RELATÓRIO ECONÔMICO 2012 E PERSPECTIVAS PARA 2013“RIO ECONÔMICO 2012.pdf · Gráfico 24 -...
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SUMÁRIO
1. O ANO QUE NÃO PODE SER ESQUECIDO .............................................. 8
2. BALANÇO DA AGROPECUÁRIA EM 2012 ................................................. 9
2.1. Área Plantada. ...................................................................................... 9
2.2. Produção Agrícola. .............................................................................. 10
2.3. Produção Pecuária .............................................................................. 11
2.3.1. Bovinocultura de Corte..................................................................... 11
2.3.2. Suinocultura ..................................................................................... 13
2.3.3. Aves ................................................................................................. 15
2.4. A Maior Perda em Decorrência da Estiagem da História do Rio Grande
do Sul............................................................................................................ 16
2.4.1. Comparação entre as perdas provocadas pela estiagem de 2005 e de
2012. ............................................................................................................. 16
2.4.2. Comparação entre as perdas provocadas pela estiagem de 2012 no
RS e nos EUA. .............................................................................................. 18
3. BUNKER DA ESTIAGEM: AÇÕES DA FARSUL FRENTE A ESTIAGEM. 20
3.1. Mensuração das perdas e do impacto econômico. ................................ 20
3.2. Objetivos Traçados ............................................................................... 22
3.3. Medidas Anticíclicas Propostas pela FARSUL ...................................... 23
3.3.1. Custeios .............................................................................................. 23
3.3.2. Investimentos ...................................................................................... 24
3.3.3. Acesso ao novo Crédito ...................................................................... 26
4.4. Criação de Fundo Garantidor: Inovação Financeira no Crédito Rural. .. 26
4. PERSPECTIVAS PARA SAFRA 2013 NO ESTADO. ................................ 31
4.1. Área Plantada ..................................................................................... 31
4.2. Produção ............................................................................................. 32
5. AVALIAÇÃO DE OUTROS SETORES E DA ECONOMIA DO RS ............ 35
5.1 Indústria .................................................................................................. 35
5.2. Serviços ................................................................................................. 38
5.3. Economia do RS .................................................................................... 39
6. ANÁLISE E PERSPECTIVAS DE MERCADO PARA A SAFRA 2012/13
41
6.1. Arroz .................................................................................................... 41
6.2. Milho .................................................................................................... 47
6.3. SOJA ................................................................................................... 53
6.4. PECUÁRIA DE CORTE - BOVINA ...................................................... 58
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Área Plantada de Grãos no Rio Grande do Sul, em hectares. .......... 9
Tabela 2 - Produção da Safra de Grãos em 2012 em comparação com 2011 -
em Toneladas. .................................................................................................. 11
Tabela 3 - Abatidos no RS sob Fiscalização Federal e/ou Estadual e
Respectivo Faturamento. ................................................................................. 12
Tabela 4 - Estimativa de Perdas da Bovinocultura de Corte em 2012 em
decorrência da Estiagem. Em cabeças e Reais. .............................................. 13
Tabela 5 - Suínos Abatidos no RS sob Fiscalização Federal e/ou Estadual e
Respectivo Faturamento. ................................................................................. 15
Tabela 6 - Aves Abatidas no RS sob Fiscalização Federal e/ou Estadual e
Respectivo Faturamento. ................................................................................. 16
Tabela 7 - Comparação das perdas de Soja nos EUA e no RS em decorrência
da estiagem de 2012. Em milhões de Toneladas. ............................................ 19
Tabela 8 - Comparação das perdas de Milho nos EUA e no RS em decorrência
da estiagem de 2012. Em milhões de Toneladas. ............................................ 19
Tabela 9 - Comparação Entre Levantamentos de Safra Realizados pela
FARSUL e pelo IBGE. ...................................................................................... 21
Tabela 10 - Composição Média da Carteira de Crédito Rural Anual de um
Produtor de Milho, Soja e Trigo, por Fonte, no RS, em 2012. .......................... 24
Tabela 11 - Volume de Custeio Tomado no RS, para Culturas de Sequeiro,
entre Janeiro e Outubro. Em Reais. ................................................................. 28
Tabela 12 - Investimentos Agropecuários Totais, no RS, em Reais, entre
Janeiro e Outubro. ............................................................................................ 30
Tabela 13 - Expectativa de Área Plantada de Grãos no Rio Grande do Sul, em
hectares............................................................................................................ 31
Tabela 14 - Produção da Safra 2012 e Expectativa do IBGE para Safra 2013.
Em milhões de toneladas. ................................................................................ 33
Tabela 15 - Produção da Safra 2012 e Expectativa da FARSUL para Safra
2013. Em milhões de toneladas. ...................................................................... 33
Tabela 16 - Projeção do PIB RS para o acumulado de 2012 e 2013. .............. 40
Tabela 17 - Consumo Mundial de Arroz Beneficiado, Por Países, em Milhões
de Toneladas. ................................................................................................... 42
Tabela 18 - Produção Mundial de Arroz Beneficiado, Por Países, em Milhões
de Toneladas. ................................................................................................... 44
Tabela 19 - Fundamentos do Mercado de Arroz em Casca no Brasil - Em
Milhões de Toneladas. ..................................................................................... 46
Tabela 20 - Consumo Mundial de Milho, Por País, Em Milhões de Toneladas. 49
Tabela 21 - Produção Mundial de Milho, Por País, em Milhões de Toneladas. 50
Tabela 22 - Exportações Mundiais de Milho, por País, em Milhões de
Toneladas......................................................................................................... 51
Tabela 23 - Balanço da Oferta e Demanda do Milho no Brasil, em Milhões de
Toneladas......................................................................................................... 52
Tabela 24 - Consumo Mundial de Soja, por País, em Milhões de Toneladas. . 54
Tabela 25 - Importações Mundial de Soja, por País, em Milhões de Toneladas.
......................................................................................................................... 54
Tabela 26 - Produção Mundial de Soja, por País, em Milhões de Toneladas. . 56
Tabela 27 -Balanço de Oferta e Demanda da Soja no Brasil, em Milhões de
Toneladas......................................................................................................... 57
Tabela 28 - Carne Bovina – Oferta e Demanda Mundial 2006/2013, Em Milhões
de Toneladas Métricas – Peso Equivalente Carcaça. ...................................... 58
Tabela 29 - Carne Bovina – Produção Mundial 2007/2013, Em Milhões de
Toneladas Equivalente Carcaça. ...................................................................... 59
Tabela 30 - Carne Bovina – Importação Mundial 2007/2013, Em Milhões de
Toneladas Equivalente Carcaça. ...................................................................... 59
Tabela 31 - Carne Bovina – Consumo Mundial 2007/2013, Em Milhões de
Toneladas Equivalente Carcaça. ...................................................................... 60
Tabela 32 - Carne Bovina – Exportação Mundial 2007/2013, Em Milhões de
Toneladas Equivalente Carcaça. ...................................................................... 61
Tabela 33 - Carne Bovina – Oferta e Demanda Brasileira 2006/2013, Em
Milhões de Toneladas Métricas – Peso Equivalente Carcaça. ......................... 61
Tabela 34 - Brasil, Abates Mensais de Bovinos, Em Toneladas Equivalente
Carcaça. ........................................................................................................... 62
Tabela 35 - Brasil, Balança Comercial Complexo Carnes, Em Dólares e
Toneladas......................................................................................................... 65
Tabela 36 - Carne Bovina RS – Preços Boi Gordo, Em R$/ Kg/Vivo. .............. 66
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Evolução do Preço do Boi Abatido no RS, em Reais por Cabeça. 12
Gráfico 2 - Evolução do Preço do Suíno Vivo no RS, em R$/kg. ..................... 14
Gráfico 3 - Produção de Grãos no Rio Grande do Sul, em Milhões de
Toneladas......................................................................................................... 17
Gráfico 4 - Evolução das Pesquisas de Safra Realizadas pela FARSUL. ........ 21
Gráfico 5 - Volume de Custeio Tomado no RS, para Culturas de Sequeiro,
entre Janeiro e Outubro. Em R$ Bilhões. ......................................................... 29
Gráfico 6 - Evolução da Área Plantada de Grãos no Estado e Estimativa do
IBGE e Expectativa da FARSUL para 2013, em hectares. .............................. 32
Gráfico 7 - Produção de Grãos no Rio Grande do Sul e Expectativas para 2013.
Em Milhões de Toneladas. ............................................................................... 34
Gráfico 8 - Evolução da Produtividade no Rio Grande do Sul e Expectativas
para 2013. Em kg/ha. ....................................................................................... 35
Gráfico 9 - Desempenho do VAB da Indústria do RS Acumulado até o 3º
Trimestre de 2012, por Segmento e Total, em Percentual. .............................. 36
Gráfico 10 - Coeficiente Técnico da Indústria entre países selecionados em
2009. ................................................................................................................ 37
Gráfico 11 - Desempenho do VAB dos Serviços do RS Acumulado até o 3º
Trimestre de 2012, por Segmento, em Percentual. .......................................... 38
Gráfico 12 - Índice de volume de vendas no comércio varejista (Número índice)
– RS (IBGE) ..................................................................................................... 38
Gráfico 13 - Desempenho do PIB em 2012, Acumulado até o 3º Trimestre. .... 39
Gráfico 14 - Consumo Mundial de Arroz Beneficiado, em Milhões de Toneladas.
......................................................................................................................... 41
Gráfico 15 - Produção Mundial de Arroz Beneficiado, em Milhões de Toneladas.
......................................................................................................................... 43
Gráfico 16 - Estoques Mundiais de Arroz Beneficiado, em Milhões de
Toneladas......................................................................................................... 44
Gráfico 17 - Evolução dos Preços do Arroz em Chicago e no RS, em Reais e
Sc/50kg. (Último Preço em 28/11/12) ............................................................... 45
Gráfico 18 - Estoques Finais de Arroz no Brasil, Em Casca, Em Milhões de
Toneladas......................................................................................................... 47
Gráfico 19 - Consumo Mundial de Milho, Em Milhões de Toneladas. .............. 48
Gráfico 20 - Consumo Mundial de Milho por Tipo de Uso, Em Milhões de
Toneladas......................................................................................................... 48
Gráfico 21 - Produção Mundial de Milho, Em Milhões de Toneladas. .............. 50
Gráfico 22 - Estoques Mundiais de Milho, em Milhões de Toneladas. ............. 51
Gráfico 23 - Evolução do Preço do Milho no RS, em R$/sc 60kg. ................... 52
Gráfico 24 - Evolução do Consumo Mundial de Soja, em Milhões de Toneladas.
......................................................................................................................... 53
Gráfico 25 - Evolução da Produção Mundial de Soja, em Milhões de Toneladas.
......................................................................................................................... 56
Gráfico 26 - Produção Brasileira de Carne Bovina, em Milhões de Toneladas. 63
Gráfico 27 - Brasil, Consumo de Carne Bovina, Em Milhões de Toneladas
Equivalente Carcaça. ....................................................................................... 63
Gráfico 28 - Brasil, Exportações de Carne Bovina, Em Toneladas. ................. 64
Gráfico 29 - Carne Bovina RS, Evolução do Preço do Boi Pago ao Produtor
Rural no RS, em R$/ Kg/Vivo. .......................................................................... 65
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 8
1. O ANO QUE NÃO PODE SER ESQUECIDO
Ao contrário do que muitos afirmam, 2012 não pode ser um ano a ser
esquecido. Muito pelo contrário, ele deverá ser lembrado, estudado e
detalhadamente analisado para que e estiagens dessa natureza não tragam
mais prejuízos dessa magnitude.
Diante do caos, muitas autoridades trataram de apontar o dedo para o
produtor, diante da imprensa, afirmando que esse tipo de problema era
consequência da falta de investimentos por parte dos destes em tecnologias de
irrigação, onde a causa seria relacionada a “questões culturais”.
Primeiramente, analisemos a afirmativa de falta de investimentos.
Pegando-se o Valor Adicionado da Agropecuária do Rio Grande do Sul
informado pela FEE para 2010 (último número divulgado) e os investimentos
realizados pelos agricultores através do sistema Financeiro convencional no
mesmo ano informados pelo Banco Central, temos uma taxa de investimento
em relação ao VAB de 16%. Devemos lembrar que parte importante dos
investimentos ocorre com recursos próprios, o que torna esse percentual ainda
maior. O produtor tem, portanto, um alto grau de investimento e isso se reflete
no constante crescimento de produtividade. Passemos agora para avaliar a
questão cultural. Como pode habitar um mesmo produtor, de um lado uma
cultura altamente empreendedora e inovadora, com alta inversão em
maquinário, biotecnologia e química sofisticados, que tentam otimizar e
maximizar a eficiência de cada pequeno detalhe que compõe os fatores de
produção e, de outro, uma cultura que não deseja equacionar o mais básico
dos insumos, que é a água? Se o primeiro argumento não se sustenta do ponto
de vista econômico, este segundo não se sustenta do ponto de vista lógico,
sendo uma tentativa de simplificar um problema por demais complexo.
Para tentar avançar nas razões pelas quais os produtores não têm, de
maneira geral, ampliado a área irrigada, temos que iniciar pela discussão do
código florestal que, desde Julho de 2008, discute-se no Congresso Nacional e
no Executivo. Ao longo desses mais de quatro anos, houve muitos avanços
que incentivavam as técnicas de irrigação, assim como houve também uma
série de recuos. Um empresário, seja ele do ramo que for, não investiria sob
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 9
um ambiente de total incerteza e instabilidade. Mesmo aqueles mais dispostos
a assumir riscos teriam imensas dificuldades para conseguir licenças
ambientais, já que em alguns casos a espera já durava quase 10 anos.
Dispondo da licença e de uma boa dose de coragem, o produtor ainda
dependeria de energia elétrica, o que é escasso nas regiões produtoras tanto
em quantidade como estabilidade da rede. Se todas as condições anteriores
fossem atendidas, ainda assim o produtor pagaria cerca de 3 vezes mais do
que o custo do mesmo equipamento nos EUA, podendo tornar o
empreendimento mais produtivo mas menos lucrativo.
Conforme exposto, portanto, a questão da adoção de técnicas de
irrigação é complexa e exige um comprometimento de todos os agentes
envolvidos no processo. É preciso que fiquem muito bem demarcados os
limites onde estas técnicas serão aplicadas para que não haja prejuízos ao
meio ambiente, nem tampouco para a atividade produtiva.
2. BALANÇO DA AGROPECUÁRIA EM 2012
2.1. Área Plantada. Estimulados por uma super safra em 2011 e por uma firme escalada dos
preços internacionais dos principais grãos, os produtores rurais do Rio Grande
do Sul aumentaram em 2,12% a área plantada do Estado em 2012.
Tabela 1 - Área Plantada de Grãos no Rio Grande do Sul, em hectares.
Safra 2011 Safra 2012 Var.(%)12/11Amendoim (1ª Safra) 3.900 3.607 -7,51%Arroz 1.171.000 1.042.332 -10,99%Aveia 98.074 117.431 19,74%Centeio 1.621 1.483 -8,51%Cevada 33.979 46.512 36,88%Feijão (1ª Safra) 69.500 59.506 -14,38%Feijão (2ª Safra) 22.900 22.314 -2,56%Girassol 7.900 3.331 -57,84%Milho (1ª Safra) 1.099.200 1.119.220 1,82%Soja 4.084.800 4.269.247 4,52%Sorgo 17.700 17.369 -1,87%Trigo 932.390 999.864 7,24%Triticale 5.198 6.027 15,95%Total 7.548.162 7.708.243 2,12%Fonte: IBGE
Produto Período
A agricultura não é diferente de nenhum outro setor da economia,
adaptando seus fundamentos às condições de mercado. Dito isso, os
mercados atravessavam um momento muito positivo, como o caso do Milho e
especialmente da Soja e Trigo, que tiveram um incremento importante em
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 10
termos de área, adaptando-se as expectativas do mercado. No caso do Trigo
também deve ser ressaltada a tentativa de alguns produtores em reverter parte
dos prejuízos acumulados com a safra de verão nesta cultura de inverno, o que
colaborou para o salto de área. Se isso é verdade quando o cenário é bom, não
é diferente quando o cenário é ruim. Arroz e Feijão, que juntos formam o
principal alimento do brasileiro, amargaram importantes reduções de área
plantada, refletindo o cenário negativo que enfrentavam ambos mercados.
O Rio Grande do Sul já não possui, há muito tempo, fronteiras agrícolas.
Dessa forma, o crescimento de um grão dá-se sobre a área antes ocupada por
outro grão ou, quando há um crescimento agregado do grupo “grãos”, este
cresce sobre áreas antes utilizadas para a atividade pecuária. Estas
movimentações que historicamente ocorrem de maneira discreta, neste ano
ocorreu com maior nitidez. Áreas historicamente utilizadas para o cultivo do
Arroz deram espaço para a cultura da Soja, como se viu em especial na Região
Sul do Estado e na Planície Interna da Lagoa dos Patos. Em algumas regiões
da Campanha a Soja também avançou sobre áreas de Arroz, mas esse
fenômeno foi mais presente em áreas dedicadas à pecuária de corte naquela
região. Essas movimentações que se percebeu empiricamente podem também
ser observadas na Tabela 1.
2.2. Produção Agrícola. A estiagem decorrente do fenômeno La Niña reverteu completamente a
expectativa positiva que os produtores rurais gaúchos tinham manifestado com
incremento da área plantada. Em relação a 2011 teve-se queda de quase 34%
na produção de grãos, tendo-se colhido quase 10 milhões de toneladas a
menos do que no ano anterior. Dado que a área plantada em 2012 foi maior
que em 2011, em relação à expectativa referente àquilo que o produtor plantou,
as perdas são ainda maiores.
O grão de maior perda relativa foi a Soja, com perda de 49% e uma
redução de 5,7 milhões de toneladas. O Milho foi outra importante cultura de
verão bastante afetada, tendo reduzido 45% a produção em relação ao ano
anterior e perda superior quando comparamos com o que foi efetivamente
plantado e que se esperava colher.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 11
Tabela 2 - Produção da Safra de Grãos em 2012 em comparação com 2011 - em Toneladas.
Safra 2011 Safra 2012 Var.(%)12/11Amendoim (1ª Safra) 6.500 4.931 -24,14%Arroz 8.942.000 7.728.059 -13,58%Aveia 233.200 238.384 2,22%Centeio 2.392 2.328 -2,68%Cevada 98.819 121.972 23,43%Feijão (1ª Safra) 94.900 60.961 -35,76%Feijão (2ª Safra) 29.000 24.911 -14,10%Girassol 10.700 5.143 -51,93%Milho (1ª Safra) 5.776.300 3.156.869 -45,35%Soja 11.621.300 5.929.078 -48,98%Sorgo 44.700 34.623 -22,54%Trigo 2.741.716 2.295.700 -16,27%Triticale 11.125 13.152 18,22%Total 29.612.652 19.616.111 -33,76%Fonte: IBGE
Produto Período
O Arroz também colaborou para uma queda agregada da produção, mas
por razões diferentes. Ainda que em algumas regiões tenha se registrado
perdas decorrentes da estiagem, esta cultura é irrigada e é menos suscetível a
esse tipo de ocorrência. A menor produção pela redução da área plantada em
11%, conforme mostrado na Tabela 1, é reflexo da forte crise de preços vivida
pelo setor no período de plantio.
O ciclo de verão catastrófico que foi esse 2011/12 também deixou suas
marcas na safra de inverno, onde tivemos perdas significativas em especial no
Trigo. Parte dos produtores que aumentaram a área plantada de Trigo tentando
recuperar um pouco dos prejuízos da safra de verão enfrentaram granizos,
tempestades e toda a sorte de fenômenos climáticos que conduziram a lavoura
a uma perda em relação à 2011 de 16%, mas se considerarmos a expectativa
diante daquilo que foi plantado o prejuízo sobe para 22%.
2.3. Produção Pecuária
2.3.1. Bovinocultura de Corte A Pecuária de Corte também sofreu fortemente com a estiagem. Embora
a maior parte dos animais afetados não morra, decretando perda total, como
ocorre com as lavouras, a escassez de alimento impede que os animais
atinjam o peso ideal de abate, obrigando o produtor a ficar no mínimo um ciclo
a mais com o animal, deixando de ter receita no período. Como pode ser
observado na Tabela 3, 2012 deve encerrar com 8,5% menos animais abatidos
do que no ano anterior, o que equivale a pouco mais de um mês sem abate.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 12
Tabela 3 - Abatidos no RS sob Fiscalização Federal e/ou Estadual e Respectivo Faturamento.
O faturamento evidentemente também foi menor, queda de 4,7%,
entretanto, a queda no faturamento não foi proporcional, pois o preço médio
dos animais esteve 4,2% acima da média do ano anterior.
Gráfico 1 - Evolução do Preço do Boi Abatido no RS, em Reais por Cabeça.
O aumento do preço do boi gordo está relacionado ao aumento do
consumo interno e está dentro das nossas expectativas e da tendência de alta.
Desde o início das nossas divulgações de pesquisas de perdas com a
estiagem fomos solicitados a informar as perdas referentes à pecuária de corte.
No início do ano ainda era impossível dimensionar as perdas, mas agora já é
possível estimar as perdas da pecuária de corte em 2012, embora saibamos
que parte das perdas totais com a estiagem somente serão contabilizadas em
2013.
2011 2012 VAR.(%) 2011 2012 VAR.(%)Jan 133.384 142.504 7% 172.786.967,44 199.139.364,72 15%Fev 130.608 119.506 -9% 176.485.366,08 164.304.019,16 -7%Mar 166.420 140.919 -15% 231.613.370,80 200.368.498,53 -13%Abr 154.438 131.501 -15% 206.188.629,42 184.591.898,73 -10%Mai 146.070 149.663 2% 197.733.498,30 210.158.281,23 6%Jun 124.768 112.295 -10% 166.791.110,08 157.458.926,05 -6%Jul 118.909 115.514 -3% 159.033.652,96 163.020.287,64 3%Ago 152.835 135.220 -12% 205.754.118,75 186.810.486,60 -9%Set 168.313 138.590 -18% 217.904.742,32 187.634.229,20 -14%Out* 169.309 146.333 -14% 216.615.627,69 204.954.433,69 -5%Nov* 177.989 161.094 -9% 242.570.528,76 225.628.263,22 -7%Dez* 150.755 148.332 -2% 210.345.436,40 207.753.556,18 -1%Total 1.793.798 1.641.471 -8,5% 2.403.823.049,00 2.291.822.244,95 -4,7%Fonte: FundesaElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica* Para 2012, projeção Assessoria Econômica
ABATES (cabeças) VBP (R$)Mês
900,00
1.000,00
1.100,00
1.200,00
1.300,00
1.400,00
1.500,00
jan-
10
mar
-10
mai
-10
jul-1
0
set-
10
nov-
10
jan-
11
mar
-11
mai
-11
jul-1
1
set-
11
nov-
11
jan-
12
mar
-12
mai
-12
jul-1
2
set-
12
nov-
12
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 13
Nossa estimativa é que deixaram de ser abatidos 189.997 animais no
ano de 2012, pois não atingiram condições de abate. Esse valor equivale a
uma perda de 10%, sendo maior, portanto, que um mês inteiro,
aproximadamente 36 dias corridos de abates.
Tabela 4 - Estimativa de Perdas da Bovinocultura de Corte em 2012 em decorrência da Estiagem. Em cabeças e Reais.
Esta quantidade de animais que deixaram de ser abatidos equivale a
uma perda de Valor Bruto da Produção de mais de R$ 265,2 Milhões em 2012,
podendo essas perdas ainda aumentarem em 2013, pois os ciclos da pecuária
podem durar mais do que 12 meses.
Essa estimativa se refere exclusivamente as perdas com ciclos voltados
para o abate, desconsiderando totalmente as perdas com produção de
terneiros, onde a taxa de natalidade caiu drasticamente no ano. Esses dados
não estão contabilizados, pois ainda não temos estatísticas de produção de
terneiros no ano, dado que conheceremos apenas em 2013.
2.3.2. Suinocultura
Os produtores de suínos enfrentaram um ano de muita dificuldade,
apesar de não perderem diretamente com a estiagem. Diante de um mercado
externo restrito, preço baixo e aumento nos custos de produção, uma série de
medidas foram necessárias para reverter o cenário de crise.
Ano Abates (cab) VBP2011 1.793.798 2.403.823.049
2012* 1.641.471 2.291.822.245 2012** 1.831.468 2.557.095.801
Var(%) 12/11 -8% -5%Var(%) 12/12 -10% -10%
(265.273.556) Fonte: Fundesa
Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
* projeção atual
** projeção sem estiagem
PERDA (R$)
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 14
Gráfico 2 - Evolução do Preço do Suíno Vivo no RS, em R$/kg.
Conforme pode ser observado no Gráfico 2, o preço entrou em trajetória
de queda em Novembro de 2011 e se estendeu até Junho de 2012, durante 7
meses, deprimindo o preço em 21%. A Comissão de Suinocultura da FARSUL
propôs em conjunto com outras entidades uma série de medidas para o
Ministério da Agricultura. Pelo mesmo gráfico nota-se que as medidas surtiram
o efeito esperado, pois o preço subiu 19% imediatamente, de Junho para Julho.
Em 2012 deveremos ter um crescimento de 5,5% na quantidade de
animais abatidos. Este aumento ocorreu não pelas boas condições de
mercado, pelo contrário, a alta oferta de produto forçou o aumento dos abates,
mas em consequente preço aviltado. No segundo semestre, em especial, nota-
se com clareza o funcionamento da intervenção do governo, com uma leve
aceleração no nível de abates em relação ao semestre anterior, mas,
principalmente, a recuperação dos preços em relação aos níveis de 2011.
O faturamento, maior do que 2011 em 3,6%, não compensou o aumento
do custo de produção, fortemente relacionado com os preços do Milho e Soja.
2,43
2,17
2,44
2,56
2,35
2,08
2,38 2,40 2,36
2,43
2,58
2,47
2,30
2,19 2,16
2,01 1,99 2,04
2,43 2,44 2,46
2,66
1,70
1,90
2,10
2,30
2,50
2,70
2,90
jan-
11
fev-
11
mar
-11
abr-
11
mai
-11
jun-
11
jul-1
1
ago-
11
set-
11
out-
11
nov-
11
dez-
11
jan-
12
fev-
12
mar
-12
abr-
12
mai
-12
jun-
12
jul-1
2
ago-
12
set-
12
out-
12
Fonte: Fundesa - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 15
Tabela 5 - Suínos Abatidos no RS sob Fiscalização Federal e/ou Estadual e Respectivo Faturamento.
A sinalização da gradual abertura do mercado externo, em especial a
Rússia, além do Japão, sinaliza uma sustentação da melhora do quadro.
2.3.3. Aves O setor de aves também enfrentou um duro revés em 2012. Com uma
combinação de forte elevação dos custos de produção, empresas integradoras
atrasando o pagamento dos produtores e toda a sorte de instabilidades,
presenciando-se redução nos abates de aves no Estado e da Receita com
Exportação.
No ano de 2011 as exportações brasileiras de carne de frango foram,
entre Janeiro e Novembro, US$ 6,4 Bilhões, enquanto no mesmo período de
2012 a receita foi de US$ 6,0 Bilhões, queda de 5%, para praticamente a
mesma quantidade exportada, 3,2 milhões de toneladas entre Janeiro e
Novembro tanto em 2011 quanto em 2012.
Mesmo com o leve crescimento da receita em Reais, fruto da variação
cambial, os resultados ficaram muito aquém da variação dos custos de
produção, fortemente influenciados pelos preços do Milho e Soja.
2011 2012 VAR.(%) 2011 2012 VAR.(%)Jan 529.918 584.434 10% 148.729.692 158.154.642 6%Fev 476.615 535.865 12% 119.253.400 136.354.241 14%Mar 609.040 581.521 -5% 178.541.476 151.525.308 -15%Abr 524.726 531.828 1% 160.968.660 128.402.726 -20%Mai 600.376 619.485 3% 171.507.659 148.512.539 -13%Jun 573.275 566.740 -1% 143.341.331 138.757.100 -3%Jul 557.908 617.997 11% 151.816.954 179.659.588 18%Ago 608.591 665.764 9% 173.666.058 194.841.406 12%Set 545.368 540.619 -1% 155.528.305 158.498.422 2%Out 553.638 643.671 16% 162.703.171 201.810.915 24%Nov* 560.604 591.598 6% 172.793.539 188.000.865 9%Dez* 597.512 630.546 6% 172.576.440 196.126.648 14%Total 6.737.571 7.110.068 5,5% 1.911.426.683,75 1.980.644.399,57 3,6%Fonte: Fundesa
Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
* Para 2012, projeção Assessoria Econômica
Mês ABATES (cabeças) VBP (R$)
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 16
Tabela 6 - Aves Abatidas no RS sob Fiscalização Federal e/ou Estadual e Respectivo Faturamento.
Os abates no Rio Grande do Sul devem recuar 6,6%, queda de 780
milhões de cabeças em 2011 para 728 milhões em 2012. A evolução do preços
do último mês confirma a tendência de recuperação gradativa do setor, ainda
que esteja longe do melhor ponto de equilíbrio.
2.4. A Maior Perda em Decorrência da Estiagem da História do Rio Grande do Sul.
2.4.1. Comparação entre as perdas provocadas pela estiagem de 2005 e de 2012.
Desde o início do ano, quando a FARSUL, em entrevista coletiva no dia
19 de Janeiro trouxe a público a dimensão da estiagem que estávamos
enfrentando, a comparação com o ano de 2005 foi imediata. Instantaneamente,
se iniciaram as discussões sobre qual estiagem seria mais prejudicial. Embora
essa seja uma comparação que não resolva o problema nem de um ano nem
de outro, ela serve para colaborar com a tese de que não estamos evoluindo
na administração e no manejo da água.
Há várias comparações possíveis entre os dois ciclos para que se
chegue a uma conclusão. Duas delas estão dispostas no Gráfico 3.
Mês 2011 2012 Var.(%) 12/11jan 62.762.075 66.366.648 5,7%fev 60.963.957 60.916.552 -0,1%mar 70.980.213 65.206.935 -8,1%abr 60.779.613 44.723.721 -26,4%mai 69.656.764 50.015.021 -28,2%jun 66.443.495 52.502.601 -21,0%jul 66.638.614 64.205.860 -3,7%ago 70.337.643 67.212.947 -4,4%set 60.948.003 56.004.744 -8,1%out 62.319.827 68.475.665 9,9%nov* 62.727.030 64.945.910 3,5%dez* 65.735.023 68.060.306 3,5%Total 780.292.257 728.636.910 -6,6%Fonte: Fundesa
Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
* Projeção para 2012
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 17
Gráfico 3 - Produção de Grãos no Rio Grande do Sul, em Milhões de Toneladas.
Conforme pode ser observado no Gráfico 3, na Safra 2005 tivemos uma
redução de 5,9 Milhões de Toneladas em relação a Safra 2004. Em termos de
quantidades absolutas perdidas, a perda total de 2005 é equivalente a perda
apenas da Soja em 2012. A redução total em 2012 em relação a 2011 foi de
9.996.541 toneladas, ou quase 10 milhões de toneladas. Se o que se perdeu
em todo o ciclo de 2005 é equivalente a apenas a Soja de 2012, então está
claro que absolutamente as perdas de 2012 foram muito superiores a de 2005.
Em termos percentuais, os anos se assemelham mais. No ano de 2005
foi perdido 33% da safra, enquanto em 2012 as perdas chegaram a 34%,
sendo 2012 mais uma vez maior que 2005, mas dessa vez por margem menor.
Um argumento recorrente é de que 2012 é comparado com uma safra recorde
ocorrida em 2011, o que é verdade. Mas também é verdade que a verificação
de safras recordes é algo recorrente, pois a cada ano incrementa-se a
capacidade de aumento de produtividade através de investimentos, não
podendo, portanto, ser surpreendente a ocorrência de safras recordes. Além do
mais, pela área plantada em 2012 e pelo nível tecnológico implantado,
provavelmente teríamos tido outra safra recorde em 2012 não fosse a
estiagem.
15,11
20,02
16,62
22,55
17,82
11,87
20,11
24,47 22,89 22,33
24,45
29,61
19,62
-
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: IBGE
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 18
Em favor de 2005 há, unicamente, a questão dos preços. De fato, a crise
como um todo foi pior em 2005, pois além da perda substancial, ainda os níveis
de preços estavam baixos e em baixa, tornando o ambiente ainda mais difícil.
Mas em termos de perdas totais, de formação de passivo e, sobretudo,
em termos de impacto no PIB do Estado a estiagem de 2012 foi pior do que a
de 2005.
2.4.2. Comparação entre as perdas provocadas pela estiagem de 2012 no RS e nos EUA.
Findado o nosso ciclo produtivo e confirmadas pelo órgão oficial de
estatística (IBGE) as nossas expectativas iniciais, atentamos para o que se
dizia a respeito da safra americana, no que se refere a perdas com estiagem.
Houve uma grande preocupação e repercussão local do fato. Diante do quadro
trágico desenhado por alguns e do direcionamento do foco por parte do
governo e imprensa para a safra americana - quando ainda estávamos em
tratativas para amenizar os efeitos da seca por aqui - tentamos trazer um
quadro de realismo e objetividade, dizendo que o problema local era pior do
que o americano. Em primeiro lugar porque era percentualmente muito maior e;
em segundo, porque ocorre aqui, onde podemos atuar de alguma forma para
amenizar, enquanto nada podemos fazer em relação aos problemas que
ocorrem nos EUA.
Mais uma vez nossas informações foram contestadas. Soavam absurdas
e conservadoras, sendo estas colhidas em órgãos oficiais americanos
(USDA)1, diante das catastróficas previsões que eram feitas daqui do Estado,
que chegavam a afirmar que entre Milho e Soja os americanos perderiam 100
milhões de toneladas. O tempo, mais uma vez, deu-nos razão, conforme
tabelas a seguir.
1 USDA – United States Department of Agriculture. Equivalente ao Ministério da Agricultura e órgão no qual suas informações são as mais importantes do mundo para o posicionamento de mercado.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 19
Tabela 7 - Comparação das perdas de Soja nos EUA e no RS em decorrência da estiagem de 2012. Em milhões de Toneladas.
A tão alarmada crise mundial de Soja em decorrência da estiagem nos
EUA foi, na verdade, uma perda de 11%, enquanto no Rio Grande do Sul a
perda foi de 49%, logo, a crise estava instalada aqui e não lá. Mais forte ainda
são os dados absolutos. Enquanto dezenas de estados americanos perderam,
somados, 9,75 milhões de toneladas o Rio Grande do Sul perdeu, sozinho,
5,69 milhões de toneladas.
Se os EUA perderam 11%, o Brasil recuou 11,9%, ou seja, o problema
sempre esteve aqui.
Tabela 8 - Comparação das perdas de Milho nos EUA e no RS em decorrência da estiagem de 2012. Em milhões de Toneladas.
LOCAL 2011 2012 Perda em (milhões ton)
Perda (%)
EUA 313,9 272,4 -41,486 -13%RS 5,78 3,16 -2,62 -45%Fonte: USDA (Relatório Nov/2012) e IBGE - Relatório Out/2012
Quando comparamos às perdas das lavouras de Milho gaúchas com as
americanas a situação não melhora muito. Enquanto os americanos perderam
13% de sua safra os produtores gaúchos perderam 45%. Outro fator importante
que difere gaúchos e americanos são as condições em que os produtores
estão expostos a riscos climáticos. Americanos têm seguro total do faturamento
da lavoura. Produtores brasileiros são segurados de parte daquilo que é
financiado pelo sistema financeiro. Via de regra, lavouras bem protegidas por
seguro no Rio Grande do Sul possuem cobertura de 30% do custo de produção
e entre 15 e 20% do faturamento. É invejável a preocupação do governo
americano em mitigar as perdas e agilidade com que oferece soluções.
Também difere os dois produtores a gestão dos estoques. Enquanto nos
Estados Unidos os produtores armazenam cerca de 70% da Soja na
LOCAL 2011 2012 Perda em (milhões ton)
Perda (%)
EUA 90,61 80,86 9,75- -11%RS 11,62 5,93 5,69- -49%Fonte: USDA (Relatório Nov/2012) e IBGE - Relatório Out/2012
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 20
propriedade, no Rio Grande do Sul esse número não atinge 10%. Sendo assim,
em eventuais perdas o produtor americano cobra o seguro para garantir sua
renda e disponibiliza para o mercado o produto armazenado, reduzindo
significativamente os impactos econômicos nos demais setores da economia
para frente, e mantendo os compromissos em dia com os setores para trás,
pois recebe seguro.
Por fim, as perdas no Rio Grande do Sul foram tão grandes que apenas
o valor perdido dentro do Estado é maior que a safra inteira de 2011 de Mato
Grosso do Sul, Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Maranhão, Piauí, Tocantins,
Pará, Rondônia, Espírito Santo, Distrito Federal, Sergipe, Pernambuco, Rio
Grande do Norte, Roraima, Acre, Paraíba, Alagoas, Amazonas, Rio de Janeiro
e Amapá.
3. BUNKER DA ESTIAGEM: AÇÕES DA FARSUL FRENTE A ESTIAGEM.
Diante dos relatos cada vez mais frequentes e piores vindo das regiões
produtoras, a Presidência do Sistema FARSUL então montou um grupo de
trabalho multidisciplinar coordenado pela Assessoria Econômica, para
dimensionar o problema, traçar objetivos e desenvolver mecanismos para
mitigar os efeitos.
Em meio à tensão que trabalhamos, convencionou-se chamar o grupo de
Bunker da Estiagem, em alusão ao ambiente ao qual estávamos submetidos.
3.1. Mensuração das perdas e do impacto econômico. A primeira medida tomada foi levantar as perdas e mensurar o impacto
econômico, para primeiramente dar conhecimento à sociedade gaúcha da
forma que empresários e trabalhadores pudessem reavaliar seus
planejamentos e decisões. Os dados levantados também seriam úteis para
avaliação de quais medidas seriam necessárias para o produtor, mas também
desejávamos minimizar os efeitos na economia como um todo.
Foi então realizado uma primeira pesquisa junto aos 137 Sindicatos
Rurais filiados a FARSUL ainda em janeiro seguida de outras 9 pesquisas
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 21
quase que semanais, onde o resultado de todas as pesquisas foram
amplamente divulgados pela imprensa local e nacional.
Tabela 9 - Comparação Entre Levantamentos de Safra Realizados pela FARSUL e pelo IBGE.
Nossa última pesquisa, realizada em Maio, quando comparada com o
último levantamento do IBGE divulgado em Outubro apresenta uma diferença
de apenas 1% no que diz respeito aos grãos afetados pela estiagem. Essa
comparação é válida, pois o IBGE é o benchmark, uma vez que além de ser o
órgão oficial do Brasil para estatísticas, ainda dispõe de nossa inteira
confiança. Os dados do IBGE não foram utilizados desde o princípio
simplesmente porque o calendário de divulgação do IBGE não coincidia com a
necessidade que tínhamos da informação rápida.
Gráfico 4 - Evolução das Pesquisas de Safra Realizadas pela FARSUL.
Conforme pode ser observado no Gráfico 4, nossos levantamentos
foram reduzindo a expectativa de safra gradualmente, conforme piorava a
situação na lavoura. Não enfrentamos o constrangimento de fazer uma grande
GRÃO/FONTE FARSUL IBGEMILHO 2.743.430 3.156.869 SOJA 6.217.237 5.929.078 TOTAL 8.960.667 9.085.947 DIFERENÇA (%) IBGE -1% -
3,31 3,08 3,05 3,03 2,70 2,72 2,76 2,73 2,73 2,74
8,76 7,46 7,46 7,35
6,75 6,61 6,54 6,28 6,22 6,22
12,07 10,53 10,51 10,39
9,45 9,33 9,29 9,01 8,95 8,96
-
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
Relatório 1
Relatório 2
Relatório 3
Relatório 4
Relatório 5
Relatório 6
Relatório 7
Relatório 8
Relatório 9
Relatório 10
Milho Soja Total
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 22
correção no final do ciclo para alinhar-se com a realidade. Pelo contrário, vimos
os nossos dados serem confirmados à medida que os levantamentos do IBGE
eram divulgados.
3.2. Objetivos Traçados
• Manter os produtores em situação de adimplência junto ao SFN, no
curtíssimo prazo;
• Criar condições de pagamento dos seus débitos, através de
reequacionamento do passivo;
• Evitar descapitalização do produtor e consequentemente limitar a
dimensão da onda de choque nos demais setores da economia;
• Se 1 e 2 fossem atendidos, então permitir acesso ao crédito ao produtor
rural para que o impacto da estiagem não se espalhe nos próximos
anos.
A primeira providência necessária era manter o produtor em
adimplência no curtíssimo prazo, pois os vencimentos dos custeios e parte das
parcelas de investimentos tinham vencimentos também em breve.
Diferentemente do passado, o custeio tomado a título de crédito rural é privado
e não público, como muitos imaginam2, tendo origem no Sistema Financeiro e
não no Tesouro Nacional.
O objetivo de criar condições para o pagamento dependia diretamente
da composição junto ao Sistema Financeiro, pois partindo-se da premissa de
que o dinheiro era privado então poucas são as chances de sucesso se as
propostas não interessarem também aos credores, mais uma vez, privados.
Sabendo-se da forte interligação da agropecuária da gaúcha com os
demais setores, formando o que chamamos de Agronegócio e que representa
40,16% do PIB do Rio Grande do Sul3, era muito importante que as ondas de
choque nos demais setores da economia fossem minimizadas ao limite do
possível.
2 Inclusive muitos produtores rurais acreditam que os recursos têm origem no Governo, conforme pesquisa realizada pelo Sistema FARSUL em 2012, onde 64% dos produtores entrevistados, quando perguntados quanto à origem dos recursos de custeio, afirmaram que vinham de fontes do Governo. 3 PEIXOTO, Fábio Cándano. Matriz de Insumo-Produto Inter-Regional Rio Grande do Sul – Restante do Brasil 2003: Uma Análise Regional do Agronegócio. PUC/RS 2010.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 23
Uma vez mantidos os produtores adimplentes e posteriormente criando
condições para o parcelamento do passivo gerado pela estiagem, então
teríamos como resultado o acesso ao novo crédito para a safra 2012/13.
Acessar esse crédito significaria, no fim do dia, que os objetivos de gerenciar o
passivo tinham sido atingidos e que não se levaria para 2013 parte substancial
da crise de 2012.
3.3. Medidas Anticíclicas Propostas pela FARSUL Tendo então os objetivos claramente definidos e dada a conexão entre
a crise no setor agropecuário e sua extensão para economia, propusemos um
arranjo de medidas que funcionariam de forma conjunta para tornar o produtor
líquido e minimizar as ondas de choque nos demais setores.
3.3.1. Custeios O problema 1: Valor vincendo no RS em 2012 de custeios tomados junto ao Sistema
Financeiro, aproximadamente R$ 1,9 Bilhão, sendo R$ 1,7 Bilhão da safra
2011/12 e R$ 200 Milhões referente ao montante de custeios prorrogados de
safras anteriores, de produtores de culturas atingidas pela estiagem.
A solução: Parcelamento desse montante em 10 parcelas anuais, inclusive para produtores que foram parcialmente
amparados por mitigadores (Seguro e Proagro), para
produtores atingidos pela estiagem que apresentem laudo técnico com perdas iguais ou superiores a 30%;
O problema 2: Sabendo-se através de pesquisa que parte importante da composição
da carteira de crédito média de um produtor de Milho, Soja e Trigo no Rio
Grande do Sul tem origem em recursos fora do Sistema Financeiro, chegando
a 23,5% conforme pode ser observado na Tabela 10 a seguir, era fundamental
a adoção de medida específica para justamente não impactar as empresas
fornecedoras locais, sejam elas do setor da indústria ou serviços, pois estas
Atendida! Resoluções
Bacen 4.047, 4.048 e 4.134
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 24
não costumam dispor de capital de giro suficiente para um fluxo de caixa
superior a uma safra.
Tabela 10 - Composição Média da Carteira de Crédito Rural Anual de um Produtor de Milho, Soja e Trigo, por Fonte, no RS, em 2012.
O propósito da medida era emular o comportamento de uma economia
onde os produtores dispõem de estoque de produto, como reage a economia
americana diante de perdas com estiagem. Como lá os estoques são em
grande parte privados e controlados pelos produtores, diante de perdas estes
utilizam o produto estocado para dar liquidez ao mercado e manter o nível de
adimplência nos demais setores.
O produto colhido, ao invés de cobrir essa parte dos fornecedores, seria
utilizado para a manutenção do produtor e para recapitalização da propriedade,
tendo em vista que 33,2% da carteira de crédito é composta por Recursos
Próprios.
O Governo Federal entendeu que com a evolução do preço das
commodities somadas a parcela colhida e as indenizações do Proagro e
Seguro Rural, essa medida não seria necessária. Entretanto, aproveitou o
mecanismo e aplicou no Gerenciamento da Crise do Setor Arrozeiro, como
será relatado adiante.
3.3.2. Investimentos
Prazo MédiaRec Próprios 33,2 Crédito Oficial 43,2 Cooperativas 10,0 Tradings 0,4 Emp Locais 12,2 Outros 0,9 TOTAL 100
Fonte: Sistema FARSUL
Elaboração: Assessoria Econômica
Aproveitado o mecanismo para
Gerenciamento da Crise do Arroz
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 25
O Problema 1:
Os produtores gaúchos pagam, anualmente, mais de R$ 2 Bilhões em
parcelas de investimentos, de acordo com o Banco Central do Brasil e
pesquisas internas do Sistema FARSUL. Em consequência, os produtores
deveriam pagar neste ano um valor semelhante ao Custeio a título de
investimentos.
A solução: Prorrogação de todas as parcelas de
investimento – principal e juros - vencidas ou vincendas em
2012, mesmo aquelas que já tenham sido objeto de
prorrogações anteriores, para depois da última,
dispensando, nesse caso, o limite exigido nos termos da
Res. CMN 3.979 e codificado;
O Problema 2:
Limitação em 8% do total de prorrogações de investimento por agente,
exigido nos termos da Res. CMN 3.979 e codificado no MCR 13.1.4. Dada a
esta restrição, muito poucos produtores teriam a possibilidade de reequacionar
os vencimentos referentes às parcelas de investimentos pois, mais uma vez, o
Manual de Crédito Rural versa sobre o essencial e não sobre eventualidades
como estiagens dessa magnitude.
A solução: Dispensar o limite de 8% exigidos nos termos da
CMN 3.979 e codificado no MCR13.1.14
Atendida quase totalmente.
Deverá ser paga a parcela de juros.
Circulares SUP/ARIS 35 e 36/2012 e Resol Bancen já citadas.
Atendida! Eliminada a exigência de 8% para produtores atingidos pela estiagem no RS. Circulares SUP/ARIS 35 e 36/2012 e Resol Bancen já citadas.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 26
3.3.3. Acesso ao novo Crédito
O Problema:
As medias de reequacionamento do passivo rural previstas no Manual
de Crédito Rural são restritivas para a tomada de novos créditos, pois foram
criadas para gerir problemas pontuais de produtores e de magnitude muito
menor, ou seja, a estiagem afeta uma quantidade muito grande de produtores e
implica em perdas muito mais severas do que as convencionais. Caso o
produtor não tivesse acesso ao crédito seja pelo limite de crédito ou por
exigência de garantias adicionais, este provavelmente produziria uma a safra
2012/13 menor do que poderia, seja pela redução de área, seja por aplicação
de menor tecnologia. Qualquer que seja a razão a consequência seria menor
produto do que o potencial, o que mais uma vez reflete negativamente no PIB,
pois essa eventual menor produção, decorrente da falta de credito, impactaria
na demanda por insumos, assim como na oferta de produção, afetando
simultaneamente segmentos econômicos a montante e a jusante da
agropecuária.
A solução: Apontamos três soluções: empréstimo extra-
limite por parte do Tesouro com juros de iguais aos que os
Bancos recebem (5,5%); Securitização dos Recebíveis
Bancários com recursos também do Tesouro e com mesma
taxa de juros; ou a utilização do próprio funding oriundo do
Compulsório Bancário sobre os Depósitos à Vista, desde
que não comprometessem a totalidade da disponibilidade de
crédito.
4.4. Criação de Fundo Garantidor: Inovação Financeira no Crédito Rural. Os Fundos Garantidores de Créditos ganharam força a partir do Acordo
de Basileia II firmado em 2004 – acordo no qual ainda está sendo
implementado no Brasil - como medida macroprudencial e compliance, embora
o Brasil já utilize esse mecanismo para a proteção dos pequenos depositantes
em bancos.
Atendida! A terceira opção foi a escolhida
pelo Banco Central e a reequalização ocorreu 100% com recursos
bancários a taxa igual a tomada no contrato
original.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 27
Nossa proposta foi à criação de um Fundo Garantidor para operações de
Crédito Rural, em um primeiro momento para garantir o recebimento por parte
do Sistema Financeiro, quando o funding é composto por recursos bancários,
do Tesouro Nacional ou BNDES em programas de reequalização de passivos
onde o funding é público, e, em um segundo momento, expandi-lo para a
cobertura de operações de crédito rural onde a exposição ao risco é dos
bancos e este risco afeta o spread bancário e, consequentemente, os juros
praticados.
Temos a convicção que o Brasil parte para uma redução da taxa de
juros e, o próximo passo, será a redução do compulsório bancário, fonte dos
recursos de crédito rural. Com essa redução, o funding do crédito rural não
deve diminuir, mas deve aumentar a parcela de recursos livres, com juros
muito mais altos do que os praticados no crédito rural principal. Com a
existência de um Fundo Garantidor temos risco zero de inadimplência,
podendo o banco operar com menor spread e em consequência manter taxas
de juros compatíveis com a proporcionalidade dos juros de crédito rural e da
taxa de juros média do mercado.
Em suma, o Fundo Garantidor proposto pela FARSUL será muito útil
hoje para reequalizações, mas será ainda mais útil no futuro na manutenção do
Crédito Rural.
3.5. As Medidas Funcionaram?
O melhor indicador para avaliar o funcionamento ou não das medidas e
se elas apresentaram o resultado esperado ou não, é o acesso ao novo crédito.
Caso estas não tenham surtido o efeito esperado, então os passivos não estão
equacionados e não há possibilidade de tomada de novo crédito. Do contrário,
o produtor acessará novo crédito ainda em 2012 para a safra 2012/13.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 28
Tabela 11 - Volume de Custeio Tomado no RS, para Culturas de Sequeiro, entre Janeiro e Outubro. Em Reais.
Conforme fica evidente na Tabela 11, no acumulado entre Janeiro e
Outubro – período em que dispomos dos dados oficiais do Banco Central –
todos os produtos de sequeiro, produzidos por produtores atingidos pela
estiagem, tiveram uma elevação do valor tomado, inclusive o Milho que
apresenta redução da área plantada.
O aumento em relação ao igual período do ano passado foi de 8%,
sendo um incremento de mais de R$ 344 Milhões de recursos tomados pelos
produtores. O maior crescimento absoluto foi justamente da cultura que teve a
maior perda, a Soja, com aumento de R$ 176,2 Milhões (11%), seguida do
Trigo R$ 94,9 Milhões (17%), cultura de inverno que não foi atingida pela
estiagem, mas que poderia ser amplamente comprometida à tomada de
crédito, Milho com aumento de R$ 51,5 Milhões (7%) e Pecuária com aumento
de 21,7 Milhões (1%).
Como muitas operações de crédito realizadas pelos agentes financeiros
são informadas ao Banco Central após o período de apuração, é bastante
provável que esses valores referentes à Outubro de 2012 aumentem.
Ano Soja Milho Trigo Pecuária Total2003 528.659.956,77 341.663.049,21 312.669.754,48 410.977.285,87 1.593.970.046,33 2004 638.175.925,94 355.352.514,05 274.788.135,78 354.514.354,64 1.622.830.930,41 2005 331.342.920,22 412.372.956,61 188.295.236,70 477.311.160,28 1.409.322.273,81 2006 489.579.441,52 418.611.476,29 158.725.339,06 503.020.136,63 1.569.936.393,50 2007 713.352.623,41 548.899.299,94 281.683.142,13 708.873.361,25 2.252.808.426,73 2008 1.161.902.730,93 823.703.036,27 539.241.365,42 839.072.100,33 3.363.919.232,95 2009 1.421.278.347,51 595.429.029,94 498.529.900,74 1.069.129.904,90 3.584.367.183,09 2010 1.512.261.987,66 609.990.600,51 488.325.797,66 1.338.295.742,75 3.948.874.128,58 2011 1.660.443.250,08 748.743.599,70 570.349.261,96 1.481.780.229,44 4.461.316.341,18 2012 1.836.651.529,09 800.210.477,89 665.219.903,67 1.503.439.777,39 4.805.521.688,04
VAR(%) 12/11 11% 7% 17% 1% 8%Fonte: Banco Central do Brasil
Elaboração Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 29
Gráfico 5 - Volume de Custeio Tomado no RS, para Culturas de Sequeiro, entre Janeiro e Outubro. Em R$ Bilhões.
As razões para a tomada de maior crédito neste ano estão no aumento
da área plantada, a redução do aporte de recursos próprios, decorrência da
descapitalização dos produtores neste ano e o aumento dos custos de
produção.
Por essas razões os produtores precisaram de mais crédito e pelas
medidas solicitadas pela FARSUL ao MAPA, Ministério da Fazenda, Banco
Central e BNDES os produtores puderam ter acesso ao crédito.
Os números referentes aos Investimentos também são bastante
positivos e confirmam o quadro de estabilidade. No acumulado entre os meses
de Janeiro a Outubro de 2012 houve uma tomada de R$ 2,2 Bilhões para
investimentos agropecuários. Dado também que a liberação de recursos pelo
agente financeiro não é automaticamente informada para o Banco Central,
também é provável que esse número seja maior.
Mas independentemente do aumento, este valor é bastante alto, pois é
apenas 9% menor do que no ano passado - quando foi colhida a maior safra da
história comparada com este ano, que teve a maior perda da história.
1,59 1,62 1,41 1,57
2,25
3,36 3,58
3,95
4,46 4,81
-
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: Banco Central do Brasil. Elab: Sistema FARSUL/Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 30
Tabela 12 - Investimentos Agropecuários Totais, no RS, em Reais, entre Janeiro e Outubro.
Os custeios são prioridade, os investimentos não. Investimentos em
qualquer atividade econômica é sempre a primeira conta a ser cortada. A
manutenção de um nível desses atingidos em 2012 indica que houve liquidez
na agropecuária gaúcha apesar da estiagem, pois as medidas anticíclicas que
visavam reequacionar o passivo de fato funcionaram.
Respondendo, finalmente, a pergunta que o título propõe: sim, as medidas de fato funcionaram dentro do que esperávamos. Foi possível reequalizar o passivo adquirido em razão da estiagem, que foi nosso grande objetivo neste ano. Mas o passivo não desaparece! Deverá ainda ser pago e compromete a rentabilidade de safras futuras. O endividamento no Rio Grande do Sul está em nível muito alto e é imprescindível que os produtores obtenham uma safra cheia em 2013, por um lado, e, de outro, que sejam finalmente criados mecanismos de seguros eficazes, que possam garantir ao produtor a renda que obteria caso não houvesse as perdas com estiagens. Indústrias têm seguros, empresas do Setor de Serviços também, pessoas físicas dispõe de um leque de proteções. Como podemos ter os produtores e nossa economia desprotegidos dessa forma?
Ano Contratos R$2003 65.864 883.761.565 2004 64.943 1.297.540.895 2005 49.332 918.053.834 2006 57.026 1.032.250.496 2007 57.178 1.004.629.415 2008 65.875 1.682.480.691 2009 70.167 1.941.713.120 2010 59.633 2.335.465.523 2011 55.831 2.382.517.550 2012 51.657 2.202.295.197
Fonte: Banco Central do Brasil
Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica - Nov/12
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 31
4. PERSPECTIVAS PARA SAFRA 2013 NO ESTADO.
4.1. Área Plantada
As expectativas para área plantada não deixam dúvidas da necessidade
dos produtores rurais de obterem uma safra acima da média, para que os
prejuízos gerados no ano de 2012 comecem a ser recuperados.
De acordo com o IBGE, em seu Levantamento Sistemático da Produção
Agrícola (LSPA) de Outubro de 2012, deveremos ter uma Área Plantada da
safra de verão 2,37% maior em 2013 do que a obtida em 2012, sendo a maior
área plantada da história do Estado.
Considerando o aumento da área de verão e, como ainda não há dados
para safra de inverno, supondo que não haverá alteração na área de inverno
em relação a 2012, teremos uma área plantada de grãos de quase 7,9 milhões
de hectares.
Tabela 13 - Expectativa de Área Plantada de Grãos no Rio Grande do Sul, em hectares.
Safra 2012 Safra 2013* Var.(%)13/12Amendoim (1ª Safra) 3.607 3.431 -4,88%Arroz 1.042.332 1.038.668 -0,35%Aveia 117.431 117.431 0,00%Centeio 1.483 1.483 0,00%Cevada 46.512 46.512 0,00%Feijão (1ª Safra) 59.506 53.909 -9,41%Feijão (2ª Safra) 22.314 22.314 0,00%Girassol 3.331 3.075 -7,69%Milho (1ª Safra) 1.119.220 1.065.292 -4,82%Soja 4.269.247 4.516.142 5,78%Sorgo 17.369 17.084 -1,64%Trigo 999.864 999.864 0,00%Triticale 6.027 6.027 0,00%Total 7.708.243 7.891.232 2,37%Fonte: IBGE
(*) Estimativa
Produto Período
O principal destaque é para a Soja. Carro-chefe dos grãos produzidos no
Estado, deverá aumentar em quase 5,8% a área em relação ao ciclo anterior,
equivalente a 247 mil hectares a mais. Cerca de 50 mil hectares virão da área
de Milho, que será reduzida em quase 5%. As demais ocupações serão em
áreas destinadas a pecuária de corte e áreas de pousio de arroz, além da
consolidação da produção de Soja em áreas antes destinadas a orizicultura.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 32
Gráfico 6 - Evolução da Área Plantada de Grãos no Estado e Estimativa do IBGE e Expectativa da FARSUL para 2013, em hectares.
5.000.000
5.500.000
6.000.000
6.500.000
7.000.000
7.500.000
8.000.000
8.500.000
* Expectativa IBGE, ** Expectativa FARSUL Como a FARSUL não faz levantamentos de área plantada justamente
por existir os levantamentos do IBGE e neles confiar, então para área plantada
nossa expectativa é igual à estimativa do IBGE.
4.2. Produção
Á Área Plantada sendo a maior da história é possível, não havendo
fenômenos climáticos desfavoráveis, deverá por provocar safra cheia - caso
não ocorram novas estiagens, mesmo que pontuais.
Como o dado de área plantada é resultado de levantamento e os dados
de produção são previsões, então mostraremos o cenário esperado pelo IBGE
e o esperado pela FARSUL para um eventual cenário otimista para o regime de chuvas, formando uma banda de expectativa que varia entre o
moderado e otimista. O cenário do IBGE será tratado como um cenário
moderado e o nosso como cenário otimista, que dificilmente será atingido sem uma quantidade de chuvas de normal para bom. Daremos essas
denominações simplesmente para trabalharmos dentro de uma banda que
contempla apenas a possibilidade de chuvas dentro de um padrão médio e o
médio com um desvio-padrão para cima. Caso as chuvas fiquem mais uma vez
abaixo da banda de normalidade, a safra e as perdas ficam impossíveis de
serem dimensionadas até o presente momento.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 33
Tabela 14 - Produção da Safra 2012 e Expectativa do IBGE para Safra 2013. Em milhões de toneladas.
Safra 2012 Safra 2013* Var.(%)13/12Amendoim (1ª Safra) 4.931 5.299 7,46%Arroz 7.728.059 7.767.237 0,51%Aveia 238.384 238.384 0,00%Centeio 2.328 2.328 0,00%Cevada 121.972 121.972 0,00%Feijão (1ª Safra) 60.961 70.082 14,96%Feijão (2ª Safra) 24.911 24.911 0,00%Girassol 5.143 4.466 -13,16%Milho (1ª Safra) 3.156.869 4.868.976 54,23%Soja 5.929.078 11.472.444 93,49%Sorgo 34.623 40.479 16,91%Trigo 2.295.700 2.295.700 0,00%Triticale 13.152 13.152 0,00%Total 19.616.111 26.925.430 37,26%Fonte: IBGE
(*) Estimativa
Produto Período
Antes de mais nada é importante ressaltar que o IBGE não traça
expectativas sobre áreas que não tenha levantado, como e o caso das lavouras
de inverno.
O IBGE espera que Arroz se mantenha estável e tenhamos uma safra
de Milho maior em 54% e uma safra de Soja 93% maior em relação a 2012.
Mantendo as safras de inverno constante, teríamos uma safra total de 36,9
Milhões de toneladas.
A expectativa da FARSUL é mais otimista por produto e, no agregado
total, temos uma safra maior também porque fazemos projeções para a Safra
de Inverno e esperamos resultados maiores do que em 2012.
Tabela 15 - Produção da Safra 2012 e Expectativa da FARSUL para Safra 2013. Em milhões de toneladas.
Safra 2012 Safra 2013* Var.(%)13/12Amendoim (1ª Safra) 4.931 5.637 14,32%Arroz 7.728.059 7.832.076 1,35%Aveia 238.384 272.088 14,14%Centeio 2.328 2.030 -12,79%Cevada 121.972 129.234 5,95%Feijão (1ª Safra) 60.961 65.365 7,22%Feijão (2ª Safra) 24.911 25.616 2,83%Girassol 5.143 3.871 -24,72%Milho (1ª Safra) 3.156.869 5.407.955 71,31%Soja 5.929.078 12.387.778 108,93%Sorgo 34.623 42.582 22,99%Trigo 2.295.700 2.815.617 22,65%Triticale 13.152 12.542 -4,64%Total 19.616.111 29.002.391 47,85%Fonte: IBGE
(*) Estimativa
Produto Período
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 34
Nossa estimativa mais otimista é de uma safra 47,85% maior que em
2012, atingindo 29 milhões de toneladas, sendo puxada pela Soja, que teria
uma produção de quase 12,4 Milhões de toneladas, 108% maior que em 2012
e sendo a safra recorde do grão. Milho teria uma safra de 5,4 Milhões e não
seria uma safra recorde, mas ainda assim uma produção importante. Para
Arroz temos a expectativa também de estabilidade, com variação pouco maior
do que 1%. Nas Safras de Inverno esperamos que o Trigo repita a área
plantada deste ano e tenha produtividade que teria caso não tivessem ocorrido
temporais, granizos, etc. que derrubaram a produtividade neste ciclo.
A principal diferença estre as expectativas da FARSUL e do IBGE esta
na produtividade. Nossa expectativa não é repetir os tops de produtividade
obtidos em 2011. Se assim fosse, teríamos uma safra recorde nesse ano de
2013 e atingiríamos mais de 30 milhões de toneladas, o que não é impossível,
mas é ainda pouco provável, pois muitos produtores deverão utilizar pacotes
tecnológicos inferiores em razão das perdas financeiras deste ano.
Gráfico 7 - Produção de Grãos no Rio Grande do Sul e Expectativas para 2013. Em Milhões de Toneladas.
15,10
9,14
17,25 17,07 15,71
17,54
12,92 13,96
15,44 14,58 15,11
20,02
16,62
22,55
17,82
11,87
20,11
24,47 22,89 22,33
24,45
29,61
19,62
26,93
29,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
* Expectativa IBGE, ** Expectativa FARSUL
Observado a evolução histórica vemos que tanto no cenário conservador
do IBGE quanto no cenário mais otimista da FARSUL, há uma expectativa de
termos a segunda maior safra da história.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 35
Gráfico 8 - Evolução da Produtividade no Rio Grande do Sul e Expectativas para 2013. Em kg/ha.
2.057
1.312
2.535 2.476 2.266
2.681
2.138 2.228 2.433
2.305 2.331
3.040
2.400
3.074
2.292
1.564
2.747
3.331
3.058 2.993
3.331
3.923
2.545
3.412
3.675
-
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
* Expectativa IBGE, ** Expectativa FARSUL
5. AVALIAÇÃO DE OUTROS SETORES E DA ECONOMIA DO RS
5.1 Indústria
A indústria gaúcha vem enfrentando, mais uma vez, um ano difícil.
Apesar do bom desempenho da Construção Civil, que cresceu 2,7% até o
terceiro trimestre de 2012, bem como o desempenho de 2,4% das demais
indústrias, o acumulado industrial foi de queda de 1,1%, puxado pelo mau
desempenho da Indústria de Transformação, que representa cerca de 75% do
total industrial e que caiu 2,8%.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 36
Gráfico 9 - Desempenho do VAB da Indústria do RS Acumulado até o 3º Trimestre de 2012, por Segmento e Total, em Percentual.
A Indústria de Transformação é em parte influenciada pela produção
agropecuária, pois uma parte deste segmento tem na produção rural o seu
consumo intermediário. Dessa forma, quanto menor a produção agropecuária
local menor tenderá a ser o valor agregado dessa indústria, pois de um lado
poderá produzir abaixo do potencial por escassez de matéria-prima e, de outro;
poderá aumentar o valor do consumo intermediário em razão da compra de
matéria-prima de outros locais a um custo mais elevado. Tanto por uma razão
quanto por outra, a indústria diminui o valor agregado e, consequentemente, o
PIB setorial. Mesmo a Construção Civil que obteve um crescimento significativo
até agora, este foi pouco mais da metade do apresentado no ano anterior para
o mesmo período, quando crescia 5,1%.
As políticas de incentivos à indústria brasileira não surtem o efeito
esperado por uma razão básica: a indústria não precisa de incentivos, mas sim
de competitividade. Evidentemente que, exclusivamente nos setores
beneficiados, há uma melhora temporária das condições gerais quando há
incentivos, porém, estes não são abrangentes, não se distribuem na indústria
como um todo e não respeitam as vantagens comparativas dos segmentos. A
indústria brasileira apresenta um dos piores Coeficientes Técnicos do mundo,
ou seja, há um custo muito alto para cada uma unidade produzida.
-2,8
2,7 2,4
-1,1
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
Transformação Construção civil Demais Indústrias Total
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 37
Gráfico 10 - Coeficiente Técnico da Indústria entre países selecionados em 2009.
É fundamental para o país que a indústria cresça, pois a diferença
menor de crescimento do Brasil em relação aos demais emergentes é,
justamente, o crescimento industrial. Mas para que isso ocorra de maneira
sustentada, é necessário reduzir o coeficiente técnico, pois, toda a redução
neste item significa ganho de valor adicionado, e PIB nada mais é do que o
somatório do valor adicionado e dos impostos indiretos.
A indústria precisa se tornar mais leve e produtiva, mas o peso do setor
está na tributação. Enquanto países ricos focam suas tributações para a renda,
lucro, patrimônio, etc., no país adotamos regimes tributários regressivos, que
afetam o consumo intermediário, encarecendo o processo produtivo e forçando
o preço final da mercadoria se tornar alto. Preço alto no final da linha de
produção significa falta de capacidade de exportação e fragilidade de
competição no mercado interno. Na nossa avaliação a indústria brasileira
precisa urgente de políticas horizontais, com redução de impostos e quebra de
barreiras à importação de bens intermediários. O que vale para indústria
nacional como um todo não é diferente no Estado. Dada as atuais condições,
ainda ter indústria é um privilégio ara a sociedade.
0,70
0,62 0,63
0,71
0,68
0,63
0,56 0,58 0,60 0,62 0,64 0,66 0,68 0,70 0,72 0,74
Brasil EUA Argentina França Alemanha China
Fonte: Assessoria Econômica da FARSUL a partir dos dados das Nações Unidas
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 38
5.2. Serviços
O ano foi muito ruim para a economia do Estado, exceto para os
Serviços. Aliás, se não fosse a manutenção do crescimento desse segmento
nossa economia estaria certamente em situação ainda muito pior.
Gráfico 11 - Desempenho do VAB dos Serviços do RS Acumulado até o 3º Trimestre de 2012, por Segmento, em Percentual.
Gráfico 12 - Índice de volume de vendas no comércio varejista (Número índice) – RS (IBGE)
Ainda que o dado de vendas do comércio, na Pesquisa Mensal do
Comércio tenha sofrido um aumento repentino em razão da mudança da
1,9
4,1
2,5
3,7
3,0 3,0
Comércio Transporte, armazenagem
e correio
Serviços imobiliários e
aluguel
APU, educação pública e
saúde pública
Demais Serviços
Total
0
20
40
60
80
100
120
140
160
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2011 2012
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 39
amostra pelo IBGE, ainda assim, a maior parte do aumento se deve a
crescimento real.
Em todos os meses de 2012 o índice esteve acima do igual período do
ano passado e, no acumulado em setembro, há um aumento de 7% em relação
ao ano anterior.
Os Serviços exibem um crescimento robusto de 3% no acumulado do
ano no 3º trimestre de 2012.
5.3. Economia do RS
Desde Janeiro de 2012 a FARSUL vem alertando a sociedade de que
nossa economia poderia enfrentar um período de recessão e obter, ao final, um
PIB negativo.
Gráfico 13 - Desempenho do PIB em 2012, Acumulado até o 3º Trimestre.
Pelo o que percebemos até o presente momento, com o PIB do Rio
Grande do Sul, no acumulado do ano até o terceiro trimestre, provavelmente
nossas previsões irão se confirmar, infelizmente. Nossa economia já acumula
uma queda de 2,07% e, muitas vezes, o Rio Grande do Sul não consegue
crescer 2% ao longo de um ano inteiro, então dificilmente ira fazê-lo em apenas
um trimestre que é o que falta para encerrar o ano.
-2,07
-0,57
-2,28 -2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
PIB IMPOSTOS VAB
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 40
Para o fechamento de 2012, ou seja, no acumulado dos quatro
trimestres projetamos uma queda de 2,02% no PIB do Rio Grande do Sul, com
a Agropecuária despencando 40%, a Indústria caindo 1% e apenas os Serviços
crescendo a taxa de 3%.
Tabela 16 - Projeção do PIB RS para o acumulado de 2012 e 2013.
SETOR 2012 2013 Agropecuária -40% 45% Indústria -1% 1% Serviços 3% 3% TOTAL RS -2,02% 6,37% Fonte: FARSUL
Para 2013 estamos esperando um crescimento de 6,37%. Observando o
tamanho do crescimento parece um valor bastante alto e de fato é. No entanto,
este crescimento somente ocorre pela base fraca de 2012, pois a Agropecuária
deverá crescer 45% em relação a 2012 e a Indústria deverá crescer 1%,
também invertendo a tendência em que se encontra, além da manutenção do
crescimento dos Serviços em 3%.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 41
6. ANÁLISE E PERSPECTIVAS DE MERCADO PARA A SAFRA 2012/13
6.1. Arroz O consumo mundial de Arroz cresce a taxa de 2% ao ano e neste
próximo deve crescer 2,2%. Deveremos consumir em 2012 quase 468 milhões
de toneladas em base beneficiada. O Brasil, maior consumidor fora da Ásia,
deve manter estável o consumo em 8,05 milhões de toneladas – beneficiado –
consequência da elevação do preço ao consumidor.
Gráfico 14 - Consumo Mundial de Arroz Beneficiado, em Milhões de Toneladas.
Os dois maiores consumidores mundiais de Arroz e também os dois
países mais populosos do mundo, China e Índia, que representam sozinhos
mais de 50% do consumo mundial devem ampliar seus consumos em 3,2%,
apesar da projeção de queda da produção da Índia que será mostrado adiante.
Outros grandes consumidores asiáticos devem manter-se estáveis seus níveis
de consumo e apenas a Coreia do Sul deverá apresentar queda.
Chama à atenção a ampliação do consumo americano em 16%, uma
vez que o produto dos EUA é semelhante ao brasileiro, podendo ser
eventualmente uma janela de oportunidade, embora saibamos as dificuldades
de se vender este tipo de produto naquele mercado e as deficiências tributárias
409,31 415,83
421,51 427,48
437,15 438,62 445,82
457,63
467,87
380,00
390,00
400,00
410,00
420,00
430,00
440,00
450,00
460,00
470,00
480,00
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013**
Fonte: USDA (*) Estimativa USDA (**) Previsão USDA - Elaboração Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 42
e logísticas que temos que, via de regra, os americanos não estão dispostos a
pagar.
Tabela 17 - Consumo Mundial de Arroz Beneficiado, Por Países, em Milhões de Toneladas.
A taxa média da expansão da produção de Arroz no mundo é de 2% ao
ano, puxada pelas nações mais populosas do mundo que necessitam ampliar a
produção comercial para abastecer o mercado urbano em formação naquela
região, onde anualmente milhões de pessoas deixam o meio rural e uma vida
de subsistência para tornarem-se operários nas grandes cidades, demandando
produtos que ora produziam apenas para o consumo familiar. O Brasil é o
maior produtor mundial do cereal fora da Ásia, assim como é o maior
consumidor, o que mostra a grandeza do mercado brasileiro.
Para 2013 espera-se uma produção praticamente igual à de 2012, com
ligeira queda de 0,1%. Apesar da tendência de aumento de produção, a menor
produção na Índia impedirá o crescimento agregado. A estabilidade da
produção de Tailândia, Vietnã e Filipinas, somada a escassez de Arroz na
Índia, tendem a reduzir a oferta do produto no Atlântico e na Costa Leste
Africana.
País/Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
China 130,30 128,00 127,20 127,45 133,00 134,32 135,00 139,50 144,00 3,2% 30,8%Índia 80,86 85,09 86,70 90,47 91,09 85,51 90,21 92,32 95,25 3,2% 20,4%Indonésia 35,85 35,74 35,90 36,35 37,10 38,00 39,00 39,55 40,00 1,1% 8,5%Bangladesh 26,90 29,00 29,76 30,75 31,20 31,60 32,40 34,30 34,50 0,6% 7,4%Vietnã 17,60 18,39 18,78 19,40 19,00 19,15 19,40 19,85 20,10 1,3% 4,3%Filipinas 10,40 10,72 12,00 13,50 13,10 13,13 12,90 12,85 12,95 0,8% 2,8%Tailândia 9,48 9,54 9,78 9,60 9,50 10,20 10,30 10,40 10,60 1,9% 2,3%Burma 10,30 10,40 10,67 10,75 10,80 10,89 10,10 10,19 10,38 1,9% 2,2%Brasil 9,07 8,46 8,40 8,35 8,40 8,48 8,20 8,05 8,05 0,0% 1,7%Japão 8,30 8,25 8,25 8,16 8,33 8,20 8,20 8,05 8,05 0,0% 1,7%Nigéria 4,25 4,30 3,93 4,00 4,22 4,58 5,03 5,20 5,50 5,8% 1,2%Coreia do Sul 4,95 4,77 4,89 4,67 4,79 4,70 5,18 4,98 4,80 -3,6% 1,0%Estados Unidos 3,93 3,83 4,10 4,04 4,08 4,02 4,32 3,47 4,04 16,3% 0,9%Egito 3,25 3,32 3,28 3,61 4,27 3,94 3,30 3,62 3,90 7,7% 0,8%Camboja 2,78 3,57 3,65 3,00 3,22 3,27 3,37 3,45 3,59 4,1% 0,8%Irã nd nd nd nd 3,10 3,15 3,25 3,40 3,50 2,9% 0,7%Outros 45,48 45,87 48,96 48,46 50,31 52,56 53,54 55,53 56,43 1,6% 12,1%
Total 409,31 415,83 421,51 427,48 437,15 438,62 445,82 457,63 467,87 2,2% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Previsão USDA - Nov/12nd = Não Disponível
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 43
Gráfico 15 - Produção Mundial de Arroz Beneficiado, em Milhões de Toneladas.
O Brasil deve, mais uma vez, reduzir a produção. Vítimas de anos
seguidos de prejuízos, os orizicultores brasileiros encontram-se com alto
endividamento e consequente baixo acesso ao crédito, além do produto
concorrer pela área com a Soja em algumas regiões.
O aumento da produção americana em 8% deixa um sinal de alerta.
Embora ainda não seja preocupante, pois a previsão de consumo nos EUA é
bem maior, os analistas devem ficar atentos para o dado, pois caso não se
confirme a expectativa de ampliação do consumo doméstico esse produto pode
concorrer no mercado internacional com o produto brasileiro, uma vez que são
de qualidades semelhantes, sobretudo na América Central, onde os
americanos apresentam melhores condições logísticas, virando uma expetativa
de possibilidade de ganho de um novo mercado para tornar-se em uma
expectativa do fortalecimento de um concorrente de peso.
O Egito ainda tem uma expectativa bastante positiva para o aumento do
consumo (7,7%) e produção de (10,6%). Esse aumento segue uma trajetória
de recuperação do mercado egípcio que foi bastante afetado pelos conflitos
políticos e, para este ano, espera-se o maior consumo e produção da série.
Cabe ressaltar, por outro lado, que a região volta a ser sacudida por
instabilidades políticas, o que pode a afetar novamente o mercado local e
alterar sensivelmente as expectativas.
401,32
418,43 419,99
432,96
448,70 441,40
449,30
464,79 464,31
360,00
370,00
380,00
390,00
400,00
410,00
420,00
430,00
440,00
450,00
460,00
470,00
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Fonte: USDA (*) Estimativa USDA (**) Previsão USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 44
Tabela 18 - Produção Mundial de Arroz Beneficiado, Por Países, em Milhões de Toneladas.
Diante da expectativa de menor produção e maior consumo, surge então
a consequente queda dos estoques mundiais que, neste próximo ano deverá
fechar com queda de 3,4%, em 102,5 milhões de toneladas estocadas, o que
equivale a 22% do consumo global.
Gráfico 16 - Estoques Mundiais de Arroz Beneficiado, em Milhões de Toneladas.
País/Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
China 125,36 126,41 127,20 130,22 134,33 136,57 137,00 140,70 143,00 1,6% 30,8%Índia 83,13 91,79 93,35 96,69 99,18 89,09 95,98 104,32 99,00 -5,1% 21,3%Indonésia 34,83 34,96 35,30 37,00 38,31 36,37 35,50 36,50 36,90 1,1% 7,9%Bangladesh 25,60 28,76 29,00 28,80 31,20 31,00 31,70 33,70 33,80 0,3% 7,3%Vietnã 22,72 22,77 22,92 24,38 24,39 24,99 26,37 26,87 27,10 0,9% 5,8%Tailândia 17,36 18,20 18,25 19,80 19,85 20,26 20,26 20,46 20,50 0,2% 4,4%Filipinas 9,43 9,82 9,78 10,48 10,76 9,77 10,54 10,70 11,00 2,8% 2,4%Burma 9,57 10,44 10,60 11,84 11,20 11,64 10,53 10,82 10,75 -0,6% 2,3%Brasil 9,00 7,87 7,70 8,20 8,57 7,93 9,30 7,89 7,82 -0,9% 1,7%Japão 7,94 8,26 7,79 7,93 8,03 7,71 7,72 7,65 7,50 -1,9% 1,6%Paquistão 5,03 5,55 5,45 5,70 6,90 6,80 5,00 6,50 6,70 3,1% 1,4%Estados Unidos 7,46 7,11 6,27 6,29 6,55 7,13 7,59 5,87 6,33 7,8% 1,4%Egito 4,13 4,14 4,38 4,66 4,67 4,56 3,10 4,25 4,70 10,6% 1,0%Camboja 2,63 3,77 3,95 3,31 3,99 4,06 4,23 4,27 4,50 5,4% 1,0%Coreia do Sul 5,00 4,77 4,68 4,41 4,84 4,92 4,30 4,22 4,10 -2,9% 0,9%Nepal nd nd nd nd 2,85 2,90 2,90 2,90 2,90 0,0% 0,6%Outros 29,84 31,12 31,24 31,07 33,08 35,69 37,28 37,18 37,71 1,4% 8,1%
Total 401,32 418,43 419,99 432,96 448,70 441,40 449,30 464,79 464,31 -0,1% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Previsão USDA - Nov/12nd = Não Disponível
81,60 74,00 76,70 75,40
80,80
92,40 95,20 98,70 105,80 103,00
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Fonte: USDA (*) Estimativa USDA (**) Previsão USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 45
Quando temos queda nos estoques, fruto do avanço do consumo sobre
a produção, os preços tendem a subir e é exatamente isso que se verifica no
mercado internacional e local.
Gráfico 17 - Evolução dos Preços do Arroz em Chicago e no RS, em Reais e Sc/50kg. (Último Preço em 28/11/12)
Notam-se os preços em Chicago apresentando sólida evolução que
iniciou-se em Julho de 2010, quando os preços internacionais interromperam
um ciclo de queda no preço iniciado após o “boom” de 2008. Se por um lado
ainda estamos muito longe do preço recorde, pelo menos os aumentos são
contínuos e baseados nos bons fundamentos do mercado e não a partir de
bolhas especulatórias como se viu em 2008.
Se vemos um cenário mundial para o Arroz até esse momento bom,
destacamos que o brasileiro é ainda melhor. Fazemos essa distinção,
primeiramente, para anunciar ao leitor que não domina o assunto que os
mercados brasileiro e mundial são diferentes e podem, eventualmente, seguir a
mesma tendência, mas eles são pouco conectados.
Os fundamentos do mercado brasileiro de Arroz são, até este momento,
bons. Com uma produção menor em quase um ponto percentual em relação ao
35,37
37,38
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
Fonte: CBOT, CEPEA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
CBOT
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 46
ano passado e um consumo estável, mais uma vez, deveremos ter redução
dos estoques por mais um ano.
Após a crise de preços que o setor enfrentou ao longo de 2011 até a
safra de 2012, os produtores se viram obrigados a redimensionar a safra, que
em 2013 deverá ser 16% menor que o pico de 2011, que superofertou o
mercado interno. Além do mais, o ambiente internacional hoje é bem diferente,
pois naquela época o preço internacional estava baixo, o que dificultava as
exportações do grão brasileiro e facilitava a entrada do produto estrangeiro,
além é claro da taxa de câmbio, que estava quase 30% depreciada em relação
ao patamar atual. Hoje temos um preço internacional e uma taxa de câmbio
que oferece liquidez às exportações.
Tabela 19 - Fundamentos do Mercado de Arroz em Casca no Brasil - Em Milhões de Toneladas.
A relação de oferta e demanda está estreita para o ano que vem. Mesmo
com a redução da demanda total em 4,4%, a oferta estará ainda mais escassa,
em 5,1%.
No tocante ao comércio internacional então deveremos ter a
manutenção das importações de Arroz pelo Brasil, em 1,1 milhão de toneladas.
A grande diferença no comércio internacional deverão ser as exportações, que
deverão arrefecer 40% em relação a 2012, isto em parte devido a elevação do
preço do produto nacional e em outra parte a manutenção do abastecimento do
mercado interno, que já começa a observar a baixa relação de estoque
consumo de 3,85%.
A queda das exportações inverterá os superávits comerciais do cereal
que acompanhávamos desde 2011, mesmo que neste ano as fortes
exportações ocorram não pelo próprio mercado, mas pela forte intervenção do
VAR. (%)(13**/12*)
ESTOQUE INICIAL (01/03) 1,47 1,76 1,49 1,16 0,80 1,14 0,81 1,18 0,57 -51,3%PRODUÇÃO** 13,22 11,57 11,31 12,05 12,60 11,66 13,67 11,60 11,50 -0,9%IMPORTAÇÃO 0,81 1,02 1,01 0,61 0,96 1,14 0,93 1,10 1,10 0,0%
OFERTA TOTAL 15,50 14,35 13,80 13,83 14,35 13,94 15,41 13,88 13,17 -5,1%CONSUMO 13,34 12,44 12,35 12,27 12,35 12,46 12,05 11,83 11,83 0,0%EXPORTAÇÃO 0,40 0,43 0,30 0,75 0,87 0,63 2,18 1,47 0,88 -40,0%
DEMANDA TOTAL 13,74 12,86 12,64 13,03 13,22 13,09 14,23 13,30 12,72 -4,4%ESTOQUE FINAL (28/02) 1,76 1,49 1,16 0,97 1,14 0,84 1,18 0,57 0,46 -20,5%RELAÇÃO ESTOQUE X CONSUMO (%) 13,20 11,96 9,40 7,90 9,21 6,77 9,76 4,84 3,85 -20,5%
Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12 (**) Previsão USDA - Nov/12(**) O USDA considera somente arroz beneficiado, portanto, esta estimativa foi transformada para Base Casca
2013**2011ANO COMERCIAL 2005 2012*2006 2007 2008 2009 2010
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 47
Estado, através do Ministério da Agricultura, com farta distribuição de recursos
para o exercício de mecanismos de comercialização, em especial o PEP.
Diante desse cenário temos então os estoques em queda por mais um
ano devendo atingir apenas 460 mil toneladas ao final de 2013, que é um
estoque baixo. Conforme já dito anteriormente, quando os estoques tendem a
cair o preço tende a subir, pois estão são reflexos de uma demanda maior que
a oferta.
Gráfico 18 - Estoques Finais de Arroz no Brasil, Em Casca, Em Milhões de Toneladas.
Por esses fundamentos de mercados positivos para o preço do Arroz é
que apostamos em um ano de bons preços para a comercialização, muito
embora, obviamente, estamos analisando a fotografia do momento. Os
fundamentos podem mudar tanto para melhor quanto para pior sem aviso
prévio, por isso o acompanhamento constante dos cenários e o envolvimento
dos produtores com os Sindicatos Rurais e o Sistema FARSUL é muito
importante.
6.2. Milho O consumo mundial de Milho deve sofrer uma queda de 2,5% em 2013,
uma queda de 29 milhões de toneladas. Essa queda se deve a necessidade de
1,76
1,49
1,16
0,97 1,14
0,84
1,18
0,57 0,46
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 48
ajuste que os consumidores devem fazer diante da menor produção, resultado
da estiagem nos EUA, maior produtor mundial do grão.
Gráfico 19 - Consumo Mundial de Milho, Em Milhões de Toneladas.
A principal queda de consumo deverá ser verificada por consumidores
que utilizam o Milho como matéria-prima para outras finalidades que não a
produção de ração animal. Desses usuários destacam-se os produtores de
Etanol americanos.
Gráfico 20 - Consumo Mundial de Milho por Tipo de Uso, Em Milhões de Toneladas.
O uso do grão para ração, que compreende 58% do consumo total
deverá, inclusive, crescer neste ano, cabendo aos produtores de Etanol em
especial a redução do consumo de forma a equilibrar o balanço de oferta de
demanda.
Da redução de consumo esperada a maior parte dela será percebida nos
EUA, onde uma queda de 8,8% é projetada para o próximo ano, cerca de 24,5
690 707 729 773 784
825 849 875 857 853 854
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1.000
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Set
2013** Out
2013** Nov
Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica (**) Previsão
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 49
milhões de toneladas. A China que é o segundo maior consumidor e utiliza o
grão para a elaboração de ração deverá expandir o consumo em quase 7%.
Tabela 20 - Consumo Mundial de Milho, Por País, Em Milhões de Toneladas.
Apesar da redução do consumo americano, Estados Unidos e China,
sozinhos, deverão consumir mais da metade (53,3%) do Milho produzido no
planeta. A União Europeia vem logo em seguida no consumo e também com
queda forte, de 6,4%.
Para o Brasil, que também utiliza o Milho principalmente para a
produção de ração animal e é o terceiro país no ranking do consumo de Milho,
espera-se um aumento de 4,8% em 2013 em relação a 2012. Também se
destaca o crescimento do consumo argentino em 14,3%.
Do lado da produção vemos um recuo importante da quantidade total
produzida para o próximo ano, onde deveremos ter uma produção de 4,6%
menor em relação a 2012. Esta produção deverá ser menor que o consumo em
14,1 milhões de toneladas, que deverão ser buscadas nos estoques.
Com uma expectativa de produção de 839,7 milhões de toneladas, a
produção de Milho deverá ser menor em números absolutos em 40,8 milhões
de toneladas, consequência da estiagem nos Estados Unidos, maior produtor
mundial do grão.
País/Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
Estados Unidos 224,61 232,02 230,67 261,63 259,27 281,59 285,01 279,01 254,44 -8,8% 29,8%China 131,00 137,00 145,00 150,00 153,00 165,00 180,00 188,00 201,00 6,9% 23,5%UE-27 63,20 61,50 62,40 64,00 61,60 59,30 62,90 67,30 63,00 -6,4% 7,4%Brasil 38,50 39,50 41,00 42,50 45,50 47,00 49,50 52,50 55,00 4,8% 6,4%México 27,90 27,90 30,70 32,00 32,40 30,20 29,20 29,50 29,70 0,7% 3,5%Índia 13,90 14,20 13,90 14,20 17,00 15,10 18,10 16,90 17,30 2,4% 2,0%Japão 16,50 16,70 16,50 16,60 16,70 16,30 15,70 14,90 15,00 0,7% 1,8%Egito 11,30 10,10 10,70 10,40 11,10 12,00 12,50 11,70 12,20 4,3% 1,4%Canadá 10,31 10,81 11,44 13,77 11,69 11,63 11,42 11,00 11,40 3,7% 1,3%África do Sul 9,70 8,20 8,60 9,60 9,90 10,30 10,65 10,70 11,10 3,7% 1,3%Indonésia 7,90 7,90 8,10 8,50 8,90 8,80 9,80 10,30 10,70 3,9% 1,3%Nigéria 6,30 6,80 7,60 6,55 7,90 8,80 8,80 9,25 9,45 2,2% 1,1%Argentina 5,20 6,20 6,70 6,80 6,40 6,90 7,30 7,70 8,80 14,3% 1,0%Ucrânia nd nd 5,25 5,75 5,85 5,70 6,50 7,80 8,50 9,0% 1,0%Coreia do Sul 8,67 8,58 8,83 8,64 7,89 8,38 8,21 7,82 8,10 3,6% 0,9%Filipinas 5,15 5,80 6,55 7,15 7,30 6,50 7,20 7,40 7,40 0,0% 0,9%Outros 101,05 105,61 111,29 114,82 119,66 123,84 127,40 131,21 134,14 2,2% 15,7%
Total 688,15 705,61 728,67 773,29 784,08 824,51 849,24 875,41 853,79 -2,5% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12nd = Não Disponível
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 50
Gráfico 21 - Produção Mundial de Milho, Em Milhões de Toneladas.
A maior redução da produção ocorrerá nos EUA e na União Europeia,
dois importantes produtores vítima de estiagens no ciclo. Nos EUA a perda
deverá ser de 13,2% enquanto na UE-27 a perda atingirá 17,4%.
Tabela 21 - Produção Mundial de Milho, Por País, em Milhões de Toneladas.
China que é o segundo maior produtor e deve expandir sua produção
em 3,7%, enquanto o Brasil, terceiro maior produtor deve decrescer 4,1% em
função do avanço da área de Soja sobre a área do Milho.
Dos maiores exportadores globais o EUA será o único a reduzir sua
participação no mercado internacional, deixando de exportar quase 7,5 milhões
de toneladas no próximo ano, equivalente a queda de 19,3%. Atentos a esse
699,70 714,50
794,60 800,00
821,70 831,00
880,50
839,70
650,00
700,00
750,00
800,00
850,00
900,00
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013**
(*) E
stim
ativ
a U
SDA
- (*
*) P
revi
são
USD
A
Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
País/Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
Estados Unidos 299,88 282,26 267,50 331,18 307,14 332,55 316,17 313,92 272,43 -13,2% 32,4%China 130,29 139,37 151,60 152,30 165,91 163,97 177,25 192,78 200,00 3,7% 23,8%Brasil 35,00 41,70 51,00 58,60 51,00 56,10 57,40 73,00 70,00 -4,1% 8,3%UE-27 66,47 60,67 53,83 47,56 62,32 56,95 56,17 66,17 54,65 -17,4% 6,5%Argentina 20,50 15,80 22,50 22,02 15,50 25,00 25,20 21,00 28,00 33,3% 3,3%Ucrânia 8,80 7,15 6,43 7,42 11,45 10,49 11,92 22,84 21,00 -8,0% 2,5%México 22,05 19,50 22,35 23,60 24,23 20,37 21,06 18,68 20,70 10,8% 2,5%Índia 14,18 14,71 15,10 18,96 19,73 16,72 21,73 21,57 20,00 -7,3% 2,4%África do Sul 11,72 6,94 7,30 13,16 12,57 13,42 10,92 12,00 13,50 12,5% 1,6%Canadá 8,84 9,33 8,99 11,65 10,59 9,56 11,71 10,69 11,60 8,5% 1,4%Nigéria 6,50 7,00 7,80 6,50 7,97 8,95 8,80 9,25 9,41 1,7% 1,1%Indonésia 7,20 6,50 7,85 8,50 8,70 6,90 6,80 8,90 8,90 0,0% 1,1%Rússia nd nd 3,51 3,80 6,68 3,96 3,08 6,68 7,50 12,3% 0,9%Filipinas 5,05 5,88 6,23 7,28 6,85 6,23 7,27 7,13 7,35 3,1% 0,9%Egito nd nd nd 6,17 6,65 6,28 6,50 5,50 5,80 5,5% 0,7%Etiópia nd nd nd nd 4,40 3,90 4,90 5,40 5,40 0,0% 0,6%Outros 68,92 72,53 69,48 71,95 78,35 80,37 84,09 84,98 83,46 -1,8% 9,9%
Total 714,73 698,46 714,03 794,70 800,04 821,73 830,95 880,49 839,70 -4,6% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12nd = Não Disponível
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 51
movimento americano somado ao apetite chinês, Brasil e Argentina preparam-
se para ocupar esse espaço no mercado internacional, devendo o Brasil
expandir suas exportações em quase 66%, mais de 8 milhões de toneladas e a
Argentina devera exportar 1 milhão de toneladas a mais.
Tabela 22 - Exportações Mundiais de Milho, por País, em Milhões de Toneladas.
No total 2013 deverá ser um ano de queda nas exportações totais em
6,7%, quase 7 milhões de toneladas.
Gráfico 22 - Estoques Mundiais de Milho, em Milhões de Toneladas.
A consequência da menor produção em relação ao consumo é
justamente que os países valorizem o produto local, reduzindo exportações e
também queda nos estoques. Para 2013 os estoquem devem cair quase 11%
em relação a 2012, uma redução de 14 milhões de toneladas, o que tem
mantido os preços do Milho no mercado internacional.
País/Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
Estados Unidos 45,35 56,08 54,21 60,66 47,76 49,72 45,24 38,43 31,00 -19,3% 32,4%Brasil 1,43 2,83 8,07 7,88 7,18 8,62 11,58 12,67 21,00 65,7% 21,9%Argentina 13,75 10,71 15,69 15,68 8,47 16,97 15,20 16,50 17,50 6,1% 18,3%Ucrânia 2,33 2,46 1,03 2,07 5,50 5,07 5,01 15,00 12,50 -16,7% 13,1%Índia nd nd 0,58 5,08 2,55 1,92 3,38 4,70 3,00 -36,2% 3,1%África do Sul 1,52 1,41 0,43 1,12 2,11 1,59 2,84 1,80 2,30 27,8% 2,4%Rússia nd nd nd 0,05 1,33 0,43 0,04 2,03 1,80 -11,2% 1,9%Paraguai 0,39 1,31 1,98 1,46 1,86 1,39 1,20 2,10 1,40 -33,3% 1,5%Canadá nd nd 0,32 0,94 0,37 0,18 1,66 0,50 1,00 100,0% 1,0%UE-27 0,68 0,45 0,66 0,59 1,74 1,52 1,08 3,20 0,50 -84,4% 0,5%Zâmbia nd nd nd nd 0,00 0,10 0,30 0,50 0,50 0,0% 0,5%Outros 2,64 3,31 7,57 2,62 5,11 5,48 4,36 5,16 3,19 -38,2% 3,3%
Total 75,96 82,58 91,49 98,29 83,97 92,99 91,89 102,59 95,69 -6,7% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12nd = Não Disponível
132 125 111
132
148 145
127 132 124 117 118
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2005 2007 2009 2011 2013** Set 2013** Nov (*
) Est
imat
iva
US
DA
- (*
*) P
revi
são
US
DA
Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 52
Tabela 23 - Balanço da Oferta e Demanda do Milho no Brasil, em Milhões de Toneladas.
O balanço da oferta e demanda do Milho para o Brasil traz um panorama
de redução de 4,1% na produção em razão do aumento da produção de Soja,
mas que não é acompanhado pela redução de consumo, que deve aumentar
em 4,8%. Além do mais, é alta a estimativa de crescimento das exportações,
em 66% em relação ao ano anterior, com redução dos estoques finais, que já
são baixos, de 2,1%.
Diante desse panorama positivo para o preço tanto no mercado externo
quanto no mercado interno, que ainda pode ser reforçado em 2013 caso se
confirmem as expectativas de abertura e reabertura de mercados para as
carnes brasileiras, é possível que o cenário se mantenha firme e com boas
tendências para a próxima safra.
Em termos de preço percebe-se uma franca recuperação dos preços do
Milho no mercado gaúcho, onde o grão está cotado a R$ 28,03 por saco de
60kg no início de Dezembro, sobre uma tendência de alta iniciada ainda em
Junho de 2012.
Gráfico 23 - Evolução do Preço do Milho no RS, em R$/sc 60kg.
DISCRIMINAÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Set
2013** Out
2013** Nov
Var. (%) (13**/12*)
Var.(%) 13** (Nov/Out)
Estoque Inicial 4,20 3,00 3,60 12,60 12,10 10,00 10,30 10,80 10,80 10,60 2,9% -1,9% Produção 41,70 51,00 58,60 51,00 56,10 57,40 73,00 70,00 70,00 70,00 -4,1% 0,0% Importações 1,10 1,40 0,70 1,10 0,40 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,0% 0,0%
OFERTA TOTAL 47,00 55,40 62,90 64,70 68,60 68,20 84,10 86,10 81,60 81,40 -3,2% -0,2% Consumo Interno 39,50 41,00 42,50 45,50 47,00 49,50 52,50 56,00 56,00 55,00 4,8% -1,8% - Ração 33,00 34,50 36,00 38,50 40,00 42,50 45,00 47,50 47,50 47,00 4,4% -1,1% - Outros usos 6,50 6,50 6,50 7,00 7,00 7,00 7,50 8,50 8,50 8,00 6,7% -5,9% Exportações 4,50 10,80 7,80 7,18 8,62 11,58 12,67 15,00 19,00 21,00 65,7% 10,5%
DEMANDA TOTAL 44,00 51,80 50,30 52,60 58,60 57,90 73,50 71,00 71,00 76,00 3,4% 7,0% Estoque Final 3,00 3,60 12,60 12,10 10,00 10,30 10,60 15,10 9,60 10,38 -2,1% 8,1%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12
14,49
22,54
28,03
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
24,00
26,00
28,00
30,00
1/2/2008 1/2/2009 1/2/2010 1/2/2011 1/2/2012 Fonte: CEPEA. Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 53
6.3. SOJA
Muitas pessoas se perguntam por que o preço da Soja subiu tanto nos
últimos anos. Embora a resposta seja complexa, pois precisa-se observar o
crescimento real da economia dos países em desenvolvimento, a mudança
geográfica que ocorre no Sudeste Asiático - onde milhões de camponeses que
são transformados em operários, com salário e renda para demandar
alimentos, em especial carnes - as restrições para ofertar o produto no
mercado por ineficiência infraestrutural, como ocorre no Brasil, as limitações
para produção, a fronteira tecnológica da produção, etc. Mas se fosse
necessário utilizar apenas um indicador para argumentar, então diríamos que a
demanda pela Soja cresce a taxa de quase 7% ao ano e é muito difícil ajustar a
oferta para uma demanda com essa taxa de crescimento.
Em 2013 a demanda por Soja deverá aumentar “apenas” 2% em relação
a 2012, pelo ajuste necessário no balanço de oferta e demanda em decorrência
das perdas com estiagem que frustraram um salto da produção global. Em
2013 deveremos consumir 261 milhões de toneladas, dois milhões a mais do
que em 2012 apesar das perdas.
A China é o maior consumidor mundial do grão, sendo responsável por
29,3% do consumo global, devendo crescer 6,3% o consumo em relação a
2012.
Gráfico 24 - Evolução do Consumo Mundial de Soja, em Milhões de Toneladas.
204 216 225 229 221 238 252 256 257 259 261
0
50
100
150
200
250
300
2005 2007 2009 2011 2013** Set
2013** Nov
(*) E
stim
ativ
a (*
*) P
roje
ção
Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 54
Já os EUA, segundo maior consumidor deverá reduzir o seu consumo
em 6,6%, decorrente da menor oferta interna, assim como também deverá ter
menor consumo a União Europeia, que além de enfrentar uma crise econômica
bastante severa, que afeta o consumo de alimento, ainda enfrentou uma
estiagem.
Tabela 24 - Consumo Mundial de Soja, por País, em Milhões de Toneladas.
O Brasil e a Argentina, que rivalizam pelo terceiro lugar em consumo,
deverão crescer, sendo a Argentina com crescimento de 7,6% é quem deverá
ocupar em 2013 esta posição.
As importações deverão crescer 3,8%, atingindo 96,1 Milhões de
toneladas, o que já equivale a 37% do consumo mundial. Tal crescimento é
puxado pelo maior consumidor e também importador, a China, que é
responsável por 65,6% da importação mundial.
Tabela 25 - Importações Mundial de Soja, por País, em Milhões de Toneladas.
País/Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
China 40,21 44,54 46,12 49,82 51,44 59,43 65,95 72,07 76,58 6,3% 29,3%Estados Unidos 51,40 52,61 53,24 51,63 48,11 50,67 48,40 48,81 45,61 -6,6% 17,5%Argentina 28,75 33,34 35,09 36,16 32,82 35,72 39,21 37,50 40,35 7,6% 15,5%Brasil 32,10 31,17 34,02 35,07 34,72 36,80 39,33 39,70 39,99 0,7% 15,3%UE-27 15,43 14,97 16,09 16,11 14,09 13,38 13,46 12,72 12,25 -3,7% 4,7%México 3,76 3,86 3,93 3,71 3,55 3,64 3,66 3,59 3,60 0,3% 1,4%Japão 4,50 4,19 4,31 5,22 3,72 3,58 3,21 3,00 2,83 -5,7% 1,1%Outros 29,24 30,51 32,48 32,03 32,68 34,79 38,29 38,45 39,82 3,6% 15,3%
Total 205,39 215,19 225,28 229,75 221,34 238,01 251,51 255,84 261,03 2,0% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12
País/Região 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
China 26,00 28,30 28,73 37,82 41,10 50,34 52,34 59,23 63,00 6,4% 65,6%UE-27 15,00 13,90 15,29 15,13 13,21 12,67 12,48 11,30 11,00 -2,7% 11,5%México 4,00 3,70 3,84 3,61 3,33 3,52 3,50 3,40 3,35 -1,5% 3,5%Japão 4,00 4,00 4,09 4,01 3,40 3,40 2,92 2,76 2,60 -5,8% 2,7%Taiwan 2,00 2,50 2,44 2,15 2,22 2,47 2,45 2,25 2,30 2,2% 2,4%Indonésia 1,00 1,20 1,31 1,15 1,39 1,62 1,90 1,99 2,00 0,5% 2,1%Tailândia 2,00 1,50 1,53 1,75 1,51 1,66 2,14 1,91 1,95 2,1% 2,0%Egito 1,00 0,78 1,33 1,06 1,58 1,64 1,64 1,60 1,55 -3,1% 1,6%Vietnã nd nd nd 0,12 0,18 0,23 0,92 1,15 1,23 7,0% 1,3%Turquia nd nd nd nd 1,08 1,65 1,35 1,06 1,20 13,2% 1,2%Outros 8,00 7,20 8,00 10,20 8,40 7,64 7,15 5,87 5,83 -0,7% 6,1%
Total 63,00 64,10 69,06 78,34 77,39 86,84 88,80 92,51 96,01 3,8% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12nd = Não Disponível
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 55
A China importa 82% do seu consumo total de Soja, o que a torna
altamente dependente do fornecimento de outros países. Este dado é
importante, porque muitos analistas se preocupam com a concentração do
consumo e das importações em um único país, o que traz certa vulnerabilidade
para o mercado, o que é verdade. Por outro lado, ao necessitar de importações
que atingem 82% do seu consumo, a China não consegue exercer um eventual
poder de monopsônio e essa realidade se comprova com a evolução dos
preços. Essa dependência chinesa pela Soja produzida em outros países tende
a ser cada vez maior, pois a China não dispõe de recursos naturais para o
aumento da produção de Soja no ritmo do aumento de seu consumo.
Diante dessas circunstâncias, é provável que o consumo de Soja e,
consequentemente, o preço, deverão ser ascendentes enquanto a China e o
Sudeste Asiático mantiverem os índices de crescimento das economias nas
atuais taxas.
A produção, por sua vez, tenta acompanhar o ritmo de crescimento do
consumo mas não consegue. A taxa média de crescimento dos últimos anos é
de apenas 2% ao ano.
Para 2013, depois de fortes variações nas perspectivas de produção
pois tivemos, de um lado, uma possibilidade de estiagem nos EUA bastante
forte e, de outro, analistas que se precipitam em dar como perdas algo que
acabou de ser plantado, sabendo que a expectativa de chuvas poderia mudar
e, consequentemente, as projeções. A FARSUL alertou a sociedade quanto a
isso quando vieram as primeiras perspectivas negativas, avisando que se
tratava de caso diferente do RS, quando apenas divulgamos perdas quando de
fato a volta da chuva não recuperaria o já perdido, diferentemente dos EUA que
as plantas ainda não estavam perdidas e as estimativas eram baseadas em
boletins meteorológicos, que como sabemos, podem repentinamente mudar.
No Estado as perdas americanas foram dadas como certas por setores da
imprensa, embora tenhamos avisado.
Agora o que temos é uma expectativa de safra mundial de Soja de 268
milhões de toneladas, um crescimento robusto de quase 12% em relação a
2012.
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 56
Gráfico 25 - Evolução da Produção Mundial de Soja, em Milhões de Toneladas.
Com um crescimento esperado de nada menos do que 21,8% em 2013,
o Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos e ser o maior produtor mundial
de Soja, atingindo uma produção de 81 milhões de toneladas, apenas 140 mil a
mais que os EUA, sendo responsável por 30,3% da produção global.
Tabela 26 - Produção Mundial de Soja, por País, em Milhões de Toneladas.
A Argentina e Paraguai também devem apresentar fortes crescimentos,
aumentando em quase um terço a produção na América Latina. A pergunta que
fazemos, diante de números tão grandiosos e de um otimismo proporcional, é
onde armazenar e como transportar essa produção a mais, especialmente no
Brasil? Perguntamos também: vale a pena para o produtor aumentar nessas
216 221 236
220 212
261 265
239 258 264 268
0
50
100
150
200
250
300
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Set
2013** Out
2013** Nov
(*) E
stim
ativ
a U
SDA
- (*
*) P
roje
ção
USD
A
Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
2012* 2013** 2013** 2013** Var. (%) Partic.(B) Setembro Outubro Novembro (A) (A/B) 2013**
EUA 85,00 84,00 87,00 72,86 80,75 91,42 90,61 84,19 71,69 77,84 80,86 -3,96% 30,2%AMÉRICA DO SUL 96,00 102,00 113,66 113,17 93,45 130,88 132,81 111,50 144,10 144,10 144,10 29,24% 53,8% Brasil 53,00 57,00 59,00 61,00 57,80 69,00 75,50 66,50 81,00 81,00 81,00 21,80% 30,3% Argentina 39,00 41,00 48,80 46,20 32,00 54,50 49,00 41,00 55,00 55,00 55,00 34,15% 20,6% Paraguai 4,00 4,00 5,86 5,97 3,65 7,38 8,31 4,00 8,10 8,10 8,10 102,50% 3,0%China 17,00 16,00 15,07 13,40 15,54 14,98 15,10 13,50 12,60 12,60 12,60 -6,67% 4,7%Índia 6,00 7,00 7,69 9,47 9,10 9,70 9,80 11,00 11,40 11,50 11,50 4,55% 4,3%Canadá 3,00 3,00 3,47 2,70 3,34 3,51 4,35 4,25 4,40 4,30 1,30 -69,38% 0,5%Outros 8,00 10,00 9,35 7,96 9,46 10,61 12,02 13,67 13,94 13,94 14,24 4,15% 5,3%
Total 216 221 236 220 212 261 265 238 258 264 268 12,38% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12
2007 2008 2009 2010 2011PAÍS/REGIÃO 2005 2006
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 57
proporções as quantidades produzidas, em resposta ao aumento do preço? A
resposta é não. Perderemos uma grande oportunidade de aumentar a
lucratividade neste ano. Muito provavelmente aumentaremos a receita total em
relação a 2012, o que será suficiente para a alegria da maioria. Por outro lado,
aumentaremos sensivelmente mais do que a receita os custos de produção
associados à logística, seja armazenagem ou transporte, reduzindo assim a
lucratividade.
O Brasil quer crescer e os empresários rurais estão prontos para
colaborar, no entanto, sem infraestrutura suficiente, menos pode ser mais.
Apesar da forte demanda chinesa sobre a produção brasileira, o que
reflete na expectativa de aumento de 20,1% nas exportações, a demanda
interna também deve crescer a altas taxas. Para o consumo interno se espera
uma expansão de 7,7%, liderado pelo processamento. Cerca da metade da
produção brasileira será processada internamente, o que se transformará em
óleo, ração e carne tanto para o mercado interno quanto externo.
Por fim, o mercado brasileiro, que é altamente correlacionado com os
preços internacionais, deve seguir em tendência de alta acompanhado o
ambiente externo.
Tabela 27 -Balanço de Oferta e Demanda da Soja no Brasil, em Milhões de Toneladas.
É evidente que diante das indefinições quanto o futuro da Zona do Euro
surge algum desconforto para a análise de mercado de uma commodity como a
Soja, que é altamente negociada no mercado financeiro. No entanto, os
fundamentos são, até o presente momento, muito bons para o preço.
2013** 2013** 2013** Var. (%)Set Out Nov (B) (B/A)
Área Colhida (Mls Ha) 22,92 22,23 20,70 21,30 21,70 23,50 24,20 25,00 27,50 27,50 27,50 10,0%Estoque Inicial 4,10 2,14 2,75 3,69 5,57 1,91 3,27 4,55 1,98 1,48 1,25 -72,5%Produção 53,00 57,00 59,00 61,00 57,80 69,00 75,30 66,50 81,00 81,00 81,00 21,8%Importação 0,35 0,04 0,11 0,08 0,12 0,15 0,04 0,30 0,05 0,05 0,05 -83,3%
OFERTA TOTAL 57,45 59,18 61,86 64,78 63,49 71,06 78,61 71,35 83,03 82,53 82,30 15,3%Consumo Interno 32,51 31,66 34,36 34,70 33,54 38,60 40,26 38,10 40,85 40,85 41,03 7,7% - Processamento 29,73 28,76 31,51 31,90 30,78 35,70 37,26 35,10 37,70 37,70 37,88 7,9% - Outros Usos 2,79 2,90 2,85 2,80 2,77 2,90 3,00 3,00 3,15 3,15 3,15 5,0%Exportação 22,80 24,77 23,81 24,52 28,04 29,19 33,79 32,00 39,90 38,23 38,43 20,1%
DEMANDA TOTAL 55,31 56,43 58,17 59,21 61,59 67,79 74,05 70,10 80,75 79,08 79,45 13,3%Estoque Final 2,14 2,75 3,69 5,57 1,91 3,27 4,55 1,25 2,28 3,45 2,85 127,6%Estoque/Demanda 3,87% 4,88% 6,35% 9,40% 3,09% 4,82% 6,15% 1,79% 2,82% 4,37% 3,59% 100,8%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Nov/12(**) Projeção USDA - Nov/12
2012* (A)20092005 2007 2011SOJA 2006 2008 2010
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 58
6.4. PECUÁRIA DE CORTE - BOVINA
A população mundial deverá crescer 1,08% entre 2012 e 2013, com
significativas mudanças na Ásia (Índia e Paquistão). Ao passo que, projeta-se
crescimento do Produto Interno Bruto global em 3,3% para 2012 e 3,6% para
20134. Outro fator importante é a projeção positiva para o crescimento da
renda real, que aliada a população maior denota maior consumo de carne
bovina no mundo.
Pelo lado da oferta, há uma retração na produção de Milho no Mundo,
devido a problemas climáticos nos Estados Unidos e Brasil, além da diminuição
da produção na União Europeia (UE-27), notando-se uma queda projetada de
4,6% para 2013 (USDA), destoando do cenário de 2012 que apresentou
crescimento de 5,96% em relação a 2011.
Por outro lado a Soja considerada a principal fonte de proteína para a
indústria de alimentação animal (ao lado do milho), projeta crescimento de
3,8% para 2013, abaixo do crescimento do período 2012-2011, de 4,2%,devido
a redução do volume de importações da China (maior importador mundial da
oleaginosa).
Os principais produtores de carne bovina são Estados Unidos, Brasil e
União Europeia que juntos detêm, praticamente, 50% do market share mundial.
Sendo que destes, apenas o Brasil apresenta crescimento (de 1,8%) para
2013, sendo projetado crescimento de 1,05% na Oferta Mundial para 2013.
Tabela 28 - Carne Bovina – Oferta e Demanda Mundial 2006/2013, Em Milhões de Toneladas Métricas – Peso Equivalente Carcaça.
4 FMI - World Economic Outlook
DISCRIMINAÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
PRODUÇÃO DE CARNE 57,73 58,43 58,35 57,17 57,29 56,99 57,17 57,53 0,62%IMPORTAÇÃO 6,82 7,22 6,78 6,55 6,64 6,52 6,68 6,98 4,40%
OFERTA TOTAL 64,55 65,65 65,13 63,72 63,93 63,51 63,85 64,52 1,05%CONSUMO INTERNO 56,97 57,95 57,48 56,19 56,14 55,38 55,51 55,57 0,10%EXPORTAÇÃO 7,50 7,63 7,62 7,47 7,84 8,12 8,32 8,96 7,59%
DEMANDA TOTAL 64,48 65,58 65,09 63,65 63,98 63,49 63,84 64,52 1,07%ESTOQUE FINAL 0,07 0,07 0,03 0,06 -0,05 0,02 0,02 0,00 -100,00%Fonte: USDA
Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Out/12(**) Previsão USDA - Out/12
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 59
Devido aos fundamentos apontarem oferta consolidada e forte
demanda global, principalmente direcionada pelo crescimento das economias
dos países emergentes, espera-se que a carne bovina mantenha a produção
em alta.
Tabela 29 - Carne Bovina – Produção Mundial 2007/2013, Em Milhões de Toneladas Equivalente Carcaça.
A importação de carne bovina no mundo está sendo puxada pela
recuperação econômica norte-americana, e por: Rússia, Japão, Coreia do Sul e
União Europeia, que juntos consomem 54% da carne bovina no mundo.
Tabela 30 - Carne Bovina – Importação Mundial 2007/2013, Em Milhões de Toneladas Equivalente Carcaça.
PAÍS 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
Estados Unidos 12,10 12,16 11,89 12,05 11,99 11,71 11,27 -3,7% 19,6%Brasil 9,30 9,02 8,94 9,12 9,03 9,21 9,38 1,8% 16,3%UE-27 8,19 8,09 7,91 8,05 8,02 7,82 7,70 -1,5% 13,4%China 6,13 6,13 5,76 5,60 5,55 5,54 5,58 0,7% 9,7%Índia 2,41 2,55 2,51 2,84 3,24 3,64 4,17 14,4% 7,2%Argentina 3,30 3,15 3,38 2,62 2,53 2,62 2,78 6,1% 4,8%Austrália 2,17 2,14 2,11 2,13 2,13 2,14 2,19 2,1% 3,8%México 1,60 1,67 1,71 1,75 1,80 1,82 1,80 -1,1% 3,1%Paquistão 1,34 1,39 1,44 1,47 1,44 1,40 1,40 0,0% 2,4%Rússia 1,43 1,49 1,46 1,44 1,36 1,35 1,35 -0,4% 2,3%Canadá 1,28 1,29 1,25 1,27 1,15 1,06 1,06 -0,5% 1,8%Outros 9,17 9,27 8,81 8,96 8,74 8,87 8,87 0,0% 15,4%
TOTAL 58,43 58,35 57,17 57,29 56,99 57,17 57,53 0,62% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Out/12(**) Previsão USDA - Out/12
PAÍS 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
Estados Unidos 1,38 1,15 1,19 1,04 0,93 1,07 1,19 14,6% 16,0%Rússia 1,09 1,23 1,05 1,08 1,07 1,07 1,08 0,5% 16,0%Japão 0,69 0,66 0,70 0,72 0,75 0,75 0,75 0,1% 11,2%Coréia do Sul 0,31 0,30 0,32 0,37 0,43 0,38 0,41 -13,0% 5,6%UE-27 0,64 0,47 0,50 0,44 0,37 0,35 0,35 -4,6% 5,2%México 0,40 0,41 0,32 0,30 0,27 0,30 0,35 13,2% 4,5%Canadá 0,24 0,23 0,25 0,24 0,28 0,29 0,29 1,1% 4,3%Venezuela 0,19 0,32 0,25 0,14 0,20 0,26 0,24 30,8% 3,8%Egito 0,29 0,17 0,18 0,26 0,22 0,23 0,23 6,0% 3,4%Malásia nd 0,14 0,15 0,15 0,17 0,19 0,21 10,8% 2,8%Arábia Saudita nd 0,11 0,12 0,16 0,18 0,20 0,21 8,3% 2,9%Outros 1,79 1,60 1,53 1,75 1,68 1,62 1,69 -3,2% 24,3%
TOTAL 7,22 6,78 6,55 6,64 6,52 6,68 6,98 2,5% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica (*) Estimativa USDA - Out/12(**) Previsão USDA - Out/12nd = Não Disponível
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 60
Pelo lado da demanda o crescimento do consumo mundial de carne
bovina para 2013 é projetado em 0,1%, devido à retração nos mercados norte-
americano e europeu de um lado e do outro, crescimento no consumo
brasileiro e chinês – estes quatro países representam 58,8% do consumo de
carne bovina no mundo.
O consumo mundial de carne bovina tem sido influenciado por
questões aos preços relativos das carnes concorrentes (carne suína e de
frango) e, em menor importância, questões ligadas à saúde, fitossanitárias e
com a conservação do meio ambiente.
Tabela 31 - Carne Bovina – Consumo Mundial 2007/2013, Em Milhões de Toneladas Equivalente Carcaça.
Além do crescimento do consumo, projeta-se crescimento de 7,6% para
as exportações de carne bovina no mundo para 2013. Sendo que neste cenário
a Índia surge como novo player global que tomou a liderança do mercado
atingindo participação de 24,1%, desbancando Brasil (16,2%), Austrália
(15,7%) e Estados Unidos (12,4%) – estes países representam 68,5% de toda
a exportação de carne bovina no mundo.
O novo cenário com a presença indiana está ligado ao crescimento
daquele país pela demanda de produtos lácteos; sendo que as leis indianas
proíbem o abate de bovinos por questões religiosas, mas é permitido abater
touros e novilhas considerados “não produtivos”; e a Índia está investindo
PAÍS 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
Estados Unidos 12,83 12,40 12,24 12,04 11,65 11,67 11,36 -2,6% 20,4%Brasil 7,14 7,25 7,37 7,59 7,73 7,88 7,99 1,4% 14,4%UE-27 8,69 8,35 8,26 8,15 7,94 7,86 7,75 -1,3% 13,9%China 6,07 6,08 5,75 5,59 5,52 5,52 5,57 0,9% 10,0%Argentina 2,77 2,76 2,76 2,35 2,32 2,45 2,60 6,1% 4,7%Rússia 2,51 2,71 2,51 2,51 2,42 2,41 2,42 0,2% 4,3%Índia 1,74 1,88 1,91 1,93 1,95 1,96 2,01 2,3% 3,6%México 1,96 2,03 1,98 1,94 1,92 1,92 1,92 0,3% 3,5%Paquistão 1,36 1,37 1,41 1,44 1,40 1,37 1,37 0,0% 2,5%Japão 1,18 1,17 1,21 1,23 1,24 1,25 1,25 0,0% 2,2%Canadá 1,07 1,04 1,02 1,00 1,01 0,95 0,93 -2,2% 1,7%Outros 10,63 10,43 9,77 10,40 10,27 10,28 10,41 1,2% 18,7%
TOTAL 57,95 57,48 56,19 56,14 55,38 55,51 55,57 0,1% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Out/12(**) Previsão USDA - Out/12
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 61
fortemente em políticas governamentais de fomento e incentivo a produção
para ampliar a oferta do produto indiano no mercado internacional.
Tabela 32 - Carne Bovina – Exportação Mundial 2007/2013, Em Milhões de Toneladas Equivalente Carcaça.
O Brasil é o segundo maior produtor de Carne Bovina no mundo, com
9,38 milhões de toneladas (equivalente carcaça) projetadas para 2013, o
segundo maior consumidor mundial com 7,99 milhões de toneladas
(equivalente carcaça) e o segundo maior exportador de carne bovina com 1,45
milhões de toneladas (equivalente carcaça) também projetados para 2013;
detendo market share de 16,3% na produção, 14,4% no consumo e 16,2% nas
exportações mundiais.
Tabela 33 - Carne Bovina – Oferta e Demanda Brasileira 2006/2013, Em Milhões de Toneladas Métricas – Peso Equivalente Carcaça.
PAÍS 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013** Var. (%) (13**/12*)
Part. (%) 2013**
Índia 0,68 0,67 0,61 0,92 1,29 1,68 2,16 28,6% 24,1%Brasil 2,19 1,80 1,60 1,56 1,34 1,39 1,45 4,0% 16,2%Austrália 1,40 1,41 1,36 1,37 1,41 1,38 1,41 2,2% 15,7%Estados Unidos 0,65 0,91 0,88 1,04 1,26 1,12 1,11 -1,2% 12,4%Nova Zelândia 0,50 0,53 0,51 0,53 0,50 0,52 0,53 1,5% 5,9%Canadá 0,46 0,49 0,48 0,52 0,43 0,40 0,42 5,1% 4,6%Uruguai 0,39 0,36 0,38 0,35 0,32 0,37 0,38 2,7% 4,2%UE-27 0,14 0,20 0,15 0,34 0,45 0,31 0,30 -3,2% 3,3%Paraguai nd 0,23 0,25 0,30 0,21 0,24 0,25 4,2% 2,8%México 0,04 0,04 0,05 0,10 0,15 0,20 0,23 12,5% 2,5%Argentina 0,53 0,40 0,62 0,28 0,21 0,17 0,18 5,9% 2,0%Outros 0,45 0,57 0,58 0,54 0,54 0,55 0,55 1,1% 6,2%
TOTAL 7,63 7,62 7,47 7,84 8,12 8,32 8,96 7,6% 100,0%Fonte: USDAElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa USDA - Out/12(**) Previsão USDA - Out/12nd = Não Disponível
ITENS 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*Var. (%) 2012*/11
REBANHO (milhões de cabeças) 205,89 199,75 202,31 205,31 209,54 213,73 218,01 2,0%PRODUÇÃO DE CARNE ( milhões tons equiv. carcaça) 10,18 10,08 8,83 8,47 8,78 8,45 8,46 0,2%IMPORTAÇÃO (milhões tons equiv. carcaça) 0,03 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04 0,04 0,0%
OFERTA TOTAL 10,21 10,12 8,86 8,51 8,82 8,49 8,51 0,2%CONSUMO INTERNO (milhões tons equiv. carcaça) 8,03 7,83 6,95 6,81 7,19 7,06 7,08 0,2%EXPORTAÇÃO (milhões tons equiv. carcaça) 2,18 2,29 1,92 1,70 1,63 1,43 1,43 0,0%
DEMANDA TOTAL 9,15 9,33 9,05 8,97 9,15 9,07 9,07 0,0%POPULAÇÃO (milhões de habitantes) 185,56 187,64 189,95 191,80 193,25 194,93 196,53 0,8%DISPONIBILIDADE PER CAPITA (kg/hab./ano) 43,30 41,70 36,60 35,60 37,20 36,20 36,00 -0,6%Fonte: IBGE, CONAB, SECEXElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica(*) Estimativa CONAB
1) Rebanho. Fonte: IBGE;2) Exportação e Importação. Fonte: SECEX;3) População. Fonte: IBGE. (*) Projeção: IBGE
Equivalente Carcaça = Carne com osso x 1,3 + Carne com osso;
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 62
A produção brasileira de carne bovina apresentou redução de 2,8% em
2011frente a 2010, para 2012, segundo os dados do IBGE (entre Janeiro e
Junho) há crescimento de 5,54%, face ao ano anterior, sendo esta situação
projetada para 2013 devido a forte demanda e aos preços atrativos no mercado
internacional.
Tabela 34 - Brasil, Abates Mensais de Bovinos, Em Toneladas Equivalente Carcaça.
A projeção da produção brasileira para 2013 é um aumento de 2%,
segundo dados do USDA, sendo que em 2012 o País produziu 9,21 milhões de
toneladas e em 2013 projeta-se 9,38 milhões de toneladas (equivalente
carcaça).
Mês 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Var. (%) (12/11)
Janeiro 624.515 583.613 517.915 562.949 544.628 546.674 0,38%Fevereiro 551.834 519.437 475.895 523.072 534.299 551.275 3,18%Março 638.976 528.788 523.017 606.747 562.892 533.734 -5,18%Abril 572.394 595.607 511.682 589.416 514.992 630.254 22,38%Maio 645.536 597.395 553.881 624.017 583.095 600.563 3,00%Junho 554.437 556.406 560.928 614.389 551.584 611.180 10,80%Julho 589.371 567.900 580.748 616.656 564.959 -100,00%Agosto 607.789 552.183 570.899 576.796 600.287 -100,00%Setembro 570.839 552.786 575.832 579.356 577.691 -100,00%Outubro 562.636 551.798 610.846 549.987 572.206 -100,00%Novembro 559.298 488.040 556.335 552.202 586.081 -100,00%Dezembro 571.369 527.421 623.655 581.897 590.822 -100,00%Jan/Jun 3.587.692 3.381.246 3.143.318 3.520.590 3.291.490 3.473.680 5,54%
TOTAL 7.048.994 6.621.374 6.661.633 6.977.484 6.783.536 3.473.680 -48,79%Fonte: IBGEElaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 63
Gráfico 26 - Produção Brasileira de Carne Bovina, em Milhões de Toneladas.
O mercado brasileiro absorve, praticamente, toda a produção de carne
bovina, detendo 85%, sendo o restante, 15% destinado à exportação. O alto
percentual de destinado ao mercado interno reflete-se no consumo, que para
2013 é projetado em 7,99 milhões de toneladas (equivalente carcaça),
representando 1,4% de crescimento, em relação a 2012, quando o produzia-se
7,88 milhões de toneladas (equivalente carcaça).
Gráfico 27 - Brasil, Consumo de Carne Bovina, Em Milhões de Toneladas Equivalente Carcaça.
9,30
9,02
8,94
9,12
9,03
9,21
9,38
8,70
8,80
8,90
9,00
9,10
9,20
9,30
9,40
9,50
2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013**
(*) Estimativa USDA (**) Previsão USDA - Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica - Out/12
7,14
7,25
7,37
7,59
7,73
7,88
7,99
6,60
6,80
7,00
7,20
7,40
7,60
7,80
8,00
8,20
2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2013**
(*) E
stim
ativ
a U
SDA
Fonte: USDA - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica - Out/12
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 64
A exportação brasileira de carne bovina reflete o cenário positivo do
mercado internacional, com os preços e a forte demanda pelo produto
brasileiro, além das taxas de câmbio e problemas enfrentados pelos países
concorrentes. Nos últimos anos o País mantém-se exportando 1 bilhão de
toneladas de carne bovina, sendo que em 2012 (com dados até outubro) o
Brasil já detinha, praticamente, o mesmo volume exportado em 2011.
Em 2013, o cenário para a exportação do produto brasileiro indica
crescimento e aumento da receita – menores demandas por grãos e restrição
na oferta reforçam o cenário positivo para os preços.
Gráfico 28 - Brasil, Exportações de Carne Bovina, Em Toneladas.
Balança comercial da carne bovina e demais carnes do Brasil entre 2010 e
2012*.
802.859
1.159.015
1.369.580
1.496.586
1.605.130
1.342.772
1.185.1801.138.689
1.097.310
1.204.372
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1.800.000
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
(*) P
roje
ção
Sste
ma
FARS
UL/
Ass
esso
ria
Econ
ômic
a
Fonte: SECEX-MDIC - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica - Nov/12
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 65
Tabela 35 - Brasil, Balança Comercial Complexo Carnes, Em Dólares e Toneladas.
A partir da consolidação da posição brasileira do mercado de carne
bovina no Brasil através da sua produção e exportação, o Rio Grande do Sul
segue a mesma tendência, o mercado de carne bovina deve ser puxado no
curto e no médio prazo pelo consumidor doméstico – forte demanda pelo
produto do Rio Grande do Sul.
Gráfico 29 - Carne Bovina RS, Evolução do Preço do Boi Pago ao Produtor Rural no RS, em R$/ Kg/Vivo.
DISCRIMINAÇÃO US$ t US$ t US$ tBOVINOS VIVOS 658.663.405 324.218 444.852.317 195.045 508.637.369 206.411MIUDEZAS DE CARNE BOVINA 436.071.426 154.913 564.146.183 172.702 507.355.122 156.132CARNE BOVINA in natura 3.861.061.382 951.255 4.169.285.494 820.239 3.706.555.398 779.107CARNE BOVINA INDUSTRIALIZADA 498.224.182 124.403 615.338.344 102.728 536.585.496 89.250
CARNE BOVINA 5.454.020.395 1.554.789 5.793.622.338 1.290.714 5.259.133.385 1.230.900
GALOS E GALINHAS VIVOS 34.107.553 1.140 37.957.635 1.245 36.124.919 878CARNE DE FRANGO in natura 5.789.272.946 3.460.760 7.063.213.913 3.569.903 5.516.094.603 2.966.494CARNE DE FRANGO INDUSTRIALIZADA 465.104.250 168.842 558.090.383 179.808 403.609.943 152.016CARNE DE PERU in natura 155.252.147 78.062 172.690.188 72.661 166.564.633 76.999CARNE DE PERU INDUSTRIALIZADA 269.246.136 79.758 271.938.012 68.512 221.351.729 59.029
CARNE AVÍCOLA 6.712.983.032 3.788.562 8.103.890.131 3.892.128 6.343.745.827 3.255.415
SUÍNOS VIVOS 742.102 94 3.729.063 466 1.532.705 121CARNE SUÍNA in natura 1.226.581.317 463.700 1.286.258.758 436.128 1.133.232.122 422.420CARNE SUÍNA INDUSTRIALIZADA 31.418.738 11.667 41.012.702 12.541 23.173.848 7.489MIUDEZAS DE CARNE SUÍNA 81.622.101 64.217 105.771.588 67.165 91.779.976 55.840
CARNE SUÍNA 1.340.364.258 539.679 1.436.772.111 516.299 1.249.718.651 485.870DEMAIS CARNES 815.998.035 353.296 915.489.219 356.403 674.965.099 288.909TOTAL CARNES 14.323.365.720 6.236.325 16.249.773.799 6.055.545 13.527.562.962 5.261.095
Fonte: AGROSTAT - MAPA
Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica
(*) Até Outubro
(**) Outras carnes: equideos, gansos, ovinos e caprinos.
2010 2011 2012*
1,17
1,36 1,45
1,65 1,69 1,62
1,80
2,20
2,60 2,57 2,67
3,20 3,21
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*
Fonte: EMATER-RS - Elaboração: Sistema FARSUL/ Assessoria Econômica - Nov/12
( $ / )
Balanço 2012 do Agronegócio & Perspectivas para 2013 – Assessoria Econômica. 66
Além disso, os preços aumentaram fortemente entre 2010 e 2011 –
crescimento de 20% - estabilizando-se em 2012 – até outubro havia
crescimento de 0,3%, segundo dados da EMATER-RS.
Tabela 36 - Carne Bovina RS – Preços Boi Gordo, Em R$/ Kg/Vivo.
Fonte: EMATER-RS
(*) Até Outubro
Para 2013, projetam-se preços estáveis para altos, observando-se o
cenário positivo do mercado internacional, bem como a demanda pelo produto
do Rio Grande do Sul. Será determinante para o preço a recuperação do preço
dos substitutos – aves e suínos – além da recuperação de mercados ora
abastecidos pelo Brasil.
No mercado doméstico, principal mercado do produto brasileiro, tudo
dependerá do crescimento da economia brasileira em 2013. Até o presente
momento, diante das expectativas do mercado, é provável que tenhamos um
crescimento no consumo ajustado de carne bovina em 3,5%, o que se soma na
construção de um bom cenário para os preços da carne bovina em 2013.
ANO R$ KG/VIVO VAR. (%)2000 1,17 -2001 1,36 15,8%2002 1,45 6,6%2003 1,65 13,5%2004 1,69 2,8%2005 1,62 -4,4%2006 1,80 10,9%2007 2,20 22,5%2008 2,60 18,3%2009 2,57 -1,2%2010 2,67 3,7%2011 3,20 20,0%2012* 3,21 0,3%