se (aguardando castração,
cancelado ou castrado).
O total de cadastrados no projeto foram 810 animais no ano de 2014. Sendo que
cada proprietário pode cadastrar apenas um cão ou gato por vez. A Tabela 3 ilustra
os resultados obtidos no referido período.
45
TABELA 4 – Situação dos cadastros realizados em 2014 no projeto de controle ético populacional de
cães e gatos do município de Pinhais
CADASTROS QUANTIDADE %
Castrados 310 39
Cancelados 235 29
Aguardando castração em 2015 265 32
Total 810 100
Os cadastros que foram cancelados apresentam como motivos: o falecimento do
animal, castração do cão ou gato realizada em clínica particular sem vínculo com a
prefeitura de Pinhais, animais não aptos para a realização do procedimento cirúrgico
devido a enfermidades ou a falta de contato telefônico com o proprietário após 5
ligações em datas distintas.
Os cadastros dos animais que não foram cancelados ou castrados no projeto
permanecem na fila de espera para a realização da esterilização cirúrgica no ano
seguinte (2015).
Dentre os animais participantes do projeto em 2014 observou-se uma maior
proporção de caninos (GRÁFICO 4). Com relação ao sexo tanto de cães e gatos a
proporção de fêmeas é expressivamente maior quando comparada a de machos
(GRÁFICO 5 e 6).
No caso das fêmeas o procedimento cirúrgico de esterilização é ovário-salpingo-
histerectomia e no caso dos machos o procedimento é a orquiectomia.
46
GRÁFICO 4 – Proporção entre as espécies dos animais cadastrados no projeto de controle ético
populacional de cães e gatos de Pinhais no ano de 2014
GRÁFICO 5 – Proporção entre machos e fêmeas felinos cadastrados no projeto em 2014
CANINO
FELINO
71%
29%
FELINOS
FÊMEA
MACHO
72%
28%
47
GRÁFICO 6 – Proporção entre machos e fêmeas caninos cadastrados no projeto em 2014
A conscientização de que a esterilização cirúrgica de cães e gatos se faz
necessária, aliada a uma campanha séria de controle populacional, propicia uma
maior tranquilidade ao futuro dos animais, evitando a dor, fome e sofrimento.
Ao esterilizar seus animais, as pessoas conseguem evitar a procriação
indesejada e manter o controle do animal sob sua responsabilidade, visando assim
fornecer e facilitar a aplicação de conhecimentos que envolvam a guarda
responsável de animais de estimação, preservando o ser humano de doenças e
agressões por parte desses animais.
O controle populacional por meio da esterilização cirúrgica colabora para uma
vida digna aos animais, proporcionando bem-estar, tranquilidade e segurança aos
seus proprietários e aos demais membros da comunidade.
CANINOS
FÊMEA
MACHO
77%
23%
48
5. CONCLUSÃO
O estágio curricular obrigatório propiciou a oportunidade de conhecer e conviver
com profissionais de diferentes instituições com diferentes condutas terapêuticas e
de abordagem na saúde pública, tanto na área da Medicina Veterinária do Coletivo
como na área de Clínica Médica de Pequenos Animais, sendo possível acrescentar
valores profissionais e pessoais e colocar em prática os conhecimentos adquiridos
durante a graduação.
A guarda responsável de animais é uma questão a ser tratada com maior
ênfase, uma das medidas mais eficientes contra a superpopulação de animais
começa na conscientização da população sobre o impacto que ela causa, portanto o
planejamento e a execução de ações para o controle ético de cães e gatos é de
grande importância para tentar minimizar os problemas decorrentes do elevado
número de animais observados em vias públicas sem supervisão de um tutor ou
responsável e auxiliam no controle de zoonoses e agravos que envolvam essas
espécies, assim como garantem a proteção e incremento do bem-estar dos mesmos.
49
6. REFERÊNCIAS
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los animales . 3. Ed. Washington, DC.: Organizacion Panamericana de La Salud,
2003.
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SP, Brasil. 2009. 264 f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
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Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
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2013. 78 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo. Faculdade de
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INSTITUTO PASTEUR. Controle de populações de animais de estimação. São
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Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP/ Journal of Continuing
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50
(Mestrado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2006.
MILLER, L.; ZAWISTOWSKI, S. Shelter Medicine for Veterinarians and Staff. 2
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NEILSON, J. C. et al. Effects of castration on problem behaviors in male dogs
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Gestão Pública Municipal. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira,
2012.
SÃO PAULO. Programa de controle de populações de cães e gatos do estado de
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WHO; WSPA. (WORLD HEALTH ORGANIZATION. WORLD SOCIETY FOR THE
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