Relatório Ivo Barreiros

57
Ivo Duarte do Cabo Barreiros Relatório de Estágio Mestrado em Análises Clínicas Relatório de Estágio Curricular no âmbito de Mestrado em Análises Clínicas, orientado pelo Doutor Frederico Valido e apresentado à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra Setembro, 2012

description

segue

Transcript of Relatório Ivo Barreiros

  • Ivo Duarte do Cabo Barreiros

    Relatrio de Estgio

    Mestrado em Anlises Clnicas

    Relatrio de Estgio Curricular no mbito de Mestrado em Anlises Clnicas, orientado pelo Doutor Frederico Valido e apresentado Faculdade de Farmcia da Universidade de Coimbra

    Setembro, 2012

  • i

    ndice

    LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................ III

    RESUMO ......................................................................................................... V

    ABSTRACT .................................................................................................... V

    I. INTRODUO ........................................................................................ 1

    II. CARACTERIZAO DO LABORATRIO DE ESTAGIO .................. 2

    III. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................... 5

    A. QUMICA CLNICA E MICROBIOLOGIA ............................................................................. 6

    A.1. Qumica Clnica .................................................................................................................... 6

    A.2. Microbiologia ........................................................................................................................ 7

    B. HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA ..................................................................................... 8

    B.1. O Setor ................................................................................................................................... 8

    B.1.1. Equipamentos, princpios de funcionamento e tcnicas manuais .......................... 9

    B.1.2. Controlo de Qualidade ................................................................................................. 14

    B.2. Marcadores Tumorais ......................................................................................................15

    B.2.1. Alfa-fetoprotena (AFP) ................................................................................................. 16

    B.2.2. Calcitonina ....................................................................................................................... 16

    B.2.3. Antignio Carcinoembrionrio (CEA) ...................................................................... 16

    B.2.4. CYFRA 21.1 ..................................................................................................................... 17

    B.2.5. CA 15.3 ............................................................................................................................. 17

    B.2.6. CA 19.9 ............................................................................................................................. 17

    B.2.7. CA 72.4 ............................................................................................................................. 18

    B.2.8. CA 125 .............................................................................................................................. 18

    B.2.9. Enolase NeuroEspecfica (NSE)................................................................................... 18

    B.2.10. Antignio Especfico da Prstata (PSA) ................................................................... 19

    B.2.11. Antignio do Carcinoma de Clulas Escamosas (SCCA) ................................... 19

    B.2.12. Tireoglobulina (TG) ..................................................................................................... 19

    B.2.13. -hCG ............................................................................................................................. 20

    B.2.14. 2-Microglobulina ......................................................................................................... 20

    B.3. Hormonas Sexuais ............................................................................................................21

    B.3.1. Prolactina .......................................................................................................................... 21

    B.3.2. Gonadotrofinas FSH e LH ............................................................................................ 21

    B.3.3. Estradiol ............................................................................................................................ 22

  • NDICE

    ii

    B.3.4. Progesterona ................................................................................................................... 22

    B.3.5. Testosterona ................................................................................................................... 22

    B.4. Hormanas de Avaliao da Funo Tiroideia ............................................................ 22

    B.4.1. Hormona estimuladora da tiroide (TSH) ................................................................. 23

    B.4.2. Tetraiodotironina (T4).................................................................................................. 23

    B.4.3. Triiodotironina (T3) ...................................................................................................... 23

    B.5. Eletroforese de protenas ................................................................................................ 24

    B.6. Imunofixao de protenas ............................................................................................. 24

    C. HEMATOLOGIA ................................................................................................................. 26

    C.1. O Setor................................................................................................................................. 26

    C.1.1. Equipamentos, princpios de funcionamento e tcnicas manuais ....................... 26

    C.1.2. Controlo de Qualidade................................................................................................. 31

    C.2. Hemograma ....................................................................................................................... 32

    C.2.1. Eritrograma ...................................................................................................................... 32

    C.2.2. Leucograma ..................................................................................................................... 35

    C.3. Velocidade de Sedimentao (VS) ................................................................................ 37

    C.4. Hemstase .......................................................................................................................... 38

    C.4.1. Tempo de Protrombina (PT)....................................................................................... 40

    C.4.2. Fibrinognio ..................................................................................................................... 40

    C.4.3. Tempo de Tromboplastina Parcial ativada (aPTT) ................................................. 41

    C.4.4. Tempo de Trombina (TT)............................................................................................ 41

    C.4.5. Produtos de Degradao da Fibrina (PDF) .............................................................. 42

    C.4.6. Anticoagulante Lpico (AL) ......................................................................................... 42

    C.4.7. Fator II e Fator V de Leiden ........................................................................................ 43

    IV. CONCLUSO ....................................................................................... 45

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................. 47

  • iii

    Lista de Abreviaturas

    ACTH Hormona adrenocorticotrfica

    AEQ Avaliao externa de qualidade

    AFP Alfa-fetoprotena

    AL Anticoagulante lpico

    aPTT Tempo de tromboplastina parcial

    ativada

    hCG Gonadotrofina corinica humana

    BMG 2-microglobobulina

    CA~ Antignio carbohidrato

    CEA Antignio carcinoembrionrio

    CIV Coagulao intravascular

    disseminada

    CLIA Chemiluminescence immunoassay

    CQI Controlo de qualidade interno

    DNA cido desoxirribonucleico

    ECLIA Electrochemiluminescence

    immunoassay

    EDTA cido etilenodiaminotetractico

    EMIT Enzyme Multiplied Immunoassay

    Technique

    EP Embolismo pulmonar

    EPO Eritropoetina

    FSH Hormona folculo-estimulante

    GnRH Hormona libertadora de

    gonadotrofinas

    Hct Hematcrito

    Hgb Concentrao de hemoglobina

    INR International normalized ratio

    INSA Instituto Nacional de Sade Dr.

    Ricardo Jorge

    Ig Imunoglobulina

    IPO Instituto portugus de oncologia

    IRMA Immuno radiometric assay

    ISI International sensitivity index

    LCR Lquido cefalorraquidiano

    LH Hormona luteinizante

    LB Linfcitos B

    LT Linfcitos T

    MCH Hemoglobina corpuscular mdia

    MCHC Concentrao de hemoglobina

    corpuscular mdia

    MCV Volume corpuscular mdio

    MN Mononucleares

    MT Marcador tumoral

    NSE Enolase Neuroespecfica

    PCR Reao em cadeia da polimerase

  • ABREVIATURAS

    iv

    PDF Produtos de degradao da

    fibrina

    PMN Polimorfonuclear

    PSA Antignio especfico da prstata

    PT Tempo de protrombina

    PTH Paratormona

    RIA Radio immuno assay

    RBC Clulas sanguneas vermelhas

    RDW Amplitude de distribuio de

    eritrcitos

    RET Reticulcitos

    RIQAS Randox International Quality

    Assessment Scheme

    RNA cido ribonucleico

    SCCA Antignio do Carcinoma de

    Clulas Escamosas

    SCT Silica clotting time

    SPC Servio de Patologia Clnica

    TG Tireoglobulina

    TRACE Time Resolved Amplified Cryptate

    Emission

    TRH Hormona libertadora da

    tiriotrofina

    TSH Hormona Estimuladora da

    Tiroide

    TT Tempo de trombina

    TVP Trombose venosa profunda

    TVVRd Tempo de veneno de vbora de

    Russel diludo

    T3 Triiodotironina

    T4 Tetraiodotironina

    VCS Technology Acrnimo para

    Volume, Conductivity and Scatter

    VDRL Venereal Disease Research

    Laboratory

    VS Velocidade de sedimentao

    WBC Clulas sanguneas brancas

  • v

    Resumo

    Com o presente relatrio de estgio, no mbito do Mestrado em Anlises Clnicas,

    pretende-se descrever todas as atividades nas quais estive envolvido ao longo deste ano letivo

    no servio de Patologia Clnica do Instituto Portugus de Oncologia de Coimbra Francisco

    Gentil (IPOCFG).

    Aps uma breve introduo instituio de acolhimento e descrio dos objetivos,

    ser realizada uma apresentao do servio de Patologia Clnica. Posteriormente sero

    abordadas as atividades desenvolvidas atravs de uma descrio muito simples das reas de

    Qumica Clnica e Microbiologia e de uma descrio mais detalhada das reas de

    Hormonologia/ Imunologia e Hematologia.

    Nas reas para maior aprofundamento sero ainda referidos os equipamentos

    existentes e esclarecidos os princpios das metodologias utilizadas. Finalmente sero

    abordados alguns dos principais parmetros determinados com o respetivo enquadramento

    terico.

    Palavras-chave: IPO, Patologia Clnica, Hematologia, Imunologia, Endocrinologia.

    Abstract

    The intention of this report under the Masters Degree in Clinical Analysis is to

    describe all the activities in which I have participated throughout the year at the Service of

    Clinical Pathology of Francisco Gentil Portuguese Institute of Oncology at Coimbra (IPOCFG).

    After a brief description of the Institution and the objectives of this internship it will be

    present the Clinical Pathology Service. Posteriorly will be discussed and simple described the

    activities performed in the clinical chemistry and microbiology laboratories and in more detail

    the activities performed in the immunology/ endocrinology and haematology laboratories.

    Within hormonology/ immunology and haematology activities will be also referred the

    existing equipment and the methodologies used. Finally, will be discussed some of the

    parameters determined in these laboratories with the respective theoretical framework.

    Keywords: IPO, Clinical Pathology, Haematology, Immunology, Endocrinology.

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    1

    I. Introduo

    O Instituto Portugus de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil (IPOCFG) uma

    instituio de reconhecido prestgio que presta cuidados de sade altamente especializados

    nas reas da oncologia mdica.(1) O Servio de Patologia Clinica (SPC) constitui um dos muitos

    servios que esta unidade hospitalar tem ao dispor dos seus utentes e encontra-se sob a

    responsabilidade do Dr. Frederico Valido. Foi neste servio que foi desenvolvido o estgio

    curricular no mbito do Mestrado em Anlises Clnicas.

    Com uma durao aproximada de seis meses e meio (mais de 800 horas), este estgio

    permitiu, no s, a integrao na rotina laboratorial num servio de caractersticas particulares,

    mas tambm a aquisio de uma melhor perceo do que poder ser o nosso mercado de

    trabalho. A possibilidade de poderem ser realizados os mais diversos estudos, nos mais

    diversos fluidos biolgicos do organismo humano, alguns deles at, recorrendo a tcnicas de

    diagnstico que se encontram na vanguarda da cincia e tecnologia, como a citometria de fluxo

    e a biologia molecular, demonstram a multidisciplinariedade e o quo valioso pode ser o

    domnio desta rea na interpretao clnica e no estabelecimento do diagnstico.

    Aps uma apresentao das infraestruturas existentes no servio de patologia clinica o

    plano geral do estgio foi desde logo decidido. Iriamos passar um ms em cada setor

    comeando pelo de Qumica Clnica, seguido da Microbiologia, Hematologia e por fim o setor

    da Hormonologia/ Imunologia. No final dos 4 meses teramos de optar pelos setores onde

    pretendamos aprofundar o estudo ficando mais um ms em cada um deles. Desta feita os

    eleitos foram o setor da Hematologia e o da Hormonologia/ Imunologia.

  • IPOC SERVIO DE PATOLOGIA CLNICA

    2

    II. Caracterizao do Laboratrio de Estgio

    Todos os parmetros analticos realizados neste servio so solicitados pelo mdico

    mediante o preenchimento de uma requisio em que so assinalados individualmente os

    testes laboratoriais pretendidos ou por indicao do protocolo pretendido, ao qual

    corresponde uma bateria de anlises. Vrios protocolos foram definidos pelo SPC em conjunto

    com os outros servios clnicos da instituio de forma a facilitar o pedido de anlises.

    Todas as requisies que chegam ao servio so analisadas pelo pessoal administrativo

    que verificam se estas se encontram devidamente preenchidas antes de procederem sua

    admisso. Alm do pedido de anlises, nestas requisies deve constar a identificao do

    doente (nome completo, data de nascimento, morada), o cdigo do servio requisitante, a

    data, a assinatura do mdico e o seu nmero mecanogrfico, sendo tambm importante que

    o mdico d indicao do tipo de amostra a colher e que fornea informaes clinicamente

    relevantes.

    Uma vez reunidas estas condies, as requisies so organizadas de modo a gerenciar

    o processo de colheitas que tanto podem ser realizadas na sala de colheitas do SPC como nas

    enfermarias. Independentemente do processo de colheita so sempre os tcnicos de

    diagnstico e teraputica que as executam, fazendo-se acompanhar da respetiva requisio.

    Quando a colheita se processa no SPC, o doente atendido por ordem de chegada, sendo-

    lhe atribudo um nmero do dia e uma letra correspondente ao dia da semana que ir

    identificar a requisio e os tubos da respetiva colheita.

    A cada doente colhida, por puno venosa, a quantidade de sangue total necessria

    para a realizao dos doseamentos requeridos, que de seguida distribudo pelos diferentes

    tubos. Cada setor recebe o tubo/ contentor com a amostra a analisar, devidamente identificada

    e acompanhada pela respetiva requisio, destinada quele setor.

    Aps o processamento analtico os resultados so validados pelo mdico ou tcnico

    superior de sade responsvel pelo setor que os pode disponibilizar ao clnico em suporte de

    papel, informaticamente, ou ainda por telefone nos casos de emergncia. Quando fornecidos

    por escrito, devem ir assinados pelo responsvel do setor sendo posteriormente recolhidos

    pelo pessoal administrativo que os reenviam aos servios requisitantes.

    Como qualquer laboratrio que procura alcanar a qualidade do seu produto, o SPC

    possui todos os requisitos necessrios para que tal seja possvel, desde manuais de

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    3

    procedimentos internos e programas de manuteno, at programas de garantia e controlo

    de qualidade e apostas na formao de todos os seus funcionrios. Desta forma o SPC

    demonstra a preocupao com uma melhoria contnua da qualidade e garante um elevado grau

    de confiana e fiabilidade nos resultados reportados. Assim sendo, o SPC submete-se a dois

    sistemas de controlo de qualidade, o controlo de qualidade interno (CQI) e o controlo

    qualidade externo (CQE). Atravs do CQI possvel a monitorizao contnua das prticas

    de trabalho, do equipamentos e dos reagentes. Neste controlo as concentraes do analito

    so previamente conhecidas. O CQE consiste na avaliao por terceiros, do desempenho do

    laboratrio. recebida uma amostra de caractersticas desconhecidas que deve ser manipulada

    sob as condies habituais de funcionamento do laboratrio. Os resultados obtidos so depois

    analisados e comparados com os obtidos por outros participantes.

    Ilustrao 1 Organigrama do servio de patologia clnica

  • IPOC SERVIO DE PATOLOGIA CLNICA

    4

    Nmero de Amostras

    2010 2011

    Qumica Clnica 792496 790891

    Microbiologia 11971 10893

    Imunologia 71300 69771

    Hormonologia 38980 37501

    Hematologia 133062 123675

    Nmero de Doentes 65440 67351

    Tabela 1 Dados estatsticos relativos ao nmero de anlises realizadas no servio de patologia clnica. Pode verificar-se um decrscimo do nmero de anlises pedidas mas o nmero de doentes aumentou

    Qumica Clnica

    Microbiologia

    Imunologia

    Hormonologia

    Hematologia

    N DE ANLISES 2011

    Grfico 1 Distribuio de anlises realizadas por servio no ano de 2011

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    5

    III. Atividades desenvolvidas

    Ao longo de todo este estgio, os profissionais de sade de qualquer um dos setores

    predispuseram-se a dar todo o apoio necessrio promovendo sempre a participao proactiva

    quer na execuo do trabalho de rotina quer j na validao dos resultados. Favoreceram a

    aprendizagem procurando esclarecer as questes prticas do dia-a-dia dos servios e insistiram

    para que fossem colocadas dvidas. Sugeriram, tambm, a realizao de diversas tcnicas

    manuais e todos os setores procuraram mostrar os procedimentos de calibrao e realizao

    dos controlos internos, bem como as manutenes peridicas dos equipamentos.

    Dada e extenso do estgio tive ainda a oportunidade de participar ativamente num

    dos programas de avaliao externa da qualidade (AEQ) no setor de microbiologia ajudando

    o responsvel pelo setor na identificao microbiolgica e estabelecimento do perfil de

    suscetibilidade aos antibiticos. Ainda neste setor, surgiu a oportunidade de acompanhar os

    procedimentos efetuados quando so realizadas colheitas na enfermaria.

    No setor da hematologia, alm da integrao na rotina, execuo de tcnicas manuais

    e interpretao dos resultados, tive a oportunidade de fazer a marcao celular para posterior

    estudo imunofenotpico por citometria de fluxo, tendo sido tambm avaliados alguns dos casos

    e feita a respetiva interpretao clnica.

    Na hormonologia/ imunologia tambm me integrei a rotina diria, participei na

    admisso das amostras ao setor e executei algumas tcnicas manuais. Como o estgio coincidiu

    com a altura dos concursos por parte das empresas que comercializam os seus produtos e

    equipamentos, foi possvel assistir a algumas aes de formao promovidas pelas entidades

    empresariais que os comercializam e participar na avaliao destes equipamentos.

  • QUMICA CLNICA E MICROBIOLOGIA

    6

    A. Qumica Clnica e Microbiologia

    A.1. Qumica Clnica

    o setor que apresenta o maior fluxo de amostras diariamente. Aqui so avaliados os

    mais diversos parmetros bioqumicos, caractersticos do funcionamento do organismo

    humano. Este ser, provavelmente, o setor mais automatizado.

    Em termos de recursos humanos, o servio de qumica clinica constitudo por um

    mdico especialista em patologia clnica, uma tcnica superior de sade e por quarto tcnicas

    de diagnstico e teraputica.

    Aps a colheita, executada segundo o manual das boas prticas vigente, as amostras

    seguem para o setor sendo imediatamente centrifugadas e cuidadosamente identificadas. A

    maioria das determinaes analticas do servio realizada no soro pelo que importante que

    os tubos utilizados apresentem micropartculas de acelerao da coagulao de forma a agilizar

    todo o procedimento analtico. Certas determinaes, no entanto, podero ser executadas

    em sangue total, plasma ou at outros produtos para alm do sangue como o lquido

    cefalorraquidiano (LCR). Uma vez feita a admisso das amostras, estas so encaminhas para os

    diferentes equipamentos conforme os parmetros que se pretendem determinar.

    Entre os parmetros realizados, alm de habitual a bateria de testes bioqumicos

    determinada nos laboratrios de anlises clnicas (colesterol, triglicerdeos, glicose,

    transaminases hepticas,), a gasometria ou o ionograma, so tambm executadas

    determinaes mais especficas como a hemoglobina glicosilada, teste da mononucleose

    infeciosa, teste da Brucella, VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), teste do Lpus

    Sistmico Eritematoso, entre outros.

    O controlo de qualidade a nvel interno realizado diariamente, antes do incio do

    trabalho e para cada um dos equipamentos, com recurso a controlos comerciais. Os valores

    obtidos so depois estudados segundo as regras de Westgard. Os controlos internos podero

    ainda ser repetidos sempre que tal se justifique.

    O setor participa tambm em programas peridicos de AEQ promovidos pelo Randox

    International Quality Assessment Scheme (RIQAS) e pelo Instituto Nacional de Sade Dr. Ricardo

    Jorge (INSA).

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    7

    A.2. Microbiologia

    Setor destinado ao estudo microbiolgico de diversos produtos biolgicos e o que

    mais depende do analista clnico. As amostras que aqui chegam podem ter como finalidade

    estudos bacteriolgicos, parasitolgicos ou at micolgicos. Estas amostras podem ainda ser

    dos mais variados tipos, deste uma simples urina at exsudados vaginais, expetoraes, lavados

    brnquicos, LCR e outros fluidos biolgicos, ps, sangue (hemocultura), fezes, escamas da pele

    e unhas ou at dispositivos mdicos, como cateteres. Como tal requerem cuidados prprios

    durante a sua colheita.

    Os recursos humanos existentes no setor so constitudos por uma mdica especialista

    em patologia clnica, uma tcnica superior de sade e trs tcnicos de diagnstico e

    teraputica.

    Aps a receo das amostras so verificadas as condies de colheita, segundo as

    consideraes do manual das boas prticas para cada tipo de amostra, e quais os exames a

    executar. Pode ser necessrio fazer uma simples anlise quantitativa e qualitativa da urina ou

    uma observao do sedimento urinrio, com uma cuidadosa pesquisa e identificao de

    microrganismos responsveis por graves doenas respiratrias ou por uma septicmia, seguida

    da determinao do seu perfil de suscetibilidade aos antibiticos.

    Neste setor tambm essencial que se trabalhe em condies de assepsia e que a

    escolha dos meios a inocular seja muito bem pensada, de forma a obter uma boa recuperao

    dos microrganismos que pensamos ser causadores da situao patolgica para podermos

    prosseguir os estudos. O microscpio tico representa um dos mais valiosos suportes que

    nos pode guiar num diagnstico preliminar.

    No setor de microbiologia so tambm efetuados o CQI e o CQE. O CQI efetuado

    periodicamente com estirpes conhecidas, adquiridas comercialmente, s quais so aplicadas as

    tcnicas usadas na rotina. Periodicamente tambm executado o CQE do INSA no qual so

    fornecidas amostras cegas e solicitado que sejam processadas normalmente e que os

    resultados obtidos sejam enviados. Posteriormente so fornecidos os resultados esperados

    pela AEQ.

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    8

    B. Hormonologia/ Imunologia

    B.1. O Setor

    O setor da endocrinologia/imunologia , provavelmente, o mais desenvolvido no

    servio de patologia clnica, o que compreensvel j que o IPOCFG E.P.E uma unidade

    hospitalar de oncologia. Os recursos humanos do setor so compostos por profissionais de

    sade, entre os quais, tcnicos superiores de sade especialistas e tcnicos de diagnstico e

    teraputica.

    A hormonologia e a imunologia so dois setores que ocupam o mesmo espao fsico

    comportando-se estrutural e organizacionalmente como um grande setor. De entre todos os

    outros, este o setor de maiores dimenses e est dividido em vrios espaos. Num deles,

    encontram-se os autoanalisadores de imunoqumica onde so estudados marcadores tumorais

    e hormonas, e realizados testes de avaliao cardaca e monitorizao de frmacos, alm da

    serologia infeciosa. Possui ainda espaos apropriados execuo de tcnicas manuais. Esta

    rea est tambm dedicada ao registo, processamento e validao das amostras do setor. Um

    outro espao est destinado ao estudo eletrofortico e imunofixao das protenas tendo

    ainda um contador gamma, uma estufa, uma centrfuga refrigerada, uma ultracentrfuga e uma

    hotte. Dentro do setor existe, ainda, um microscpio de fluorescncia para estudos especficos

    de autoimunidade.

    O sistema informtico do setor de endocrinologia/imunologia possui um software de

    processamento de dados, independente dos outros setores, que atribui a cada doente um

    nmero de registo independente e interno para melhor organizao e distribuio do servio.

    Os tubos so identificados por cdigo de barras com numerao sequencial, para alm do

    nmero do dia de registo e do nmero de identificao do paciente (nmero de processo).

    Este sistema permite que os autoanalisadores funcionem em rede (LIS) com o software central.

    Alm disso a comunicao feita em modo query bidirecional, isto , so enviados para os

    equipamentos os parmetros a dosear e estes correspondem com os resultados, completando

    o pedido por doente. O processo finalizado com a validao biopatolgica.

    Este sistema utiliza perfis analticos internos (MAM, PUL, DI, TI,) consoante os

    parmetros a determinar e que facilitam o registo informtico e informam o profissional de

    sade sobre o percurso que cada amostra tem de fazer.

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    9

    Neste setor a maioria das determinaes so executadas no soro ou no plasma. Os

    tubos sem preparao so os mais utilizados por este setor e contm microesferas que

    aceleram a coagulao e permitem uma separao fsica entre o soro e as clulas.

    Determinaes como a hormona adrenocorticotrfica (ACTH) e as metanefrinas plasmticas,

    so executadas em tubos com sangue contendo cido etilenodiaminotetractico (EDTA),

    colhido e separado a frio, enquanto que para a renina o sangue colhido e separado

    temperatura ambiente. So realizadas determinaes na urina tais como o iodo, protena de

    Bence-Jones, metanefrinas, cido 5-OH-indolactico e cido vanilmandlico.

    B.1.1. Equipamentos, princpios de funcionamento e tcnicas manuais

    Este setor constitudo por diversos tipos equipamentos, que no geral executam

    diferentes tarefas e determinaes. De seguida sero descritos aqueles com os quais tive maior

    contacto e que geralmente tem maior carga de trabalho.

    B.1.1.1. Siemens IMMULITE 2000 e VersaCell System

    Analisador de imunologia da Siemens. Este

    sistema realiza ensaios tendo como base a

    tecnologia de quimioluminescncia (CLIA) e utiliza

    esferas de poliestireno com anticorpos especficos

    adsorvidos superfcie como fase slida.(2, 3) Cada

    esfera dispensada num tubo de reao com

    caractersticas prprias que serve como recipiente

    de incubao, lavagem e desenvolvimento do sinal. De seguida a amostra incubada com o

    anticorpo marcado com uma enzima (fosfatase alcalina) sendo que, posteriormente, a mistura

    separada da esfera atravs de uma rotao a alta velocidade do tubo de reao sobre o seu

    prprio eixo vertical, fazendo com que o material excedente se acumule numa cmara superior

    do tubo. Segue-se uma srie de 4 lavagens para assegurar que a esfera fica desprovida de

    qualquer frao no ligada. A frao ligada ento quantificada utilizando como substrato

    quimioluminescente o dioxetano que, ao reagir com a fosfatase alcalina ligada esfera,

    promove a emisso de luz. A intensidade de luz emitida detetada por um fotomultiplicador

    sendo o resultado, calculado com base numa curva

    padro. Podem ser realizados ensaios em sandwich

    ou competitivos.(2, 3)

    Fig. 1 Siemens IMMULITE 2000

    Ilustrao 2 Representao esquemtica das diferentes fases da anlise executada pelo IMMULITE

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    10

    B.1.1.2. BRAHMS KRYPTOR

    Analisador de imunologia para

    doseamento de marcadores tumorais cujo

    princpio de funcionamento se baseia na

    tecnologia TRACE (Time Resolved Amplified

    Cryptate Emission). Esta tecnologia consiste na

    transferncia de energia no radioativa entre dois

    marcadores fluorescentes em que um funciona

    como dador (criptato de eurpio) e o outro

    como recetor (XL665). Trata-se de um ensaio imunomtrico tipo sandwich em que os dois

    anticorpos especficos do antignio a dosear esto marcados com um fluorocromo.(4)

    Este tipo de interao requer uma proximidade fsica entre o dador e aceitador de

    modo que s quando se forma um complexo com o antignio que o fluorocromo aceitador

    eficazmente excitado. A formao do complexo antignio-anticorpo e a consequente

    transferncia de energia do criptato para o XL665 permite o prolongamento temporal e a

    intensificao do sinal de fluorescncia do XL665. A intensidade de sinal obtido ser

    proporcional concentrao do antignio.(4)

    Estes ensaios baseiam-se no princpio de ensaio homogneo sendo, deste modo,

    dispensados os processos demorados de separao e lavagem e tornado possvel a execuo

    de medies sem interromper a reao. Isto permite uma anlise cintica que logo no incio

    da incubao capaz de reconhecer amostras altamente concentradas possibilitando que

    sejam automaticamente diludas por um fator de diluio apropriado e ento analisadas

    novamente.(4)

    Ilustrao 3 Representao esquemtica do processo de excitao e amplificao

    Fig. 2 Brahms Kryptor

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    11

    B.1.1.3. Roche cobas e 411

    Analisador de imunologia baseado na

    tecnologia de eletroquimioluminescncia

    (ECLIA).(5) Este equipamento utiliza

    micropartculas revestidas com

    estreptavidina, anticorpos monoclonais

    especficos biotinilados e anticorpos

    monoclonais especficos para cada analito,

    marcados com um quelato de rutnio. Todos estes compostos reagem entre si formando um

    complexo tipo sandwich. Esta mistura ento fixada magneticamente, graas as

    micropartculas de estreptavinina, na superfcie de um eltrodo permitindo que todo o

    material no fixado seja removido. Por fim, aplicada uma corrente eltrica no eltrodo que

    induz uma emisso quimioluminiscente, por parte do rutnio, que medida por um

    fotomultiplicador. Neste caso a concentrao do analito ser diretamente proporcional

    intensidade do sinal.(6)

    Este equipamento poder tambm executar ensaios competitivos que no lugar do

    antignio monoclonal especfico para o analito, utilizado um derivado do analito marcado

    com o complexo de rutnio que ir competir diretamente com o da amostra do doente pelo

    local de ligao do anticorpo especfico biotinilado. A concentrao do analito ser

    inversamente proporcional intensidade do sinal.

    Fig. 3 cobas e 411

    Ilustrao 4 Representao esquemtica dos princpios de funcionamento do equipamento da Roche. esquerda o mtodo sandwich. direita o mtodo competitivo

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    12

    B.1.1.4. Thermo Scientific KoneLab 30

    Equipamento cujo princpio de funcionamento a

    imunoturbidimetria. A turbidimetria baseia-se na deteo

    tica de partculas muito pequenas suspensas em lquido por

    decrscimo da luz transmitida. Quando o anticorpo

    especfico reage com o analito presente na

    amostra formam-se imunocomplexos

    insolveis que induzem uma turbidez que

    medida por espetrofotometria. Esta turbidez ser proporcional concentrao de analito na

    amostra.

    B.1.1.5. DiaSorin Liaison

    Equipamento destinado principalmente

    determinao dos marcadores cardacos e serologia

    infeciosa, baseado no princpio da quimioluminescncia

    clssica. Distingue-se do Immulite por utilizar partculas

    paramagnticas revestidas com os anticorpos

    monoclonais especficos e os anticorpos policlonais

    estarem conjugados com um derivado do isoluminol.(7)

    B.1.1.6. Siemens BN ProSpec

    Equipamento baseado na tecnologia de

    nefelometria e especialmente dedicado ao doseamento

    de protenas especficas. Possvel substituto do KoneLab

    dada a sua tecnologia mais avanada que

    apesar do princpio ser o mesmo da

    turbidimetria difere no sistema de deteo.

    Ao invs de ser medido o decrscimo da intensidade de

    luz, medida a luz que dispersa, tornando a determinao mais precisa.

    Fig. 4 KoneLab

    Fig. 5 Liaison

    Fig. 6 ProSpec

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    13

    B.1.1.7. Siemens Viva-E

    Sistema destinado monitorizao de frmacos e

    baseado na tecnologia EMIT (Enzyme Multiplied Immunoassay

    Technique). um ensaio imunoenzimtico homogneo

    competitivo no qual o analito alvo, presente na amostra, e um

    frmaco marcado enzimaticamente (G6PDH) competem pela

    ligao ao mesmo anticorpo. Na presena de frmaco na

    amostra, o frmaco marcado enzimaticamente no se liga ao anticorpo permitindo que esta

    enzima reaja com um substrato. A velocidade de formao deste produto ento determinada

    fotometricamente e a concentrao do frmaco ser calculada por comparao com a

    velocidade obtida em diferentes concentraes do frmaco conhecidas.(8)

    B.1.1.8. Pharmacia Diagnostics UniCAP 100 E

    Equipamento destinado ao estudo das alergias e que

    tambm se baseia nas tcnicas imunoenzimticas heterogneas.

    Difere, no entanto, no sistema de deteo uma vez que so

    utilizados anticorpos marcados com um fluorocromo contra o

    antignio/ anticorpo de interesse. A intensidade de

    fluorescncia ser proporcional a quantidade do analito na

    amostra.

    B.1.1.9. Sebia Hydrasys

    Equipamento semiautomtico destinado

    eletroforese e imunofixao de protenas.

    constitudo por dois mdulos que funcionam de

    modo independente. O da esquerda destinado

    corrida eletrofortica sendo apenas necessrio

    colocar o gel de agarose e um pente aplicador da

    amostra. No caso de ser uma imunofixao ainda

    necessrio um passo extra no qual usada uma mscara que serve para aplicar os anticorpos.

    O mdulo da direita destina-se colorao e secagem do gel de forma a revelar o resultado.

    Fig. 7 Viva-E

    Ilustrao 5 Repesentao esquemtica do prncipo de funcionamento do Viva-E

    Fig. 8 UniCAP 100 E

    Fig. 9 Hydrasys

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    14

    B.1.1.10. Tcnicas Manuais

    B.1.1.10.1. Imunolgicas

    Consoante a tcnica a executar o princpio do

    teste pode ser a RIA (Radio Immuno Assay mtodo

    competitivo) ou a IRMA (Immuno Radiometric Assay

    mtodo sandwich). Estas tcnicas implicam o uso de

    material radioativo (anticorpos monoclonais marcados

    com 125I) e de um leitor da radiao gamma emitida pelo

    radioistopo. (9) Apresentam no entanto, diversos

    inconvenientes, quer de ordem tcnica, quer de segurana para o analista que manipula este

    tipo de substncias. Entre outras, o marcador radioativo tem uma semi-vida curta pelo que os

    kits tm de ser utilizados dentro do curto prazo estabelecido pela firma, so tcnicas muito

    demoradas, com longos perodos de incubao e muitos passos que requerem grande prtica

    de manuseamento por parte do analista. Por estas razes estes mtodos tem vindo a ser

    substitudos, sempre que possvel, pelos de quimioluminescncia e de fluorescncia.

    B.1.1.10.2. Cromatogrficas

    As tcnicas manuais cromatogrficas so utilizadas para a quantificao dos metabolitos

    excretados na urina. Estas tcnicas usam colunas de extrao que contm resinas de modo a

    permitirem a remoo diferencial do metabolito de interesse. Numa primeira etapa, fica retido

    na coluna e s aps a adio de cloreto de sdio (NaCl) que eludo. Posteriormente

    quantificado por espetrofotometria.

    B.1.2. Controlo de Qualidade

    Diariamente, e antes do incio do trabalho, so efetuados dois nveis de CQI para todos

    os parmetros doseados em cada equipamento. Uma vez executados, so avaliados segundo

    as regras de Westgard. Neste setor existe, ainda, a possibilidade destes controlos internos

    serem comparados e consultados atravs de um software informtico com todos os

    laboratrios que usem os mesmos kits e os mesmos equipamentos. Isto no s permite avaliar

    o desempenho do laboratrio, como tambm permite despistar causas provveis para o desvio

    aos valores esperados. So tambm realizados periodicamente controlos de AEQ, sendo que,

    este setor participa em dois diferentes programas, o Randox International Quality Assessment

    Scheme (RIQAS), e do Instituto Nacional de Sade Dr. Ricardo Jorge (INSA).

    Fig. 10 Contador Gamma

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    15

    Sempre que se trate de uma tcnica manual realizado o controlo apropriado em

    simultneo com as amostras, podendo tambm ser includo um controlo de qualidade externo

    sempre que pretenda fazer esta avaliao.

    B.2. Marcadores Tumorais

    Um marcador tumoral (MT) pode ser definido como uma molcula biologicamente

    estvel e com caractersticas muito variveis, cujo aparecimento ou alterao da sua

    concentrao, poder alertar para a gnese, presena ou evoluo de um tumor de

    caractersticas malignas.(10) O estabelecimento de uma classificao universal no fcil pois

    cada um deles poderia pertencer a mais que um grupo. No entanto, podem considerar-se

    genericamente dois grandes grupos de marcadores tumorais, por um lado as molculas

    produzidas de novo ou em maior quantidade pelas clulas malignas do que pelo tecido normal,

    por outro, molculas que foram induzidas pelo prprio hospedeiro em resposta clulas

    malignas possivelmente presentes.(11)

    Deste modo um marcador tumoral poder ser qualquer tipo de molcula, com

    qualquer tipo de funo biolgica, desde enzimas e hormonas, at antignios de funo

    desconhecida ou oncoprotenas. A sua principal utilidade a possibilidade de manipulao

    clnica de doentes com cancro, auxiliando nos processos de diagnstico, estadio da doena,

    avaliao da resposta teraputica, deteo de recidivas e prognostico. (10)

    Como no existe um marcador ideal, e porque as suas elevaes podem estar

    associadas a processos fisiolgicos ou de progresso benigna, importante no esquecer que

    Ilustrao 6 Principais marcadores tumorais

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    16

    os marcadores tumorais servem apenas como exame de diagnstico complementar devendo

    ser solicitados devidamente enquadrados com o quadro suspeito e juntamente com outros

    mtodos de diagnstico clnico.

    B.2.1. Alfa-fetoprotena (AFP)

    A alfafetoprotena uma protena produzida pelo feto em desenvolvimento com

    importantes funes de transporte plasmtico e de manuteno da presso onctica que

    diminui depois do nascimento e permanece baixa em crianas e adultos. Pode estar elevada

    em doentes portadores de tumores gastrointestinais e hepatocarcinoma mas tambm nos

    casos de hepatite e cirrose. (10, 11)

    Tem como principal utilidade a monitorizao do hepatocarcinoma sendo que a sua

    presena sugere persistncia da doena e a sua concentrao relaciona-se com a massa

    tumoral. Pode ser ainda utilizada na monitorizao teraputica do carcinoma testicular.(10)

    B.2.2. Calcitonina

    Trata-se de uma hormona polipeptdica secretada pelas clulas C parafoliculares da

    tiroide. Juntamente com a paratormona (PTH) regula o metabolismo do Clcio e do Fsforo

    no organismo. Em resposta ao aumento dos nveis sricos de clcio a sua principal funo a

    inibio da reabsoro ssea pela regulao do nmero e atividade dos osteoclastos.(10, 11)

    A sua maior utilidade como marcador tumoral no seguimento de doentes com

    carcinoma medular da tiroide. utilizado no diagnstico precoce em doentes de risco (histria

    familiar) e os seus nveis parecem correlacionar-se com a massa do tumor e com a presena

    de metstases. Pode ainda estar elevado em doenas como anemia perniciosa, insuficincia

    renal crnica, cirrose alcolica, hiperparatiroidismo e doena de Paget ssea.(10)

    B.2.3. Antignio Carcinoembrionrio (CEA)

    Produzido pelas clulas da mucosa gastrointestinal, est principalmente relacionado

    com o carcinoma colo-retal e particularmente til para avaliao do estadio, monitorizao

    teraputica e prognstico da doena. tambm um marcador complementar frequentemente

    associado a outros marcadores, sendo encontrados nveis sricos elevados em neoplasias

    malignas do pulmo, pncreas, trato gastrointestinal, trato biliar, tiroide, colo do tero, ovrio

    e mama. Estes nveis podem ainda elevar-se em doentes com metstases.(10, 11)

    Distrbios benignos como cirrose alcolica, doena de Crohn, doenas hepticas,

    doenas intestinais, doena fibrocstica da mama, bronquite, tabagismo e insuficincia real

    podem tambm gerar elevaes do CEA.(10)

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    17

    B.2.4. CYFRA 21.1

    um fragmento da citoqueratina 19 encontrado no soro. Este marcador tem alta

    sensibilidade para o carcinoma de clulas escamosas e um fator de mal prognstico no

    carcinoma de clulas escamosas do pulmo. Encontra-se tambm elevado no carcinoma

    pulmonar de no pequenas clulas, cancro da bexiga, do colo uterino e da cabea e pescoo.

    Aumentos inespecficos podem ser encontrados em algumas patologias benignas pulmonares,

    gastrointestinais, ginecolgicas urolgicas e de mama.(10, 11)

    As suas concentraes esto correlacionadas com o processo crescente do tumor e

    so particularmente uteis na monitorizao do decurso da doena.(10)

    B.2.5. CA 15.3

    o marcador tumoral, por excelncia, do cancro da mama sendo mais especfico e

    sensvel que o CEA. A sua sensibilidade varia de acordo com a massa tumoral e estadio clinico

    sendo altamente sensvel na doena disseminada. A concentrao correlaciona-se com a

    progresso da doena e a sua diminuio est associada regresso tumoral. No entanto, no

    tem valor diagnstico na doena precoce.(10, 11)

    A grande utilizao do CA 15.3 no diagnstico precoce de recidiva, precedendo os

    sinais clnicos em at 13 meses.

    Nveis elevados podem ser observados em varias outar neoplasias como cancro do

    ovrio, pulmo, colo do tero, hepatocarcinoma e linfomas. Situaes benignas como hepatite

    cronica, tuberculose, sarcoidose e lpus eritematoso sistmico tambm podem levar

    elevao do CA15.3.(10)

    B.2.6. CA 19.9

    Marcador tumoral indicado para a determinao do estadio e monitorizao do

    tratamento do cancro do pncreas e trato biliar e, quando associado ao CEA, no follow-up do

    cancro colo-retal. (10, 11)

    O CA 19.9 possui uma sensibilidade variada consoante a localizao do tumor podendo

    tambm positivar no carcinoma hepatocelular, gstrico, mama, pulmo e da cabea e pescoo.

    Outras doenas como cirrose heptica, pancreatite, doena infamatria intestinal e doenas

    autoimunes tambm podem levar sua elevao.(10)

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    18

    B.2.7. CA 72.4

    Tambm denominado TAG-72, este marcador tem elevada especificidade para o

    cancro, mas baixa sensibilidade de rgo. No entanto, em associao com o CEA, o MT de

    primeira escolha para despiste do carcinoma do estmago e um MT complementar do CA

    125 para o carcinoma do ovrio. Contrariamente ao CA 125, apresenta-se elevado no

    carcinoma mucinoso do ovrio e dada a sua especificidade permite a discriminao entre

    tumor maligno e doenas benignas gastrointestinais. ainda til na monitorizao teraputica

    e controlo de recidiva de carcinomas do trato gastrointestinal.(10, 11)

    Aumentos discretos do marcador podem ser encontrados em processos inflamatrios

    e em doenas benignas gastrointestinais.

    B.2.8. CA 125

    Produzido por uma variedade de clulas o MT de eleio no carcinoma do ovrio,

    mais particularmente dos adenocarcinomas serosos. Atualmente, a sua principal funo a

    monitorizao da resposta teraputica e o follow-up dos doentes com cancro epitelial do ovrio

    j que a elevao deste MT pode ocorre dois a doze meses antes de qualquer evidncia clnica

    de recorrncia.(10, 11)

    Doentes com carcinoma da mama, tero (endomtrio e colo), pulmo, estmago e

    colo-retal tambm podem estar associados sua elevao.(10)

    Podem ainda encontrar-se nveis elevados desta mucina em mulheres grvidas ou

    durante a menstruao, em condies benignas como endometriose e quistos no ovrio e em

    pessoas com cirrose, hepatite ou pancreatite.

    B.2.9. Enolase NeuroEspecfica (NSE)

    A NSE uma enzima glicoltica encontrada em tecido neuronal e nas clulas do sistema

    neuroendcrino. utilizado como auxiliar de diagnstico do carcinoma de pequenas clulas

    do pulmo, no entanto, tem sido tambm detetado em doentes com neuroblastoma,

    carcinoma medular da tiroide, tumores carcinoides, tumores do pncreas endcrino e

    melanoma. Parece ser til na monitorizao do tratamento e os seus nveis correlacionam-se

    com o estadio da doena, apesentando utilidade prognstica, e at possibilidade de antever

    uma recidiva da doena.(10, 11)

    Este marcador possui uma fonte de erro pr-analtica importante, que o facto dos

    eritrcitos, clulas plasmticas e plaquetas possurem NSE e, portanto, caso haja hemlise ou

    se a centrifugao do sangue for executada tardiamente podem-se gerar falsas elevaes.

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    19

    Situaes benignas como insuficincia renal, pneumopatias e traumatismos cranianos podem

    ser causa de aumentos inespecficos.(11)

    B.2.10. Antignio Especfico da Prstata (PSA)

    Protena produzida tanto por clulas prostticas normais como patologicas. O nvel de

    PSA no sangue pode estar elevado tanto em homens cujo crescimento da prstata seja benigno

    (comuns em homens idosos) como maligno no permitindo aos mdicos fazer esta distino.

    Todavia, um nvel elevado de PSA alerta sempre para a necessidade de outros testes para

    determinar a presena, ou no, do tumor. Doseamento da PSA total juntamente com a PSA

    livre (com o clculo razo (PSAL x 100) /PSAt) e um exame mdico como o toque retal

    tornam-se fundamentais para o estabelecimento do diagnstico.(10, 11)

    O teste de PSA excelente para a monitorizao da resposta ao tratamento do cancro

    da prstata. O nvel srico declina aps tratamento curativo (embora nveis normais no

    excluam carcinoma persistente), enquanto nveis crescentes indicam doena residual e

    progressiva. O PSA no serve como mtodo de triagem devido aos baixos nveis deste

    marcador nos estadios de desenvolvimento iniciais.(10)

    Elevaes dos nveis sricos podem ainda ser observadas em doentes com patologias

    prostticas no malignas tais como Hiperplasia Benigna da Prstata e prostatite ou devido a

    procedimentos cirrgicos ou de manipulao prosttica durante procedimentos mdicos.(10)

    B.2.11. Antignio do Carcinoma de Clulas Escamosas (SCCA)

    Glicoprotena de superfcie celular que se correlaciona com o estadio de

    desenvolvimento clinico e decurso dos carcinomas das clulas escamosas do colo uterino,

    pulmo, cabea e pescoo. Embora este marcador possa ser til na monitorizao destas

    neoplasias, a baixa especificidade e sensibilidade em estadios precoces limitam o seu papel na

    deteo precoce e diagnstico.(11, 12)

    Valores elevados de SCC antes do tratamento parecem estar associados a um mal

    prognstico.(12)

    B.2.12. Tireoglobulina (TG)

    Glicoprotena produzida pelas clulas foliculares da tiroide. a protena percursora das

    iodotironinas (T3 e T4) e a sua velocidade de sntese est dependente da TSH. Pode ser usada

    como MT do carcinoma da tiroide, folicular ou papilar mas como qualquer doena relacionada

    com a massa ou com o aumento da atividade do tecido tiroideu poder tambm induzir o

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    20

    aumento dos nveis sricos de TG, esta protena no tem grande valor na discriminao entre

    doena benigna ou maligna. (11, 12)

    Apresenta, porm um importante papel na abordagem do tumor da tiroide pois

    permite a monitorizao da progresso da doena depois da tiroidectomia total. Aps a

    cirurgia a TG srica pode elevar-se temporariamente, retomando aos nveis normais dentro

    de 4 a 6 semanas. Nveis residuais ou recorrentes devem levantar suspeita de recidiva local ou

    metstases.(13)

    Aumentos no especficos podero ocorrer na tiroidite autoimune, adenoma toxico

    tiroideio e bcio.

    B.2.13. -hCG

    Frao beta da Gonadotropina Corinica Humana que normalmente secretada pela

    placenta durante a gravidez. Devido aos elevados nveis de HCG no sangue e na urina de quase

    todas as mulheres com doena trofoblstica constitui um excelente marcador tumoral para

    essa doena. Elevaes deste MT podem ainda estar associadas presena de cancro das

    clulas germinativas (testculo e ovrio).(10, 11)

    Doentes com patologias benignas como, doena inflamatria do intestino, lceras

    duodenais e cirrose ou cancros da mama, pulmo, pncreas, ovrio ou gastrointestinais podem

    induzir elevao dos nveis de HCG.(12, 13)

    B.2.14. 2-Microglobulina

    Polipeptdeo associado a complexo major de histocompatibilidade HLA-tipo I e, por

    isso, expresso em quase todas as clulas nucleadas.(10)

    O seu aumento no soro tem sido associado a uma variedade de doenas malignas

    incluindo o mieloma mltiplo, linfoma e tumores slidos. Nveis elevados de BMG

    correlacionam-se com o volume tumoral e com a elevao dos nveis creatinina srica que so

    importantes fatores na determinao do desenvolvimento e prognstico no mieloma mltiplo.

    Nveis sricos elevados de BMG tm tambm mostrado valor preditivo de insucesso

    teraputico e sobrevida insatisfatria em doentes com linfoma. (10, 13)

    Por estas razes tornou-se um marcador utilizado poa monitorizar o mieloma mltiplo

    e algumas leucemias e linfomas.

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    21

    B.3. Hormonas Sexuais

    Sobre a regulao do eixo hipotalmico-hipofisrio-gnadal as hormonas sexuais

    desempenham um papel muito importante na regulao de inmeros processos fisiolgicos

    tais como a maturao das clulas sexuais (vulos e espermatozoides) e desenvolvimento de

    caracteres sexuais secundrios. (12)

    O hipotlamo produz a hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH), que por sua

    vez vai estimular a hipfise a secretar a hormona folculo-estimulante (FSH) e a hormona

    luteinizante (LH) que consoante se encontrem em indivduos do sexo masculino ou do sexo

    feminino iro exercer funes distintas.

    B.3.1. Prolactina

    uma hormona sintetizada na hipfise anterior e cuja secreo esta sob o controlo do

    hipotlamo. O rgo alvo da prolactina a glndula mamria feminina adulta. Durante a

    gravidez ajuda a promover o aumento glandular e depois do parto, inicia e mantm a lactao.

    Nos homens promove o crescimento e desenvolvimento da prstata.

    A hipersecreo de prolactina est associada hipogonadismo em ambos os sexos. Nos

    homens uma hiperprolactinmia pode levar inibio da sntese de testosterona com

    consequente diminuio da espermatognese e infertilidade. Nas mulheres pode levar

    supresso da ovulao resultando em amenorreia e infertilidade.

    O doseamento da prolactina srica ainda importante na deteo de desordens

    hipotalmicas e da hipfise.(12)

    B.3.2. Gonadotrofinas FSH (Hormona Folculo-Estimulante) e LH (Hormona

    Luteinizante)

    So hormonas libertadas pela hipfise anterior, sob estmulo do hipotlamo. Nos

    ovrios as gonadotrofinas estimulam o crescimento e amadurecimento do folculo e por

    conseguinte, a biossntese de estrognios e progesterona. Nas mulheres a FSH estimula o

    amadurecimento dos folculos ovricos e quando na presena de LH, promove a secreo de

    estrognios pelos folculos maduros. J a LH induz a posterior a ovulao e a formao do

    corpo lteo que, sobre libertao pulstil da LH, secreta progesterona e estradiol. Nos

    homens a FSH estimula a espermatognese pelas clulas de Sertoli nos testculos e a LH

    responsvel pela produo de testosterona pala clulas de Leydig.(12)

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    22

    A FSH ainda importante no diagnstico e monitorizao da eficcia teraputica em

    distrbios da hipfise e das gonadas e a LH no diagnstico de anomalias testiculares e de

    infertilidade.

    B.3.3. Estradiol

    Hormona esteroide pertencente ao grupo dos estrognios e sintetizada,

    principalmente, nos folculos ovricos, corpo lteo e placenta a partir do colesterol.

    responsvel pelo desenvolvimento das caractersticas sexuais secundrias femininas

    nomeadamente o desenvolvimento do peito, distribuio dos plos corporais e deposio de

    gordura. A sua sntese dependente dos nveis de FSH e LH e varia durante o ciclo menstrual.

    O seu doseamento til no estudo da puberdade precoce nas raparigas e da

    ginecomastia no homem. igualmente til no doseamento diferencial da amenorreia e na

    monitorizao da induo da ovulao.(12)

    B.3.4. Progesterona

    Hormona esteroide sintetizada pelo corpo lteo no perodo ovulatrio e pela placenta

    durante a gravidez cuja secreo dependente da LH. A sua principal funo preparar o

    tero para a possvel implantao do blastocisto e manter essa gravidez. Atua tambm em

    associao com a prolactina na preparao da glndula mamria para a lactao.

    O doseamento da progesterona utilizado para a deteo da ovulao e de alteraes

    do ciclo menstrual, bem como no diagnstico e tratamento de doenas dos ovrios ou da

    placenta.(12)

    B.3.5. Testosterona

    Principal andrognio secretado pelos testculos e pelas glndulas adrenais. Esta

    hormona promove o desenvolvimento e crescimento dos testculos e o desenvolvimento dos

    caracteres sexuais secundrios masculinos como a disposio dos plos corporais, aumento

    da lbido e da massa muscular e da agressividade.

    O doseamento da testosterona executado principalmente quando se suspeita de

    hipogonadismo no homem. Nas mulheres um aumento do seu nvel srico pode estar

    relacionado com tumores no ovrio ou hiperplasia das glndulas adrenais.(12)

    B.4. Hormanas de Avaliao da Funo Tiroideia

    A glndula da tiroide constituda por 2 lbulos ligados por um istmo e localiza-se na

    parte posterior do pescoo. A sua estrutura folicular, a nica entre as glndulas endcrinas,

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    23

    esta relacionada com a sua dependncia funcional do oligoelemento, iodo, para a sntese das

    hormonas tiroideias.(12)

    A principal funo da glndula da tiroide a produo e armazenamento das hormonas

    tiroideias triidotironina (T3) e tetraiodotironina (T4). A produo destas hormonas ocorre

    aps estimulao das clulas pela hormona da hipfise, TSH (Hormona Estimuladora da

    Tiroide) que por sua vez previamente regulada pela TRH (Hormona libertadora da

    tiriotrofina) ao nvel Hipotalmico.(12)

    Na circulao sangunea T3 e a T4 podem circular ligadas a um transportador ou sobre

    a forma livre sendo nesta ltima que elas exercem atividade biolgica.

    B.4.1. Hormona estimuladora da tiroide (TSH)

    Tambm designada de hormona tireotrfica, uma glicoprotena sintetizada pelo

    lbulo anterior da hipfise e que se liga aos recetores da TSH permitindo estimular e regular

    a produo das hormonas da tiroide T3 e T4.

    O doseamento desta hormona permite o diagnstico diferencial do hipotiroidismo e a

    monitorizao da teraputica de substituio das hormonas da tiroide. Em casos de

    hipertiroidismo, os valores de TSH encontram-se normalmente reduzidos, por outro lado, em

    casos de hipotiroidismo os nveis sricos de TSH esto elevados.(12)

    B.4.2. Tetraiodotironina (T4)

    A T4 a principal hormona da tiroide e encontra-se maioritariamente ligada a protenas

    transportadoras plasmticas.

    Valores baixos de T4 so encontrados no hipotiroidismo e nas carncias de iodos

    enquanto que valores elevados ocorrem no hipertiroidismo e nas subcargas de iodo. A frao

    livre da T4 a que reflete melhor o estado funcional da tiroide j que no influenciada pelas

    variaes fisiolgicas das protenas transportadoras como a albumina e a TGB.

    Em casos de gravidez e de doentes sujeitos a teraputicas base de estrognio e em

    hiperproteinmias verifica-se um aumento da T4 total por aumento das protenas plasmticas

    de transporte. Doentes com neoplasias hepticas ou gastrointestinais assim como deficincia

    gentica da TGB (protena ligadora da tiroxina) apresentam valores de T4 total diminudos.(12)

    B.4.3. Triiodotironina (T3)

    Esta hormona e proveniente na grande maioria da desiodinao perifrica da T4 e uma

    pequena parte da secreo da tiroide. Pode encontrar-se ligada a protenas de transporte ou

  • HORMONOLOGIA/ IMUNOLOGIA

    24

    sobre forma livre que a fisiologicamente ativa. O doseamento desta forma livre sempre a

    mais indicada para a avaliao de patologias associadas tiroide j que no alterada por

    variaes de concentrao/produo das protenas transportadoras das hormonas da tiroide.

    A elevao dos nveis de T3 livre no soro ocorre em situaes de hipertiroidismo e de doenas

    autoimunes da tiroide.(12)

    A T3 total utilizada deteo de casos de hipertiroidismo, no entanto, existem outras

    patologias no relacionadas com a tiroide que elevam a concentrao de T3.

    B.5. Eletroforese de protenas

    A eletroforese das protenas uma anlise

    muito til, usada na rotina laboratorial das anlises

    clnicas, com vista deteo de anomalias no perfil

    proteico. Esta anlise baseia-se na separao

    consoante a carga eltrica de superfcie, o peso

    molecular e a estrutura proteica. Deste modo as

    protenas percorrem diferentes distncias formando

    as bandas denominadas de albumina, 1-globulina,

    2- globulina, -globulina e -globulina que

    posteriormente so quantificadas. (14)

    Observa-se diminuio da concentrao de albumina em situaes que promovam a

    sua perda, por baixa ingesto proteica ou elevado catabolismo. As fraes -globulina

    apresentam nveis aumentados em processos inflamatrios, infeciosos e imunes. O aumento

    das -globulinas observado em situao de perturbao do metabolismo lipdico ou anemia

    ferropriva. A ausncia ou diminuio da banda- indica imunodeficincias congnitas ou

    adquiridas. J o seu aumento sugere elevao policlonal das imunoglobulinas, associado a

    condies inflamatrias, neoplsicas ou infeciosas. Um aumento monoclonal pode ser

    observado no mieloma mltiplo e em outras desordens linfoproliferativas como a

    macroglobulinemia de Waldenstrm.(14)

    B.6. Imunofixao de protenas

    A imunofixaao uma tcnica que se destina deteo de protenas monoclonais no

    soro humano, por eletroforese em gel de agarose. Esta tcnica geralmente realizada quando

    detetada uma gamopatia monoclonal no proteinograma ou quando os valores da frao das

    -globulinas esto muito acima do normal.

    Ilustrao 7 Representao de um perfil eletrofortico normal

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    25

    As protenas so separadas por eletroforese em meio alcalino e depois

    imunoprecipitadas com antissoros de diferentes especificidades: anti-cadeias pesadas (IgG),

    (IgA) e (IgM) e anti-cadeias leves e (livres e ligadas). (15)

    Para se identificar de forma precisa a

    natureza das bandas monoclonais, cada amostra

    testada com todos os antissoros

    simultaneamente. Depois da eletroforese, a pista

    ELP serve de referncia onde no foi adicionando

    qualquer antissoro mostrando assim o perfil

    eletroforetico das protenas da amostra. As

    restantes cinco pistas permitem a caracterizao

    da(s) banda(s) monoclonal(ais). Ilustrao 8 Representao de uma imunofixao de protenas em gel de agarose

  • HEMATOLOGIA

    26

    C. Hematologia

    C.1. O Setor

    No setor da Hematologia trabalham diversos profissionais de sade, empenhados em

    fornecer os melhores resultados. Entre estes, encontram-se tcnicos de diagnstico e

    teraputica, tcnicos superiores de sade e mdicos especialistas em patologia clnica.

    O local de trabalho est dividido em vrias reas, sendo uma delas dedicada realizao

    dos hemogramas, velocidades de sedimentao (VS), observao microscpica de esfregaos

    sanguneos e s tcnicas manuais em geral, e a outra hemstase e citometria de fluxo. Dispe

    ainda de uma sala polivalente onde se determinam parmetros analticos por biologia molecular

    relacionados com a patologia hematolgica.

    Tal como nos restantes setores, na hematologia as amostras seguem um circuito

    especfico pelo que, logo aps a admisso dos devidos tubos, estes so separados e etiquetados

    conforme se destinem a cada uma das reas referidas. Na primeira rea, as amostras com

    pedido de VS e hemograma so primeiramente colocadas num agitador de tubos passando de

    seguida para o contador de clulas e depois para a determinao da VS. Para pedidos de

    coagulao e hemstase, assim como citometria de fluxo, so efetuadas colheitas especficas

    para o efeito. Posteriormente, e se necessrio, realizado o esfregao sanguneo, antes das

    amostras serem arrumadas.

    relevante referir que, neste setor, o volume de sangue um dos fatores mais

    importantes a ter em conta. Aquando da colheita, e no prprio setor, o volume de sangue no

    tubo deve ser verificado, j que os efeitos de diluio do anticoagulante ou a

    hemoconcentrao podem conduzir a alteraes nos resultados.

    C.1.1. Equipamentos, princpios de funcionamento e tcnicas manuais

    No global existem sete equipamentos a funcionar neste setor. Dois contadores de

    clulas, um analisador de VS, dois analisadores de coagulao e hemstase, um citmetro e

    um analisador biomolecular. Os contadores de clulas e os analisadores de coagulao e

    hemstase geralmente so utilizados alternadamente, a no ser para confirmao dos

    resultados, caso se justifique.

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    27

    C.1.1.1. Beckman Coulter LH 750

    Trata-se de um contador de clulas. Este equipamento

    baseia-se no Principio de Coulter, na medio fotomtrica e

    na tecnologia VCS. Pelo princpio de Coulter ou princpio da

    impedncia cada partcula (clula) suspensa num lquido

    condutor (diluente) pode ser vista como um isolador que

    medida que atravessa uma abertura aumenta

    momentaneamente a resistncia ao percurso eltrico entre os

    dois eltrodos submersos. Desta forma, originado um

    impulso eltrico que pode ser detetado e medido. Enquanto o nmero de impulsos indica a

    contagem das partculas, a sua amplitude ser proporcional ao volume que cada partcula

    ocupa, neste caso, ao volume celular. (16-18)

    Ilustrao 9 Mtodo Coulter para contagem e determinao do tamanho celular

    A medio fotomtrica destina-se exclusivamente medio da concentrao de

    hemoglobina. Neste mtodo, um feixe de luz branca proveniente de uma lmpada

    incandescente passa atravs de um filtro de comprimento de onda de 525 nm e depois atravs

    da cuvete, sendo medida a intensidade de luz no detetor. A absorvncia do pigmento ser

    proporcional concentrao de hemoglobina na amostra. (16, 17)

    Por outro lado, a tecnologia VCS aplicada na contagem diferencial de leuccitos

    utilizando trs variveis correspondentes ao volume celular individual, condutividade de alta

    frequncia e disperso de luz lazer (Ilustrao 10). Uma corrente de baixa frequncia mede

    o volume dos leuccitos. Como as paredes da clula atuam como condutores de corrente de

    alta frequncia, esta corrente ao atravessar as paredes e o interior de cada clula, permite

    detetar as diferenas nas propriedades isoladoras destes componentes. So desta forma

    caracterizados os constituintes nucleares e granulares e a composio qumica do interior da

    clula. Por fim, atravs da disperso da luz lazer possvel caracterizar a superfcie celular. (16,

    17)

    Fig. 11 Beckman Coulter LH 750

  • HEMATOLOGIA

    28

    Ilustrao 10 Tecnologia VCS. esquerda aplicada a corrente de baixa frequncia. Segue-se a de alta

    frequncia e por fim a disperso lazer. direita pode ser observada a perspetiva tridimensional

    C.1.1.2. ALIFAX TEST1 BCL

    Analisador automtico fechado, destinado medio de VS.

    A 37C e aps uma centrifugao a aproximadamente 20g, a

    microssedimentao eritrcitaria medida quantitativamente por

    uma tecnologia baseada em fotometria capilar. Este sistema utiliza

    um microfotmetro de infravermelho com um comprimento de

    onda de 950 nm durante 20 segundos. Os impulsos eltricos so

    ento medidos atravs de um detetor de fotododos e sero

    diretamente proporcionais concentrao de eritrcitos. Por fim traada uma curva e os

    dados so convertidos nos valores de Westergren atravs de um modelo de regresso linear.

    (19)

    C.1.1.3. Instrumentation Laboratory ACL TOP 500

    Este um analisador utilizado para estudos de

    coagulao e hemstase. A deteo do cogulo

    efetuada atravs da tecnologia fotomtrica sendo

    executados neste caso dois tipos de testes, os

    coagulomtricos e os imunolgicos. Os

    coagulomtricos baseiam-se no princpio da

    turbidimetria. Usando um comprimento de onda de 671 nm e uma deteo a 180 medido

    Fig. 12 TEST1 BCL

    Fig. 13 ACL TOP 500

    Ilustrao 11 Representao esquemtica do princpio de funcionamento

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    29

    o decrscimo da luz transmitida medida que o cogulo se vai formando Os testes

    imunolgicos baseiam-se no princpio da imuno-turbidimetria em que, aps a formao de um

    complexo Antignio-Anticorpo, medido o decrscimo da luz por turbidimetria. Podem ser

    usados os comprimentos de onda de 405 ou 671 nm em funo do teste. (20)

    C.1.1.4. Beckman Coulter FC500-MCL

    Trata-se de um equipamento automatizado que

    utiliza a citometria de fluxo. O sistema constitudo por

    uma fonte de radiao, cmara de fluxo, unidades de filtros

    ticos para seleo de um intervalo de comprimento de

    onda especfico e fotododos ou fotomultiplicadores para

    a deteo e processamento dos sinais de interesse. Aps

    injetar a suspenso celular, atravs da focagem

    hidrodinmica do fluxo de amostra, as clulas iro passar de forma individual e em regime

    laminar atravs da cmara. Posteriormente, estas clulas so intercetadas pelo feixe de

    radiao de excitao, que sofre disperso, quer na direo frontal (forward scattering), quer

    lateral (side scattering) e que revelam informaes sobre a morfologia celular tal como a

    dimenso e complexidade, respetivamente. Compostos celulares, passveis de se ligarem a

    corantes fluorescentes, so tambm detetados e permitem a diferenciao seletiva de

    subpopulaes com base na combinao de vrios fluorocromos e respetiva emisso de

    fluorescncia.(21)

    Ilustrao 12 Representao esquemtica da configurao do FC 500

    C.1.1.5. Cepheid GeneXpert

    O GeneXpert um equipamento automatizado

    fechado, para anlise de biomolecular baseado na Reao em

    Cadeia da Polimerase em Tempo Real (Real-Time PCR). Este

    mtodo combina a amplificao, do tradicional mtodo de

    PCR, com a deteo e quantificao em tempo real, atravs

    da monitorizao contnua da fluorescncia emitida medida

    Fig. 14 Beckman Coulter FC500

    Fig. 15 GeneXpert

  • HEMATOLOGIA

    30

    que os produtos se vo formando. Deste modo todos os processos de amplificao, deteo

    e quantificao de DNA realiza-se numa s etapa sendo possvel obter resultados rapidamente.

    C.1.1.6. Tcnicas manuais

    A maioria das tcnicas manuais, existentes no setor de hematologia, tem vindo a ser

    menos utilizada devido ao aparecimento de tcnicas mais eficazes, precisas e com tempos de

    resposta mais curtos, como o caso dos modernos contadores de clulas e os citmetros de

    fluxo. Neste lote incluem-se as tcnicas de contagem de reticulcitos e plaquetas, a Fosfatase

    Alcalina Leucocitria, Mieloperoxidade, cido Peridico de Schiff, Fosfatase cida e as

    Esterases, todas realizadas no estgio mas apenas didaticamente. As tcnicas utilizadas com

    maior frequncia so a Colorao de Wright e a Colorao de Perls (Ferro).

    C.1.1.6.1. Esfregao sanguneo

    Qualquer uma das tcnicas manuais implica sempre a realizao prvia de um esfregao

    sanguneo seguida da secagem e colorao. Desta forma torna-se essencial que este seja bem

    executado, pois s assim permitir uma boa identificao das clulas sanguneas. Um dos

    primeiros aspetos a ter em considerao o tamanho da gota de sangue pois pretende-se um

    esfregao fino de modo que se forme apenas uma camada de clulas. O esfregao deve

    apresentar bordos retos, longos e contnuos e ser uniforme, sem apresentar buracos ou

    linhas de interrupo. Com isto, asseguramos uma mais fcil observao morfolgica e

    contagem ao microscpio tico. Esta observao importante que se realize no centro do

    esfregao onde as clulas esto melhor distribudas e ntegras.

    Ilustrao 13 Representao esquemtica da realizao de um esfregao sanguneo

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    31

    C.1.1.6.2. Colorao de Wright

    Consiste na combinao de um corante cido (Eosina) com um corante bsico (Azul

    de Metileno). Aps esta colorao ser possvel fazer a frmula leucocitria assim como a

    observao das caractersticas morfolgicas das clulas. Tais estudos so realizados sempre

    que os resultados ou a situao clinica o justifique. Enquanto os ncleos devem apresentar

    diversos tons de prpura, os citoplasmas podero variar de azul a cor-de-rosa; eosinfilos

    tero grnulos cor-de-laranja claros e os basfilos grnulos grossos e azuis-escuros. (22)

    C.1.1.6.3. Colorao de Perls

    Destina-se colorao histolgica do ferro em fragmentos de medula ssea. Baseia-se

    na reao do azul da Prssia em que o ferro inico reage com ferrocianeto cido produzindo

    uma cor azul. especialmente usada para avaliar os depsitos de ferro em fragmentos de

    medula ssea e identificao de sideroblastos e sidercitos. (23)

    C.1.2. Controlo de Qualidade

    Alm do CQI dirio para cada um dos equipamentos este setor participa tambm em

    dois programas de AEQ, do RIQAS e INSA. Diariamente so executados, antes do incio do

    Ilustrao 14 Demonstrao de um esfregao sanguneo

    Ilustrao 15 Colorao de perls num fragmento de medula ssea

  • HEMATOLOGIA

    32

    trabalho, trs diferentes nveis de controlo e os resultados obtidos so tratados e avaliados

    segundo as regras de Westgard.

    No que respeita coagulao e hemstase, o CQE feito de igual modo. No entanto,

    no caso do CQI, alm do que feito com os restantes equipamentos, a cada mudana dos

    reagentes ou a cada 100 testes o equipamento executa automaticamente novo controlo de

    forma a verificar se os resultados continuam dentro dos limites de aceitabilidade.

    C.2. Hemograma

    sem dvida um dos exames complementares de diagnstico mais requisitados e que

    permite a quantificao dos elementos celulares do sangue tais como eritrcitos, leuccitos e

    plaquetas. Este exame , deste modo, fundamental para o estudo da funo hematolgica. No

    entanto, consoante a situao clnica do doente, pode ser necessria uma anlise mais

    cuidadosa dos elementos celulares, que para alm de uma simples quantificao implica

    tambm um estudo morfolgico que pode se realizado atravs de um esfregao sanguneo.

    Uma colheita e um processamento apropriado da amostra de sangue essencial para

    a obteno de um bom hemograma. Assim, aps uma cuidadosa venipuntura, o sangue

    transferido para um tubo contendo anticoagulante, no caso o EDTA tripotssico (EDTA-3K),

    cujo objetivo bloquear o clcio necessrio ocorrncia da coagulao ao mesmo tempo que

    conserva a morfologia dos leuccitos e eritrcitos permitindo tambm uma contagem das

    plaquetas mais correta. No entanto, quando em excesso, este anticoagulante pode alterar

    morfologicamente os eritrcitos, que ficam com um aspeto crenado, diminuir o hematcrito

    e o volume corpuscular mdio, aumentar a concentrao de hemoglobina corpuscular mdia

    e promover a aglutinao das plaquetas levando a contagens falsamente baixas

    (pseudotrombocitopenia).(24)

    C.2.1. Eritrograma

    Os eritrcitos, alm de serem as clulas mais abundantes do organismo humano,

    caracterizam-se pela ausncia de ncleo, mitocndrias e ribossomas e por apresentarem a

    forma de disco bicncavo. esta forma que lhes permite ter uma extensa rea de superfcie

    em relao ao volume citoplasmtico amentando assim a eficincia da difuso das trocas

    gasosas. Alm disso como cerca de 98% da protena presente no citoplasma dos eritrcitos

    circulantes a hemoglobina estas clulas so altamente especializadas no fornecimento de O2

    aos tecidos e o retorno de CO2 dos tecidos para os pulmes. O eritrograma destina-se, assim,

    ao rastreio, quantificao e diagnstico causal das anemias e poliglobulias e consiste na

    determinao de trs parmetros quantitativos, a contagem dos eritrcitos (RCB),

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    33

    concentrao de hemoglobina (Hgb) e hematcrito (Hct), e de trs ndices que permitem

    descrever as caractersticas qualitativas, o volume corpuscular mdio (MCV), hemoglobina

    corpuscular mdia (MCH) e a concentrao de hemoglobina corpuscular mdia (MCHC). (18,

    25)

    C.2.1.1. Contagem de Eritrcitos

    Inicialmente, esta contagem era realizada em cmara de contagem ao microscpio.

    Contudo, dada a impreciso desses mtodos, atualmente feita recorrendo a mtodos

    automticos, mais precisos, e que realizam as contagens em sangue total diludo em meio

    isotnico. O nmero de eritrcitos , assim, medido diretamente pelo princpio de Coulter, e

    multiplicado pelo fator de calibrao.(16, 18)

    C.2.1.2. Concentrao de Hemoglobina

    Como a hemoglobina uma protena dotada de uma colorao forte, a sua

    quantificao possvel recorrendo a mtodos espetrofotomtricos. Deste modo, as vrias

    formas de hemoglobina presentes no sangue podem ser convertidas num componente comum

    estvel, a cianometahemoglobina. A absorvncia deste composto ser proporcional

    concentrao de hemoglobina presente, sendo o valor desta protena expresso em grama por

    decilitro de sangue (g/dl).(16, 18)

    C.2.1.3. Hematcrito

    Corresponde ao volume relativo dos eritrcitos existentes no sangue total, no

    coagulado. A forma original para a sua determinao passava pela centrifugao do sangue total

    em tubo capilar lendo-se de seguida a altura da coluna de eritrcitos. No entanto, apesar da

    reprodutibilidade, era sistematicamente inexato.(18) O resultado expressa-se em

    percentagem e atualmente um parmetro calculado pelo autoanalisador, multiplicando o

    nmero de eritrcitos pelo volume corpuscular mdio.(16)

    C.2.1.4. Volume Corpuscular Mdio

    Este parmetro representa o volume mdio dos eritrcitos e til na classificao das

    anemias (normocticas, macrocticas e microcticas). Geralmente determinado pelos

    autoanalisadores recorrendo ao histograma de RBCs mas pode ser calculado pelo quociente

    entre o hematcrito e o nmero total de eritrcitos. Expressa-se em fentolitros (fL).(18)

  • HEMATOLOGIA

    34

    C.2.1.5. Hemoglobina Corpuscular Mdia

    Representa a quantidade mdia de hemoglobina por cada eritrcito expressa em

    picogramas (pg) e um parmetro calculado pelo quociente entre a hemoglobina e o nmero

    total de eritrcitos.(18)

    C.2.1.6. Concentrao de Hemoglobina Corpuscular Mdia

    O valor que obtido representa a concentrao mdia de hemoglobina por eritrcito

    permitindo avaliar a cromia (normocromia ou hipocromia). Pode ser calculada atravs do

    quociente entre a hemoglobina e o hematcrito e expressa-se em grama por decilitro

    (g/dL).(18)

    C.2.1.7. Amplitude de distribuio de eritrcitos (RDW)

    O RDW corresponde distribuio do tamanho da populao de eritrcitos calculados

    a partir do histograma de RBC. Expressa-se em coeficiente de variao (CV) % e permite a

    avaliao da heterogeneidade volumtrica das populao de eritrcitos. Atravs desta

    determinao, caso se demonstre, por exemplo, um valor acima do limite normal, poder ser

    sugestivo de anisocitose alertando o profissional de sade que o poder confirmar atravs de

    um esfregao.(18)

    C.2.1.8. Reticulcitos (RET)

    A eritropoiese corresponde ao processo atravs do qual a partir de clulas tronco

    indiferenciadas, presentes na medula ssea, se formam os eritrcitos e encontra-se sob a

    regulao da eritropoetina (EPO). Ao longo deste processo de maturao o ncleo acaba por

    ser expelido persistindo, no entanto, os organelos necessrios sntese proteica mas que vo

    sofrendo progressivo catabolismo. Quando so usados os corantes habituais, este RNA

    ribossomal, atribui aos eritrcitos imaturos uma colorao acinzentada geralmente designada

    de policromasia que nem sempre fcil de ser observada ao microscpio. Usando uma

    colorao supravital como o caso do novo azul-de-metileno ocorre precipitao destes

    ribossomas formando grnulos corados de azul de fcil observao e que nos confirmam a

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    35

    presena de reticulcitos. Atravs desta contagem ser assim possvel avaliar o funcionamento

    da medula em resposta a alteraes na contagem de eritrcitos. Existem no entanto diversas

    partculas no RNA, nomeadamente corpos de Heinz e de Howell-Jolly, que facilmente so

    confundveis induzindo o profissional de sade a contagens falsamente elevadas. (18, 25)

    C.2.2. Leucograma

    Geralmente os leuccitos so divididos em dois grandes grupos, os polimorfonucleares

    (PMN), ou granulcitos, que incluem os neutrfilos, eosinfilos e basfilos e os

    mononucleares (MN), ou agranulcitos, que incluem os moncitos e os linfcitos. Enquanto

    os granulcitos se caracterizam por terem um citoplasma com grnulos especficos, um ncleo

    segmentado e irregular, os agranulcitos possuem um ncleo grande, mais regular e sem

    segmentaes, sendo o citoplasma desprovido de granulao especfica.(18)

    a partir destas caractersticas que se determina o leucograma e que se torna possvel

    a contagem de leuccitos, a determinao da frmula leucocitria e a quantificao e avaliao

    morfolgica destas diferentes populaes celulares. A quantificao ser particularmente til

    para identificar situaes de infeo e seguir o progresso de certas doenas e terapias, como

    leucemias e linfomas alertando, no caso, o profissional de sade para o recuso a metodologias

    mais sofisticadas.

    C.2.2.1. Neutrfilos

    Tambm denominados PMN, so os leuccitos mais abundantes no sangue perifrico

    do adulto. Caracterizam-se por ter um ncleo com cromatina densa e segmentada em 2 a 5

    lbulos. O citoplasma abundante, apresenta uma granulao fina de origem lisossmica,

    contendo principalmente enzimas hidrolticas e cora de rosa aps colorao de Wright. Por

    vezes podero aparecer no sangue perifrico os neutrfilos em basto que correspondem aos

    neutrfilos que ainda no completaram o seu desenvolvimento.(25)

    Ilustrao 16 esquerda possivel observar a aparncia dos reticulcitos. Ao centro corpos de Heinz. direita corpos de Howell-Jolly

  • HEMATOLOGIA

    36

    C.2.2.2. Eosinfilos

    Apresentam um ncleo com 2 a 3 lbulos e uma cromatina densa e sem nuclolos. O

    citoplasma caracteriza-se pela forte presena de grnulos com afinidade para corantes cidos,

    que aps colorao de Wright adquirem uma colorao laranja e por isso so facilmente

    identificados por microscopia. Participam nos mecanismos

    de defesa contra corpos estranhos e parasitas estando

    ainda envolvidos nas reaes alrgicas

    e na remoo de fibrina formada

    durante o processo inflamatrio. (25)

    C.2.2.3. Basfilos

    So os leuccitos menos numerosos do sangue perifrico. Caracterizam-se por terem

    abundantes grnulos citoplasmticos, que geralmente cobrem o ncleo por completo, e que

    tm uma grande afinidade para corantes bsicos, adquirindo uma cor azul escura aps

    colorao de Wright. O ncleo, quando visvel, apresenta-se pouco segmentado mas com dois

    a trs lbulos. A sua principal funo consiste em libertar heparina de forma a evitar a formao

    do cogulo e histamina para promover a vasodilatao,

    permitindo assim a migrao dos neutrfilos,

    moncitos e eosinfilos aos locais de

    inflamao. Esto tambm envolvidos nas

    reao de hipersensibilidade imediata. (25)

    C.2.2.4. Moncitos

    Os moncitos, juntamente com os macrfagos e clulas dendrticas constituem o

    sistema mononuclear fagoctico cuja principal funo a fagocitose. So clulas com ncleo

    no lobulado, irregular e geralmente com a forma de feijo ou ferradura, em posio central

    ou excntrica na clula. O citoplasma abundante e adquire uma colorao azul-acinzentada

    Ilustrao 17 Aparncia dos neutrfilos ao microscpio tico. esquerda um neutrfilo maduro direita um imaturo ou em basto

    Ilustrao 18 Aparncia dos eosinfilos ao microscpio

    tico

    Ilustrao 19 Aparncia de um basfilo ao microscpio tico

  • MAC - RELATRIO DE ESTGIO

    37

    no apresentando grnulos especficos. Na corrente sangunea so capazes de eliminar fatores

    de coagulao ativados, limitando o processo de coagulao, eliminar protenas desnaturadas

    e complexos antignio-anticorpo. Em resposta inflamao,

    migram para os tecidos onde se diferenciam em

    macrfagos e eventualmente clulas

    dendrticas desempenhando importante papel

    no desenrolar da resposta imunitria. (25)

    C.2.2.5. Linfcitos

    Juntamente com os moncitos so tambm clulas MN, no entanto apresentam um

    ncleo regular que ocupa grande parte da clula e cromatina muito condensada que cora de

    azul-escuro aps colorao de Wright. O citoplasma no tem grnulos especficos e apresenta

    uma cor azul clara. Existem duas importantes populaes de linfcitos, os linfcitos B (LB),

    B de bone marrow por completarem a sua maturao na medula ssea, e os linfcitos T

    (LT), T de thymus por completaram a sua maturao no timo. Enquanto os LB so

    responsveis pela imunidade humoral, atravs da produo e libertao de anticorpos capazes

    de neutralizar os antignios, os LT esto envolvidos na imunidade celular e subdividem-se

    genericamente em LT CD4+ (auxiliares) e LT CD8+ (citotxicos). Os LT CD4+ medeiam a

    defesa do organismo atravs da libertao de citocinas que vo ativar, entre outras clulas, os

    LB e os macrfagos. Os LT CD8+ esto mais envolvidos na resposta contra antignios

    endgenos, por exemplo peptdeos virais, atravs da produo de perforinas e granzimas e

    ainda na atividade antitumoral. Ao microscpio tico pode observar-se que, quando os

    linfcitos se encontram ativados, apresentam o citoplasma

    mais volumoso e mais basoflico sendo sugestivo da

    existncia de um processo

    inflamatrio mesmo que no se

    verifique leucocitose.(25)

    C.3. Velocidade de Sedimentao (VS)

    um teste no especfico mas frequentemente utilizado para medir a velocidade de

    sedimentao dos eritrcitos no plasma durante o perodo de uma hora. Para a sua realizao

    utilizado o mesmo tubo, contendo EDTA, em que previamente se realizou o hemograma.

    A composio do plasma um dos fatores que mais diretamente influencia a velocidade

    de sedimentao globular pois, um aumento da presena de protenas plasmticas como o

    fibrinognio e as imunoglobulinas, provocam alteraes da carga de superfcie dos eritrcitos,

    Ilustrao 21 Aparncia dos linfcidos ao microscpio tico

    Ilustrao 20 Aparncia de um moncito ao microscpio tico

  • HEMATOLOGIA

    38

    normalmente carregados negativamente, favorecendo a sua agregao e consequente

    formao de rouleaux e aglutinados eritrocitrios que aumentam a VS. Fatores relacionados

    com os eritrcitos como o seu tamanho tambm iro causar alteraes nestes valores.

    Num individuo saudvel ou com uma situao patolgica no inflamatria, a VS

    apresenta um valor at 20 mm/h. Este valor geralmente vem alterado em condies patolgicas

    do tipo infecioso ou inflamatrio embora possam ocorrer causas no patolgicas como a

    gravidez que tambm podem alterar a VS. Fatores de origem pr-analtica como a

    concentrao de anticoagulante e hemlise tambm a podero alterar.(26)

    C.4. Hemstase

    Na realizao de estudos de hemstase, alm dos cuidados j referidos para o

    hemograma, a amostra tem, no entanto, de ser colhida para um tubo prprio contendo o

    citrato de sdio (9:1). Apesar deste anticoagulante tambm bloquear o processo de coagulao