RELATÓRIO GLOBAL- BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA … · aumentar o conhecimento prático existente...

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RELATÓRIO GLOBAL- BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA Projecto-piloto para avaliação da adequabilidade e impacto da implementação de medidas de incremento da biodiversidade em explorações agrícolas do continenteAno 2011

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RELATÓRIO GLOBAL- BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

“Projecto-piloto para avaliação da adequabilidade e impacto da implementação de medidas de incremento da biodiversidade em explorações agrícolas do continente”

Ano 2011

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

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Equipa Técnica

CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal

Coordenação: Cláudia Gonçalves Técnicos: Ana Barroso Caetano, Luís Caeiro, Luís Banha, Maria da Piedade Menezes, Maria João Marcelino, Sílvia Brandão, Miguel Guisado, Nuno Saavedra, Olinda Vieira e Célia Andrade Técnicas Administrativas: Alexandra Fernandes, Anabela Marques, Maria da Conceição Coelho, Maria de Fátima Horta, Lúcia Tavares, Patrícia Montez, Rosa Soares, Sandra Pereira e Ana Paula Gonçalves

DGADR – Direcção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural

Coordenação: Alexandra Lopes Técnica: Sandra Candeias

LPN – Liga para a Protecção da Natureza

Coordenação: Rita Alcazar e Artur Lagartinho Técnico: Edgar Gomes Técnica Administrativa: Maria Lopes Serviço externo para estudo de morcegos: João Tiago Marques e Marco Bragança

SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Coordenação: Domingos Leitão Técnico: Hugo Sampaio Técnica Administrativa: Susana Alves

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Agradecimentos Os nossos melhores agradecimentos são devidos aos agricultores proprietários das explorações

agrícolas que integraram este projecto, pela sua inestimável disponibilidade e colaboração,

permitindo-nos constatar na prática a estreita ligação entre biodiversidade e agricultura e

aumentar o conhecimento prático existente para a realidade portuguesa, o que será de extrema

relevância para o actual debate sobre os novos instrumentos de política agrícola.

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Conteúdo 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 5

2. GRUPOS FAUNÍSTICOS ANALISADOS ............................................................................................................... 6

2.1. Anfíbios .................................................................................................................................................... 6

2.2. Répteis ...................................................................................................................................................... 7

2.3. Borboletas diurnas ................................................................................................................................... 8

2.4. Morcegos (Quirópteros) ........................................................................................................................... 8

2.5. Aves ........................................................................................................................................................ 11

3. METODOLOGIA .............................................................................................................................................. 12

3.1. Critérios de selecção das explorações agrícolas e sua caracterização ................................................... 14

3.2. Amostragem de fauna ............................................................................................................................ 15

3.2.1. Anfíbios ............................................................................................................................................ 15

3.2.2. Répteis ............................................................................................................................................. 18

3.2.3. Borboletas diurnas........................................................................................................................... 20

3.2.4. Morcegos ......................................................................................................................................... 22

3.2.5. Aves ................................................................................................................................................. 26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 28

4.1. Riqueza específica global ....................................................................................................................... 28

4.2. Anfíbios .................................................................................................................................................. 29

4.3. Répteis .................................................................................................................................................... 32

4.4. Borboletas diurnas ................................................................................................................................. 34

4.5. Morcegos ................................................................................................................................................ 37

4.6. Aves ........................................................................................................................................................ 41

5. Propostas de medidas para incremento da biodiversidade .......................................................................... 43

6. Medidas implementadas ............................................................................................................................... 47

7. Considerações................................................................................................................................................ 49

8. Bibliografia ..................................................................................................................................................... 50

9. Anexos ........................................................................................................................................................... 52

Anexo 1 – Espécies de anfíbios presentes em cada exploração agrícola. ......................................................... 52

Anexo 2 – Espécies de répteis presentes em cada exploração agrícola. .......................................................... 53

Anexo 3 – Espécies de borboletas diurnas presentes em cada exploração agrícola. ....................................... 54

Anexo 4 – Espécies de morcegos presentes em cada exploração agrícola. ...................................................... 54

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1. INTRODUÇÃO

Em toda a área do Mediterrâneo a agricultura desempenha um papel chave na manutenção e

promoção da biodiversidade. Portugal apresenta índices de biodiversidade elevados em todo o seu

território, que estão frequentemente associados à actividade agrícola. Mesmo em situações de

agricultura mais intensiva é possível implementar melhorias nas práticas agrícolas que contribuem

para minimizar os impactes que essa actividade tem na biodiversidade e contribuir para a sua

promoção. Com este estudo pretende-se realçar esta estreita ligação, aumentando o conhecimento

prático que existe para a realidade portuguesa e estudando quais as melhores formas de aplicar no

terreno as técnicas que favorecem a biodiversidade.

Dada a enorme diversidade de explorações agrícolas distribuídas por todo o território do

Continente, tanto no que respeita ao meio físico em que se inserem, como ao tipo de actividades

nelas praticadas, a adopção por parte dos agricultores de medidas preservadoras e promotoras da

biodiversidade tem de ter ajustamentos aplicados à realidade de cada sector e às especificidades

de cada território.

De facto, para que no futuro seja possível aos agricultores, enquanto prestadores de serviços

ambientais, atingirem metas mais ambiciosas e exigentes do ponto de vista da biodiversidade, é

necessário garantir uma maior implementação prática das medidas que lhes são propostas, de

modo a que os compromissos a assumir pelos agricultores sejam o mais ajustados possível à

realidade concreta das suas explorações.

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2. GRUPOS FAUNÍSTICOS ANALISADOS

Nesta primeira fase do projecto optou-se por considerar como indicadores da biodiversidade em

explorações agrícolas os grupos faunísticos dos anfíbios, répteis, aves, lepidópteros (borboletas) e

morcegos. Esta escolha teve por base uma maior facilidade de inventariação destes grupos, tendo

em consideração a grande heterogeneidade e área de amostragem (16 explorações localizadas

geograficamente em locais bastante distantes entre si) e o tempo disponível para os levantamentos

de biodiversidade. Teve-se também em consideração o conhecimento já existente entre a relação

destes grupos e as actividades agrícolas.

2.1. Anfíbios

Em Portugal Continental encontram-se 17 espécies de anfíbios, distribuindo-se pelas famílias

Salamandridae, Discoglossidae, Pelobatidae, Pelodytidae, Bufonidae, Hylidae e Ranidae (Queiroz et

al. 2005).

Os anfíbios desempenham uma função muito importante para o equilíbrio ecológico. Eles fazem

parte de uma cadeia alimentar, na qual se alimentam de alguns seres vivos e servem de presa a

outros. A sua dieta é maioritariamente composta de insectos, muitos dos quais possíveis pragas

responsáveis pela destruição de grandes áreas cultivadas. Por sua vez, servem de alimento a um

grande número de animais, como peixes, cobras e algumas aves.

A sua presença no ambiente é, por isso, muito importante para a manutenção do equilíbrio entre

todas as espécies. Se por alguma razão a população de anfíbios diminui numa determinada região,

é provável que num futuro próximo se venha a verificar um aumento significativo do número de

insectos, o que poderá representar um aumento do custo associado ao uso de insecticidas. Além

disso, se a praga não for controlada pode tornar-se uma grave ameaça à cultura, podendo mesmo

culminar na sua destruição e provocar prejuízos avultados.

Outro benefício que os anfíbios proporcionam ao Homem deriva da utilização de substâncias

isoladas presentes na sua pele, que possuem propriedades anti-bactericidas e fungicidas, e que

poderão ser utilizadas pela indústria farmacêutica.

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Este grupo é normalmente usado como bio-indicador da qualidade do habitat devido à sua

sensibilidade à poluição, sobretudo a aquática. Uma comunidade de anfíbios diversa com uma

abundância significativa de cada espécie será indicadora de um ecossistema mais saudável.

Actualmente, as potenciais ameaças a este grupo faunístico são a poluição, a agricultura intensiva,

algumas pragas introduzidas como o lagostim, várias espécies de peixes e as alterações climáticas.

Em Portugal, não representam qualquer ameaça para o Homem por não existirem espécies

venenosas. No entanto, há algumas espécies que segregam substâncias quando se encontram em

perigo, as quais podem ser irritantes quando em contacto com as mucosas.

2.2. Répteis

Em Portugal Continental encontram-se 28 espécies de répteis, distribuindo-se pelas famílias

Emydidae, Gekkonidae, Chamaeleonidae, Anguidae, Amphisbaenidae, Lacertidae, Scincidae,

Colubridae e Viperidae (Queiroz et al. 2005).

Os répteis caracterizam-se geralmente por possuírem escamas epidérmicas ou placas dérmicas. São

animais ectotérmicos, o que significa que precisam de uma fonte externa para regularem a sua

temperatura corporal – termorregulação. São relativamente comuns e estão presentes numa

grande variedade de habitats: florestas, prados, zonas húmidas, lagos, rios, campos agrícolas, zonas

montanhosas entre outros. Têm um papel bastante importante no equilíbrio do ecossistema

porque tanto ocupam o lugar de predadores como de presas na cadeia trófica.

Os répteis, principalmente as cobras, trazem muitos benefícios aos agricultores, uma vez que se

alimentam de potenciais pragas para as culturas, como insectos e roedores e fazem o seu controlo

biológico natural, evitando gastos em produtos químicos, poluentes e muitas vezes nocivos para

outras espécies.

A principal ameaça para este grupo passa pela fragmentação e destruição do seu habitat, através

de incêndios ou intensificação da agricultura. Outras causas do desaparecimento destas espécies

devem-se à mortalidade por atropelamento ou por perseguição directa do Homem.

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2.3. Borboletas diurnas

As borboletas pertencem à classe dos insectos (classe Insecta) e constituem a ordem dos

lepidópteros (ordem Lepidoptera). Dentro dessa ordem existem borboletas diurnas (Rhopalocera) e

borboletas nocturnas ou traças (Heterocera). Este último grupo é muito mais abundante e ainda

pouco estudado.

Em Portugal existem 135 espécies de borboletas diurnas distribuídas por cinco famílias:

Hesperiidae, Papilioidae, Pieridae, Lycaenidae e Nymphalidae (Maravalhas et al. 2003).

As borboletas estão estreitamente relacionadas com as plantas. Durante a sua fase larvar, são

espécies fitófagas, o que significa que se alimentam de uma pequena variedade de plantas ou de

uma única espécie vegetal. Esta ligação relativamente à sua planta hospedeira faz com que a área

de distribuição das borboletas seja em parte condicionada pela própria distribuição das plantas.

A sua principal importância ecológica é muito elevada porque tal como as abelhas, as borboletas

são polinizadoras, sendo por isso fundamentais para a dispersão e reprodução das plantas, cujo

pólen pode ser levado a grandes distâncias nas espécies migradoras. Por outro lado, as nutritivas

lagartas e os imagos mais volumosos constituem um excelente alimento para a fauna predadora,

contribuindo assim para o equilíbrio das cadeias tróficas. Os morcegos e muitas aves insectívoras

teriam dificuldade em sobreviver se não fossem as borboletas, devido à sua elevada biomassa e

valor nutritivo. Mesmo aves tipicamente granívoras dependem desta fonte de alimento na altura

da reprodução.

A composição e abundância específica das borboletas de uma determinada área são um excelente

indicador do habitat e do seu estado de conservação.

2.4. Morcegos (Quirópteros)

Em Portugal Continental encontram-se 25 espécies de morcegos, distribuindo-se pelas famílias

Vespertilionidae, Rhinolophidae, Miniopteridae e Molossidae, constituindo cerca de 40% da fauna

de mamíferos terrestres existente no país (Queiroz et al. 2005). Foi recentemente confirmada a

presença em Portugal da espécie Eptesicus isabellinus, da espécie Myotis escalerai (espécie

recentemente separada da espécie Myotis nattereri) e de Plecotus begognae (espécie

recentemente separada da espécie Plecotus auritus) (EUROBATS 2010).

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A especificidade da biologia e ecologia dos morcegos, nomeadamente uma maturação sexual

tardia, só terem uma cria por ano e o modo de vida colonial, tornam-nos vulneráveis a várias

ameaças. A destruição e perturbação de abrigos e a alteração ou destruição de biótopos de

alimentação constituem os principais factores de ameaça (Palmeirim & Rodrigues 1992). Em

Portugal Continental, existem 9 espécies com estatuto de conservação preocupante: criticamente

em perigo, em perigo ou vulnerável (Cabral et al. 2005). Os morcegos estão protegidos pela

Convenção de Berna, Convenção de Bona, Directiva Habitats e Acordo para a Conservação dos

Morcegos na Europa (EUROBATS). Os seus abrigos e áreas de alimentação estão ainda protegidos

pela Directiva Comunitária Habitats (92/43/CEE).

Todas as 25 espécies de morcegos de Portugal são insectívoras, cuja dieta é composta

principalmente por artrópodes, tais como traças, mosquitos, escaravelhos ou aranhas (Lee &

McCraken 2002). Esta grande diversidade de artrópodes-presa, com dimensões entre 1 e 50 mm, é

capturada em diferentes proporções por cada espécie de morcego e com recurso a distintas

estratégias de caça. Os artrópodes podem ser capturados em voo, sobre a superfície das folhas das

plantas ou no solo. Certas espécies de morcegos caçam de emboscada, permanecendo num poiso e

procurando artrópodes-presa na área envolvente, utilizando a ecolocalização ou ouvindo os sons

que estas fazem ao deslocar-se no substrato.

Os morcegos são um grupo biológico com elevadas necessidades energéticas, porque o voo é uma

actividade física com um grande consumo de energia (Kurta et al. 1989). No caso dos morcegos

insectívoros a satisfação das necessidades energéticas implica o consumo de grandes quantidades

de insectos em cada período de actividade. Em cativeiro, um morcego pode consumir em cada

noite de actividade até cerca de 25% do seu peso em insectos (e.g. Coutts et al. 1973). Este valor é

provavelmente mais elevado para indivíduos em liberdade (Boyles et al. 2011) e pode ser muito

elevado no caso de fêmeas durante a amamentação. Durante esta fase do ciclo anual, em que as

necessidades energéticas atingem o seu máximo, uma fêmea pode consumir em cada noite uma

quantidade de artrópodes equivalente a 70-100% do seu peso (Kunz et al. 1995). Para obter tão

grande quantidade de presas os morcegos localizam e alimentam-se principalmente em áreas de

grande concentração de presas (e.g. Kalcounis-Rueppell et al. 2007).

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O conhecimento actual deste grupo de mamíferos indicia a potencial importância dos morcegos

para o controle de populações de insectos, incluindo as que são prejudiciais para o homem, tais

como pragas agrícolas (Boyles et al. 2011) ou vectores de doenças. No entanto, os exemplos de

consumo de grandes quantidades de pragas agrícolas por morcegos só recentemente foram

descritos. Estudos detalhados sobre o morcego-rabudo-do-Brasil (Tadarida brasiliensis) permitem

evidenciar o papel importante dos morcegos no consumo de pragas agrícolas e estimar valores

monetários para esse serviço de ecossistema.

Esta espécie de morcego vive em grandes colónias no sul dos EUA e alimenta-se de artrópodes que

são pragas do algodão, particularmente as borboletas nocturnas da lagarta do algodão (Helicoverpa

zea). Devido ao grande número de borboletas nocturnas da lagarta-do-algodão consumidas no

período de crescimento das plantas de algodão, os morcegos desta espécie reduzem o dano da

lagarta na cultura do algodão, eliminam pelo menos uma das aplicações de pesticida nas culturas e

possivelmente atrasam a primeira aplicação de pesticida (Cleveland et al. 2006). De acordo com

estimativas recentes, o serviço de ecossistema prestado por esta espécie de morcego tem um valor

de 64€/ha para campos de algodão em que foram utilizados pesticidas e de 564€/ha para campos

de algodão sem utilização de pesticidas (Federico et al. 2008).

Recolhendo as estimativas destes e de outros dados de trabalhos de investigação publicados nos

EUA, Boyles et al. (2011) calcularam o valor monetário da redução de pragas agrícolas que os

morcegos providenciam. As estimativas obtidas indicam que o valor económico total dos serviços

de ecossistema providenciados por morcegos em áreas agrícolas nos EUA foi de 17,2 mil milhões de

euros em 2007. Estas estimativas consideram apenas o aspecto mais directo da acção dos

morcegos, a redução de custos com as aplicações de pesticidas que não são necessárias para

suprimir os insectos previamente consumidos pelos morcegos (Cleveland et al. 2006). Portanto, o

valor total do serviço providenciado pelos morcegos é provavelmente muito superior.

Este tipo de trabalhos científicos que permitem quantificar os serviços do ecossistema que uma

determinada espécie ou grupo faunísitico efectua são ainda muito escassos, mas permitem ilustrar

o importante papel que algumas espécies podem ter em actividades económicas, como a

agricultura.

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2.5. Aves

As alterações ambientais de origem antrópica são muitas, interligadas e ocorrem à escala global. É

muito importante monitorizar a qualidade do meio e os valores da biodiversidade, como

indicadores à escala global para medir a sustentabilidade das políticas e actividades humanas. As

aves, pela sua diversidade, ubiquidade e facilidade de detecção, são excelentes indicadores da

tendência da biodiversidade e o estado dos ecossistemas. Para serem usadas como bio-indicadores

necessitamos de recursos humanos e de metodologias adequadas ao seguimento das suas

populações de forma regular no tempo e em larga escala no Globo Terrestre.

As comunidades de aves dos sistemas agrícolas são constituídas por um pequeno número de

espécies típicas das parcelas agrícolas, normalmente muito abundantes, e por uma percentagem

variável de espécies com origem no sistema primitivo. Estas últimas ocorrem em estruturas

reminiscentes do habitat primitivo que existem nos mosaicos agrícolas, como as sebes, linhas de

árvores, bosques, charcas, canais e ribeiras. Dos meios agrícolas e agro-florestais de Portugal

Continental dependem cerca de 50 espécies de aves terrestres ameaçadas. Entre elas destacam-se

o Abutre-preto, a Águia-imperial, a Águia-perdigueira, o Francelho, o Sisão e a Abetarda, por

estarem Globalmente Ameaçadas. Além das aves mais raras, podem ser encontradas nos nossos

campos muitas dezenas de espécies comuns, que constituem o grosso da comunidade dos sistemas

agro-florestais.

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3. METODOLOGIA

O estudo decorreu em 16 explorações agrícolas distribuídas por todo o país (Fig. 1). As explorações

agrícolas seleccionadas incluem o olival tradicional em Trás-os-Montes, duas vinhas (em socalco,

sendo uma de regadio e outra de sequeiro) e um souto de produção de castanha no Douro, o milho

para silagem no Baixo Vouga, a cereja na Cova da Beira, o arroz no Baixo Mondego, as culturas de

hortícolas e de pêra rocha no Oeste, o milho na Lezíria do Tejo, o olival intensivo e o tomate para

indústria no Alto Alentejo, a vinha (de planície) na península de Setúbal, as pastagens para ovinos

no Baixo Alentejo e bovinos no Alentejo Central e os citrinos no Algarve. No total o projecto

abrange 12 regiões NUTS III.

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Figura 1 - Mapa de Portugal dividido em regiões NUTS III com a localização das áreas de estudo amostradas (explorações) e respectiva cultura alvo.

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3.1. Critérios de selecção das explorações agrícolas e sua caracterização

Foram seleccionadas 16 explorações agrícolas em Portugal continental (Fig. 1 e Tabela I), que

representam diferentes culturas agrícolas com expressão económica relevante e características da

região em que se inserem. Outro aspecto fundamental usado na selecção consistiu na colaboração

dos proprietários na realização deste estudo, nomeadamente pela permissão e facilitação das

visitas às suas explorações dos técnicos da LPN e da SPEA para elaboração dos respectivos

inventários faunísticos, além de que se mostraram interessados em colaborar na discussão e

implementação de medidas de conservação ou promoção da biodiversidade na sua exploração

agrícola.

Tabela I – Resumo geral das explorações amostradas com as respectivas culturas, localização geográfica, área amostrada e proprietário.

Exploração Concelho/Freguesia Área

amostrada Agricultor/Propriedade NUTSIII

Citrinos (Laranja) Silves (e S. Bartolomeu

de Messines) 17 ha

SABA - Sociedade Agrícola do Barlavento Algarvio, Lda

Algarve

Ovinos (Pastagens extensivas)

Mértola (Corte Gafo) 303 ha Sociedade Agrícola Vargas

Madeira, Lda Baixo

Alentejo Bovinos (Pastagens

extensivas) Évora (Nª Srª da

Tourega) 1.963 ha

Ovicharol - Sociedade Agropecuária, Lda

Alentejo Central

Tomate (para indústria) Campo Maior 123 ha Agronovo - Sociedade Agrícola do

Monte Novo e Anexas Lda. Alto

Alentejo Olival (intensivo) Monforte 143 ha

Torre das Figueiras, Sociedade Agrícola, Lda + Carrilho de Palma,

Sociedade Agrícola, Lda

Vinha Palmela (Marateca -

Pegões) 41 ha

AVIPE - Associação de Viticultores de Palmela/ Centro Experimental

de Pegões

Península de

Setúbal

Milho (para grão) Golegã (Azinhaga) 192 ha João José Andrade Coimbra

Herdeiros Lezíria do

Tejo

Pêra Rocha Cadaval (e Peral) 77 ha Terra da Eira Oeste

Horticultura de ar livre Peniche (Atouguia da

Baleia) 16 ha Rogério Glória

Arroz Montemor-o-Velho (Vila Nova da Barca)

32 ha Quinta dos Castelos Baixo

Mondego

Milho (para silagem) Albergaria-a-Velha

(Angeja) 8 ha Agro-pecuária Angejense, Lda

Baixo Vouga

Cereja Fundão (Alcongosta) 11 ha Quinta do Concelho Cova da

Beira

Vinha do Douro em socalcos c/ rega

Vila Flor 27 ha Quinta Lobazim Douro

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Douro

Exploração Concelho/Freguesia Área

amostrada Agricultor/Propriedade NUTSIII

Vinha do Douro em socalcos s/ rega

Torre Moncorvo 10 ha Quinta da Mulateira

Castanheiros T. Moncorvo

(Carviçais) 14 ha Quinta das Tomadias

Olival (tradicional em socalcos)

Torre Moncorvo 45 ha Quinta do Couquinho Alto Trás-

os-Montes

3.2. Amostragem de fauna

Foram realizados seis períodos de amostragem nas 16 explorações:

1ª visita: “22 de Março a 14 de Abril” – reconhecimento e levantamento da área de

amostragem;

2ª visita: “18 de Abril a 13 de Maio” - inventariação de anfíbios

3ª visita: “27 de Abril a 18 de Maio” – primeira volta de inventariação das aves

4ª visita: “24 de Maio a 17 de Junho” - inventariação de répteis e borboletas

5ª visita: “24 de Maio a 29 de Junho” – segunda volta de inventariação das aves

6ª visita: “21 de Setembro a 15 de Outubro” - inventariação de morcegos

Estas visitas serviram para estabelecer o ponto de situação inicial no que diz respeito às espécies e

suas abundâncias presentes nas explorações amostradas.

3.2.1. Anfíbios

Relativamente aos anfíbios, foram adoptados diversos métodos de prospecção. Assim, realizaram-

se amostragens diurnas para a detecção de larvas/girinos e amostragens crepusculares e nocturnas

para detecção de anuros e urodelos adultos em locais com elevada probabilidade de ocorrência.

Para as amostragens diurnas com o objectivo de detectar larvas/girinos, utilizou-se prospecção

intensiva, recorrendo ao uso do camaroeiro, em locais com elevada probabilidade de ocorrência

(poças, poços, charcos temporários, charcas e quaisquer linhas de água) (Fig. 2). Nas amostragens

nocturnas com objectivo de detectar anuros ou urodelos adultos, os métodos utilizados incluíram

busca intensiva ou detecção através das vocalizações (até de 200m) nas proximidades dos locais

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anteriormente citados (Scott Jr & Woodward 1994). Quando não existiam massas de água

realizavam-se transectos pedestres. Todos os períodos de amostragem foram restringidos a ciclos

máximos de 90 minutos e/ou extensões de 1,5 km.

Figura 2 – Metodologia usada para anfíbios: a) exemplo de um local potencial para inventariação de larvas/girinos com uso do camaroeiro b) girino capturado com o camaroeiro

Para avaliar a abundância populacional deste grupo faunístico, dada a dificuldade em quantificar o

número de anfíbios (indivíduos adultos e girinos) presentes em cada uma das massas de água, e no

sentido de compilar todos os registos efectuados, tanto visuais como auditivos, expressou-se a

abundância de cada uma das espécies de anfíbios detectadas com o auxílio de três classes (Tabela

II): 1 – Presente (>5 indivíduos), 2 – Comum (entre 5 e 30 indivíduos), 3 – (>30 indivíduos) (Sá-

Sousa 2004; Alburquerque 2009).

Tabela II – Quantificação da abundância de anfíbios em classes.

Classes Adultos Girinos/larvas

1 - Presente 0-4 0-49

2 - Comum 5-30 50-200

3 - Abundante >30 >200

a) b)

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Tabela III – Número de zonas de amostragem na prospecção de anfíbios em cada exploração agrícola.

Exploração Zona/Localidade Prédio, parcela ou local Zonas de

amostragem

1 Citrinos (Laranja) Silves (e S. Bartolomeu de Messines)

Quinta da Boa Entrada 1

Escadavada 1

2 Ovinos (Pastagens extensivas)

Mértola (Corte Gafo)

Chaparral 2

Ursal e Mata Filhos 2

Fornalhas 2

3 Bovinos (Pastagens extensivas)

Évora (Nª Srª da Tourega) Tojal 2

Mascarenhas 2

4 Tomate (para industria) Campo Maior Carrascal 1

5 Olival (intensivo) Monforte Torre das Figueiras 1

Torre das Figueiras 1

6 Vinha Palmela (Marateca - Pegões)

Centro experimental de Pegões 1

Centro experimental de Pegões 1

7 Milho (para grão) Golegã (Azinhaga) Quinta da Cholda e outras 2

Moitas 1

8 Pera Rocha Cadaval (e Peral) Cadaval 1

Peral 2

9 Horticultura de ar livre Peniche (Atouguia da Baleia) Caminho da Foz 2

10 Arroz Montemor-o-Velho (Vila Nova da Barca)

Quinta dos castelos 1

11 Milho (para silagem) Albergaria-a-Velha (Angeja)

Baixo Vouga - Parcelas grandes: Canal Pequeno, Volta Casa e Carolo Domingues

2

Baixo Vouga - Parcela pequena: Curta

1

12 Cereja Fundão (Alcongosta) Quinta do Concelho 2

13 Vinha (do Douro em socalcos) e Olival

Vila Flor Quinta Lobazim 2

14 Vinha (do Douro em socalcos)

Torre Moncorvo Mulateira 2

15 Olival (tradicional em socalcos)

Torre Moncorvo Quinta do Couquinho 2

16 Castanheiros T. Moncorvo (Carviçais) Tomadias 1

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3.2.2. Répteis

A metodologia usada para a caracterização deste grupo baseou-se na detecção visual durante

transectos pedestres, tendo havido uma prospecção mais intensiva nos locais com maior

probabilidade para este grupo (afloramentos e aglomerados rochosos, zonas com matos, muros,

charcas, ribeiras, entre outros) (Fig. 3). Para além disso, foram levantadas todas as pedras e troncos

que pudessem funcionar como possível abrigo e local de termorregulação (com diâmetro superior a

15 cm) (Heyer et al. 2001). Cada transecto foi restringido a períodos máximos de 90 minutos e/ou

extensões de 1,5 km.

A amostragem limitou-se às horas de maior actividade dos répteis, em dias de temperaturas

amenas (até aos 23ºC), de manhã até ao final da tarde (entre as 10:00 e as 16:30); nos dias com

temperaturas mais elevadas (superior a 23ºC) fora das horas de maior calor (entre as 10:00 e as

12:30 e entre as 16:00 e as 18:30) (Almeida et al. 2001).

A observação avulsa ou qualquer outra desenquadrada dos métodos acima referidos, mas validada

com a diagnose de indivíduos, é considerada como Ad hoc.

Com vista a estimar a abundância das espécies de répteis presentes em cada uma das explorações

estudadas, calcularam-se os respectivos índices de abundância. O índice de abundância utilizado

consistiu na razão entre o total de identificações efectuadas para cada espécie e o número de

unidades de esforço empreendido em cada local (Cademartori et al. 2004). Para a quantificação do

esforço de amostragem considerou-se apenas o período de tempo efectivamente dispendido na

realização de cada transecto.

Figura 3 –Local amostrado com potencial para répteis

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

19

Tabela IV – Número de transectos realizados na prospecção de répteis em cada exploração agrícola.

Exploração Zona/Localidade Prédio, parcela ou local

Número de

transectos

1 Citrinos (Laranja) Silves (e S. Bartolomeu de Messines)

Quinta da Boa Entrada 1

Escadavada 1

2 Ovinos (Pastagens extensivas)

Mértola (Corte Gafo)

Chaparral 1

Ursal e Mata Filhos 1

Fornalhas 1

3 Bovinos (Pastagens extensivas)

Évora (Nª Srª da Tourega) Tojal 2

Mascarenhas 2

4 Tomate (para industria) Campo Maior Carrascal 1

5 Olival (intensivo) Monforte Torre das Figueiras 1

Torre das Figueiras 1

6 Vinha Palmela (Marateca - Pegões)

Centro experimental de Pegões 1

Centro experimental de Pegões 1

7 Milho (para grão) Golegã (Azinhaga) Quinta da Cholda e outras 2

Moitas 1

8 Pera Rocha Cadaval (e Peral) Cadaval 1

Peral 1

9 Horticultura de ar livre Peniche (Atouguia da Baleia) Caminho da Foz 1

10 Arroz Montemor-o-Velho (Vila Nova da Barca)

Quinta dos castelos 1

11 Milho (para silagem) Albergaria-a-Velha (Angeja)

Baixo Vouga - Parcelas grandes: Canal Pequeno, Volta Casa e Carolo Domingues

2

Baixo Vouga - Parcela pequena: Curta

1

12 Cereja Fundão (Alcongosta) Quinta do Concelho 1

13 Vinha (do Douro em socalcos) e Olival

Vila Flor Quinta Lobazim 1

14 Vinha (do Douro em socalcos)

Torre Moncorvo Mulateira 1

15 Olival (tradicional em socalcos)

Torre Moncorvo Quinta do Couquinho 1

16 Castanheiros T. Moncorvo (Carviçais) Tomadias 1

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

20

3.2.3. Borboletas diurnas

Na monitorização de borboletas diurnas utilizou-se o método descrito por Pollard & Yates (1993),

que consiste na realização, em cada local de amostragem, de um transecto até um comprimento

total de 1,5 km, dentro de um círculo com 1 km de raio, onde o observador regista as espécies e o

número de indivíduos de borboletas num cubo de 5 m (2,5 m para cada lado e 5 m para a sua

frente) durante 60 a 90 minutos em passo constante, sendo este representativo de todos os

habitats existentes.

Estes transectos foram efectuados no período de voo mais favorável (Março a Setembro), nos dias

em que as condições atmosféricas respeitavam os critérios mínimos adequados, isto é,

temperaturas à sombra nunca inferiores a 17ºC, dias sem vento, nem chuva e pouco nublados

(mínimo 60% de Sol).

O esforço de monitorização dispendido deve ser idêntico em todos os locais de amostragem, não

devendo ser feito qualquer esforço adicional para registar quaisquer borboletas que possam estar

fora do alcance directo da visão, na vegetação muito densa.

A observação avulsa ou qualquer outra desenquadrada dos métodos acima referidos, mas validada

com a diagnose de indivíduos, é considerada como Ad hoc.

Com vista a estimar a abundância das espécies de borboletas presentes em cada uma das

explorações estudadas, calcularam-se os respectivos índices de abundância. O índice de abundância

utilizado consistiu na razão entre o total de identificações efectuadas para cada espécie e o número

de unidades de esforço empreendido em cada local (Cademartori et al. 2004). Para a quantificação

do esforço de amostragem considerou-se apenas a distância percorrida na realização de cada

transecto.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

21

Tabela V – Número de transectos realizados na amostragem de borboletas em cada exploração agrícola.

Exploração Zona/Localidade Prédio, parcela ou local Número de transectos

1 Citrinos (Laranja) Silves (e S. Bartolomeu de Messines) Quinta da Boa Entrada 1

Escadavada 1

2 Ovinos (Pastagens extensivas)

Mértola (Corte Gafo)

Chaparral 1

Ursal e Mata Filhos 1

Fornalhas 1

3 Bovinos (Pastagens extensivas)

Évora (Nª Srª da Tourega) Tojal 2

Mascarenhas 2

4 Tomate (para industria) Campo Maior Carrascal 1

5 Olival (intensivo) Monforte Torre das Figueiras 1

Torre das Figueiras 1

6 Vinha Palmela (Marateca - Pegões)

Centro experimental de Pegões 1

Centro experimental de Pegões 1

7 Milho (para grão) Golegã (Azinhaga) Quinta da Cholda e outras 2

Moitas 1

8 Pera Rocha Cadaval (e Peral) Cadaval 1

Peral 1

9 Horticultura de ar livre Peniche (Atouguia da Baleia) Caminho da Foz 1

10 Arroz Montemor-o-Velho (Vila Nova da Barca)

Quinta dos castelos 1

11 Milho (para silagem) Albergaria-a-Velha (Angeja)

Baixo Vouga - Parcelas grandes: Canal Pequeno, Volta Casa e Carolo Domingues

2

Baixo Vouga - Parcela pequena: Curta

1

12 Cereja Fundão (Alcongosta) Quinta do Concelho 1

13 Vinha (do Douro em socalcos) e Olival

Vila Flor Quinta Lobazim 1

14 Vinha (do Douro em socalcos)

Torre Moncorvo Mulateira 1

15 Olival (tradicional em socalcos)

Torre Moncorvo Quinta do Couquinho 1

16 Castanheiros T. Moncorvo (Carviçais) Tomadias 1

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

22

3.2.4. Morcegos

A caracterização da situação de referência relativamente aos morcegos existentes nas parcelas do

projecto foi efectuada através de um esforço de amostragem dirigido, tendo sido realizado um total

de 205 pontos de escuta para detecção de morcegos, com a duração de 10 minutos. Cada parcela

foi visitada por uma vez entre 21 de Setembro e 15 de Outubro de 2011 (Tabela VI). Os pontos de

escuta tiveram início cerca de 30 minutos depois da hora de pôr-do-sol e terminaram cerca de 3,5

horas depois. As parcelas amostradas têm áreas muito distintas e o número de pontos de escuta foi

ajustado à área de cada parcela de acordo com o seguinte critério:

- Parcela com área menor que 15 ha – 5 pontos de escuta

- Parcela com área igual ou maior que 15 ha e menor que 100 ha – 7-10 pontos de escuta

- Parcela com área igual ou maior que 100 ha – 12-15 pontos de escuta

A localização dos pontos procurou cobrir a totalidade dos microhabitats existentes em cada

parcela, especialmente os pontos e linhas de água e as zonas florestadas existentes, em particular

as linhas de árvores que delimitam as parcelas.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

23

Tabela VI – Data de amostragem e número de pontos de escuta com detector de ultra-sons manual em cada exploração agrícola.

Exploração Zona/Localidade Prédio, parcela ou local Área (ha)

Data de amostragem

Pontos de escuta

1 Citrinos (Laranja) Silves (e S. Bartolomeu de Messines)

Quinta da Boa Entrada 14 12-10-2011 6

Escadavada 3 12-10-2011 5

2 Ovinos (Pastagens extensivas)

Mértola (Corte Gafo)

Chaparral +-100 10-10-2011 10

Ursal e Mata Filhos +-300 13-10-2011 8

Fornalhas +-400 11-10-2011 10

3 Bovinos (Pastagens extensivas)

Évora (Nª Srª da Tourega) Tojal +-700 22-09-2011 15

Mascarenhas 600 21-09-2011 12

4 Tomate (para industria) Campo Maior Carrascal 70 23-09-2011 7

5 Olival (intensivo) Monforte Torre das Figueiras 40 09-10-2011 5

Torre das Figueiras 94 09-10-2011 9

6 Vinha Palmela (Marateca - Pegões)

Centro experimental de Pegões

10 15-10-2011 5

Centro experimental de Pegões

23 15-10-2011 10

7 Milho (para grão) Golegã (Azinhaga) Quinta da Cholda e outras 72 06-10-2011 15

Moitas 30 05-10-2011 10

8 Pera Rocha Cadaval (e Peral) Cadaval 31 03-10-2011 8

Peral 31 03-10-2011 7

9 Horticultura de ar livre Peniche (Atouguia da Baleia) Caminho da Foz 16 04-10-2011 6

10 Arroz Montemor-o-Velho (Vila Nova da Barca)

Quinta dos castelos 14 04-10-2011 5

11 Milho (para silagem) Albergaria-a-Velha (Angeja)

Baixo Vouga - Parcelas grandes: Canal Pequeno, Volta Casa e Carolo Domingues

7 29-09-2001 5

Baixo Vouga - Parcela pequena: Curta

0,3 29-09-2001 7

12 Cereja Fundão (Alcongosta) Quinta do Concelho 11 07-10-2011 6

13 Vinha (do Douro em socalcos) e Olival

Vila Flor Quinta Lobazim 20 27-09-2011 10

14 Vinha (do Douro em socalcos)

Torre Moncorvo Mulateira 7,5 26-09-2011 6

15 Olival (tradicional em socalcos)

Torre Moncorvo Quinta do Couquinho 38 28-09-2011 11

16 Castanheiros T. Moncorvo (Carviçais) Tomadias 10 26-09-2011 7

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

24

A amostragem manual (Fig. 4a) foi efectuada através de um detector-conversor de ultra-

sons Pettersson D240X (Pettersson Elektronik AB), tendo os sons em tempo expandido sido

gravados num iAudio u2 (Cowon), em formato wav com taxa de amostragem de 32 kHz.

Em complemento à amostragem com o detector manual foi efectuada uma amostragem

com uma estação automática Pettersson D500X (Pettersson Elektronik AB) que esteve a funcionar

durante a noite completa e que foi colocada, sempre que possível, no centro da parcela (Fig. 4b).

Esta estação é sensível aos ultra-sons e faz uma gravação em alta-frequência sempre que é

detectado um ultra-som, registando também a hora da detecção. Cada gravação da estação teve a

duração de 3 segundos a uma taxa de amostragem de 500 kHz.

Os sons detectados e gravados foram posteriormente analisados através de um programa

de análise de som (Audacity 1.3.5, Free Digital Audio Editor – www.audacity.souceforge.net), que

converteu os sons gravados em sonogramas, a fim de permitir a identificação das espécies

detectadas.

Figura 4 – Metodologia usada para morcegos: a) amostragem manual b) amostragem com estação automática

Identificação das espécies de morcegos por ultra-som

As vocalizações dos morcegos podem ser identificadas ao nível específico utilizando as

características dos pulsos de ecolocalização. A forma dos pulsos é uma das mais importantes. Os

pulsos podem ser de frequência modulada (FM) ou de frequência constante (CF), embora a maior

parte dos morcegos utilize uma combinação das duas formas FM/QCF em que a parte inicial do

pulso tem frequência modulada e a parte final do pulso tem frequência quase constante. Outras

a) b)

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

25

características dos pulsos utilizadas na identificação são a frequência de máxima energia (FmaxE), a

frequência inicial, a duração do pulso, o intervalo entre pulsos e a frequência final, entre outras

(Fenton & Bell 1981). Na nossa análise, classificámos as gravações até à espécie sempre que

possível, utilizando a chave de identificação de vocalizações dos morcegos de Portugal continental

(Rainho et al. 2011). Há em Portugal espécies de morcegos com vocalizações de muito difícil

distinção e que podem ser associadas em grupos fónicos. Os grupos fónicos são conjuntos de duas

espécies (ocasionalmente podem ser mais) e podem não ter significado biológico ou ecológico no

caso de espécies pertencerem a diferentes géneros.

De seguida apresentamos alguns dos grupos fónicos detectados no presente trabalho com algumas

considerações sobre a espécie com maior probabilidade de detecção:

- Nyctalus noctula / Nyctalus lasiopterus – pulso FM/QCF com FmaxE ≤ 21 kHz, é mais provável que

seja a espécie N. lasiopterus devido à reduzida abundância de N. noctula em Portugal.

- Eptesicus serotinus / Eptesicus isabellinus – pulso FM/QCF com 23 < FmaxE (kHz)< 33,5. E.

serotinus é uma das espécies mais abundantes no nosso país e recentemente foi confirmada para

Portugal a presença de Eptesicus isabellinus, provavelmente mais frequente no Sul do país.

- Myotis myotis / Myotis blythii – pulso FM com FmaxE = 35 kHz, a espécie mais abundante em

Portugal é M. myotis; M. blythii é muito rara mas está presente em todo o país.

- Pipistrellus pygmaeus / Miniopterus schreibersii – pulso FM/QCF com FmaxE ≥ 52 kHz, a espécie

mais provável é Pipistrellus pygmaeus porque é a espécie de morcego mais abundante em Portugal

continental.

- Plecotus begognae / P. austriacus – Ambas são difíceis de registar em detectores de ultra-sons,

mas P. begognae é mais comum em Portugal.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

26

3.2.5. Aves

Com este estudo inventariou-se a comunidade de aves reprodutoras, usando métodos

quantitativos que possam ser repetidos no futuro. Foi aplicado um método de contagem tipo

“Percurso Finlandês” (Bibby et al. 1992, Rabaça 1995), de modo a calcular abundâncias relativas

(aves/ha) em cada tipo de exploração agrícolas em estudo. Foram desenhados percursos de censo

de aves em cada propriedade, que foram repetidos duas vezes durante a primavera, de modo a

amostrar as espécies com diferentes fenologias. Com base nas contagens destes percursos de

censo estimaram-se abundâncias relativas (aves/10ha) para cada espécie em cada percurso (ver

Bibby et al. 1992, Rabaça 1995). Para além das aves registadas nos percursos de contagem foram

também inventariadas todas as espécies observadas nas propriedades durante o trabalho de

campo.

Avaliação do estado de equilíbrio da comunidade de aves

No cálculo da riqueza de espécies em cada percurso, optou-se por considerar todas as espécies

observadas, mesmo aquelas detectadas apenas para além da faixa de contagem e que estavam fora

do habitat de censo, e para as quais não se conseguiu calcular a abundância.

Para avaliar a equirrepartição da abundância total pelas espécies executou-se um exercício simples

de comparar a percentagem de espécies mais abundantes, cuja soma resulta em 80% da

abundância total, relativamente ao número total de espécies detectadas na exploração. Este

exercício permite classificar de uma forma qualitativa o estado de equilíbrio da comunidade de

aves, tendo em consideração que as comunidades dominadas por poucas espécies são as mais

simples e perturbadas (mais próximas do início da sucessão ecológica) e as comunidades mais ricas

em espécies são aquelas mais próximas do clímax ecológico (Wiens 1989).

Foram realizados 24 percursos de censo de aves distribuídos pelas 16 explorações, que variaram na

sua dimensão entre 600m e 4700m (Tabela VII).

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

27

Tabela VII - Descrição dos percursos de censo de aves realizados.

Exploração (Município) Município Percurso Tamanho (m)

Data 1ª visita Data 2ª visita

Citrinos Silves P1 900 11-05-2011 25-05-2011

P2 600 11-05-2011 25-05-2011

Vinha de planície Pegões P1 800 04-05-2011 31-05-2011

P2 1100 04-05-2011 31-05-2011

Pêra-rocha Cadaval P1 1100 05-05-2011 31-05-2011

P2 1400 05-05-2011 31-05-2011

Olival Intensivo Monforte P 2000 10-05-2011 08-06-2011

Cereja Fundão P 1200 17-05-2011 08-06-2011

Vinha em socalcos regada Vila-flor P 1400 18-05-2011 29-06-2011

Vinha em socalcos de sequeiro

Torre de Moncorvo P 1000 18-05-2011 29-06-2011

Castanheiros Torre de Moncorvo P 1000 18-05-2011 28-06-2011

Olival em socalcos Torre de Moncorvo P 1500 18-05-2011 29-06-2011

Milho para grão Golegã P1 2000 27-04-2011 24-05-2011

P2 2000 27-04-2011 24-05-2011

Arroz Montemor-o-Velho P 1100 09-05-2011 16-06-2011

Tomate Campo Maior P 1600 10-05-2011 08-06-2011

Hortícolas Lourinhã P 900 05-05-2011 07-06-2011

Milho para silagem Albergaria P1 900 18-05-2011 ---

P2 900 18-05-2011 29-06-2011

Pastagem com bovinos Évora P1 3700 29-04-2011 01-06-2011

P2 4700 29-04-2011 01-06-2011

Pastagem com ovinos Mértola P1 3300 04-05-2011 24-05-2011

P2 1200 04-05-2011 24-05-2011

P3 1500 04-05-2011 24-05-2011

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com este trabalho confirmou-se a importância que as explorações agrícolas têm para a

conservação da biodiversidade. Na realidade, os meios agrícolas albergam uma riqueza biológica

considerável que importa preservar e que é um importante contributo para a biodiversidade global.

Se nalguns casos as práticas já existentes são promotoras de biodiversidade, pelo que importa

manter e apoiar, noutros casos a implementação de pequenas benfeitorias poderá representar

uma melhoria significativa em termos da biodiversidade e da manutenção do equilíbrio do

ecossistema através de práticas sustentáveis que a todos beneficiam.

Com este trabalho não se pretende comparar a biodiversidade entre diferentes tipos de exploração

agrícola mas caracterizar a biodiversidade que pode estar associada a um tipo de produção agrícola

específico e analisar que medidas podem ajudar a manter ou incrementar a biodiversidade

associada a esse sector agrícola. Os resultados obtidos e apresentados neste relatório pretendem

servir de situação de referência para avaliar se as medidas implementadas estão a ser efectivas

para melhorar a biodiversidade.

4.1. Riqueza específica global

Numa avaliação global dos resultados referentes ao número de espécies (riqueza específica) na

totalidade das explorações amostradas e para o total dos grupos amostrados, verifica-se que as

pastagens são as que apresentam maior biodiversidade. Estas, são explorações que possuem uma

grande dimensão e têm um regime extensivo que permite que os habitats nelas inseridos se

aproximem mais do seu estado natural.

A seguir a este tipo de explorações agrícolas surgem as explorações com culturas permanentes, que

ao longo dos anos não sofrem mudanças muito significativas no habitat. Nestas explorações quanto

maior a quantidade de estruturas naturais (bosquetes, orlas, sebes, zonas ripícolas, charcos entre

outras ou artificiais (charcas agrícolas, muros de pedra, marouços, caixas-ninho/abrigo, entre

outras) que fomentem a biodiversidade, maior vai ser a riqueza específica.

As explorações mais intensivas, com terras aráveis para culturas anuais, onde geralmente há uma

alteração mais significativa do habitat em que se inserem, são as que apresentam uma menor

riqueza específica global. A excepção a este caso é o milho-grão, uma das razões para o seu sucesso

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

29

em relação às restantes pode dever-se à parcela das “Moitas”, situada na margem do rio Tejo que

alberga grandes galerias ripícolas e bosquetes bem desenvolvidos que funcionam como zonas de

alimentação e abrigo a muitas espécies.

3.1.Anfíbios

4.2. Anfíbios

As espécies de anfíbios potencialmente ocorrentes em toda a área de estudo, correspondente às 16

explorações, dizem respeito a 94% (16 de 17 espécies) das espécies existentes em Portugal. Com o

decorrer deste trabalho foram observadas e confirmadas no terreno 12 espécies das 16 espécies

(75%) potenciais para a área de estudo (Tabela VIII).

A rã-verde foi a espécie mais amplamente distribuída, encontrando-se presente em 15 das 16

explorações (94%), seguida da salamandra-de-costelas-salientes e do sapo-de-unha-negra (43%),

presentes em 7 das 16 explorações e do sapo-corredor (31%) (Anexo 1). Em termos das espécies

menos observadas destacam-se a rã-de-focinho-pontiagudo e o sapo-comum, que só foram

detectadas na exploração de pastagens permanentes para ovinos e a salamandra-de-pintas-

0 20 40 60 80 100 120

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

Milho grão

Milho silagem

Arroz

Tomate

Hortícolas

Vinha

Vinha soc. s/rega

Vinha soc. c/rega

Olival tradicional

Olival intensivo

Pera Rocha

Citrinos

Cereja

Castanha

Número de espécies

Exp

lora

ção

Riqueza específica global

Anfíbios

Répteis

Borboletas

Morcegos

Aves

Gráfico 1 – Riqueza específica global, que representa o número de espécies total registado para cada exploração/sector agrícola.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

30

amarelas, na vinha tradicional de regadio. Especial atenção para a rã-de-focinho-pontiagudo

porque só existe na Península ibérica, possuindo em Portugal o estatuto de Quase Ameaçada, dado

às suas populações terem uma distribuição muito localizada, devido à fragmentação de habitat.

Tabela VIII – Espécies de anfíbios potencialmente ocorrentes na área de estudo e respectivos estatutos de conservação, as espécies observadas e confirmadas no terreno estão assinaladas a preto.

Neste grupo faunístico, a exploração de vinha tradicional de regadio e as pastagens permanentes

para ovinos foram as explorações onde se observaram mais espécies (n=7). Estas explorações

possuem em comum habitats aquáticos pouco profundos e com vegetação abundante que são

óptimos locais de reprodução para este grupo.

A maioria das explorações visitadas possuía pelo menos uma charca agrícola, nas quais (mesmo as

que apresentavam pouca vegetação) se observou a existência de espécies de anfíbios. Destaca-se,

assim, a importância que essas estruturas apresentam para a conservação deste grupo. Porém a

situação ideal passa por complementar essas charcas com outras menos profundas, mais pequenas

e com outro tipo de vegetação, normalmente designadas de charcos temporários, que abrigam

outras espécies que normalmente depositam as massas de ovos em locais com estas

características. Outra solução é criar uma maior heterogeneidade de micro-habitats nas charcas

existentes, em termos de profundidade e margens (criando, por exemplo, ilhotas e tornando as

margens menos inclinadas e profundas nalguns pontos).

Família Nome científico Nome comum

Livro

vermelho

(2008)

Portugal

UICN

(2001)

Espanha

Convenção

de Berna

Directiva

Habitats

Pleurodeles waltl Salamandra-de-costelas-salientes LC VU III -

Salamandra salamandra Salamandra-de-pintas-amarelas LC VU III -

Triturus boscai Tritão-de-ventre-laranja LC LC III -

Triturus helveticus Tritão-palmado VU LC III -

Triturus marmoratus Tritão-marmorado LC LC III IV

Alytes cisternasii Sapo-parteiro-ibérico LC NT II IV

Alytes osbtetricans Sapo-parteiro-comum LC NT II IV

Discoglossus galganoi Rã-de-focinho-pontiagudo NT LC II II, IV

Pelobatidae Pelobates cultripes Sapo-de-unha-negra LC NT II IV

Pelodytidae Pelodytes sp. Sapinho-de-verrugas-verdes NE

Bufo bufo Sapo-comum LC LC III -

Bufo calamita Sapo-corredor LC LC II IV

Hyla arborea Rela-comum LC NT II IV

Hyla meridionalis Rela-meridional LC NT II IV

Rana iberica Rã-ibérica LC VU II IV

Rana perezi Rã-verde LC LC III V

Salamandridae

Discoglossidae

Bufonidae

Hylidae

Ranidae

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

31

O souto foi a exploração onde não se registou qualquer espécie de anfíbios. Uma das possibilidades

para este resultado pode advir do facto de nessa exploração não existir qualquer ponto ou linha de

água e o terreno estar lavrado.

A exploração de olival intensivo apresenta um resultado interessante para um uso intensivo (5

espécies), uma explicação possível para este resultado será a presença de um poço e de uma vala

de escorrência com vegetação abundante, onde foram encontradas a maioria das espécies.

Importa realçar que o início da amostragem da batracofauna ocorreu num período já avançado na

época, o que pode justificar a razão de não haver registos de espécies relativamente comuns (p.ex.

o sapo-comum e a salamandra-de-pintas-amarelas), que normalmente estão mais activas e se

reproduzem no Outono/Inverno com a chegada das primeiras chuvas.

7

5

3

1

2

3

2

4

7

1

2

5

3

1

3

0

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

Milho grão

Milho silagem

Arroz

Tomate

Hortícolas

Vinha

Vinha soc. s/rega

Vinha soc. c/rega

Olival tradicional

Olival intensivo

Pera Rocha

Citrinos

Cereja

Castanha

Número de espécies

Exp

lora

ção

Riqueza específica - Anfíbios

Gráfico 2 – Número de espécies de anfíbios, nas 16 explorações.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

32

4.3. Répteis

As espécies de répteis potencialmente ocorrentes em toda a área de estudo (conjunto das 16

explorações) correspondem a 82% (23 de 28 espécies) das espécies existentes em Portugal

Continental. Com o decorrer deste trabalho foram observadas e confirmadas no terreno 14

espécies das 23 espécies (60%) potenciais para a área de estudo (Tabela IX).

A lagartixa-do-mato foi a espécie mais amplamente distribuída, encontrando-se presente em 12 das

16 explorações (75%), seguida do sardão e da lagartixa-ibérica (37%), presentes em 6 das 16

explorações (Anexo 2). Por outro lado as espécies que foram registadas uma só vez são: a osga

turca e a cobra-de-ferradura na exploração de citrinos, a lagartixa-de-dentes-dentados (olival

tradicional), o lagarto-de-água (arroz) e a cobra-rateira (vinha tradicional regadio). Destas,

destacam-se a osga turca que possui um estatuto Vulnerável em Portugal, e a lagartixa-de-dentes-

dentados com o estatuto Quase ameaçada. Estes estatutos devem-se ao facto destas espécies

possuírem populações muito localizadas, o que aumenta a probabilidade de extinção caso ocorra

alguma mudança significativa.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

33

Tabela IX – Espécies de répteis potencialmente ocorrentes na área de estudo e respectivos estatutos de conservação, as espécies observadas e confirmadas no terreno estão assinaladas a preto.

A maior parte dos répteis observados estavam associados a elementos rochosos, resto de podas

deixadas no terreno ou bermas de caminhos com alguma vegetação herbácea ou arbustivas que

permitisse abrigo.

As explorações de pastagens permanentes e a de citrinos foram aquelas que apresentaram um

maior número de espécies neste grupo. Nas explorações de pastagens permanentes as zonas

rochosas, são normalmente dispersas, o que promove uma concentração maior de espécies nessas

áreas devido às condições de abrigo e de termorregulação que proporcionam. Uma consequência

deste facto é o aumento da probabilidade de observação. Na exploração de citrinos o terreno era

bastante pedregoso com muros bem conservados, que constituem um micro-habitat privilegiado

para este grupo faunístico. Segundo o Atlas de distribuição consultado, as zonas onde estão

inseridas as explorações de vinha tradicionais e souto, possuem um habitat muito favorável a este

grupo. Porém, apesar do número de espécies potenciais indicado ser muito alto, as espécies

observadas não foram além dos 20% das potenciais. Uma explicação possível deve-se ao facto de

algumas espécies deste grupo serem pouco abundantes e de difícil detecção por causa do seu

Família Nome científico Nome comum

Livro

vermelho

(2008)

Portugal

UICN

(2001)

Espanha

Convenção

de Berna

Directiva

Habitats

Emys orbicularis Cágado-de-carapaça-estriada EN VU II II, IV

Mauremys leprosa Cágado-mediterrânico LC VU II II, IV

Hemidactylus turcicus Osga turca VU LC III

Tarentola mauritanica Osga-comum LC LC III -

Anguidae Anguis fragilis Cobra-de-vidro LC LC III

Amphisbaenidae Blanus cinereus Cobra-cega-ibérica LC LC III -

Acanthodactylus erythrurus Lagartixa-de-dedos-denteados NT LC III -

Lacerta lepida Lagarto, sardão LC LC II -

Lacerta schreiberi Lagarto-de-água LC NT II II, IV

Podarcis carbonelli Lagartixa-de-Carbonelli VU LC

Podarcis hispanica Lagartixa-ibérica LC LC III IV

Psammodromus algirus Lagartixa-do-mato LC LC III -

Psammodromus hispanicus Lagartixa-do-mato-ibérica NT LC III -

Chalcides bedriagai Cobra-de-pernas-pentadáctila LC NT II IV

Chalcides striatus Fura-pastos-tridáctilo LC LC III

Coluber hippocrepis Cobra-de-ferradura LC LC II IV

Coronella girondica Cobra-lisa-meridional LC LC III -

Elaphe scalaris Cobra-de-escada LC LC III -

Macroprotodon cucullatus Cobra-de-capuz LC NT III -

Malpolon monspessulanus Cobra-rateira LC LC III -

Natrix maura Cobra-d’água-viperina LC LC III -

Natrix natrix Cobra-d’água-de-colar LC LC III -

Viperidae Vipera latastei Víbora-cornuda VU NT II -

Gekkonidae

Lacertidae

Scincidae

Colubridae

Emydidae

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

34

comportamento esquivo. Por outro lado, salienta-se ainda a grande abrangência deste estudo, com

explorações muito dispersas pelo País e distanciadas entre si, resultando numa condicionalidade

logística e por sua vez metodológica. Assim, o número de visitas efectuadas para este grupo foi

baixo, aspecto que agrava o que foi dito anteriormente, já que diminui ainda mais probabilidade de

observações das espécies.

4.4. Borboletas diurnas

No total foram registadas 43 espécies de borboletas, distribuídas pelas cinco famílias (Gráfico 4). A

família que apresentou o maior número de espécies foi a Nymphalidae com 20 espécies (46%),

seguida das famílias Lycaenidae e Pieridae, ambas com 9 (21%), a Hesperiidae com 3 (7%) e por fim

a Papilionidae com 2 espécies (5%).

6

7

2

1

2

1

3

3

3

2

3

1

2

5

2

2

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

Milho grão

Milho silagem

Arroz

Tomate

Hortícolas

Vinha

Vinha soc. s/rega

Vinha soc. c/rega

Olival tradicional

Olival intensivo

Pera Rocha

Citrinos

Cereja

Castanha

Número de espécies

Exp

lora

ção

Riqueza específica - Répteis

Gráfico 3 – Número de espécies de répteis, nas 16 explorações.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

35

Gráfico 4 –Distribuição das espécies de borboletas totais observadas pelas famílias.

A maior parte das espécies observadas é comum e actualmente não se encontram ameaçadas, no

entanto foram registadas cinco espécies ameaçadas: Zizeeria knysna (arroz), Libythea celtis (olival

tradicional), Melitaea trivia e Anthocharis euphenoides (vinha tradicional regadio) Inachis io (souto)

e Gonepteryx cleopatra (milho para grão). A que possui um estatuto mais preocupante é a Zizeeria

knysna, estando possivelmente em perigo de extinção (Tabela X).

Tabela X - Espécies detectadas durante as amostragens e respectivo estatuto de conservação de acordo com o livro “As Borboletas de Portugal” (EC - Espécie comum, em princípio não ameaçada; EA- Espécie moderadamente ameaçada; EP - Espécie em perigo de extinção) (Maravalhas et al 2003).

Família Nome científico Estatuto de ameaça em Portugal

Hesperiidae Carcharodus alceae EC

Pyrgus malvoides EC

Thymelicus sylvestris EC

Lycaenidae Aricia cramera EC

Lampides boeticus EC

Leptotes pirithous EC

Lycaena alciphron EC

Lycaena phlaeas EC

Neozephyrus quercus EC

Polyommatus icarus EC

Satyrium esculi EC

Zizeeria knysna EP

Nymphalidae Argynnis pandora EC

Brintesia circe EC

7%

21%

46%

5%

21%

Distribuição das espécies de borboletas

Hesperiidae

Lycaenidae

Nymphalidae

Papilionidae

Pieridae

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

36

Família Nome científico Estatuto de ameaça em Portugal

Coenonympha pamphilus EC

Euphydryas aurinia EC

Hipparchia semele EC

Issoria lathonia EC

Lasiommata megera EC

Libythea celtis EA

Maniola jurtina EC

Melanargia ines EC

Melanargia lachesis EC

Melitaea athalia EC

Melitaea deione EC

Melitaea trivia EA

Inachis io EA

Pararge aegeria EC

Pyronia bathseba EC

Pyronia cecilia EC

Vanessa atalanta EC

Vanessa cardui EC

Papilionidae Iphiclides feisthamelii EC

Papilio machaon EC

Pieridae Anthocharis euphenoides EA

Colias croceus EC

Euchloe belemia EC

Euchloe crameri EC

Gonepteryx cleopatra EA

Leptidae sinapis EC

Pieris brassicae EC

Pieris rapae EC

Pontia daplidice EC

Os pierídeos Pieris rapae, Colias croceus, Pieris brassicae e o ninfalídeo Maniola jurtina são os que

possuem uma distribuição mais ampla, estando presentes em mais de 75% das explorações (Anexo

3).

A exploração onde se registou um número mais elevado de espécies de lepidópteros foi a da cereja

com 22 espécies (Gráfico 5), seguida do olival tradicional (n=17) e do souto (n=15). Nestas

explorações a vegetação herbácea associada às margens dos caminhos era bastante diversa e

desenvolvida, a existência de orlas arbustivas e orlas florestais (que existem no caso da cereja e do

souto), proporcionam condições favoráveis à presença deste grupo.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

37

No extremo oposto está a exploração de hortícolas, com apenas duas espécies. Esta situação é

facilmente explicada pelo facto de que nesta exploração alguns insectos são uma ameaça às

culturas agrícolas e então são usados herbicidas e insecticidas como forma de protecção da

produção.

4.5. Morcegos

No total foram detectados 12 espécies de morcegos e 9 grupos fónicos nas amostragens realizadas

nas explorações agrícolas (Tabela XI). O registo confirmado de 12 espécies de morcegos, cerca de

50% das espécies que ocorrem em Portugal continental é um bom resultado. Este valor é

provavelmente superior devido às espécies incluídas em grupos fónicos (ver Metodologia). Entre as

espécies detectadas houve registos de uma espécie Criticamente Ameaçada, o Morcego-de-

ferradura-mediterrânico que foi detectada na cultura de arroz e vinha tradicional de regadio. Além

disso foram ainda registadas três espécies com estatuto de conservação Vulnerável: Morcego-de-

ferradura-grande (vinha tradicional sequeiro), Morcego-de-ferradura-pequeno (arroz) e Morcego-

de-franja (pera Rocha e milho para grão).

12

10

10

6

11

12

2

10

5

13

17

9

8

9

22

15

0 5 10 15 20 25

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

Milho grão

Milho silagem

Arroz

Tomate

Hortícolas

Vinha

Vinha soc. s/rega

Vinha soc. c/rega

Olival tradicional

Olival intensivo

Pera Rocha

Citrinos

Cereja

Castanha

Número de espécies

Exp

lora

ção

Riqueza específica - Borboletas

Gráfico 5 – Número de espécies de borboletas diurnas, nas 16 explorações.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

38

Tabela XI - Espécies detectadas durante as amostragens e respectivo estatuto de conservação de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (Queiroz et al. 2005).

Espécie Nome-comum Estatuto de Conservação

Rhinolophus ferrumequinum Morcego-de-ferradura-grande VU – Vulnerável

Rhinolophus hipposiderus Morcego-de-ferradura-pequeno VU – Vulnerável

Rhinolophus euryale Morcego-de-ferradura-mediterrânico CR – Criticamente em Perigo

Myotis escalerai Morcego-de-franja VU – Vulnerável

Myotis daubentonii Morcego-de-água LC - Pouco Preocupante

Pipistrellus pipistrellus Morcego-anão LC - Pouco Preocupante

Pipistrellus kuhlii Morcego de Kuhl LC – Pouco preocupante

Pipistrellus pygmaeus Morcego-pigmeu LC – Pouco Preocupante

Hypsugo saavi Morcego de Savi DD - Informação Insuficiente

Nyctalus leisleri Morcego-arborícola-pequeno DD - Informação Insuficiente

Barbastella barbastellus Morcego-negro DD - Informação Insuficiente

Tadarida teniotis Morcego-rabudo DD - Informação Insuficiente

Grupo fónico Nome-comum Estatuto de Conservação

Rhinolophus mehelyi /

R. euryale

Morcego-de-ferradura-mourisco /

Morcego-de-ferradura-mediterrânico

CR – Criticamente em Perigo /

CR – Criticamente em Perigo

Myotis myotis / M. blythii Morcego-rato-grande /

Morcego-rato-pequeno

VU – Vulnerável /

CR – Criticamente em Perigo

Pipistrellus pipistrellus /

P. pygmaeus

Morcego-pigmeu /

Morcego-anão

LC - Pouco Preocupante /

LC - Pouco Preocupante

Pipistrellus pygmaeus /

Miniopterus schreibersii

Morcego-anão /

Morcego-de-peluche

LC - Pouco Preocupante /

VU – Vulnerável

Pipistrellus kuhlii /

P. pipistrellus

Morcego de Kuhl /

Morcego-pigmeu

LC - Pouco Preocupante /

LC - Pouco Preocupante

Eptesicus serotinus /

E. isabellinus Morcego-hortelão LC - Pouco Preocupante

Eptesicus serotinus /

E. isabellinus /

Nyctalus leisleri

Morcego-hortelão /

Morcego-arborícola-pequeno

LC - Pouco Preocupante /

DD - Informação Insuficiente

Nyctalus noctula /

Nyctalus lasiopterus

Morcego-arborícola-grande/

Morcego-arborícola-gigante

DD - Informação Insuficiente /

DD - Informação Insuficiente

Plecotus begognae /

Plecotus austriacus

Morcego-orelhudo castanho/

Morcego-orelhudo-cinzento

DD - Informação Insuficiente /

LC – Pouco Preocupante

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

39

A riqueza específica (número mínimo de espécies detectadas), variou bastante entre explorações:

em três explorações apenas foram detectadas 2 espécies de morcegos e em cinco explorações

foram registadas sete ou mais espécies, com um máximo de 10 espécies detectadas na exploração

de milho para grão (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Número mínimo de espécies de morcegos detectadas em cada exploração.

A actividade média de morcegos, que foi o índice de abundância utilizado, também registou uma

grande variação entre as explorações agrícolas, com a distinção de dois grupos de explorações. A

maioria das explorações apresentou valores muito baixos, cerca de 2 passagens de morcego em 10

minutos (Gráfico 8). Por outro lado, seis explorações tiveram uma actividade média de morcegos

maior do que 5 passagens por cada 10 minutos. O valor mais alto foi detectado no pomar de cereja.

A presença ou proximidade de habitats florestados de maior área, que são preferidos por

morcegos, pode ser uma das explicações para a diferença entre valores. No entanto, há

explorações que não se incluem neste modelo devido a uma tipologia tão diversa de explorações,

maneios e paisagens.

2

7

10

5

8

4

2

6

5

9

7

4

5

2

6

5

0 2 4 6 8 10 12

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

Milho grão

Milho silagem

Arroz

Tomate

Hortícolas

Vinha

Vinha soc. s/rega

Vinha soc. c/rega

Olival tradicional

Olival intensivo

Pera Rocha

Citrinos

Cereja

Castanha

Número de espécies

Exp

lora

ção

Riqueza específica - Morcegos

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

40

Gráfico 8 - Actividade média de morcegos medida em passagens por período de escuta de 10 minutos.

Inicialmente não se tinha considerado a possibilidade de incluir este grupo faunístico, que se

revelou interessante com o decorrer do trabalho de campo. Por este motivo estes levantamentos

só se realizaram no final de Setembro e durante o mês de Outubro, apesar destas datas não serem

as mais adequadas para caracterizar a comunidade de morcegos. Com efeito, a amostragem

deveria ter sido efectuada preferencialmente ao longo do ano, mas nesta impossibilidade, então

deveria ter sido efectuada num dos meses do final de Primavera ou início do Verão. Contudo, como

as amostragens foram realizadas com condições muito favoráveis de temperatura e vento, esse

efeito menos positivo foi um pouco minimizado. Uma amostragem tão pontual, como a que foi

realizada, poderá não reflectir toda a comunidade de morcegos existente nas parcelas amostradas,

mas funciona já como um bom bioindicador. Um resumo das espécies amostradas em cada

exploração é apresentado no Anexo 4.

0,7

5,5

5,0

4,8

5,2

0,1

0,2

1,6

0,3

4,5

1,9

1,0

2,0

1,1

6,0

1,1

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

Milho grão

Milho silagem

Arroz

Tomate

Hortícolas

Vinha

Vinha soc. s/rega

Vinha soc. c/rega

Olival tradicional

Olival intensivo

Pera Rocha

Citrinos

Cereja

Castanha

Actividade média (passagens de morcegos/ 10 min).

Exp

lora

ção

Morcegos - Actividade média

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

41

4.6. Aves

Este grupo é o mais abundante dos grupos amostrados devido ao elevado número de espécies que

ocorrem em Portugal (mais de 400 espécies). O número de espécies de aves registado em cada uma

das 16 explorações estudadas variou entre 24 e 68 (Gráfico 9), o que está de acordo com a

diversidade dos habitats agrícolas incluídos na análise. As explorações com usos do solo mais

extensivos e/ou incluídas em áreas protegidas ou classificadas registaram maior número de

espécies de aves. Por outro lado, as explorações com usos de solo mais intensivos, particularmente

aquelas com um maior input de fitofármacos, itinerários culturais mais complexos e com ambientes

rurais mais artificiais registaram menor número de espécies. O número de espécies registado nas

pastagens e no milho para grão em parte deve-se também à maior dimensão das explorações

amostradas, comparativamente com as restantes.

No total foram registadas 114 espécies (Anexo 5), o que revela a elevada riqueza avifaunística dos

meios agrícolas portugueses. As espécies mais frequentes nos cultivos estudados são espécies

típicas de meios agro-florestais e orlas florestais, como os turdídeos (ex: cartaxo, rouxinol e melro),

os corvídeos (gralha-preta), os passerídeos (ex: pardal-montês e pardal-comum) e os fringilídeos

(chamariz, verdilhão, pintassilgo e pintarroxo) ou espécies dispersas nos ecossistemas rurais, mas

que não dependem directamente da estrutura do habitat, como as andorinhas e os andorinhões.

Surpreendentemente, salvo algumas excepções, as espécies típicas dos meios abertos foram menos

frequentes. Para além da cotovia-de-poupa, da fuinha-dos-juncos e do trigueirão, as outras

espécies de zonas herbáceas abertas foram mais raras. Seria de esperar maior abundância de

espécies como perdiz, cordorniz, as várias cotovias, calhandras e petinhas. Isto revela o grau de

intensificação de alguns dos cultivos estudados (como as hortícolas e o tomate) e também o facto

de muitos serem cultivos permanentes de porte arbóreo. Por outro lado, as espécies estritamente

florestais, como os pica-paus, alguns chapins, trepadeiras, etc, foram muito escassas. O que não é

de estranhar, tendo em conta a redução da menor qualidade das sebes e bosquetes de algumas das

explorações estudadas. Mesmo as espécies florestais ligadas ao solo, como a rola-brava, a cotovia-

das-árvores e o picanço-barreteiro, foram pouco frequentes. O estorninho foi a excepção a esta

regra.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

42

Foram registadas 17 espécies de aves com estatuto de ameaçada em Portugal. Foram

principalmente espécies de aves de rapina, aves aquáticas ou aves estepárias associadas aos meios

rurais de grande qualidade em áreas protegidas ou classificadas. Nuns casos as explorações

estudadas encontram-se total ou parcialmente dentro destas APs (pastagens com ovinos,

pastagens com bovinos, olival intensivo e milho para silagem), noutros encontram-se nas

proximidades (milho para grão, tomate, vinha em socalcos e olival tradicional).

Gráfico 9 – Número de espécies de avifauna, nas 16 explorações.

60

68

54

27

33

24

36

45

35

41

36

37

33

43

26

31

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

Milho grão

Milho silagem

Arroz

Tomate

Hortícolas

Vinha

Vinha soc. s/rega

Vinha soc. c/rega

Olival tradicional

Olival intensivo

Pera Rocha

Citrinos

Cereja

Castanha

Número de espécies

Exp

lora

ção

Riqueza específica - Aves

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

43

5. Propostas de medidas para incremento da biodiversidade

As sugestões de medidas de gestão para o incremento da biodiversidade foram agrupadas

em 4 grupos:

- Protecção de zonas;

- Criar estruturas de apoio à fauna / Criar condições favoráveis à fauna

- Práticas culturais condicionadas

- Recursos humanos

A Tabela XII resume todas as medidas que serão propostas no âmbito deste estudo. Para todas elas

identifica-se o seu objectivo principal e contêm uma breve descrição para melhor compreensão.

Muitas destas medidas são propostas para grupos específicos, embora possam ter também um

impacte positivo para outros grupos biológicos e outros benefícios ambientais e económicos. No

entanto, na gestão de habitat, quando estão presentes espécies ameaçadas devem-se dar

prioridade às necessidades destas (Entwistle et al. 2001). Todas as fichas de exploração contêm

uma Tabela deste tipo, indicando somente as medidas propostas para essa exploração.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

44

Tipo Proposta Descrição Grupo-alvo* Ovinos Bovinos TomateMilho

grão

Milho

silagemArroz

Hortícolas

ar livre

Vinha

planície

Vinha

socalcos

Vinha

regadaPêra Laranja Cereja

Olival

tradiciona

Olival

intensivCastanha

Parques com

pastoreio

condicionado

Limitação de uma zona com uma vedação ou fio

eléctrico ou em alternativa redução do

encabeçamento/período de tempo de pastoreio.

Aves

x x

Proteger a

regeneração natural

do montado

Proteger as plantas jovens espontâneas com

colocação de tubos protectores de plantas ou com

vedações.

Flora

x x

Sem corte para feno Deixar uma parcela por fenar de 15 Março a 31

Maio (datas dependentes das condições

atmosféricas).

Aves

x xSinalização de

ninhos no corte do

feno

Sinalização prévia dos ninhos e protecção do

ninho deixando uma área de 5m em redor do

ninho não ceifada/fenada. Além disso

dependendo da espécie colocar rede de

galinheiro.

Aves

x x x

Vedar charcos

temporários e

outros pontos de

água

Colocar vedação permanente que impeça que o

gado entre na área do charco ou de outros pontos

de água, permitindo o acesso a fauna selvagem

(eventualmente com instalação de passagens

para a fauna nas vedações). Em caso de

necessidade podem ser instalados bebedouros

para o gado fora da vedação. Existe também a

hipótese de vedar apenas parcialmente o ponto

de água.

Anfíbios,

aves e

mamíferos

x x

Bosquetes contíguos Manter o estado natural dos bosquetes. Aves e

morcegos e

insectosx x x x x x x

Linhas de árvores e

sebes de vegetação

natural na

delimitação das

parcelas

Manter as sebes de vegetação natural na

bordadura das parcelas. No caso de haver uma

interrupção da linha de árvores, esta deve ser

colmatada através da plantação de árvores da

mesma espécie para manter a continuidade.

Aves e

morcegos

x x x x x

Protecção de Zonas

Incultas sem

intervenção

Manter o estado natural das áreas incultas. Todos

x xProtecção de Zonas

Ripícolas

Definir margens de protecção às linhas de água

onde não se faça mobilização do solo. Controlo do

pastoreio com recurso a vedação favorecendo

assim a vegetação natural.

Todos

x x x x x x x x

Margem da parcela

sem qualquer

intervenção

Deixar uma margem de largura variável sem

qualquer intervenção nas margens da parcela. 

Insectos,

aves e

répteisx x x x x x x x x x x x x

Não queimar a

lenha

Evitar a queima da lenha da poda (no caso do

material não estar infectado), usando-a na

construção dos marouços ou estilhaçando-a e

incorporando-a no solo.

Répteis

x x x x x x x x x x x

Manter os restolhos

das culturas durante

o Inverno

Evitar queimas, lavoura ou destroçamento a

seguir à colheita. Ficam excepcionadas as culturas

solanáceas, por razões fitossanitárias.

Aves

x x x

Pro

tecç

ão d

e z

on

asTabela XII - Resumo das medidas propostas para o incremento de biodiversidade nas 16 explorações piloto.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

45

Tipo Proposta Descrição Grupo-alvo* Ovinos Bovinos TomateMilho

grão

Milho

silagemArroz

Hortícolas

ar livre

Vinha

planície

Vinha

socalcos

Vinha

regadaPêra Laranja Cereja

Olival

tradicional

Olival

intensivoCastanha

Sementeira de culturas

para alimento da fauna

Sementeira de leguminosas para aves

estepárias em áreas de dimensão

variável.

Aves

x x x

Caixas -ninho (ou torre

de nidificação) para

Peneireiro – das - torres

Colocar caixas-ninho de madeira ou

barro específicas para Peneireiro-das-

torres em edifícios, paredes ou

postes, ou construção de torres ou

paredes para nidificação.

Aves

x x x x

Caixas -ninho para

espécies diversas

Construir e colocar caixas-ninho de

madeira em árvores ou outras

estruturas (dimensões variáveis em

função das espécies).

Aves

x x x x x x x

Caixas-abrigo para

morcegos

Construir e colocar caixas de madeira

adaptadas para morcegos em árvores

ou outras estruturas apropriadas.

Morcegos

x x x x x x x x x

Marouços pedra/lenha

poda para diferentes

grupos de fauna

Criar aglomerados de pedra e lenha

com cavidades de vários tamanhos

conforme as espécies-alvo.

Répteis e

mamíferos x x x x x x x x x x x x x

Criação de pequenos

charcos

 Criação de charcos de dimensão

variável

Anfíbiosx x x x x x

Instalação de

bebedouros/pontos de

água

Instalação de bebedouros apropriados

para a fauna

Aves e

mamíferos x x x x x x x x x x x x"Degraus" para anfíbios

nos fossos das

passagens canadianas

e nos tanques de água

Colocar uma viga de cimento ou

similar que sirva de rampa e permita o

acesso dos animais, de forma a não

ficarem encurralados.

Anfíbios

x

"Bettle bank " (faixas

sobre elevadas)

Constituição de áreas sobrelevadas

com herbáceas autóctones e perenes

em áreas de terrenos encharcados.

Insectos

x

Alimentador de abutres Instalação de um local de deposição

de carcaças de animais provenientes

da exploração para alimentação de

abutres e outras rapinas.

Aves

x x

Estruturas de protecção

de canais de drenagem

Estabilização das margens com

recurso a madeira e/ou pedra,

eventualmente estruturas tipo gabião

e eventual cobertura com vegetação.

Anfíbios

x x x x x

Conservação de muros

de pedra

Conservação/Recuperação de muros

de pedra solta.

Répteisx x x x

Pequenos muretes em

linhas de água

Construção de pequenos muretes ao

longo da linha de água em forma de

pequenos açudes.

Todos

x

Cri

ar e

stru

tura

s d

e ap

oio

à f

aun

a /

Cri

ar c

on

diç

ões

fav

orá

veis

à f

aun

a

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

46

Tipo Proposta Descrição Grupo-alvo* Ovinos Bovinos TomateMilho

grão

Milho

silagemArroz

Hortícolas

ar livre

Vinha

planície

Vinha

socalcos

Vinha

regadaPêra Laranja Cereja

Olival

tradicional

Olival

intensivoCastanha

Gestão da vegetação

herbácea – a) Manter o

enrelvamento da entrelinha

Controlar o desenvolvimento

vegetativo do revestimento da

entrelinha através do pastoreio ou

cortes de sem enterramento.

Insectos e

avesx x x x x x x x x x x

Gestão da vegetação

herbácea – b) Não cortar a

vegetação espontânea

Evitar cortar a vegetação

espontânea em faixas na "entre

linha" ou zonas adjacentes da

parcela.

Insectos,

aves e

répteis x x x x x x x x x x x x x x

Gestão da vegetação

herbácea – c) Reposição do

banco de sementes

Comprar ou recolher sementes de

espécies autóctones e semeá-las

em áreas definidas.

Insectos e

aves x x

Colocação de dispositivo

sonoro nas alfaias que

procedem à colheita das

Colocar à frente e lado da

ceifeira/gadanheira determinados

emissores sonoros.

Aves

x x x

Direcção da ceifa Ceifar na direcção de uma margem

livre (sem muros, sebes, diques

estradas ou habitações) para não

encurralar ninhadas.

Aves

x x x x x

Ceifa dos cereais de Outono-

Inverno

Ceifar os cereais de Outono-

Inverno após 15 de Junho

Avesx x x

Utilização de deflectores na

sementeira do milho

Utilização sistemática de

deflectores (canalizam o pó vindo

da turbina para o chão) no

semeador na sementeira do milho.

Todos

x x

Manter alagamento de

canteiros de arroz

Manter as condições de

alagamento nos canteiros durante

o Inverno até à preparação para a

sementeira.

Aves

x

Podas e descortiçamentos Não realizar podas e

descortiçamentos entre 1 de

Janeiro e 30 de Junho.

Aves e

morcegos x x

Re

curs

os

hu

man

os Sensibilização dos

trabalhadores efectivos e

sazonais

Reuniões, conversas  formais ou

informais com os trabalhadores

nesse sentido.

Répteis,

aves e

anfíbiosx x x x x x x x x x x x x x x x

Prá

tica

s cu

ltu

rais

co

nd

icio

nad

as

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

47

6. Medidas implementadas Pastagens para ovinos

Instalação de um alimentador de aves necrófagas

Construção de pequenos muretes em linhas de água

Manter o estado natural das áreas incultas.

Pastagens para bovinos

Inserção de uma rampa nas passagens canadianas

Protecção de zonas ripícolas

Figura 5 – Alimentador de aves necrófagas, recém-instalado na exploração de pastagens para ovinos.

Figura 6 – Inserção de uma rampa nas passagens canadianas presentes na exploração de pastagens para bovinos.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

48

Tomate

Manutenção de vegetação espontânea em zonas adjacentes da parcela. Milho grão

Manutenção das sebes de vegetação natural na bordadura das parcelas Milho para silagem

Manutenção das sebes de vegetação natural na bordadura das parcelas Arroz

Manutenção de vegetação espontânea em zonas adjacentes da parcela. Vinha em planície

Manutenção das sebes de vegetação natural na bordadura das parcelas

Manutenção do enrelvamento da entrelinha Vinha socalcos de sequeiro

Conservação dos muros de pedra Pêra-rocha

Manutenção do enrelvamento da entrelinha Laranja

Conservação dos muros de pedra

Manutenção do enrelvamento da entrelinha Cereja

Conservação dos muros de pedra

Manutenção do enrelvamento da entrelinha

Olival tradicional

Conservação dos muros de pedra

Manutenção do enrelvamento da entrelinha

Manutenção de vegetação espontânea em zonas adjacentes da parcela.

Olival intensivo

Manutenção do estado natural das áreas incultas.

Manutenção do enrelvamento da entrelinha

Castanha

Manutenção do estado natural dos bosquetes.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

49

7. Considerações

A realização deste trabalho permitiu perceber que as áreas agrícolas albergam um grande número

espécies, algumas das quais por vezes Ameaçadas. Confirma-se assim a importância dos sistemas

agrícolas para a conservação da biodiversidade e a necessidade de conciliar esforços e criar políticas

onde o agricultor tem um papel fundamental como prestador de serviços ambientais.

Um equilíbrio entre o ecossistema agrícola e natural deve ser alcançado, constituindo assim

sistemas agrícolas de alto valor natural, ou seja, o suporte de elevados níveis de biodiversidade

(espécies e habitats) nas superfícies agrícolas através de um conjunto de actividades que favoreçam

esse objectivo.

Observou-se que os sistemas mais extensivos e a presença de habitats naturais e seminaturais

(bosquetes, orlas, sebes, zonas ripícolas, charcos, charcas agrícolas, muros de pedra entre outras)

têm um efeito muito positivo na preservação da biodiversidade, pelo que devem ser conservados.

A melhoria das condições de habitat para a biodiversidade poderá ser alcançada pela

manutenção/criação de estruturas naturais, devendo ainda ser complementadas com habitats

seminaturais ou artificiais (caixas ninho/abrigo para aves e morcegos, marouços, disponibilização de

pontos de água, alimentadores ou culturas especificas para a fauna entre outras).

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

50

8. Bibliografia Almeida, N.F., Almeida, P.F., Gonçalves, H., Sequeira, F., Teixeira, J. & Almeida, F.F. 2001. Guia FAPAS dos anfíbios e répteis de Portugal. - Porto: FAPAS e Câm. Mun.Porto, 249 pp Bibby, C.J., N.D. Burgess & D.A. Hill 1993. Bird Census Techniques. Academic Press. New York. Boyles, J.G., F.P.M. Cryan, G.F. McCracken, and T.H. Kunz. 2011. Economic importance of bats in agriculture. Science. 332: 41-42.

Cabral, M.J. (coord.); J. Almeida, P.R. Almeida, T. Delliger, N. Ferrand de Almeida, M.E. Oliveira, J.M. Palmeirim, A.I. Queirós, L. Rogado & M. Santos-Reis (eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa. 659p. Cademartori, C.V., M.E. Fabián, & J.O. Menegheti 2004. Variações na abundância de roedores (Rodentia, sigmodontinae) em duas áreas de floresta ombrófila mista, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências 6 (2): 147-167. Cleveland, C. J., et al. 2006. Estimation of the economic value of the pest control service provided by the Brazilian free-tailed bat in south-central Texas. Frontiers in Ecology and the Environment 5:238–243. Coutts, R.A., M.B. Fenton and E. Glen. 1973. Food intake by captive Myotis lucifugus and Eptesicus fuscus (Chiroptera: Vespertilionidae). Journal of Mammalogy 54: 985–990. Entwistle, A. C., S. Harris, A. M. Hutson, P. A. Racey, A. Walsh, S. D. Gibson, I. H. and J. Johnston 2001. Habitat management for bats. Joint Nature Conservation Committee. 48 pp. Eurobats 2010. Agreement on the Conservation of Populations of European Bats – Report on the Implementation of the Agreement in Portugal (6 MoP). Federico, P., Hallam, T. G., McCracken, G. F., Purucker, S. T., Grant, W. E., Correa-Sandoval, A. N., Westbrook, J. K., Medellín, R. A., Cleveland, C. J., Sansone, C. G., López, J. D., Betke, M., Moreno-Valdez, A. and Kunz, T. H. 2008. Brazilian free-tailed bats as insect pest regulators in transgenic and conventional cotton crops. Ecological Applications 18: 826-837.

Fenton, M. B. & Bell, G. P. 1981. Recognition of species of insectivorous bats by their echolocation calls. Journal of Mammalogy 62: 233–243. Heyer, W. R., & M. M. Heyer. 2001 Leptodactylus lithonaetes. Catalogue of American Amphibians and Reptiles, 723 :1-3. Kalcounis-Rueppell, M.C., V.H. Payne, S.R. Huff & A.L. Boyko. 2007. Effects of wastewater treatment plant effluent on bat foraging ecology in an urban stream system. Biological Conservation 138: 120–130. Kunz, T.H., J.O. Whitaker, Jr. & M.D. Wadanoli. 1995. Dietary energetics of the insectivorous Mexican free-tailed bat (Tadarida brasiliensis) during pregnancy and lacation. Oecologia 101: 407–415. Kurta, A., G. Bell, K. Nagy & T. Kunz. 1989. Energetics of pregnancy and lactation in free-ranging little brown bats (Myotis lucifugus). Physiol. Zool. 62: 804–818. Lee, Y.F. & G.F. McCracken. 2002. Foraging activity and food resource use of Brazilian free-tailed bats, Tadarida brasiliensis (Molossidae). Ecoscience 9: 306–313. Loureiro, A., Almeida, N.F., Carretero, M.A., Paulo, O.S. 2008. Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal. Instituto da Conservação da

Natureza e da Biodiversidade, Lisboa, 257 pp.

Maravalhas, E (ed) 2003. As borboletas de Portugal. Edições Vento Norte, 464 pp Pollard, E. & Yates, T.J. 1993. Monitoring butterflies for ecology and conservation. Chapman & Hall, London. Palmeirim, J.M. & Rodrigues, L. 1992. Plano Nacional de Conservação dos Morcegos Cavernícolas. Estudos de Biologia e Conservação

da Natureza nº8. SNPRCN, Lisboa.

Queiroz A.I. (coord.), Alves P.C., Barroso I., Beja P., Fernandes M., Freitas L., Mathias M.L., Mira A., Palmeirim J.M., Prieto R., Rainho A., Rodrigues L., Santos-Reis M., Sequeira M. 2005. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

51

Rainho A., Amorim F., Marques J. T., Alves, P. e Rebelo H. 2011. Chave de identificação de vocalizações dos morcegos de Portugal continental. Versão electrónica (beta) de 26 de Abril de 2011. Rabaça, J.E. 1995. Métodos de Censo de Aves: aspectos gerais, pressupostos e princípios de aplicação. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Lisboa. Scott JR., N. & B.D. Woodward. 1994. Surveys at breeding sites, p.118-125. In: Heyer, W.R.; M.A. Donnelly; R.W. McDiarmid; L.C.

Hayek & M.S. Foster (Eds). Measuring and Monitoring Biological Diversity - Standard Methods for Amphibians. Washington,

Smithsonian Institution Press, 364p.

Wickramasinghe L. P., S. Harris, G. Jones and N. Vaughan (2003). Bat activity and species richness on organic and conventional farms: impact of agricultural intensification. Journal of Applied Ecology 40: 984-993. Wiens, J.A. 1989. The ecology of bird communities, vol. 1 Foundations and patterns. Cambridge University Press. Cambriage

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

52

9. Anexos

Anexo 1 – Espécies de anfíbios presentes em cada exploração agrícola.

Exploração Sala

man

dra

-

cost

ela

s-

salie

nte

s

sala

man

dra

-

de

-pin

tas-

amar

ela

s

Trit

ão-d

e-

ven

tre

-

lara

nja

Trit

ão-

mar

mo

rad

o

Sap

o-

par

teir

o

Rã-

de

-

foci

nh

o-

po

nti

agu

do

Sap

o-d

e-

un

ha-

ne

gra

Sap

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uga

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verd

es

Sap

o-

com

um

Sap

o-

corr

ed

or

Re

la-

com

um

Re

la-

me

rid

ion

al

Rã-

verd

e

Pastagens ovinos ● ● ● ● ● ● ●

Pastagens bovinos ● ● ● ● ●

Milho grão ● ● ●

Milho silagem ●

Arroz ● ●

Tomate ● ● ●

Hortícolas de ar livre ● ●

Vinha de planície ● ● ● ●

Vinha socalcos sequeiro ● ● ● ● ● ● ●

Vinha socalcos regadio ●

Olival tradicional ● ●

Olival intensivo ● ● ● ● ●

Pêra Rocha ● ● ●

Citrinos ●

Cereja ● ● ●

Castanha

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

53

Anexo 2 – Espécies de répteis presentes em cada exploração agrícola.

Exploração

Cág

ado

-

me

dit

err

ânic

o

Osg

a-T

urc

a

Osg

a-c

om

um

Laga

rtix

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e-

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nte

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en

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os

Sard

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Laga

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Laga

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Laga

rtix

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Co

bra

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Co

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Co

bra

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ada

Co

bra

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gua-

vip

eri

na

Co

bra

-rat

eir

a

Pastagens ovinos ●

● ●

Pastagens bovinos ●

● ● ● ●

● ●

Milho grão

Milho silagem

Arroz

● ●

Tomate

Hortícolas de ar livre

Vinha de planície ●

● ●

Vinha socalcos sequeiro

Vinha socalcos regadio

Olival tradicional

● ●

Olival intensivo

Pêra Rocha

● ●

Citrinos

● ●

Cereja

Castanha

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

54

Família Nome científico

Pastagens

ovinos

Pastagens

bovinosMilho grão

Milho

silagemArroz Tomate

Hortícolas

de ar livre

Vinha de

planície

Vinha

socalcos

sequeiro

Vinha

socalcos

regadio

Olival

tradicional

Olival

intensivo

Pêra

RochaCitrinos Cereja Castanha

Carcharodus alceae ● ● ● ● ● ● ●

Pyrgus malvoides

Thymelicus sylvestris ● ● ● ● ●

Aricia cramera ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●

Lampides boeticus ●

Leptotes pirithous ● ● ● ● ●

Lycaena alciphron ●

Lycaena phlaeas ● ● ● ● ● ● ● ●

Neozephyrus quercus ●

Polyommatus icarus ● ● ● ● ● ● ●

Satyrium esculi ●

Zizeeria knysna ●

Argynnis pandora ● ● ●

Brintesia circe ●

Coenonympha pamphilus ● ● ● ● ● ●

Euphydryas aurinia ●

Hipparchia semele ●

Issoria lathonia ● ●

Lasiommata megera ● ● ● ●

Libythea celtis ●

Maniola jurtina ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●

Melanargia ines ●

Melanargia lachesis ● ●

Melitaea athalia ●

Melitaea deione ●

Melitaea trivia ●

Nymphalis io ●

Pararge aegeria ● ● ● ● ● ● ●

Pyronia bathseba ●

Pyronia cecilia ● ● ● ● ● ●

Vanessa atalanta ● ● ● ●

Vanessa cardui ● ● ● ● ● ● ● ● ●

Iphiclides feisthamelii●

Papilio machaon● ● ● ● ●

Anthocharis euphenoides ●

Colias croceus ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●

Euchloe belemia ● ● ● ●

Euchloe crameri ●

Gonepteryx cleopatra ●

Leptidae sinapis ●

Pieris brassicae ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●

Pieris rapae ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●

Pontia daplidice ● ● ● ● ●

Hes

peri

idae

Lyca

enid

aeN

ymph

alid

aePa

pilio

nida

ePi

erid

aeAnexo 3 – Espécies de borboletas diurnas presentes em cada exploração agrícola.

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

55

Anexo 4 – Espécies de morcegos presentes em cada exploração agrícola.

Espécies Grupos fónicos

R.

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equ

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R. h

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M. e

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no

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Ple

cotu

s sp

.

Exploração

Citrinos

● ●

● ●

Pastagens ovinos

Pastagens bovinos

● ● ●

● ● ● ●

Tomate

● ●

Olival intensivo

● ● ●

● ● ●

Vinha de planície

● ●

● ●

● ●

● ● ●

Milho grão

● ● ● ●

● ● ●

● ● ●

Pêra Rocha

● ●

Hortícolas de ar livre

Arroz

● ●

● ●

● ● ●

Angeja

● ●

● ●

● ●

Cereja

● ● ●

● ●

● ●

Vinha socalcos regadio

● ● ● ● ●

● ●

● ● ●

Vinha socalcos sequeiro

Olival tradicional

● ●

Castanha

● ● ● ●

● ● ●

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

56

Anexo 5 - Abundância relativa (aves/10ha) das espécies de aves em cada percurso de senso.

(+) - Espécie detectada no percurso, mas cuja abundância relativa não pode ser estimada.

(-) – Espécie não registada nos percursos, mas detectada na propriedade. (*) – Espécie com estatuto de ameaçada em Portugal.

Espécie Milho p grão Tomate Hortícolas Arroz Milho silagem Citrinos Vinha planície Pêra-rocha

P1 P1 P P P P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1

Anas platyrhynchos 0,96

Oxyura jamaicensis

Phalacrocorax carbo -

Alectoris rufa 4,08 + + 2,5 - -

Coturnix coturnix - + + +

Tachybaptus ruficollis - - -

Podiceps cristatus

Ardea purpurea* - - +

Ardea cinerea - -

Egretta garzetta - -

Bubulcus ibis - -

Platalea leucorodia* - -

Ciconia ciconia + - + 2,22 0,96 + 2,31 -

Ciconia nigra*

Gyps fulvus* +

Aquila chrysaetus*

Hieraaetus pennatus* +

Circaetus gallicus*

Circus pygargus* +

Milvus migrans - + + 0,92 + 1,17

Milvus milvus*

Elanus caeruleus* + - + +

Buteo buteo + + + + +

Accipiter nisus

Falco naumanni*

Falco tinnunculus - + + + + +

Galinulla chloropus - + 1,19 + -

Fulica atra

Tetrax tetrax* 0,65

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

57

Espécie Milho p grão Tomate Hortícolas Arroz Milho silagem Citrinos Vinha planície Pêra-rocha

P1 P1 P P P P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1

Burhinus oedicnemus*

Charadrius dubius

Actitis hypoleucos

Larus michaelis -

Larus fuscus - - -

Pterocles orientalis*

Columba livia + -

Columba palumbus - + + + + +

Streptopelia turtur + + + -

Streptopelia decaocto + + + + + +

Athene noctua -

Cuculus canorus - + + + +

Alcedo atthis 1,82

Upupa epops + + 2,5 -

Merops apiaster + + +

Apus apus - + + + + + + - + +

Picus viridis -

Dendrocopus major + - + - 1,82

Alauda arvensis +

Melanocorypha calandra*

Calandrella brachydactyla 0,54 - 11,11

Galerida cristata 14,34 3,82 9,72 6,51 2,6 2,5 +

Galerida theklae 1,58

Lullula arborea + +

Riparia riparia - + + +

Ptyonoprogne rupestris +

Delichon urbicum - + + + + + +

Hirundo rustica + + + + + + + + + + + +

Hirundo daurica + + -

Anthus campestris -

Motacilla alba 2,82 1,07

Motacilla cinerea

Motacilla flava - +

Prunella modularis -

Troglodytes troglodytes - 1,06 + + 2,45 13,33 + 2

Erithacus rubecula - 1,05 5,03 4,67 16,92 4,4

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

58

Espécie Milho p grão Tomate Hortícolas Arroz Milho silagem Citrinos Vinha planície Pêra-rocha

P1 P1 P P P P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1

Phoenicurus ochrurus + - 4,44 -

Luscinia megarhynchos 0,52 8,7 5,21 + 7,24 +

Oenanthe hispanica*

Saxicola torquatus + 0,55 8,89 - + 2,93 2 2,31

Montícola solitarius

Turdus philomelus + 1,3

Turdus viscivorus -

Turdus merula + 3,21 2,5 1,85 10,19 5,87 27,56 21,12 1,28 + 7,58

Cettia cetti + 0,51 12,83 6,89 -

Cisticola juncidis 4,43 4,9 1,33 7,59 1,97 + 2,5 2,31 + 1,32 + -

Acrocephalus arundinaceus 10,02

Sylvia undata

Sylvia melanocephala 1,1 - 6,67 3,64 6,14 2,22 34,37

Sylvia atricapilla 0,55 3,76 6,67 9,4 2,45 5,09 1,15 3,33 + 1,92

Sylvia cantillans

Hippolais polyglotta 1 3,25 6,67 2,6 4,44

Phylloscopus ibericus - 1,06 - +

Regulus ignicapillus

Parus caeruleus + 1,84 7,27 5,01 4,08 3,91 5 0,97 5,03

Parus major - 0,53 + - 6,67 + + +

Parus ater

Parus cristatus 2,5

Aegithalus caudatus 21,82

Certhia brachydactyla - + 3,64 + 4,27 1,07

Sitta europaea 7,5

Oriolus oriolus - + 1,19 +

Lanius meridionalis 2 - +

Lanius senator* - 2 6,67

Sturnus unicolor + 2,7 + 1,17 + - 2,82 + + 2,31

Corvus corone 0,55 + + + - + 2,68 + + +

Corvus corax

Cyanopica cyaneus 5,64 3,33 + 1,97

Pica pica 1,38

Garrulus glandarius + - 1,82 -

Passer montanus 1,17 + 24,38 + 7,24

Passer domesticus 21,43 + 2,04 29,46 + 28,54 9,59 5,39

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

59

Espécie Milho p grão Tomate Hortícolas Arroz Milho silagem Citrinos Vinha planície Pêra-rocha

P1 P1 P P P P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1

Passer hispaniolensis

Petronia petronia +

Euplectes afer - +

Estrilda astrild + 4,52 2,22 10,91 + 6,67

Fringilla coelebs 2,22 6,94 +

Coccothrausthes

Serinus serinus 4,53 1,02 4,08 1,82 - 1,22 4,44 1,79 53,13 8,91 7,36

Carduelis carduelis 1,05 2,2 9,68 1,82 10,19 36,91 3+ 10,91 0,96

Carduelis chloris 1,68 1,06 1,17 14,71 + + 42,98 13,49 4,39 1,97

Carduelis cannabina + - + 11,27 37,87 31,55 16,71

Emberiza cia

Emberiza cirlus - 3,33 -

Emberiza calandra - 1,13 5,21 7,89 3,17 1,82

(Continuação)

Espécie Ol.intensivo Cereja Vin.soc Vin.soc Castanha O.tradicional Past.bovinos Past.ovinos

P2 P P regada sequeiro P P P1 P2 P1 P2 P3

Anas platyrhynchos + + 1,47

Oxyura jamaicensis -

Phalacrocorax carbo

Alectoris rufa + + + + + + + 5,26 2,72 9,8

Coturnix coturnix + + 0,68 + + 1,67

Tachybaptus ruficollis 1,43 + +

Podiceps cristatus 0,22

Ardea purpurea*

Ardea cinerea - +

Egretta garzetta -

Bubulcus ibis 0,67 5,86 1,56 0,68

Platalea leucorodia* +

Ciconia ciconia - 1,55 0,43 + + 1,45

Ciconia nigra* 0,43

Gyps fulvus* - -

Aquila chrysaetus* +

Hieraaetus pennatus*

Circaetus gallicus* - + +

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

60

Espécie Ol.intensivo Cereja Vin.soc Vin.soc Castanha O.tradicional Past.bovinos Past.ovinos

P2 P P regada sequeiro P P P1 P2 P1 P2 P3

Circus pygargus* -

Milvus migrans + + + +

Milvus milvus* +

Elanus caeruleus* + 3 + 0,36

Buteo buteo + + - + 0,23 -

Accipiter nisus + +

Falco naumanni* + +

Falco tinnunculus 0,84 1,17 0,36 +

Galinulla chloropus 0,85 1,04

Fulica atra + +

Tetrax tetrax* 0,31 +

Burhinus oedicnemus* - + + 1,33

Charadrius dubius 0,61

Actitis hypoleucos -

Larus michaelis

Larus fuscus

Pterocles orientalis* +

Columba livia 5,55 0,21 +

Columba palumbus 4,29 - + + + 1,6 + 1,45

Streptopelia turtur 3,12 1,07 0,69 + + 1,74 0,69

Streptopelia decaocto + + 0,45 0,31 2,67

Athene noctua - + 2,67

Cuculus canorus + - + + + + + +

Alcedo atthis

Upupa epops 0,84 + + + + + 0,44 0,31 + 2,86

Merops apiaster - 1,61 + + + + + + + +

Apus apus + + - +

Picus viridis + 0,7

Dendrocopus major 0,98 +

Alauda arvensis

Melanocorypha calandra* 4,81 6,95

Calandrella brachydactyla + + + 1,64 0,98

Galerida cristata -

Galerida theklae 14,92 1,67 9,88 + 8,6 1,7 4,27 2,64 7,4

Lullula arborea 8,92 1,67 0,84 + 4,58 5,47 + 1,92 0,68

Riparia riparia

Ptyonoprogne rupestris +

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

61

Espécie Ol.intensivo Cereja Vin.soc Vin.soc Castanha O.tradicional Past.bovinos Past.ovinos

P2 P P regada sequeiro P P P1 P2 P1 P2 P3

Delichon urbicum + + + + + +

Hirundo rustica + + + + + +

Hirundo daurica + 0,79 + + + + + + +

Anthus campestris

Motacilla alba - 2

Motacilla cinerea 0,43

Motacilla flava +

Prunella modularis

Troglodytes troglodytes 1,53 + 1,07 1

Erithacus rubecula 4,65 4,23 0,73

Phoenicurus ochrurus 2,11 + 0,73

Luscinia megarhynchos 0,59 + + 2,25 1,33 + 2,88

Oenanthe hispanica* 2,86 4 + -

Saxicola torquatus - 9 1,43 + 1,62 5,11 1,21 5 0,73

Montícola solitarius 1,33

Turdus philomelus

Turdus viscivorus + +

Turdus merula 5,54 4,05 1,73 8,57 5,07 4,69 9,3 0,73 1,67 0,64 +

Cettia cetti - 1,81 - -

Cisticola juncidis 0,84 0,52 1,25 0,47 + 4,5 +

Acrocephalus arundinaceus

Sylvia undata 8

Sylvia melanocephala 15,77 7,25 6,52 16,32 3,09 0,61 0,98 +

Sylvia atricapilla 1,55 1,95 1,43 + + 0,78

Sylvia cantillans 1 + 1,17 4,83 0,78 -

Hippolais polyglotta 1,43 + +

Phylloscopus ibericus +

Regulus ignicapillus -

Parus caeruleus + 7,78 7,26 1,81 6,2 4,43 3,94 7,58 1,21 1,42

Parus major - 1,84 0,89 0,79 1,17 2 7,9 1,51 0,71

Parus ater - 1,43 2

Parus cristatus 2,86 0,43

Aegithalus caudatus 2,86 6,67

Certhia brachydactyla 3,33 + - + + 1,21

Sitta europaea 1,7

Oriolus oriolus 3,27 + + + +

Lanius meridionalis 4,37 + + 0,43 3,63 0,32 + 0,73

RELATÓRIO GLOBAL – BIODIVERSIDADE NA AGRICULTURA

62

Espécie Ol.intensivo Cereja Vin.soc Vin.soc Castanha O.tradicional Past.bovinos Past.ovinos

P2 P P regada sequeiro P P P1 P2 P1 P2 P3

Lanius senator* + 1,57 - 2,54 0,85 1,28 1,07

Sturnus unicolor + 8,35 2,11 + - 2,2 0,71 2,71 9,27 +

Corvus corone 1,84 + + 0,45 + 0,36 +

Corvus corax -

Cyanopica cyaneus 2,2 6,57 0,54 0,44 0,64 0,69

Pica pica + - + 0,46 +

Garrulus glandarius 2,86 3,33 2 + 0,71

Passer montanus + 2,67 6,4 0,66

Passer domesticus - 1,08 - 5,43 2 3,68 10,89 5,46 5,96

Passer hispaniolensis +

Petronia petronia 3,68 + 1,7

Euplectes afer

Estrilda astrild 1,43

Fringilla coelebs + 1,76 1,55 + 1,38 11,05 2,83 2,1

Coccothrausthes 1 + 2 - 0,43

Serinus serinus 6,17 19,59 1,79 1,81 9,05 + 7,37 1,18 1,39

Carduelis carduelis 0,74 8,18 5,43 + 9,35 5,11 3,4 7,8 0,88 3,91

Carduelis chloris + 0,52 1,67 1,49 2 5,07 2,67 0,54 +

Carduelis cannabina 1,06 8,33 1,07 2,54 3,62 1,28 0,68 0,86 0,71

Emberiza cia 2 1,17

Emberiza cirlus - + 0,79 1,45

Emberiza calandra 2,68 1,67 2,13 8,14 5,82 5,29 21,12 0,69