Relatório de Estágio em Ultrassonografia Cardíaca RIO DE... · PDF...
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Escola Superior de Sade da Cruz Vermelha Portuguesa
Universidade Nova de Lisboa/ Faculdade de Cincias Mdicas
Relatrio de Estgio
Maria Raquel Gonalves Vaz
Trabalho final para obteno do grau de Mestre em Cardiopneumologia
Especializao em Ultrassonografia Cardaca
Maio de 2014
Escola Superior de Sade da Cruz Vermelha Portuguesa
Universidade Nova de Lisboa/ Faculdade de Cincias Mdicas
RELATRIO DE ESTGIO
Maria Raquel Gonalves Vaz
Trabalho final para obteno do grau de Mestre em Cardiopneumologia
Especializao em Ultrassonografia Cardaca
Orientador
Roberto Palma dos Reis, Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade Nova de Lisboa &
Escola Superior de Sade da Cruz Vermelha Portuguesa
Co-orientador
Jlio de Almeida Sousa Calaa, Cardiologista, Hospital Pulido Valente Centro Hospitalar Lisboa Norte
Maio de 2014
Relatrio de Estgio em Ultrassonografia Cardaca M Raquel Gonalves Vaz
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1. Introduo No mbito da Unidade Curricular de Estgio, inserido no primeiro ano do curso de
Mestrado em Cardiopneumologia, foi realizado um estgio na rea de especializao
Ultrassonografia Cardaca, constituindo um perodo de formao prtica, centrado na
aprendizagem e consolidao de conhecimentos anteriormente adquiridos.
O estgio de Ultrassonografia Cardaca de adultos decorreu no Centro Hospitalar
Lisboa Norte Hospital Pulido Valente, mais precisamente na unidade tcnica, inserida
no departamento das consultas externas de cardiologia, com uma durao de 360
horas, sendo o perodo de estgio repartido pelos meses de Novembro de 2013 a
Janeiro de 2014, tendo sido supervisionado pelo Cardiologista, o senhor Professor Jlio
Calaa. A mestranda tambm teve a oportunidade de assistir a consultas externas de
cardiologia, nas quais assimilou a importncia da Ecocardiografia na praxis clnica.
Com a realizao deste estgio pretendeu-se atingir os seguintes objetivos:
Integrar e mobilizar os conhecimentos obtidos na fase curricular e verific-los
no contexto da prtica clnica;
Aprofundar e melhorar os conhecimentos em relao s metodologias de
ecocardiografia convencional;
Contactar com as metodologias ecocardiogrficas de sobrecarga e
transesofgica, assim como tcnicas mais recentes, tais como o Doppler
tecidular e speckle tracking;
Interpretar e relatar os dados fornecidos pelas tcnicas ecocardiogrficas;
Recolha de dados clnicos e anlise em ps-processamento dos mesmos para a
realizao da casustica, inserida no presente relatrio de estgio;
Este relatrio alm da introduo constitudo por vrios captulos, onde so
abordados os seguintes tpicos: caraterizao do local de estgio, enquadramento
cientfico, princpios fsicos da tcnica desenvolvida, anlise e apreciao crtica do
estgio, assim como as consideraes finais.
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2. Caraterizao do local de estgio O Hospital Pulido Valente constitui parte integrante do Centro Hospitalar de Lisboa
Norte desde 2007, em conjunto com o Hospital de Santa Maria, fundado em 1954.
Atua nas reas de prestao de cuidados de sade, de formao pr e ps graduada,
formao contnua, inovao e investigao.
O estgio decorreu na unidade tcnica, do departamento das consultas externas de
cardiologia, sob orientao do senhor Professor Dr. Jlio Calaa, teve uma durao de
360 horas, com uma frequncia de 5 vezes por semana (2 e 6 feira das 9:00h s
16:00h e 3, 4 e 5 feira das 9:00h s 13:00h).
descrito sumariamente o departamento de cardiologia, com referncia aos recursos
humanos, espao fsico e equipamentos disponveis, seguindo-se uma descrio dos
princpios fsicos assim como uma breve descrio das atividades realizadas durante o
perodo de estgio.
2.1 Servio de Cardiologia
Neste Servio, composto por dois pisos, so realizados as seguintes tcnicas de
diagnstico no invasivo:
Ultrassonografia Cardaca:
- Estudo Ecocardiogrfico/Doppler Convencional
- Estudo Transesofgico
- Estudo Ecocardiogrfico de Sobrecarga Farmacolgica
Provas de Esforo
Monitorizao Ambulatria da Presso Arterial (PA) de 24 horas MAPA
Monitorizao contnua de Eletrocardiograma (ECG) de 24 horas Holter
Eletrocardiograma de 12 derivaes
Registo de Eventos
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2.2 Recursos Humanos
O departamento de Cardiologia do Hospital Pulido Valente coordenado pelo senhor
Professor Doutor Roberto Palma dos Reis, sendo a equipa constituda por mdicos
cardiologistas, enfermeiros, tcnicos de cardiopneumologia e diversos assistentes
operacionais.
2.3 Espao Fsico e Equipamento
O departamento de cardiologia integra os seguintes espaos fsicos:
- Gabinetes de consulta mdica;
- Sala de Ecodoppler1 Ecocardigrafo marca GE Vingmed modelo system five, dotado
com sonda sectorial (2,5 MHz).
- Sala de Ecodoppler2 Ecocardigrafo porttil marca GE modelo vivid S5 com sonda
sectorial (7MHz).
- Sala de Ecocardiografia de Esforo dotado de equipamento de provas de esforo
assim como de material adequado e de emergncia.
- Sala de Eletrocardiografia Eletrocardigrafo, vrios registadores de Holter,
pressumetros, marcador de eventos, e computadores equipados com respetivos
softwares para posterior anlise.
- Sala de tratamentos equipada para cuidados mdicos e de enfermagem.
- Administrativos, vestirios, salas de espera e sanitrios.
O departamento de cardiologia, alm do internamento, tem ainda ao seu dispor uma
Sala de Hemodinmica onde se realizam implantaes de pacemakers definitivos e
cateterismos direitos.
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3. Princpios Fsicos da Ultrassonografia Cardaca
A ultrassonografia carateriza-se por ser um mtodo de imagem que atravessou um
grande avano em termos de tecnologia e aplicaes os ltimos 30 anos. A
ecocardiografia uma tcnica no invasiva cuja finalidade passa por visualizar o
corao, baseada nos princpios da ultrassonografia (Cardim, 2009).
3.1 Intervalos de frequncia do som
Os sons naturais so geralmente uma combinao de sinais, mas um som puro possui
uma velocidade ou frequncia de oscilao caraterstica, medida em Hertz (Hz), e uma
amplitude ou energia prpria, medida em decibis (dB). O som no mais que uma
variao brusca da onda de presso num meio.
O ser humano consegue distinguir sons compreendidos na gama de frequncias entre
16 Hz e 20 kHz. Abaixo desta frequncia os sinais so denominados por infrassons e
acima desta gama por ultrassons, Figura 1 (Martins, 2007).
Figura 1: Espetro de Frequncias do Som
Os ultrassons caraterizam-se por ser uma forma de energia que se propaga no meio no
formato de uma vibrao mecnica ou, mais precisamente, uma onda longitudinal de
presso, com amplitude e comprimento de onda especficos (Zwiebel, 1999).
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Habitualmente os ultrassons so usados para fins teraputicos e em aplicaes
mdicas (Cardim, 2009). Os ultrassons utilizados para diagnstico utilizam frequncias
entre 2 MHz e 30 MHz, obtendo-se assim a penetrao em profundidade necessria e
uma elevada resoluo espacial. Os sinais de Doppler originados pelo fluxo sanguneo
encontram-se no intervalo dos kHz sendo, por isso, audveis (Cardim, 2009).
3.2 Frequncia e comprimento de onda
A velocidade de propagao de uma onda acstica (velocidade do som, c) depende
da densidade e da impedncia acstica do meio. No entanto, os sons no se propagam
no vcuo pois necessitam de um meio fsico para a sua propagao: lquido, slido ou
gasoso, decrescendo a eficincia da propagao das ondas em cada um dos respetivos
meios (Cardim, 2009).
O valor de c de 340 m/s no ar, 1500 m/s na gua e apresenta valores superiores a
estes em meio slido (Stoylen, 2013). A velocidade do som nos tecidos moles do corpo
humano aproxima-se da velocidade na gua e situa-se entre 1450 m/s e 1570 m/s
(Vasconcelos, 2003). Deste modo, o valor mdio internacionalmente estipulado para a
velocidade do som no corpo da ordem de c=1540 m/s, sendo utilizado como valor
standard de calibrao para todos os sistemas de diagnstico (Vasconcelos, 2003).
Conhecendo a Frequncia (f) e a velocidade do som (c) possvel determinar o
comprimento de onda (c.d.o. - ) dos ultrassons, ou seja, a distncia entre duas ondas
sucessivas como se pode constatar atravs da seguinte equao (Figura 2) (Stoylen,
2013).
Figura 2: Equao para determinar o comprimento de onda ()
A resoluo da imagem otimizada proporcionalmente com o aumento da frequncia
de onda e inversamente com o c.d.o. Logo, a frequncia tem uma influncia bastante
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importante na qualidade de imagem, uma vez que, interfere com a resoluo da
imagem e com o poder de penetrao do feixe (Cardim, 2009).
3.3 Efeito Piezoeltrico
Os ultrassons so produzidos, transmitidos e recebidos por transdutores, constitudos
por um ou mltiplos cristais piezoeltricos. Estes so parte integrante de todos os
equipamentos de Ecografia para fins de diagnstico, essenciais na realizao