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MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
CORDENAÇÃO DE PESQUISAS EM ECOLOGIA
RELATÓRIO DE PESQUISA
Notas sobre a vegetação e a diversidade de plantas em Roraima através do banco de dados do Herbário INPA (1)
(Notes on vegetation and plant diversity in Roraima through Herbarium INPA's database)
Reinaldo Imbrozio Barbosa, Dr.
INPA/CPEC (Base de Roraima) Caixa Postal 96
69301-970 Boa Vista-Roraima-Brasil 0xx-95-623 9433 / [email protected]
Christinny Giselly Bacelar-Lima, MSc.
INPA/GPA Caixa Postal 478
69011-970 Manaus-Amazonas-Brasil [email protected]
Boa Vista – Roraima
07.07.2005
1 Estudo apoiado pelo projeto de pesquisa “Ecologia e Manejo dos Recursos Naturais das Savanas de Roraima”, cadastrado no INPA/COPE, e coordenado pela base do INPA em Boa Vista/Roraima.
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Resumo
Bancos de dados sobre a flora amazônica estão sendo trabalhados
ordenadamente devido à recente informatização dos herbários da região. O fácil
acesso a estes dados auxilia na construção de estudos fitogeográficos e na
seleção de áreas prioritárias para coletas em ecossistemas pouco estudados.
Neste trabalho, foram selecionados os dados da coleção botânica depositada no
Herbário INPA para o estado de Roraima, no extremo norte amazônico. O objetivo
foi o de identificar as principais formações (grupos) vegetais onde os esforços de
coleta foram concentrados, além de fazer associações entre o número de registros
de espécies, gêneros e famílias identificadas para cada um deles. Os principais
resultados indicaram que existem 7906 registros para Roraima situados entre
outubro de 1908 e julho de 2004. Neste número estão incluídos plantas
fanerógamas/criptógamas (7715 registros - 2317 espécies) e fungos (191 – 92
espécies). As famílias botânicas mais representativas foram Rubiaceae (604) e
Fabaceae (531), percorrendo formas de vida que vão desde ervas terrestres de
pequeno porte até árvores. Dos grupos de vegetação definidos neste trabalho, a
concentração de esforços foi maior nas florestas (todos os tipos), com 3729
registros, seguidos das savanas (1842). A espécie arbórea com o maior número
de registros no grupo de vegetação das savanas foi Byrsonima crassifolia (L.)
Kunth (Malpighiaceae), nas campinas/campinaranas foi Humiria balsamifera
(Aubl.) St. Hill (Humiriaceae) e nos sistemas florestais foi Protium unifoliatum
Spruce ex Engl. (Burseraceae). Os resultados indicaram que a região (1) do
extremo sudeste do Estado (ecossistemas de floresta e campina/campinarana),
(2) a do extremo norte/nordeste (floresta e savana de alta altitude) e (3) a do
extremo sudoeste de Roraima (florestas), possuem poucas ou nenhuma coleta
botânica, refletindo o baixo nível de investigação científica e a necessidade de
concentração de esforços nestas regiões.
Palavras-chave: flora amazônica, Amazônia, diversidade de plantas, fitogeografia,
herbário.
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Abstract
Databases on the Amazonian flora are being worked orderly due to the
recent use of computational services in the regional herbariums. The easy data
access aid both the construction of phytogeographical studies and the priority
areas selection for collections in ecosystems without scientific surveys. We
selected the botanical collection data deposited in the Herbarium INPA for the
Roraima’s State, northernmost of the Brazilian Amazonia. The objective was
identifying the main vegetation formations where the collection efforts were
concentrated, and try to do associations among the numbers of registrations and
identified species, genus and families for each one of them. The main results
indicated that there are 7906 registrations for Roraima placed between October,
1908 and July, 2004. In this total are included fanerogamic/criptogamic plants
(7715 registrations - 2317 species) and fungi (191 - 92 species). The most
representative botanical families were Rubiaceae (604) and Fabaceae (531), under
different life forms like terrestrial herbs and tall trees. The concentration of
botanical collect efforts was larger in the forests (all types), with 3729 registrations,
following by the savannas (1842). The tree species with the largest number of
registrations in the savannas was Byrsonima crassifolia (L.) Kunth
(Malpighiaceae), in the campinas/campinaranas was Humiria balsamifera (Aubl.)
St. Hill (Humiriaceae) and in the forest systems was Protium unifoliatum Spruce ex
Engl. (Burseraceae). The results indicated that the areas (1) of the southeastern of
the State (forest and campina/campinarana ecosystems), (2) northernmost (forest
and savanna of high altitude) and (3) southwestern of Roraima (forests), have little
or no botanical collection, reflecting the low level of scientific investigation and the
need of concentration of efforts in those areas.
Key words: Amazonian flora, Amazonia, plant diversity, phytogeography,
herbarium.
4
INTRODUÇÃO
A compreensão da flora amazônica passa, dentre outros indicativos, pela
organização e acessibilidade das informações já obtidas a partir de milhares de
coletas botânicas pretéritas, e depositadas na forma de exsicatas em diferentes
herbários brasileiros e internacionais. O Herbário INPA, do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia, situado em Manaus-AM, é o 5º maior herbário do país,
possuindo uma extensa coleção regional (> 215.000 registros; julho/2004). Ele foi
iniciado formalmente em 28 de julho de 1954 pelo Dr. William Rodrigues a partir
de coletas realizadas na periferia de Manaus, e de uma excursão efetivada em
companhia de Francis Ruellan ao então Território Federal do Rio Branco, hoje
Roraima (W. A. Rodrigues, comunicação pessoal; Coradin, 1978; Sette Silva,
1997; Barbosa & Miranda, 2005). A recente informatização do Herbário INPA vem
permitindo a acessibilidade das informações contidas nas coletas realizadas em
toda a região Amazônica na forma de um grande banco de dados regional. O fácil
acesso a estes dados auxilia na construção de panoramas da diversidade de
plantas e das fitofisionomias amazônicas. Além disto, podem resultar em estudos
sobre a fitogeografia e emitir um retrato sobre a seleção de áreas prioritárias de
coletas em regiões ainda pouco estudadas.
Neste trabalho, como forma de exercício, foram selecionados os dados da
coleção depositada no Herbário INPA, para a região geograficamente definida
pelo estado de Roraima, situado no extremo norte amazônico. O objetivo básico
deste trabalho foi o de identificar as regiões e as fitofisionomias onde os esforços
de coletas foram mais concentrados, as principais famílias, gêneros e espécies
botânicas determinadas nestas fisionomias e, as possíveis regiões onde deve
haver priorização de coletas devido ao baixo nível de conhecimento científico. O
trabalho foi complementado com o cruzamento de diferentes informações contidas
no banco de dados original.
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MATERIAL E MÉTODOS
Área Geográfica do Estudo
O estado de Roraima está situado no extremo norte da Amazônia brasileira
e possui uma área de 224.299 km2 (IBGE, 2002) distribuída em sistemas florestais
(todas as tipologias) e não-florestais (savanas, campinas, etc) de vegetação
(Figura 1). De forma geral, o relevo desta região evolui em altitude do sul, nas
proximidades da calha do rio Amazonas (± 30-40m), para o norte, até alcançar a
Formação Roraima (> 2.000m). Os solos compõem um grande mosaico de
estruturas que vão deste os latossolos que abrangem grande parte das savanas
até alcançar os solos litólicos, representados pelas serras e resíduos rochosos do
Escudo das Guianas (Brasil, 1975). A precipitação pluviométrica aumenta do
sentido nordeste (savanas) em direção ao sul e sudoeste (florestas e
campinas/campinaranas), acompanhando mais ou menos a direção dos ventos
alísios que sopram constantemente neste região do globo (Nimer, 1989). São
encontrados três grandes sistemas climáticos em Roraima segundo a
classificação de Köppen (Barbosa, 1997): (1) Aw, associado à região das savanas,
com precipitações médias anuais de 1100-1700mm, (2) Am, abrangendo a região
de contato das formações florestais com as de savana (1700-2000mm) e (3) Af,
cobrindo as formações florestais do oeste e do extremo sul de Roraima (>
2000mm). Nesta configuração, são encontradas diversas fitofisionomias, dentro
dos grandes sistemas acima descritos, devido à sobreposição de diferentes
gradientes de relevo e solo, associados à história climática e antropogênica local.
Alguns exemplos podem ser dados como ilhas de mata, savanas abertas, florestas
densas, buritizais, savanas arborizadas, mata ribeirinha, florestas de altitude,
áreas desmatadas, etc. (Brasil, 1975). Cada um destes ecossistemas possui
diversidade vegetal específica.
6
Figura 1 – Grandes grupos de formações vegetais (naturais) de Roraima.
Metodologia
Para a confecção do estudo foram resgatados todos os dados provenientes
das exsicatas depositadas no Herbário INPA, com a denominação “Roraima” no
campo-variável definido como “Estado” dentro do programa BRHAMS - Botanical
Research and Herbarium Management System (Filer, 1996). Este programa é um
gerenciador lógico de dados utilizado pelo Herbário INPA, sendo adotado por
quase todos os herbários da Amazônia brasileira (Secco et al., 2003). O Herbário
INPA foi escolhido neste exercício porque, independente da nacionalidade das
excursões científicas com intuito de coletas botânicas em Roraima, a grande
maioria, se não todas, depositaram exsicatas do material coletado naquele
herbário nos últimos 50 anos. Assim sendo, os dados derivados do Herbário INPA
geram ricas informações sobre a flora de Roraima, plenamente satisfatórias para o
cumprimento dos objetivos deste trabalho.
7
Resgatadas todas as informações para Roraima no banco de dados original
do BRHAMS, estas foram transformadas para o formato de planilha eletrônica
para facilitar o trabalho de ordenação das informações. O passo seguinte foi o de
exercitar a correção dos campos (1) “localidade” de coleta, devido a erros na
redação dos nomes das localidades, (2) “município”, a partir da realidade da
divisão municipal atual, (3) nome do “coletor”, para evitar erros de direcionamento
de registros e (4) nome da “família”, “gênero” e “espécie” devido a erros de
digitação. Além disto, também foram verificados e corrigidos registros duplicados,
que apareceram quando a planilha eletrônica foi gerada, e vários pequenos outros
erros que apareceram nos demais campos gerados pelo programa. Por fim, foram
buscadas informações gerais em cada registro para permitir inserir campos
adicionais na planilha como (1) “formas de vida”, para descrever as principais
formas de vida (árvore, arbusto, etc.) de cada espécie de planta, (2) “vegetação-
tipologia”, para indicar a especificidade do ambiente onde o indivíduo foi coletado
(savana antropizada, ilha de mata, floresta ribeirinha, etc.) e (3) “grupo-
vegetação”, que indicou a complexidade do grupo de ecossistemas em que as
espécies se enquadravam (savana, floresta aluvial, floresta montana, etc.),
descrevendo-os como grandes formações vegetais. Isto foi feito a partir das
informações derivadas de cada coletor, e constantes nos registros individuais. O
ANEXO descreve todas as definições especificadas para cada novo campo
gerado no banco de dados.
Para o campo “formas de vida” (formas biológicas ou sinusias), é importante
reconhecer que aquelas denominadas como “árvores” em sistemas de savana não
podiam ser associadas com esta mesma definição em florestas, por causa de
diferenças morfo-estruturais e ecológicas que estas apresentam em cada uma
destas grandes formações. Assim sendo, foi procurado manter a fidelidade do que
havia sido originalmente definido pelos coletores na ficha de campo, intervindo
apenas em casos onde as definições são bem conhecidas pela comunidade
cientifica, mas não estavam contempladas nos registros originais. Nos casos de
dúvidas, especificamente para as formas de vida “árvore” e “arbusto”, foram
utilizadas as informações dos coletores associadas às definições adotadas por
8
Miranda (1998), Miranda et al. (2003) e Barbosa & Miranda (2005), para as
savanas de Roraima, e por Rizzini (1971) e Ribeiro et al. (1999), para as florestas
(forma geral). Todos estes estudos utilizam, de forma geral, adaptações das
definições do modelo adotado por Raunkiaer (1934), e foram usadas com o intuito
de padronizar todo o trabalho. Para generalizações e orientações sobre outras
formas de vida (ervas, epífitas, etc.), foram observadas as definições de Ribeiro et
al. (1999) e os capítulos 5 e 6 do livro de Jacobs (1988). O campo “grupo-
vegetação” foi criado a partir de uma adaptação das definições de classes, grupos,
subgrupos e formações vegetais estabelecidas pelo Manual da Vegetação
Brasileira (IBGE, 1992; p. 13), aglutinando os ambientes detectados pelos
coletores, dentro de grandes formações vegetais brasileiras. Realizada esta etapa,
procedeu-se à construção de gráficos e tabelas que cruzaram as diferentes
informações contidas no banco de dados para responder as seguintes questões:
1. quantos registros válidos para Roraima constam na coleção do Herbário
INPA?
2. como foi a dinâmica e a evolução temporal destas coletas?
3. quais os principais coletores individuais e sua relação com os projetos
sobre a flora de Roraima?
4. quais as principais formas de vida (árvores, arbusto, etc.) determinadas
pelos coletores e como elas estão distribuídas pelas diferentes formações
vegetais?
5. quais as principais famílias, gêneros e espécies de plantas que estão
depositadas na coleção, pelos grandes grupos de formação vegetal?
6. onde estão situados espacialmente os principais esforços de coletas?
7. quais as principais regiões e/ou formações vegetais com baixo esforço de
coletas?
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Distribuição dos Registros
O Herbário INPA apresentou 7906 registros válidos para o estado de
Roraima coletados no período de outubro de 1908 à julho de 2004. Coletas
anteriores a 1954 (ano de criação do Herbário INPA) foram devido a doações e
trocas com instituições parceiras como, por exemplo, o Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. Para este período estão depositadas relíquias de E. Ule (1908 e 1910), J.
G. Kuhlmann (1912-13) e A. Ducke (1933 e 1937), que realizaram coletas
principalmente em localidades situadas nas savanas de Roraima (Barbosa &
Ferreira, 1997). Os picos de coleta identificados na Figura 2 representam o
esforço concentrado de grandes projetos de inventários botânicos regionais que
tiveram representação em Roraima como, por exemplo, (1) Plants of Brazilian
Amazonia, articulado por G. T. Prance e E. Forero ao final dos anos 1960, (2)
Flora do Território de Roraima (Projeto IPEAN-RADAM), gerenciado por J. Murça
Pires ao início da década de 1970, (3) Flora Amazônica e Projeto Maracá em
meados e fins dos anos 1980, respectivamente e, (4) as teses de doutorado de T.
M. Sanaiotti (Sanaiotti, 1996) e I. S. Miranda (Miranda, 1998) em meados dos
anos 1990. Estes últimos projetos aceleraram a curva de registros acumulados ao
longo do período analisado (Figura 3).
Dos 113 coletores individuais registrados para Roraima, os principais foram
(1) G. T. Prance (2231 registros), (2) I. S. Miranda (746), (3) J. Murça Pires (480),
(4) W. Milliken (407) e (5) L. Coradin (373). Embora outros importantes coletores
devam ser citados por sua importância no contexto histórico local, como W. A.
Rodrigues (década de 1950), E. L. Sette Silva (meados dos anos 1980 e início dos
90) e C. A. Cid Ferreira (final dos anos 1980 até o presente), é visível que as
coletas não foram constantes, mas sazonais, e muito dependentes de esforços
externos à Roraima. Em parte porque o processo de estabelecimento de
instituições de pesquisa local é recente, iniciado com a criação do Museu
Integrado de Roraima (MIRR) em 13.02.1985 e, em seguida, com a efetivação da
10
0
150
300
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1958 1963 1968 1973 1978 1983 1988 1993 1998 2003
Ano de Coleta
Col
etas
Anu
ais
Universidade Federal de Roraima (UFRR) em 1990. A outra parte do problema é a
falta de pessoal qualificado (curadores, taxonomistas, técnicos, parabotânicos,
etc.) permanente e vinculado às coleções destas instituições, e que poderiam
estabelecer programas de pesquisa e coleta de dados incorporados às questões
científicas de âmbito local e regional.
Figura 2 - Número de coletas botânicas anuais realizadas em Roraima e depositadas no Herbário INPA (out/1908-jul/2004).
0
1500
3000
4500
6000
7500
9000
pré-1954
1958 1963 1968 1973 1978 1983 1988 1993 1998 2003
Ano
Col
etas
Acu
mul
adas
Figura 3 – Acúmulo do número de registros das coletas botânicas realizadas em Roraima e depositadas no Herbário INPA (out/1908-jul/2004).
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Do total de registros válidos (7906), 7715 (97,6%) foram relativos a plantas
fanerógamas e criptógamas, sendo sete sem nenhum tipo de identificação (todas
briófitas), 331 classificadas apenas até família, 1610 até gênero e 5767 com
identificação completa (Tabela 1). O restante dos registros (191) foi
correspondente aos fungos, uma categoria particular do Herbário INPA, com 12
registros sem qualquer tipo de classificação, 14 até família, 56 apenas com o
gênero e 109 com identificação completa. Destes últimos, foram observadas 92
espécies situadas em 74 gêneros de 19 famílias (Tabela 2). Cento e noventa
registros de fungos foram obtidos a partir de coletas em sistemas florestais por I.
Araújo e colaboradores, em 1977 (ao longo da BR 174), e por M. A. de Jesus, em
1989 (Estação Ecológica de Maracá). Apenas um foi coletado na cidade de Boa
Vista, em 2001, e definido como um indivíduo ruderal. Dadas as devidas
considerações à esta categoria especial, deste ponto em diante será dada ênfase
apenas às plantas fanerógamas e criptógamas registradas no Herbário INPA, para
contextualizar e cumprir o objetivo deste estudo.
Tabela 1 - Número de registros válidos dos depósitos efetuados no Herbário INPA para o estado de Roraima (out 1908-jul-2004).
Sem Família, Sem Sem GêneroGrupos Gênero e Gênero e Espécie e Total
Espécie Definida Espécie Definida Espécie n %
Faner/Cript 7 331 1610 5767 7715 97.6
Fungos 12 14 56 109 191 2.4
Total 19 345 1666 5876 7906 100
12
Tabela 2 - Número de famílias, gêneros e espécies botânicas registradas no Herbário INPA entre out/1908 e jul/2004.
Famílias Gêneros EspéciesGrupos n % n % n %
Faner/Cript 165 89.7 959 92.8 2317 96.2
Fungos 19 10.3 74 7.2 92 3.8
Total 184 100 1033 100 2409 100
Dos 7715 registros válidos para fanerógamas/criptógamas, foram
observadas 2317 espécies botânicas, distribuídas por 959 gêneros de 165 famílias
(ver Tabela 2). Do total de famílias identificadas, o maior número de registros foi
determinado para Rubiaceae (604 registros), Fabaceae (531), Melastomataceae
(322), Poaceae (310) e Cyperaceae (304), acumulando 26,8% dos registros
(Tabela 3). O cruzamento das famílias botânicas, com as formas de vida aqui
definidas, indicou que árvores (2856 registros), ervas terrestres (2065), arbustos
(1391) e lianas (805) foram as que congregaram a maior quantidade de registros
de plantas (92,2%). Poaceae e Cyperaceae são tipicamente famílias de ervas e,
sozinhas, somaram juntas cerca de 8% do total geral de registros. Rubiaceae
dominou as formas arbóreas e arbustivas, enquanto que Fabaceae apresentou o
maior número de registros para lianas (cipós).
Tabela 3 - Número de registros de famílias das plantas fanerógamas e criptógamas, por formas de vida, depositadas no Herbário INPA entre out/1908 e jul/2004.
Formas de VidaFamílias Árvore Erva Arbusto Liana Epífita/ Erva Palmeira Briófita Liquen Indeterm. Total
Terrestre Hemiepífita Aquática n %Rubiaceae 190 124 248 20 22 604 7.83Fabaceae 186 172 66 106 1 531 6.88Melastomataceae 83 39 197 2 1 322 4.17Poaceae 310 310 4.02Cyperaceae 304 304 3.94Caesalpinaceae 144 61 52 5 3 265 3.43Euphorbiaceae 136 28 43 14 9 230 2.98Mimosaceae 147 14 53 10 3 227 2.94Annonaceae 166 16 182 2.36Myrtaceae 108 69 1 3 181 2.35Malpighiaceae 93 37 47 177 2.29Orchidaceae 176 176 2.28Clusiaceae 97 44 15 1 4 161 2.09Chrysobalanaceae 113 30 3 146 1.89Outras (151) 1390 1011 535 585 197 79 38 1 49 3885 50.36Indeterminado 3 2 1 7 1 14 0.18
n 2856 2065 1391 805 374 79 38 7 1 99 7715 -% 37.0 26.8 18.0 10.4 4.8 1.0 0.5 0.09 0.01 1.3 - 100
O somatório dos registros das grandes formações vegetais (savanas,
florestas e campinas/campinaranas) representou 80,2% de tudo o que foi
depositado no Herbário INPA (Tabela 4), refletindo a distribuição destes grandes
grupos de vegetação em Roraima (ver Figura 1). As famílias Poaceae e
Cyperaceae foram mais destacadas no conjunto dos ecossistemas de savanas,
por serem ambientes heliófilos. Além do motivo ecológico, os fortes investimentos
em coletas efetivadas por L. Coradin e I. S. Miranda, ambos associados a
programas de pós-graduação, alavancaram sensivelmente o conhecimento destas
famílias nas savanas locais. A família Fabaceae predominou nas formações de
savana e floresta aluvial, enquanto que Rubiaceae foi mais importante nas
florestas das terras baixas. Outro destaque é a forte presença de Orquidaceae nas
florestas aluvial e montana, o que seria de se esperar para ambientes com alta
umidade e precipitação pluviométrica. Isoladamente, o grande número de registros
verificados para todos os sistemas florestais (48,3%) é explicado pela alta
atividade dos Projetos Maracá (ver Milliken & Ratter, 1989), Flora do Território de
Roraima (Projeto IPEAN-RADAM, ver Brasil, 1975), Flora Amazônica e Plants of
Brazilian Amazonia. Estes projetos também coletaram em outros ambientes, mas
o forte de seu foco foram as florestas de Roraima. As savanas (23,9%) e as
campinas/campinaranas (8,0%) são explicados, principalmente, pelos esforços de
projetos de pesquisa vinculados a sistemas de pós-graduação ao final de década
de 1970 e em meados dos anos 1990 em diante, embora hajam situações
isoladas que ajudem na compilação do total de registros verificados no Herbário
INPA.
Tabela 4 - Número de registros de famílias das plantas fanerógamas e criptógamas, por formação vegetal, depositados no Herbário INPA entre out/1908 e jul/2004.
Grupos de Vegetação
Famílias Savana Floresta Floresta das Floresta Campina/ Brejos e Campo de Planta Ambientes Floresta Outros Indeterm. TotalAluvial Terras Baixas Montana Campinarana Eco. Aquático Altitude Ruderal de Contato Submontana
Rubiaceae 127 105 105 68 54 17 26 5 9 4 13 71 604Fabaceae 195 138 62 29 21 23 6 2 11 6 22 16 531Melastomataceae 101 52 32 58 24 9 26 3 6 1 7 3 322Poaceae 181 19 25 14 1 16 13 13 3 21 4 310Cyperaceae 175 31 10 6 13 24 22 2 1 3 8 9 304Caesalpinaceae 83 83 32 3 27 2 2 14 3 4 5 7 265Euphorbiaceae 33 63 31 33 26 4 12 10 2 4 5 7 230Mimosaceae 39 75 31 18 12 9 5 4 10 3 8 13 227Annonaceae 21 29 52 26 15 7 11 1 7 3 4 6 182Myrtaceae 40 60 16 15 13 3 12 4 3 4 2 9 181Malpighiaceae 56 41 15 5 34 2 5 3 7 2 3 4 177Orchidaceae 7 58 16 61 8 19 3 3 1 176Clusiaceae 15 38 14 30 30 1 17 1 2 9 4 161Chrysobalanaceae 15 39 20 13 34 1 7 10 2 5 146Outras (151) 752 801 628 509 301 229 160 91 83 68 134 129 3885Indeterminado 2 1 1 10 14
n 1842 1632 1089 888 614 346 338 152 150 120 246 298 7715% 23.9 21.2 14.1 11.5 8.0 4.5 4.4 2.0 1.9 1.6 3.2 3.9 100
A distribuição do número de registros, pelas formações vegetais,
associados às formas de vida, está apresentado na Tabela 5. As florestas (todas)
aglutinaram um maior volume de registros situados nas formas de vida arbórea e,
relativamente eqüitativa para ervas terrestres, arbustos e lianas. Nas savanas, o
maior número de registros foi para ervas terrestres, enquanto que
campinas/campinaranas apresentaram um investimento mais equilibrado entre as
formas arbóreas e arbustivas. Esta distribuição de registros de coleta pelas formas
de vida definidas neste trabalho reflete a estrutura vertical de cada um destes
grandes grupos de vegetação de Roraima.
Quanto à espacialização, os registros indicaram que as coletas foram
realizadas em todos os municípios do Estado, seguindo a configuração atual da
divisão municipal. Amajari aparece como o de maior ocorrência de registros (2195
coletas botânicas), principalmente devido ao Projeto Maracá, seguido de Boa Vista
(1008), por causa da proximidade com a capital (Tabela 6). Os municípios de
Caracaraí (590), Alto Alegre (577), Mucajaí (569) e Cantá (445) também figuraram
entre os mais contemplados. Setecentos e trinta e dois registros não continham o
local de procedência e, 154, estavam cadastrados como rios e/ou estradas que
fazem limites entre dois municípios, sendo impossível determinar de que lado da
atual divisão municipal foi realizado a coleta.
A associação das formações vegetais com os municípios representou de
forma consistente a fitogeografia local, refletindo o tipo de vegetação dominante
que cada um possui. A divisão do número de registros pelos municípios também
refletiu três grandes eixos dominantes de coletas: (1) as rodovias federais (BRs
174, 210 e 401). (2) as atuais rodovias estaduais (p. ex. Taiano, Serra da Lua e
Cantá) e (3) a rede hidrográfica, principalmente àquela relacionada aos rios
Branco, Uraricoera, Tacutu e Mucajaí. Este tipo de distribuição é muito comum na
Amazônia brasileira, porque representa a melhor forma de deslocamento entre os
diferentes ambientes ou localidades, já tendo sido anteriormente evidenciado por
Nelson et al. (1990). Entretanto, existe uma carga de coletas vindas de projetos
específicos que fugiram dos eixos mencionados, e acabaram realizando trabalhos
17
de grande importância étnica (registro do conhecimento tradicional) e
fitogeográfica como, por exemplo, aqueles realizados por (1) G. T. Prance nas
regiões de floresta sob domínio dos Yanomami, Sanumá e Yekuana (1960/70) e
(2) W. Milliken, com os Yanomami e Yekuana (1987 e 2002) e, entre os Macuxi,
Wapichana e Ingarikó (1994), nas savanas locais.
Do ponto de vista fitoespacial, Roraima possui investigações muito
pontualizadas, mas que mesmo assim representam, de modo geral, todas as
formações de vegetação locais. Os grandes vazios de informação estão situados
nas regiões (1) do extremo sudeste do Estado (ecossistemas de floresta e
campina/campinarana), (2) extremo norte/nordeste (floresta e savana de alta
altitude) e, (3) extremo sudoeste de Roraima (florestas). Neste último caso, estão
atualmente estabelecidos os municípios de São Luiz do Anauá, Caroebe e São
João da Baliza que, juntos, somam apenas 0,17% (13) do total de coletas
botânicas registradas para Roraima dentro do Herbário INPA. Isto infere a
deficiência de conhecimento dos ecossistemas situados naquela região. As razões
deste baixo nível investigatório nas três regiões acima citadas são (1) o difícil
acesso, no caso dos dois primeiros e, (2) a falta de direcionamento de pesquisas,
no caso do terceiro, visto não haver problemas de acesso rodoviário para este
último.
As terras indígenas, principalmente Yanomami, São Marcos e Raposa-
Serra do Sol, apesar das restrições legais da atualidade articuladas pelo governo
brasileiro a partir do CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético -
www.mma.gov.br/port/cgen/index.cfm), possuem um elevado número de coletas e
informações adquiridas antes das restrições, e totalmente dentro de projetos de
pesquisa sob observação do CNPq. Entretanto, em termos do número de
depósitos efetuados no Herbário INPA, ainda existe carência de informação para
as terras indígenas Wai Wai (extremo sudeste) e Waimiri-Atroari (extremo sul),
embora já haja registro documental para este último grupo, com depósitos
vinculados ao estado do Amazonas (Milliken et al., 1992).
Tabela 5 - Quantidade de registros das formas de vida, por formação vegetal, das plantas fanerogámas e criptógamas depositados no Herbário INPA entre out/1908 e jul/2004.
Formas Formação Vegetal
de Savana Floresta Floresta das Floresta Campina/ Brejos e Campo de Planta Ambientes Floresta Outros Indeterm. TotalVida Aluvial Terras Baixas Montana Campinarana Eco. Aquático Altitude Ruderal de Contato Submontana n %
Árvore 326 781 597 430 253 34 89 40 65 78 46 117 2856 37.0Erva terrestre 1054 204 130 92 80 158 100 70 18 15 91 53 2065 26.8Arbusto 311 256 184 109 198 53 84 32 40 12 57 55 1391 18.0Liana 97 264 130 99 51 21 29 9 26 7 36 36 805 10.4Epífita/Hemiepífita 23 108 39 135 13 4 28 1 7 13 3 374 4.8Erva aquática 79 79 1.0Palmeira 1 6 5 12 10 1 1 2 38 0.5Briófita 7 7 0.09Liquen 1 1 0.01Inderterminado 27 12 4 9 8 3 8 3 25 99 1.3Total geral 1839 1631 1089 886 614 352 338 152 150 120 246 298 7715 100
19
Tabela 6 - Distribuição do total de registros, por formação vegetal e municípios de Roraima (configuração atual), depositados no Herbário INPA entre out/1908 e jul/2004.
Formação Vegetal
Municípios Savana Floresta Floresta das Floresta Campina/ Brejos e Campo de Planta Ambientes Floresta Indeterm. Outros TotalAluvial Terras Baixas Montana Campinarana Eco. Aquático Altitude Ruderal de Contato Submontana n %
Amajari 232 473 437 349 2 193 226 25 52 45 30 131 2195 28.5Boa Vista 538 202 29 24 63 2 17 46 47 40 1008 13.1Caracaraí 32 94 87 309 11 32 25 590 7.6Alto Alegre 156 65 6 270 1 4 46 13 7 3 5 1 577 7.5Mucajaí 19 177 198 30 4 7 1 1 1 35 80 16 569 7.4Cantá 176 21 74 48 33 18 67 2 3 3 445 5.8Pacaraima 145 40 16 30 20 1 10 32 29 16 5 344 4.5Rorainópolis 1 64 47 202 6 10 330 4.3Normandia 190 23 1 15 12 6 247 3.2Uiramutã 109 32 6 6 20 3 10 3 189 2.4Bonfim 151 12 7 1 3 9 4 187 2.4Iracema 1 3 10 117 2 1 1 135 1.7São Luiz 1 8 9 0.12Caroebe 3 3 0.04São João da Baliza 1 1 0.01Outros (1) 28 57 29 36 1 1 2 154 2.0Indeterminado 61 367 145 36 3 10 42 1 5 8 54 732 9.5
Total 1839 1631 1089 886 614 352 338 152 150 120 246 298 7715 100
(1) 12 divisas (rios e/ou estradas) entre municípios conhecidos.
Distribuição de Gêneros e Espécies
O cruzamento dos grupos de vegetação com famílias, gêneros, espécies e
formas de vida auferidas para cada um dos registros documentados no Herbário
INPA, permitiu a compactação das informações. Das dez famílias com maior
número de registros no Herbário INPA, as que apresentaram o maior número de
gêneros foram Rubiaceae (57), Poaceae (55) e Fabaceae (51), com 17% do total
para as plantas fanerógamas/criptógamas (Tabela 7). Da mesma forma que o
número de registros, estes gêneros estavam principalmente distribuídos entre as
seguintes formas de vida: árvores (28,1%) ervas terrestres (24,5%), arbustos
(18,5%) e lianas (12,2%), ficando o restante das formas delimitado por apenas
14% do total observado.
Os gêneros mais representativos da família Rubiaceae foram Psychotria (32
espécies) e Palicorea (9 espécies), da família Poaceae foram Paspalum e
Panicum, ambos com 15 espécies cada e, da família Fabaceae foram Swartzia
(11) e Ormosia (7). O gênero com maior número de espécies de Roraima
depositadas no Herbário INPA foi Miconia (Melastomataceae) com 46 espécies de
plantas distribuídas apenas pelas formas de vida arbórea e arbustiva.
Individualmente, as espécies com maior quantidade de registros foram Byrsonima
crassifolia (L.) Kunth (Malpighiaceae, árvore, 31 registros), Siparuna guianensis
Aubl. (Monimiaceae, árvore, 22), Xylopia aromatica (Lam.) Mart. (Annonaceae,
árvore, 21), Rourea grousordyana Baill. (Connaraceae, arbusto, 21), Protium
unifoliolatum Spruce ex Engl. (Burseraceae, árvore, 19) e Eschweileria pedicellata
(Rich.) S.A. Mori (Lecythidaceae, árvore, 19). As demais espécies estavam em
sua maioria representadas por um (1223 espécies - 52,8%), dois (404 - 17,4%) ou
três (243 - 10,5%) registros de coleta, implicando dizer que apenas 19,8% (448)
das espécies congregam 52,1% (3006) dos 5767 registros completos (família,
gênero, espécie). Ou seja, há uma forte concentração das coletas em poucas
espécies, principalmente àquelas pertencentes às formas de vida arbórea.
Tabela 7 – Número de gêneros botânicos associados às famílias com o maior número de registros no Herbário INPA, para Roraima, entre out/1908 e jul/2004.
Formas de Vida
Famílias (1) Árvore Erva Arbusto Liana Epífita/ Erva Palmeira Liquen Indeterm. Total (2)Terrestre Hemiepífita Aquática n %
Rubiaceae 30 15 26 4 12 57 5.9Fabaceae 25 15 17 17 1 51 5.3Melastomataceae 9 8 21 2 1 29 3.0Poaceae 55 55 5.7Cyperaceae 21 21 2.2Caesalpinaceae 17 2 4 2 2 18 1.9Euphorbiaceae 24 7 10 2 9 39 4.1Mimosaceae 17 4 5 2 2 22 2.3Annonaceae 10 6 11 1.1Myrtaceae 11 7 1 1 12 1.3Outras (155) 208 179 136 122 78 39 22 1 7 644 67.2
n 351 306 232 152 78 39 22 1 35 959 -% 28.1 24.5 18.5 12.2 6.2 3.1 1.8 0.1 2.8 - 100
(1) excluidas as indeterminadas (p. ex. Briófitas).(2) o somatório das linhas não corresponde ao total especificado porque vários gêneros se repetem em diferentes formas de vida.
22
Tabela 8 – Número de espécies, por família e formas de vida, das plantas de Roraima depositadas no Herbário INPA entre out/1908 e jul/2004
Formas de VidaFamílias (1) Árvore Erva Arbusto Liana Epífita/ Erva Palmeira Liquen Indeterm. Total (2)
Terrestre Hemiepífita Aquática n %Rubiaceae 52 21 50 5 7 133 5.74Fabaceae 52 42 20 34 147 6.34Melastomataceae 36 12 58 2 107 4.62Poaceae 122 122 5.27Cyperaceae 74 74 3.19Caesalpinaceae 43 14 16 1 2 76 3.28Euphorbiaceae 40 13 20 7 6 86 3.71Mimosaceae 45 3 15 2 2 67 2.89Annonaceae 36 7 43 1.86Myrtaceae 36 8 44 1.90Outras (155) 481 316 176 214 168 20 22 1 23 1418 61.20
n 821 617 370 265 168 20 22 1 40 2317 -% 35.3 26.5 15.9 11.4 7.2 0.86 0.95 0.04 1.7 - 100
(1) excluidas as indeterminadas.(2) o somatório das linhas referentes às famílias é diferente do total apresentado porque algumas espécies foram descritas como, porexemplo, árvores por alguns coletores em ambientes de savana e, arbustos, quando encontradas em ambientes de contato ou florestais.
Tomando como base a quantidade de registros das espécies distribuídas
nas formações vegetais, foi possível identificar algumas que provavelmente
indiquem os ambientes. Mesmo entendendo que a maior quantidade de registros
de coleta de uma espécie necessariamente não expressa uma relação direta de
especificidade com o ecossistema, esta foi uma das formas de tentar refletir a
distribuição das espécies pelas grandes formações de vegetação em Roraima.
Assim sendo, foi tomado como exercício a forma de vida “arbórea” das principais
formações, visto que representa o maior número de registros (38,0%) e de
espécies (35,4%) de todas as definidas neste estudo.
As espécies arbóreas com o maior número de registros para as (1) savanas
foram Byrsonima crassifolia (L.) Kunth (Malpighiaceae) e Antonia ovata Pohl.
(Loganiaceae), (2) para florestas aluviais Protium unifoliolatum Spruce ex Engl.
(Burseraceae) e Genipa americana L. (Rubiaceae), (3) para florestas das terras
baixas Tetragastris panamensis (Engl.) Kuntze (Burseraceae) e Pradosia
surinamensis (Eym.) Penn. (Sapotaceae), (4) para florestas montanas Eschweilera
roraimensis Mori (Lecythidaceae) e Virola theiodora Warb. (Myristicacea), (5) para
florestas submontanas Licania discolor Pilger (Chrysobalanaceae) e Protium
unifoliolatum Spruce ex Engl. (Burseraceae) e (6) para campinas/campinaranas
Humiria balsamifera (Aubl.) St. Hill (Humiriaceae) e Pagamea coriaceae Spruce ex
Benth. (Euphorbiaceae) (Tabela 9). Embora sem associação de valores
quantitativos de abundância de espécies, área basal e/ou biomassa por unidade
de área, este resultado apresenta um bom indicativo das espécies arbóreas
presentes nas grandes formações vegetais de Roraima, pois reflete vários
inventários florísticos realizados ao longo destes últimos anos, com um número de
depósitos no Herbário INPA que alcança quase 8000 registros.
24
Tabela 9 - Principais formações vegetais e as espécies de plantas arbóreas com maior número de registros no Herbário INPA, para Roraima, entre out/1908 e jul/2004.
Formações Espécies Famílias Número de
Vegetais RegistrosByrsonima crassifolia (L.) Kunth Malpighiaceae 17Antonia ovata Pohl. Loganiaceae 13Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Annonaceae 9
Savana Curatella americana L. Dilleniaceae 9Hirtella paniculata Sw. Chrysobalanaceae 8Anadenanthera peregrina (L.) Benth. Mimosaceae 8Byrsonima coccolobifolia Kunth. Malpighiaceae 6Bowdichia virgilioides H. B. K. Fabaceae 6Humiria balsamifera (Aubl.) St. Hill Humiriaceae 14
Campina/ Pagamea coriacea Spruce ex Benth. Euphorbiaceae 11Campinarana Pagamea guianensis Aubl. Euphorbiaceae 5
Iryanthera campinae W.A. Rodrigues Myristicaceae 5Catostema sclerophyllum Ducke Bombacaceae 5Tetragastris panamensis (Engl.) Kuntze Burseraceae 7Pradosia surinamensis (Eym.) Penn. Sapotaceae 7
Floresta das Duguetia lepidota (Miqquel) Pulle Annonaceae 7Terras Baixas Rudgea crassiloba (Benth.) Robinson Rubiaceae 6
Crepidospermum goudotianum (Tul.) Triana & Planch. Burseraceae 6Clavija lancifolia Desf. subsp. chermontiana (Standl.) Stahl. Theophrastaceae 6Protium unifoliolatum Spruce ex Engl. Burseraceae 10Genipa americana L. Rubiaceae 9
Floresta Siparuna guianensis Aubl. Monimiaceae 8Aluvial Macrolobium acaciifolium (Benth.) Benth. Caesalpinaceae 8
Licania apetala (E. Mey) Fritsh Chrysobalanaceae 8Isertia parviflora Vahl. Rubiaceae 8Licania discolor Pilger Chrysobalanaceae 3
Floresta Protium unifoliolatum Spruce ex Engl. Burseraceae 2Submontana Amphirrhox longifolia (St. Hil. ) Spreng. Violaceae 2
Caryocar villosum Pers. Caryocaraceae 2Floresta Eschweilera roraimensis Mori Lecythidaceae 8Montana Virola theiodora Warb. Myristicaceae 6
Alexa canaracunensis Pittier Fabaceae 5
25
CONCLUSÕES
. As informações contidas no banco de dados do Herbário INPA até
julho/2004 (fanerógamas/criptógamas e fungos), com quase 8000 depósitos
registrados, apresentam um retrato da diversidade de plantas, formas de vida,
fitogeografia regional e espacialização dos esforços de coleta pretéritos.
. As regiões de Roraima onde as pesquisas de reconhecimento da
flora regional (inventários florísticos), ecologia vegetal e uso dos recursos pelas
populações tradicionais, devem ter um maior investimento o (1) extremo sudeste
do Estado (ecossistemas de floresta e campina/campinarana), (2) o extremo
norte/nordeste (floresta e savana de alta altitude) e (3) o extremo sudoeste de
Roraima (florestas).
. A carência de profissionais qualificados nas instituições de pesquisa
locais (MIRR e UFRR) é um dos fatores da baixa quantidade de pesquisas
científicas relacionadas ao reconhecimento e ao uso dos recursos vegetais
regionais.
. Há uma forte concentração das coletas em poucas espécies,
principalmente àquelas pertencentes às formas de vida arbórea.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi apoiado pelo projeto “Ecologia e Manejo dos Recursos
Naturais das Savanas de Roraima”, vinculado à base de pesquisas do INPA, em
Boa Vista, Roraima. O Dr. Carlos Henrique Franciscon (curador do Herbário INPA)
e a Técnica Márcia Carla Ribeiro da Silva (INPA/CPBO) deram todo o apoio ao
desenvolvimento do trabalho, facilitando o acesso ao banco de dados daquela
instituição, e prestando as informações pertinentes ao bom andamento deste
trabalho. A Dra Gislene de Almeida Carvalho (GPA/INPA) autorizou C. G. Bacelar-
Lima para participar da execução deste trabalho.
26
LITERATURA CITADA
Barbosa, R.I. 1997. Distribuição das chuvas em Roraima. In: Barbosa,R.I.; Ferreira,E.J.G.; Castellon,E.G. (eds.), Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima. Manaus, INPA. pp. 325-335. Barbosa, R.I.; Ferreira, E. 1997. Historiografia das expedições científicas e exploratórias no Vale do Rio Branco. In: Barbosa,R.I.; Ferreira,E.J.G.; Castellon,E.G. (eds.), Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima. Manaus, INPA. pp. 193-216. Barbosa, R.I.; Miranda, I.S. 2005. Fitofisionomias e diversidade vegetal das Savanas se Roraima. In: Barbosa, R.I.; Xaud, H.A.M; Costa e Souza, J.M. (eds.), Savanas de Roraima: Etnoecologia, Biodiversidade e Potencialidades Agrossilvipastoris. Boa Vista, FEMACT. 202p. Brasil 1975. Projeto RADAMBRASIL. Levantamento de Recursos Naturais, Volume 8. Ministério das Minas e Energia. Rio de Janeiro. 428p. Coradin, L. 1978. The grasses of the natural savannas of the Federal Territory of Roraima, Brazil. New York Botanical Garden. PhD Thesis. 333p. Filer, D. 1996. Botanical Research and Herbarium Management System. Oxford, Department of Plant Sciences. Oxford University. Jacobs, M. (1988). The tropical rainforest – a first encounter. Spring-Verlag. IBGE 1992. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Manuais Técnicos em Geociências no 1. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 92p. IBGE 2002. Anuário Estatístico 2002 (volume 62). Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Milliken, W.; Ratter, J.A. 1989. The Vegetation of the Ilha de Maracá / Projeto Maracá 1987-1988 (Botânica). Royal Botanic Gardens, Edingurgh & Kew. 277p. Milliken, W.; Miller, R.P.; Pollard,S.R.; Wandelli, E.V. 1992. Ethnobotany of the Waimiri Atroari indians of Brazil. Kew, Royal Botanic Gardens. 146p. Miranda, I.S. 1998. Flora, fisionomia e estrutura das savanas de Roraima, Brasil. Tese de Doutorado. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia / Universidade do Amazonas, Manaus. 186p. Miranda, I.S.; Absy, M.L.; Rebelo,G.H. 2003. Community strucuture of woody plants of Roraima savannahs, Braszil. Plant Ecology, 164: 109-123.
27
Nelson, B.W.; Ferreira, C.A.C.; Silva, M.F.; Kawasaki, M.L. 1990. Endemism centres, refugia and botanical collection density in Brazilian Amazonia. Nature 345: 714-716. Nimer, E. 1989. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 422p. Ribeiro, J.E.L.S. e 13 colaboradores. 1999. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. Manaus, INPA. 816p. Raunkiaer,C. 1934. The life form of plants and statistical plant geography. New York, Oxford University Press. 632p. Rizzini, C.T. 1971. Árvores e madeiras úteis do Brasil: Manual de dendrologia brasileira. São Paulo, Editora Edgar Blücher. 296p. Sanaiotti, T.M. 1996. The woody flora and soils of seven Brazilian Amazonian dry savanna areas. Tese de Doutorado. University of Stirling, Escócia. 145p. Secco,R.S.; Martins da Silva, R.C.V.; Ferreira, C.A.C.; Sarquis, R.; Filer, D.; Duarte, J.R.M. 2003. Informatização dos herbários amazônicos – gerenciamento, integração e utilização da informação. In: Jardim, M.A.G.; Bastos, M.N.C.; Santos, J.U.M. (eds.), Desafios da Botânica Brasileira no Novo Milênio: Inventário, Sistematização e Conservação da Diversidade Vegetal, Belém-PA. p. 66-74. Sette Silva, E.L. 1997. A vegetação de Roraima. In: Barbosa,R.I.; Ferreira,E.J.G.; Castellon,E.G. (eds.), Homem, Ambiente e Ecologia no Estado de Roraima. Manaus, INPA. pp. 401-415.
28
ANEXO (Definições adotadas)
1. Conceitos adotados nas definições do campo “formas de vida”. Neste item,
as definições de árvore e arbusto de savanas foram adotadas a partir dos
trabalhos de Miranda (1998), Miranda et al. (2003) e Barbosa & Miranda
(2005). As mesmas definições para sistemas florestais foram derivadas de
Rizzini (1971) e, as demais formas de vida foram categorizadas tomando-se
como base o trabalho de Ribeiro et al. (1999) e Jacobs (1988).
a. Árvore – para florestas, vegetal dotado de tronco individualizado,
exigindo-se que ultrapasse os 6-7m de altura quando adulto; para
savanas, todo vegetal lenhoso de tronco individualizado acima de 2m
de altura.
b. Arbusto – para florestas, vegetal lenhoso com ramificação (não
obrigatória) nas proximidades do solo, com altura inferior a das
árvores; para savanas, a mesma definição, e altura abaixo de 2m.
c. Erva Terrestre – plantas terrestres com caule não lenhoso, sendo
geralmente de pequeno porte. As famílias Poaceae e Cyperaceae
são muito abundantes nesta forma de vida.
d. Erva Aquática - plantas que vivem dentro d’água ou em ambientes
muito encharcados, com caule não lenhoso.
e. Lianas (Cipós) – plantas lenhosas que nascem no solo e sobem em
árvores e arbustos que são usados como suporte.
f. Epífitas/Hemiepífitas – epífitas são plantas geralmente herbáceas
que usam outras plantas para sustentá-las e não possuem ligação
com o solo; as hemiepíficas possuem a mesma definição, porém
possuem alguma ligação com o solo. Neste grupo foram incluídas as
orquídeas, as bromélias e as aráceas.
29
g. Palmeiras – é inclusa no grupo das árvores, mas foi separada
propositadamente neste estudo para dar maior visibilidade a esta
forma.
h. Briófitas – plantas criptógamas, como musgos, que vivem
associadas a ambientes úmidos e/ou a vegetais superiores.
i. Liquens – associação de alga/fungo; inclusa no grupo das plantas
criptógamas.
j. Fungos – indivíduos classificados dentro do Reino Fungi, e que não
possuem atividade fotossintética.
2. Conceitos adotados nas definições do campo “vegetação”. Este campo foi
gerado a partir das informações provenientes dos próprios coletores, e
inseridas no banco de dados original. Ele foi ajustado dentro de definições
gerais para que pudesse contemplar todas os ambientes mencionados.
a. Afloramento rochoso – afloramentos rochosos situados em qualquer
ambiente vegetal.
b. Brejo (floresta, savana, campina/campinarana, altitude) – áreas
alagadas sazonalmente, independente das formações vegetais.
c. Campo de altitude – campos rupestres, relíquias ou refúgios
ecológicos de alta altitude, quase sempre acima de 1000m.
d. Campina/campinarana – vegetação arbóreo-arbustiva situada sob
solos de areia branca e encharcados no período chuvoso; são as
caatingas amazônicas.
e. Ecossistemas aquáticos – lagos e lagoas situadas em qualquer
sistema.
f. Floresta de altitude – vegetação florestal situada em dois momentos,
< 600m (submontana) e acima de 600m (montana).
g. Floresta de ilhas de mata – pequenas manchas de floresta
encontradas nas regiões de savana (geralmente são semideciduais).
30
h. Floresta de terra-firme – qualquer floresta estabelecida em terrenos
não-alagáveis.
i. Contato floresta/savana – ecossistema de tensão ecológica entre
sistemas de floresta de terra-firme e savanas.
j. Contato floresta/vegetação secundária de floresta - ecossistema de
tensão ecológica entre sistemas de floresta de terra-firme e
vegetação secundária (florestal ou savana).
k. Contato vegetação ribeirinha/floresta de terra-firme - ecossistema de
tensão ecológica entre sistemas de vegetação ribeirinha (alagáveis)
e floresta de terra-firme.
l. Contato savana estépica/vegetação ribeirinha - ecossistema de
tensão ecológica entre savana estépica (árida de altitude) e
vegetação ribeirinha (alagáveis).
m. Plantas ruderais – plantas associadas ao uso humano e, pelo
homem cultivada sob seu domínio.
n. Contato vegetação ribeirinha/savana - ecossistema de tensão
ecológica entre sistemas de vegetação ribeirinha (alagáveis) e
savana.
o. Savana (forma geral) – todos os tipos de savanas não especificados,
mas situados abaixo de 600m.
p. Savana estépica (forma geral) – savanas áridas situadas acima de
600m de altitude, sem especificação da tipologia.
q. Savana antropizada – modificada pela ação humana.
r. Savana florestada - com tipologia florestada; por definição, deveria
possuir 50-90% de cobertura de copa.
s. Savana arbórea – com tipologia arborizada; por definição, deveria
possuir 20-50% de cobertura de copa.
t. Savana parque - com tipologia parqueada; por definição, deveria
possuir 5-20% de cobertura de copa.
31
u. Savana gramíneo-lenhosa - com tipologia associada aos campos
limpo e sujo; por definição, deveria possuir < 5% de cobertura de
copa.
v. Vegetação secundária (não especificada) – ambiente em fase de
sucessão secundária, sem formação vegetal original especificada
pelo coletor.
w. Vegetação secundária de altitude (não especificada) - ambiente em
fase de sucessão vegetal secundária em região de altitude, mas não
especificada pelo coletor.
x. Vegetação secundária de floresta de terra-firme – ambiente em fase
de sucessão vegetal secundária em região de floresta de terra-firme.
y. Vegetação secundária de floresta de altitude - ambiente em fase de
sucessão vegetal secundária em região de floresta de altitude.
z. Vegetação secundária de savana (forma geral) - ambiente em fase
de sucessão vegetal secundária em região de savana não
especificada pelo coletor.
aa. Vegetação secundária de savana de altitude (estépica) - ambiente
em fase de sucessão vegetal secundária em região de savana árida
e de altitude.
bb. Vegetação ribeirinha (não especificada) - ambiente associado às
margens de rios e igarapés, mas não especificado pelo coletor.
cc. Vegetação ribeirinha de floresta de altitude - ambiente florestal
associado às margens de rios e igarapés.
3. Conceitos adotados para o campo “grupo-vegetação”. Aqui as definições
foram derivadas de IBGE (1992; p. 13), no sentido de padronizar os
grandes grupos de formação vegetal, visto que havia uma série de
ambientes específicos que foram definidos pelos coletores, mas não se
enquadravam em nenhum sistema de classificação ordenado. Assim sendo,
vários ambientes definidos no item 2 deste ANEXO foram aglutinados nas
formações vegetais abaixo descritas.
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a. Savana – todos os ambientes associados às letras o/p/q/r/s/t/u/z/aa
dos itens acima mencionados, e pertencentes aos subgrupos
florestais, arborizados, parqueados e gramíneo-lenhosos, definidos
pelo IBGE (1992), independente da altitude ou se a paisagem é
estépica (árida) ou não.
b. Floresta aluvial – todos os ambientes associados às letras n/k/bb/cc,
independente dos subgrupos de formações (densa, aberta,
semidecidual e decidual), presente nos terraços aluviais dos flúvios
(matas de várzea, igapó ou qualquer outro ambiente florestal situado
às margens de rios e igarapés). Também independente da altimetria.
c. Floresta das terras baixas – ambientes definidos nas letras h/x,
independente dos subgrupos de formações (densa, aberta,
semidecidual e decidual). Correspondente às florestas de terra-firme
situadas abaixo de 100m de altitude.
d. Floresta submontana - ambientes de terra-firme definidos nas letras
f/y, com altimetria entre 100-600m, independente dos subgrupos de
formações (densa, aberta, semidecidual e decidual).
e. Floresta montana - ambientes de terra-firme definidos nas letras f/y,
com altimetria superior a 600m, independente dos subgrupos de
formações (densa, aberta, semidecidual e decidual).
f. Campinas/Campinarana - vegetação arbóreo-arbustiva situada em
solos arenosos, como o podzol hidromórfico ou as areias quartzozas
hidromórficas, com elevação do nível do lençol freático no período
chuvoso (letra d), independente da inserção nos subgrupos de
formações florestada, arborizada e gramíneo-lenhosa, definidos pelo
IBGE (1992).
g. Campo de altitude - campos rupestres, relíquias ou refúgios
ecológicos de alta altitude, quase sempre acima de 1000m (letra c)
h. Ambientes de contato – todos aqueles associados às letras g/i/j/l.
i. Plantas ruderais – definidas na letra m.