Relatório do 1º Censo de pombo-torcaz - Governo dos...

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Projeto AZORPI (M2.1.2/I/025/2011) “Ecologia e evolução do pombo-torcaz: ferramentas para uma estratégia de gestão e conservação” Relatório do 1º Censo de pombo-torcaz Columba palumbus azorica (Hartert, 1905) realizado em todas as ilhas do arquipélago dos Açores (outubro/novembro de 2014) Rémi Fontaine, Tiago M. Rodrigues, Amélia Fonseca, Verónica Neves e David Gonçalves Maio 2015

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Projeto AZORPI (M2.1.2/I/025/2011)

“Ecologia e evolução do pombo-torcaz: ferramentas para uma estratégia de gestão e conservação”

Relatório do 1º Censo de pombo-torcaz Columba

palumbus azorica (Hartert, 1905) realizado em

todas as ilhas do arquipélago dos Açores

(outubro/novembro de 2014)

Rémi Fontaine, Tiago M. Rodrigues, Amélia Fonseca, Verónica Neves e David Gonçalves

Maio 2015

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Citação recomendada:

Fontaine, R., Rodrigues, T.M., Neves, V., Fonseca, A. & Gonçalves, D. (2015). Relatório do 1º Censo de pombo-torcaz Columba palumbus azorica (Hartert, 1905) realizado em todas as ilhas do arquipélago dos Açores (outubro/novembro de 2014). Projeto AZORPI (M2.1.2/I/025/2011) CIBIO/InBIO Universidade do Porto, Universidade dos Açores.

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Índice

1. Introdução ........................................................................................................................................... 1

2. Metodologia ........................................................................................................................................ 2

3. Resultados e discussão ........................................................................................................................ 4

4. Conclusões ......................................................................................................................................... 12

5. Agradecimentos................................................................................................................................. 12

6. Referências ........................................................................................................................................ 13

Anexo 1 - Resultados brutos

Anexo 2 - Manual de Censo

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1. Introdução

O pombo-torcaz (Columba palumbus) é uma ave com uma área de distribuição Paleártica, mas

predominantemente europeia. É o maior pombo da Europa, reproduz-se sobretudo em grandes

áreas florestais, mas pode também ocupar áreas florestais mais reduzidas, áreas agrícolas,

suburbanas e mesmo urbanas.

O ornitólogo alemão Ernst Hartert (1859-1933), numa publicação de 1905 (Hartert E. & Ogilvie-Grant

1905), descreveu os pombos-torcazes dos Açores, como apresentando diferenças relativamente aos

pombos-torcazes do norte da Europa: tinham tons da plumagem geralmente mais escuros

(sobretudo os machos) em algumas regiões do corpo (peito, cabeça e dorso) e asas mais curtas (0,5 a

1cm). Em consequência, e na mesma publicação, Hartert classificou o pombo-torcaz dos Açores

como uma subespécie endémica do arquipélago: Columba palumbus azorica. Este nidifica em todas

as ilhas do arquipélago (Equipa Atlas 2008). Na Madeira, a subespécie C. p. maderensis é considerada

extinta.

Nos anos 60 do século passado, o casal Bannerman visitou os Açores e mencionou a dificuldade em

observar pombos-torcazes (Bannerman & Bannerman 1966). Até 1993 o pombo-torcaz constava na

lista de espécies cinegéticas dos Açores e a sua caça era autorizada anualmente, por portaria do

Governo Regional. Nesse ano (D-L nº 224/93) a espécie foi incluída no anexo I da Diretiva Aves

(79/409/CEE, relativa à Conservação das Aves Selvagens) e, consequentemente, excluída da lista de

espécies cinegéticas do arquipélago (DLR nº 26/92/A), sendo protegida desde então. No Livro

Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Almeida et al. 2005), ao pombo-torcaz nos Açores é

atribuída a categoria "informação insuficiente", devido à falta de dados adequados para avaliar o seu

estado populacional.

Em agosto de 2003, no âmbito de uma expedição da Universidade de Glasgow aos Açores, Dickens e

Neves (2005) realizaram censos de pombo-torcaz em sete ilhas (não foram incluídas as ilhas do Corvo

e São Jorge) e estimaram as respetivas abundâncias. Não havia censos anteriores para comparação,

no entanto, a situação era, aparentemente, diferente da descrita pelo casal Bannerman, pois a

espécie tinha-se tornado mais facilmente observável, sobretudo na ilha Terceira.

Curiosamente foi também em 2003, no âmbito de um trabalho de estágio profissionalizante da

Licenciatura em Biologia Aplicada aos Recursos Animais (Faculdade de Ciências, Universidade de

Lisboa), que Lucas (2004) iniciou a realização de censos de pombo-torcaz nos Açores, que incluíram

as ilhas Terceira, Pico e Graciosa. Os censos decorreram entre novembro de 2003 e abril de 2004 e

também permitiram a estimativa de abundância para as ilhas referidas.

Mais à frente, neste relatório, serão descritas as metodologias e os resultados obtidos por Dickens e

Neves (2005) e Lucas (2004).

O pombo-torcaz dos Açores, como já foi referido, é uma subespécie endémica protegida pela

Diretiva das Aves. Verifica-se também que, nos anos mais recentes, o pombo-torcaz tem sido

apontado por alguns agricultores como responsável por estragos em algumas culturas agrícolas nas

ilhas do Pico e Terceira. Na realidade, pouco se sabe sobre a biologia e ecologia do pombo-torcaz

neste ecossistema insular muito particular. Para suprir esta falta de conhecimento, o Governo

Regional dos Açores lançou um concurso para financiamento de um projeto de investigação sobre a

espécie tendo sido aprovado o projeto AZORPI - "Ecologia e evolução do pombo-torcaz: ferramentas

para uma estratégia de gestão e conservação", cuja equipa reúne investigadores das Universidades

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dos Açores e do Porto. O acrónimo AZORPI atribuído ao projeto pela equipa de investigação deriva

de "Azorean Pigeon". O projeto iniciou-se em setembro de 2012 e estará concluído no final de 2015.

De 2012 a 2014, no âmbito do projeto AZORPI, efetuaram-se trabalhos de campo na Terceira com o

objetivo de i) definir um método de censo aplicável a todo o arquipélago, ii) perceber a variação da

abundância de acordo com os diferentes tipos de habitat e períodos do ano, iii) recolher dados sobre

a biologia reprodutiva (seguimento de ninhos) e iv) recolher amostras para estudos laboratoriais a

nível genético e morfológico.

Um outro objetivo do projeto AZORPI era a realização de um censo de pombo-torcaz em simultâneo

em todas as ilhas do arquipélago açoriano, de forma a fornecer uma base de comparação para

futuras monitorizações e avaliações da tendência da população. Para tal a equipa do projeto

procurou o envolvimento da Direção Regional do Ambiente (DRA) e da Direção Regional dos

Recursos Florestais (DRRF). Com isto também se pretendia efetuar a transferência de conhecimentos

sobre a realização de censos e avaliação de efetivos de pombo-torcaz. Tal implicava dar a formação

necessária aos agentes regionais que ficariam com a responsabilidade futura de efetuar a

monitorização regular do pombo-torcaz.

A formação dos agentes regionais realizou-se na ilha Terceira, nos dias 25 e 26 de Setembro de 2014.

Para estes dias a equipa do projeto AZORPI organizou uma ação de formação a que chamou

"Workshop pombo-torcaz dos Açores: biologia, ecologia e monitorização". A formação incluiu uma

parte teórica (que decorreu no Centro Cultural e de Congressos de Angra de Heroísmo) e uma parte

prática (desenvolvida no terreno, em vários locais). Nesta ocasião foi divulgado e discutido um

manual de censo descrevendo o protocolo a seguir. A realização dos censos foi assumida pela DRA,

com a possibilidade de envolver a DRRF em caso de dificuldades logísticas.

Os censos de pombo-torcaz em todas as ilhas dos Açores estavam previstos para outubro de 2014,

mas acabaram por decorrer entre outubro e novembro de 2014. O presente relatório pretende

apresentar e discutir os resultados obtidos.

2. Metodologia

A metodologia de censo utilizada está descrita em detalhe no manual de censo (pombo-torcaz dos

Açores – Manual de Censo; Fontaine et al. 2014; ver Anexo 2), elaborado pela equipa do projeto

AZORPI e enviada à DRA e à DRRF após a formação realizada na ilha Terceira. De seguida resume-se

essa metodologia.

Os censos (contagens) foram efetuados em pontos de observação previamente estabelecidos.

Tentou-se que a distribuição dos pontos correspondesse a uma amostragem representativa da

variabilidade de habitats presente em cada ilha, tendo simultaneamente em consideração que a

distância entre dois pontos não deveria ser inferior a 1 km (para diminuir a probabilidade de

contagens duplas) e os pontos deveriam estar localizados em caminhos ou estradas, sempre que

possível com pouco movimento, para que a deslocação entre eles fosse efetuada de carro.

Naturalmente a área de cada ilha foi determinante para definir o respetivo número de pontos de

observação a serem realizados (ver Tabela 1).

Em cada ponto de observação as contagens foram efetuadas por um único observador, durante um

período de 5 minutos. Estipulou-se o período de 3 horas imediatamente a seguir ao nascer do sol

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para a realização dos censos e, sempre que possível, a preferência por boas condições

meteorológicas (sem chuva ou nevoeiro fortes e com vento de força inferior a 6 na escala de

Beaufort). Os dados relativos aos censos (hora, nome do observador, condições meteorológicas, etc.)

e aos contatos com o pombo-torcaz (hora da observação, número de aves observadas,

comportamento, tipo de poleiro e localização) foram registados em fichas de campo e

ortofotomapas.

Tabela 1. Área aproximada de cada ilha (SREA 2013) e respetivo número de pontos de observação estabelecidos para o primeiro censo global de pombo-torcaz, realizado em outubro-novembro de 2014.

grupo ilha área (km2) número de pontos

de observação

Ocidental Corvo 17,1 5

Flores 141,0 20

Central

Faial 173,1 20

Pico 444,8 75

São Jorge 243,6 50

Graciosa 60,7 10

Terceira 400,3 50

Oriental São Miguel 744,6 100

Santa Maria 96,9 15

Os dados recolhidos nos censos permitem estimar a abundância de pombos-torcazes. A abundância

pode ser estimada e expressa de duas formas:

- Abundância relativa, através da estimativa de um índice de abundância relativa, que neste caso

específico corresponde ao número de pombos-torcazes observados num ponto durante cinco

minutos de permanência nesse ponto. Não se trata, portanto, da estimativa da densidade (número

de pombos-torcazes presentes numa dada área), mas de um parâmetro de abundância que está

correlacionado com a densidade: quanto mais elevada for a densidade de pombos-torcazes, mais

elevado será o número de pombos-torcazes observados durante os cinco minutos. O tempo de

observação por ponto corresponde então ao chamado esforço de amostragem e este terá que ser

mantido uniforme em todos os pontos, pois o número de pombos-torcazes observados será sempre

relativo a esse esforço. Daí a denominação "índice de abundância relativa".

- Abundância absoluta, através da estimativa da densidade, ou seja, do número de pombos-torcazes

que existirão numa dada unidade de superfície; por exemplo, número de pombos-torcazes por km2.

Para a estimativa da densidade tem-se em conta a distância ao observador a que cada ave ou grupo

de aves foi observado. Estes valores de distância são obtidos a partir dos ortofotomapas utilizados no

campo para registar as observações. Segue-se a utilização da informação no software "distance"

(http://distancesampling.org/). Portanto, trata-se de uma metodologia de "distance sampling", que

se baseia no conceito de que a probabilidade de deteção decresce com o aumento da distância para

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o observador; assim, deteções a várias distâncias podem ser utilizadas para estimar a probabilidade

de deteção, e também a abundância. Adicionalmente e tendo em conta a área total de estudo, será

possível estimar o efetivo total ou tamanho da população. Para que seja possível utilizar esta

metodologia, é necessário um número razoável de registos ou observações (normalmente mais de

50) para uma determinada área, sendo que, no caso específico do pombo-torcaz só são utilizáveis as

observações de indivíduos pousados.

3. Resultados e discussão

Com a exceção de 10 pontos nas Flores e de 34 pontos em São Miguel, cujos censos foram levados a

cabo pelos respetivos Serviços Florestais de ilha da DRRF, todos os restantes pontos foram visitados

por elementos dos vários Serviços de Ambiente de ilha da DRA. Para as ilhas do Corvo, Faial, Pico,

São Jorge, Graciosa e Terceira, um observador por ilha efetuou a totalidade dos respetivos pontos de

amostragem. Para as ilhas das Flores e São Miguel foram necessários, respetivamente, dois e cinco

observadores. Não foi possível completar os censos no prazo sugerido (durante outubro) em três

ilhas: Corvo, São Jorge e São Miguel; estes foram completados na primeira semana de novembro.

À escala do arquipélago, a espécie foi detetada em 125 dos 345 pontos de observação. No total,

registaram-se 757 pombos-torcazes: 460 em voo, 88 a pousar e 209 pousados (Tabela 2).

Por ilha, há a salientar o seguinte:

Corvo

Os censos decorreram entre 23 de outubro e 4 de novembro de 2014. Um dos cinco pontos foi

realizado apesar da ocorrência de vento de força superior ao recomendado (seis na escala de

Beaufort). Nenhum pombo-torcaz foi observado.

Flores

Os 20 pontos foram realizados de 21 a 28 de outubro. Tal como no Corvo, também aqui não se

observou nenhum pombo-torcaz.

Faial

A realização dos censos ocorreu entre 23 e 30 de outubro, sempre com vento fraco. No total, foram

registados 20 indivíduos (dos quais quatro pousados), repartidos em nove pontos. O número máximo

de pombos-torcazes observado num ponto foi de três.

Pico

As contagens decorreram de 13 a 30 de outubro. Vários pontos foram visitados passado o período do

dia definido no protocolo, alguns até cinco horas depois de o sol nascer. Isto pode enviesar os

resultados e é necessário corrigir no futuro. Embora o Pico tenha sido a ilha com o número mais

elevado de pombos-torcazes registados (326 indivíduos em 40 pontos), só 24 deles foram

assinalados como pousados. O número máximo de indivíduos observado num único ponto foi de 38.

Graciosa

As contagens foram efetuadas entre 16 e 30 de outubro. A espécie foi detetada em nove dos 10

pontos, totalizando 30 indivíduos (25 em voo e cinco pousados).

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São Jorge

As contagens decorreram entre 20 de outubro e 7 de novembro. Doze pontos foram realizados com

vento forte (força sete na escala de Beaufort).No futuro isto é de evitar. Registaram-se poucos

pombos-torcazes (32 no total, dos quais quatro pousados).

Terceira

Os censos realizaram-se de 21 a 29 de outubro. Foram vistos 205 pombos-torcazes, 147 em voo e 58

pousados, com um máximo de 34 indivíduos registados no mesmo ponto.

São Miguel

Os 100 pontos de amostragem foram efetuados entre 25 de outubro e 6 de novembro. A espécie foi

observada em 21 pontos, representando um total de 140 indivíduos. A maioria das aves avistadas

estava pousada (110).

Santa Maria

Os 15 pontos foram visitados entre 28 e 31 de outubro, com um total de quatro indivíduos

observados (sendo este o valor mais baixo depois das ilhas do Corvo e Flores), todos no mesmo

ponto.

Tabela 2. Resultados parciais dos censos realizados em todas as ilhas do arquipélago dos Açores. A proporção de pontos com deteção corresponde à razão entre o número de pontos com pelo menos um pombo-torcaz observado e o número total de pontos efetuados.

ilha proporção de pontos com

deteção

nº de pombos-torcazes observados nº máximo de pombos-

torcazes

em voo a pousar pousados total por observação (grupos)

por ponto (5 minutos)

Corvo 0/5 0 0 0 0 0 0

Flores 0/20 0 0 0 0 0 0

Faial 9/20 15 1 4 20 3 3

Pico 40/75 230 72 24 326 32 38

São Jorge 14/50 27 1 4 32 3 6

Graciosa 9/10 25 0 5 30 3 7

Terceira 31/50 147 0 58 205 13 34

São Miguel 21/100 16 14 110 140 24 26

Santa Maria

1/15 0 0 4 4 4 4

Total 125/345 460 88 209 757 4 4

O número reduzido de observações correspondentes a pombos-torcazes pousados, principalmente

nas ilhas mais pequenas (92% das aves registadas como pousadas repartiram-se entre São Miguel,

Pico e Terceira), não permite a aplicação da metodologia de "distance sampling", para determinação

de valores de densidade (pombos-torcazes/km2). Consequentemente, também não é possível

estimar o tamanho populacional (número de indivíduos da espécie) em cada uma das ilhas.

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Mas é possível estimar um índice de abundância relativa para cada ilha, correspondente ao número

de pombos-torcazes observados por ponto durante os cinco minutos de observação (Figuras 1 e 2).

--------------------------------------------------------------------------------------------------

Figura 1 - Localização dos pontos de observação de pombo-torcaz utilizados no censo de outubro-novembro de 2014, em todas as ilhas (apresentadas por grupos) e representação do respetivo valor do índice de abundância relativa: número de pombos-torcazes observados em cada ponto; cinco minutos de observação.

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Em cada ilha, verifica-se que a proporção de pontos em que não foi observado qualquer pombo-

torcaz é relativamente elevada (ver Tabela 2). Ou seja o resultado "zero" foi muito frequente, o que

faz com que a distribuição dos resultados das observações se afaste de uma distribuição normal, na

grande maioria das ilhas e quando consideradas em conjunto (Tabela 3; Figura 2).

Consequentemente utilizamos testes estatísticos não paramétricos para comparar o valor de

abundância entre ilhas: Kruskal-Wallis ANOVA (K-W; H) e testes de comparação múltipla de

"rankings" (z), sendo que o teste de Kruskal-Wallis é bastante conservador.

Tabela 3. Estatística descritiva dos resultados (número de pombos-torcazes observados por ponto; cinco minutos de observação) dos censos realizados em todas as ilhas do arquipélago dos Açores. I.C.= Intervalo de Confiança (95%) para a estimativa da média.

ilha nº de

pontos média

I.C. (-95%)

I.C. (+95%)

mediana moda mínimo máximo desv.

padrão

Flores 20 0,0 0,0 0 0

Corvo 5 0,0 0,0 0 0

Faial 20 1,00 0,39 1,61 0,0 0,0 0 3 1,30

Pico 75 4,35 2,47 6,22 1,0 0,0 0 38 8,15

São Jorge 50 0,64 0,26 1,02 0,0 0,0 0 6 1,32

Graciosa 10 3,00 1,45 4,55 3,0 3,0 0 7 2,16

Terceira 50 4,10 2,30 5,90 1,5 0,0 0 27 6,35

São Miguel 100 1,40 0,45 2,35 0,0 0,0 0 26 4,77

Santa Maria 15 0,27 0,0 0,0 0 4 1,03

0 2 4 6 9 12 15 17 19 21 26 31 38

Número de pombos-torcazes observados / ponto

0

50

100

150

200

250

Fre

qu

ên

cia

(n

úm

ero

de

po

nto

s)

Figura 2. Distribuição (frequência) do número de pontos de acordo com o número de pombos-torcazes observados, para o conjunto das ilhas dos Açores, em Outubro/Novembro de 2014. Tempo de observação em cada ponto: 5 minutos.

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Na Figura 3 está representada a variação do número de pombos-torcazes observados por ponto,

para cada ilha. Como foi já referido, nenhum pombo-torcaz foi observado durante os censos nas ilhas

do grupo ocidental (Flores e Corvo). Isto não significa que não existem pombos-torcazes nas ilhas das

Flores e Corvo. Este resultado dever-se-á a uma abundância de pombos-torcazes muito baixa nestas

ilhas. Na comparação dos valores de abundância entre ilhas, estas duas ilhas não foram

consideradas.

Entre as restantes ilhas o número de pombos-torcazes observados por ponto foi bastante variável

(Figura 3), existindo diferenças significativas (K-W: H6,320=53,81; p<0,001), nomeadamente:

- Graciosa apresentou valores mais elevados do que São Miguel (z=3,60; p<0,01), Santa Maria

(z=3,47; p<0,05) e São Jorge (z=3,22; p=0,05);

- Terceira também apresentou valores mais elevados do que São Miguel (z=4,44; p=0,001), Santa

Maria (z=3,37; p=0,05) e São Jorge (z=3,97; p=0,01);

- Pico apresentou valores mais elevados do que São Miguel (z=4,44; p=0,001), mas não em relação a

São Jorge (z=2,90; p=0,08) e Santa Maria (z=3,94; p=0,07), embora nestes dois casos, como se pode

constatar pelo valor de p, quase próximo da significância (p=0,05).

Flores Corvo Faial Pico São Jorge Graciosa Terceira São MiguelSanta Maria

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Po

mb

os-t

orc

aze

s o

bse

rva

do

s /

po

nto

Mediana

25%-75%

1%-99%

"Outliers"

Extremos

Média

Figura 3. Variação do índice de abundância relativa (número de pombos-torcazes observados por

ponto; 5 minutos de observação) para cada ilha dos Açores, em Outubro/Novembro de 2014.

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Portanto, no conjunto do arquipélago, as ilhas Graciosa, Terceira e Pico (grupo central) destacaram-

se por apresentar valores de abundância relativamente mais elevados, enquanto Flores e Corvo

(grupo ocidental) apresentaram os valores mais baixos (não corresponderão exatamente a zero,

como já referido). Relativamente a São Jorge, pelo conhecimento que temos da ilha, não

esperávamos que a abundância fosse tão baixa. Mas, para esta ilha não existiam dados objetivos

recentes sobre a abundância de pombo-torcaz. Como veremos de seguida Dickens e Neves (2005) e

Lucas (2004) não incluíram a ilha de São Jorge nos seus estudos.

No âmbito do projeto AZORPI, de outubro de 2012 a setembro de 2014, na ilha Terceira, foram

realizados censos quinzenais de pombo-torcaz em 100 pontos de observação, utilizando a

metodologia adotada para o censo global, em análise no presente relatório. Comparando os

resultados dos censos efetuados pelo Serviço de Ambiente da Terceira em outubro de 2014, em 50

pontos de observação, com os resultados dos censos efetuados pela equipa do projeto AZORPI, nos

mesmos 50 pontos de observação, em outubro de 2012, novembro de 2012, outubro de 2013 e

novembro de 2013, não se observam diferenças significativas nos valores de abundância (número de

pombos-torcazes observados por ponto, por 5 minutos de observação) entre estes grupos de

resultados (K-W: H4,241=2,21; p>0,05). O mesmo se passa se fizermos a mesma comparação mas

considerando a totalidade dos pontos (100) nos censos realizados pela equipa AZORPI (K-W:

H4,432=4,42; p>0,05). Estes resultados parecem evidenciar que, a metodologia foi adequadamente

transmitida e no censo global de 2014 ela foi aplicada seguindo os procedimentos corretos.

Analisemos então os dois estudos anteriores, de Dickens e Neves (2005) e Lucas (2004), em que foi

estimada a abundância de pombos-torcazes para algumas ilhas.

Relembramos que os censos realizados por Dickens e Neves (2005) decorreram em agosto de 2003,

em sete ilhas (não foram incluídas as ilhas do Corvo e São Jorge). A metodologia adotada consistiu na

realização, a pé, de transectos lineares com dois quilómetros de comprimento, percorridos de manhã

e ao fim da tarde. As aves foram contadas ao longo do transecto, em faixas de distância em ângulo

reto com a linha do transecto; foram consideradas as seguintes bandas: até 25 m, 25-100 m, 100-150

m. Esta metodologia, do tipo "distance sampling", permitiu, a estimativa de densidades por

transecto, nomeadamente para a Terceira: 14,52 aves/km2. Mas também foi estimado um índice de

abundância relativa, neste caso correspondente ao número de pombos-torcazes observados por

quilómetro percorrido (Tabela 4).

Tabela 4. Resultados de Dickens e Neves (2005): número médio de pombos-torcazes observados por quilómetro percorrido, para cada ilha; censos realizados em agosto de 2003.

ilhas nº de transectos nº de pombos-torcazes / km

São Miguel 20 0,35

Santa Maria 16 0,16

Pico 8 1,00

Faial 5 0,20

Graciosa 9 1,06

Flores 7 0,07

Terceira 16 1,72

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Lucas (2004) adotou uma metodologia de censo semelhante e que consistiu em transectos lineares

percorridos a pé duas vezes no outono e duas vezes no inverno. Em cada estação os transectos

foram efetuados uma vez de manhã (30 minutos após o nascer do sol e com duração de duas horas)

e uma vez à tarde (início: duas horas e 30 minutos antes do pôr do sol, igualmente com a duração de

duas horas). Foram registadas as aves detetadas (visualmente ou auditivamente),

independentemente da sua distância ao observador e de se encontrarem pousadas ou em voo. Para

todos os indivíduos detetados foi registada a distância a que se encontravam perpendicularmente ao

transecto: inferior ou superior a 25 m. Na ilha Terceira foram estabelecidos sete transectos, cada um

com cerca de cinco quilómetros de comprimento. O mesmo se verificou para a ilha do Pico. Na

Graciosa foram estabelecidos quatro transectos, cada um com cerca de três quilómetros de

comprimento, que só foram percorridos no inverno. De acordo com a metodologia de análise

proposta por Bibby et al. (1992), que consiste em considerar as observações de cada uma das classes

de distância (< 25 m ou > a 25 m), Lucas (2004) apresentou estimativas de densidade: Terceira = 50,7

aves/km2, Pico = 7,0 aves/km2, Graciosa = 38,6 aves/km2. Mas, tal como Dickens e Neves (2005),

Lucas (2004) também apresentou valores de pombos-torcazes observados por quilómetro percorrido

(Tabela 5). Relativamente a estes valores, será de realçar as diferenças importantes obtidas entre

transectos na mesma ilha (Tabela 5), como são os casos da Terceira (Serreta-Raminho e Biscoitos-

Altares apresentaram valores muito mais elevados) e Graciosa (transecto de Pé de Ladeiro

apresentou valores muito mais elevados). Na ilha do Pico, em três dos transectos praticamente não

se observou qualquer pombo-torcaz (Tabela 5). Portanto, mais uma vez, os resultados são muito

heterogéneos, não apresentam uma distribuição normal, situação frequente neste contexto (censos

de animais selvagens).

O facto de Lucas (2004) ter apresentado em detalhe os resultados que obteve, permite-nos efetuar,

de novo, uma análise estatística dos mesmos. Para cada ilha não existiram diferenças significativas

no número de pombos-torcazes observados por km, entre as classes estação do ano (outono-

inverno)/período do dia (manhã-tarde), pelo que, por ilha, os valores de abundância podem ser

agrupados. Assim, prosseguindo para uma análise comparativa entre as três ilhas, verifica-se que

existiram diferenças significativas (K-W: H2,64=23,14; p <0,001) no número de pombos-torcazes

observados por km, nomeadamente entre Terceira e Pico (z=4,75; p<0,001). Entre Graciosa e

Terceira e entre Graciosa e Pico não existiram diferenças significativas (z=0,93; p>0,05; z=2,23;

p>0,05; respetivamente).

Embora os valores do índice de abundância (número de pombos-torcazes observados por

quilómetro) estimados por Dickens e Neves (2005) e Lucas (2004) não sejam diretamente

comparáveis aos valores do índice de abundância estimados no censo global de 2014 (número de

pombos-torcazes observados por ponto, durante 5 minutos), ambos os índices deverão traduzir a

variação na abundância, pelo que pode-se verificar se existe correlação entre eles. Assim, fazendo

este exercício em relação aos resultados obtidos por Dickens e Neves (2005), que abrangeu um

número mais elevado de ilhas, verifica-se que existe uma correlação significativa (rτ=0,81; p=0,01;

n=7) com os resultados do censo global de 2014.

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Tabela 5. Resultados de Lucas (2004): número de pombos-torcazes observados por quilómetro, para cada transecto em cada ilha; censos realizados entre novembro de 2003 e abril de 2004.

ilhas transectos

nº pombos-torcazes/km

outono inverno

manhã tarde manhã tarde

Terceira

Terra Brava 0,18 0,91 0,18 1,28

Malha Verde 2,12 4,44 1,55 2,90

Catarina Vieira 3,77 7,11 3,97 7,53

Terra Chã 3,91 6,37 4,73 7,40

Serreta-Raminho 13,89 7,43 12,33 8,80

Biscoitos-Altares 57,30 18,90 33,08 11,62

Cinco Picos 4,04 2,31 3,65 2,31

Pico

Cabeço Grande 0,41 0,83 0,21 0,62

Mistério Praínha 0,00 0,19 0,00 0,38

Lagoa do Capitão 0,00 0,00 0,00 0,00

Ponta da Ilha 2,34 1,37 2,15 0,98

Lajes do Pico 3,64 2,42 5,45 3,84

S. Mateus 2,98 1,59 2,59 1,39

Serra do Topo 0,00 0,00 0,00 0,00

Graciosa

Caldeira Sul 1,33 1,00

Pedras Brancas 2,95 4,92

Pé de Ladeiro 23,22 14,95

Manuel Gaspar 0,72 0,72

Pico Graciosa Terceira

0

10

20

30

40

50

60

Po

mb

os-t

orc

aze

s o

bse

rva

do

s /

km

Mediana

25%-75%

1%-99%

"Outliers"

Extremos

Média

Figura 4. Número de pombos-torcazes observados por quilómetro percorrido (índice de abundância relativa) no estudo de Lucas (2004), referente a três ilhas, censos realizados entre novembro de 2003 e abril de 2004.

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A nível europeu o pombo-torcaz apresenta valores de abundância muito variáveis entre diferentes

áreas geográficas. Sendo uma espécie parcialmente migradora, os movimentos que efetua

regularmente entre locais de invernada, a sul, e de reprodução, a norte, provocam alterações

consideráveis na abundância em algumas regiões. Na bibliografia consultada, com frequência a

abundância estimada é apresentada sob a forma de densidade (aves/km2), sendo possível encontrar

valores de centenas de indivíduos por km2 para o Reino Unido (BTO 2015), 110 indivíduos por km2

para a Europa Central e 20 indivíduos por km2 para Portugal continental e para o Sul da Europa

(Hagemeijer & Blair 1997). Em França existe um programa de monitorização nacional em período de

invernada, que utiliza uma metodologia de censo e estimativa da abundância similares às utilizadas

nos Açores para o censo global de 2014. Ou seja, a abundância é expressa em número de aves

observadas por ponto e por 5 minutos de observação. De acordo com os censos realizados em todo o

território continental francês nos últimos dois anos, o valor médio deste índice foi de 16 aves/ponto

em 2013 (Roux et al. 2013) e 6 aves/ponto em 2014 (Roux et al. 2014). Os últimos resultados

detalhados (com valores para as várias regiões de França) que foi possível encontrar, referem-se aos

censos de 2010 e mostram que o índice de abundância variou entre regiões, de 0,31 a 35,35 aves /

ponto (Roux et al. 2010).

Na Macaronésia existem três espécies de Columbidae endémicas: Columba trocaz na Madeira, C.

junoniae e C. bollii nas Canárias. Na Madeira, censos realizados em transectos lineares em 1995

permitiram estimar valores de densidade compreendidos entre 31 e 99 aves por km2 (Oliveira et al.

1999). Nas Canárias, Martin et al. (2000) estimaram valores de densidade de 3,1 indivíduos por km2

para C. junoniae e 86,0 indivíduos por km2 para C. bollii.

4. Conclusões

Com o censo global realizado em outubro-novembro de 2014 foi possível estabelecer uma referência

inicial de valores de abundância que servirão de comparação para futuras monitorizações. As ilhas do

Pico, Terceira e Graciosa destacam-se por apresentar valores de abundância mais elevados,

enquanto Flores e Corvo têm os valores mais baixos. No futuro é crucial repetir estes censos, na

mesma altura do ano e seguindo a mesma metodologia. Será necessário ter mais atenção a alguns

aspetos metodológicos para que os censos sejam sempre realizados nas condições mais adequadas

(período do dia mais adequado e condições climatéricas não adversas). Na nossa opinião este censo

global deverá ser realizado anualmente. Desta forma, para além de uma avaliação mais detalhada da

tendência populacional, será possível que o censo passe a fazer parte da rotina dos serviços

responsáveis por o efetuar, e seja menor a probabilidade de ocorrerem alterações na forma de o

realizar. Por outro lado, será importante fazer uma revisão anual dos conhecimentos com os

elementos que irão realizar as contagens e ir fazendo a transmissão de saber dentro do mesmo

serviço, de forma a garantir que haja sempre alguém que esteja disponível para as contagens e saiba

como as realizar.

5. Agradecimentos

A equipa do projeto AZORPI gostaria da agradecer à Direção Regional do Ambiente e a todos os seus

Serviços de Ilha, o empenho na colaboração com o projeto e pela realização da maioria dos censos.

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Igualmente um agradecimento à Direção Regional dos Recursos Florestais e a todos os seus Serviços

de ilha, pela disponibilidade para estar presente na formação de setembro e pela ajuda na realização

de censos nas ilhas de São Miguel e Flores. Um agradecimento especial ao Serviço de Ambiente da

Terceira e ao Serviço Florestal da Terceira, que proporcionaram as condições logísticas para a

realização da parte de campo da formação de setembro. Agradecemos também à Câmara Municipal

de Angra do Heroísmo por, mais uma vez, ter disponibilizado os espaços do Centro Cultural e de

Congressos de Angra do Heroísmo para atividades de divulgação e formação no âmbito do projeto

AZORPI, nomeadamente (setembro de 2014) o colóquio "Pombos nas ilhas atlânticas" e o "Workshop

pombo-torcaz dos Açores: biologia, ecologia e monitorização".

6. Referências

Bibby C.J., Burgess N.D. & Hill D. (1992). Bird census techniques. Academic Press.

BTO (British Trust for Ornithology) (2015). Breeding Bird Survey results. Retrieved from http://www.bto.org/volunteer-surveys/bbs/latest-results/maps-population-density-and-trends.

Dickens M. & Neves V.C. (2005). The Azores Woodpigeon: abundance and habitat use. Arquipélago Life and Marine Sciences 22A: 61-69.

Equipa Atlas (2008) Atlas das Aves Nidificantes em Portugal, 1999-2005. Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa.

Hagemeijer W.J.M. & Blair M.J. (1997). The EBCC Atlas of European Breeding Birds: Their distribution and abundance. T & A Poyser, London.

Hartert E. & Ogilvie-Grant W.R. (1905). On the birds of the Azores. Novitates Zoologicae 12: 80-128.

Lucas L.M.N. (2004). Elementos da Ecologia do Pombo-torcaz dos Açores - Columba palumbus torcaz, Hartert 1905 - como Contributo para a Gestão e Conservação das suas Populações. Relatório de Estágio Profissionalizante, Licenciatura em Biologia Aplicada aos Recursos Animais - Var. Recursos Terrestres. Departamento de Biologia Animal, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa.

Martin J.L., Thibault J.C. & Bretagnolle V. (2000). Black rats, island characteristics, and colonial nesting birds in the Mediterranean: consequences of an ancient introduction. Conservation Biology 14(5): 1452-1466.

Oliveira P., Jones M., Caires D. & Menezes D. (1999). Population trends and status of the Madeira Laurel Pigeon Columba trocaz. Bird Conservation International 9: 387-395.

Roux D., Eraud C., Lormée H., Boutin J.-M., Tison, L., Landry P. & Dej F. (2014). Suivi des populations nicheuses (1996-2014) et hivernantes (2000-2014). Réseau national d'observation "Oiseaux de passage" ONCFS-FNC-FDC. Rapport interne ONCFS, octobre 2014, 25 p.

Roux D., Eraud C., Lormée H., Boutin J.-M., Tison, L., Landry P. & Dej F. (2013). Suivi des populations nicheuses (1996-2013) et hivernantes (2000-2013). Réseau national d'observation "Oiseaux de passage" ONCFS-FNC-FDC. Rapport interne ONCFS, octobre 2013, 25 p.

Roux D., Lormée H., Eraud C., Boutin J.-M., Landry P. & Dej F. (2010). Suivi des populations des oiseaux de passage hivernant en France: comptage "Flash" janvier 2010. Réseau national d'observation "Oiseaux de passage", rapport interne ONCFS/FNC/FDC, juillet 2010, 27 p.

SREA (Serviço Regional de Estatística dos Açores) (2015). Os Açores em números 2013. Serviço Regional de Estatística dos Açores, Vice-Presidência do Governo, Emprego e Competitividade

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Empresarial, Região Autónoma do Açores, 64 pp. (http://estatistica.azores.gov.pt/upl/%7B974fc658-545d-4d9e-bfc7-ba986768646a%7D.pdf)

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Anexo 1 - Resultados brutos

Resultados detalhados do número de pombos-torcazes observados por ponto, por 5 minutos de

observação, em todas as ilhas, no censo global de 2014 (outubro-novembro).

Nota: Os códigos dos pontos de observação são os que cada Serviço de Ambiente/Serviço Florestal

indicou

Grupo ocidental

Ilha Código do ponto Coordenadas Pombos-torcazes

observ. / ponto X Y

Corvo

COR 1 149015 4401327 0

COR 2 147063 4401701 0

COR 3 146996 4400000 0

COR 4 147756 4404474 0

COR 5 149302 4403701 0

Flores

FLO1 141073 4373672 0

FLO2 134412 4367192 0

FLO3 137199 4379429 0

FLO4 134532 4369536 0

FLO5 141361 4379497 0

FLO6 137309 4367470 0

FLO7 141073 4370753 0

FLO8 138280 4376006 0

FLO9 137380 4370975 0

FLO10 135553 4380606 0

FLO11 140503 4366994 0

FLO12 137817 4374046 0

FLO13 135357 4373037 0

FLO14 134096 4377604 0

FLO15 139331 4372248 0

FLO16 143511 4375739 0

FLO17 139820 4378007 0

FLO18 143044 4377896 0

FLO19 136746 4382377 0

FLO20 133753 4375255 0

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Grupo Central

Ilha Código

do ponto

Coordenadas Pombos-torcazes observ. /

ponto

Ilha Código

do ponto

Coordenadas Pombos-torcazes observ. /

ponto

Ilha Código

do ponto

Coordenadas Pombos-torcazes observ. /

ponto X Y X Y X Y

Faial

1 358551 4269769 3

Pico

19/75 399083 4256390 0

Pico

67/75 367218 4260090 0

2 350477 4268376 0 20/75 402423 4255780 0 68/75 368193 4257550 0

3 353575 4275591 3 21/75 406392 4255760 2 69/75 371351 4258340 1

4 358274 4275007 3 22/75 408426 4254510 4 70/75 373733 4260160 19

5 356041 4267783 0 23/75 409501 4252090 5 71/75 375568 4259010 0

6 350226 4272210 0 24/75 406673 4251610 2 72/75 374841 4256690 0

7 349649 4277057 0 25/75 405896 4253280 1 73/75 371996 4255620 2

8 351631 4277926 1 26/75 403019 4252970 0 74/75 373799 4254040 3

9 352246 4266528 0 27/75 401282 4253710 0 75/75 376163 4254460 13

10 355478 4273307 0 28/75 400489 4251880 5

São Jorge

1/50 396085 4282222 0

11 346412 4270956 0 29/75 397400 4253570 0 2/50 393893 4285944 0

12 350681 4274418 0 30/75 396437 4254770 0 3/50 404848 4282263 0

13 347947 4265757 0 31/75 393949 4252010 0 4/50 424856 4267419 0

14 352997 4269907 0 32/75 393279 4249960 5 5/50 419483 4272771 6

15 342989 4271321 1 33/75 391013 4250620 34 6/50 392353 4287229 1

16 344988 4274386 2 34/75 392369 4254090 0 7/50 401519 4280428 1

17 358014 4266903 1 35/75 391046 4253380 0 8/50 405856 4277984 5

18 347856 4268585 3 36/75 389442 4255380 2 9/50 408677 4280889 0

19 355881 4270065 3 37/75 387987 4252850 2 10/50 426588 4270302 0

20 342135 4273763 0 38/75 385970 4252570 1 11/50 428153 4267913 0

Graciosa

1 415252 4321578 3 39/75 386433 4254390 1 12/50 409657 4274150 0

2 414685 4324268 2 40/75 385589 4256340 0 13/50 430964 4267185 0

3 410285 4324776 5 41/75 386796 4258630 0 14/50 413127 4277987 0

4 415645 4320048 1 42/75 384002 4258360 0 15/50 397378 4280255 0

5 413777 4326295 1 43/75 384118 4254920 2 16/50 400788 4282204 3

6 410965 4326433 7 44/75 382910 4252770 18 17/50 394017 4282433 0

7 410792 4321176 0 45/75 380331 4252770 0 18/50 422197 4270382 0

8 413442 4319508 3 46/75 381364 4254500 0 19/50 412789 4273176 0

9 412990 4322216 3 47/75 378429 4254290 17 20/50 386259 4290163 0

10 407900 4324670 5 48/75 379601 4256460 0 21/50 389077 4287760 0

Pico

1/75 368077 4267609 2 49/75 382094 4258510 3 22/50 409233 4276142 0

2/75 370392 4268535 0 50/75 383000 4260620 0 23/50 399572 4284276 0

3/75 373600 4267857 1 51/75 385044 4260630 0 24/50 414513 4275447 0

4/75 376114 4268470 13 52/75 381918 4261970 0 25/50 402052 4278270 0

5/75 377982 4267394 12 53/75 380248 4261400 0 26/50 422774 4273741 0

6/75 378760 4268585 2 54/75 380579 4264030 0 27/50 415994 4277325 3

7/75 381372 4267014 31 55/75 377600 4262030 0 28/50 424429 4269841 0

8/75 383572 4265079 15 56/75 376213 4262740 0 29/50 403740 4280933 0

9/75 384481 4262863 0 57/75 376031 4265060 3 30/50 416958 4274219 1

10/75 386896 4262690 15 58/75 373022 4265800 6 31/50 396892 4285159 0

11/75 389012 4261800 1 59/75 371153 4265140 17 32/50 411645 4274779 1

12/75 390633 4261110 0 60/75 368342 4265170 38 33/50 406421 4280361 0

13/75 390864 4259370 1 61/75 365795 4264180 0 34/50 419190 4270821 2

14/75 393246 4259500 19 62/75 367201 4263010 2 35/50 404418 4276858 0

15/75 393014 4257340 0 63/75 369797 4262380 0 36/50 415292 4274120 0

16/75 395313 4258810 1 64/75 373400 4263010 0 37/50 427289 4266321 0

17/75 396503 4257020 2 65/75 372277 4261440 3 38/50 410380 4278381 0

18/75 395362 4255930 0 66/75 370438 4260310 0 39/50 401813 4283093 0

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Grupo central (cont.)

Ilha Código do ponto Coordenadas Pombos-torcazes

observ. / ponto

Ilha Código do ponto

Coordenadas Pombos-torcazes observ. / ponto X Y X Y

São Jorge

40/50 406415 4276668 0

Terceira

38/50 488562 4285276 1

41/50 430128 4269348 0 39/50 481439 4285089 1

42/50 432912 4267881 2 40/50 484684 4283944 0

43/50 418061 4271799 1 41/50 483600 4281459 2

44/50 399400 4280004 0 42/50 484801 4281874 2

45/50 395178 4284419 0 43/50 486558 4280448 6

46/50 388116 4289248 0 44/50 487272 4283131 1

47/50 391737 4285361 1 45/50 489486 4280310 1

48/50 429448 4265855 0 46/50 490743 4279698 0

49/50 398617 4282267 2 47/50 492655 4278779 4

50/50 426957 4269024 3 48/50 493217 4280668 7

Terceira

1/50 478966 4287946 0 49/50 494674 4281246 3

2/50 474479 4289337 0 50/50 492496 4284157 6

3/50 475692 4290956 16

4/50 478903 4290868 0

5/50 479590 4292623 1

6/50 477229 4292053 0

7/50 476837 4294219 22

8/50 474865 4293051 0

9/50 472804 4293088 9

10/50 471392 4292146 2

11/50 470633 4289867 0

12/50 467981 4290721 2

13/50 468799 4292454 12

14/50 468062 4285462 4

15/50 470257 4284576 3

16/50 471720 4286166 0

17/50 473224 4282557 0

18/50 475883 4282250 2

19/50 475528 4283868 21

20/50 476752 4287144 0

21/50 476860 4285940 0

22/50 478583 4284925 0

23/50 479970 4282232 4

24/50 478056 4282003 1

25/50 476327 4280712 2

26/50 480194 4277407 0

27/50 481010 4286944 0

28/50 483043 4287843 0

29/50 482969 4289900 0

30/50 484251 4291858 7

31/50 485872 4290137 16

32/50 486312 4287465 10

33/50 490495 4292764 0

34/50 492293 4291617 7

35/50 491771 4286708 27

36/50 489094 4286349 3

37/50 490051 4284930 0

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Grupo oriental

Ilha Código

do ponto

Coordenadas Pombos-torcazes observ. /

ponto

Ilha Código

do ponto

Coordenadas Pombos-torcazes observ. /

ponto

Ilha Código

do ponto

Coordenadas Pombos-torcazes observ. /

ponto X Y X Y X Y

Santa Maria

SMA1 670582 4097865 0

São Miguel

34 635791 4186982 0

São Miguel

97 603130 4191840 0

SMA2 667009 4095120 0 35 638372 4185669 0 98 604280 4190406 0

SMA3 665132 4093759 0 36 638232 4183931 0 99 605661 4188260 0

SMA4 674637 4092327 0 37 640556 4184275 1 100 640978 4187867 0

SMA5 675735 4090642 0 38 642714 4186656 2 N1 662603 4184549 0

SMA6 671041 4093919 0 39 643272 4187768 0 N2 659837 4184758 0

SMA7 671037 4091822 0 40 645605 4187676 0 N3 661064 4187997 0

SMA8 663562 4090783 4 41 646244 4184994 0 N4 659629 4189852 2

SMA9 668270 4092179 0 42 648906 4184308 0 N5 659422 4191358 0

SMA10 662492 4094550 0 43 647354 4189244 3 N6 657806 4191361 0

SMA11 672823 4090262 0 44 647627 4191360 0 N7 657806 4191361 0

SMA12 669217 4095641 0 60 662419 4181598 0 N8 655365 4189807 0

SMA13 672454 4096933 0 61 661136 4179599 0 N9 655473 4188305 0

SMA14 664945 4096484 0 62 659739 4179933 0 N10 652811 4190698 0

SMA15 665932 4090662 0 63 658750 4181552 0 N11 653955 4186831 0

São Miguel

1 615669 4178123 1 64 657973 4178356 0 N12 654495 4185440 0

2 616989 4179903 0 65 655782 4179330 0 N13 650558 4187421 3

3 619001 4179112 2 66 656261 4181726 0 N14 649199 4190980 0

4 621491 4179605 0 67 652624 4182439 0 N15 652054 4188986 0

5 625056 4179406 0 68 654211 4180971 0

6 627461 4177923 20 69 651814 4179535 0

7 627637 4180302 0 70 649964 4183008 0

8 625303 4181812 0 71 648564 4181351 0

9 621677 4182606 0 72 646502 4182080 0

10 619156 4182380 1 73 644342 4183367 0

11 616475 4182082 0 74 647200 4178301 5

12 613945 4180028 1 75 646099 4177597 0

13 611664 4180022 2 76 645267 4178447 0

14 612559 4182237 0 77 643610 4176767 0

15 610673 4181414 0 78 642465 4179157 0

16 609548 4185082 1 79 641025 4178027 0

17 607234 4184896 1 80 641090 4180584 0

18 611325 4186808 0 81 639369 4179994 0

19 614675 4184810 0 82 639610 4176237 0

20 609419 41888955 0 83 637288 4176076 0

21 611418 4190066 0 84 639857 4177656 9

22 613262 4189946 0 85 633156 4184180 0

23 616482 4187195 0 86 613976 4186621 0

24 619766 4184482 0 87 635190 4176927 20

25 622793 4186362 26 88 633057 4175954 0

26 624665 4184776 0 89 630737 4176108 0

27 626432 4184456 0 90 630925 4177230 26

28 629085 4183454 0 91 630135 4180119 0

29 632086 4183328 12 92 604528 4195140 1

30 630625 4185862 0 93 607175 4194064 1

31 632712 4188221 0 94 611594 4192699 0

32 632757 4186288 0 95 608809 4192485 0

33 628282 4186352 0 96 605350 4192506 0

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Anexo 2 - Manual de Censo

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1

Pombo-torcaz dos Açores

Manual de Censo

Projeto M2.1.2/I/025/2011

“Ecologia e evolução do Pombo-torcaz: Ferramentas para uma estratégia de gestão

e conservação”

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Citação recomendada:

Fontaine, R., Rodrigues, T.M., Neves, V., Fonseca, A. & Gonçalves, D. 2014. Pombo-torcaz

dos Açores – Manual de Censo. Projeto AZORPI (M2.1.2/I/025/2011) CIBIO/InBIO

Universidade do Porto, Universidade dos Açores.

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3

Introdução

O pombo-torcaz dos Açores, Columba palumbus azorica, é uma subespécie endémica

(Hartert 1905) que nidifica em todas as ilhas do arquipélago. Apesar de ser protegido pela

Diretiva Aves desde 1993, os agricultores encaram-no como uma praga pelos estragos que

alegadamente causa em algumas culturas agrícolas. Embora considerada uma ave pouco

abundante no século passado (Bannerman & Bannerman 1966), estudos mais recentes

sugerem que o seu efetivo é atualmente mais importante (Lucas 2004, Dickens & Neves

2005). No entanto, o tamanho da população em todo o arquipélago nunca foi avaliado e por

este motivo, a realização de censos em cada ilha é necessária, de forma a definir um plano de

gestão eficaz para esta subespécie.

O pombo-torcaz dos Açores é fácil de observar ao longo do ano, em todas as ilhas, com a

excepção do Corvo, onde só alguns indivíduos foram vistos (Domingos pers. comm. in

Dickens & Neves 2005), e Flores. Frequenta todo o tipo de habitats, como zonas urbanas,

agrícolas ou florestais. As aves agregam-se frequentemente em locais de alimentação, em

grupos que podem conter algumas centenas de indivíduos.

O pombo-torcaz pode ser confundido com o pombo-das-rochas, Columba livia, ou ainda com

a rola-turca, Streptopelia decaocto, embora estas espécies sejam facilmente diferenciáveis

(ver Figura 1). De tamanho maior, o pombo-torcaz apresenta elementos caraterísticos,

nomeadamente manchas brancas no pescoço (a partir de 2 meses de idade) e riscas brancas na

parte superior das asas. Contrariamente ao pombo-das-rochas, a cor da sua plumagem é

constante entre indivíduos, de forma geral cinzenta com o peito cor de vinho e as retrizes

acastanhadas. A rola-turca surgiu recentemente nos Açores; pela sua plumagem de cor

uniforme e ausência de manchas brancas no pescoço, pode, eventualmente, ser confundida

com um pombo-torcaz jovem.

Figura 1. Pombos-das-rochas (a), pombo-torcaz (b) e rola-turca (c) pousados.

a) b) c)

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4

Objetivos

a) Estimar o tamanho populacional do pombo-torcaz no arquipélago dos Açores;

b) Avaliar tendências populacionais.

Locais para a monitorização

Os censos (contagens) devem ser efetuados em pontos de observação (pontos de amostragem)

(Mardsen 1999, Thomas et al. 2002, Somershoe et al. 2006) previamente estabelecidos. O

trabalho desenvolvido na ilha Terceira indica que o pombo-torcaz ocorre em todo o tipo de

habitats presentes na ilha, desde o nível do mar até aos 800 metros de altitude e por isso, em

cada ilha, os pontos devem ser distribuídos por todo o território e ser representativos das

proporções de cada tipo de habitat.

Os pontos de observação devem estar suficientemente espaçados, de forma a diminuir a

probabilidade de registar os mesmos indivíduos em diferentes pontos. Devido à grande

mobilidade das aves, é recomendável que este intervalo não seja inferior a 1 km.

A deslocação entre os pontos é efetuada de carro, pelo que, os pontos devem estar localizados

em caminhos ou estradas, sempre que possível com pouco movimento.

O número de pontos a estabelecer por ilha dependerá das suas dimensões. Para cada ilha

sugerem-se os números (mínimos) indicados na Figura 2.

Figura 2. Distribuição dos pontos de observação do pombo-torcaz dos Açores Columba palumbus azorica no

Arquipélago. Número mínimo recomendado de pontos indicado por baixo do nome de cada ilha.

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5

Período de monitorização

Período do ano

O primeiro censo global de pombo-torcaz dos Açores será realizado em outubro de 2014. É

necessário que os censos sejam efetuados na mesma altura em todas as ilhas, e que a sua

realização se repita, em censos futuros, igualmente no mesmo período do ano.

Período do dia

As observações devem ser efetuadas no período do dia durante o qual a atividade das aves é

mais importante: nas três horas imediatamente a seguir ao nascer do sol.

Metodologia

Material:

- Ortofotomapa (escala 1:4000) do ponto de observação (Anexo 1)

- Ficha de censo (Anexo 2)

- Binóculos (ampliação de 8 ou 10x)

- Material de escrita

- Relógio

Condições meteorológicas:

Os censos devem ser realizados em dias com boas condições meteorológicas (sem chuva,

vento, e/ou nevoeiro fortes). Assim, para a decisão dos dias em que serão realizadas

contagens, deverão ser consideradas as previsões meteorológicas, evitando os dias com chuva

e com vento de força superior a 5 na escala de Beaufort (Anexo 3). No caso do nevoeiro, se

ao chegar ao ponto de observação a visibilidade for inferior a 500 metros em campo aberto ou

100 metros em meio florestal, a contagem deverá ser adiada.

Procedimento:

Em cada ponto, a contagem é efetuada por um observador com início ao nascer do Sol (ver

secção “Período do dia”). Em caso de presença de perturbação antropogénica (por exemplo,

máquinas em movimento, presença de caçadores...), o censo deverá ser adiado. Para a

identificação e contagem das aves, o observador deve utilizar binóculos (8 ou 10 de

ampliação) sempre que necessário. Os registos das observações são efetuados nas fichas de

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campo e nos ortofotomapas. Na proximidade imediata à localização dos pontos, o observador

deve posicionar-se onde tiver melhor visibilidade (Figura 3), por exemplo numa elevação do

terreno ou em cima de um muro.

Figura 3. Observador em trabalho de campo

Em cada ponto de amostragem é realizado um período de observação de 5 minutos. Este

inicia-se com a chegada ao ponto (sem período de espera, Lee & Mardsen 2008), de forma a

contabilizar aves que possam ser afastadas pela chegada do observador. Serão consideradas

todas as aves que levantarem voo na chegada ao ponto, num raio de 250m à volta deste

(correspondente ao raio do circulo vermelho no ortofotomapa do anexo 1).

Durante os 5 minutos de censo, para cada contacto visual, o observador registará a hora (ao

segundo), o número de aves e o seu comportamento. Cada ave ou grupo de aves deverá ser

individualizado (por exemplo, observação 1 – 5 indivíduos) e mapeado/registado no

ortofotomapa. Os comportamentos observados deverão ser classificados como:

- Em voo (V) - ave(s) em voo que atravessa(m) a área de amostragem. Assinalado

com uma seta no ortofotomapa

- A pousar (AP) - ave(s) que pousa(m) na área de amostragem durante os 5 minutos

de contagem. Assinalado com um círculo no ortofotomapa

- Pousada (P) - ave(s) pousada(s) desde o início da contagem. Assinalado com uma

cruz no ortofotomapa.

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Figura 4. Pombos-torcazes pousados.

A posição das aves pousadas (Figura 4) ou a pousar será assinalada de maneira precisa no

ortofotomapa. No caso de grupos de aves, no ortofotomapa deverá ser registada a posição

central do grupo (Mardsen, 1999), registando-se igualmente o tipo de poleiro (muro, árvore,

campo).

Em caso de se suspeitar de dupla contagem de uma mesma ave durante um censo, dever-se-á

registar apenas o primeiro contacto. No quadro seguinte apresentam-se alguns exemplos desta

situação.

Exemplo de situação Registo

8h30m15s: 1 ave a voar na direção Oeste – Este

8h32m10s: 1 ave a voar na direção Este - Oeste Observação 1: 8h30m15s, 1 ave a voar

9h45m42s: 1 ave a voar na direção Oeste – Este

9h48m31s: 4 aves a voar na direção Este - Oeste

Observação 1: 9h45m42s, 1 ave a voar

Observação 2: 9h48m31s, 3 aves a voar

7h12m09s: 1 ave a levantar de uma árvore,

dirigindo-se para Norte

7h16m24s: 1 ave vinda de Norte e a pousar na

área de amostragem

Observação 1: 7h12m09s, 1 ave pousada

na árvore

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Para cada ponto, na ficha de campo, serão registadas a data, a hora de início e fim, bem como

o número observado de indivíduos de outras espécies contabilizados durante os 5 minutos:

milhafre, Buteo buteo rothschildi, pombo-das-rochas e rola-turca. Também devem ser

preenchidos os campos relativos às condições meteorológicas:

- Nebulosidade: escolher uma das seis classes apresentadas de acordo com a

percentagem de cobertura por nuvens;

- Vento: utilizar uma das classes da escala de Beaufort;

- Chuva: indicar a ocorrência de precipitação (Sim ou Não).

No anexo 4 apresenta-se um exemplo de ortofotomapa e respetiva ficha de campo, ambos

com registos correspondentes a uma visita efetuada ao ponto de observação 2/101, em

22/06/2014 (ilha Terceira)

Referências:

Bannerman, D.A. & Bannerman, W.M. 1966. Birds of the Atlantic Islands. A History of the

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Lucas, L. 2004. Elementos da Ecologia do Pombo-torcaz dos Açores – Columba palumbus

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Anexo 1. Ortofotomapa de um ponto de observação

Símbolos a indicar no ortofotomapa:

: Aves em voo

o: Aves a pousar

x: Aves pousadas

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Anexo 2. Ficha de campo

Ponto: ____ Nome do observador:_______________________ Data : ___/___/_____

Hora do início: ___h___min Hora do fim: ___h___min

Nebulosidade (%): <10 10-25 25-50 50-75 75-90 >90

Vento (bft): ___ Chuva (Sim/Não): ____

Milhafre (nº total): ___ Pombo-das-rochas (nº total): ____ Rola turca (nº total): ___

Observação Hora Número de aves V / AP / P* Tipo de poleiro

* V: em voo (no ortofotomapa: ); AP: a pousar (no ortofotomapa: o); P: pousada (no ortofotomapa: );

Notas:______________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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Anexo 3. Escala de Beaufort

Grau Designação km/h Aspecto do mar Efeitos em terra

0 Calmo <1 Espelhado Fumo sobe na vertical

1 Aragem 1,1 a 5,5 Pequenas rugas na superfície do mar

Fumo indica direção do vento

2 Brisa leve 5,6 a 11 Ligeira ondulação sem rebentação

As folhas das árvores movem-se; os moinhos começam a trabalhar

3 Brisa fraca 12 a 19 Ondulação até 60 cm, com alguns carneiros

As folhas agitam-se e as bandeiras desfraldam ao vento

4 Brisa moderada

20 a 28 Ondulação até 1,5 m, carneiros frequentes

Poeira e pequenos papéis levantados; movem-se os galhos das árvores

5 Brisa forte 29 a 38 Ondulação até 2,5 m, muitos carneiros

Movimentação de árvores pequenas; superfície dos lagos ondula

6 Vento fresco 39 a 49 Ondas grandes até 3,5 m; borrifos

Movem-se os ramos das árvores; dificuldade em manter um guarda-chuva aberto

7 Vento forte 50 a 61 Mar revolto até 4,5 m com espuma e borrifos

Movem-se as árvores grandes; dificuldade em andar contra o vento

8 Ventania 62 a 74 Mar revolto até 7,5 m com rebentação e faixas de espuma

Quebram-se galhos de árvores; circulação de pessoas difícil

9 Ventania forte 75 a 88 Mar revolto até 9 m; borrifos afetam visibilidade

Danos em árvores; impossível andar contra o vento

10 Tempestade 78 a 90 Mar revolto até 12 m; superfície do mar branca

Árvores arrancadas; danos na estrutura de construções

11 Tempestade violenta

91 a 104 Mar revolto até 14 m; pequenos navios sobem nas vagas

Estragos abundantes em telhados e árvores

12 Furacão > 105 Mar todo de espuma; visibilidade nula

Grandes estragos

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Anexo 4. Exemplo de ortofotomapa e correspondente ficha de campo preenchidos.