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Relatório do Projeto Mídia Cidadã e Desenvolvimento Sustentável: mapeamento e análise de rádios comunitárias em áreas de pressão socioambiental na Amazônia

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Relatório do Projeto  

 

 

 

 

 

Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  

   

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Identificação  

Projeto:  Mídia   Cidadã   e   Desenvolvimento   Sustentável:   mapeamento   e   análise   de   rádios   comunitárias   em   áreas   de   pressão  socioambiental  na  Amazônia  

Financiamento:  CNPq  (  Conselho  Nacional  de  Pesquisa  e  Desenvolvimento  Científico)              

Edital  MCTI/CNPq/MEC/CAPES  N.18/2012  -­‐Ciências  Humanas,  Sociais  e  Sociais  Aplicadas  

Processo:  406863/2012-­‐1  

Período  de  execução:  09.01.2013  a  09.12.2014  (regular)  prorrogado  até  09.06.2015    

Coordenação:  Dra.  Rosane  Maria  Albino  Steinbrenner    

Faculdade  de  Comunicação  (FACOM)  /  Universidade  Federal  do  Pará  (UFPA)                                                                                                      L  

Lattes:  http://lattes.cnpq.br/1508467019000744  

Email:  [email protected]  

 

 

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Resumo    

O  projeto  busca  entender  a  dimensão  e  o  papel  potencial  das  rádios  comunitárias  nos  embates  discursivos  pelo  desenvolvimento  da  região  amazônica.  

O  objeto  da   investigação   são   rádios   comunitárias   situadas   em  áreas  de  potencial   conflito   socioambiental   na  Amazônia   Legal   ,   o   que   inclui  disputas  por  território  ou  pelo  uso  de  recursos  naturais,  considerando-­‐se  grandes  obras  de  impacto  (em  especial  hidrelétricas  pelo  contexto  e  circunstâncias  atuais)  mas  também  Áreas  de  Proteção  (com  foco  especial  sobre  Terras  Indígenas,  grupos  de  histórica  invisibilidade)  nos  noves  estados  da   região   -­‐    Acre,  Amapá,  Amazonas,  Pará,  Rondônia,  Roraima,  Tocantins,  mais  o  estado  do  Mato  Grosso  e  parte  do  Maranhão   (a  Oeste  do  Meridiano  44).  Foram  mapeadas  ao  todo  504  rádios  comunitárias  licenciadas  pelo  Ministério  das  Comunicações  (MINICOM,2015)  em  444  municípios  amazônicos.  Optou-­‐se  pela  seleção  das  rádios  comunitárias  licenciadas    -­‐  Licença  Definitiva  (LDE)  e  Licença  Provisória  (LPE)  –  na  medida  em  que  estas  emissoras,   já   tendo  vencido   todas  as  etapas  do  processo  de   legalização,  por  vezes   longo  e   frustrante,   já  deteriam  as  condições  jurídicas,  técnicas  e  administrativas  para  estarem  em  funcionamento  e  portanto,  capazes,  potencialmente,  de  atuarem  no  campo  midiático  e  se  inserirem  no  campo  do  desenvolvimento  de  suas  localidades.  

A  meta  principal  do  projeto,  plenamente  alcançada,  foi  gerar  uma  cartografia  digital  sobre  comunicação  cidadã  e  desenvolvimento  sustentável  na   região,   capaz   de   gerar   insumos   para   o   fortalecimento   da   comunicação   comunitária   como   espaço   de   contra-­‐hegemonia   midiática   e  consequente  empoderamento  de  grupos  locais  nas  decisões  que  afetem  seu  bem-­‐estar.      Nesse  sentido,  o  estudo  tem  também  a  expectativa  de,  com  as   informações  geradas  e  cenários  revelados,  vir  a   favorecer  políticas  públicas  ou  ações  que  fortaleçam  os  meios  comunitários  e  o  protagonismo  local  nos  embates  discursivos  que  decorrem  do  modelo  de  desenvolvimento  para  a  região  amazônica.  Uma  região  megadiversa,  biológica  e  etnicamente  falando,  território  singular  duplamente  periférico  -­‐  chamado  de  ‘periferia  da  periferia’  -­‐  por  seus  baixos  indicadores  sociais  e  pelo  histórico  isolamento,  explorada  historicamente  como  um  gigante  natural  por  uma  visão  exógena  a  partir  de  interesses  externos,  nacionais  e  internacionais.  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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O  mapa  digital    

Um  mapa   digital   ou   cartografia   digital   permite   uma   visualização   dinâmica   dos   dados   da   pesquisa   e   consiste   em   uma   imagem   virtual   que  apresenta   um   grande   conjunto   de   informações   com   base   georreferenciada   (longitude/latitude).   Para   esta   pesquisa,   optamos   pelo   tipo  chamado  mapa   inteligente,   que   se   diferencia   por   abrigar   informações   atualizadas   e   detalhadas,   que   contribuem   para   facilitar   e  melhorar  planejamentos  e  ações.  O  mapeamento  digital  foi  realizado  utilizando  softwares  livres  de  georreferenciamento  com  gerenciador  de  conteúdo  web  wordpress  juntamente  com  o  tema  “Mapas  de  vista”,  permitindo  a  visualização  dinâmica  dos  dados  da  pesquisa.  

O   mapa   digital   das   rádios   comunitárias,   disponível   no   endereço   www.produtoracolaborativa.com.br/maparadios   e   no   site  www.projetomacam.net/site  ,  apresenta,  numa  perspectiva  socioambiental,  o  dimensionamento  das  potencialidades  das  rádios  comunitárias  em   relação   ao   desenvolvimento   sustentável   da   região,   por   meio   do   cruzamento,   por   município,   da   localização   das   rádios   comunitárias  licenciadas   pelo   Ministério   das   Comunicações   (MINICOM,   2015),   com   duas   variáveis   reconhecidamente   essenciais   à   conformação   e  preservação  da  megadiversidade  étnica  e  ambiental  da  região  –  as  Unidades  de  Conservação  (UC)  (SNUC/MME,2015),  incluindo  seus  dois  tipos  de  uso,   sustentável  e  de  proteção   integral,  e  as  Terras   Indígenas   (TI)   (FUNAI,  2015),  decretadas,  homologadas  e  em  estudo.  Como   terceira  variável,  o  mapa  inclui  também  as  Usinas  Hidrelétricas  (UHE)  -­‐  em  funcionamento,  em  construção  ou  já  previstas  nos  rios  da  Bacia  Amazônica  –  que  estão  localizadas  em  municípios  amazônicos  onde  existem  rádios  comunitárias  licenciadas.  As  UHE  consideradas  fazem  parte  do  Projeto  de  Aceleração  do  Crescimento   (PAC,  2015)  na   região,  e   inserem  de   forma  direta   realidades  emblemáticas  de  conflito  em  torno  do  uso  dos  recursos  naturais  e  seus  efeitos  socioambientais.  

Conceitos  centrais  

A   noção   de   sustentabilidade1   a   que   se   refere   este   estudo   vincula-­‐se   à   ideia   mais   ampla   e   complexa   do   equilíbrio   duradouro   entre   a  humanidade  e  o  seu  ambiente,  integrada  à  ideia  de  um  desenvolvimento  sustentável  em  sua  perspectiva  multimensional,  ou  seja,  que  em  sua  

                                                                                                                         1  Tal  noção,  mais  ampla  e  integral  de  sustentabilidade  se  acha  pautada  desde  a  I  Conferência  do  meio  Ambiente,  em  Estocolmo,  em  1972,  quando  foi  criado  o  Programa  das  Nações  Unidas  para  o  Meio  Ambiente  (PNUMA).  Naquele  momento  a  noção  de  sustentabilidade   já  trazia  a   ideia  de  complexidade  e  transversalidade,  apresentadas  especialmente   no   conceito   de   “ecodesenvolvimento”   de   Ignacy   Sachs   (2004)   abrigando   em   seu   tripé,   a   noção   de   sustentabilidade   a   partir   da   eficiência   econômica,  prudência  ecológica  e  equidade  social.  Foi  a  partir  dessa  noção  mais  integral  que  se  originaram  as  bases  e  os  esforços  para  a  construção  do  conhecido  Relatório  Brundtland  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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formulação  busca  integrar  várias  dimensões  –  a  ambiental  e  econômica,  mas  também  a  social  e  cultural.  Diz  respeito  também  ao  local  como  palco  central  da  territorialidade  e  à  endogenia  como  vetor  do  desenvolvimento,  isto  é,  pressupõe  o  protagonismo  dos  atores  locais  como  fator  central  na  construção  de  um  desenvolvimento  humano  local  sustentável.    

O  termo  socioambiental  por  sua  vez,  entende-­‐se  como  Eli  da  Veiga  (2007),  não  se  tratar  de  um  simples  neologismo  que  remete  a  um  conceito  abstrato,  cada  vez  mais  utilizado  em  diversos  setores,  mas  uma  “unidade  de  contrários”,  cuja  unificação  do  termo  (sócio  +  ambiental)  indica  um   movimento   político   e   o   surgimento,   ainda   que   a   passos   lentos,   de   uma   nova   relação   entre   natureza   e   cultura.   Para   o   autor,   falta  justamente  um  olhar  socioambiental  sobre  a  realidade  em  que  vivemos,  um  olhar  no  qual  homem  e  natureza  sejam  indissociáveis  e  que  as  soluções  para  as  questões  sociais  e  ambientais  sejam  integradas.    

Já  a  noção  de  Mídia  cidadã  é  entendida  como  o  meio  comunicativo  que  se  origina  e/ou  desenvolve-­‐se  como  um  projeto  político-­‐cultural  capaz  de  promover  cidadania  na  comunidade  onde  atua,  sendo  assim  capaz  de  gerar  consciência  política  e  mudanças  sociais  na  sua  comunidade,  seja  ela  geográfica  ou  movida  por  afinidades.  As  rádios  comunitárias2,  entendidas  como  emissoras  que  “têm  gestão  pública,  operam  sem  fins  lucrativos  e   têm  programação  plural”   (PERUZZO,1999,  p.  252-­‐253),   se   inserem  nesta  perspectiva  de  mídias  cidadãs,  na  medida  em  que  são  reconhecidas   idealmente   como  meios   de   contra-­‐poder,   de   expressão   democrática   e   de   pertencimento   local   (LEAL,   2007).   Buscam,   como  afirma  Peruzzo  (2009)  provocar  a  reinvenção  de  um  modelo  de  comunicação  de  interesse  público.  Elas  surgem  da  articulação  dos  movimentos  sociais   pela   democratização   da   comunicação   no   anos   de   1990,   sendo   regularizadas   no   final   da   década   (Lei   9.612/98),   com   potencial  estratégico  na  articulação  de  novos  arranjos   institucionais  e   (re)posicionamentos  de  grupos  sociais  no  campo  da  comunicação  e  assim,  por  conseguinte,  no  campo  do  desenvolvimento  da  região.    

A  relação  entre  comunicação  comunitária  e  desenvolvimento  sustentável  é  pensada  a  partir  de  uma  perspectiva  interdisciplinar.  Recorre-­‐se,  para  isso,  especialmente  na  etapa  de  seleção  e  estudo  de  casos,  à  análise  sociológica  propiciada  pela  Teoria  dos  Campos  Sociais,  de  Bourdieu  (1986).  A  teoria  dos  campos  de  Bourdieu  (1986)  se  constitui,  de  forma  ampla,  numa  sociologia  do  poder  com  alto  teor  explicativo  do  princípio  da  organização  social  em  qualquer  sociedade.  O  autor  parte  de  uma  visão  topológica  da  sociedade,  que  seria  formada  por  uma  pluralidade  de  espaços  relativamente  autônomos,  denominados  “campos”,  entendidos  como  microcosmos  dotados  de  sentido  e  regras  próprias  e  capazes  de                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          (1987),   com   a   definição   mais   citada   até   hoje   de   desenvolvimento   sustentável,   concebido   como   “o   desenvolvimento   que   satisfaz   as   necessidades   presentes,   sem  comprometer  a  capacidade  das  gerações  futuras  de  suprir  suas  próprias  necessidades”.  2    

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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definir  modos  específicos  de  dominação  e,  consequentemente,  de  resistência  e  reação.  O  campo  em  disputa  sob  foco  central  desta  pesquisa  é  de  forma   imediata  o  campo  da  comunicação,  mais  especificamente  o  sub-­‐campo  ou  campo  midiático,  no  qual  as  rádios  comunitárias  como  meios  alternativos   se   inserem,  porém  relacionado  direta  ou   indiretamente  ao  campo  do  desenvolvimento,  na  medida  em  que  busca  como  referência  e  localização  processos  de  intervenção  que  imprimam  mudanças  (e  por  conseguinte  conflitos  de  interesse)  na  região  pesquisada.  

 

Território  e  Variáveis  da  pesquisa  A  AMAZÔNIA    

A   Amazônia   Legal,   definida   por   critérios   administrativos   para   fins   de   planejamento   no   final   dos   anos   50   (Lei   1806/53),   e   adotada   como  referência  neste  estudo,  inclui  os  sete  estados  da  região  Norte  e  mais  o  estado  de  Mato  Grosso  e  parte  do  Maranhão  (a  oeste  do  Meridiano  44),   com  uma   área   total   de   5,2  milhões   de   quilômetros   quadrados,   o   que   representa   cerca   de   60%  do   território   nacional,   onde   vive   uma  população   aproximada   de   22   milhões   de   habitantes   num   total   de   772   municípios   (13,83%   do   total   dos   municípios   brasileiros)   -­‐   68,9%  residentes   na   área   urbana,   a  maior   parte   residente   em  metrópoles   e   cidades  médias   -­‐   e   31,1%   na   área   rural.   Uma   população   altamente  heterogênea  étnica  e  culturalmente  -­‐  dentre  a  qual  ribeirinhos,  centenas  de  grupos  indígenas  e  de  povoamentos  quilombolas.    

É  considerada  uma  região  heterogênea  e  megadiversa  ,  o  que  significa  dizer  que  abriga  um  volume  de  biodiversidade  que  é  fundamental  para  todo   o   planeta.   A   floresta   amazônica   representa  mais   da  metade   das   florestas   tropicais   úmidas   do   planeta,   onde   se   concentram  54%  das  espécies  de  plantas,  73%  das  de  mamíferos  e  80%  das  de  aves  existentes  no  território  nacional.  Possui  ainda  o  rio  mais  extenso  do  mundo,  o  Amazonas,  e  a  maior  bacia  hidrográfica  do  planeta,  que  contribui   com  20%  de   toda  a  água  doce  que   flui  dos  continentes  para  os  oceanos  (GEOAMAZÔNIA,  2012).    

A   existência   de   Áreas   Protegidas   na   Amazônia,   que   incluem   Unidades   de   Conservação,   Terras   Indígenas   e   Territórios   Quilombolas,   são  consideradas  a  principal  ferramenta  de  preservação  de  tamanha  diversidade  biológica,  étnica  e  cultural  da  região.  Estudos  mostram  que  elas  têm  sido  eficazes  contra  o  desmatamento  na  Amazônia  Legal  (IMAZON),  porém  sofrem  ameaças  e  pressões  diversas  -­‐  a  instalação  de  projetos  de   infraestrutura,   em   especial   hidrelétricas   e   as   invasões   e   conflitos   fundiários,   que   têm   provocado   iniciativas   para   reduzir   ou   retirar   a  proteção  legal  (desafetação)  de  Áreas  de  Proteção  na  região  .  

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Unidades  de  Conservação  (UC)  e  Terras  Indígenas  (TI)  

O   Sistema   Nacional   de   Unidades   de   Conservação   da   Natureza   (SNUC),   que   estabelece   as   normas   para   criação   e   gestão   das   Unidades   de  Conservação   (UC)   existentes   no   país,   foi   instituído   no   ano   2000,   pela   Lei   9.985.   Em   2002,   o   governo   federal   criou   o   Programa   de   Áreas  Protegidas  da  Amazônia  (ARPA),  que  se  insere  no  contexto  da  delimitação  de  determinados  espaços  territoriais  com  seus  respectivos  recursos  ambientais,   aos  quais   devem   ser  destinados   cuidados  específicos  de  proteção  da   sua  população   tradicional   e  de   seu  patrimônio  biológico,  como  a  principal  alternativa  de  conservação  da  natureza  do  país  (VERISSIMO  et  al,  2011).  

Originalmente,  somente  as  UCs  eram  consideradas  Áreas  Protegidas,  porém,  a  partir  de  2006,  o  Plano  Nacional  de  Áreas  Protegidas  (PNAP)  incluiu  neste  conceito  os  Territórios  Quilombolas  e  as  Terras  Indígenas  (TI)  (Decreto  n.º  5.758/2006).  Estas  últimas  consistem  em  porções  do  território  nacional,  de  propriedade  da  União,  habitada  e  de  uso  exclusivo  de  um  ou  mais  povos  indígenas  que  as  utilizam  em  suas  atividades  produtivas  .    

Em  dezembro  de  2010,   as  Áreas  Protegidas  na  Amazônia   Legal   somavam  2.197.485  quilômetros  quadrados   (km2),   ou  43,9%  da   região,  ou  ainda   25,8%   do   território   brasileiro.   Desse   total,   as   Unidades   de   Conservação   (federais   e   estaduais)   correspondiam   a   22,2%   do   território  amazônico  enquanto  as  Terras  Indígenas  homologadas,  declaradas  e  identificadas  abrangiam  21,7%  da  mesma  região  .  

Conceitualmente,   tanto  a  criação  de  UC  quanto  a  demarcação  de  TI   tem  como  objetivo  comum  a  preservação  ambiental  nos   locais  de  sua  abrangência  e  o  estímulo  à  prática  sustentável  do  uso  da  terra,  sendo  a  segunda  voltada  para  garantia  dos  direitos  de  populações  indígenas.  A  diminuição   do   desmatamento   e   da   emissão   de   gases   de   efeito   estufa,   preocupações   a   nível  mundial,   são   algumas   das   funções   atribuídas,  especialmente  às  Unidades  de  Conservação.  Dados  apontam  que,  entre  2003  e  2006,  a  criação  de  485  mil  quilômetros  quadrados  de  Áreas  Protegidas  na  Amazônia,  que  incluem  UC  e  TI,  teria  contribuído  para  reduzir  em  37%  a  taxa  de  desmatamento  no  período  (SOARES-­‐FILHO  et  al,  2010  apud  IMAZON,  s/d).  Além  disto,  entre  2005  e  2012,  o  Brasil  teria  reduzido  em  38%  as  emissões  de  gases  de  efeito  estufa  (SEEG/OC,  2014  apud  IMAZON,  s/d).    

No   entanto,   apesar   das   contribuições   que   a   criação   destas   áreas   representam  para   a   diminuição   dos   números   do   desmatamento   no   país,  contraditoriamente   diversas   Unidades   de   Conservação   vêm   sendo   foco   de   desmatamento.   Uma   pesquisa   do   IMAZON   revelou   que   entre  agosto  de  2012  e  julho  de  2014,  10%  dos  1.531.000  hectares  desmatados  na  Amazônia,  pertenciam  a  160  Unidades  de  Conservação.  Em  geral,  as   UC’s   que   mais   sofrem   com   o   desmatamento   são   as   que   ficam   localizadas   em   áreas   de   influência   de   grandes   projetos   e   obras   de  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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infraestrutura  como  a  construção  de  rodovias  e  especialmente  de  hidrelétricas,  ocasionando  o  aumento  do  fluxo  migratório  que,  juntamente  com  a  pouca  eficiência  de  fiscalização,  acabam  por  facilitar  a  exploração  ilegal  e  apropriação  de  terras  em  UC’s.  Evidencia-­‐se,  portanto,  uma  clara  disputa  e  contradição  entre  duas  grandes  políticas,  de  um  mesmo  governo,  ambas  com  foco  sobre  a  região  amazônica:  a  de  proteção  da  biodiversidade  e  a  de  produção  de  energia.  Setores  estratégicos,  nos  quais  as  decisões  em  geral  carecem  de  transparência  e  debate  público.  

 

O  projeto  hidrelétrico  para  a  região  amazônica  

Nas  décadas  de  1960-­‐70,  o  Brasil  definiu  seu  modelo  para  geração  de  energia  e  priorizou  a  hidroeletricidade  como  principal  fonte  geradora,  desencadeando  a  construção  de  várias  barragens  que  deram  ao  país  uma  matriz  com  cerca  de  91%  de  energia  hidráulica  (FONSECA,  s/d).  Para  a   Amazônia,   em   razão   do   grande   potencial   representado   pela   maior   rede   hidrográfica   do   planeta,   foram   então   projetados   inúmeros  reservatórios,  sendo  um  de  grande  porte,  Tucuruí,  no  Sudeste  do  Pará,  concluída  em  1984  e  que  se  tornou  a  maior  obra  pública  da  história  da  Amazônia,  entre  as  cinco  maiores  do  país  em  todos  os  tempos  e  também  entre  as  mais  caras  de  todo  o  mundo  (PINTO,  2012).    

Se  a  usina  de  Tucuruí  se  tornou  emblema  do  modelo  desenvolvimentista  de  alto  impacto  que  se  impõe  ao  país  desde  a  era  Vargas,  acrescido  do  autoritarismo  do  regime  militar  e  seu  descaso  com  os  efeitos  das  grandes  obras  de  infraestrutura  sobre  as  populações  humanas  e  o  meio  ambiente  na  região,  o  projeto  do  atual  governo  de  construção  de  hidrelétricas  na  Amazônia  parece  padecer  do  mesmo  mal.  Atualmente,  são  23  grandes  hidrelétricas  que  integram  a  lista  dos  Planos  Decenais  de  Energia  de  2020  a  2023  (13  delas  constam  da  previsão  atualizada  do  PAC,  obras  selecionadas  neste  estudo),  projetos  que  em  conjunto  acenam  com  uma  nova  configuração  ambiental,  social  e  territorial  para  a  região  amazônica.  

 Segundo  diversos  estudos,  entre  os  quais  o  do  Instituto  de  Estudos  Socioeconômicos  (INESC,  2015,  s/p),  os  impactos  da  construção  de  grandes  hidrelétricas   são   muitos   e   já   conhecidos,   entre   os   quais,   os   ocasionados   pelos   impactos   migratórios   gerados   pela   atração   direta   de  trabalhadores  e  indireta  de  pessoas  em  busca  de  oportunidades  -­‐  que  irão  se  sobrepor  a  “um  quadro  de  alta  precariedade  no  acesso  a  bens  e  serviços   públicos   (saúde,   educação,   saneamento,  moradia,   alimentação,   entre   outros)   e   de   pressões   de   diversas   ordens   sobre   os   recursos  naturais”   -­‐     e   os   impactos   socioambientais   causados   pela   interferência   direta   e   indireta   das   obras   em   Unidades   de   Conservação,   Terras  Indígenas,  Territórios  Quilombolas.  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Não  existem  cálculos  do  aumento  populacional  esperado  diante  do  conjunto  das  hidrelétricas  previstas  até  agora  na  Amazônia,  assim  como  não  existe  qualquer  estimativa  dos  impactos  sociais  e  ambientais  decorrentes  do  fluxo  migratório  (INESC,  2015).  Belo  Monte  é  o  exemplo  mais  dramático  dessa  falta  de  planejamento.  O  município  de  Altamira,  no  Oeste  do  Pará,  região  da  Transamazônica  –  outra  obra  emblemática  de  alto  impacto  na  região  -­‐  sede  administrativa  da  obra,  que  em  2010  tinha  cerca  de  100  mil  habitantes,  viu  sua  população  subir  para  mais  de  150  mil  pessoas.  Um  dossiê  publicado  recentemente  pelo  Instituto  Socioambiental  (ISA,  jun.2015),  mostra  um  cenário  caótico  em  vários  setores  do  município  após  o  licenciamento  da  obra  em  2011  e  o  início  do  processo  de  migração  populacional.  Tais  denúncias,  que  vem  sendo  apontadas  por  ONGs  ambientalistas,  encabeçadas  pelo  Movimento  Xingu  Vivo  Para  Sempre  (MXVPS),  agora  também  repercutem  na  mídia3.  O  governo,  entretanto,   ignora  as  denúncias,  as  críticas  e  os   impactos   já  visíveis  e  previsíveis.  Em  contraponto,  os   investimentos  no  projeto  hidrelétrico  continuam   sendo   defendidos   como   estratégicos   para   a   ampliação   da   geração   de   energia   no   país,   e   sua   consequente   importância   para   as  dinâmicas  econômicas  do  país.  Como  coloca  o  artigo  do  INESC    em  seu  site4  (2015,  s/p):  

Beira   ao   absurdo   que   depois   de   tantas   lições   aprendidas   no   Brasil,   ao   longo   de   décadas,  sobre   os   custos   sociais,   ambientais   e   econômicos   de   planejamentos   “capengas   e  autoritários”,   que  miraram  o   crescimento   a   qualquer   custo,   o   governo   federal   continue   a  reproduzir  os  mesmos  paradigmas  de  planejamento  e  de  crescimento.  É  urgente  que  se  abra  o  debate  sobre  o  atual  planejamento  de  investimentos  hidrelétricos  do  governo  federal  na  Amazônia.   Este   debate   diz   respeito   não   somente   às   populações   e   territórios   diretamente  atingidos,  mas  a  toda  a  sociedade  brasileira.  

É  justamente  esse  debate  público  inclusivo,  de  todos  os  envolvidos  e  afetados  pelas  decisões  de  planejamento  -­‐  que  não  aconteceu  em  Belo  Monte,   onde   não   foram   realizadas   audiências   públicas   junto   às   populações   indígenas   atingidas   –   que   as   rádios   comunitárias,   como  meios  comunitários,  alternativos  à  grande  mídia  e  tradicionalmente  vinculados  aos  segmentos  populares  e  originados  dos  movimentos  sociais  podem  vir  a  favorecer.  

                                                                                                                         3  Ver  sobre  Belo  Monte:  Estadão,  O.  Obra  do  lago  de  Belo  Monte  espalha  caos.  Site,  postado  em  27  Junho  de  2015  (19h48).  Disponível  em:  http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,novanoticia,1714861.  Ver  também:  EL  PAIS  BRASIL.Belo  Monte,  empreiteiras  e  espelhinhos.  Opinião¸  Eliane  Brum.  Postado  em  06  de  julho  de  2015  –  12h49.  Disponível  em:  http://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/06/opinion/1436195768_857181.html  4  Ver:  Hidrelétricas  na  Amazônia:  impactos  em  escala,  planejamento  em  crise  (INESC,  2015).  Disponível  em  http://amazonia.inesc.org.br/artigos/hidreletricas-­‐na-­‐amazonia-­‐impactos-­‐em-­‐escala-­‐planejamento-­‐em-­‐crise-­‐2/    

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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As  rádios  comunitárias  Muitos  grupos  e  indivíduos  em  todo  o  mundo  têm  descoberto  que  o  rádio  lhes  permite  controlar  uma  ferramenta  de  comunicação  genuína  que  fomenta  a  criatividade  e  facilita  o  acesso  popular.  Assim  o  rádio  tem  sido  durante  mais  de  cinquenta  anos,  o  instrumento  mais  atrativo  para  a  comunicação  participativa  e  considerado  o  meio   ideal,  em  todo  o  mundo,  para  provocar  mudanças  sociais   (GIRARD,  2002;  DAGRÓN,  2008).  Em  cada  região  elas  recebem  uma  denominação  diferente,  segundo  o  contexto  sociocultural  e  jurídico  do  país  onde  se  localiza.  Rádio  popular  ou  educativa  na  América  Latina,  rádio  rural  ou  local  na  África,  rádio  pública  na  Austrália,  rádio  livre  ou  associativa  na  Europa  e  rádio  comunitária  no  Brasil.    

Todos  estes  nomes  descrevem  o  mesmo  fenômeno:  conseguir   fazer-­‐se  ouvir  e  democratizar  a  comunicação  na  escala  comunitária.  Elas  são  reconhecidas,  de   forma  geral  e   idealmente  como  meios  de  contra-­‐poder,  de  expressão  democrática  e  de  pertencimento   local   (LEAL,  2007),  com  vistas  a  provocar  a  reinvenção  de  um  modelo  de  comunicação  de  interesse  público  (PERUZZO,  2009).  

Em  termos  quantitativos  não  há  dúvidas  de  seu  vigor.  Em  quase  17  anos,  desde  a  aprovação  da  Lei  da  Radiodifusão  Comunitária  (Lei  9.612/98),  o  número  de  emissoras  comunitárias  FM,  de  baixa  potência  (até  25  wats)  e  reduzido  alcance  (1  km  de  raio),  como  exige  a  lei,  vinculadas  ao  menos  oficialmente   a   associações   comunitárias   sem   fins   lucrativos   e   registradas   pelo  Ministério   das   Comunicações   (MiniCom,   07.2015),   já  chega  a  4.701  rádios  comunitárias,  número  que  supera  o  de  emissoras  comerciais  somadas.    

Na  Amazônia,  segundo  dados  do  Ministério  das  Comunicações  (jul.  2015),   já  foram  outorgadas  cerca  de  570  emissoras  comunitárias,  sendo  que  504  destas   encontram-­‐se   licenciadas   –   com   licença  definitiva   (LDE)  ou   Licença  Provisória   (LPE)   –   em  mais   da  metade   (57,5%)  dos  772  municípios  dos  nove  Estados  que   formam  a  Amazônia   Legal.  O  número  de   rádios   comunitárias   representa  pouco  mais  de  75%  do   total  de  emissoras  comerciais  na  região5.  Se  considerarmos  que  40%  destas  emissoras  comunitárias,  ou  seja,  200  delas,  não  disputam  audiência  com  rádios  comerciais,  pois  são,  segundo  dados  da  Anatel   (2015),  a  única  emissora  de  rádio  em  seus  municípios,  capazes,  portanto,  de  produzir  informação   sobre   a   realidade   local   no  meio  mais   popular   que   existe   até   hoje,   temos   aí   um   cenário   extremamente   revelador   do   potencial  

                                                                                                                         5  Segundo  dados  do  Ministério  das  Comunicações  de  setembro  de  2014,  último  dado  geral  da  Radiodifusão  no  país,    a  radiodifusão  sonora  comercial  na  Região  Norte,  mais  os  estados  do  Mato  Grosso  e  Maranhão,  totalizavam  668  emissoras  de  rádio  (386  FM,  241  AM,  03  OC  e  38  OT).  Disponível  em:  http://www.comunicacoes.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor/radiodifusao-­‐comercial    

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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estratégico  da  radiodifusão  comunitária.  Ainda  mais  estratégico  em  65  municípios  da  Amazônia  onde  sequer  há  serviços  de  retransmissão  ou  repetição  de  sinais  de  som  e  imagem  (TV),  locais  onde  as  rádios  comunitárias  constituem-­‐se  em  único  e  exclusivo  meio  massivo  eletrônico  de  comunicação  na  localidade.  

Os  números,  entretanto,  apesar  de  expressivos  e  crescentes,  pelas  contas  de  estudiosos  e  dos  movimentos  sociais,  não  revelam  a  realidade  do  fenômeno,   que   tende   a   ser   até   seis   vezes  maior.   Estima-­‐se   que   existam   hoje   entre   15   e   20  mil   rádios   comunitárias   “não-­‐legalizadas”   em  funcionamento  no  país  (LIMA  e  AGUIAR  LOPES,  2007).  O  número  de  rádios  comunitários  de  fato  em  atividade  é  impreciso  e  difuso  em  função  da   clandestinidade   imposta   a   inúmeras   emissoras  que  praticam  o  exercício   temporário   e   arriscado  da   rádio   livre,   expostas   à   fiscalização  e  apreensão  de  seus  equipamentos  por  parte  da  Anatel  e  da  Polícia.    

Por  outro  lado,  são  muitas  as  pressões  enfrentadas  pelas  emissoras,  tanto  para  legalizarem-­‐se  quanto  para  se  manterem  no  ar.  As  limitações  impostas  pela  Lei  9.612  -­‐  de  alcance,  potência  e  frequência,  de  associação  e  expansão  por  meio  de  rede,  além  do  modelo  limitado  de  gestão  financeira,  que  permite  apenas  o  “apoio  cultural”  restrito  à  apoiadores  com  sede  na  localidade  -­‐  somados  a  extrema  burocracia  do  processo  de  legalização   das   rádios   comunitárias,   acabam   por   beneficiar   as   emissoras   apadrinhadas   por   religiosos   ou   políticos     ou   que   simplesmente  reproduzem  os  modelos  comerciais.  

Isso  finda  por  criar  uma  onda  das  chamadas  “pseudo-­‐comunitárias”  (“picaretarias”  ou  “rádios  de  dono”  como  são  chamadas)  -­‐  emissoras  que  se  constituem  por  interesse  privado,  reproduzem  os  formatos  comerciais  e  não  são  abertas  à  participação  da  comunidade.  Ou  seja,  o  próprio  contraditório   do   ideal   de   rádios   comunitárias,   que   se   definem   como   aquelas   que   têm   “gestão   pública,   operam   sem   fins   lucrativos   e   têm  programação  plural”  (PERUZZO,  1999,  p.253).  Uma  onda  desviante  que  só  pode  ser    combatida  com  políticas  públicas  de  democratização  da  comunicação  e  que  apoiem  e  promovam  a  radiodifusão  comunitária  no  país.    

Etapas    da  pesquisa  e  resultados  

O  projeto  de  pesquisa   “Mídia  Cidadã    e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de   rádios   comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental   na   Amazônia”,   contou   com   duas   etapas   de   coleta   e   análise   de   dados   com   metodologias   distintas.   A   primeira   etapa   da  investigação,  de  caráter  mais  quantitativo,  consistiu  na  fase  de  mapeamento  e  identificação  do  cenário  de  pesquisa,  na  qual  foram  levantados  e  cruzados  dados  secundários  de:  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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1)   Emissoras   comunitárias   licenciadas   pelo   governo   em   municípios   dos   nove   estados     que   formam   a   Amazônia   Legal     –   Acre,   Amapá,  Amazonas,   Mato   Grosso,   Pará,   Tocantins,   Rondônia,   Roraima   e   parte   do   Maranhã   (a   Oeste   do   Meridiano,   44°O),   de   acordo   com   dados  secundários  obtidos  junto  aos  site  do  Ministério  das  Comunicações  (2015)  e  Anatel  (2015),  conferidos  por  município  na  página  do  Sistema  de  Controle  de  Radiodifusão  (SRD)6  ;    

2)   Demais   meios   massivos   eletrônicos   (Rádios   comerciais   em   Ondas   Médias,   Frequência   Modulada,   Ondas   Curtas   e   Ondas   Tropicais   e  Retransmissoras  (RTV)  e  Repetidoras  de  TV  (RPTV),  existentes  nos  municípios  amazônicos,  também  junto  ao  SRD  (2015);  

3)  Unidades  de  Conservação  (UC)  existentes,  de  acordo  com  o  Ministério  do  Meio  Ambiente    (2015);      

4)  Terras  Indígenas  (TI)  criadas  ou  previstas,  de  acordo  com  dados  do  site  da  FUNAI    (2015);  

5)  Usinas  Hidrelétricas  (UHE)  em  obras,  previstas  e  em  funcionamento,  conforme  dados  disponibilizados  pelo  site  do  Programa  de  Aceleração  do  Crescimento    (PAC,  Out./2014).  

Inicialmente  o  projeto  previa  a  inclusão  também  de  Territórios  Quilombolas,  incluídos  recentemente  (2006)  na  condição  de  Áreas  Protegidas  e  que  já  chegam  ao  número  impressionante  de  856  áreas  certificadas  na  Amazônia  .  Da  mesma  maneira,  previa  a  inclusão  de  outras  obras  de  alto   impacto   na   região,   além  das   usinas   hidrelétricas,   como   rodovias   ou   projetos   de  mineração,   porém   tais   dados   não   foram   incluídos   na  análise   da   pesquisa   e   no  mapa  digital   em   função  do   volume   total   de   dados   em   relação   ao   fator   tempo  do  projeto,   e   principalmente   pela  situação  de  acirramento  em  torno  do  projeto  hidrelétrico  do  governo  para  a  região,  especialmente  sinalizadas  pelas  as  obras  de  Belo  Monte  e  do  complexo  do  Tapajós,  que  afetam  de  forma  especialmente  brutal  as  populações  indígenas.  Todavia,  em  função  da  característica  dinâmica  do  mapeamento  digital,  também  chamado  de  cartografia  digital,  é  possível  a  inclusão  permanente  de  novos  dados  e  variáveis.    

4  estudos  de  casos  

Na   segunda   fase   da   pesquisa,   de   caráter   exploratório   e   qualitativo   por   estudo   de   caso   (YIN,   1994),   foram   selecionados   quatro   casos   de  emissoras  comunitárias  licenciadas  e  em  funcionamento  em  localidades  amazônicas  afetadas  por  Usinas  Hidrelétricas  e  que  também  abrigam  em  seus  territórios  Unidades  de  Conservação  e  Terras   Indígenas  –  três  na  área  afetada  direta  e   indiretamente  pelo  projeto  da  UHE  de  Belo  

                                                                                                                         6    

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Monte  –  Rádio  Comunitária  Nativa  no  município  de  Altamira,  Rádio  Comunitária  Arawete  FM    em  Vitória  do  Xingu,    e    Popular  FM  em  Brasil  Novo  –  e  uma  emissora  na  região  do  Complexo  do  Tapajós  –  a  Rádio  Comunitária  Alternativa  FM,  do  município  de  Itaituba,  Oeste  do  Pará.  O  objetivo  do  trabalho  de  campo,  que  incluiu  coleta  de  dados  por  meio  de  entrevistas,  observação  e  escuta  da  programação,  foi  verificar  se  e  como  essas  emissoras  produzem  informação  sobre  as  situações  de  impacto  socioambiental  que  afetam  ou  venham  a  afetar  sua  localidade  ou  região.    

A   partir   do   trabalho   de   campo   e   de   levantamento   de   dados   secundários   junto   à   Anatel,   também   se   verificou   a   posição   dessas   rádios  comunitárias  no  campo  midiático   local  e  regional,  ou  seja,  se  disputam  audiência  com  outros  meio  massivos  eletrônicos  ou  se  por  acaso  se  constituem  em  único  meio  para  a  produção  de  informação  sobre  a  realidade  local.  Esta  etapa,  terá  seus  resultados  disponibilizados  num  site  sobre   Mídias   Alternativas   e   Comunitárias   na   Amazônia   (MACAM),   atualmente   em   fase   de   construção   (www.projetomacam.net/site),   que  abrigará  também  o  mapa  digital.  

De  forma  geral,  o  que  se  verificou  é  que  todas  as  emissoras  comunitárias  pesquisadas  não  conseguem  produzir  informação  relevante  sobre  os  acontecimentos  gerados  pelas  projetos  de  alto  impacto,  a  implantação  das  Usinas  Hidrelétricas  na  região,  que  afetam  ou  afetarão  direta  ou  indiretamente  o  meio  ambiente  e  o  bem  estar  e  a  qualidade  de  vida  e  nos  municípios  onde  estão  sediadas.  São  duas  as  limitações  principais:      

1)   uma   de   ordem  material:     a   dificuldade   crônica   de   sustentabilidade   financeira,   resultado,   de   um   lado,   do  modelo   de   gestão   financeira  imposto  pela  Lei  da  Radiodifusão  Comunitária  (9.612/98)  e  do  outro,  irmã  siamesa  da  causa  anterior,  da  falta  de  políticas  públicas  que  apoiem  e  fortaleçam  a  comunicação  comunitária.  O  resultado  é  que  as  rádios  comunitárias,  ainda  que  tragam  em  si  o  potencial  de  gerar  uma  esfera  pública  mais  plural,  padecem  de  uma  escassez  crônica  de   recursos,  materiais  e  humanos,  para   fazer  o  acompanhamento  dos   fatos  e  gerar  informação  alternativa  aos  meios  tradicionais  ;      

2)  outra  de  caráter   ideológico  e  político:  a  divisão  dos  movimentos  sociais  em  torno  das  obras  das  UHE  na  região,  em  especial  na  região  de  influência  de  Belo  Monte,  onde  os  movimentos  sociais  da  Transamazônica,  uma  referência  nacional  de  mobilização  no  meio  rural  e  que  deram  origem  às  rádios  comunitárias  no  final  dos  anos  de  1990,  sofrem  de  um  esgarçamento  identitário,  fruto  de  uma  crise  maior  e  não  incomum  que   atinge,   ainda   que   com   particularidades,   as   bases   das   forças   de   esquerda   em   várias   situações   de   transição   de   democracias,   quando   a  esquerda  chega  ao  poder  (STEINBRENNER,  2011)  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Na  região  onde  se  localizam  três  das  quatro  emissoras  observadas,  percebe-­‐se  uma  crise  da  chamada   identidade  de  resistência  e  mesmo  da  própria  noção  de  comunidade,  que  moldou  os  movimentos  em  busca  de  protagonismo  regional  a  partir  dos  anos  de  1970,  numa  luta  comum  contra  o  abandono  e  o   isolamento  da   região  da  Transamazônica.  Uma   identidade  que,  afrouxada  por  novos  arranjos  políticos,  distancia  os  movimentos   sociais  das   rádios  comunitárias,  o  que  significa  dizer,   fragiliza  o  posicionamento  dessas  emissoras  no  campo  midiático  ao  qual  pertencem,   já  que  é  a  partir  dos  movimentos  sociais  que  as   rádios  comunitárias  autênticas  se  originam  e  se  sustentam   institucionalmente,  tornando-­‐as  assim  mais  vulneráveis  à   lógica  privada.    Essa  crise  dos  movimentos  sociais,  que  se   fazia  sentir  a  partir  da  primeira  metade  da  década  dos  anos  2000,  com  a  chegada  ao  poder  se  agudiza  diante  da   investida  absoluta  do  governo   federal  em  defesa  do  projeto  de  Belo  Monte,  especialmente  após  o  início  da  obra  em  2011,  gerando  uma  fratura  no  seio  dos  movimentos  sociais,  que  afeta  diretamente  a  tomada  de  posição  crítica  e  proativa  das  rádios  comunitárias  diante  das  obras  da  UHE  e  seus  impactos  socioambientais  para  a  região.  

 

Dados  levantados  e  cenários  revelados    

Rádios  Comunitárias  na  região:  grande  potencial  de  comunicação  popular  

Segundo  dados  do  Ministério  das  Comunicações  (jun.  2015),  estão  em  funcionamento  504  rádios  comunitárias  licenciadas  em  mais  da  metade  (57,5%)  dos  772  municípios  dos  nove  Estados  que  formam  a  Amazônia  Legal,  o  que  representa  perto  de  75%  do  total  de  emissoras  comerciais  na   região7.   Se   considerarmos   que   40%   destas   emissoras   comunitárias   na   região,   ou   seja,   200   delas,   não   disputam   audiência   com   rádios  comerciais,   pois   são,   segundo   dados   da   Anatel   (2015),   a   única   emissora   de   rádio   em   seus   municípios,   capazes,   portanto,   de   produzir  informação   sobre   a   realidade   local   no  meio  mais   popular   que   existe   até   hoje,   temos   aí   um   cenário   extremamente   revelador   do   potencial  estratégico  da  radiodifusão  comunitária.  Ainda  mais  estratégico  em  65  municípios  da  Amazônia  onde  sequer  há  serviços  de  retransmissão  ou  repetição  de  sinais  de  som  e  imagem  (TV),  as  rádios  comunitárias  constituindo-­‐se,  portanto,  em  único  e  exclusivo  meio  massivo  eletrônico  de  comunicação  na  localidade.                                                                                                                              7  Segundo  dados  do  Ministério  das  Comunicações  de  setembro  de  2014,  último  dado  geral  da  radiodifusão,  as  emissoras  comerciais  na  Região  Norte,  mais  os  estados  do  Mato  Grosso  e  Maranhão,  totalizavam  668  emissoras  de  rádio  (386  FM,  241  AM,  03  OC  e  38  OT).  Disponível  em:  http://www.comunicacoes.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor/radiodifusao-­‐comercial    

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Os  dados  também  mostram  (Gráfico  6b  -­‐  Apêndice)  que    cerca  de  90%  dos  municípios  possuem  apenas  uma  emissora  licenciada,  em  28  deles  (6%)   encontram-­‐se   licenciadas   duas   emissoras   e   somente   nas   capitais   esse   número   ultrapassa   três   emissoras   comunitárias   licenciadas,  chegando  a  cinco  em  Porto  Velho   (RO),  maior  número  em  toda  a   região.  A  exceção  é  Boa  Vista   (RR),  única  capital  da   região  a  não  abrigar  nenhuma  rádio  comunitária.  

O   Pará   e   o   Maranhão,   na   parte   que   integra   a   região   amazônica,   com   120   emissoras   cada,   são   os   Estados   que   possuem   mais   rádios  comunitárias  licenciadas,  seguidos  em  ordem  decrescente  pelo  Mato  Grosso,  com  86;  Tocantins,  com  69;    Rondônia,  com  41;  Amazonas,  com  40;  Amapá,  17  e  por  fim,  Roraima  com  06  e  Acre  com  05  emissoras  (Gráfico  6a  -­‐  Apêndice).  

Chama  a  atenção  o  Amapá,  não  pelo  número  de  rádios  comunitárias  licenciadas,  pois  são  apenas  17,  mas  pela  proporção  de  municípios  com  radcom:  quase  a  totalidade  –  14  dos  16  dos  municípios  amapaenses  –  possuem  rádios  comunitárias,  o  que  seria  em  si  um  dado  promissor  para  se  pensar,  por  exemplo,  uma  rede  de  comunicação  popular  no  Estado,  não  pelas  ondas  eletromagnéticas,  mas  pela  internet,  já  que  a  legislação  da  radiodifusão  comunitária  (Lei  9.612,  Art.  16)  não  permite  a  formação  de  redes,  um  dos  gargalos  de  limitação  para  o  sistema  de  radiodifusão  comunitário  no  país,  em  especial  numa  região  de  tão  vastas  dimensões.  

Cruzando  os  dados:  dimensões  e  potencialidades  reveladas  (Tabela  7  –  Apêndice)  

Das  504  rádios  comunitárias   licenciadas  na  Amazônia,  cerca  de  45%  delas  estão   localizadas  em  município  que  possuem  em  seus  territórios  Unidades  de  Conservação,  num  total  de  296,  distribuídas  em  maior  número  nos  municípios  do  Pará  (54),  seguido  do  Maranhão  (48)  e  do  Amazonas  (30).    Em  relação  às  Terras   Indígenas,   a  partir   do   cruzamento  de  dados   realizado  pela  pesquisa,   verificou-­‐se  que  um   terço  das   rádios   comunitárias   (152)   está   licenciado  em  municípios  que  abrigam  TI,  num  total  de  297  Terras  Indígenas  distribuídas  em  135  municípios,  praticamente  a  metade  em  municípios  do  Amazonas  (149  TI),  seguido  do  Mato  Grosso   (87  TI)  e  do  Pará   (69  TI).  Para  entender  a  diferença  entre  os  números,  é   importante  destacar  que  um  mesmo  município  abriga  muitas  vezes  mais  de  uma  Terra  Indígena  ou  Unidade  de  Conservação  em  seu  território,  lembrando  que  cerca  de  10%  dos  municípios  possui  mais  de  uma  rádio  licenciada.  

No   que   diz   respeito   às   hidrelétricas   na   região,   tomou-­‐se   como   referência   o   último   balanço   do   PAC,   de   outubro   de   2014,   que   aponta   o   número   de   13  projetos   de   hidrelétricas   para   a   Amazônia,   todos   eles   situados   ao   menos   em   um  município   que   abriga   rádio   comunitária.     As   UHE   encontram-­‐se   em  diferentes   estágios:   quatro   em   operação8,   duas   já   concluídas9,   cinco   em   obras10   e   duas   em   fase   de   ação   preparatória11.   As   UHE   previstas   pelo   PAC   e  

                                                                                                                         8  Ferreira  Gomes  (AP);  Jirau  (RO);  Santo  Antônio  (RO);  Santo  Antonio  Jari  (AP  e  PA).  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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consideradas  no  estudo  abrangem  23  municípios  e  destes,  17  possuem  rádios  comunitárias  licenciadas.  Destes  municípios,  pouco  menos  da  metade,  sete  deles  (42%),  abrigam  também  Terras  Indígenas  e  Unidades  de  Conservação.  

Ao  cruzar   todas  as  variáveis  –  Rádios  Comunitárias,  Usinas  Hidrelétricas,  Terras   Indígenas  e  Unidades  de  Conservação  –   sinalizam-­‐se  as   localidades  com  maior  potencial  atual  ou  futuro  de  eclosão  de  conflitos  socioambientais  pelo  uso  (ou  não  uso)  dos  recursos  naturais.  É  justamente  nesses  territórios  e  sobre  esses  embates  que  a  comunicação  comunitária,  voltada  à  cidadania  e  educação  ambiental,  pode  fazer  diferença.  

Dentre  os  sete  municípios  com  maior  potência  em  termos  de  quantidade  de  unidades  de  variáveis  entrecruzadas,  o  campeão  é  Altamira,  com  duas  rádios  comunitárias,   12   Terras   Indígenas,   11   Unidas   de   Conservação   e   uma   Usina   Hidrelétrica   em   obras,   Belo   Monte,   um   dínamo   de   conflitos,   impasses   e  contradições  há  quase  40  anos.  Na  sequência  vêm  os  municípios  de  Itaituba  (PA)  -­‐  01  radcom,  02  UHE,  05  TI,  11  UC;  Porto  Velho  (RO)  -­‐  05  radcom,  02  UHE,  03  TI,  14  UC;  Aripuanã  (MT)  -­‐  02  radcom,  01  UHE,  03  TI,  02  UC;  Almeirim  (PA)  -­‐  02  radcom,  01  UHE,  02  TI,  04  UC;  Laranjal  do  Jari  (AP)    -­‐  01  radcom,  01  UHE,  02  TI,  04  UC  e  Nova  Canaã  do  Norte  (MT)  -­‐  01  radcom,01  UHE,  01  TI,  02  UC).  

Chega,  portanto  a  14  o  número  de  rádios  comunitárias  nestes  municípios  que  abrigam  todas  as  variáveis  e,  portanto,  maior  potencial  de  conflito.  Apoiar  estas  emissoras  com  políticas  públicas  que  lhes  garantam  condições  de  autonomia  e  independência  em  seu  funcionamento  seria  um  importante  passo  para  promover  mais  informação  e  reflexão  crítica  sobre  a  realidade  local,  ampliando  assim  as  possibilidades  de  maior  participação  dos  grupos  locais  nas  decisões  que  coloquem  em  risco  a  sustentabilidade  de  seu  meio  ambiente,  seu  bem  estar  e  sua  qualidade  de  vida.  

 

Conclusão  possível  As   rádios   comunitárias   são   um   fenômeno  de   comunicação   especialmente   fértil   e   crescente   em   regiões   periféricas   do   planeta.   Entretanto,   pelo  mesmo  motivo  de  atuarem  em  territórios  periféricos  a  partir  de  iniciativas  de  grupos  subalternos,  as  rádios  comunitárias  muitas  vezes  não  conseguem  impactar  a  agenda   política   ou   mesmo   brigar   pela   audiência   onde   propagam   seus   sinais,   gerando   em   si   um   paradoxo:   constituem-­‐se   como   fenômeno   crescente,  relevante   social   e  politicamente,  mas  desconhecido  do  grande  público,   invisível   para   além  de   suas  bases  ou   segmentos  diretamente  antagônicos  e  não  reconhecido   de   fato   pelos   tomadores   de   decisão.   Os   dados   aqui   apresentados,   abrigados   de   forma   dinâmica   em   um  mapa   digital,   numa   perspectiva  socioambiental  das  rádios  comunitárias  na  região  amazônica,  têm  como  expectativa  gerar  maior  compreensão  da  importância  e  do  papel  que  as  emissoras  

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       9  Dardanelos  (MT);  Estreito  (  MA  e  TO).  10  Belo  Monte  (PA);  Colíder  (MT);  São  Manoel  (MT  e  PA);  Sinop  (MT);  Teles  Pires  (MT  e  PA).  11  Jatobá  (PA);  São  Luiz  do  Tapajós  (PA).  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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comunitárias  podem  representar  como  instrumento  de  comunicação  e  educação  cidadã  na  construção  mais  democrática  e  sustentável  do  desenvolvimento  da  Amazônia.  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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MARTÍN-­‐BARBERO,  Jesús.  Dos  meios  às  mediações:  comunicação,  cultura  e  hegemonia.  Prefácio:  Néstor  García  Canclini.  4.  ed.  Rio  de  Janeiro:  UFRJ,  2006.  

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STEINBRENNER,  Rosane  Maria  Albino.  Rádios  Comunitárias  na  Transamazônica:  Desafios  da  comunicação  comunitária  em  regiões  periféricas.  386  f.  Tese  (Doutorado  em  Desenvolvimento  Sustentável  do  Trópico  Úmido).  Belém:  2011,  UFPA.  

VEIGA.  José  Eli  da.  Desenvolvimento  sustentável:  o  desafio  do  século  XXI.  Rio  de  Janeiro:  Garamond,  2005.  

__________.  A  Emergência  Socioambiental.  São  Paulo:  Editora  Senac,  2007.  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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EQUIPE    Projeto:  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  

                               rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia                                    Coordenação:  Dra.  Rosane  Maria  Albino    Steinbrenner  –  [email protected]                                                      Faculdade  de  Comunicação  (FACOM)  -­‐  Universidade  Federal  do  Pará  (UFPA)                                                      Belém  –  Pará  –  Brasil.  Fones:  (55)  (91)  3201  7584  /  3201  7586  

§ Pesquisadores  colaboradores:    

Brunella  Lago  Velloso  Larissa  Carreira  da  Cunha  Jader  Gama  

§ Voluntários  na  primeira  fase  da  pesquisa:  

Lorena  Saraiva  da  Silva  Thaís  Siqueira  Lara  Lages  Kleyton  Silva  Lidyane  Albin  Tarcísio  Ferreira    

§ Mapa  digital  –  www.produtoracolaborativa.com.br/maparadios  Desenvolvimento:  Produtora  Colaborativa  www.produtoracolaborativa.com.br  Marcio  Reis  Karina  Bacelar  Larissa  Carreira  (  supervisão  técnica)  Brunella  Lago  Velloso  (  supervisão  de  conteúdo)      § Construção  do  site  MACAM  –  Mídias  Alternativas  e  

Comunitárias  na  Amazônia  –  www.projetomacam.net/site  Desenvolvedor:  Leandro  Machado  [email protected]  Supervisão  de  conteúdo  –  Rosane  Steinbrenner  e  Celia  Trindade  Amorim

   

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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                                                                                                                   Síntese  em  números  

 

 

 

 

                                                                                                                                                               

Apêndice  

 

 

 

 

 

 

 

 

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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I. RADIOS  COMUNITÁRIAS  (radcom)  em  Números    1. Sistema  de  Radiodifusão  no  Brasil  (2014)  -­‐  Radiodifusão  Sonora  (Rádio)  +  Radiodifusão  de  Sons  e  Imagens  (TV)  

Tabela  1:  Sistema  de  Radiodifusão  no  Brasil  (Minicom,  2014)  

 

 

 

 

   

0  

2000  

4000  

6000  

8000  

10000  

12000  

FM   OM   OC   OT   RADCOM   TV   RTV  

Radio   TV  

Gráfico  1a:  Sistema  de  Radiodifusão  no  Brasil  (2014)  

13%  9%  

0%  

0%  

23%  

3%  

52%  

Gráfico  1.b:  Sistema  de  Radiodifusão  no  Brasil  (2014)  

Radio  FM   Radio  OM   Radio  OC   Radio  OT  

Radio  RADCOM   TV  TV   TV  RTV  

   RÁDIO  

RADCOM  TELEVISÃO  

 FM  

AM  GERADORA   RETRANSMISSORA    OM   OC   OT  

 Total   3209   1781   66   74   4641   543   10739  

 

 

BASE  DE  DADOS:  Ministério  das  Comunicações  -­‐  MINICOM-­‐  Espaço  do  Radiodifusor  -­‐SRD:http://www.mc.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor  (29.05.2014).  

As  Rádios  Comunitárias  

representam  22%  de  todos  meios  de  comunicação  que  integram  o  Sistema  de  Radiodifusão  no  Brasil.    (Minicom-­‐SRD.  19.05.2014)  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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2. Sistema  de  Radiodifusão  Sonora  no  Brasil    (Minicom,  2014)      

Tabela  2:  Sistema  de  Radiodifusão  Sonora  no  Brasil  (2014)       FM   OM   OC   OT   RADCOM  Comercial   2684   1766   65   72      Educativa*   525   15   1   2      Radcom                   4641  Total   3209   1781   66   74   4641  Total  Geral   9771  Elaborado  pela  autora.  Fonte:  Dados  gerais  -­‐  (05.2014);                                              *Rádios  Educativas  (09.2014)  –  Ministério  das  Comunicações  -­‐  Minicom-­‐SRD  -­‐http://www.mc.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

0  1000  2000  3000  4000  5000  

FM   OM   OC   OT   RADCOM  

Gráfico  2:  Radiodifusão  Sonora  no  Brasil  (Minicom,  2014)  

Comercial   Educa�va*   Radcom  

As  Rádios  Comunitárias  representam  47%  das  emissoras  de  rádio  do  país.  

 (Minicom-­‐SRD.  19.05.2014)  

Existem  hoje  no  Brasil  quase  2  x  +  Rádios  Comunitárias    que  FMs  e  quase  3  x    mais  que  rádios  OM.  

(Minicom-­‐SRD.  19.05.2014)  

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3. Radiodifusão  Sonora  por  Região  (Minicom,  2014)  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Elaborado  pela  autora:  Fonte:  Ministério  das  Comunicações  -­‐  MINICOM-­‐        Sistema  de  Controle  de  Radiodifusão  -­‐  SRD.  (05.2014)  -­‐  http://www.mc.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor.    

                                 

 

 

 

 

 

 

 

0  1000  2000  3000  4000  5000  

Gráfico  3a.  Radiodifusão  Sonora  por  Região    do  país  -­‐  Minicom/  2014  

SUL  

SUDESTE  

NORTE  

NORDESTE  

CENTRO-­‐OESTE  

10%  

30%  

7%  

33%  

20%  

Gráfico  3b.  Rádios  Comunitárias  por  Região  do  país              (Minicom,  2014)  

CENTRO-­‐OESTE   NORDESTE   NORTE   SUDESTE   SUL  

Tabela  3:  Radiodifusão  Sonora  por  Região  do  país  (2014)  

Região   FM   OM   OC   OT   RADCOM  

Total  Rádios  

CENTRO-­‐OESTE   349   188   8   12  

437  43,9%  

994  

NORDESTE   722   434   1   6  1408  54,7%  

2571  

NORTE   314   137   2   32  327  40.2%  

812  

SUDESTE   1145   545   32   22  1538  46,8%  

3282  

SUL   679   477   23   2  931  44,08%  

2112  

A  Região  Norte  está  na  “lanterna”  da  distribuição  das  emissoras  de  rádio  no  país,  com  apenas  8,3%.  Dessas,  40%  são  Rádios  Comunitárias.    Do  total  de  Radcom  autorizadas  no  país  (4.641  )  7%  estão  localizadas  na  Região  Norte.  O  Sudeste  concentra  33%  das  emissoras  de  rádio  e  36%  das  geradoras  e  retransmissoras  de  TV.(Minicom-­‐SRD.  19.05.2014).  

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4.  Rádios  Comunitárias  na  Amazônia                (Minicom,  2014)  

 

 

 

 

 

 

   

0  2000  4000  6000  8000  10000  12000  14000  

Gráfico  4:  Radiodifusão  na  Amazônia  (SRD/05.2014)  

BRASIL   Amazônia  

Tabela  4:  Radiodifusão  na  Amazônia  Legal  (SRD-­‐  05.2014)  UF   RÁDIO   RADCOM   TELEVISÃO       FM   AM       GERADORA   RETRANSMISSORA       FM   OM   OC   OT   RADCOM   TV   RTV  BRASIL   3209   1781   66   74   4641   543   10739  Amazônia     447   233   3   34   549   70   1773  AM   40   27   2   10   42   9   261  AP   19   6   0   2   19   7   54  PA   114   45   0   8   127   11   398  RO   57   23   0   5   43   8   174  RR   14   6   0   1   6   3   63  TO   45   19   0   1   85   5   165  MT   98   64   0   4   95   13   309  MA*   60   43   1   3   132   14   349  Elaborado  pela  autora:  Fonte:  Ministério  das  Comunicações  -­‐MINICOM-­‐    Espaço  do  Radiodifusor-­‐SRD:  http://www.mc.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor  (29.05.2014).    *  No  Maranhão  são  181  (83,4%)  de  seus  201  municípios,  localizados  à  Oeste  do  Meridiano  44  e  que  integram  o  território  definido  como  Amazônia  Legal.  

As  radcom  representam  43,4%  do  total  de  emissoras  de  rádios  na  região.  Cerca  de  metade  das  rádios  comunitárias  na  Amazônia  está  localizada  em  dois  estados:  Maranhão  (24%)  e  Pará  (23%).  (Minicom-­‐SRD.  19.05.2014)  

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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5. Rádios  Comunitárias  Licenciadas*  na  Amazônia  Legal  por  município  da  região                                                                                                                                        (ANATEL  –  SRD,  2015/  Minicom,  2015)    

     

 

   

0  100  200  300  400  500  600  700  800  

Gratco  5:  Municípios  da  Amazônia  Legal  com  Rádios  Comunitárias  Licenciadas  por  Unidade  da  Federação  (2015)  

Total  de  Municípios   Total  de  municípios  c/  Radcom  

Tabela  5:  Municípios  da  Amazônia  Legal  com  Rádios  Comunitárias  licenciadas  por  Unidade  da  Federação  (2015)  

Unidade  da  Federação     Total  de  

Municípios  

Total  de  municípios  c/  

Radcom  %  

AMAZONIA   772   444   57,5  

Acre   22   5   22,7  Amapá   16   14   87,5  Amazonas   62   36   58  Pará   144   96   66,6  Rondônia   52   36   69,2  Roraima   15   6   40  Tocantins   139   68   48,9  Mato  Grosso   141   77   54,6  Maranhão*   181   106   55,8  Elaborado  pelo  autor.  Fontes:  IBGE  -­‐  Cadastro  de  Municípios  localizados  na  Amazônia  Legal  -­‐  (2014)  http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/amazonialegal.shtm?c=2;    Ministério  das  Comunicações  -­‐  http:/www.  mc.gov.br  (jul/2015).  ANATEL  -­‐  Sistema  de  Controle  de  Radiodifusão  (SRD)  -­‐  (jul.2015)  -­‐http://sistemas.anatel.gov.br/srd.  *  Os  municípios  do  Maranhã  que  integram  a  Amazônia  Legal  estão  localizados  a  Oeste  do  Meridiano  44  (181  do  total  de  201  municípios  do  Estado).  

57,5%  dos  municípios  amazônicos  possuem  ao  menos  uma  rádio  comunitária  licenciada.  (ANATEL/SRD  –  Jun/2015)  

*Rádios  comunitárias  licenciadas  pelo  Ministério  das  Comunicações  em  todos  os  status  –  Licença  Definitiva  e  Licença  Provisória  (ver  anexo  II)  

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 Gráfico  6  a:  Rádios  Comunitárias  na  Amazônia  Legal  por  Unidade  da  Federação                        (ANATEL/SRD,  jul.2015)  

Gráfico  6b:  Rádios  Comunitárias  por  municípios  na  Amazônia    

6. Rádios  Comunitárias  na  Amazônia  por  Unidade  da  Federação  (2015)  

 

 

 

0  

20  

40  

60  

80  

100  

120  

140  

396  

28   8   3  1  

   01  radcom  

 02  radcom  

 03  radcom  

 04  radcom  

05  radcom  

O  Pará  e  o  Maranhão,  na  parte  que  integra  a  região  amazônica,  com  120  emissoras  cada,  são  os  Estados  que  possuem  mais  rádios  comunitárias  licenciadas.  Acre  e  Roraima,  os  que  possuem  menos,    com  05    e  6  emissoras  respectividamente.    

Em  cerca  de  90%  dos  municípios  da  Amazônia  que  possuem  radcom,  existe  apenas  uma  emissora  comunitária  licenciada.  Porto  Velho  é  o  que  possui  o  maior  número  de  rádios  comunitárias  licenciadas  (05).  

 

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7. Rádios  Comunitárias  e  Desenvolvimento  Sustentável  na  Amazônia  (ANATEL  –  SRD,  2015/  Minicom,  2015)  

Tabela  7:  Rádios  Comunitárias  licenciadas  na  Amazônia  Legal  por  Unidade  da  Federação  localizadas  em  municípios  com  Usinas  Hidrelétricas  ,  Unidades  de  Conservação,  Terras  Indígenas    

Unidade  da  Federação     Total  Radcom  

Total  municípios  com  Radcom  

Radcom  +  UHE  

Radcom  +  UC  

Radcom  +  TI  

Radcom  +  UHE+UC+TI  

Radcom  única  

emissora  de  rádio  local*  

Radcom  único  meio  massivo  eletrônico**      

AMAZONIA   504   444   29   219   159   14   200   65  Acre   5   5   0   4   4   0   0   0  Amapá   17   14   2   15   4   1   5   0  Amazonas   40   36   0   30   36   0   21   0  Pará   120   96   7   54   35   5   25   15  Rondônia   41   36   6   18   17   5   9   4  Roraima   6   6   0   3   4   0   2   0  Tocantins   69   68   3   25   4   0   45   25  Mato  Grosso   86   77   10   22   42   3   22   5  Maranhão   120   106   1   48   13   0   71   16  FONTES:  Rádios  Comunitárias  licenciadas  (Licença  definitiva  (LDE)  ou  provisória  (LPE):  Ministério  das  Comunicações  (jun/2015)  -­‐    http://www.comunicacoes.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor/radio-­‐comunitaria  ;    Anatel  (jun/2015)-­‐  http://sistemas.anatel.gov.br/srd/.  Usinas  Hidrelétircas  (UHE)  realizadas  ou  previstas  pelo  Programa  de  Aceleração  do  Crescimento  (PAC)  -­‐  (out./  2014)  -­‐  http://www.pac.gov.br/energia/geracao-­‐de-­‐energia-­‐eletrica/br/10.  Unidades  de  Conservação  (UC):    Sistema  Nacional  de  Unidades  de  Conservação  da  Natureza  (SNUC)  -­‐  Ministério  do  Meio  Ambiente    (MMA)  -­‐  http://www.mma.gov.br/areas-­‐protegidas/cadastro-­‐nacional-­‐de-­‐ucs/consulta-­‐por-­‐uc  .  Acessado  em:  jul/2015.        Terras  Indígenas  (TI):    Fundação  Nacional  do  Indio  (FUNAI)      -­‐  (http://www.funai.gov.br/index.php/indios-­‐no-­‐brasil/terras-­‐indigenas  .  Acessado  em    jul/2015.    *Radios  Comunitárias  como  única  emissora  de  rádio  no  município,  ou  seja,  onde  não  há  outras  emissoras  de  rádio  comerciais,  em    Amplitude  Modulada  ou  Ondas  Médias    (OM),  Frequência  Modulada  (FM),  Ondas  Tropicas  (OT)    e  Ondas  Curtas  (  OC):  Anatel  (jun/2015)-­‐  http://sistemas.anatel.gov.br/srd/    **  Rádios  comunitárias  como  único  meio  massivo    eletrônico,  ou  seja,  em  municípios  onde  não  há  serviços  de  geração  (TV)  ou  retransmissão  (RTV),  ou  outras  emissoras  de  rádio  comerciais  (OM,  FM,  OC  e  OT):  http://sistemas.anatel.gov.br/srd/      

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

28  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

504  rádios  comunitárias  licenciadas    pelo  Ministério  das  Comunicações  (jul/2015)  estão  localizadas  em  mais  da  metade  

(56,4%)  dos  772  municípios  que  formam  a  Amazônia  Legal,  o  que  representa  perto  de  75%  do  total  de  emissoras  comerciais  na  região.  Mais  da  metade    (52,5%)  destas  emissoras  comunitárias,  ou  seja,  265  delas,  não  disputam  audiência  com  rádios  comerciais,  pois  são  a  única  emissora  de  rádio  ou  o  único  meio  eletrônico  massivo  em  seus  municípios  (ANATEL/SRD,  2015).  

65  emissoras  comunitárias  na  Amazônia  são  o  único  e  

exclusivo  meio  massivo  eletrônico  local,  ou  seja,  nestas  localidades  não  há  outra  emissora  de  rádio  ou  de  TV  para  informar  a  comunidade.  

Das  504  rádios  comunitárias  licenciadas  na  Amazônia,  219  delas  (43,4%)  estão  localizadas  em  município  que  possuem  em  seus  territórios  Unidades  de  Conservação  (UC).    

No   que   diz   respeito   às   hidrelétricas   na   região,   o   último  balanço  do  PAC  (Programa  de  Aceleração  do  Crescimento),  de  outubro  de  2014,     aponta  o  número  de  13  projetos  de  hidrelétricas   para   a   Amazônia,   todos   eles   situados   ao  menos  em  um  município  que  abriga  rádio  comunitária.

 

Um  terço  das  rádios  comunitárias  (159)  está  licenciado  em  municípios  que  abrigam  Terras  Indígenas  (TI).    

 

Resumo  dos  dados  da  Tabela  7  

Chega  a  14  o  número  de   rádios   comunitárias   localizadas  em  7  municípios  que  abrigam   todas  as   variáveis   e,  portanto,  maior  potencial   de   conflito.  Dentre  os  municípios   com  maior  potência  em   termos  de  quantidade  de  unidades  de   variáveis  entrecruzadas,   e   portanto   com  maior   risco   de   conflitos   socioambientais,   o   campeão   é  Altamira,   com   duas   rádios  comunitárias,  12  Terras  Indígenas,  11  Unidas  de  Conservação  e  uma  Usina  Hidrelétrica  em  obras,  Belo  Monte,  um  dínamo  de  conflitos,  impasses  e  contradições  há  quase  40  anos.      

 

Para  entender  a  diferença  entre  os  números,   é   importante   destacar  que   um   mesmo   município   abriga  muitas   vezes   mais   de   uma   Terra  Indígena   ou   Unidade   de  Conservação   em   seu   território,  lembrando   que   cerca   de   10%   dos  municípios   possui   mais   de   uma  rádio  licenciada.  

 

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Anexo  I:    RADIODIFUSÃO  –  Glossário  de  siglas  

 Tipos  de  Veículos  de  Comunicação  –  MINICOM  (http://www.mc.gov.br/espaco-­‐do-­‐radiodifusor  (29.05.2014)  

 

 

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Projeto  Mídia  Cidadã  e  Desenvolvimento  Sustentável:  mapeamento  e  análise  de  rádios  comunitárias  em  áreas  de  pressão  socioambiental  na  Amazônia  (STEINBRENNER;  VELLOSO,  2015).  Projeto  financiado  pelo  CNPq.  Disponível  em  http://www.projetomacam.net/site  

 

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Anexo  II  –  Legenda  Status  Rádios  Comunitárias  -­‐  Minicom  

LEGENDA  DE  STATUS    Em  fase  de  licenciamento  AUT  -­‐  PORTARIA  AUTORIZAÇÃO  DEC  -­‐  DECRETO  LEGISLATIVO  EFL  -­‐  EM  FASE  DE  LICENCIAMENTO  FLD  -­‐  FASE  LICENCIAMENTO  DECRETO    Licenciamento  provisório  autorizado  LPA  -­‐  LICENÇA  PROVISÓRIA  ASSINATURA  LPD  -­‐  LICENÇA  PROVISÓRIA  ENTIDADE  DÉBITO  LPE  -­‐  LICENÇA  PROVISÓRIA  EXPEDIDA    

Licenciamento  definitive  autorizado  LDA  -­‐  LICENÇA  DEFINITIVA  ASSINATURA  LDD  -­‐  LICENÇA  DEFINITIVA  ENTIDADE  DÉBITO  LDE  -­‐  LICENÇA  DEFINITIVA  EXPEDIDA