Relatório de grupo 1º semestre/2018 - escoladositio.com.br · Relatório de grupo – 1º...

12
MATERNAL A E O COCÔ DE PASSARINHO Chegou a tão esperada hora de ir para escola. A chegada da criança pequena na escola é muito marcante para todos que à rodeiam e principalmente para ela. Um importante e muitas vezes difícil momento para as famílias, que necessitam de cuidados e atenção assim como as crianças. O primeiro dia de aula marca a vida das famílias é uma nova fase que esta se iniciando e assim como tudo que é novo, trás consigo muita ansiedade, expectativa, dúvidas, curiosidades e uma porção de sentimentos. Vivemos na escola momentos marcantes que ficam em nossa memória para sempre e vez ou outra nos lembramos com carinho de vivências e aprendizados que passamos na Educação Infantil, que muitas vezes contribuíram para os adultos e as escolhas de hoje. A criança pequena chega na escola por diversos motivos, mas o maior deles é a necessidade de suprir estímulos, convivências e interações com o outro, que a família já não consegue mais garantir em casa. Relatório de grupo 1º semestre/2018 Turma: Maternal A Professora: Jéssica Oliveira Professora auxiliar: Maria Rita Terrazan Coordenadora: Lucy Ramos Torres

Transcript of Relatório de grupo 1º semestre/2018 - escoladositio.com.br · Relatório de grupo – 1º...

MATERNAL A E O COCÔ DE PASSARINHO

Chegou a tão esperada hora de ir para escola. A chegada da criança pequena na escola é

muito marcante para todos que à rodeiam e principalmente para ela. Um importante e

muitas vezes difícil momento para as famílias, que necessitam de cuidados e atenção

assim como as crianças.

O primeiro dia de aula marca a vida das famílias é uma nova fase que esta se iniciando e

assim como tudo que é novo, trás consigo muita ansiedade, expectativa, dúvidas,

curiosidades e uma porção de sentimentos.

Vivemos na escola momentos marcantes que ficam em nossa memória para sempre e vez

ou outra nos lembramos com carinho de vivências e aprendizados que passamos na

Educação Infantil, que muitas vezes contribuíram para os adultos e as escolhas de hoje.

A criança pequena chega na escola por diversos motivos, mas o maior deles é a

necessidade de suprir estímulos, convivências e interações com o outro, que a família já

não consegue mais garantir em casa.

Relatório de grupo – 1º semestre/2018 Turma: Maternal A

Professora: Jéssica Oliveira

Professora auxiliar: Maria Rita Terrazan

Coordenadora: Lucy Ramos Torres

Cada criança acolhida na turma do maternal A, possui a sua individualidade e

personalidade, por isso cada rostinho, mãozinha e olhinhos curiosos são vistos de forma

singular e única. E por cada criança por ser única, ela naturalmente vai precisar de uma

atenção especial, por que possui um jeito sem igual de deixar transbordar seus

sentimentos, se expressar e contar ao mundo o que está sentindo. No período de

adaptação é assim, tão pequenos e frágeis, mas ao mesmo tempo, tão corajosos, há

aquelas crianças que entram na sala sem olhar para trás, as que adoram carregar a

mochila, mas precisam de um colo na hora de entrar, ou então as que choram muito

tentando processar as novas informações.

Falando em choro... Está ai algo que mexe com todos, desestabiliza um grupo e desperta

preocupações. Mas ele nada mais é do que o modo que a criança, que acabou de furar a

bolha e sair de sua zona de conforto, em fase de aquisição da linguagem oral tem para

expressar seus sentimentos, tentar organizar e entender o que esta acontecendo.

Pensando no momento de encontro com essas crianças, que mais tarde se tornariam

juntas um grupo, as famílias foram recebidas com um carinhoso abraço de forma bem

acolhedora para que se sentissem bem no novo ambiente e para essa nova etapa que só

estava se iniciando. Para que as crianças se sentissem seguras os pais participaram da

rotina dos primeiros dias de aula e estiveram presentes durante o todo período de

adaptação, o que foi fundamental para que as crianças fossem se adaptando de forma

gradual e o mais natural possível ao espaço da escola, também para que ficassem a

vontade para brincar, descobrir e aprender de maneira natural e feliz sentindo-se cada vez

mais segura com o ambiente e adultos. Segundo Velasco (1996) o brincar tem um papel

significativo no desenvolvimento infantil, representa o desejo e colabora com o surgimento

das nossas expressões psicomotoras de maneira harmoniosa e prazerosa. Transmitir

segurança e oferecer condições para que a criança interaja com o meio em que inserida

contribui também para que as professoras sejam aceitas e se tornem referencia de

conforto e segurança para os pequenos.

Nas primeiras semanas na escola a proposta foi brincou muito, na maior parte das vezes

fora da sala, furando a bolha de casa, da sala, sempre com ofertas e diversificando as

condições propostas com brinquedos, espaços, movimentos e sons, e se desafiando no

espaço gigante da escola. A cultura do brincar na educação infantil é reconhecida

principalmente pela sua importância para o desenvolvimento saudável do imaginário

infantil, pois é na educação infantil que as crianças vão desenvolver o jogo simbólico a

partir de propostas de atividades lúdicas. Segundo o RCNEI (1998) é através do ato de

brincar que a criança se desenvolve globalmente, ou seja, é o principal modo de expressão

da infância, brincando a criança pequena aprende a viver e a se desenvolver de forma

lúdica e prazerosa.

Ao passar do tempo e do período de adaptação, que difere de para cada uma, as crianças

cada uma com suas características e individualidades começaram a dar forma a um grupo,

que foi se tornando amigo, companheiro e acolhedor com os amigos que chegaram um

pouquinho depois, as crianças foram aprendendo com as diferenças e características

umas das outras e a conviver em grupo de forma harmoniosa e companheira. Foi então, o

grupo descobriu a roda, aprenderam a fazer roda e a brincar precisando do outro, e assim

as interações e contato com outro foi ficando cada vez mais frequente.

As crianças em idade de maternal A, possuem a curiosidade em fazer descobertas. Em

cada lugar por onde passam, lá está a turminha olhando aqui, explorando ali e tocando

com as curiosas mãozinhas tudo que é novidade.

Então, a partir dos interesses em comum do grupo, levando em consideração os

conhecimentos prévios das crianças e os conteúdos necessários para a faixa etária, foi

trazido para a roda diária imagens, livros, musicas e mídias para instigar ainda mais a

curiosidade em brincar. A roda é um momento coordenado pela professora com plena

participação dos alunos, onde é organizado o dia, feita a chamada para verificar quem veio

na escola, por exemplo. Momento importante também para o seguimento do projeto, todo

dia uma leitura é realizada, um brinquedo ou jogo é apresentado envolvendo a turma, e

crianças contribuem ativamente deste momento, elas podem trazer livros, opinar e expor

pensamentos e ideias que contribuem com o desenvolvimento do projeto, para Derdyk

(2003), “Os educadores são os porta-vozes de uma visão de mundo, transmissores de

comportamentos, interferindo direta e ativamente na construção de seres individuais e

sociais”. (DERDYK, 2003, p. 15)

Nos momentos de roda é realizada também a chamada “roda cantada”, momento muito apreciado pelos pequenos que se tranquilizam e acalmam-se, deixando a turma entretida e

envolvida por um bom tempo. A música é um meio de expressão e forma de conhecimento

acessível para bebês e crianças. (BRITO, 2005) Durante a “roda cantada” cantamos músicas populares infantis com o apoio de fantoches, brinquedos e livros, essa atividade

desenvolve a memoria, percepção e associação de sons e figuras, segundo Brito (2005)

até mesmo antes do nascimento, a criança já possui envolvimento com o universo sonoro,

já que na fase intrauterina o bebê já vive em um ambiente de sons provocados pelo corpo

da mãe, como o sangue fluindo nas veias, respiração e movimentos intestinais. A

linguagem musical é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, equilíbrio,

autoestima, autoconhecimento e integração social. A música é muito presente na rotina do

maternal A também como forma de estratégia para organizar e situar as crianças nas

transições entre as atividades. Durante a roda cantada que faz parte da rotina diária, as

músicas contribuem muito para que as crianças desenvolvam a linguagem oral e ampliem

seu vocabulário de forma significativa e natural.

E em um dos momentos de roda, depois de vários livros lidos, brinquedos e fantoches, a

turma do maternal A vê muita graça em um livro onde os passarinhos faziam cocô na

cabeça das pessoas. O livro em questão se chama “Cocô de passarinho” de Eva Furnari, ele conta a história de seis moradores de uma cidade que tem um grande problema: os

passarinhos que fazem cocôs em suas cabeças. Eles até que conseguem uma solução

para o problema, cada um com seu jeito constrói um chapéu e então o cocô já não cai

mais em suas cabeças. Mas tem sua “bolha” furada quando recebem a visita de um vendedor de sementes, que transforma as coisas de um jeito que a cidade e os negócios

até expandem. Com a imaginação, foram criadas muitas possibilidades de brincadeiras

lúdicas e a turma do maternal A virou até os moradores da pequena cidade. Segundo o

RCNEI (1998) as possibilidades de brincar devem respeitar a integridade da criança e

serem diversificadas com materiais, espaços e possibilidades, a fim de desenvolver

movimentos e experiências corporais durante a atividade de brincar.

E como os moradores da pequena cidade a turma do maternal também criou os seus

chapéus. Para Piaget (1977), é no estágio pré-operatório que as crianças desenvolvem

sua maior capacidade de expressão simbólica, o que deve ser explorado pelo professor

através das brincadeiras.

Para a construção do chapéu, dos passarinhos que também moravam na cidade e

exploração tátil, a fim de trabalhar e estimular as formas de expressão, habilidade motora

fina, como a destreza e movimento de pinça, foram realizadas ao longo do semestre

atividades livres ou direcionadas ao projeto sempre explorando diferentes materiais e

técnicas como: pintura com diferentes tintas, massinhas, canetinhas, texturas, pinceis

grossos e finos, papeis com diferentes tamanhos, pinturas em diferentes posições sempre

com novas possibilidades e ofertas tornando esses momentos significativos, onde cada

crianças tivesse a oportunidade de vivenciar, sentir e explorar do seu jeito, com a sua

individualidade, para Derdyk (2003) existem varias formas de atividades onde o desenho

pode se manifestar, com a possibilidade de vários caminhos o desenho não possui uma

única definição, não é somente o manejo do lápis sobre uma superfície, mas carregado de

significados é um meio de conhecimento, expressão e comunicação.

As crianças trabalharam também em atividades e produções coletivas, a faixa etária da

turma do maternal A, tem uma característica física sempre muito presente, o chamado

egocentrismo, que é popularmente conhecido como dificuldade de dividir, emprestar ou

realizar trocas com outras crianças. Isso acontece porque as crianças estão em transição

da fase fálica e aquisição da linguagem oral, então o trabalho coletivo é um exercício para

aprender a respeitar o corpo do amigo e aprender sobre os limites, enquanto produzem

também trabalham outros valores. Segundo Silva (2002), não se pode atentar somente

para o produto final, ou seja, o desenho e obra já prontos, é importante para a criança todo

o processo de criação, todas as ações e acontecimentos capazes de acontecer durante o

desenho. Durante a atividade gráfica em grupo as crianças imaginam e criam situações de

jogos simbólicos e interagem também com os materiais. Aproveitando as produções

coletivas, a exploração de texturas também foi explorada pelas crianças, que desenharam

no chão, pintaram com gelo, cola branca e tinta morna, sentiram o macio, áspero e duro e

fizeram um alto retrato no espelho.

De todos os temas e ilustrações que poderiam ter chamado a atenção dos pequenos, o

que eles mais gostaram foram os chapéus. A brincadeira era fazer de tudo um chapéu, o

prato virou chapéu, o livro, baldinho de areia e qualquer brinquedo era feito de chapéu. O

interesse e brincadeiras da turma sobre os chapéus, fez com que eles fossem parar na

festa junina com a música “Maracangalha” de Dorival Caymmi, o que foi muito importante para o grupo que realizou uma apresentação no dia do evento cultural com brincadeiras e

vivencias que eles já mantinham em sala.

O desenvolvimento do projeto e todo o trabalho realizado com a turma do maternal A, se

apoiou em recursos pedagógicos como: jogos, cartazes, brinquedos e livros, para

desenvolver os conteúdos programáticos previstos segundo o RCNI (1998), respeitando a

faixa etária das crianças e o ritmo individual de cada um, como a oralidade, coordenação

motora fina e grossa, jogo simbólico, noções espaciais e temporais, seriação e

socialização. Assim internalizar e assimilar novas descobertas e vivências é muito fácil e

natural para a criança que aprende enquanto brinca.

Durante o semestre foi desenvolvido um projeto para incentivar o desfralde, todas as

crianças participam, mesmo os que já não usam mais fraldas ou os que ainda não estão

preparados para esse momento. Todos do grupo se envolveram com a história “Da pequena toupeira que queria saber quem tinha feito cocô na cabeça dela” de Werner Holzwarth/Wolf Erlbruch e aprenderam sobre noções de higiene pessoal e como se cuidar

corporalmente.

O desfralde é um processo muito importante no crescimento e amadurecimento das

crianças desta faixa etária, e tem como objetivo principal contribuir de maneira facilitadora

para que as crianças passem pela transição da fralda para calcinha/cueca da maneira mais

natural possível. Durante esse processo o mais importante é perceber o tempo certo para

o inicio do desfralde de cada criança, ter paciência e respeitar o ritmo de cada uma. Com

uma história lúdica e um personagem engraçado é muito mais fácil, pois as crianças se

identificam e ficam motivadas para conseguir também. A cada conquista de um xixi na

privada as crianças fazem festa e ficam ainda mais motivadas, tornando assim o momento

do banheiro muito mais divertido e natural.

Assim como os moradores da cidade da história “Cocô de passarinho”, a turma do

maternal A também furou a sua bolha ao chegar na escola, aprendendo a lidar com as

diferenças e criando estratégias para os problemas encontrados diariamente. O semestre

passou muito rápido, os vínculos de amizade se fortaleceram entre todos e o grupo se

tornou amigo, curioso e com vontade em fazer novas descobertas. Depois de descansar

nas férias a turma voltará para escola cheia de novidades em busca da próxima aventura!

REFERÊNCIAS

BRASIL. MEC – SEF. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: conhecimento de mundo. Volume 3, 1998. BRITO, Teca, Alencar de. Música na educação infantil: Propostas para a formação integral da criança. 2°. Ed. São Paulo: Editora Peiropólis, 2005.

DERDYK. Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 2003. PIAGET, J. Psicologia da inteligência. Rio de janeiro: Zahar, 1977.

SILVA. Silvia Maria Cintra da. A constituição social do desenho da criança. São Paulo: Mercado de Letras, 2002. VELASCO, Casilda Gonçalves. Brincar, o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.