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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA- UVA MÁRCIO MOREIRA LEITE RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA PEDAGÓGICA II

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relatório de conclusão da disciplina de prática pedagógica 2

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA- UVA

MÁRCIO MOREIRA LEITE

RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA PEDAGÓGICA II

Rio de Janeiro

2015.1

MÁRCIO MOREIRA LEITE

RELATÓRIO FINAL DEPRÁTICA PEDAGÓGICA II

Relatório apresentado como um dos requisitos de avaliação da disciplina Prática Pedagógica II, da Universidade Veiga de Almeida, ministrada pela Professora Rosiléa Amatto.

Rio de Janeiro 2015.1

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, criador, sustentador, e que me dá ânimo, força, e

me capacita a exercer todas as atividades que me são propostas no dia a dia. Sem Ele em

minha vida, nada seria. Obrigado, Senhor, por todos os benefícios que me tem feito.

À minha família e à minha noiva, Rosângela, que sempre me apóiam em tudo, e me

fazer perceber que sou capaz.

Aos meus amigos que me apoiaram nesta empreitada.

À Diretora da Escola Municipal Padre Leonel Franca, Srª. Simone Ayres da Silva, e

à coordenadora do Instituto Congregacional de Nilópolis, Hortência Neves, por suas presteza

e cordialidade em me receber para o exercício da disciplina Prática Pedagógica.

À professora Rosiléa que, não somente com as orientações a cerca do preenchimento

deste relatório, mas também com todo o conteúdo ministrado durante o curso, conteúdo este

que contribuiu significativamente para a formação profissional e intelectual de todos quanto

se propuseram a absorver o que era cuidadosamente e empolgantemente ministrado, e

principalmente, pela sua intensa demonstração, não fingida, nem forçada, de amor e emoção,

que demonstra o prazer de estar na sala de aula. Sua forma de agir, falar, e lecionar, fez-me

perceber, de forma mais intensa, que fiz uma excelente escolha ao ingressar no curso de

licenciatura, almejando o nobre ofício do magistério.

“Se o trabalho do professor, de uma

forma geral, é um trabalho difícil, mais difícil ainda é o trabalho do professor de Língua Portuguesa. Não tem nada pior do que tentar ensinar a alguém, algo que ele acha que sabe, porque fala.”

(Celso Thompson)

SUMÁRIO

1 – Introdução ..............................................................................5

2 – Entrevistas........... ....................................................................6

2.1 – Escola Municipal Padre Leonel Fraca ........................6

2.1.1 – Diretora: Simone Ayres da Silva .................6

2.1.2 – Professor: Paulo Henrique da Silva Araújo..9

2.2 – Instituto Congregacional de Nilópolis .......................11

2.2.1 – Coordenadora: Hortência Neves .................11

2.2.2 – Professora: Rosãngela Rangel .....................13

3 – Conclusão ................................................................................18

1 – INTRODUÇÃO

Este trabalho consiste em um relatório que tem por objetivo relatar as entrevistas

realizadas e experiências vivenciadas nas unidades escolares visitadas, e cumpre exigência da

disciplina de Prática Pedagógica 2, do curso de licenciatura da Universidade Veiga de

Almeida (UVA), no período letivo de 2015.1.

Através deste relatório, estaremos analisando o perfil dos profissionais entrevistados,

expressando seus pontos de vista a cerca de facilidades e dificuldades encontradas no

exercício da profissão, bem como, entender como estes fatores são determinantes no

desenvolvimento da proposta pedagógica desenvolvida em cada instituição, dentro de seus

seguimentos do ensino (fundamental, médio, técnico-profissionalizante, educação especial,

etc.).

Para tanto, me utilizarei de informações coletadas através de entrevistas feitas com

um professor e um funcionário administrativo de cada uma das duas unidades escolares

visitadas, uma pública, Escola Municipal Padre Leonel Fraca, e outra privada, Instituto

Congregacional de Nilópolis (CETECON KAPPA), onde, durante visita guiada, pude

conhecer o espaço escolar, bem como, observar e obter informações a cerca das atividades

desempenhadas pelas instituições.

A estrutura deste trabalho consistirá de, primeiramente, uma exposição, na forma de

texto expositivo, onde será relatada a integra de cada entrevista, onde poderemos observar, de

forma individual, a visão de cada profissional entrevistado, bem como, a sua visão a cerca de

como o seu trabalho se articula com a proposta pedagógica da escola e do país, de uma forma

geral. Posteriormente, será apresentada uma análise crítica e comparativa, do ponto de vista

do autor, o mesmo que vos escreve, a cerca das informações obtidas nas entrevistes, e de tudo

quanto foi observado durante as visitações.

Não é intenção deste relatório, de modo algum, exaltar, denegrir, ou fazer juízo de

valores de qualquer instituição ou profissional da educação. Todas as informações constantes

deste relatório visam apenas uma análise comparativa que permita compreender a diversidade

de situações encontradas no campo pedagógico, e as diversas formas utilizadas para tratar a

problemática encontrada em cada caso específico.

Sigamos, então, ao relatório.

2 – ENTREVISTAS

2.1 – Escola Municipal Padre Leonel Franca

A eEscola Padre Leonel Franca é uma escola municipal, mantida pela Prefeitura

Municipal do Rio de Janeiro, situada à Avenida Canal, s/n, Realengo, Rio de Janeiro, RJ.

Nesta escola, fui atendido pela diretora, Srª. Simone Ayres da Silva, matrícula municipal

11/170142-4 que, além de me conceder a entrevista, guiou-me pela unidade escolar, e indicou

o professor Paulo Henrique da Silva Araújo, matrícula municipal 10/162461-8, para que,

também, me concedesse a entrevista, conforme solicitado. Vale ressaltar que a Coordenação

pedagógica da escola está a cargo da Srª Vasti Soares Almeida.

Vejamos as entrevistas:

2.1.1 – Diretora: Simone Ayres da Silva

Márcio: Qual a sua formação acadêmica?

Simone: Eu sou formada em Estudos Sociais com especialização em História,

porque quando eu cursei a faculdade, a ditadura já tinha sido oficialmente encerrada, mas

alguns cursos ainda estavam juntos, pois no período da ditadura eles juntaram História e

Geografia para ter um maior controle do conteúdo. A separação ocorreu quando eu estava no

meio do curso, e eu optei por fazer minha especialização em História

Márcio: Há quanto tempo exerce a função de diretora escolar?

Simone: Desde 2012

Márcio: Lecionou durante muito tempo?

Simone: Eu ainda leciono! Eu tenho 20 anos de magistério. É que eu tenho duas

matriculas; aqui eu sou diretora, e em Duque de Caxias eu sou professora.

Márcio: Tem experiência, também, no ensino privado, ou só no ensino público?

Simone: Somente no ensino público.

Márcio: Quais as maiores dificuldades encontradas no desempenho da sua função,

tento como diretora, quanto como professora?

Simone: Olha! A participação dos pais está sendo a maior dificuldade hoje. Nós

estamos tendo que assumir o papel da educação, não só da formação, isso já faz bastante

tempo. Além da falta de comprometimento, a questão de valores, eles perderam. Esta é uma

das maiores dificuldades que temos, pois eles vêm sem valor algum, e nós temos que ensinar

a eles esses valores. Quem trabalha com o primeiro seguimento é ainda pior. Tem criança que

chega à escola, sem saber, ao menos, usar o banheiro, e acaba ficando para o professor, até

mesmo, este ensinamento básico. Então a falta de participação dos pais, a falta de

comprometimento dos pais com o estudo dos filhos torna bastante complicado.

Eles acham que tem que dar coisas para os filhos, celular caro, tênis caro, roupas

caras, ao invés de dar atenção. Muitas vezes, pessoas que não têm a mínima condição,

trabalham loucamente para dar um celular de R$1.000,00, um tênis de R$400,00... É uma

inversão total de valores. Antigamente, o pouco dinheiro que se tinha era para comprar

uniforme e livros, porque não era fornecido nada, mas todo mundo andava de uniforme. Hoje,

o uniforme é fornecido gratuitamente, e eles não querem usar o uniforme. É esta inversão total

de valores, e esta falta de participação dos pais, faz com que os alunos não dêem valor algum

à educação.

Márcio: Qual a proposta pedagógica da escola?

Simone: No caso, a gente utiliza a proposta pedagógica do município. O município

utiliza muito a pedagogia de Vigotski, que é a pedagogia da aprendizagem proximal, por isso

utilizamos muito trabalho em grupo. Também utilizamos Piaget. A maior parte da pedagogia

utilizada é Piaget, Vigotski e algumas escolas valorizam também aquela pedagogia da

afetividade, da aproximação, pois de você não conseguir conquistar o aluno, você não

consegue fazer nada.

Márcio: De que maneira você considera que o seu trabalho contribui para a melhoria

da escola?

Simone: Bem, a gente faz trabalho pra caramba! Faz o possível para organizar. Eu

acho que consegui melhorar bastante a escola. Quando eu entrei, a escola era bem

desorganizada, em termo de documentação, em termo de disciplina... Então a gente melhorou

bastante, e eu creio que tenha contribuído bastante para isso. Eu e a minha equipe diretiva

toda, a gente teve que trabalhar muito para colocar a escola no eixo. Isso só foi possível, por

toda a equipe estar em sintonia e falar a mesma linguagem. Ninguém retira a autoridade do

outro.

Márcio: Costuma se manter atualizada? De que forma?

Simone: Sim, eu utilizo a internet, assisto ao jornal televisivo, e quando uma matéria

me chama atenção, busco mais informações sobre o assunto na internet, pois a TV,

geralmente, dá a noticia bem superficial. Leio, ás vezes revistas, às vezes jornais. Não me

prendo a um único meio de atualização não.

Márcio: Tem hábito de leitura de livros, de uma forma geral?

Simone: Tenho hábito de leitura sim! Minha leitura é bastante eclética. Leio, tanto os

livros da minha área, de História, quanto de outros seguimentos, como literatura. Eu só não

sou chegados a livros religiosos. Até leio livros que falam sobre religião de forma científica,

mas não gosto de livros que representem alguma visão religiosa específica. Acho muito

tendencioso.

Márcio: Lembra qual foi o último livro que leu?

Simone: Eu estou lendo o livro “A Segunda Fase” de “Percy Jackman”, e antes dele

eu li “O Símbolo Perdido”, do “Dan Brown”. Em termo de História, ultimamente, eu tenho

lido mais as revistas, que recebemos na escola. As revistas costumam trazer umas pesquisas

com umas contribuições diferentes.

Márcio: Qual a sua opinião sobre o momento atual da educação no Brasil?

Simone: É! Tá complicado! Eu acho que está faltando um meio termo entre o que eu

estudei, que eu também acho que era exagerado, eu estudei ainda na época da ditadura, então

você não podia nada, era um sistema muito complicado mesmo, você não tinha voz, não podia

fazer nada. Aí a gente caiu para onde se pode fazer tudo. Creio que teríamos que evoluir para

um meio termo, onde tivessem direitos e deveres para os dois. Antes, não havia direito

nenhum, agora “o cara pode tudo”, está faltando a questão do equilíbrio. Então está meio

caótico por causa disso. Não sei se é a falência da família, ou a crise econômica que levou a

todo mundo a ter que trabalhar. Mas c complicação está sendo isso: você saiu direto do que

não podia nada, e não podia nada mesmo! E caiu em uma situação onde se pode tudo. Você

tem pouco o que fazer em determinadas situações. Agora que estamos começando a caminhar,

eles fizeram até uma legislação, aqui no município, um regimento, onde você tem algumas

atitudes a serem tomadas, até mesmo retirar o aluno da escola. Porque antes, você tinha que

convencer o responsável, e somente em casos esporádicos isso era possível. Agora, com o

regimento, se o aluno começar a aprontar, você chama o responsável, se não der certo, você

muda ele de turma, muda ele de turno e, se as coisas permanecerem, ele é obrigado a se

transferir para outra escola. Então agora a gente esta começando a se encaminhar para uma

nova situação. Pois antes do regimento, se gerou uma situação de extremo desrespeito, e

desvalorização do professor. O professor não tinha muito o que fazer, a escola não tinha muito

o que fazer, então foi se criando um tipo de pessoa que não tinha respeito por nada e por

ninguém. Hoje, muitas das vezes, eles respeitam mais aos profissionais da escola do que, às

vezes, aos próprios pais. Tem vez que você vai falar com um determinado aluno, vai debater

com ele, às vezes ele até te responde, mas te responde até um determinado limite. Quando os

pais chegam aqui, às vezes xingam, um ao outro, “mandam pra tudo quanto é lugar”, é uma

situação horrorosa. Vejo que, quando chegam a responder a uma pessoa, é porque, dentro de

casa, a situação já está insustentável. Algumas famílias se perderam completamente, do que

diz respeito ao papel de pai, ao papel de mãe. Aí a gente está vivendo esta situação. Não é

nem o caso de separação, porque separação já existe há muito tempo. O caso, agora, é que os

pais estão se separando dos filhos. Antigamente só os pais se separavam, agora se separam,

também, dos filhos. É como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre a criação. É

como se ele deixasse de ser pai, ou ela deixasse de ser mãe. É como eu falei: se os dois não

falarem a mesma língua, o filho “deita e rola”.

2.1.2 – Professor: Paulo Henrique da Silva Araújo

Márcio: Qual a sua formação acadêmica?

Paulo: Licenciatura em História no ano de 1990

Márcio: Quanto tempo atua nesta profissão?

Paulo: 24 anos, comecei em 1991

Márcio: Qual a sua jornada semanal de trabalho?

Paulo: Aqui, no Município, são 30 horas, mas eu tenho outra matrícula, no Estado,

de 16 horas.

Márcio: Você ainda estuda, ou faz algum curso?

Paulo: Atualmente estou fazendo uma pós-graduação em História Cultural, à

distância, pela Universidade Estácio de Sá.

Márcio: O que te levou a escolher a profissão de professor e, mais específico, a área

de história?

Paulo: Eu ter escolhido a área de História, foi uma questão pessoal, uma questão de

gosto, Sempre gostei da disciplina desde a minha época de estudante. Agora, procurar a

profissão de professor, talvez por ser uma das poucas possibilidades na área da História.

Márcio: Qual a maior dificuldade encontrada no exercício da profissão?

Paulo: Eu acho que a maior dificuldade é o desinteresse dos alunos. Os nossos

alunos têm um desinteresse muito grande, o que leva até a uma falta de respeito, uma falta de

consideração pelo teu trabalho, e até pela tua presença na sala de aula.

Márcio: Você conhece o Projeto Político Pedagógico da escola?

Paulo: Sim! O projeto político pedagógico, a escola, aqui, procura atualizar

anualmente, de acordo com a proposta enviada pelo Município. Anualmente é debatido com

os professores e definido um tema norteador. Este ano, por exemplo, devido aos problemas da

falta de água, foi escolhido isto como tema.

Márcio: Quais os recursos didáticos que você utiliza?

Paulo: Basicamente, livro didático e quadro branco.

Márcio: A escola utiliza recurso relacionados à área de informática?

Paulo: Apesar de a gente ter alguns equipamentos nas salas, não estão devidamente

instalados, então temos uma certa dificuldade para utilizar este recursos aqui.

Márcio: A escola tem biblioteca? Como se dá a utilização da mesma?

Paulo: A utilização da sala de leitura é feita de acordo com o interesse do aluno. Se o

aluno está interessado em um livro, ele pode ir lá, solicitar o empréstimo e ficar um

determinado tempo com ele para fazer a leitura. Mas, com o advento da internet, até mesmo a

professora responsável pela sala de leitura tem comentado que a maior procura do espaço tem

sido para utilização do terminal de computador com acesso a internet que está disponível na

sala.

Márcio: Você procura se atualizar? De que forma?

Paulo: Eu assino a Revista Veja, o Jornal O Globo, assisto aos noticiários, da Rede

Globo e da Globo News, basicamente.

Márcio: Tem o hábito de leitura? Lembra qual o último livro que leu?

Paulo: Sim! Sempre que tenho oportunidade procuro ler alguma coisa sobre

literatura, e trabalhos novos que aparecem por aí. O último livro que eu li, tem como título

“Os Inovadores”, fala sobre a questão da implantação da informática, da criação do

computador pessoal, da internet e coisas relacionadas.

Márcio: Qual a sua opinião sobre o momento atual da educação do Brasil?

Paulo: Olha! Eu acho que existe aí uma grande mentira. O governo fala que vai se

voltar para a questão da educação colocou isso até como lema, mas eu não vejo, assim,

nenhuma vontade, nenhuma prática, realmente de estar investindo em educação. Vejo uma

coisa de discurso mesmo, de aproveitar este tema que mexe tanto com as pessoas, que é tão

importante para as pessoas, mas sem uma efetiva atuação para mudar o quadro que a gente

vive hoje em dia.

2.2 – Instituto Congregacional de Nilópolis (CETECON KAPPA)

O Instituto Congregacional de Nilópolis, popularmente conhecido pelo nome

CETECON KAPPA, é uma instituição privada de ensino, situada à Rua Doutor Rufino

Gonçalves Ferreira, 53, Centro, Nilópolis Rio de Janeiro. A escola tem como diretor o Sr. Ary

Gomes da Silva, coordenadora pedagógica, a Srª Edmê Medeiros, e orientadora educacional a

Srª. Maria Angélica.

Nesta escola, entrevistei a coordenadora do 2º seguimento do ensino fundamental, e

ensino médio, Srª. Hortência Neves, e a professora de Língua Portuguesa, Srtª. Rosângela

Rangel. A escolha por entrevistar uma professora de Língua Portuguesa se deu pelo fato de

todos os outros entrevistados terem formação em História. Deste modo, a entrevista com um

professor de outra área vem enriquecer este trabalho com um olhar diferenciado. A escolha

específica pela Língua Portuguesa, ficará clara durante a entrevista.

Vejamos as entrevistas:

2.2.1 – Coordenadora: Hortência Neves.

Márcio: Qual a sua formação acadêmica?

Hortência: Licenciatura em História.

Márcio: Há quanto tempo exerce a função de coordenadora?

Hortência: Como coordenadora estou há 3 anos. Anteriormente atuava, nesta mesma

escola, como professora.

Márcio: Por quantos anos a senhora lecionou?

Hortência: Durante 30 anos.

Márcio: Tem experiência, também, no ensino público, ou somente no privado?

Hortência: Não! Somente no ensino privado.

Márcio: Quais as maiores dificuldade que a Senhora identifica no exercícios das

funções, tanto de ensino, propriamente dito, quanto de coordenação?

Hortência: A maior dificuldade que eu encontro é a falta de relacionamento com os

alunos em relação à indisciplina. A minha dificuldade maior é, realmente, tentar delegar

responsabilidades aos jovens, que hoje está muito complicado. Os pais colocam os filhos nas

suas escolas e acham que toda a responsabilidade da parte educacional dos alunos seja nossa,

mas a educação, ela é dividida entre pais e professores. A gente precisa montar essa aliança,

para que as coisas consigam seguir bem.

Márcio: Qual proposta pedagógica da escola? Ela tenta suprir esta necessidade?

Hortência: A proposta pedagógica da escola, hoje, é colocar os alunos totalmente

integrados às atividades, fazendo com que eles participem, a cada minuto dentro da escola, de

todas as atividades que nela ocorrem.

Márcio: De que maneira você considera que o teu trabalho pode contribuir para a

melhoria da escola?

Hortência: Através de abranger temas que são muito comuns na atualidade, através

de palestras que eu faço em relação à bulling, a anorexia, a discriminação, conscientizando

todos os alunos sobre esses temas. Eu acho que a contribuição não é só minha, como da

instituição também.

Márcio: Na tua opinião, o que é ser coordenadora?

Hortência: Coordenador é orientar, é tentar passar para os profissionais a melhor

forma de se trabalhar com os alunos, é tentar manter a disciplina, tentar fazer com que os

alunos interajam com os professores na sala de aula, montar alianças dentro da própria escola.

Isso é coordenar!

Márcio: Qual a sua opinião sobre o atual momento da educação no Brasil?

Hortência: A minha Opinião? Lastimável! A educação hoje na escola está

muito difícil. Estão exigindo demais do professor e, a cada dia que passa, afunila mais

a educação. Exigem mais do professor e, em relação às instituições, não nos fornecem

condições de trabalho, nem na área privada, nem na área pública. Hoje em dia, o

professor, ele trabalha praticamente sozinho, quando a escola tem que trabalhar de

maneira paralela com o profissional. Hoje em dia, quem faz toda a escola, sozinho, é o

professor. Sozinho, ele carrega toda a instituição. Os critérios de avaliação são muito

modificados, não temos um padrão a seguir, e isso torna muito vulnerável. De que

maneira nós vamos avaliar este aluno? E a conseqüência de tudo isso, é o ENEM, que

nós temos aí; coisas absurdas. Provas de vestibular com redações de uma pessoa que

está ingressando em uma faculdade sem saber escrever. Então, assim, não está

havendo colaboração, não se exige tanto do aluno, mas, em compensação, está se

exigindo demais do professor.

Márcio: Você costuma se atualizar? De que forma?

Hortência: Sim! Dentro do possível. Eu estou sempre em contato com

editoras que passam pra mim todas as informações do momento, principalmente

porque eu trabalho com uma área de multimídia com as editoras, procuro me informar

através de jornais, noticiários, documentários. Então, a escola está sempre recebendo

qualquer tipo de modificação, qualquer tipo de mudança que há dentro da área da

educação, a escola sempre toma conhecimento. A gente participa de alguns

congressos, a gente participa, também, de algumas reuniões, exatamente para discutir a

educação

Márcio: Fora a questão didática. Tem o hábito de ler livros, revistas, etc.?

Hortência: Hoje, eu não tenho muito o hábito de ler muitos livros, mesmo,

pela falta de tempo. Mas o último livro que eu li foi no finalzinho do ano passado.

“Felizes para sempre”, é um livro que não é muito conhecido, é de uma autora daqui,

da baixada fluminense, que em 2014 ganhou o prêmio de literatura da baixada. Uma

das coisas que eu gosto de fazer é trazer estes autores para dentro da escola. Nós

fizemos, no ano passado, uma manhã de autógrafos com a autora Eva de Rossi, que já

é uma senhora, uma professora aposentada que escreve coisas belíssimas, e ela

consegue, dentro de um livro, fazer uma coletânea de todos os assuntos importantes

que cabem a qualquer ser humano, seja qual for a idade. Esse “Felizes para Sempre”,

nós fizemos um trabalho de grupo, com a socióloga da escola, para que todos os

alunos lessem, e a gente fazia uma culminância, e foi muito interessante. Foi o último

livro que eu li, e eu trouxe esta autora aqui para dentro da escola. Foi um dia,

realmente, muito agradável.

2.2.2 – Professora: Rosângela Rangel.

Márcio: Qual a sua formação acadêmica?

Rosângela: Licenciatura em Letras – Português/Literatura.

Márcio: Há quanto tempo você atua como professora?

Rosângela: Há 5 anos.

Márcio: Qual a tua jornada semanal de trabalho?

Rosângela: Hoje, é de 33 horas semanais.

Márcio: Tem experiência tanto no ensino privado, quanto no público?

Rosângela: Comecei no ensino privado. Este ano estou começando a ter

experiência no ensino público em um projeto de monitoria no município de Mesquita.

Márcio: Você ainda estuda?

Rosângela: Sim! Recentemente conclui o curso de LIBRAS no INES, estou

cursando uma pós-graduação em Língua Portuguesa, e fazendo preparatório para

concursos.

Márcio: O que levou você a escolher esta profissão?

Rosângela: Foi um sonho, desde Criança!

Márcio: Pode falar um pouco a cerca deste sonho?

Rosângela: Quando eu tinha 11 ou 12 anos, eu morava em Minas, e no lugar

que eu morava havia muitas crianças, e meu avô tinha comprado para mim um quadro

negro de brinquedo. Então, à tarde, eu levava este quadro negro pra rua e dava aula de

português para as crianças. Era quase todas as tardes. Era como se fosse aula de

reforço. Eu tinha uns 12 anos, e dava aula para umas crianças de 7, 8 anos. Eu lembro

como se fosse hoje, eu ensinava a separar sílabas, monossílabas, dissílabas, trissílabas,

polissílabas, etc. Eu gostava de fazer isso...

Márcio: Então tudo começou com uma brincadeira de criança?

Rosângela: Sim! Como uma brincadeira de criança...

Márcio: Quais as maiores dificuldades que você encontra, hoje, no exercício

da profissão?

Rosângela: Ai... A maior dificuldade? A falta de valorização do professor,

falta de recursos, falta de apoio por parte da direção da escola. São inúmeros fatores,

esses são os principais.

Márcio: As maiores dificuldade, que você considera, então, estão ligadas à

instituição e ao suporte que ela dá ao professor?

Rosângela: Sim!

Márcio: Você conhece o Projeto Político Pedagógico da escola que você

trabalha?

Rosângela: (um breve sorriso) Não! É um documento invisível. Sempre está

em fase de acabamento, tanto na escola privada quanto no Município, também.

Márcio: Quais os recursos didáticos que você utiliza?

Rosângela: Aqui, no ensino privado, somente quadro branco e livro didático.

No público, utilizo as apostilas do projeto de monitoria, quadro branco e datashow

(projetor).

Márcio: A escola utiliza recurso ligados à informática?

Rosângela: Sim!

Márcio: Mas eles estão sempre disponíveis ao professor?

Rosângela: Na escola pública, sim! Está mais acessível. Na privada, não!

Márcio: Como se dá o uso da biblioteca na escola?

Rosângela: Na privada, não! Na pública, sim! Tem sala de leitura que é

utilizada pelos professores.

Márcio: Você procura se manter atualizada? Como?

Rosângela: Eu sinto falta de ter cursos de aprimoramentos, novas técnicas...

Para falar a verdade, eu não me sinto atualizada não.

Márcio: Fora da questão profissional, tem hábito de leitura? Lembra do

último livro que você leu?

Rosângela: Lembro! “As Cinco Linguagens do Amor”, de Gary Chapman. O

livro nos ensina a como lidar com o amor, através do conhecimento próprio, e através

do conhecimento do outro. É uma excelente leitura! Eu recomendo para qualquer

indivíduo.

Márcio: Qual a tua opinião a cerca do atual momento da educação no Brasil?

Rosângela: Totalmente precária, totalmente esquecida. Tanto por parte do

governo, e por nós mesmos, profissionais da educação. Há uma série de fatores que

fazem com que não seja dado valor à educação. Infelizmente!

Márcio: Na tua opinião, como poderia estar melhorando essa situação?

Rosângela: Primeiramente, pela valorização do professor, o professor como

aquele que age tão bem como facilitador na aprendizagem do conhecimento, não como

aquele objeto que é obrigado a fazer com que o aluno venha para a sala de aula.

Márcio: Então, esta valorização que você fala, não é somente na questão

monetária?

Rosângela: Não, não, não! Vai Além. A valorização monetária seria a

consequência.

Márcio: Como você vê a influência da família, e da sociedade em geral, neste

momento atual da educação?

Rosângela: A família não tem dado nenhuma importância à educação. Nessa

geração, a família instrui: “Não deixa este professor ser marrento com você não. Se te

der nota baixa, fala comigo que eu vou lá na escola reclamar.” Enfim, já não tem

valorização por parte da família. Há tempos atrás, a professora era vista como uma

segunda mãe, hoje em dia, não! A sociedade está muito distante da educação. Perdeu a

essência da educação, que é transformar vidas.

Márcio: Como você vê a relação desta escola, CETECON, com a

comunidade?

Rosangela: Como a escola tem cursos técnicos, como o de enfermagem, às

vezes são realizadas algumas atividades para atender à comunidade. Como uma escola

particular, alguns pais até se interessam pela aprendizagem do filho, mais ainda é

pouco. Em uma reunião de pais, de trinta alunos, dez pais aparecem. Ainda é muito

pouco!

Márcio: Você considera que falta a contrapartida da família?

Rosângela: Com certeza! A escola precisa de uma parceria: família,

comunidade, professores, coordenação pedagógica, todo mundo junto.

Márcio: Independente de perguntas há alguma coisa mais que você gostaria

de falar?

Rosângela: Quando a gente começa a trajetória, assim, de ser professor, todo

dia é algo diferente. Coordenador, diretor, creio que em qualquer profissão. Mas,

especificamente na área da educação, nós lidamos com vidas. O professor tem uma

missão enorme, e se as pessoas tivessem, ao menos, um pouco de consciência da

importância do papel do professor na vida do cidadão, as pessoas seriam muito

melhores. Atualmente, na minha vida profissional, trabalhando tanto no ensino

privado, quanto no público, dá para perceber, tanto as diferenças, quanto as

semelhanças. As diferenças, principalmente por causa dos recurso, e as semelhanças

por causa de os alunos estarem muito desinteressados. Eu vejo uma dificuldade de

interpretação, dificuldade em entender o mínimo: saber ler e interpretar o que leu. Do

jeito que está esta geração, daqui a 5 ou 10 anos, o que irá acontecer? Ser professor é,

independente das circunstâncias, acreditar. Acreditar que o papel da educação é

transformar vidas, mesmo com todas essas circunstâncias. Nesses 5 anos de carreira, já

pensei em desistir várias vezes, mas pensando no papel da educação, que é transformar

vidas, vale a pena investir. Mesmo que eu seja uma gotinha no oceano, eu quero

investir, e tentar, pelo menos, salvar uma vida.

Márcio: Pegando um gancho nisso que você falou, eu gostaria que você

comentasse uma frase, que você me fez lembrar, de um professor de História da

UERJ, chamado Celso Thompsom. Ele disse: “Se o trabalho do professor, de uma

forma geral, é um trabalho difícil, mais difícil ainda é o trabalho do professor de

Língua Portuguesa. Não tem nada pior do que tentar ensinar a alguém, algo que ele

acha que sabe, porque fala.”

Rosângela: Verdade! Realmente é uma dificuldade enorme, pois ensinar a

língua materna... A língua portuguesa é muito complexa, e nós não sabemos falar

direito. É um desafio mesmo. É um desafio mostrar as diferenças, a diversidade e as

complexidades existentes na Língua Portuguesa. A questão da fala, a questão da

escrita, a questão da linguagem formal e da linguagem informal, que para eles é tudo

igual, então, assim, é um desafio muito grande.

3 – CONCLUSÃO

Com base nas informações coletadas, podemos ter acesso a diferentes visões.

Tanto da parte de gestão, quanto da parte de coordenação, quanto da parte do próprio

professor. Temos a visão, tanto do professor de História, que é a área a qual estou

cursando, quanto à visão de uma professore de Língua Portuguesa, nossa língua

materna, essencial para o desempenho de qualquer profissão, bem como, para o

relacionamento interpessoal. Temos, também, a visão de professores com mais de 30

anos de carreira, em contraste com a visão de quem está ainda com 5 anos. A visão de

quem só tem experiência em ensino público, a visão de quem só tem experiência no

ensino privado, e a visão de quem tem ambas as experiências. A visão de quem leciona

na zona oeste do Rio de Janeiro, contrastando com a visão de quem leciona na Baixada

Fluminense. E ainda, no caso da Diretora Simone Ayres, a visão de quem vivencia

múltiplas realidades: Diretora na zona oeste, e professora na Baixada Fluminense.

Primeiramente, vamos falar sobre as semelhanças dos discursos:

É fato que as condições de trabalho, tanto nas instituições públicas, quanto

privadas, são os maiores descontentamentos dos profissionais. Seja pela falta de

recursos e apoio, por parte da instituição, seja por causa do ambiente gerado pelo

vácuo que a ausência da família tem deixado no processo educativo.

Vemos, em ambas as instituições, insatisfação quanto ao relacionamento com

a comunidade. Embora na instituição privada ocorra uma certa relação, por meio de

ação social, onde seus alunos da área de saúde são cedidos para atendimentos pontuais

a comunidade, tanto a coordenadora, quanto a professora concordam que ainda é

muito pouco, para uma instituição de ensino.

É unânime a visão de que o processo educacional não tem surtido bons frutos,

principalmente pelo fato de a engrenagem escola/família/sociedade não estar

funcionando como se espera. Também é ponto comum a todos os discursos, a falta de

valorização do professor, tanto junto ás instituições, quanto juntos aos governos,

através das políticas educacionais, quanto junto à sociedade de uma forma geral.

Os pontos divergentes entre as opiniões dos entrevistados, talvez não fique

claro somente através da leitura das entrevistas transcritas. Tem coisa que só se

percebe no contato visual. Sem citar nomes, haja vista que a intenção não é fazer juízo

de valores, nem exaltar ou desprestigiar, pelas expressões apresentadas durante as

entrevistas, pude perceber que, em alguns casos, o comodismo e a conformação com o

quadro apresentado, embora não agrade a ninguém, já fez apagar a esperança de que a

situação possa melhorar, nem que seja um pouco. Posso assegurar que tal postura não

tem haver com tempo de carreira, nem tipo de instituição.

Além destas questões, gostaria de relatar algumas coisas observadas durante

as visitações.

Na instituição privada, pude verificar que eles atuam dentro dos seguimentos

desde a educação infantil, até o ensino médio técnico profissionalizante, tendo cursos

técnicos de enfermagem, edificações, eletrônica e eletrotécnica. São aproximadamente

450 alunos, no total. O colégio conta com estrutura dividida em 2 prédios, sendo um

deles exclusivo para a educação infantil, contanto com refeitório infantil e sala de

ballet. A escola conta com salas de aula e banheiros no andar térreo, que possuem

rampas de acesso, que visam atender às necessidades de alunos cadeirantes, que são

poucos os matriculados

Na escola pública, que funciona em um prédio de 4 pavimentos, não há

rampas de acesso para cadeirantes. A diretora disse que, devido ao prédio ser antigo, é

inviável a construção de rampas para acesso às salas, haja vista que, só existem salas

de aula nos pavimentos superiores. Porém, a escola desenvolve um excelente trabalhos

com DI (deficientes intelectuais) e portadores de TGD (transtornos globais de

desenvolvimento), como autismo, Síndrome de Asperger, etc.

Estes alunos são, primeiramente, encaminhados a classes especiais, aqueles

que conseguem aprender a ler e a escrever, gradativamente, de acordo com suas

condições, são transferidos às classes regulares.

A diretora informou, com certo grau de emoção, que tem interesse de

trabalhar com surdos e deficientes visuais, porém, até o momento, não conta com mão

de obra especializada para tal.

Gostaria de ressaltar o nível de disciplina, e relativa tranqüilidade que pude

verificar nesta escola. Ressalto que estive por algumas vezes na unidade, uma vez em

um contato prévio para me apresentar e expor a atividade que desejava realizar, outra

vez após ter pego a devida autorização junto à CRE, Coordenadoria Regional de

Ensino, quando agendei a visita para a realização das atividades, e o dia em que,

efetivamente, realizei as atividades propostas, e em todos estes momentos, a percepção

foi a mesma. Apesar de, em alguns momentos, ter presenciado um ou outro aluno

sendo chamado atenção, em momento algum os mesmos responderam de forma

desrespeitosa. Até mesmo a forma de se chamar a atenção era diferenciada. Não havia

alteração de tom de voz, o aluno era repreendido, sempre, de forma respeitosa. Em

certo momento, em meio à entrevista com a diretora, uma professora nos interrompeu,

pois trazia dois alunos que a mesma havia tirado da sala por indisciplina. A diretora

me pediu licença, e foi atendê-la. Em meio às conversas, pude ouvir a diretora

perguntar: “você pode me trazer uma atividade para os mesmos fazerem enquanto

estiverem aqui? Eis que a professora respondeu: “Eles já estão com as apostilas em

mãos.”. Isto me demonstrou, na prática, o que a diretora já havia me falado; que o

segredo do avanço conseguido da escola se dava pelo fato de toda a equipe estar

alinhada, e falar a mesma língua. Pude perceber que há um procedimento padrão para

cada situação, o que evita conflitos de autoridade. Autoridade esta que é exercida sem

autoritarismo. Além de o aluno saber que o fato de sua indisciplina poder o retirar da

sala de aula, isso não o eximirá das responsabilidades de cumprir com as atividades.

A escola também tem um projeto em parceria com o curso IBEU, de idiomas,

que ministra curso de inglês aos alunos, dentro das dependências da escola. As vagas

são limitadas, mas com a progressão dos alunos através dos níveis, rotineiramente

surgem vagas nos níveis básicos.

As visitações me fizeram perceber, entre muitas coisas, que o segredo do

sucesso no trabalho em educação, se dá principalmente por intermédio de alguns

passos simples:

Primeiramente, um levantamento preciso dos recursos que se têm disponível.

Posteriormente, em vez de reclamar do que falta, traçar o melhor projeto possível,

valorizando ao máximo tudo o que se tem, mesmo que o que se tenha seja muito

pouco. Associando este projeto a uma equipe comprometida com o trabalho, é só

colocar a mão na massa. O resultado vem.