RELATÓRIO FINAL DA PESQUISA GRUPO FOCAL 1. · Durante a Segunda Assembléia Mundial da ONU sobre o...
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PROGRAMA CARAGUÁ CIDADE AMIGA DO IDOSO 2013/2014
PROJETO “CARAGUATATUBA 2014: CIDADE AMIGA DO IDOSO”
RELATÓRIO FINAL DA PESQUISA GRUPO FOCAL
1. Introdução
Durante a Segunda Assembléia Mundial da ONU sobre o Envelhecimento, realizada em
2002 em Viena, foi lançado o Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, tendo como
premissa a operacionalização de ações voltadas à promoção do envelhecimento ativo e à construção
de uma sociedade para todas as idades.
Em consonância com essa proposta, o médico brasileiro Alexandre Kalache, na época
dirigente da Unidade de Envelhecimento e Curso de Vida da OMS- Organização Mundial de Saúde-
apresentou no Rio de Janeiro em 2005, por ocasião do 18° Congresso Mundial de Gerontologia, o
Projeto Mundial Cidade Amiga do Idoso, como instrumento para a viabilização da proposta de
envelhecimento ativo. Esse projeto, inicialmente desenvolvido por Alexandre Kalache e Louise
Plouffee em países desenvolvidos, demorou algum tempo para ser entendido e aceito em outras
sociedades que começavam a vivenciar questões relacionadas ao envelhecimento populacional.
Foram necessários alguns anos para que esse programa fosse discutido e incorporado às
ações voltadas à população idosa no Brasil. Em 2012, no estado de São Paulo, a proposta pioneira foi
incluída nas ações em prol à velhice, com base no tripé saúde, segurança e participação. Inicialmente
desenvolvido na cidade de São Paulo, nos anos seguintes estendeu suas ações por todo o Estado.
2. Caraguatatuba: Cidade Amiga do Idoso
Em Caraguatatuba, município do litoral norte do estado de São Paulo, o envelhecimento
populacional vem se acentuando nos últimos anos, pela intensa migração de pessoas idosas para o
município, em busca de melhor qualidade de vida. Em 2011, já contando com a existência do
Conselho Municipal do Idoso, do Fundo Municipal do Idoso, e com a criação da Secretaria Municipal
dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso (SEPEDI), o município, com uma população idosa
de aproximadamente 11.000, preenchia os requisitos iniciais para a sua inscrição no programa Cidade
Amiga do Idoso, com o objetivo de conquistar o selo de Cidade Amiga.
Após articulações com a Administração Municipal e o Conselho Municipal do Idoso, a
SEPEDI formalizou o processo de inclusão do município no Programa Cidade Amiga, junto à Secretaria
Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social.
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3. Desenvolvimento do Projeto
Como parte do Programa Caraguá Cidade Amiga do Idoso, criado pela SEPEDI, no sentido de
desenvolver e atingir todos os critérios para a aquisição dos selos, até o selo pleno, o presente
projeto é uma das ações para a obtenção do Selo Inicial. Considerando a proposta metodológica do
Projeto, que aponta o início das atividades pelo desenvolvimento de pesquisa com a utilização da
técnica de Grupos Focais, o primeiro passo foi a realização de uma capacitação nessa área para a
equipe de trabalho da SEPEDI, o que aconteceu em outubro de 2013, com a colaboração de docentes
do curso de Gerontologia da EACH/USP. A partir dessa capacitação, foram realizadas reuniões de
equipe para:
Definição da agenda de trabalho da pesquisa,
Formação da Comissão Tripartite para acompanhamento da pesquisa, composta por representantes
do Conselho Municipal do Idoso, da Sociedade Civil e da SEPEDI,
Realização, em dezembro de 2012, de pesquisa piloto para as adequações necessárias à nossa
realidade, bem como a necessária habilitação dos técnicos,
Realização do Fórum Cidade Amiga do Idoso, aberto à população como um todo e que aconteceu no
primeiro trimestre de 2014, com o objetivo de esclarecer a todo o interessado o que constitui o
Programa Cidade Amiga do Idoso. Durante esse Fórum foi eleito o Grupo de Pilotagem, composto por
técnicos e voluntários da comunidade, que na sequência se reuniram para a definição da agenda do
trabalho da pesquisa
4. A pesquisa
Considerando a localização geográfica do município que se estende por uma longa faixa litorânea, foi
feita uma opção de divisão da área urbana em três regiões, que apresentam características locais
semelhantes em termos de condições sócio-econômica e sócio-cultural, a saber, centro, norte e sul.
Foram articulados recursos em termos de espaço físico e suporte local em cada região, além da
colaboração em termos de divulgação da pesquisa para obtenção de população local para
participação nos grupos de pesquisa. A coordenação do trabalho ficou a cargo da SEPEDI e a
execução contou com a participação dos componentes da Comissão Tripartite e do Grupo de
Pilotagem, além da colaboração dos órgãos locais. O cronograma de trabalho teve a seguinte
distribuição:
15/04/14 – Associação dos Aposentados e Pensionistas de Caraguatatuba - Centro
06/05/14 – UBS Olaria/Casa Branca
13/05/14 – UBS de Massaguaçu
20/05/14 – EMEF Profa. Maria Tereza de Souza Castro – Jetuba
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22/05/14 – EMEF Profa. Maria Moraes de Oliveira – Jardim Gaivotas
27/05/14 – EMEI/EMEF Pedro João Oliveira – Tabatinga
30/05/14 – CREAS- Centro de Referência Espec. de Assist. Social –Centro
03/06/14 – UBS de Perequê-Mirim
06/06/14 – CRAS Sul – Centro de Referência de Assistência Social
17/06/14 – Núcleo de Atendimento Social do Morro do Algodão
18/06/14 – Condomínio Barlavento/Prainha
24/06/14 – SEPEDI (Técnicos e colaboradores) /Indaiá
5. População pesquisada
Participaram dos 12 grupos focais 131 pessoas, aproximadamente 1,2% da população de 60
anos e mais de Caraguatatuba, percentual que pode ser considerado significativo para a visualização
de um cenário capaz de reproduzir as percepções dos idosos do município em relação aos assuntos
abordados na pesquisa.
A partir dos indicadores, constante da Ficha Convite para Participação buscou-se a
caracterização da população pesquisada, tais como GÊNERO E FAIXA ETÁRIA; TEMPO DE MORADIA NO
MUNICÍPIO; PROFISSÃO/OCUPAÇÃO DECLARADA; LOCAL DE MORADIA/ BAIRRO.
I- GÊNERO E FAIXA ETÁRIA
PROGRAMA CARAGUÁ CIDADE AMIGA DO IDOSO GRUPO DE PESQUISA – UNIVERSO DE IDOSOS
GÊNERO POR FAIXA ETÁRIA Faixa Etária Masc. Fem Total
60- 64 anos 12 23 35 65- 69 anos 12 27 39 70- 74 anos 5 10 15 75- 79 anos 8 8 16 80 + 5 3 8 Total 42 71 113
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• Gênero por faixa etária, prevalece a presença das mulheres, 62,8 % ( Sessenta e Dois, Oito
por cento) . E de Homens, respondem por 37,2% (Trinta e Sete, Dois), do total de 113 pesquisados.
II- TEMPO DE MORADIA NO MUNICÍPIO
PROGRAMA CARAGUA CIDADE AMIGA DO IDOSO
Tempo de Moradia no Município 1 a 4 anos 13
5 a 10 anos 19 11 a 20 anos 30 21 a 30 anos 27 31 a 40 anos 11 41 a 50 anos 5 50 anos ou + 7
NÃO DECLARADO 1
Total 113
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• Tempo de Moradia, destacamos a faixa de 11 a 20 anos com menção ao tempo de
residência no município, correspondendo a 27 % (Vinte e Sete por cento) do total geral pesquisado.
Em segundo lugar, 24 % (Vinte e Quatro por cento), na faixa de 21 a 30 anos. Em terceiro lugar com
17% (Dezessete por cento), no período de 5 a 10 anos de residência no Município.
III- PROFISSÃO/OCUPAÇÃO DECLARADA
PROGRAMA CARAGUÁ CIDADE AMIGA DO IDOSO
Grupo de Pesquisa - UNIVERSO DE IDOSOS PESQUISADOS
PROFISSÃO/OCUPAÇÃO PARTICIPANTES
ADM PRIVADA 1
ÁREA ADMINISTRATIVA 1
APOSENTADO 73
COMERCIO 4
DO LAR 12
MEIO AMBIENTE 3
PENSIONISTA 1
PROFISSIONAL LIBERAL 2
SERV. DE LIMPEZA 5
SERV.BANCÁRIOS 1
SERVIÇOS PÚBLICOS 7
TRANSPORTE 1
TOTAL 113
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• Profissão/Ocupação
Do universo de 113(Cento e Treze) idosos pesquisados, obtivemos em primeiro lugar a situação de
Aposentado(s), perfazendo 66 % (Sessenta e Seis por cento), seguidos de Do Lar, idosos que
alegaram ocupação dentro do domicílio, na casa dos, 11% (Onze por cento). Os demais dados estão
dispersos entre o setor terciário da economia; dentro das atividades econômicas de prestação de
serviço, comércio, serviços bancários, administrativos, transporte, serviço de limpeza, meio
ambiente, na área pública e privada, entre as informadas.
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IV- LOCAL DE MORADIA – BAIRROS
PROGRAMA CARAGUA CIDADE AMIGA DO IDOSO Grupo - UNIVERSO TOTAL DE IDOSOS PESQUISADOS
BAIRRO PARTICIPANTES ALTO DO JETUBA 1 BARRANCO ALTO 3
CASA BRANCA 3 CENTRO 1
CIDADE JARDIM 4 INDAIÁ 5
JARAGUAZINHO 1 JARD DAS PLAMEIRAS 8
JARD GAIVOTA 3 JARDIM JAQUEIRA 3
JETUBA 7 MARTIM DE SÁ 6 MASSAGUAÇU 7 MASSAGUAÇU 1
MORADA DO MAR 1 MORRO DO ALGODÃO 4
NÃO DECLARADO 2 OLARIA 6
PEGORELLI 1 PEREQUE MIRIM 15 POÇO DA ANTAS 1
POIARES 1 PONTE SECA 2
PORTO NOVO 1 PRAIA DAS PALMEIRAS 1
PRAINHA 6 SUMARÉ 2
TABATINGA 9 TARUMÃ 1
TINGA 3 TRAVESSÃO 4
TOTAL 113
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• Local de Moradia (Bairro), dentro o Universo pesquisado, 113 Idosos, dos 40 (Quarenta)
Bairros de Caraguatatuba, 30 (Trinta) deles estão representados através de seus moradores.
6. Resultados das reuniões
Conforme orientação metodológica, as reuniões foram conduzidas de forma a propiciar aos
participantes as reflexões e discussões adequadas e necessárias à avaliação da situação do município
no que diz respeito aos aspectos selecionados pelo Projeto de Pesquisa e que indicam a qualidade de
vida dos idosos. São oito aspectos da vida em comunidade que compõem o checklist, elaborado a
partir das experiências realizadas em outros países e posteriormente adequadas à nossa realidade.
Independentemente da análise das observações feitas pelos participantes ao longo das pesquisas,
assunto a ser apresentado na sequência, ficou bastante evidente que os aspectos considerados mais
comprometedores da qualidade de vida dos idosos em Caraguatatuba são Saúde e Transporte
Público, itens que se destacaram em relação aos demais aspectos discutidos, pela interferência
negativa que exercem no cotidiano da totalidade da população idosa.
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Espaços abertos e Prédios amigáveis aos idosos
Neste item enquadram-se os seguintes aspectos: ambiente, espaços verdes e calçadas, bancos
públicos, calçamento, ruas, tráfego, ciclovias, segurança, serviços, prédios e banheiros públicos.
Foi apontada a falta de praças e áreas verdes, de árvores que ofereçam sombra, dotadas de bancos
de cimento com encosto para o descanso dos idosos, nas praças ou à beira-mar;
Serviço de limpeza pública mais eficiente para a coleta do lixo nas praias e calçadas, principalmente
no período de temporada; foi citada a situação da Prainha, onde não existem banheiros públicos e,
em decorrência, os turistas de um dia usam o chafariz ou o mar para fazer suas necessidades,
inclusive banho, deixando a praia com desagradável mau-cheiro;
Necessidade de uma campanha educativa voltada à questão da limpeza nas ruas. Além da limpeza,
foi lembrada a necessidade de maior atenção às calçadas, com eliminação dos buracos, plantas,
grama, tocos de árvore e outros obstáculos que dificultam a passagem de pedestres, idosos ou não,
cadeirantes, carrinhos de bebê, etc. Foi reconhecido que a responsabilidade das calçadas é dos
proprietários das moradias, mas a Prefeitura deveria fazer uma fiscalização maior;
Foi lembrada também a ocupação da Prainha pelos proprietários das “bananas”, que impedem a
utilização de parte da praia, dificultando o acesso de crianças e idosos;
As travessias de pedestres são sinalizadas e razoavelmente respeitadas, registrando-se, no entanto,
desrespeito por veículos de outros municípios, principalmente na época de temporada e também por
bicicletas e motocicletas durante todo o ano.
Ainda em relação a bicicletas, embora já existam ciclovias na cidade, elas ainda fazem falta em
alguns bairros como, por exemplo, no Perequê-Mirim, onde o tráfego de bicicletas é muito intenso;
Na Tabatinga os tratores que transportam os barcos para as marinas congestionam o trânsito e
impedem inclusive que os ônibus consigam completar os seus itinerários;
A iluminação pública foi considerada muito boa na orla e na região central, mas precária ou
inexistente em muitos bairros, tornando inseguro o caminhar à noite, na volta do trabalho ou escola,
pois o policiamento é insuficiente. Embora os idosos não cultivem o hábito de sair à noite,
preocupam-se com filhos e netos; na Tabatinga, a falta de iluminação e de policiamento traz muita
insegurança para saídas a noite, para passeios ou emergências;
O atendimento preferencial a idosos é existente e respeitado, pois é uma determinação legal no
Brasil; mas essa preferência torna-se demorada, principalmente nos Bancos, pela morosidade no
atendimento, em decorrência da disponibilidade reduzida de pessoal para esse a atendimento
prioritário;
Em relação aos prédios públicos, de um modo geral existe acessibilidade, muitos contam com
rampas ou elevadores, mas quase todos os serviços são oferecidos em nível térreo;
Um problema , no entanto, foi apontado em todos os locais de pesquisa: a inexistência de banheiros
públicos, na região central da cidade e nas praias, trazendo alguns problemas como: uso indevido de
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espaços públicos como banheiro, causando um intenso mau cheiro em alguns lugares como praças e
praia, sujeira pelas calçadas, cobrança de taxa para uso de banheiro em estabelecimentos comerciais;
outra consequência é o uso indevido de banheiros em locais que não funcionam em finais de semana,
como acontece em algumas escolas quando nas segundas-feiras toda a comunidade escolar precisa
ajudar na limpeza para que as aulas possam acontecer.
Transporte
Bastante abrangente, a questão dos transportes em Caraguatatuba foi um dos aspectos mais criticados
em todos os grupos de pesquisa, sendo apontados:
A falta de respeito aos horários;
O despreparo dos motoristas em relação ao transporte de idosos, principalmente daqueles muito
jovens que dirigem em alta velocidade;
A redução dos horários dos ônibus principalmente nos finais de semana, o que dificulta a
participação da população em geral, e particularmente dos idosos, nas atividades de lazer que
acontecem na região central no período noturno, pois são poucos os idosos que dirigem e têm carro,
dependendo, portanto do transporte público;
Também apontada à inadequação dos itinerários que nem sempre atendem às necessidades dos
idosos, deixando-os distantes dos locais de seu interesse ou necessidade, como por exemplo, serviços
de saúde, lazer ou comércio;
Os motoristas, que na grande maioria, não param os veículos de forma adequada junto ao meio-fio,
tornando difícil o acesso de idosos aos ônibus; também não esperam a acomodação dos idosos em
seus lugares para dar a partida e muitas vezes não param os ônibus quando o idoso está sozinho no
ponto de parada;
Nem todos os motoristas são atenciosos como os idosos gostariam, embora existam segundo alguns
depoimentos, alguns que até defendem os assentos reservados aos idosos;
Alguns idosos lembraram que os motoristas muitas vezes ficam estressados pela inexistência de
cobradores, o que causa acúmulo de responsabilidades aos mesmos;
Mencionada também a diferença do critério etário da gratuidade do transporte urbano entre
Caraguatatuba e outros municípios como São Paulo que é de apenas 60 anos. Na oportunidade foi
esclarecido aos idosos que a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso determinam essa
gratuidade aos 65 anos, ficando a redução dessa idade a cargo da Administração de cada município;
Em alguns bairros foi apontada a necessidade de revisão de itinerários para que atendam melhor à
população em geral, privilegiando os locais de destino dos idosos, como os serviços de saúde, lazer,
mercados, etc;
Cabe a menção de que em um bairro, o Poço das Antas, só existe linha de ônibus às sextas-feiras e
de hora em hora;
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Foi mencionado também que, em muitas linhas, não existem abrigos nas paradas de ônibus com
cobertura e bancos, o que torna muito desumana a espera dos coletivos por muito tempo;
Foi mencionada a inexistência de transporte em período noturno, o que dificulta a situação em
situações de emergência, quando passa a existir somente o atendimento pelo SAMU;
A condição das ruas não foi muito levantada, a não ser pelos aspectos já mencionados dos obstáculos
e sujeira nas calçadas, mas foi citada a questão dos alagamentos e da falta de guias e calçadas em
muitos bairros periféricos;
A questão dos estacionamentos de veículos não foi muito mencionada, a não ser pela zona azul
recentemente implantada em Caraguatatuba, o que talvez possa ser explicado pelo fato de poucos
idosos terem carro próprio e muitos não dirijam mais.
Moradias Amigáveis
A questão das moradias não despertou muita discussão, tendo sido destacados apenas os
seguintes aspectos:
Em alguns bairros a questão da posse dos terrenos ainda não foi legalizada, o que determina a
ausência de alguns serviços públicos como água, esgoto e energia elétrica, ocasionando a existência
de ligações clandestinas, com os riscos decorrentes;
Existem alguns programas habitacionais ainda em construção voltados à população de menor poder
aquisitivo, porém as vagas disponibilizadas para idosos foram consideradas insuficientes, apenas 3%
e as dimensões dos cômodos muito reduzidos;
Não existem serviços habitacionais disponibilizados para idosos que têm limitações para as atividades
de vida diária;
Não existem programas especiais de financiamento para as necessárias adaptações que permitam
tornar as casas adequadas às limitações e necessidades dos idosos, de forma a prevenir quedas e
garantir casas seguras;
Já existe no município a necessidade de programas sociais que ofereçam habitação aos idosos
comprometidos e sem família, pois está aumentando o número de idosos de rua.
Participação Social
Este ítem abrange questões relacionadas a atividades e eventos variados e acessíveis, de custo
também acessível, em locais adequados, com divulgação adequada, de forma a promover o combate
ao isolamento e promover a integração comunitária. Foram feitas as seguintes indicações:
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Existem espaços de atividades de lazer, esporte e cultura, voltadas á população idosa, como o CREMI,
CCTI, Associação de Aposentados, mas deviam existir mais espaços em todos os bairros e nas praças;
Em uma das reuniões foi apontada a inexistência de um clube social desvinculado de órgãos
públicos, e portanto mais independente em relação a suas escolhas, como acontece em alguns
municípios, onde os grupos de idosos viajam muito; deveria haver mais recursos públicos para o
turismo de idosos, conforme prometido pelo governo estadual há alguns anos atrás;
Foi mencionada como exemplo positivo a qualidade do trabalho da Praia Acessível e das praias e
praças que dispõem de equipamentos para atividades físicas, mas foi reclamada a falta de
orientadores para as atividades;
Houve uma demanda de descentralização dessas atividades de lazer, facilitando o acesso de idosos
em atividades nos seus bairros; são atividades adequadas e não tem custo;
Estão faltando também uma divulgação mais efetiva dos eventos, principalmente os culturais que
acontecem em equipamentos localizados na região central do município; há necessidade também de
transporte adequado aos horários dessas programações; foram apontadas como um bom exemplo,
as atividades culturais e de lazer que acontecem nos espaços centrais do município;
Grupos de apoio social, como Sociedades Amigos de Bairro, Pastorais, Grupos religiosos ou
profissionais deveriam ser envolvidos nessa divulgação das atividades, pois conhecendo os
participantes, poderiam fazer um contato pessoal com esses associados, inclusive identificando as
razões de afastamento de pessoas sistematicamente ausentes; é preciso um trabalho nesse sentido.
Respeito e Inclusão Social
Neste item foram abordados aspectos relacionados a serviços respeitosos e inclusivos, imagens
públicas favoráveis de envelhecimento, relações familiares e intergeracionais, conscientização social,
inclusão comunitária e econômica. Não houve muito questionamento, mas alguns aspectos foram
apontados:
Existem algumas experiências de relacionamento intergeracional, além dos relacionamentos
familiares, em programas públicos; poucas pessoas participantes da pesquisa eram sozinhas, mas não
se sentiam socialmente isoladas;
As relações entre gerações diferentes, de um modo geral, são respeitosas e de cooperação; alguns
idosos relataram discriminação e acreditam que deveria haver nas escolas um trabalho de
informação e reflexão sobre envelhecimento e relações entre idosos e jovens, bem como projetos
escolares envolvendo idosos, alunos e professores;
Muitos idosos relataram que os familiares moram em outras cidades e sentem falta desse contato no
seu cotidiano, mas mantêm comunicação com os mesmos por telefone e internet;
Não houve menção significativa de desrespeito dos mais jovens, a não ser no caso da preferência em
assentos nos transportes coletivos que ainda não é muito respeitada;
Houve alguns relatos de experiências de participação de idosos em atividades comunitárias, de
reivindicação de melhorias;
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Foi mencionada a importância de movimentos religiosos em geral na inclusão social de idosos
Da mesma forma foi criticada a ausência das Sociedades Amigas de Bairros em relação ás
necessidades da população idosa;
Participação cívica e emprego
Este item de um modo geral não despertou muita discussão, talvez porque as questões
relacionadas a trabalho tanto remuneradas como voluntário estejam distantes das possibilidades dos
idosos de Caraguá, como também parecem estar distantes as possibilidades do exercício do
protagonismo da população idosa. No entanto, em algumas reuniões, algumas colocações foram
realizadas:
Existe dificuldade para o reingresso no mercado de trabalho, muitos idosos estão cansados e não
querem mais trabalhar; outros mencionam a existência de barreiras para esse retorno, como no caso
de motoristas que se aposentam ou de idosos que se interessam por obter junto à Prefeitura espaços
de vendas em locais públicos;
Faltam propostas de capacitação para aposentados interessados em possibilidades de
empreendedorismo, ou outras atividades de iniciativa própria;
Em relação a trabalho voluntário, houve algumas manifestações de valorização quando ligadas a
movimentos religiosos;
A participação em movimentos ou conselhos comunitários foi lembrada, embora existam algumas
dúvidas quanto à vinculação política partidária;
Foram lembradas algumas possibilidades de trabalho voluntário em projetos patrocinados, por
exemplo, pela Petrobrás em Caraguatatuba, que não são prestigiados pela população, talvez por falta
de capacitação tanto para a elaboração de propostas como para a execução de algumas tarefas;
Foi lembrada também a necessidade de reestruturação e valorização das Sociedades Amigas de
Bairro e Associações de Aposentados, pela importância que as mesmas poderiam ter para as
comunidades;
Foi sugerido o desenvolvimento de programas de capacitação para lideranças idosas, que possuem
tempo livre e experiência para uma participação mais ativa na comunidade.
Comunicação e Informação
Apesar da importância da comunicação para todas as faixas etárias na vida em comunidade, o assunto
não suscitou muita reflexão. Apenas alguns aspectos foram apontados:
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A oferta de informações para a população idosa chega através das estações locais de rádio e pela
televisão, principalmente pelos noticiários;
Existem alguns jornais locais voltados à população idosa, mas não chegam a todos os bairros, ficando
mais disponíveis nos estabelecimentos comerciais do centro. Seria importante que houvesse um
subsídio para ampliação da tiragem e os jornais chegassem também aos bairros;
As informações importantes para a população idosa são veiculadas pelos órgãos que atendem os
idosos, principalmente SEPEDI e SECAS;
Alguns idosos mencionaram a utilização da Internet para obtenção de informações e mencionaram a
necessidade de maior número de espaços públicos disponíveis para a utilização da comunicação
eletrônica;
Em relação à divulgação de programas culturais e de lazer foi sugerido que houvesse painéis
informativos em locais frequentados por idosos e seus familiares, tais como UBSs, UPA,
supermercados, farmácias e outros pontos onde os idosos ficam por um tempo maior.
Serviços comunitários e de saúde
Neste item foram abordados aspectos relacionados à oferta e acessibilidade aos serviços, além do
apoio de voluntários e assistência em emergência. Em todos os grupos de pesquisa, essas questões
relacionadas à saúde foram intensamente debatidas, demonstrando o quanto essa questão interfere
na qualidade de vida da população idosa. Principais constatações e sugestões:
Necessidade de maior número de UBSs, pois as atuais não são suficientes, face ao aumento da
população idosa, e a região do centro ficou sem uma unidade de atendimento;
Muitos bairros apontaram a ausência de médicos na UBS, causando uma demora muito grande no
agendamento das consultas;
Demora muito grande também no atendimento pela UPA, depois do encerramento das atividades da
Santa Casa para toda a população;
A mesma demora existe para os atendimentos especializados no CEM, que tem uma demanda muito
grande por ser um atendimento regional;
As UBSs não distribuem mais medicamentos, é preciso recorrer ao CEM e muitos medicamentos
estão faltando;
Não estão mais sendo realizadas as visitas domiciliares pelos agentes comunitários de saúde, que
ajudavam muito na atenção aos idosos;
Consultas com geriatra são muito demoradas, pois atualmente só há uma geriatra para toda a
população idosa de Caraguatatuba;
As equipes de enfermagem são muito atenciosas, mas as pessoas que atendem na recepção, em
algumas UBSs, tratam mal os idosos e deveriam ser treinadas para que isso não acontecesse;
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Os resultados dos serviços auxiliares de diagnóstico também são demorados e às vezes não estão
prontos em tempo para as consultas agendadas e tornam-se necessárias novas guias de consulta,
retardando o tratamento;
Foi sugerida pelo grupo da Tabatinga que seja construído uma unidade de Pronto Socorro em
Massaguaçu, pois em época de temporada, e principalmente em finais de semana, leva-se quase
duas horas para chegar a Caraguatatuba, sendo muitas vezes necessária a procura do pronto Socorro
de Ubatuba em situações de emergência;
Cada vez mais se torna necessária a construção do Hospital Regional, pois o agendamento e a
locomoção para Taubaté são procedimentos demorados.
7. Apresentação da pesquisa
A pesquisa foi explanada em audiência pública, realizada na Câmara Municipal de Caraguatatuba,
em 11 de agosto de dois mil e quatorze, com a participação de 71 pessoas, munícipes, além de
autoridades, destacando neste documento a presença do prefeito Antônio Carlos da Silva, da
presidente do Conselho de Defesa dos Direitos do Idoso, da secretária dos Direitos da Pessoa com
Deficiência e do Idoso e de outras Pastas e o presidente da Câmara (ATA da audiência anexada).
O presente documento será colocado a disposição da população na sede da SEPEDI, no site da
prefeitura e enviado ao Poder Legislativo Municipal e á Secretaria Estadual de Assistência e
Desenvolvimento Social (SEADS).
Caraguatatuba, 12 de Agosto de 2014.