Relatorio microbiologia

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farinha

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  • Universidade Nova de Lisboa

    Faculdade de Cincias e Tecnologia

    Mestrado em Tecnologia e Segurana Alimentar 1Ano -1Semestre

    Indicadores Biolgicos na Qualidade Agro-Industrial Docente Ana Lcia Monteiro Duro Leito

    Mdulo 2

    ANLISE MICROBIOLGICA A UMA FARINHA PARA USO

    DOMSTICO

    Elaborado por:

    Ana Jlia Benites

    Marlene Fernandes

    Rubina Iquebal

    Turma Ps-Laboral

    Monte da Caparica, 03 de Dezembro de 2014

  • 1. INTRODUO

    A farinha um alimento rico em glcidos e fibras e a tecnologia do seu

    fabrico simples, porm exige alguns cuidados fundamentais durante o seu

    desenvolvimento para garantir um produto de qualidade, tais como a seleo

    de matria-prima adequada, higiene e cuidados durante todo o processo de

    fabrico at a obteno do produto final. A qualidade pode ser delimitada

    atravs do controlo de qualidade analtico com a execuo de testes fsico-

    qumicos e microbiolgicos, este ltimo serve para avaliar o nvel de

    contaminao microbiolgica do produto (Ferreira et al., 2004; Lima et al.,

    2007).

    As contaminaes microbiolgicas podem ocorrer em todas as etapas

    pelas quais passam os produtos agrcolas, desde a colheita at o

    processamento, embalagem, transporte e armazenamento, sendo inmeros os

    fatores que podem interferir no crescimento microbiano, como o teor de

    humidade, o contedo de oxignio, as caractersticas higinicas da matria-

    prima, a temperatura, o tempo de armazenamento, entre outros (Marcia e

    Lazzari, 1998; Souza et al., 2004).

    Segundo a Portaria n 254/2003 de 19 de Maro de 2003 consideram-

    se no conformes as farinhas que tenham sido atacadas por quaisquer fungos

    ou bactrias ou apresentem outros microrganismos em nveis que apresentem

    um risco para a sade e que cuja presena seja evidenciada pela alterao do

    aspeto fsico, exame microscpico e pela anlise qumica ou microbiolgica. J

    a Resoluo brasileira n 12, de 02 de Janeiro de 2001 afirma que amidos,

    farinhas, fculas e fub, em p ou flocados devem estar ausentes de

    Salmonella em 25g de produto e apresentar no mximo 3x103 UFC de B.

    cereus/g e 1x102 UFC de coliformes fecais/g.

    Devido sua baixa atividade da gua a farinha considerada um

    produto microbiologicamente estvel, embora isto no signifique que

    necessariamente haja inativao e/ou destruio dos microrganismos

    possivelmente presentes neste substrato, como no caso de fungos, que

    somente nestas condies podem ocorrer o crescimento de xerfilos ou

    xerotolerantes como Eurotium, Aspergillus e Penicillium, que possuem elevada

    capacidade de esporulao. No entanto, ambas as legislaes portuguesa e

  • brasileira no determinam um limite de contaminao por fungos, mas apesar

    disso quase todas empresas fabricantes de farinha possuem esta exigncia,

    sendo mais rigososos que a legislao em vigor, como no caso da empresa X e

    Y (que so denominadas desta forma devido a confidencialidade) que

    determinam contagem mxima de bolores e leveduras

  • A E. coli um microrganismo do grupo dos coliformes fecais,

    patognico, Gram-positivo, anaerbio facultativo, possui a capacidade de

    fermentar acares e no produz esporos, no entanto, responsvel pela

    produo de toxinas. Apesar de estar presente nas fezes e guas residuais

    domsticas, constitui um dos indicadores de poluio no ambiente, podendo

    ser encontrada no ar de forma acidental, nos locais pblicos e nos alimentos

    (Alves, 2012; Mendes e Oliveira, 2004).

    A ingesto deste microrganismo atravs de gua ou de alimentos

    contaminados pode causar doenas gastrointestinais que variam a intensidade

    dependendo da estirpe do microrganismo, podendo apresentar sintomas desde

    diarreias at ao desenvolvimento de doenas que causam insuficincia renal

    aguda e trombose (Alves, 2012).

    Para a deteo de microrganismos nos alimentos, como no caso de

    fungos e Escherichia coli, pode-se utilizar o mtodo de contagem padro em

    placas, que permite conhecer o nmero exato de microrganismos presentes no

    produto que se est a analisar. A sementeira deste mtodo pode ser por

    incorporao, quando adicionado placa primeiramente o inculo com

    posterior adio do meio de cultura ou por espalhamento, no qual a placa

    contm o meio solidificado onde lhe adicionado um certo volume da diluio

    que espalhado com uma ansa. No mtodo por incorporao as colnias

    crescem entre o gar e no mtodo de espalhamento o crescimento d-se

    superfcie do gar (Lightfoot e Maier, 2003).

    O objetivo deste trabalho foi pesquisar a presena de fungos e

    Escherichia coli numa farinha para uso domstico e comparar com os limites

    aceitveis descritos na legislao e literatura para verificar se esta se encontra

    em condies para consumo.

    2. MATERIAIS E MTODOS

    2.1 Amostra

    A amostra analisada foi farinha de trigo para uso domstico.

  • 2.2 Material

    Cmara de fluxo laminar horizontal modelo Steril-Helios;

    Estufa (Memmert);

    Agitador Vortex;

    Placas de Petri;

    Tubos de ensaio;

    Pipetas (2,0 mL e 20,0 mL).

    Bico de Bunsen.

    Espalhador

    2.3 Reagentes

    Diluente (Triptona 1,0 g/L; NaCl 8,5 g/L);

    Meio de cultura para crescimento de fungos (Peptona de soja 5,0 g/L;

    Glucose 10,0 g/L; KH2PO4 1,0 g/L; MgSO4. 7H2O 0,5 g/L; Rose Bengal

    0,05 g/L; Cloranfenicol 0,1 g/L; Agar 13,0 g/L);

    Meio de cultura para crescimento de E. coli (Triptona 20,0 g/L; Sais de

    Bilis n31,5 g/L; acido 5-bromo-4-cloro-3-indoxil--D-glucornico (BCIG)

    75,0 mg/L; Agar 9,0g/L).

    2.4 Mtodo de pesquisa de crescimento de fungos

    Em primeiro lugar, realizou-se a preparao da suspenso me

    pesando-se assepticamente 0,104 g de amostra e adicionando-a num frasco

    com posterior adio de 9 mL do diluente, seguido de agitao. Realizou-se

    este procedimento com a finalidade de se obter uma diluio 1/10.

    A partir da suspenso me retirou-se 1 mL para o tubo de ensaio

    contendo 9 mL do diluente com o objetivo de obter uma diluio 1/100 e desse

    tubo foi retirado tambm 1 mL para outro tubo de ensaio contendo 9 mL de

    diluente para obter uma diluio 1/1000, sendo ambos os tubos seguidamente

    agitados no vortex para homogeneizar.

  • Para a pesquisa de fungos realizou-se um controlo negativo que neste

    caso foi o prprio diluente.

    Posteriormente, realizou-se sementeira por espalhamento ou

    superfcie das diluies 10-2 e 10-3 e do controlo negativo distribuindo 1 mL

    pelas placas de petri identificadas contendo o meio de cultura (Peptona de soja

    5,0 g/L; Glucose 10,0 g/L; KH2PO4 1,0 g/L; MgSO4.7H2O 0,5 g/L; Rose Bengal

    0,05 g/L; Cloranfenicol 0,1 g/L; Agar 13,0 g/L) sendo espalhada logo em

    seguida o inculo com um espalhador em forma de L.

    As placas foram ento incubadas a 251C durante 1202 horas. Aps o

    tempo de incubao as placas foram retiradas da estufa e acondicionadas sob

    refrigerao at o momento da contagem das colnias.

    2.5 Mtodo de pesquisa e contagem de Escherichia coli

    A soluo me para pesquisa de E. coli foi a mesma utilizada para a

    pesquisa de fungos (Item 2.4).

    Para a pesquisa de E.coli utilizou-se diluies 10-1 e 10-2, sendo a

    soluo me considerada a diluio 10-1. Para a preparao da diluio 10-2

    retirou-se 1 mL da soluo me e adicionou-se no tubo de ensaio contendo 9

    mL de diluente com posterior agitao no vortex.

    Diferente da pesquisa de fungos, neste caso utilizou-se um controlo

    positivo que consistia numa suspenso de E. coli -glucuronidase positiva.

    A sementeira foi realizada por incorporao. Com uma pipeta

    esterilizada retirou-se 1 mL de cada uma das diluies e do controlo positivo,

    ambos recm-agitados para homogeneizao adequada, adicionando-os em

    placas de Petri identificadas. Aps isto foi adicionado 15mL de meio de cultura

    (Triptona 20,0 g/L; Sais de Bilis n31,5 g/L; acido 5-bromo-4-cloro-3-indoxil--D-

    glucornico (BCIG) 75,0 mg/L; Agar 9,0g/L) arrefecido a cerca de 47C em

    cada placa, sendo ento levemente agitado para haver mistura entre o inculo

    e o meio de cultura.

    Aps a solidificao do meio as placas foram invertidas e incubadas em

    estufa a uma temperatura de 441C durante 18 a 24 horas. Transcorrido o

    tempo de incubao as placas foram retiradas da estufa e acondicionadas sob

    refrigerao at o momento de verificao e contagem das colnias.

  • 3. RESULTADOS

    3.1 Fungos

    Aps o perodo de incubao a 251C por 120 horas verificou-se que

    no houve crescimento de colnias nas diluies 10-2, 10-3 e no controlo

    negativo, como pode se pode ver na Figura 1.

    Neste caso o controlo negativo foi o prprio diluente, o que significa que

    a experincia foi vlida. Como no houve crescimento de colnias no foi

    necessrio realizar os clculos necessrios para determinar o teor total de

    fungos por grama de produto, visto que este resultado zero.

    Figura 1: Da esquerda para direita placa de Petri contendo diluio 10-3, 10-2 e

    controlo negativo.

    3.2 Escherichia coli

    Aps as 24 horas de incubao a 441C verificou-se que no houve

    crescimento de colnias azuis caractersticas de Escherichia coli--

    glucuronidase nas placas com diluies 10-1 e 10-2, ao contrrio do controlo

    positivo, que apresentou 33 UFC/mL como se pode ver na Figura 2.

    Se a amostra estivesse contaminada com Escherichia coli deveria haver

    nas placas de petris colnias brancas ou azuis. O aparecimento da colorao

    azul deve-se presena da enzima -glucuronidase produzida por este

    microrganismo, que reage com alguns constituintes do meio. No entanto,

    segundo Ramos e Simes (2006) cerca de 6% a 3% das estirpes de E. coli no

    possuem esta enzima, ento neste caso as colnias deveriam apresentar uma

    colorao branca.

  • Figura 2: Da esquerda para direita placa de petri contendo diluio 10-2, 10-1 e

    controlo positivo.

    4. DISCUSSO/CONCLUSO

    Os controlos so utilizados para indicar se uma anlise vlida, neste

    caso atravs dos resultados dos controlos obtidos pode afirmar-se que a

    anlise efetuada farinha foi vlida, isto porque como esperado no controlo

    negativo no houve crescimento de colnias ao contrrio do positivo. Sendo

    assim, a partir dos resultados obtidos conclui-se que a amostra de farinha est

    apta para consumo, visto no se ter verificado o crescimento dos

    microrganismos analisados.

    De acordo com a Resoluo brasileira n12 de 2001 caso a farinha

    obtivesse valores maiores que 1x102 para Escherichia coli a mesma estaria

    inapta para consumo e, em relao aos fungos, no h limites determinados

    pela legislao, porm algumas empresas fabricantes de farinha utilizam como

    parmetro permitindo que haja contagem mximo de bolores e leveduras

  • Neste presente trabalho o resultado adquirido do controlo positivo de E.

    coli -glucuronidase foi 33 UFC/mL, nmero inferior em relao aos outros

    grupos que, em alguns casos, chegaram a verificar o crescimento de 51

    UFC/mL. Este valor inferior pode ter sido causado por uma agitao

    insuficiente do tubo de ensaio contendo o controlo positivo antes de adicionar o

    volume necessrio placa de Petri, causando assim uma m homogeneizao

    da soluo e/ou tambm devido a possibilidade do meio de cultura estar mais

    quente do que deveria quando adicionado placa, destruindo assim alguns

    microrganismos presentes no controlo.

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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