“Uma pirueta Duas piruetas Bravo, bravo Superpiruetas Ultrapiruetas Bravo, bravo Salta sobre

A arquibancada E tomba de nariz Que a moçada Vai pedir bis

Que a moçada Vai pedir bis”

O semestre se encerra, e com isso procuramos registrar todo o nosso percurso até aqui, todas as nossas percepções através do nosso olhar como professoras e através do olhar encantador de cada uma de nossas crianças do Maternal. Tudo o que foi vivido e experimentado.

“A ideia da escuta não é escutar apenas com os ouvidos, mas também você poder entender o que a criança está expressando e colocando no mundo através das suas atividades de criança, o brincar, as artes, o movimento, o corpo, a música, a escrita, a palavra. O tempo inteiro a criança está descobrindo o mundo e se expressando, se colocando.” Antropóloga e pedagoga Adriana Friedmann

O início dele é marcado sempre pela alegria em receber as crianças e também pela ansiedade por parte delas e dos pais, o que nos leva a algumas semanas visando estruturar experiências positivas para que esta nova realidade seja conduzida de modo a construir afeição pela escola e pelos profissionais deste espaço, gerando um ambiente na qual se sintam seguras e acolhidas. Passando assim a explorar o

Relatório de grupo – 1º semestre/2018

Turma: Maternal B

Professora: Elizabeth Fontes Clemente de Souza

Professora auxiliar: Juliana Pertilli

Coordenadora: Lucy Ramos Torres

ambiente e interagir neste novo espaço de convivência com seus pares sem a pressão ou condução direta de nós adultos, criando um local saudável e feliz. Tentamos assim criar um clima de intimidade, respeito e proximidade com os pequenos, interagindo de acordo com a preferência de cada um.

No início do semestre, com cada criança que chegava ao Maternal, descobríamos como as diferenças entre elas seriam muito aproveitadas para a socialização em grupo, e a contribuição que cada um poderia trazer a nossa sala.

Segundo Piaget: “Aprendemos sobre o jeito de ser de cada criança através da forma como se relaciona com seus amigos, seus brinquedos, como manifesta suas vontades e afetos; tolera

suas frustrações, através das primeiras expressões gráficas e da linguagem”.

Nossas brincadeiras foram ficando cada vez mais harmoniosas, o grupo passou a se reconhecer e começaram a surgir as afinidades de gostos e preferências, o que nos proporcionou ter um olhar diferenciado para cada um de nossos alunos e assim trabalharmos com propostas que tivessem significados para cada um deles.

Para Vigotski (2007), a criança ao nascer já está imersa em um contexto social, e a brincadeira

se torna importante para ela justamente na apropriação do mundo, na internalização dos

conceitos desse ambiente externo a ela.

Gostam muito de histórias, de músicas, de representações com fantoches, de dramatizações, de dançar, sendo bastante ativos. Para esta turma as brincadeiras e atividades em grupos, os jogos lúdicos, tem sido de fundamental importância para melhorar a adaptação e a socialização entre eles.

“...o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente a função educativa, o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo...”(KISHIMOTO, 2003, p.37)

Um grupo que gosta de conversar, expressando seus sentimentos, desejos e insatisfações, o que colaborou para criar os laços de afeto e fortalecer as nossas relações através das rodas das conversas e dos nossos combinados produzidos entre todos nós, tornando a convivência de todos muito melhor.

Ao iniciarmos o semestre, a turma ganhou um amigo que começou aos poucos a fazer parte das nossas brincadeiras – Um Palhaço Marionete. Com isso percebemos o interesse da turma pelo mundo encantado do circo: suas cores, suas formas, suas músicas e principalmente seus personagens.

Imaginando, criando e projetando expectativas, a turma se identificou com este universo e cada um escolheu seu personagem favorito, então passou a existir no circo do maternal os palhaços, as bailarinas, os malabaristas, o pipoqueiro, o músico, entre outros neste picadeiro. Assim passamos a brincar de circo e dentro desta brincadeira passamos a criar oportunidades de crescimento e desenvolvimento para cada uma das crianças do grupo, propiciando desenvolver suas habilidades.

Nas realizações das atividades que foram propostas em sala ou fora dela, percebemos a participação ativa de todos, realizando com dedicação e capricho. Gostam de desafios e se sentem felizes em realiza-los.

Vem brincar, que o circo já chegou Vem sorrir, que o circo já chegou

Vem dançar, que o circo já chegou Vamos bater palmas, porque o circo já chegou

Tem muita palhaçada só pra gente ser feliz Tem foca equilibrando a bolinha no nariz

Tem lindas bailarinas Na pontinha dos pés

Pipoca, algodão-doce e picolé

Malabaristas Equilibristas

O circo já chegou

Pretendemos trazer para a sala de aula através deste projeto, um ambiente de magia, colorido, onde cada um pudesse desenvolver sua imaginação e novas experiências, pois o circo é um mundo de arte e onde a alegria está presente a todo instante.

Assim proporcionamos atividades que desenvolvessem o gosto por esta arte, onde houvesse valor e colaboração ao profissional circense, um ambiente com muita música e dança, muitas histórias e pinturas, confecção de diversos materiais, jogos de raciocínios, brincadeiras com fantoches e marionetes, montagens e recortes, expressões corporais e fisionômicas através de espelhos, atividades matemáticas através das diferentes brincadeiras do circo, estimulando assim a integração, socialização, imaginação e estimulo a criatividade.

Trabalhar com esta turma no desenvolvimento deste projeto foi como proporcionar as habilidades artísticas de coordenação, participação e raciocínio. Tivemos muitos momentos significativos com os dias das pinturas, da música, da dança, dia do malabarismo, das atividades ao ar livre, das colagens, onde pudemos jogar, pular, brincar de apresentações, conversar sobre as crianças de circo, sobre como vivem e como crescem. Brincamos de mágicas, de palhaços, de equilibristas, trabalhando sempre para desenvolver a atenção e a percepção em cada um. “[...] a aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimento mental [...]” (VIGOTSKII, 2006, p.115).

Para auxiliar nossas relações e nosso projeto, contamos com a biblioteca da escola, na qual é proporcionada a criança, momentos de leitura, aproximação e reconhecimento de diversos tipos de livros. Este projeto junto à biblioteca da escola estimula o gosto pela leitura, a apropriação de gostos e junto a isso poder compartilhar esta escolha com a família em casa. O desenvolvimento da leitura deve ser estimulado e a participação da família é de suma importância neste processo, para que a criança crie o hábito de leitura.

“O universo infantil é cheio de faz-de-conta e a criança sempre leva para o imaginário seu

mundo real. Daí a importância de que desde pequenas sejam estimuladas a amarem os livros

como forma de incentivar seu potencial criativo”. http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacao-escolar/a-crianca-leitura.htm

Foi em um desses momentos de leitura, escolha e apropriação que a turma encontrou um livro que auxiliou o nosso dia a dia em sala, o nosso projeto e nosso maior reconhecimento pelo ambiente do circo e seus personagens.

Através do contato com este universo as crianças escolheram seus personagens e passaram a vivê-los em sala, brincando, imaginando, criando e descobrindo suas habilidades e seus gostos por eles.

Rubem Alves, psicanalista e educador, certa vez citou que “Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar”.

O desenvolvimento pessoal funda-se em um processo de auto descoberta, onde cada qual tende a tomar consciência do que sabe fazer e do que tem dificuldade, como pode potencializar aquilo que faz bem e conviver, ou diminuir, com efeitos daquilo que tem menos habilidades. O processo de comparação pode ser doloroso, porém é eficaz e, às vezes, inevitável. Porém, atividade lúdica pode compor este processo de comparação de forma agradável, divertida e em clima de camaradagem. Quando a criança joga, ela percebe suas possibilidades e a dos companheiros. (DHOME, 2003. P.124-125).

Em um dia de brincadeiras e descobertas, veio conhecer e assistir aos nossos espetáculos diários dentro do nosso circo imaginário, uma nova amiga: a Manu, que veio prestigiar nossa turma assistindo da arquibancada nossas aventuras e desafios.

Nossa nova amiga veio propor novas descobertas, novas possibilidades e novos rumos ao nosso projeto, trazendo competências como descobrir nosso esquema corporal, organização e lateralidade. Fazendo com que trabalhássemos os cinco sentidos, descobrindo cores através de misturas, sentindo texturas, ouvindo suas histórias de viagens com o circo, sentindo sabores e aromas de diversos ambientes. De acordo com Piaget (2003), o caráter educativo do brincar é visto como uma atividade formativa, que pressupõe o desenvolvimento integral do sujeito quer seja, na sua capacidade física, intelectual e moral, como também a constituição da individualidade, a formação do caráter e da personalidade de cada um.

Com isso, Manu nos sugeriu que criássemos amigos para ela e para a turma através da nossa imaginação e criatividade. Todos se entusiasmaram com a ideia e assim foram surgindo novos amigo como o Balão, a Amora, o DóRéMiFá, o Chocolate, a Jujuba, entre outros, cada um com suas características e formas.

Cantamos com a Manu, brincamos, jogamos, montamos, contamos, inventamos histórias, imaginamos viagens, lemos com ela, corremos, saltamos, equilibramos, entre muitas outras aventuras e desafios que ela nos propôs.

Ela nos contou e cantou que:

Lá no circo tem Anões e trapezistas Palhaços engraçados

E mais de cem artistas Mas o que eu achei Mais interessante?

Mais interessante, É a tromba do elefante! Tromba bonita, Tromba elegante!

Tromba bonita, Tromba elegante!

Com esta turma podemos entender e saborear o significado de saber que o brincar e imaginar é o jeito mais gostoso e rico de se aprender, pois através da brincadeira descobrimos o mundo a nossa volta e conseguimos assim ampliar o conhecimento e concretizar nosso desenvolvimento, sem perder a essência da criança, onde ela pode expressar suas emoções, dúvidas, alegrias, sentimentos, anseios e medos, influenciando nos aspectos cognitivos, sociais e afetivos. Conforme Maluf, 2003, p.21: “Toda criança que brinca tem uma infância feliz, além de tronar-se um adulto muito mais equilibrado física e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidade os problemas que possam surgir no seu dia a dia”. Trabalhando ativamente na construção do imaginário e dando suporte as emoções, despertamos o prazer na participação e no sucesso da proposta pedagógica. Através de muitas brincadeiras e muita imaginação, as crianças tiveram um significativo desenvolvimento motor e cognitivo no qual todos se empenharam em fazer o seu melhor, proporcionando a cada criança um ambiente realmente acolhedor e prazeroso, com muita dedicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL/MEC Parâmetros Curriculares Nacionais. 1998 DHOME, Vânia. Atividade lúdica na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo, Cortez, 2003. MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Atividades lúdicas para educação infantil. Conceitos, orientação e práticas. Petrópolis, Vozes, 2008 PIAGET, Jean. A Psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. VYGOTSKY, Lev Semenovich. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacao-escolar/a-crianca-leitura.htm