Relatório de Estágio Do Mestrado de Anãlises Clínicas.

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  • 8/10/2019 Relatrio de Estgio Do Mestrado de Anlises Clnicas.

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    ndice

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas i

    NDICE

    ABREVIATURAS ......................................................................................................... v

    RESUMO.................................................................................................................... ix

    ABSTRACT ................................................................................................................ ix

    INTRODUO ............................................................................................................ 1

    CARATERIZAO DO LABORATRIO DE ESTGIO .............................................. 2

    ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................................ 4

    I. HEMATOLOGIA ....................................................................................................... 5

    1.1 Equipamentos e Metodologias Utilizadas .......................................................... 5

    1.2 Hemograma ....................................................................................................... 6

    1.2.1 Anemia ...................................................................................................... 10

    1.2.2 Execuo e Observao do Esfregao Sanguneo de Sangue Perifrico. 11

    1.2.3 Contagem de Reticulcitos ....................................................................... 13

    1.2.4 Velocidade de Sedimentao (VS)............................................................ 13

    1.3 Hemostase e Provas de Coagulao .............................................................. 14

    1.4 Grupos Sanguneos ......................................................................................... 17

    1.4.1 Sistema AB0 ............................................................................................. 17

    1.4.2 Sistema Rh ................................................................................................ 18

    1.5 Ferritina ............................................................................................................ 19

    1.6 Controlo de Qualidade ..................................................................................... 19

    2. BIOQUMICA ......................................................................................................... 21

    2.1 Hidratos de Carbono ........................................................................................ 22

    2.1.1 Glicose ...................................................................................................... 22

    2.1.2 HbA1c (Hemoglobina Glicosilada)............................................................. 23

    2.2 Lpidos ............................................................................................................. 24

    2.2.1 Colesterol Total ......................................................................................... 24

    2.2.2 Colesterol-HDL .......................................................................................... 25

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucasii

    2.2.3 Colesterol-LDL .......................................................................................... 26

    2.2.4 Triglicridos .............................................................................................. 26

    2.3 Compostos Nitrogenados Proteicos ................................................................ 27

    2.3.1 Protenas Totais ........................................................................................ 27

    2.3.2 Protena C Reativa (PCR) ........................................................................ 28

    2.3.3 Albumina Srica ........................................................................................ 29

    2.3.4 Microalbuminria ...................................................................................... 29

    2.4 Compostos Nitrogenados No Proteicos ........................................................ 30

    2.4.1 cido rico ................................................................................................ 30

    2.4.2 Ureia ......................................................................................................... 312.4.3 Creatinina e Clearance da Creatinina ....................................................... 32

    2.5 Enzimas .......................................................................................................... 33

    2.5.1 AST /GOT ................................................................................................. 33

    2.5.2 ALT /GPT .................................................................................................. 34

    2.5.3 Fosfatase Alcalina (ALP) .......................................................................... 35

    2.5.4 Gama-glutamil transferase (-GT) .............................................................. 36

    2.5.5 Creatina Cinase (CK) ................................................................................ 37

    2.5.6 LDH (Lactato Desidrogenase) .................................................................. 38

    2.5.7 Amilase ..................................................................................................... 39

    2.6 Bilirrubinas ...................................................................................................... 40

    2.6.1 Bilirrubina Total ......................................................................................... 40

    2.6.2 Bilirrubina Direta ....................................................................................... 41

    2.6.3 Bilirrubina Indireta ..................................................................................... 42

    2.7 Ies ................................................................................................................. 42

    2.7.1 Sdio ........................................................................................................ 44

    2.7.2 Potssio .................................................................................................... 45

    2.7.3 Cloretos .................................................................................................... 46

    2.7.4 Magnsio .................................................................................................. 46

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    2.7.5 Clcio ........................................................................................................ 47

    2.7.6 Fsforo ...................................................................................................... 49

    2.7.7 Ferro Srico .............................................................................................. 50

    2.8 Controlo de Qualidade no Laboratrio de Bioqumica ..................................... 50

    2.8.1 Calibrao ................................................................................................. 50

    2.8.2 Controlo de Qualidade Interno .................................................................. 51

    2.8.3 Controlo de Qualidade Externo ................................................................. 51

    CONCLUSES ......................................................................................................... 53

    BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 55

    ANEXOS ................................................................................................................... 57

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    Abreviaturas

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    ABREVIATURAS

    Ac

    ADE(RDW)

    AEQ

    ALP

    ALT

    AMP

    AR

    AST

    4-AAP

    Ca 2+CHGM

    CK

    Cl-

    CE

    CNPG3

    CO

    CPNPCQI

    CTFF

    DHBS

    DCHBS

    EDTA

    ELFA

    ELISAFA

    Fl

    FR

    FFUC

    FvW

    GI

    GK

    GLDH

    Anticorpo

    Amplitude da Distribuio Eritrocitria

    Avaliao Externa da Qualidade

    Fosfatase Alcalina

    Alanina Aminotransferase Srica

    2-amino-2-metil-1-propanol

    Artrite Reumatide

    Aspartato Aminotransferase srica

    4-Aminoantipirina

    ClcioConcentrao da Hemoglobina Globular Mdia

    Creatina Cinase

    Cloro

    Colesterol Esterase

    2-cloro-4-nitrofenil-alfa-D-maltrotriosido

    Colesterol Oxidase

    2-cloro-4-nitrofenolControlo de Qualidade Interna

    Capacidade de Fixao da Transferrina

    3,5-dicloro-2-hidroxibenzenossulfnico

    3,5-dicloro-2-hidroxibenzenossulfonato

    cido Etilenodiaminotetracetico

    Enzyme Linked Fluorescent Assay

    Enzyme Linked Immunosorbent AssayFosfatase Alcalina

    Fentolitros

    Fator Reumatide

    Faculdade Farmcia da Universidade de Coimbra

    Fator de von Wilebrand

    Gastrointestinal

    Glicerol Cinase

    Glutamato Desidrogenase

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    Abreviaturas

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    GPO

    G6PDH

    HBA

    Hb

    HbA1cHDL

    Hgb

    HGM

    HK

    HPO

    Ht

    IDLINR

    INSA

    ISI

    K+

    LAC

    LCR

    LDL

    LDH

    MDH

    Mg2+

    MPV

    4-MUP

    NAC

    NAD

    NADH

    Na+

    Nm

    PCR

    pg

    PTGO

    PTH

    RNARF

    Glicerolfosfato Oxidase

    Glicose-6-fosfato Desidrogenase

    cido Hidroxibenzico

    Concentrao da Hemoglobina

    Hemoglobina GlicosiladaLipoprotenas de Alta Densidade

    Hemoglobina

    Hemoglobina Globular Mdia

    Hexocinase

    Peroxidase de Rbano

    Hematcrito

    Lipoprotenas de Densidade IntermdiaInternational Normalized Ratio

    Instituto Nacional de Sade Dr. Ricardo Jorge

    ndice de Sensibilidade Internacional (Tromboplastina)

    Potssio

    Laboratrio de Anlises Clnicas

    Liquido Cefalorraquideo

    Lipoprotenas de Baixa Densidade

    Lactato Desidrogenase

    Malato Desidrogenase

    Magnsio

    Volume Mdio das Plaquetas

    4-metil umbeliferil fosfato

    N-Acetil-L-Cistena

    Beta nicotinamida Adenina

    Beta -Nicotinamida Adenina Dinucletido

    Sdio

    Nanmetros

    Protena-C-Reativa

    Picogramas

    Prova Oral de Tolerncia Glicose

    Hormona Paratiride

    cido RibonucleicoFator Reumatide

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    Abreviaturas

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    Rpm

    SASUC

    SD

    SGQSIADH

    ST

    TFG

    TP

    TTP

    UKNEQAS

    VGMVIDAS

    VLDL

    VS

    Rotaes por minuto

    Servios de Ao Social da Universidade de Coimbra

    Desvio Padro

    Sistema de Gesto de QualidadeSndrome de Secreo Inapropriada de Hormona Antidiurtica

    Saturao da Transferrina

    Taxa de Filtrao Glomerular

    Tempo de Protrombina

    Tempo Parcial de Tromboplastina

    United Kingdom National External Quality Assessment Service

    Volume Globular MdioVitek Immuno Diagnostic Assay System

    Very Low Density Lipoproteins (Lipoprotenas de densidade muito

    baixa)

    Velocidade de Sedimentao

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    Resumo

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    RESUMO

    Este relatrio de estgio do Mestrado de Anlises Clnicas pretende descrever todas

    as atividades nas quais estive envolvida durante o perodo de estgio no Laboratrio

    de Anlises Clnicas da Faculdade de Farmcia da Universidade de Coimbra.

    Desta forma, vo ser descritos os mtodos usados na execuo de anlises nas

    reas do laboratrio em que mais trabalhei hematologia e bioqumica e a respetiva

    interpretao de resultados.

    ABSTRACT

    This report for the Clinical Biology Master pretends to describe all the activities on

    which I was involved during my practice in the Clinical Analyses Laboratory of FFUC.

    In this way, there will be described all the methods used in the lab tests on the

    laboratory areas I worked the most like Hematology and Biochemistry and the results

    evaluation involved in this testing.

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    Introduo

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    INTRODUO

    Este relatrio visa descrever todas as atividades laboratoriais que desempenhei

    como estagiria do Mestrado de Anlises Clnicas, durante o perodo de 27 de

    Setembro de 2010 a 15 de Julho de 2011, sob a orientao da Dra. Maria Luclia

    Silveira e da Dra. Ana Donato, no Laboratrio de Anlises Clnicas da Faculdade de

    Farmcia da Universidade de Coimbra. O estgio decorreu todos os dias da

    semana, de acordo com o horrio do laboratrio e dependendo do nmero de

    amostras dirias. Este estgio de carter profissional contemplou de forma geral as

    valncias: Hematologia, Bioqumica, Imunologia e Microbiologia.

    As reas selecionadas para complementar os meus conhecimentos a nvel clnicoforam a Hematologia e a Bioqumica.

    Primeiramente, fui integrada na parte organizacional do laboratrio, de seguida pela

    fase de colheitas de amostras e posteriormente no trabalho laboratorial em contato

    com as amostras do cliente/utente, as tcnicas para cada tipo de anlise e aparelhos

    correspondentes. Na primeira fase laboratorial acima referida, a pr-analtica,

    muito importante que o cliente/utente, a amostra e a solicitao de exames estejamdevidamente identificados. Tem que se ter em conta a correta preparao do doente

    antes da colheita da amostra em causa, como o fato de estar em jejum, o estado

    nutricional do utente/cliente, interferncia dos medicamentos, exerccio fsico. J na

    fase de colheita da amostra biolgica essencial ter conhecimento dos erros e

    variaes que podem ocorrer antes, durante e aps a obteno da mesma (

    identificao incorreta da amostra, troca de material, contaminao da amostra, erro

    por hemlise, homogeneizao).

    As diversas variveis analticas devem ser muito bem controladas na realizao de

    um exame laboratorial para assegurar que os resultados sejam precisos e exatos.

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    Introduo

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    CARATERIZAO DO LABORATRIO DE ESTGIO

    O laboratrio onde estagiei est incorporado na Faculdade de Farmcia da

    Universidade de Coimbra. Este Laboratrio de Anlises Clnicas tem como Diretora

    Tcnica a Dra. Maria Luclia Silveira Farmacutica Especialista em Anlises Clnicas

    e como Diretora Tcnica Adjunta a Dra. Ana Donato Farmacutica Especialista em

    Anlises Clnicas. No LAC tambm trabalham uma tcnica de diagnstico e

    teraputica, duas enfermeiras e duas funcionrias administrativas.

    O laboratrio est dividido em vrias reas: administrativa, colheitas e laboratrio.

    Tambm tem um armazm e casas de banho.

    As valncias disponveis so: Hematologia, Bioqumica, Endocrinologia, Imunologia

    e Microbiologia.

    O LAC envia amostras especficas dos clientes/utentes para o Laboratrio D. Diniz e

    tem um setor de colheitas no SASUC.

    O nmero mdio de amostras dirias do LAC cerca de 15.

    O servio participa no Programa de Avaliao Externa da Qualidade do INSA, que

    abrange as reas de Hematologia, Bioqumica, Imunologia, Endocrinologia e

    Microbiologia.

    O LAC tem vrios equipamentos automticos para processar as diversas anlises:

    1) Analisador Coulter MaxM para a realizao de anlises hematolgicas;utilizando o princpio Coulter e Tecnologia VCS;

    2) Syncron CX4: autoanalisador, totalmente automatizado e controlado por

    computador para a determinao quantitativa de numerosos componentes dos

    fluidos biolgicos, nomeadamente do soro, plasma e urina, usado na Bioqumica;

    3) VIDAS: analisador da Biomrieux, equipamento automatizado para anlises

    imunolgicas utilizando a tecnologia ELFA que combina o mtodo ELISA com

    uma leitura final em fluorescncia;

    4) Analisador de VS: autoanalisador para ESR com deteo por fotodiodo e

    apresentao de resultados em mm Westergreen;

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    Introduo

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    5) Option Plus4: coagulmetro automtico; funcionamento por deteo tica do

    cogulo com agitao magntica constante do meio reacional;

    6) Spotlyte Na+/K+/Cl-: analisador automtico baseado em eltrodos seletivos de

    ies.

    7) Sistema Helenapara eletroforese;8) Combi Scan 100 (analisador de tiras de urina) para determinar parmetros

    bioqumicos na urina.

    Dispe ainda de uma centrfuga e microscpio tico.

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    Atividades Desenvolvidas

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    ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

    Como j foi referido, estagiei e desenvolvi atividades nos diversos setores:

    1) Imunologia: pesquisa do ttulo de anti-estreptolisina O, ac. anti-citomegalovrus

    IgG/IgM, ac. anti-HVA, ac. anti-HBc, ac. anti-HBc IgM, ac. anti-HBe, ac. anti-HBs,

    ac. anti-hepatite C, ac. anti-HIV, ac. anti-HVA IgM, ac. anti-tirideus, ac. anti-

    toxoplasma IgG/IgM, ac. anti-vrus da rubeola IgG/IgM, ag. HBe, ag. HBs, fator

    reumatoide/RA teste, reao de Widal, reao de Waller Rose, reao de VDRL.

    2) Microbiologia: na urina - exame citobacteriolgico (direto e cultural com

    identificao e eventual contagem de colnias e antibiograma).

    3) Endocrinologia: doseamento do estradiol, hormona folculo-estimulante,

    hormona lteo-estimulante, hormona tireo-estimulante, tiroxina total ou livre,

    triiodotironina total e frao livre, prolactina, testosterona e progesterona,

    marcadores tumorais: Ca 19-9, Ca 125, Ca 15-3, alfa-fetoprotena, ag. carcino-

    embrionrio, ag. especfico da prstata- total e frao livre.

    4) Hematologia e Bioqumica: as duas vertentes que mais estudei e que vou focarmais frente, detalhadamente.

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    Hematologia

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    I. HEMATOLOGIA

    1.1 Equipamentos e Metodologias Utilizadas

    a) Analisador Coulter MaxMpara a realizao dos hemogramas:

    Fig. 1- Analisador Coulter MaxM

    Funcionamento base do Coulter MaxM:

    A tecnologia VCS o mecanismo pelo qual os analisadores de hematologia Coulter

    fazem a diferenciao dos leuccitos em cinco tipos: Neutrfilos, Linfcitos,

    Moncitos, Eosinfilos e Basfilos.

    Fig. 2 Esquema de funcionamento do Coulter

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    Hematologia

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    Para a contagem de partculas:

    1) o nmero de impulsos eltricos correspondente ao nmero de partculas que

    passam na abertura, amplitude dos impulsos proporcional ao volume das

    partculas;

    2) abertura na cmara de contagem de eritrcitos e plaquetas de 50m, na cmarade contagem de leuccitos 10 m;

    3) contagem em triplicado para cada tipo de partculas: eritrcitos, plaquetas e

    leuccitos;

    4) na cmara de contagem de eritrcitos: eritrcitos-partculas com volume superior

    ou igual a 36 fl; plaquetas- partculas entre 2 e 20 fl;

    5) na cmara de leuccitos- partculas com volume superior ou igual a 36 fl.

    b)Aparelho automtico de VSpara medir a Velocidade de Sedimentao.

    c)Option Plus4para realizar os Testes de Coagulao Sangunea: funcionamento

    por deteo tica do cogulo com agitao magntica constante do meio reacional.

    1.2 Hemograma

    Este exame fornece-nos um conjunto de informaes hematolgicas quer

    quantitativas quer qualitativas. um dos exames laboratoriais mais requisitado pelos

    clnicos para screening e diagnstico de diversas patologias. No Laboratrio de

    Anlises Clnicas da Faculdade de Farmcia da Universidade de Coimbra utiliza-se

    o Coulter MaxM para a contagem celular. No Coulter MaxM feito o controlo de

    qualidade interno antes do processamento das amostras dos utentes, com trs

    nveis de controlo: alto, mdio e baixo. Quando aparecem valores muito desfasados

    no autoanalisador, comparamos esses mesmos valores com o histrico de anlises

    do cliente/utente para termos a certeza se se trata de uma patologia.

    Feita a anlise dos resultados emitidos pelo Coulter, se nos depararmos com uma

    alterao significativa dos valores podemos suspeitar de uma patologia,

    nomeadamente de uma anemia. Aps o hemograma faz-se um esfregao sanguneo

    de sangue perifrico e por fim a contagem de reticulcitos.

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    Hematologia

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    O sangue colhido por puno venosa para tubos que contm EDTA na proporo

    de 1:9 com o sangue.

    O EDTA um anticoagulante capaz de remover o clcio necessrio coagulao e

    o mais indicado uma vez que no altera a morfologia celular.

    a) Contagem de eritrcitos: o nmero total de eritrcitos por unidade de volume

    de sangue total, expressa em 1012/L.

    b) Concentrao da Hemoglobina (Hb): medida de quantidade de hemoglobina por

    unidade de volume de sangue, expressa em g/dl.

    c) Hematcrito (Ht): determina o volume sanguneo ocupado pela massa doseritrcitos, em percentagem ou L/L. A partir dos valores do hematcrito, da

    contagem de eritrcitos e da concentrao de hemoglobina podemos calcular as

    constantes eritrocitrias: VGM, HCM, CHCM e o RDW.

    d) Volume globular mdio (VGM)que o volume mdio dos eritrcitos expresso

    em fentolitros (fl): VGM = /^/

    . Os valores normais so de 8010 fl, os

    valores acima de 96 indicam macrocitosee os valores inferiores a 80 fl indicammicrocitose. um parmetro muito til na classificao de anemias. Quando

    estamos perante determinadas doenas em que se denota uma variao do

    tamanho eritrocitrio, embora o tamanho mdio esteja inalterado, o VGM pode no

    apresentar alteraes e observamos no esfregao sanguneo uma anisocitose, que

    so glbulos vermelhos de vrios tamanhos e, por vezes, tambm com diferentes

    formas chamado de poiquilocitose.

    e) Hemoglobina corpuscular mdia (HCM)representa o contedo hemoglobnico

    de um eritrcito expresso em picogramas (pg): HCM= //

    , os valores

    normais variam entre 276 picogramas, os valores acima de 33 pg indicam

    hipercromiae abaixo de 27 hipocromia(Princpios de Hematologia Clnica, 2007).

    f) Concentrao de Hemoglobina Corpuscular Mdia (CHCM) a razo entre a

    quantidade de hemoglobina e o volume total de eritrcitos. Assim, CHCM=/

    /.

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    Hematologia

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    g) Amplitude da Distribuio Eritrocitria (RDW): o coeficiente da variao da

    distribuio dos volumes eritrocitrios individuais, expresso em percentagem.

    Quanto maior a percentagem de RDW maior a anisocitose.

    (a) (b)

    (c) (d)

    (e)

    Fig. 3- Diferentes formas de apresentao das clulas sanguneas vermelhas, desde a forma normala) at ao estado hipocrmico.: (a) Erotcitos normais; (b) Micrcitos; (c) Anisocitose; (d)

    Poiquilocitose; (e) Hipocromia

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    Hematologia

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    Hemograma Valores de refernciaEritrcitos 4,52 5,9 x 1012/L

    4,1 5,1 x 1012/LHemoglobina 14,0 17,5 mg/dL

    12,0 15,0 mg/dLHematcrito 0,42 0,5 L/L

    0,36 0,45 L/LVGM Adultos 80 96 flHCM Adultos 27 33 pgCHCM Adultos 30 35 mg/dLLeuccitos Adultos 4,4 11,3 x 10 /LNeutrfilos Adultos 40 75 % (2,0 7,0 x 109/L)Linfcitos Adultos 20 45 % (1,0 3,0 x 109/L)Moncitos Adultos 2 10 % (0,2 1,0 x 109/L)Eosinfilos Adultos 1 6 % (0,02 0,5 x 109/L)Basfilos Adultos < 1% (0,02 0,1 x 10 /L)

    Tabela I Valores de referncia relativos ao hemograma.

    h) Contagem de Leuccitos:esta contagem representa o nmero de leuccitos por

    unidade de volume de sangue em 109/L. A frmula leucocitria que completa o

    hemograma pode ser estabelecida quer pelo contador automtico quer pela

    observao ao microscpio de um esfregao sanguneo. A partir daqui faz-se a

    interpretao analtica atravs dos nmeros absolutos.

    (a) (b) (c)

    (d) (e)

    Fig. 4- Morfologia dos diferentes tipos de leuccitos: (a) Linfcito; (b)Moncitos; (c)Basfilos;

    Neutrfilos; (e) Eosinfilos

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    1.2.2 Execuo e Observao do Esfregao Sanguneo de Sangue

    Perifrico

    Depois da interpretao dos resultados fornecidos pelo hemograma se suspeitarmos

    que estamos na presena de alguma patologia executamos um esfregao sanguneo

    de sangue perifrico. O esfregao feito fazendo deslizar uma gotcula de sangue

    entre a lmina e a lamela. Posteriormente para se observarem muito bem os

    elementos figurados do sangue e alteraes morfolgicas que possam aparecer

    realizamos uma colorao de Maygrnwald-Giemsa.

    Fig. 5- Execuo de um esfregao sanguneo de sangue perifrico

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    (a) (b)

    (c)

    Fig. 6- Observao microscpica de um esfregao sanguneo de sangue perifrico: (a) Zona

    espessa de um esfregao, (b) Zona correta para observao, (c) Zona terminal de um esfregao.

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    1.2.3 Contagem de Reticulcitos

    Os reticulcitos so eritrcitos jovens que possuem RNA no seu citoplasma. So

    clulas vermelhas mais jovens e percursoras das hemcias normais, cuja

    percentagem, corrigida pelo hematcrito do paciente, nos d uma ideia da taxa deproduo medular dos eritrcitos (Princpios de Hematologia Clnica, 2007).

    Esta contagem feita para avaliar a capacidade de produo de hemcias da

    medula ssea e distinguir anemias relacionadas com perda sangunea ou destruio

    excessiva de hemcias e anemias por diminuio da produo de hemcias. Para

    monitorizar a resposta da medula ssea e a reposio da sua funo normal aps

    quimioterapia, transplante de medula ssea ou tratamento de anemias.

    Procedemos a este tipo de contagem celular quando o paciente apresenta uma

    diminuio ou um aumento da contagem de hemcias, da hemoglobina, do

    hematcrito, e tambm quando o mdico quer avaliar a funo da medula ssea.

    Fig. 7- Reticulcitos

    1.2.4 Velocidade de Sedimentao (VS)

    Amostra:plasma citratado em tubo especfico.

    A velocidade de sedimentao determinada ao encher um tubo calibrado de

    dimetro padro com sangue total anticoagulado e ao determinar a velocidade de

    sedimentao dos eritrcitos durante um perodo de tempo especfico, geralmente1h. Quando os eritrcitos se depositam no fundo do tubo, surge uma zona bastante

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas14

    grande de plasma transparente, que a rea medida. A maioria das alteraes na

    VS causada por alteraes das protenas plasmticas, principalmente fibrinognio,

    com menor contribuio das alfa-2-globulinas. A VS est quase sempre aumentada

    em utentes com insuficincia renal crnica submetidos ou no a dilise. A VS possui

    trs aplicaes principais para ajudar a detetar e estabelecer o diagnstico dedistrbios inflamatrios ou para excluir a possibilidade dessa patologias; como meio

    de acompanhar a evoluo clnica ou no tratamento de doenas com componente

    inflamatrio, como artrite reumatide ou glomerulonefrite aguda; para confirmar a

    presena ou ausncia de doena oculta, por exemplo quando o doente est

    totalmente assintomtico. Os tubos devem estar numa posio absolutamente

    vertical; mesmo graus minmos de inclinao possuem grande efeito sobre a

    velocidade de sedimentao.

    O mtodo de Westergren, no qual se baseia o Option Plus 4, tem a reputao de ser

    imune aos efeitos da anemia, todavia existem estudos que contrariam esta hiptese.

    Alm da anemia e das alteraes observadas no fibrinognio e nas alfa-2-globulinas,

    outros fatores tambm afetam a VS. As alteraes nas protenas sricas que

    modificam a viscosidade do plasma influenciam a sedimentao dos eritrcitos.

    Certas doenas como, como a anemia falciforme e a policitemia, diminuem

    falsamente a VS. Os valores normais esto relacionados com a idade.

    1.3 Hemostase e Provas de Coagulao

    A hemostase o conjunto de processos que permitem manter o sangue no estado

    fluido, resultante da interao entre os fatores de coagulao, plaquetas sangunease a capacidade de contrao ou distenso dos vasos sanguneos em equilbrio com

    o sistema fibrinoltico. Para o controlo da hemorragia, quando h rompimento de um

    pequeno vaso sanguneo, temos a Hemostase Primria (vasoconstrio e formao

    de um agregado de plaquetas); de seguida, temos a Coagulao Sangunea onde

    h formao de uma rede de fibrina, por ativao da cacata de coagulao. Por

    ltimo, a Fibrinlise, onde ocorre a dissoluo do cogulo e um restabelecimento do

    fluxo sanguneo. Mas quando se trata de leses maiores, o sistema hemosttico no

    suficiente para solucionar a hemorragia.

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    Classicamente, a cascata de coagulao divide-se em trs vias: a intrnseca,

    extrnseca e a via comum. Na primeira, os elementos necessrios encontram se no

    sangue e o processo inicia se quando h leso endotelial e consequente exposio

    do colagnio. A via extrnseca ou via do fator VII considerada a principal via de

    iniciao do processo de coagulao que a coagulao parte de uma leso tecidularcom libertao do fator III ou tromboplastina. As duas vias convergem a nvel do

    fator X (via comum), com posterior ativao do fibrinognio em fibrina. Apesar de ter

    trs vias que a caraterizam, a coagulao um processo dinmico, no devendo

    ser, por isso, compartimentado (Correia- Pinto et al., 1996).

    No que diz respeito s Provas de coagulao:

    a) Tempo de Protrombina (TP)

    O TP e utilizado em trs situaes: para monitorizar a terapia anticoagulante; como

    parte de uma triagem geral para distrbios da cascata de coagulao e como prova

    de funo heptica. O TP indica principalmente a existncia de defeitos no sistema

    extrnseco da coagulao (protrombina e factores V, VII e X). Se o defeito no

    fibrinognio for grave ele tambm ir produzir resultados anormais do TP, uma vez

    que o teste depende de um mecanismo intato da fibrina para produzir o cogulo.

    timo no controlo da teraputica com anticoagulantes orais (cumarnicos,

    antagonistas da vitamina K). As clulas hepticas produzem certos fatores de

    coagulao que necessitam da presena da vitamina K para a sua sntese numa

    forma passvel de ser ativada. Os anticoagulantes cumarnicos inibem a utilizao de

    vitamina K pelas clulas hepticas. Os fatores vitamina K-dependentes, situados por

    ordem decrescente de sensibilidade cumarina, so: fator VII, fator IX, fator X e

    protrombina. A anticoagulao obtida por estes anticoagulante e mais bem

    monitorizada pelo TP, embora esta prova no seja afetada pelo fator IX (Ravel,

    1995).

    Para determinar o TP, no sentido de reduzir as diferenas entre os vrios tipos de

    testes utilizados, procedeu-se padronizao das tromboplastinas, atribuindo-se a

    cada uma o seu ISI. Assim, os utentes/clientes devem monitorizar a dose diria de

    anticoagulante atravs do INR dado pela frmula: =, geralmente

    um INR de 2,5 (Princpios de Hematologia Clnica, 2007).

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    Mtodo:

    O tempo consumido, em segundos, at coagulao do plasma o Tempo de

    Protrombina.

    1 Aplicar esferas na cpula da amostra em duplicado.

    2 Colocar 100 l de plasma em duplicado + 200 l de reagente (tromboplastinaclcica).

    3 Ler INR.

    Valores de referncia:0,9-1,1.

    Interpretao:O reagente tromboplstico tissular utilizado no teste no contm os

    fatores V, VII e X, que devem ser fornecidos pelo plasma do paciente, juntamentecom a protrombina e o fibrinognio. Assim, a deficincia ou ausncia de qualquer um

    desses fatores, resulta num prolongamento do Tempo de Protrombina. Admitindo-

    se que o fibrinognio esteja em concentrao normal, o prolongamento do Tempo de

    Protrombina deve-se deficincia de alguns dos fatores do complexo da

    Protrombina.O Tempo de Protrombina pode encontrar-se alongado nos seguintes

    casos: presena de anticoagulantes circulantes, na deficincia de vitamina K e nas

    hepatopatias de um modo geral.

    b) Tempo Parcial de Tromboplastina (TTP)

    Este o mtodo mais apropriado para investigar coagulopatias por deficincia de

    um ou mais fatores de coagulao como a hemofilia, para controlar doentes

    heparinizados, uma vez que tem a capacidade de avaliar as vias intrnseca e final

    comum da cascata de coagulao. Avalia todos os fatores de coagulao exceto o

    VII e o III, com sensibilidade mxima para os fatores VIII e IX.

    Mtodo:

    1 Aplicar esferas na cpula reagente/amostra em duplicado

    2 Colocar 100 L de reagente (Triniclot TTP) com as particulas de slica que

    formam a superfcie de contato + fosfolpidos (libertados na hemostase) e 100 l da

    amostra

    3 Incubar em 3 min.4 Aplicar 100 l de cloreto de clcio

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    Notas: aplicado o reagente + amostra para desencadear a cascata de coagulao.

    R=

    , (R=0,8 a 1,2).

    Valores de referncia:25-35 segundos

    Interpretao:O TTPA uma prova sensvel para avaliar alteraes no processo

    da coagulao.O alongamento do TTPA, indicativo de alterao dos fatores V, VII,

    IX, X, II e I, ou ainda, de quando existirem anticoagulantes circulantes.

    1.4 Grupos Sanguneos

    O sangue de cada indivduo classificado em grupos de acordo com a presena de

    antignios especficos nos eritrcitos. O conhecimento do grupo sanguneo de um

    doente e de uma determinada unidade de sangue essencial para a realizao de

    transfuses sanguneas com um maior grau de segurana. No trabalho laboratorial

    de rotina fiz as determinaes dos grupos AB0 e Rh.

    1.4.1 Sistema AB0

    O sistema de grupo sanguneo AB0 um exemplo clssico de aglutinognios e seus

    isoanticorpos correspondentes. Existem trs desses antignios: A, B e 0, cujos

    genes se localizam num locus em cada cromossoma de um par homlogo. Os

    antignio A e B so antignios relativamente fortes e, do ponto de vista sorolgico

    comportam-se como genes dominantes, enquanto o antignio 0 no detetado por

    soros de tipagem comercial e, portanto, comporta-se sorologicamente como um

    gene recessivo. O grupo sanguneo 0 diagnosticado pela ausncia de reao para

    os antignio A ou B, de modo que o grupo sanguneo 0implica a presena de

    antignio 0em ambos os cromossomas, em vez de apenas um. Esta situao resulta

    na possibilidade de quatro fentipos principais A, B, AB e 0, visto que A e B so

    dominantes em relao a 0. Alm disso quando os eritrcitos do indivduo possuem

    antignio A ou B, os isoanticorpos correspondentes anti-A ou Aanti-B esto ausentes

    no soro. Por outro lado, se o indivduo carece de de antignios A ou B, o soro

    contm o isoanticorpo contra o isoantignio ausente. O antignio 0 to fraco, que

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    Hematologia

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas18

    para finalidades prticas ele considerado no antignio. Por conseguinte o

    indivduo AA ou A0 ter isoanticorpos anti-B no soro; o indivduo 00 ter

    isoanticorpos anti-A e anti-B, e assim por diante.(Ravel,1995)

    Amostra:sangue total (EDTA K3)

    Mtodo em lmina:Pesquisa dos antignios nos eritrcitos do utente/paciente

    Para a tipificao AB0 usam-se soros comercializados que contm anticorpos

    conhecidos dirigidos contra os respetivos antignios, que existem superfcie dos

    eritrcitos: soro anti-A, soro anti-B e anti-AB. A leitura final feita pela tcnica de

    aglutinao.

    1.4.2 Sistema Rh

    De acordo com Wiener, o grupo Rh determinado por genes isolados, contendo

    cada cromossoma um par desses genes. Na maioria das situaes, cada gene deve

    determinar supostamente um antignio contra o qual pode ser produzido umanticorpo especfico. Na teoria do sistema Rh de Wiener, cada gene controla na

    verdade um antignio. Todavia cada um desses antignios d origem a vrios

    fatores sanguneos diferentes, sendo os anticorpos dirigidos contra esses fatores,

    que so os componentes sorolgicos do sistema Rh (Ravel, 1995).

    Amostra:sangue total (EDTA K3)

    Mtodo: A tcnica usada igual ao Sistema AB0, ou seja, a aglutinao. O

    procedimento o mesmo e realizado ao mesmo tempo do AB0, sendo que a

    aglutinao corresponde a Rh positivo e a sua ausncia Rh negativo.

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    Hematologia

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    1.5 Ferritina

    A ferritina uma protena de elevado peso molecular que contm ferro e que

    funciona como uma reserva de ferro no nosso organismo. encontrada

    fundamentalmente nas clulas da medula ssea, bao e fgado, onde armazena oferro em excesso. A ferritina constitui uma medida mais sensvel, especfica e fivel

    para a determinao precoce do estado de depleo de ferro.

    Amostra:soro

    Mtodo:Imunoensaio no VIDAS 30. Para detetar os anticorpos, fixa-se o antignio

    nas paredes do cone. Se a amostra tiver o anticorpo pesquisado,4-metil umbeliferilfosfato hidrolisado em Umbeliferona (ELISA indireta). Para detetar as

    imunoglobulinas M, a IgM pesquisada capturada pelos anti-IgM fixados nas

    paredes do cone. A presena de IgM revelada pelo Ag estabilizado meio lquido. A

    deteo de antignios (baterianos, virais, proteicos) o anticorpo fixado nas paredes

    do cone. Para estes trs princpios, a fluorescncia medida diretamente

    proporcional quantidade de anticorpos ou de antignios presentes na amostra.

    Para calibrar este aparelho automatizado temos que introduzir um carto com toda ainformao necessria para reconhecer o kit, recalibrar de 14 em 14 dias.

    Valores de referncia:

    Homens: 21,8 a 274 ng/ml

    Mulheres: 4,6 a 204 ng/ml

    1.6 Controlo de Qualidade

    O sistema de controlo de qualidade minimiza os erros analticos no laboratrio, com

    a finalidade de obter resultados fiveis e seguros. Temos assim um sistema de

    controlo de qualidade interno e externo O controlo interno uma anlise diria de

    amostras baseada nos valores dos analitos conhecidos para avaliar a preciso dos

    ensaios. Assim, podemos avaliar o funcionamento eficiente das tcnicaslaboratoriais fornecendo resultados vlidos que posteriormente contribuiro para um

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    Hematologia

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas20

    bom diagnstico clnico. Este parmetro tem como objetivos garantir a

    reprodutibilidade (preciso),verificar a calibrao dos analitos e indicar o momento

    certo para promover aes corretivas quando surgir uma no conformidade. Todos

    os documentos referentes ao controlo da qualidade devem ser arquivados para

    estarem sempre disponveis a todos os elementos integrantes do LAC, de acordocom as premissas das Boas Prticas de Laboratrio

    Clnico.

    Temos tambm o controlo de qualidade efetuados pelo Programa Nacional de

    Avaliao Externa da Qualidade em Hematologia do Instituto Nacional de Sade Dr.

    Ricardo Jorge. Este tipo de controlo interlaboratorial visa comparar a exatido dos

    exames do laboratrio com a de outros participantes, tendo em conta anlises de

    alquotas do mesmo material, a partir de concentraes desconhecidas fornecidaspelo controlo de qualidade externo. Com a participao do INSA no controlo externo

    torna-se possvel assegurar resultados finais muito prximos do valor real (exatido)

    dentro de uma variabilidade analtica permitida. No podemos descurar a

    importncia do material de controlo, homogneo e estvel e os analitos presentes

    devem ser estveis durante o prazo de validade tanto na forma liofilizada quanto

    aps dissoluo.

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    2. BIOQUMICA

    No setor de Bioqumica do LAC, os principais equipamentos automatizados no

    sentido de assegurar um resultado vlido so:

    a) O autoanalisador Syncron CX4

    b) O Spotlyte Na +/K+/Cl-

    c) Combi Scan 100 (Analisador de tiras da urina)

    d) Aparelho para eletroforese da Helena Biosciences

    FIg. 8 Autonalisador Syncron CX4

    O autoanalisador Syncron CX4 executa todos os passos que eram usados

    manualmente nos tempos mais remotos.

    Primeiramente, procede-se calibrao, depois feito o controlo e por ltimo

    coloca-se a amostra a correr no carrossel, fazendo uso de cdigos de barra para

    facilitar todo o processo. Para a leitura final so usados fotmetros com quatro filtros

    de comprimentos de onda. Este um autoanalisador que funciona pela tcnica de

    quimioluminescncia nas amostras de soro; urina (urina 24h), sangue total (HbA1c).

    No Syncron CX4 existem vrios tipos de tcnicas consoante os requisitos dos

    parmetros a analisar. Tcnicas estas como a colorimtrica direta para as protenas

    totais, clcio, ferro, entre outros; mtodos enzimticos colorimtricos em que aintensidade de cor proporcional s enzimas mas no direta porque h uma

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    Bioqumica

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas22

    interferncia de enzimas (ex.: na glicose, a glicose oxidase); cinticas de ordem

    zero para todos os enzimas e o princpio de turbidimetria que doseia a PCR, o Fator

    Reumatoide, a Microalbuminria e a HbA1c, exibem uma maior sensibilidade para

    traar as curvas de calibrao.

    2.1 Hidratos de Carbono

    2.1.1 Glicose

    Resumo do teste: a determinao deste monossacardeo no sangue o diagnstico

    mais frequentemente utilizado para auxiliar no diagnstico da diabetes. Odoseamento de glucose feito num conjunto especfico de provas em jejum; em

    jejum e ps-prandial; Prova de Tolerncia oral glucose e curva de glicmia.

    As alteraes no metabolismo da glucose correspondem, na maioria das vezes, a

    uma hiperglicemia (> 106 mg/dL) e com menor frequncia, a hipoglicmia (

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    Bioqumica

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    2.1.2 HbA1c (Hemoglobina Glicosilada)

    A determinao da Hemoglobina aceite como um mtodo de controlo da glicose a

    longo prazo em doentes com diabetes mellitus, pois fornece informao importante

    para a monitorizao teraputica durante o tratamento desta patologia. O tratamentoda doena a longo prazo mostra a importncia do controlo dos nveis sanguneos de

    glicose na preveno das complicaes agudas da cetose e da hiperglicmia. A

    hemoglobina ao ser analisada cromatograficamente mostra ser fracionada em

    HbA1a, HbA1b e HbA1c, sendo esta ltima a mais abundante. O processo de

    converso de hemoglobina A em hemoglobina A1c depende da concentrao

    sangunea da glicose. Dado que o tempo de vida mdia de um eritrcito de 120

    dias, a determinao da hemoglobina A1c pode refletir a concentrao sanguneamdia diria de glicose ao longo dos dois meses e fornece indicao muito mais

    fivel do controlo da glicmia que as determinaes de glicose no sangue ou na

    urina. Nveis elevados de HbA1c indicam a necessidade de um tratamento mais

    agressivo da glicmia (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX- ficha de

    informao qumica, 2010).

    Amostra:Sangue total (colhida em tubos com EDTA)

    Metodologia:1ml de reagente hemolisante adicionado a 25 ul de sangue total. De

    seguida, calcula-se a % de HbA1c no Syncron CX4. O reagente de HbA1c

    utilizado para determinar a concentrao total de hemoglobina por colorimetria. O

    sistema SYNCRON CX distribui automaticamente a amostra e os volumes de

    reagente apropriados na cuvete. monitorizada a variao da absorvncia a 410

    nanmetros. A variao de absorvncia diretamente proporcional concentrao

    total de hemoglobina na amostra e utilizada pelo Sistema para calcular e exprimir a

    concentrao de hemoglobina total.

    O reagente A1c utilizado para medir a concentrao de HbA1c atravs de um

    mtodo de imunoinibio turbidimtrica. Durante a reao os anticorpos da

    hemoglobina A1c combinam-se com a hemoglobina A1c da amostra para formarem

    complexos antignio-anticorpo solveis.

    Valores de referncia:4,6%- 6,2%

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    Bioqumica

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    2.2 Lpidos

    2.2.1 Colesterol Total

    O colesterol sintetizado de modo permanente em todo o organismo e um

    componente essencial das membranas celulares e lipoprotenas. Endogenamente

    sintetizado pelo fgado e outros tecidos, sendo uma pequena parte derivado da

    dieta. igualmente, um percursor da sntese de hormonas esterides, dos cidos

    biliares e da vitamina D.

    Clinicamente: As determinaes de colesterol so utilizadas no diagnstico e

    tratamento de doenas aterosclerticas das artrias coronrias. As determinaesde colesterol so tambm utilizadas no diagnstico de doenas metablicas que

    envolvem lpidos e lipoprotenas. As concentraes totais de colesterol srico

    dependem de muitos fatores como a idade, sexo, dieta, atividade fsica, doenas

    hepticas e outras doenas metablicas (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON

    CX- ficha de informao qumica, 2010).

    Amostra:Soro humano, em jejum.

    Metodologia:O reagente CHOL usado para medir a concentrao de colesterol

    atravs de um mtodo de ponto final de tempo fixo. Na reao, a colesterol esterase

    (CE) hidrolisa steres de colesterol a colesterol livre e cidos gordos. O colesterol

    livre oxidado a colestenona-3 e perxido de hidrognio pela colesterol oxidase

    (CO). A peroxidase catalisa a reao do perxido de hidrognio com a 4-

    aminoantipirina (4-AAP) e fenol, para produzir um produto corado de quinona-imina.

    Ter em ateno as interferncias tais como:A hemlise e a hiperbilirrubinmia.

    Valores de referncia: (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX- ficha de

    informao qumica, 2010).

    a) Baixo risco: 240 mg/dL

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    Bioqumica

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    2.2.2 Colesterol-HDL

    O HDL o responsvel pelo transporte do colesterol dos tecidos perifricos para o

    fgado, considerado um protetor cardiovascular. Assim, dentro do intervalo de

    referncia, os valores elevados so considerados benficos para o organismo.

    A determinao dos nveis sricos de colesterol HDL constitui um valioso parmetro

    para a identificao de doentes de alto risco de doena cardaca coronria. Tudo isto

    dependente das diversas classes destas lipoprotenas: quilomicrons, VLDL, LDL e

    HDL.

    Clinicamente: O colesterol HDL est inversamente relacionado com o risco deaparecimento de doenas das artrias coronrias. Uma baixa relao colesterol

    HDL/LDL est diretamente relacionada com o risco de aparecimento de doenas das

    artrias coronrias. Um nvel elevado de colesterol HDL est associado ao sndrome

    da longevidade (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX- ficha de informao

    qumica, 2010).

    Metodologia: um ensaio homogneo que no requer quaisquer passos off-line depr-tratamento ou centrifugao. O mtodo depende de um nico detergente que

    solubiliza apenas as partculas de lipoprotenas-HDL e liberta colesterol-HDL, o qual

    reage com a colesterol esterase e a colesterol oxidase na presena de substncias

    cromognicas, produzindo um produto corado. O mesmo detergente inibe tambm a

    reao das enzimas de colesterol com as lipoprotenas- LDL, VLDL e quilomicrons.

    Um polianio contido no reagente aumenta a seletividade para o ensaio de

    colesterol-HDL complexando as lipoprotenas-LDL, VLDL e quilomicrons.

    Amostra e valores de referncia:Soro/plasma

    Baixo risco cardiovascular > ou igual a 60 mg/dl

    Elevado risco cardiovascular < 40 mg/dl

  • 8/10/2019 Relatrio de Estgio Do Mestrado de Anlises Clnicas.

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    Bioqumica

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas26

    2.2.3 Colesterol-LDL

    As lipoprotenas de baixa densidade so os principais transportadores de steres de

    colesterol do fgado aos tecidos perifricos. As LDL so conhecidas como o mau

    colesterol, pois esto implicadas na formao das placas de aterosclerose econsequente doena cardiovascular. Esta determinao feita atravs da frmula

    de Friedwald: = (

    + ),

    utilizada sempre que o valor de triglicridos no ultrapassar os 400 mg/dl, para se

    obter um resultado vlido. O colesterol VLDL corresponde a um quinto da

    concentrao de triglicridos (Tietz, 2009).

    2.2.4 Triglicridos

    Na alimentao humana, os triglicridos so os steres de glicerol com uma maior

    prevalncia, constituindo 95% de reservas tecidulares lipdicas. Aps a absoro no

    intestino, os triglicridos so ressintetizados nas clulas epiteliais intestinais e

    combinados com colesterol e apolipoproteina B formam quilomicrons.

    O ensaio de cor enzimtico para a determinao quantitativa de triglicridos feito

    no soro e plasma humanos.

    Clinicamente: A avaliao dos triglicerdeos deve ser feita em conjunto com o

    colesterol e as outras lipoprotenas, pois a integrao de todos estes parmetros

    que se torna importante no diagnstico, tratamento e preveno de doenas

    cardiovasculares.

    Existem ainda doenas genticas, como a hipertrigliceridmia familiar, em que os

    triglicerdeos chegam a atingir 10x o seu valor normal, e que, por isso, devem ser

    monitorizados frequentemente.

    A determinao de triglicridos so utilizadas no diagnstico e tratamento de

    doentes com diabetes mellitus, nefrose, obstruo heptica e de outras doenas

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 27

    relacionadas com o metabolismo dos lpidos, bem como de diversas patologias

    endcrinas.

    Metodologia: O reagente para triglicridos GPO utilizado para determinar a

    concentrao de triglicridos atravs de um mtodo de ponto final de tempo fixo. Ostriglicridos presentes na amostra so hidrolisados a glicerol e cidos gordos livres

    por ao da lipase. Uma sequncia de trs passos enzimticos acoplados que

    utilizam glicerol cinase (GK), glicerolfosfato oxidase (GPO) e peroxidase de rbano

    (HPO) causa o acoplamento oxidativo do cido 3,5-dicloro-2-

    hidroxibenzenossulfnico (DHBS) com a 4-aminoantipirina para formar um produto

    corado de quinonaimina.

    Valores de referncia (Risco cardiovascular):

    a) Normal 500 mg/dl

    2.3 Compostos Nitrogenados Proteicos

    2.3.1 Protenas Totais

    Clinicamente: O doseamento das protenas totais utilizado no diagnstico e no

    tratamento de diversas doenas que envolvem o fgado, os rins ou a medula ssea,

    bem como perturbaes sseas e nutricionais.

    As protenas totais so tambm doseadas e aparecem aumentadas, diminudas ou

    normais consoante a patologia em causa. Podemos ter sndromas nefrticos,

    infees agudas, cirroses hepticas, gamopatias, anemia por deficincia de ferro,

    entre outras. As protenas totais no soro aparecem diminudas em relao urina

    onde surgem sempre mais aumentadas.

    Amostra:Soro

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas28

    Metodologia: Qumico baseado na reao do biureto. O reagente TP utilizado

    para medir a concentrao de protena total atravs de um mtodo de biureto de

    ponto final temporizado. Durante a reao, as ligaes peptdicas na amostra de

    protena ligam-se aos ies cpricos num meio alcalino para formar complexos de

    pptidos/cobre coloridos.

    Valores de referncia:

    Adultos: 6,4 a 8,3 g/dL

    2.3.2 Protena C Reativa (PCR)

    A PCR uma glicoprotena produzida durante a inflamao aguda ou a destruio

    dos tecidos. uma das protenas de fase aguda, produzida pelo fgado, que

    aumenta significativamente em resposta a estmulos inflamatrios. utilizada como

    auxiliar de diagnstico, controlo teraputico e acompanhamento de diversas

    patologias, uma vez que dos mais sensveis e precoces indicadores de processos

    inflamatrios resultantes de infees, carcinomas e necrose de tecidos.

    A deteo de nveis de PCR muito mais baixos pode indicar um risco acrescido de

    doena coronria em doentes assintomticos.

    Clinicamente: As determinaes da protena-C-reativa tm utilidade na avaliao

    clnica dos estados de stress, traumatismo, infees, inflamaes e intervenes

    cirrgicas.

    Amostra:Soro

    Metodologia: S reagente de CRP utilizado para determinar a concentrao de

    protena-c-reativa por turbidimetria. Durante a reao a protena-c-reativa combina-

    se com um anticorpo especfico para formar complexos insolveis de antignio-

    anticorpo.

    Valores de referncia: < 1,0 mg/dL

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 29

    2.3.3 Albumina Srica

    Esta a protena principal do soro em pessoas normais. Nveis muito elevados da

    albumina resultam da desidratao, enquanto que nveis mais baixos desta protena

    ocorrem em diversas patologias como doena renal, heptica, m absoro,desnutrio, queimaduras graves, infees e cancro.

    Clinicamente: As determinaes de albumina so utilizadas no tratamento de

    muitas doenas que afetam sobretudo os rins e/ou o fgado.

    Metodologia:O reagente ALB utilizado para medir a concentrao de albumina

    atravs de um mtodo de ponto final temporizado. Durante a reao, a albuminacombina-se com o bromocresol prpura (BCP) para formar o produto final.

    Amostra: Soro

    Intervalos de referncia:3,5- 5,0 g/dL

    2.3.4 Microalbuminria

    O rim o primeiro rgo em falncia, ento esta prova de grande importncia visto

    que vai dosear pequenas quantidades de albumina no rim, que passa a mais do que

    devia. uma anlise feita na urina, extremamente sensvel, dando por isso um bom

    diagnstico. A microalbuminria, assim, definida como um aumento da excreo

    urinria de albumina acima do valor de referncia para indivduos no diabticos,mas no detetvel noutros testes para a determinao de protena urinria. A

    microalbuminria agora considerada um importante fator indicador do declnio da

    funo renal em utentes/clientes diabticos. Ento, clinicamente um excelente

    auxiliar no diagnstico de disfunes renais.

    Amostra: Colheita de urina das 24h

    Metodologia: O reagente de MA utilizado para determinar a concentrao de

    albumina por turbidimetria. Durante a reao a albumina combina-se com um

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas30

    anticorpo especfico para formar complexos insolveis de antignio-anticorpo.

    (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX- ficha de informao qumica, 2010).

    Valores de referncia: Os nveis normais de albumina, microalbuminria e

    macroalbuminria so, respetivamente de: 300mg/24h.

    2.4 Compostos Nitrogenados No Proteicos

    2.4.1 cido rico

    O cido rico o produto principal do catabolismo de purinas no ser humano, e

    formado a partir da xantina sob a ao da xantina-oxidase. A maior parte da

    formao do cido rico ocorre no fgado e eliminado atravs dos rins. A reserva

    de cido rico no organismo determinada pela diferena entre a sntese e a

    eliminao.

    A Gota uma patologia com origem na hiperuricemia, podendo esta ltima estarrelacionada para alm da gota com casos de leucemia, disfuno renal, diabetes,

    hipotiroidismo e algumas doenas genticas. Nveis baixos de cido rico so

    observados na Doena de Wilson.

    Amostras:Soro e urina; na urina usar a urina de 24h.

    Metodologia:O reagente de URIC utilizado para determinar a concentrao decido rico atravs de um mtodo de ponto final de tempo fixo. O cido rico

    oxidado pela uricase, produzindo a alantona e perxido de hidrognio. O perxido

    de hidrognio reage com a 4-aminoantipirina (4-AAP) e o 3,5-dicloro-2-

    hidroxibenzenossulfonato (DCHBS), numa reao catalisada pela peroxidase,

    produzindo um produto corado. (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX- ficha

    de informao qumica, 2010).

    Valores de referncia:

    Soro/ Plasma- 2,6 a 7,2 mg/dL

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 31

    Urina- 250-750 mg/24h

    2.4.2 Ureia

    A ureia o produto metablico nitrogenado existente em maior quantidade no

    organismo, proveniente do catabolismo proteico. A biossntese da ureia a partir da

    amnia derivada de aminocidos feita exclusivamente a nvel heptico no ciclo da

    ureia. A ureia quando apresenta pequenos aumentos no tem grande significado a

    nvel renal, mas se se apresentar valores aumentados pode tratar-se de trs tipos de

    causa: pr renais, renais e ps renais. Quanto s primeiras, relacionadas com uma

    deficincia na perfuso renal, uma vez que ocorre a diminuio do fluxo de urinacom um aumento da reabsoro tubular. Tambm se observa um aumento dos

    nveis plasmticos de ureia quando h ingesto de dietas ricas em protenas ou,

    como resultado do aumento do catabolismo proteico devido, por exemplo, a

    traumatismos. As causas renais onde h insuficincia renal aguda ou crnica com

    diminuio da filtrao glomerular. H um aumento dos nveis plasmticos de ureia

    at estes igualarem a quantidade excretada na urina, ou continuam a aumentar

    quando h uma insuficincia renal completa. Referindo-me agora s causas psrenais ocorrem quando h uma obstruo do fluxo de urina que pode acontecer a

    diferentes nveis (urter, bexiga ou uretra) e devido a vrias causas (ex.: pedras no

    rim, prostatites, cancro geniturinrio). Contrariamente, os nveis de ureia podem

    estar diminudos na hepatopatia grave e, por vezes, no final da gravidez.

    Clinicamente: As determinaes de azoto ureico/cido rico so utilizadas no

    diagnstico e tratamento de certas doenas renais e metablicas.

    Amostra:Soro ou urina; urina preferencialmente das 24h (Tietz NW, 1995)

    Metodologia:O reagente de UREA utilizado para medir a concentrao de azoto

    ureico atravs de um mtodo de cintica enzimtica. Durante a reao, a ureia

    hidrolisada pela urease a amonaco e dixido de carbono. A glutamato

    desidrogenase (GLDH) catalisa a condensao de amonaco e de alfa-cetoglutarato

    a glutamato, com a concominante oxidao da forma reduzida do dinucletido de

    beta-nicotinamida adenina (NADP) a dinucletido de beta- nicotinamida adenina

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas32

    (NAD). (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX- ficha de informao qumica,

    2010).

    Valores de referncia:

    Soro: 15-38 mg/dLUrina: 26-43 g/24h

    2.4.3 Creatinina e Clearance da Creatinina

    A creatinina est presente em quase todos os fluidos corporais e filtrada livremente

    pelo glomrulo. Posteriormente, no sofre reabsoro pelos tbulos renais e sofreuma pequena, mas significativa, secreo tubular. Este fato faz com que a creatinina

    seja um analito de eleio para a avaliao da taxa de filtrao glomerular (TFG) e

    da funo renal.

    Amostras:Soro e urina

    Metodologia: Cintico colorimtrico- Jaffe modificado. Num pH alcalino, a creatininareage com o picrato e forma o complexo creatinina-picrato. A taxa de aumento da

    absorvncia a 500 nanmetros em consequncia da formao deste complexo

    corado. diretamente proporcional concentrao de creatinina presente na

    amostra.

    Valores de referncia:

    Soro: Homens: 0,7 - 1,3 mg/dL

    Mulheres: 0,5 1,0 mg/dL

    Urina: Homens: 21 26 mg/Kg peso/24h

    Mulheres: 16 22mg/Kg peso/24h

    A creatinina no soro varia em funo da idade, peso corporal e sexo do individuo.

    Por vezes baixa em indivduos com massa muscular relativamente reduzida,

    doentes caquticos, amputados e em pessoas de idade avanada. Um nvel de

    creatinina no soro que seria considerado normal no exclui a presena de um

    quadro de insuficincia renal.

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    A Clearance da Creatinina o marcador mais preciso da TFG e o mtodo mais

    sensvel para a deteo de disfuno renal do que o doseamento da creatinina

    plasmtica. Esta prova, tem os mesmos interferentes do doseamento plasmtico,

    mas so mais reduzidos ou anulados, uma vez que a recolha da urina feita em 24

    horas. A depurao ou clearance da creatinina tem sido considerada uma dasprovas mais sensveis disponveis para indicar a presena de insuficincia renal,

    devido rpida queda dos seus valores. Uma diminuio do seu valor abaixo dos

    valores de referncia ser indicativo de uma diminuio da TFG e consequentes

    leses renais.

    Valores abaixo de 10 ml/min indicam a necessidade de dilise.

    Clearance da creatinina=(/)/

    (/)x Volume urina de 24h (ml)/1440

    (min)

    Valores de referncia:

    Homens: 97 137 mL/minuto/1,73m2

    Mulheres: 88 128 mL/minuto/1,73m2

    2.5 Enzimas

    2.5.1 AST /GOT

    A Aspartato Aminotransferase srica uma enzima encontrada em vrios rgos etecidos, incluindo o fgado, o corao, o msculo-esqueltico e os eritrcitos.

    Clinicamente:No diagnstico e tratamento de certos tipos de doenas hepticas e

    cardacos.

    Amostra:Soro

    Metodologia: O reagente AST utilizado para medir a atividade do aspartato

    aminotransferase atravs de um mtodo de classificao enzimtico. Durante a

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    Bioqumica

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas34

    reao, o aspartato aminotransferase catalisa a transaminao reversvel do L-

    aspartato e alfa-cetoglutarato em oxaloacetato e L-glutamato. O oxaloacetato

    ento reduzido a malato na presena de malato desidrogenase (MDH) com a

    oxidao simultnea de beta-nicotinamida adenina dinucleotdeo (NADH) reduzido

    em beta-nicotinamida adenina dinucleotdeo (NAD). (Beckman Coulter, SistemasSYNCRON CX- ficha de informao qumica, 2010).

    Valores de referncia:10-42 Ul/L

    2.5.2 ALT /GPT

    A Alanina Aminotransferase srica uma enzima encontrada predominantemente no

    fgado, porm com quantidades moderadas no rim e pequenas quantidades nocorao e no msculo-esqueltico. Em, geral, a maior parte do aumento da ALT

    deve-se presena de uma doena heptica, embora a ocorrncia de graus

    significativos de leso tecidular nos outros rgos mencionados tambm possa

    afetar os nveis sricos. Na maioria das vezes a ALT tem maior atividade que a AST,

    mas h excees a referir: como a hepatite alcolica; a cirrose heptica; o cancro

    heptico. Nas hepatites virais e outras formas de necrose heptica, os valores

    destas enzimas elevam se antes dos sinais clnicos e do aparecimento de sintomas.A atividade das enzimas pode ser bastante elevada, chegando a alcanar valores de

    100 vezes maiores ou mais que o referido valor de referncia. Quando a persistncia

    da ALT se prolonga por mais de 6 meses aps um episdio de hepatite aguda

    usada para diagnosticar uma hepatite crnica. Na colestase extra-heptica, a

    concentrao de transaminases elevada, sendo maior do que a obstruo crnica

    (Tietz analytes, 2009). Na cirrose, a concentrao varia consoante o estado do

    processo e, pode atingir um mximo de 45 vezes o limite mximo de referncia, com

    um ratio AST/ALT superior a 1. Este ratio pode refletir o grau de fibrose nestes

    pacientes.

    No cancro heptico, aumentam as duas enzimas sendo a AST mais elevada do que

    a ALT. Podem ser encontradas ligeiras alteraes nos valores das enzimas

    concomitantes com a administrao de medicamentos.

    A ALT uma enzima mais especfica do fgado, pelo que os seus valores elevados

    so geralmente observados em doenas hepticas parenquimatosas. No caso de

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    Bioqumica

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 35

    uma elevao isolada da AST, podemos estar perante um enfarte do miocrdio, pois

    esta enzima tem uma concentrao elevada no msculo cardaco. No entanto,

    tambm pode aparecer em distrofias musculares e dermatomiosite. Nas patologias

    do msculo-esqueltico estriado, a CK tambm est aumentada.

    Amostra: Soro (os eritrcitos tm aproximadamente 3 a 5 vezes mais ALT do que o

    soro. Portanto a hemlise no soro pode aumentar os resultados do teste).

    Metologia: O reagente de ALT utilizado para determinar a atividade do analito

    atravs de um mtodo cintico. Durante a reao, a alanina aminotransferase

    catalisa a transaminao reversvel da L-alanina e do alfa cetoglutarato a piruvato e

    L-glutamato. Em seguida, o piruvato reduzido a latato na presena de laCtatodesidrogenase (LDH), com a correspondente oxidao do dinucletido de beta-

    nicotinamida adenina reduzido (NADH) a dinucletido de beta-nicotinamida adenina

    (NAD).

    Valores de referncia:10-40 Ul/L

    2.5.3 Fosfatase Alcalina (ALP)

    A fosfatase alcalina constituda por um grupo de enzimas estritamente

    relacionadas e com atividade mxima em pH 10. A atividade da ALP est presente

    na maioria dos rgos e est associada a membranas e superfcies celulares

    localizadas na mucosa do intestino delgado e tbulos contornados proximais do rim,

    ossos (osteoblastos), fgado e placenta.

    Clinicamente:As determinaes de fosfatase alcalina so utilizadas no diagnstico

    e tratamento de doenas hepticas, sseas, da paratiride e intestinais.

    O doseamento da ALP tem um interesse particular na investigao de duas

    patologias: a doena hepatobiliar e a doena ssea associada a aumento de

    atividade de osteoblastos. Quanto doena hepatobiliar, esta enzima mostra-se

    especialmente sensvel obstruo do trato biliar, de carter intra- ou extra-

    heptica. O seu aumento reflete o grau de obstruo e o nvel de tecido biliar

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas36

    afetado. O aumento do resultado tende a ser maior no caso de obstruo extra-

    heptica (pedras na vescula ou cancro da cabea do pncreas) do que na intra-

    heptica. Uma elevao de valores semelhante ao anterior pode surgir no cancro

    heptico avanado ou em metstases hepticas. Leses parenquimatosas, como na

    hepatite infeciosa, refletem apenas um ligeiro aumento de resultados ou, resultadosnormais. No segundo caso, a doena ssea, podemos estar perante um tumor

    metastizante com reao osteoblstica ou a Doena de Paget. Esta enzima tambm

    apresenta aumentos de atividade nalgumas situaes fisiolgicas como o

    crescimento e a gravidez (Tietz, 2009).

    Amostra:Soro

    Metodologia: O reagente de ALP utilizado para determinar a atividade da

    fosfatase alcalina por um mtodo cintico utilizando um tampo de 2-amino-2-metil-

    1-propanol (AMP). Durante a reao, a fosfatase alcalina catalisa a hidrlise do

    substrato incolor de ster orgnico fosfatado,p-nitrofenilfosfato, para dar o produto

    corado amarelo, p-nitrofenol e fosfato. (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX-

    ficha de informao qumica, 2010).

    Valores de referncia:5-1000 Ul/L

    2.5.4 Gama-glutamil transferase (-GT)

    A Gama GT pertence a um grupo de peptidases que catalisam a transferncia de

    aminocidos de um pptido para outro atuando, assim, como transferases de aa. A

    GT existe em todas as clulas do organismo, exceto nos msculos. A enzima

    existente no soro parece ter essencialmente origem no sistema hepatobiliar. O

    aumento da atividade de GGT parece ser um marcador sensvel de doena

    hepatobiliar. Tal como a ALP, a GGT apresenta valores bastante elevados quando

    est na presena de uma obstruo intra ou ps-heptica. O seu aumento aparece

    em doentes com hepatite infeciosa, fgado gordo e com a toma de frmacos

    anticonvulsivos. Em doentes com cirrose alcolica e na maioria dos doentes que

    consomem grandes quantidades de lcool, a GGT encontra se elevada,

    desempenhando um papel importante na deteo do alcoolismo e monitorizao de

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    Bioqumica

    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 37

    patologias. Ao contrrio da ALP, a GGT no est aumentada em situaes

    patolgicas de carter sseo. No enfarte do miocrdio, esta enzima apresenta-se

    normal. No entanto, um aumento pode ocorrer ao fim do 4 dia e implica

    normalmente leso heptica secundria (Abbot Diagnostics, 2009).

    Clinicamente: As determinaes de y- glutamil transferase so utilizadas no

    diagnstico e tratamento de doenas hepticas como a cirrose alcolica e tumores

    primrios e secundrios do fgado.

    Amostra:Soro.

    Metodologia:O reagente de GGT utilizado para determinar a atividade da GGTatravs de um mtodo de cintica enzimtica. Na reao, a y-glutamil transferase

    catalisa a transferncia de um grupo gama-glutamilo do substrato incolor, a g-

    glutamil-p-nitroanilina, para o aceitador, a glicilglicina, com produo de um produto

    corado, a p-nitroanilina.

    Valores de referncia:5-750 Ul/L

    2.5.5 Creatina Cinase (CK)

    A CK um dmero composto por subunidades M-msculo e/ou B-crebro que se

    associam para formar as isoenzimas CK-MM, CKMB e CK-BB. Estes catalisam a

    fosforilao reversvel da creatina por ATP. A atividade da CK maior no msculo

    estriado e no corao, apresentando uma atividade menor nos outros tecidos, comoo crebro, trato GI e bexiga. O valor srico da CK est muito aumentado em todos

    os tipos de distrofia muscular (ex.: Poliomiosite). A atividade da CK aumenta aps

    danos no miocrdio, com aumento significativo das fraes MM e MB. No

    diagnstico de enfarte agudo do miocrdio, faz se a anlise desta enzima com a

    Troponina I, Troponina T, CK-MB, GOT,LDH e mioglobina. Na rotina a CK muito

    pedida, uma vez, que os doentes diabticos tomam muita civastatina que altera o

    msculo. A CK juntamente com as transaminases determina a toma deste

    medicamento.

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas38

    Clinicamente:As determinaes de CK e das respetivas isoenzimas so utilizadas

    no diagnstico e tratamento do enfarte do miocrdio e de doenas musculares como

    a distrofia muscular progressiva do tipo de distrofia de Duchenne.

    Amostra: Soro; as amostras que apresentam um nvel moderado a elevado dehemlise podem afetar o ensaio da CK.

    Metodologia: O reagente de CK utilizado para determinar a atividade de CK

    atravs deum mtodo de cintica enzimtica. Na reao, a creatina cinase catalisa a

    transferncia de um grupo fosfato do substrato creatina fosfato para o difosfato de

    adenosina (ADP). A formao subsequente de trifosfato de adenosina (ATP)

    medida atravs da utilizao de duas reaes acopladas, catalisadas porhexocinase (HK) e pela glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH), com a

    consequente produo de dinucletido de beta- nicotinamida adenina reduzido

    (NADH) a partir de dinucletido de beta- nicotinamida adenina (NAD). O ensaio de

    CK contm o ativador monotioglicerol. (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX-

    ficha de informao qumica, 2010).

    Valores de referncia:

    a) Indivduo do sexo masculino 38-174 Ul/L

    b) Indivduo do sexo feminino 26-140 Ul/L

    2.5.6 LDH (Lactato Desidrogenase)

    A LDH do soro consiste na atividade de 5 isoenzimas, LDH-1 a LDH-5, e encontra sedistribuda por todo o corpo da ser relevante no diagnstico do enfarte do miocrdio,

    da anemia hemoltica, etc. O papel principal do LDH total consiste na deteo de

    leses reduzidas no tecido. A LDH aparece elevada em hepatites, nefrites

    glomerulares, embolismo pulmonar, doenas musculares e em muitas leucemias e

    linfomas.

    Como a LDH um marcador no especfico usado em combinao com outros

    marcadores em diagnsticos e na gesto dos doentes.

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 39

    Clinicamente: As determinaes de lactato desidrogenase so utilizadas no

    diagnstico e tratamento de doenas hepticas, tais como a hepatite viral aguda, a

    cirrose e o carcinoma heptico metastizado, de doenas cardacas como o enfarte

    do miocrdio e de tumores dos pulmes ou dos rins.

    Amostra:Soro

    Metodologia:O reagente de LDH utilizado para determinar a atividade dalactato

    desidrogenase atravs de um mtodo enzimtico cintico. Durante a reao o LDH

    catalisa a reduo reversvel de piruvato a L-lactato, com a correspondente oxidao

    do dinucletido de beta- nicotinamida adenina reduzido (NADH) a dinucletido de

    beta-nicotinamida adenina (NAD). (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX- fichade informao qumica, 2010).

    Intervalo de referncia:266-500 Ul/L

    2.5.7 Amilase

    A amilase uma enzima da classe das hidrolases que catalisa a hidrlise de ligao

    1,4-glucosdicas em polissacridos. Esta enzima encontra-se num grande nmero

    de tecidos e rgos. A maior concentrao nas glndulas salivares (tipo-S), e no

    pncreas (tipo-P) produzida pelas clulas acinares. (Tietz, 2009)

    A amilase srica normalmente baixa, aumentando drasticamente: na pancreatite

    aguda primria ou pancreatite crnica recidivantes, colecistite, litase, tumor, lcera

    gastroduodenal, peritonite, entre outros.

    A amilase urinria pode ser til na confirmao de valores sricos, ou quando os

    valores esto normais. Em geral, a amilasria aumenta 24 horas aps a amilase

    srica e, permanece alterada durante 7- 10 dias, aps a normalizao dos valores

    sricos. A amilase srica rapidamente eliminada pelos rins, pelo que as doenas

    que afetam o pncreas fazem aumentar os nveis urinrios da enzima. A amilasria

    sensvel para a doena heptica, mas no especfica. Para maior informao

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas40

    deve-se comparar a razo amilasria/clearance da creatinina. Uma razo superior a

    5% indica uma pancreatite e uma inferior aponta para outras causas.(Tietz, 2009).

    Amostras: Soro e urina; na urina conservar amostras aleatrias ou de 24h sem

    adio de conservantes.

    Metodologia: Substrato de CNPG3.

    A alfa-amilase hidrolisa o 2-cloro-4-nitrofenil-alfa-D-maltotriosido (CNPG3) para

    libertar o 2-cloro-4-nitrofenol (CPNP) e formar 2-cloro-4-nitrofenil-alfa-D-maltosido

    (CNPG2), maltotriose e glicose. A taxa de formao de 2-cloro-4-nitrofenol pode ser

    detetada por espectrofotometria a 404 nm para fornecer uma quantificao direta daatividade da alfa-amilase na amostra. (Beckman Coulter, Sistemas SYNCRON CX-

    ficha de informao qumica, 2010).

    Valores de referncia:

    Soro/Plasma: 28 100 U/L

    Urina Amostras de 24h: 1 a 17 U/hora

    Nota: cada laboratrio deve estabelecer o seu prprio intervalo de referncia com

    base nas caractersticas locais e populacionais.

    2.6 Bilirrubinas

    2.6.1 Bilirrubina Total

    A bilirrubina um pigmento amarelo-alaranjado derivado da destruio eritrocitria,

    conjugado no fgado e excretado na blis e na urina. Esta molcula provm da

    degradao do heme, da mioglobina e de citocromos. Esta protena insolvel no

    plasma transportada ligada albumina at aos hepatcitos. A conjugada com o

    cido glucornico tornando-a hidrossolvel. A sua libertao posterior no intestino

    serve para saponificar as gorduras. A bilirrubina total a soma das fraces

    conjugadas e no conjugadas.

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 41

    Clinicamente: As determinaes de bilirrubina so utilizadas no diagnstico e

    tratamento de doenas hepticas hemolticas, hematolgicas e metablicas,

    incluindo hepatite e bloqueio da vescula biliar.

    O seu doseamento tem interesse no estudo de doentes ictricos em que estassociada uma hiperbilirrubinmia. Este aumento de bilirrubina pode ocorrer por

    causas pr-hepticas que existem quando h uma produo exagerada de

    bilirrubina que se traduz por um aumento da sua forma no conjugada. uma

    alterao que est presente em todas as formas de anemias hemolticas. A

    Hiperbilirrubinmia hepatocelular surge em vrias situaes, nomeadamente, com

    um uptake heptico anormal de bilirrubina (ex.: Sndroma de Gilbert, hepatite ou

    cirrose), com uma conjugao de bilirrubina ineficiente (ex.: Recm-nascidosprematuros, Sndroma de Gilbert e de Crigler-Najjar), uma secreo anormal de

    bilirrubina na blis (ex.: Sndromas de Rotor e Dubin-Johnson, leso hepatocelular

    generalizada). Todas estas situaes traduzem um aumento das duas formas

    (conjugada e no conjugada) de bilirrubina. Quanto Hiperbilirrubinmia colesttica:

    a obstruo do fluxo da blis tanto pode ser intra como extra-heptica e, ambas,

    traduzem-se num aumento da forma conjugada de bilirrubina.

    Amostra: Soro; amostras protegidas da luz uma vez que a bilirrubina fotolbil

    Metodologia: O reagente de TBIL utilizado para determinar a concentrao de

    bilirrubina total atravs de um mtodo de diazo de ponto final de tempo fixo. Na

    reao, a bilirrubina reage com o reagente diazo na presena de cafena, benzoato e

    acetato como aceleradores para formar azobilirrubina. (Beckman Coulter, Sistemas

    SYNCRON CX- ficha de informao qumica, 2010).

    Valores de referncia:0,2 a 1,0 mg/dL

    2.6.2 Bilirrubina Direta

    Clinicamente: As determinaes de bilirrubina direta so utilizadas no diagnstico e

    tratamento de doenas hepticas, hemolticas, hematolgicas e metablicas,

    incluindo hepatite e bloqueio da vescula biliar.

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas42

    Amostra: Soro sem hemlise ou lipmia visveis, as amostras sempre protegidas

    Metodologia: O reagente de DBIL utilizado para determinar a concentrao de

    bilirrubina direta atravs de um mtodo diazo de ponto final de tempo fixo. Na reao

    a DBIL combina-se com a espcie diazo para formar azobilirrubina.

    Valores de referncia: 0,0 a 0,2 mg/dL

    2.6.3 Bilirrubina Indireta

    Esta frao de bilirrubina denominada de bilirrubina indireta ou no conjugada. Nofgado conjuga-se com o cido glucurnico para formar a bilirrubina conjugada. Esta

    excretada do sistema biliar para o intestino, onde metabolizada pelas batrias a

    um grupo de produtos conhecidos que so os pigmentos. Uma parte reabsorvida

    pela circulao enteroheptica, entra na circulao sangunea e eliminada na urina

    sob a forma de urobilinognio, que d a cor caraterstica da urina.

    Esta aumenta quando estamos perante situaes de hemorragia graves, na doenade Gilbert ou em hemlise acentuada.

    Amostra:Soro

    Metodologia:Diferena entre a bilirrubina total e a bilirrubina direta

    2.7 Ies

    O Spotlyte Na +/K+/Cl-faz o doseamento do sdio, do potssio e dos cloretos.

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas 43

    FIg. 9 Spotlyte Na +/K+/Cl-

    Amostra:soro e a urina. No soro, no ensaio de potssio no podem ser utilizadas

    amostras hemolisadas. Na urina das 24h ou a primeira da manh, colher amostras

    de 24h sem adicionar conservantes. (Burtis CA, 1999)

    Muitos medicamentos e estados patolgicos causam desequilbrios eletrolticos

    temporrios no organismo, uma vez que, no h quase processos metablicos queno dependam ou no sejam afetados por eletrlitos. Torna-se, portanto, necessrio

    integrar na teraputica do doente um controlo frequente desses eletrlitos.

    Metodologia:O aparelho tem trs eltrodos com afinidade para os referidos ies. O

    potencial de cada eltrodo medido em relao a uma voltagem fixa de um eltrodo

    de referncia (eltrodo de prata). Cada eltrodo desenvolve uma voltagem que varia

    com a concentrao do io correspondente. A relao entre as voltagensdesenvolvidas e as concentraes dos ies determinada por uma frmula j

    existente em memria, no aparelho. desenvolvido um potencial eltrico de acordo

    com a Equao de Nernst para um io especfico. Quando comparado com uma

    referncia interna, este potencial eltrico convertido em voltagem e seguidamente

    na concentrao de ies da amostra. Em alternativa a este mtodo temos a

    Fotometria de Chama.

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    2.7.1 Sdio

    a) Sdio Srico

    o principal catio extracelular, pois dele depende o fluido extracelular. Adiminuio de sdio pode ser devida utilizao de diurticos, mas est

    frequentemente associado a situaes de desidratao extrema. Fora dos valores

    normais podemos ter uma hiponatrmia ou hipernatrmia. Na hiponatrmia pode

    haver uma depleo de sdio e gua, por dfice, uma perda metablica. Temos

    tambm o caso da hiponatrmia dilucional em que ocorre um excesso de gua, uma

    hipoalbuminmia, cirrose, sndrome nefrtico, insuficincia renal aguda com oligria.

    Existe tambm a possibilidade de ocorrncia de SIADH Sndrome de secreo

    inapropriada de hormona antidiurtica; perda Intracelular, uma falsa hiponatrmia,

    triglicridos altos, proteinmia alta e uma glicmia alta grave tambm so

    hipteses.

    No que concerne hipernatrmia, a principal causa a a desidratao, que pode ter

    como causa: a ingesto insuficiente de gua, um dbito renal excessivo de gua(ex.: Diabetes Inspida), um dbito excessivo de gua pela pele, um dbito excessivo

    do trato GI, uma sobredosagem de sdio ou uma alimentao com alto teor de

    sdio.

    b) Sdio Urinrio

    A sua determinao na urina feita para explorar as causas de hiponatrmia.

    Normalmente o rim tenta conservar o sdio, de modo que a sua excreo baixa

    (

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    2.7.2 Potssio

    a) Potssio srico

    Este o catio mais abundante logo a seguir ao sdio e o mais importanteintracelularmente na regulao da excitabilidade neuromuscular, contrao cardaca,

    no volume de fluido intracelular e na concentrao de H+. A sua determinao

    muito importante nalguns tipos de patolologias. A alterao da homeostase do

    potssio trs srias consequncias a vrios nveis: cardaco e cerebral. Os

    medicamentos diurticos (hipotensores) diminuem os nveis de potssio e o potssio

    no convm estar abaixo de 3mEq (hipocalimia), porque provoca problemas a nvel

    cerebral. Por outro lado, nvel acima de 6mEq (hipercalimia) faz com que umapessoa entre em falncia cardaca podendo inclusivamente levar morte. Os

    grandes edemas aumentam o potssio no plasma eliminando, consequentemente, o

    lquido presente nos edemas. (Tietz, 2009).

    b) Potssio urinrio

    Se o K

    +

    urinrio for menor que 25 mmol/dia estamos perante uma perda extra-renalcomo: diarreia, fstula, sudorese excessiva, aporte insuficiente de potssio na dieta.

    Se o K+urinrio exceder os 25 mmol/dia h uma acidose metablica (acidose tubular

    tipo I e II), uma necrose tubular aguda, uma toxicidade medicamentosa por

    Anfotericina B, entre outros.

    Com o aumento da concentrao de potssio tais como suplementos de K+,

    transfuso sangunea, hemlise, necrose tecidular e doses elevadas de penicilina

    surge a oligria.

    Um fator a ter em conta que o doseamento de potssio que as amostras

    levemente hemolisadas conduzem geralmente a grandes alteraes nos valores

    sricos de potssio, j que este altamente afetado pela hemlise.

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    Margarida Souto Pinto Proena Lucas46

    2.7.3 Cloretos

    O cloro o principal anio extracelular e intervm, entre outras funes na

    manuteno da presso osmtica. Geralmente, os valores do cloro acompanham os

    do io sdio. A determinao do cloro importante como diagnstico diferencial dedesequilbrios eletrolticos. Quanto maiores as concentraes de Na+e Cl-no soro

    maior a influncia na tenso arterial. Quando estamos perante uma hipoclormia

    quando temos uma acidose metablica (falha renal e cetoacidose diabtica), vmitos

    e secreo gstrica persistente (alcalose metablica), diurticos e SIADH. O cloro

    aparece diminudo no soro em vrias doenas renais, como por exemplo nas nefrites

    e pielonefrites crnicas, em que h perda de sais.

    Em situaes de hiperclormia temos um quadro de desidratao, acidose tubular

    renal, insuficincia renal aguda, acidose metablica (diarreia prolongada e perda de

    bicarbonato), hiperfuno adrenocortical, hipomagnesmia, alcalose metablica.

    Valores de referncia:

    Soro: a) Sdio 136-145 mmol/l

    b) Potssio 3.5-5.1 mmol/lc) Cloretos 98-107 mmol/l

    Urina: a) Sdio 40-220 mmol/dia

    b) Potssio 25-125 mmol/dia

    c) Cloretos 110-250 mmol/dia

    No Syncron Cx4medem-se os restantes ies:

    2.7.4 Magnsio

    O magnsio, catio intracelular, tem um papel extremamente importante no

    metabolismo celular, participando ativamente em mecanismos como a fosforilao