Relatorio Monica Co

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Enfermagem MÔNICA DOS SANTOS MENDES RELATÓRIO ESTÁGIO CURRICULAR III – SERVIÇOS DA REDE HOSPITALAR HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE CENTRO OBSTÉTRICO Porto Alegre 2011

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de Enfermagem

MÔNICA DOS SANTOS MENDES

RELATÓRIO ESTÁGIO CURRICULAR III – SERVIÇOS DA REDE HOSPITALAR

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE CENTRO OBSTÉTRICO

Porto Alegre 2011

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MÔNICA DOS SANTOS MENDES

RELATÓRIO ESTÁGIO CURRICULAR III – SERVIÇOS DA REDE HOSPITALAR

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE CENTRO OBSTÉTRICO

Trabalho apresentado como requisito parcial de aprovação à disciplina Estágio Curricular III – Serviços da Rede Hospitalar da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Orientadora: Profa. Dra. Mariene Jaeger Riffel Supervisora: Enfa. Lúcia Chaves Pfitscher

Porto Alegre 2011

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL ............................................................................ 6

2.1 Caracterização do Campo ................................................................................... 6

2.2 Área Física do CO............................................................................................... 9

2.3 Caracterização da Equipe ................................................................................. 10

3 EXPERIÊNCIAS EM CAMPO DE ESTÁGIO ......................................................... 11

3.1 Trabalho de Parto Prematuro (TPP) ................................................................. 11

3.2 Hipertensão Gestacional .................................................................................. 12

3.3 Pré-eclâmpsia grave, Eclâmpsia e Síndrome de HELLP ................................ 12

3.4 Diabetes Mellitus Gestacional .......................................................................... 13

3.5 Corioamnionite .................................................................................................. 13

3.6 Pielonefrite Aguda ............................................................................................. 14

3.7 Pneumonia ......................................................................................................... 14

3.8 Descolamento Prematuro de Placenta (DPP) .................................................. 14

3.9 Fígado gorduroso .............................................................................................. 15

3.10 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ..................................................... 15

3.11 Hepatite B ......................................................................................................... 16

3.12 Gestação de feto morto ................................................................................... 16

3.13 Gestação prolongada ...................................................................................... 17

3.14 Gestação na infância/adolescência ............................................................... 18

3.15 Gestação de gemelar ....................................................................................... 18

4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM CAMPO DE ESTÁGIO .............................. 20

4.1 Atividades desenvolvidas na área de pré-parto .............................................. 20 4.1.1 Passagem de plantão na UCO ......................................................................... 20

4.1.2 Admissão de gestantes na UCO....................................................................... 20

4.1.3 Avaliação e evolução de enfermagem .............................................................. 21

4.1.4 Punção venosa periférica ................................................................................. 22

4.1.5 Administração de MgSO4 ................................................................................. 22

4.1.6 Métodos não-farmacológicos para o alívio da dor do trabalho de parto ........... 23

4.1.7 Preparo de gestantes para cesariana .......................................................... 23

4.1.8 Encaminhamento de parturientes à área restrita.......................................... 24

4.2 Atividades desenvolvidas na área restrita ............................................... 24

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4.2.1 Passagem de plantão ....................................................................................... 24

4.2.2 Revisão de berços aquecidos ........................................................................... 24

4.2.3 Atendimento a parturientes nas salas de parto................................................. 25

4.2.4 Atendimento a parturientes nas salas de cesariana ......................................... 26

4.2.5 Atendimento a RNs ........................................................................................... 27

4.2.6 Avaliação e alta da SRPP ................................................................................. 27

4.2.7 Transferência de puérperas e RNs para Unidade de Internação Obstétrica .... 28

4.2.8 Registro de informações sobre medicamentos controlados ............................. 29

5CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM CAMPO DE ESTÁGIO .................................................................................................................. 30

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

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1 INTRODUÇÃO

O presente relatório refere-se as minhas experiências como aluno da

atividade de Estágio Curricular III no Centro Obstétrico - CO - do Hospital de

Clínicas de Porto Alegre - HCPA -, no período de 23 de março a 02 de junho de

2011.

Consta deste relato uma breve descrição da caracterização da área física do CO do

HCPA, da equipe multiprofissional, das experiências e atividades desenvolvidas.

A realização de estágio no segundo semestre de 2009 neste mesmo local,

durante a disciplina de Saúde da Mulher remeteu-me ao interesse inicial pela área

de enfermagem no cuidado a mulher e pelo período que entendo ser o mais

significativo e intenso em sua vida – o nascimento de seu filho. Por isso, a vontade

de voltar a esta unidade e atuar de maneira mais intensa a fim de desenvolver

habilidades na área.

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2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL O Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi criado a partir da Lei 5.604, de 2 de

setembro de 1970, é vinculado academicamente à UFRGS e faz parte da rede de

hospitais universitários do Ministério da Educação. Tem como missão oferecer

serviços assistenciais à comunidade, ser área de ensino para a Universidade e

promover a realização de pesquisas científicas e tecnológicas. Está localizado na

Rua Ramiro Barcelos, nº 2350 - Largo Eduardo Zaccaro Faraco, Porto Alegre, RS.

O Serviço de Enfermagem Materno-Infantil do HCPA, chefiado pelas

Professoras Luzia Cunha e Virgínia Moretto, além de ser responsável pela equipe de

enfermagem da Unidade de Centro Obstétrico, Unidade de Internação Obstétrica e

Unidade de Neonatologia, tem como filosofia assistir mulheres no ciclo da gravidez,

parto e puerpério, assim como o recém nascido em situações de baixo e alto risco,

trabalhando com os princípios da política nacional de Humanização do Parto e

Nascimento a fim de promover interação precoce mãe-pai-bebê e estimular o

aleitamento materno.

2.1 Caracterização do Campo

O CO do HCPA está localizado no 12ª andar e comporta a Emergência

Obstétrica – EO -, a Sala de Deambulação, a Sala de Observação – SO -, o Posto

de Enfermagem, sete Salas de Pré-parto – SPP -, três Salas de Partos, duas Salas

de Cesarianas, a Sala de Recuperação Pós-parto, a Admissão Neonatal e outras

salas destinadas a equipe profissional.

A EO é centro de referência na busca de atendimento às urgências e

emergências obstétricas em nosso Estado. Além de prestar atendimento à gestantes

de diversas localidades em situações de riscos e agravos, são atendidas também

mulheres que procuram a assistência hospitalar para a resolução da gravidez. Todas

gestantes, independentes de sua referencia hospitalar, ao chegarem à Emergência

Obstétrica do HCPA são acolhidas e, de acordo com a classificação de risco que se

inserem são atendidas de acordo com sua necessidade. A Emergência Obstétrica

conta com uma recepção e dois consultórios. Após a primeira avaliação realizada

pela equipe médica a gestante que necessita realizar exames ou receber

medicações é encaminhada para sala de deambulação. Esta sala localiza-se na

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área aberta do CO, e a gestante fica sob a responsabilidade dos profissionais que

atendem a emergência. Estas mulheres são liberadas após a resolução do problema

identificado ou é indicada sua internação.

A SO conta com três leitos.

O Posto de Enfermagem conta com serviço de secretariado e área específica

para preparo e armazenamento de medicações, materiais e equipamentos.

Há sete salas de pré-parto. Cinco destas salas contam com amplas janelas

com vista para a cidade, para cada duas salas de trabalho de parto há um banheiro

de uso comum. Todas as salas de trabalho de parto possuem um quadro ilustrativo

das posições que podem ser adotadas pela parturiente durante seu trabalho de

parto, uma bola suíça, um leito para a parturiente e cadeira para seu acompanhante.

Cada mulher tem direito a um acompanhante de sua escolha durante o período que

se encontra nesta unidade. Numa das paredes, bem a vista de todos há um quadro

onde é registrado o nome da parturiente e de seu bebê. Ainda nesta sala há uma

pequena bancada onde estão dispostos materiais necessários para o atendimento

avaliação da mulher. Na cabeceira, fica disponibilizado um oxímetro de pulso,

bombas de infusão, suportes para soros e infundíveis, sonar, entre outros.

Os corredores do CO são utilizados para manter disponíveis e organizados

materiais como bandejas para atendimento de partos, para sondagem vesical e

tricotomia, carrinho para atendimento de parada cardiorrespiratória. Ao final deste

corredor encontram-se disponibilizadas banquetas para parto, cavalinho e barras

para apoio da parturiente.

O CO conta com uma sala para o pessoal médico, um vestiário feminino e

outro masculino, dois quartos destinados ao repouso da equipe médica, uma sala da

chefia de enfermagem, uma copa e cozinha, rouparia, expurgo e almoxarifado.

A área restrita do CO é o local onde se localizam três salas de parto vaginal,

duas salas de cesariana, uma sala de pesquisa e um amplo balcão onde ocorre a

passagem de plantões e onde estão armazenados os medicamentos controlados.

Possui também uma sala para recuperação da mulher após o parto e outra para a

admissão do neonato sadio.

Para circular neste local é utilizada indumentária específica tais como pro pés,

toucas e demais vestimentas cirúrgicas.

A Sala de Recuperação Pós-Parto (SRPP) possui quatro leitos e recebe

puérperas após partos vaginais ou cesarianas.

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A admissão neonatal é o local onde os recém-nascidos (RNs) recebem o

primeiro banho, são examinados e recebem medicações e vacina contra a hepatite

B.

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2.2 Área Física do CO

RECEPÇÃO EMERGÊNCIA

ENTRADA

BANHEIRO Consultório 1 Consultório 2

DEAMBU

SALA DE OBSERVAÇÃO

Posto de Enfermagem

Expurgo

PP7

PP6

PP5

PP4

PP3

PP2

PP1

Sala dos médicos

VESTIÁRIO FEMININO

VESTIÁRIO MASCULINO

Sala da Enfermagem Quarto médicos

Copa/cozinha quarto médicos

ROUPARIA

PROPÉS E TOUCA

ÁREA RESTRITA

ADMISSÃO NEONATAL

ATENDIMENTO RN

ATENDIMENTO RN ATENDIMENTO RN

SALA 2

SALA DE PARTO

SALA DE PARTO SALA DE CESÁREA

SALA DE CESÁREA

SALA DE PESQUISA

ELEVADOR NEONATAL

BANCADA PASSAGEM DE PLANTÃO

EXPURGO

ALMOXARIFADO

SRPP

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2.3 Caracterização da Equipe

A equipe multiprofissional do CO do HCPA é composta por enfermeiras,

técnicos de enfermagem, médicos obstetras contratados, residentes da obstetrícia e

doutorandos. A equipe de enfermagem é chefiada pela enfermeira Sônia Helena

Machado. Há cinco turnos de trabalho, ou seja, manhã, tarde, noites I, II e III. Em

cada turno há duas enfermeiras e 6 a 7 técnicos de enfermagem.

Desta forma, uma enfermeira fica responsável pelas mulheres internadas no

pré-parto e emergência e a outra, pelas mulheres internadas nas salas de parto, de

cesariana e sala de recuperação pós-parto (SRPP). Os RNs que recebem

atendimento na sala de admissão do CO são de responsabilidade de enfermeiros e

técnicos de enfermagem da Unidade de Neonatologia. Os técnicos de enfermagem

se revezam semanalmente conforme escala.

Existe também uma enfermeira assistencial para o sexto turno, ou seja, finais

de semana e feriados. As enfermeiras do CO não se incluem nas atividades de

Ações Diferenciadas (AD) uma vez que, devido a características específicas da área

obstétrica onde não há possibilidade de programação dos nascimentos, há

necessidade de manutenção do mesmo número de pessoal em todos os dias da

semana. A enfermagem participa, portanto, do cuidado nas 24 horas ao dia com

equipes equivalentes numericamente.

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3 EXPERIÊNCIAS EM CAMPO DE ESTÁGIO

Durante o período em que estagiei no CO do HCPA tive a oportunidade de

presenciar a internação de diversas gestantes por motivos diversos. Nestes

momentos consegui associar conhecimentos obtidos a partir de teorias com às

praticas no dia a dia.

Geralmente, gestantes procuram o serviço da maternidade no momento em

que evidenciam sinais e sintomas de trabalho de parto expressos como dores no

abdômen, no baixo ventre e nas costas. Tais sintomas podem vir acompanhados de

perdas via vaginal, como liquido claro com aspecto de “clara de ovo” ou raias de

sangue. Ao exame especular é observada mudança em seu colo uterino, como

apagamento cervical e dilatação. Em outros momentos a procura se dá devido a

ruptura prematura das membranas ovulares, conhecida como RUPREMA. Desta

forma a gestante internada no CO tem indicação para a indução do trabalho de

parto. Quando a busca é motivada pelo tempo de duração da gestação, como por

exemplo, idade gestacional maior que 41 semanas, a conduta também é a indução

do parto.

Existem outros motivos que levam as mulheres a buscar o serviço da

Emergência Obstétrica como os que seguem.

3.1 Trabalho de Parto Prematuro (TPP)

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) considera gravidez pré-termo aquela

cuja idade gestacional encontra-se entre 22 e 37 semanas. Afirma ainda que para se

obter o diagnóstico de trabalho de parto prematuro devem ser consideradas a

contratilidade uterina e as modificações cervicais.

Na maioria das situações de internações no CO por esse motivo, as mulheres

em TPP apresentavam alguma patologia tal como infecções do trato urinário.

Nestas situações eram adotadas prescrições como o repouso

preferencialmente em decúbito lateral esquerdo, uso de medicamentos redutores da

contratilidade uterina (Nifedipina) e administração de corticóides para maturação

pulmonar fetal.

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3.2 Hipertensão Gestacional

Uma das maiores causas de internação de mulheres no CO do HCPA refere-

se ao grupo de doenças relacionadas à hipertensão na gestação. O Ministério da

Saúde (BRASIL, 2006) considera como hipertensão gestacional o desenvolvimento

de hipertensão arterial de estágio 1 quando a pressão arterial sistólica (PAS) atinge

de 140 à 159 mmHg e a pressão arterial diastólica atinge de 90 à 99 mmHg. Quando

os níveis de PAS atingem mais que 160 mmHg e de PAD mais de 100 mmHg,

considera-se a hipertensão arterial como sendo de estágio 2. A hipertensão

gestacional ocorre após a 20ª semanas de gestação e não apresenta proteinúria.

Atribui-se a este grupo de doenças grande parte dos riscos de morbimortalidade

para gestante e para o feto.

3.3 Pré-eclâmpsia grave, Eclâmpsia e Síndrome de HELLP

A gestante que apresentava hipertensão arterial, edema e proteinúria de 24

horas maior que 300mg recebia o diagnóstico de pré-eclampsia grave. Já, a

eclâmpsia é definida pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2000) pela presença de

convulsões tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, como manifestação do

envolvimento cerebral na pré-eclâmpsia grave, não relacionadas a qualquer outra

condição patológica. A Síndrome HELLP é uma das formas clínicas da pré-

eclâmpsia grave, sendo causa freqüente de mortalidade materna. O termo Hellp é

um acrônimo que em língua inglesa significa: hemólise (H), aumento de enzimas

hepáticas (EL) e plaquetopenia (LP). Esta síndrome é mais comum em pacientes

brancas multíparas, que apresentam mal-estar geral, náuseas e vômitos, dor

epigástrica e/ou dor no quadrante superior direito, icterícia subclínica, cefaléia

resistente aos analgésicos e hipertensão arterial. Apenas com a interrupção da

gravidez, após a correção da plaquetopenia, é que obtém a resolutividade da

Síndrome de HELLP.

Os cuidados a destinados as mulheres que apresentavam qualquer uma

destas condições englobavam o decúbito lateral esquerdo, a avaliação do

surgimento de sinais premonitórios de eclâmpsia (dores de cabeça, visão turva,

entre outros) e a aferição da TA periodicamente.

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Em gestações que ultrapassavam 36 semanas, a conduta médica adotada

era, geralmente, a interrupção da gestação.

Quando os exames de gravidade apontavam positivamente, iniciava-se a

terapia medicamentosa com Sulfato de Magnésio (MgSO4) com dose de ataque

(20ml, contendo 8ml de MgSO4 e 12 ml de água destilada (AD)) e logo após, dose

de manutenção em bomba de infusão infundindo 50ml/h por até 24 horas após o

nascimento. Após o inicio da terapia, a diurese era observada a cada duas horas e

os reflexos avaliados a cada quatro horas, a fim de se identificar sinais de

intoxicação pelo MgSO4.

3.4 Diabetes Mellitus Gestacional

Diabetes gestacional é a hiperglicemia diagnosticada na gravidez, de

intensidade variada, que geralmente desaparece no período pós-parto, podendo

retornar anos depois. O diabetes é responsável por índices elevados de

morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal e malformações

congênitas. Os efeitos adversos para a mãe e para o concepto podem ser

prevenidos/atenuados com orientação alimentar e atividade física e, quando

necessário, uso específico de insulina (BRASIL, 2006).

Durante o período em que estive no CO participei do cuidado direto a

gestantes que possuíam diabetes gestacional. Em uma destas ocasiões, recordo-me

que houve a indicação de cesariana, uma vez que havia desproporção cefalo-pélvica

pelo fato de o feto ser grande.

Os cuidados específicos à mulher portadora de diabetes gestacional

consistem em observar o surgimento de sinais de hipoglicemia (suor, tremor,

tonturas e palidez) e de hiperglicemia (sede, fome e poliúria).

3.5 Corioamnionite

A corioamnionite ou infecção ovular é um processo inflamatório agudo e às

vezes difuso das membranas extraplacentárias, placa coriônica da placenta e cordão

umbilical. Pode ocorrer com membranas íntegras, mas é mais comum em casos de

rotura de membranas ovulares decorrente do tempo prolongado de rotura e/ou da

realização de toques vaginais (BRASIL, 2000).

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No caso, presenciei uma gestante cuja idade gestacional era pré-termo cuja

conduta adotada foi a interrupção da gestação através do método cirúrgico.

3.6 Pielonefrite Aguda

A pielonefrite aguda (PNA) é definida pelo Ministério da Saúde (BRASIL,

2000) como Infecção do trato urinário alto, que afeta principalmente o Sistema

Coletor Renal, de forma aguda. A PNA pode desencadear o processo de TPP, pelo

fato de caracterizar uma infecção.

A conduta adotada nestas situações é a internação de mulheres,

independente da sua idade gestacional, para a terapia com antibióticos e a

observação contínua. Após as primeiras doses do tratamento foi observado a

melhora do quadro e a sedação do TPP.

.

3.7 Pneumonia

As pneumonias comuns trazem risco à vida da gestante quando ocorrem

próximo ou na ocasião do parto (normal e cesárea, incluindo aborto). Desta forma, a

ocorrência de pneumonia não deve indicar, por si só, interrupção da gravidez. O

trabalho de parto ou a cesárea podem agravar a pneumonia, recomendando-se

nessas situações que a parturiente seja encaminhada a Centros de Terapia

Intensiva (BRASIL, 2000).

Os quadros de pneumonias na gestação apresentam certa gravidade para o

bem estar materno-fetal, uma vez que sendo uma infecção pode desencadear o TPP

e os níveis de oxigenação para o feto podem estar prejudicados devido a dificuldade

respiratória enfrentada pela mãe. Desta forma, a conduta adotada é o uso de

antibióticos, o oxigenoterapia e a hidratação venosa.

3.8 Descolamento Prematuro de Placenta (DPP)

O descolamento prematuro da placenta é definido como a separação abrupta

da placenta antes do parto do concepto, ocorrendo principalmente em gestação de

22 semanas ou mais. Estando a placenta descolada com o fundo uterino não há

aporte de oxigênio e nutrientes para o feto. A conduta a ser tomada é o nascimento

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pela via de parto mais rápida, sendo a cesariana imediata escolhida quando a

gestante não se encontra em período expulsivo.

Em poucas semanas de estágio pude presenciar o atendimento a uma

gestante que após queda ao solo procurou atendimento devido a grande

sangramento. Rapidamente toda a equipe foi mobilizada para a urgência. A via de

parto de escolha foi a alta e em poucos minutos nasceu um belo e vigoroso menino.

3.9 Fígado gorduroso

O fígado gorduroso agudo é uma infiltração gordurosa que ocorre na segunda

metade da gravidez e leva a um quadro de insuficiência hepatocítica reversível,

podendo ser confundida com a Síndrome de HELLP e hepatite. É um quadro grave,

com alta mortalidade materna. Por isso quanto mais rápido foram o diagnóstico e o

tratamento na situação de gestantes com insuficiência hepática grave e coagulopatia

severa (BRASIL, 2000) menor a chance de morbimortalidade materna. Quando isso

ocorre, a conduta é, geralmente, a interrupção da gestação.

Durante a última semana de estágio tive contato com uma gestante que tinha

o diagnóstico de fígado gorduroso e insuficiência renal aguda. Infelizmente quando a

conheci foi em um momento de pesar em sua vida, pois o feto que estava esperando

encontrava-se morto. A dificuldade em metabolizar e excretar resíduos

possivelmente ocasionou este desfecho.

3.10 Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

De acordo com o Ministério da saúde (BRASIL, 2006) o diagnóstico da

presença do HIV durante a gestação, ou ainda durante o trabalho de parto e

instituição de medidas apropriadas, pode reduzir significativamente a transmissão

vertical (da mãe para o filho). Quando internadas no CO, as gestantes que não

possuem os exames de pré-natal em dia realizam o teste rápido anti-HIV. Quando o

resultado é positivo inicia-se a profilaxia da transmissão ao feto através da infusão

de AZT. Outras condutas adotadas são o aconselhamento quanto a não amamentar

a criança pelo risco da transmissão da doença pelo leite materno e o banho do

Recém-nascido na primeira hora de nascimento. Quando necessário, tais mulheres

recebem acompanhamento psicológico e do serviço social.

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Em diversas vezes presenciei e participei do cuidado a gestantes portadoras

de HIV. Esta situação requer cuidados especiais, principalmente no que diz respeito

a formação de vínculo entre mãe e bebê. Muitas destas mulheres não haviam ainda

contado a respeito deste diagnóstico a seus familiares e em algumas vezes, nem

mesmo a seus companheiros, pai do bebê. De acordo com a ética profissional, o

diagnóstico não deve ser revelado a ninguém que não seja do interesse da paciente.

Para mim, restava a dúvida: onde fica o direito de um companheiro em saber que

esta sendo infectado com uma doença irreversível?

3.11 Hepatite B

A hepatite B é uma doença viral causada pelo vírus da hepatite B – VHB -,

que pode cursar de forma assintomática ou sintomática. O VHB é altamente

infectante e facilmente transmitido através da via sexual, transfusões de sangue,

contato com sangue contaminado e pela transmissão vertical.

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) tem por objetivo a prevenção da

transmissão vertical da hepatite B, através da triagem sorológica durante o pré-natal,

por meio da identificação do HBsAg. Tal exame deve ser realizado,

preferencialmente, próximo à 30ª semana de gestação. Para a prevenção da

transmissão vertical do VHB em crianças de mães infectadas deve-se administrar

nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido a imunoglobulina humana anti-

hepatite B – IGHAHB - e a imunização ativa. Com relação à amamentação, apesar

de o vírus da hepatite B poder ser encontrado no leite materno, o aleitamento em

crianças filhas de mães portadoras do VHB está indicado logo após a aplicação da

primeira dose do esquema vacinal e da imunoglobulina humana anti-hepatite B. A

amamentação só deve ser suspensa se a mulher apresentar fissuras no mamilo

(BRASIL, 2006).

3.12 Gestação de feto morto

Houve situações de gestantes que buscaram atendimento na EO devido à

diminuição dos movimentos fetais. Vinham encaminhadas dos serviços pré-natais

por não ser auscultados batimentos cardiofetais. A conduta tomada nestas ocasiões

foi a comprovação de ausência de batimentos cárdio-fetal por meio de avaliação

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com ecografia obstétrica. Após a constatação da morte fetal iniciam-se os

procedimentos de interrupção da gestação com a indução do parto. A via de parto

preferencial é a vaginal. O CO do HCPA conta com profissionais para atendimento

psicológico e de serviço social para atender as necessidades relacionadas.

Presenciei três momentos em que o motivo da internação hospitalar foi a

morte fetal. No primeiro, a paciente estava bastante confusa, não expressou nenhum

sentimento de pesar ao receber a notícia. Estava muito preocupada com o marido,

que ele “não iria gostar” de saber que havia perdido seu bebê. No segundo

momento, a paciente em questão tinha mais de 40 anos e mais de três cesarianas

prévias. Neste caso, foi optado pelo nascimento cirúrgico, visto que no HCPA é

rotina partir para cesariana após duas prévias. No último e mais difícil momento

presenciado, a via de nascimento foi a vaginal, a paciente tinha outros problemas de

saúde que possivelmente a levaram a este quadro. Era sua primeira gestação, seu

marido referiu que era desejada. Após mais de um dia em processo de indução de

parto, a mulher entrou na sala de partos. Não foi fácil. Seguido de tentativas com

uso de fórceps, extrator a vácuo e manobras de Mc Roberts, nasceu o feto morto,

com áreas de descamação e petéquias pelo corpo. O pai, que acompanhou tudo ao

lado de sua esposa, não suportou a dor de ver a filha morta e chorou, acompanhado

da equipe de enfermagem. Infelizmente no CO não é apenas local de se comemorar

o início de novas vidas. Existe um pedaço de dor e pesar.

3.13 Gestação prolongada

O Ministério da Saúde considera gestação prolongada aquela cuja idade

gestacional encontra-se entre 40 e 42 semanas. A função placentária atinge sua

plenitude em torno da 36ª semana, declinando a partir de então. A placenta, ao

envelhecer, apresenta calcificações e outras alterações responsáveis pela

diminuição do aporte nutricional e de oxigênio ao feto, associando-se, dessa

maneira, com aumento da morbimortalidade perinatal (BRASIL, 2006).

A conduta tomada no CO do HCPA com gestantes acima de 41 semanas é a

indução do trabalho de parto através da terapia medicamentosa. Inicialmente é

utilizado o Misoprostol 200mg intravaginal com o intuito de adquirir modificações no

colo uterino e logo após as primeiras modificações a conduta adotada é o uso de

ocitocina exógena, 5 unidades diluídas em 250ml de soro fisiológico intravenosa.

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3.14 Gestação na infância/adolescência

A adolescência é uma fase em que o ser humano encontra-se em situações

peculiares ao desenvolvimento, tais como as mudanças biológicas, psicológicas e

sociais ainda não bem estruturadas, sendo a superposição da gestação um fator que

acarreta sobrecarga física e psíquica, principalmente para as adolescentes de 10 a

15 anos de idade, aumentando a vulnerabilidade aos agravos materno-fetais e

psicossociais. As ações relacionadas à saúde sexual e reprodutiva devem ser

iniciadas antes da gravidez, influenciando no processo de decisão sobre

anticoncepção e gravidez, com a valorização do desenvolvimento da auto-estima, da

autonomia, do acesso à informação e a serviços de qualidade que ofereçam

promoção e assistência geral da saúde sexual e reprodutiva e acesso contínuo à

atenção em planejamento familiar, com escolha livre e informada (BRASIL, 2006).

Em algumas circunstâncias, a gravidez na adolescência bem como o “estar

casada com alguém” significa a mudança do papel desta menina em sua

comunidade: ela passa a ser vista como mulher. Desta forma, mostravam-se felizes

pelo nascimento de seus filhos e orgulhosas por estarem acompanhadas pelo pai de

seu bebê. Porém, em dadas ocasiões, a gravidez na adolescência chegou em

momento não esperado e não desejados como as gestações decorrentes de abuso

sexual. Presenciei o atendimento a uma menina que havia sido abusada e por medo

de sofrer represálias da família escondeu o fato e a gestação. Para sua surpresa os

pais a acolheram e acompanharam todo o processo de parir. 3.15 Gestação de gemelar

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), a mortalidade perinatal

é maior que a habitual e aumenta em proporção direta de acordo com o número de

fetos devido à prematuridade e à restrição de crescimento intra-uterino e,

secundariamente, à presença de malformações fetais, alterações placentárias e de

cordão etc. Está, também, aumentado o risco materno pelo aparecimento mais

freqüente de hiperêmese, trabalho de parto prematuro, síndromes hipertensivas,

anemia, quadros hemorrágicos no parto, polidrâmnio, apresentações anômalas,

entre outros.

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Durante meu período de estágio, observei e participei da assistência de

gestantes em trabalho de parto de fetos gemelares. A que mais me chamou atenção

foi o nascimento de um casal de gêmeos cuja gestante já tinha tido filhos gêmeos

por parto vaginal. Não diferente de seus irmãos mais velhos, estes bebês também

vieram ao mundo pela via de parto vaginal, preconizada em situações onde não há

risco para mãe e bebês.

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4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM CAMPO DE ESTÁGIO

A Unidade de Centro Obstétrico – UCO - é dividida em três áreas:

Emergência Obstétrica, Pré-parto e Área restrita. Durante o período em que

permaneci nesta unidade, este foi dividido entre a área de pré-parto e área restrita.

As ações descritas a seguir foram atividades desenvolvidas por mim conforme

a rotina da UCO e demanda.

4.1 Atividades desenvolvidas na área de pré-parto

A primeira fase de meu estágio na UCO foi desenvolvida com gestantes

internadas na área de pré-parto. A seguir, descrevo algumas das atividades por mim

desenvolvidas neste ambiente.

4.1.1 Passagem de plantão na UCO

A passagem de plantão ocorria a partir das 13 horas. Neste momento,

reuniam-se duas enfermeiras e duas técnicas de enfermagem (turno da manhã e

turno da tarde) responsáveis pela assistência de enfermagem no pré-parto. Desta

forma, eram transmitidas informações relevantes aos cuidados com as pacientes,

tais como: seu nome, idade, tipagem sanguínea, paridade, idade gestacional,

motivos para internação, doenças prévias ou gestacionais, exames realizados,

medicações a serem realizadas, tipo de dieta que esta recebendo e outros aspectos

necessários.

4.1.2 Admissão de gestantes na UCO

Respeitando os princípios do Processo de Enfermagem, a anamnese, o

exame físico e o diagnóstico de enfermagem compõem a admissão realizada a

gestante que interna na UCO. Logo que a gestante chegava, era feita uma breve

entrevista com informações relativas à sua identificação, motivo que a levou a

buscar o serviço hospitalar, quem ela desejava que fosse seu acompanhante para o

momento do nascimento, se havia histórico de doenças suas ou em sua família, se

fazia uso de alguma medicação e se esta havia feito cirurgias alguma vez. Também

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era questionada sua história gineco-obstétrica: se tinha filhos (quantos partos,

cesarianas, abortos, peso ao nascer dos filhos, data do ultimo parto, se haviam

cesarianas, qual tinha sido a indicação). Havia perguntas sobre a gestação, se tinha

sido planejada, a aceitação desta, se foi feito pré-natal e se houve alguma

intercorrência neste período.

Os questionamentos eram, muitas vezes, realizados durante a avaliação da

dinâmica uterina, da movimentação fetal, da avaliação de perdas via vaginal e dos

batimentos cardíacos fetais – bcfs.

Logo após, as informações eram transcritas ao sistema AGH do HCPA que é

informatizado. Após avaliação do estado de saúde da gestante era realizado o

diagnóstico e as prescrições de enfermagem referente às necessidades

apresentadas pela gestante durante a entrevista e exame físico.

4.1.3 Avaliação e evolução de enfermagem

Diferente das unidades de internação, não existe evolução a partir de leitos de

Primary Nursing, pois a rotatividade é bastante ampla e toda gestante deve ser

avaliada, com dados registrados em seu prontuário a cada turno. Para a realização

da avaliação da gestante, é necessário seguir o modelo do Processo de

Enfermagem respeitando os passos que seguem.

Subjetivo: Refere-se ao que a paciente nos diz.

Objetivo: Neste local, descrevemos tudo o que for de relevante e

característico da paciente:

- condição neurológica em que se encontra;

- respiração espontânea ou com suporte de oxigênio;

- dieta que está recebendo: normal, dieta para trabalho de parto ou NPO.

- se possui acesso venoso periférico, membros em que está inserido,

tamanho do abocath e infusão administrada;

- Sinais vitais;

- dinâmica uterina (número de contrações em 10 minutos, freqüência e

intensidade);

- movimentação fetal;

- BCFs (120bpm, a 160mpm);

- perdas via vaginal (cor, aspecto e odor);

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- presença de edemas em membros inferiores, superiores e face;

- diurese espontânea ou por sonda vesical de alívio ou demora;

- presença de acompanhante.

Interpretação: É o Diagnóstico de Enfermagem optado de acordo com as

necessidades observadas na paciente.

Conduta: Intervenções de enfermagem adotadas para o bem estar ou

resolução dos problemas levantados. 4.1.4 Punção venosa periférica

Diferentemente das demais experiências que tive, na UCO é preciso utilizar

abocaths de calibres maiores devido a alta quantidade de líquidos infundidos em

gestantes e puérperas. Desta forma, neste local os abocaths de escolha são os de

nº 18, 16 e 14. Apesar dos problemas enfrentados pessoalmente por mim, acredito

que a experiência vivenciada valeu a pena e ficará na memória para sempre, pois é

através de práticas cotidianas que aprendemos a lidar com dificuldades que surgem

em nossos caminhos.

4.1.5 Administração de MgSO4

O MgSO4 é a medicação de escolha nos casos de pré-eclâmpsia com

exames de gravidade alterados, com o intuito de proteger a gestante de convulsões

e eclampsia, e em casos de trabalho de parto prematuro pelo fato de ser uma

medicação que protege o sistema neurológico ainda imaturo. Esta medicação é

administrada pela enfermeira em duas doses: a dose de ataque que consiste em 8

ml de MgSO4 e 12ml de AD. Este preparado deve ser infundindo lentamente (entre

5 e 10 minutos) pelo fato de poder gerar efeitos adversos na paciente que o recebe

(intoxicação pelo MgSO4). É uma medicação que causa muito desconforto em quem

o recebe, tal como calores e por vezes sensação de sufocamento. Após a dose de

ataque, inicia-se a dose de manutenção, que consiste na administração de 10ml de

MgSO4 diluídos em 240ml de soro fisiológico. Este preparado é infundido por bomba

de infusão a 50ml/h até 24 horas após o nascimento do bebê.

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A concentração plasmática do magnésio para além dos valores terapêuticos

pode induzir a efeitos colaterais culminando com apnéia e parada cardíaca (BRASIL,

2000). A utilização segura do sulfato de magnésio durante as doses de manutenção

prevê cuidados como: controle da diurese a cada duas horas (+ de 25ml/h),

avaliação de reflexos patelares e bicipitais a cada quatro horas e observação da

freqüência respiratória (mínimo 16mpm). Em casos de intoxicação pelo MgSO4,

administra-se seu antagonista que é o Gluconato de Cálcio.

4.1.6 Métodos não-farmacológicos para o alívio da dor do trabalho de parto

Sendo o HCPA um hospital que conduz os atendimentos através da política

nacional de Humanização do Parto e Nascimento, os profissionais desta unidade

preconizam métodos que aliviam a dor do trabalho de parto tais como: a bola suíça,

o cavalinho, banhos de ducha no pré-parto, massagens, banqueta para parto, entre

outros. Podem ser associadas algumas destas medidas não farmacológicas como

exercícios respiratórios, técnicas de relaxamento e a deambulação auxiliam no alívio

da dor durante o trabalho de parto (BRASIL, 2001).

É na presença do acompanhante que a gestante que tais métodos são

potencializados, pois ocorre uma melhor interação entre ambos. O objetivo principal

do preparo da mulher e seu acompanhante é favorecer que o trabalho de parto e

parto sejam experienciados com informação, tranqüilidade e participação, fazendo

do nascimento um acontecimento em família.

4.1.7 Preparo de gestantes para cesariana

Uma vez que a gestante recebia a indicação para a realização de cesariana,

esta era preparada para seu parto cirúrgico. As práticas realizadas eram: tricotomia,

sondagem vesical de demora (método estéril realizado exclusivamente por

enfermeira e/ou acadêmica de enfermagem) e encaminhamento para a área restrita.

O acompanhante, devidamente paramentado com vestimentas adequadas

aguardava até o momento do início da incisão para que fosse chamado a participar

do nascimento.

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4.1.8 Encaminhamento de parturientes à área restrita

Chegado o momento do nascimento, a gestante era encaminhada a sala de

partos ou a sala de cesariana, de acordo com a indicação, geralmente de maca e

eventualmente deambulando. A enfermeira do pré-parto então entregava esta

gestante e acompanhante à enfermeira atuante na área restrita.

4.2 Atividades desenvolvidas na área restrita

A segunda fase de meu estágio na UCO foi desenvolvida na área restrita,

local onde acontecem os nascimentos, cuidados com as puérperas e seus recém-

nascidos. A seguir, descrevo algumas das atividades por mim desenvolvidas neste

ambiente.

4.2.1 Passagem de plantão

As passagens de plantão da área restrita ocorriam no mesmo horário que na

área de pré-natal, às 13 horas. Participavam da passagem duas enfermeiras (turno

manhã e tarde) e as técnicas de enfermagem responsáveis pelo cuidado na SRPP.

Nesta ocasião eram citados aspectos relevantes aos cuidados com as pacientes,

tais como: seu nome, idade, tipagem sanguínea, paridade, tipo de parto, se parto

vaginal, se houve necessidade de episiotomia ou se houve laceração perineal, se

cesariana, qual foi a indicação e o tipo de bloqueio, doenças prévias ou

gestacionais, exames realizados, medicações a serem realizadas. Também eram

citados aspectos relevantes ao cuidado com o RN, tais como: sexo, horário de

nascimento, peso ao nascer, Apgar, necessidade de realização de HGT,

amamentação, entre outros.

4.2.2 Revisão de berços aquecidos

Após a passagem de plantão, é de responsabilidade da enfermeira revisar

todos os berços aquecidos que ficam junto as salas de parto e cesariana, local onde

o RN recebe seus primeiros atendimentos. Na área restrita da UCO existem três

berços aquecidos, o primeiro localiza-se entre a admissão neonatal e a sala de parto

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2. O segundo localiza-se entre a sala de parto 3 e a sala de parto 4. O terceiro,

localiza-se entre a sala de cesariana 5 e a sala de cesariana 6.

A revisão de berços ocorre mediante a verificação do funcionamento de sua

unidade em um todo, inclusive revisando a falta ou falha de algum material. A seguir,

descreverei os itens revisados.

- aquecimento do berço;

- funcionamento da válvula de vácuo conectado a cateter nasal;

- funcionamento da válvula de vácuo para conexão de tubo endotraqueal;

- funcionamento da válvula de oxigênio para conexão de cateter nasal;

- funcionamento da válvula de ar comprimido conectado ao Baby Puff;

- funcionamento das lâminas de laringoscópio tamanho RN e prematuro;

- funcionamento de AMBU conectado a máscara de venturi tamanho RN;

- disposição de materiais em cima de berço aquecido: conjunto de cueiros,

pacote com compressas estéreis, pacote com campo estéril;

- tesoura e cordclamp;

- sonda nasogástrica tamanho 6 e sonda endotraqueal tamanho 8 próximas

ao berço aquecido;

- material para aspirado e lavado gástrico abaixo do berço aquecido: cuba,

seringa de 20 ml, soro fisiológico de 25 ml, micropore;

- balança com campo estéril tarada em 0;

- materiais para identificação do RN: rolo para carimbar digitais planares e

polegar de RN, esteira para rolo, tinta para rolo, gazes e sabão neutro para

higiene planar do RN;

- lembrancinha de nascimento contendo a digital planar do RN, sua

identificação: RN de (nome da mãe), data de nascimento, horário de

nascimento e peso ao nascer;

- touca para aquecimento de RN;

- estoque suficiente de materiais, tais como: gazes, sondas de aspiração,

sondas endotraqueais, sondas nasogástricas, tubos endotraqueais, seringas

de 20 ml, soros fisiológicos de 25 ml, entre outros.

4.2.3 Atendimento a parturientes nas salas de parto

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No período expulsivo é identificada a dilatação cervical total, puxos maternos

e, geralmente, rotura espontânea das membranas amnióticas (BRASIL, 2001).

A partir do momento em que a parturiente se encontra em período expulsivo

pode ser encaminhada à área restrita acompanhada do marido, algum familiar ou

amigo de sua escolha.

Durante o período expulsivo a enfermeira permanece ao lado da parturiente

dando apoio, encorajando-a a manter o nível de oxigenação durante as contrações e

à fazer força neste momento para que seu bebê venha ao mundo. A enfermeira

também ajuda a parturiente a posicionar-se na mesa de parto, ensinando-a a puxar

os puxadores laterais para realizar os esforços expulsivos. Muitas parturientes, por

receberem analgesia de parto via cateter peridural, perdem a noção da força das

contrações e, por isso, a enfermeira orienta-a para o momento oportuno de realizar

os esforços expulsivos para o nascimento de seu bebê.

O bebê é colocado em contato pele a pele com sua mãe logo após o

nascimento a fim de iniciar a formação de vínculo entre o binômio mãe-bebê.

Instantes depois o RN é levado pelo pediatra ou pela enfermeira para receber outros

cuidados, em companhia do acompanhante do parto. Estes outros cuidados

referem-se à secagem, à avaliação dos primeiros cinco minutos de vida, à

identificação, ao peso e procedimentos de identificação. Em seguida, o RN é levado

ao colo materno, na sua maioria pelo acompanhante de parto, quando se estimula a

amamentação na primeira hora de nascimento.

Os registros de enfermagem acerca do nascimento são realizados por meio

da evolução de enfermagem e consta de dados sobre o nascimento, tipo de parto,

horário do nascimento, sexo do RN, peso ao nascer e Apgar. Após, são

determinados os diagnósticos de enfermagem e os cuidados necessários à

puérpera. O registro de nascimento é efetuado no livro de ocorrências e conste de

data, registro da paciente na instituição, nome, idade, paridade, tipo de parto, sexo

do RN, peso, horário de nascimento, tipagem sangüínea da mãe e ocorrências.

4.2.4 Atendimento a parturientes nas salas de cesariana

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), a cesárea é um

procedimento cirúrgico que, quando bem indicado, é fundamental na obstetrícia

moderna como redutor da morbidade e mortalidade perinatal e materna. A

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realização deste procedimento prevê práticas específicas em que a enfermeira tem

atuação importante. Algumas condutas a que a gestante é submetida são: anestesia

(maioria é o bloqueio subaracnóideo com exceção à aquelas que já estão sob

bloqueio peridural), posicionamento da mulher, anti-sepsia, laparotomia,

histerotomia, escoamento e aspiração de líquido amniótico e retirada do feto e da

placenta, suturas.

A enfermeira acompanha o processo de nascimento e tranqüiliza a paciente e

seu acompanhante quanto suporte às suas dúvidas e ansiedades.

Os registros de enfermagem, diagnóstico de enfermagem e registros no livro

de ocorrências aconteciam da mesma forma que descrito para as situações de

parto.

4.2.5 Atendimento a RNs

Logo que o RN é trazido pelo pediatra para sua primeira avaliação de saúde,

a enfermeira auxilia ou realiza aspiração oro e nasogástrica, aplica estímulos para a

reanimação e choro forte, tal como a secagem vigorosa, verifica freqüência

cardíaca.

Outras práticas realizadas são o clampeamento do cordão umbilical e corte de

seu excesso, identificação do RN com o carimbo de suas digitais planares e de seu

polegar direito junto as digitais de sua mãe e a colocação de pulseirinhas em sua

perna direita e mão direita onde consta o nome de sua mãe e registro a instituição.

Em casos em que o liquido amniótico continha mecônio ou em que a mãe do

RN possuía HIV positivo, é realizado o aspirado e lavado gástrico que consiste em

aspirar o conteúdo gástrico com o intuito de diminuir os riscos de infecção neonatal e

logo após a lavagem gástrica com soro fisiológico. Percebi que importante do atendimento ao RN é a permanência deste ao colo

de sua mãe em contato pele a pele, bem como a sucção do seio materno.

4.2.6 Avaliação e alta da SRPP

As puérperas que tinham seus filhos por parto vaginal permaneciam na SRPP

por duas horas após sua entrada nesta sala e as que tinham seus filhos por

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cesariana permaneciam três horas. Porém, parturientes, independente da via de

parto, que estivessem realizando terapia com MgSO4, permaneciam na SRPP por

24 horas.

Na avaliação destas puérperas eram levados em consideração os seguintes

aspectos:

Subjetivo: Dados que a paciente refere.

Objetivo: Avaliação feita pela enfermeira das:

- condição neurológica em que se encontra;

- respiração espontânea ou com suporte de oxigênio;

- dieta que está recebendo: normal (e sua aceitação) ou NPO em caso de

puérperas de cesariana;

- se possui acesso venoso periférico, membros em que está inserido,

tamanho do abocath e infusão administrada;

- sinais vitais;

- condições das mamas (flácidas, túrgidas);

- condições dos mamilos (protusos, semiplanos, planos, invertidos) e

presença de colostro;

- condições do útero, posição e contração;

- condições dos lóquios;

- condições da ferida operatória e curativo externo;

- condições da episiorrafia e suturas perineal;

- diurese espontânea ou por sonda vesical de demora;

- presença de edemas;

- movimentação de membros inferiores;

- presença de RN.

Interpretação: É o Diagnóstico de Enfermagem optado de acordo com as

necessidades observadas na paciente. Também se descreve se a paciente

encontra-se em condições de alta da SRPP.

Conduta: Intervenções de enfermagem adotadas para o bem estar ou

resolução dos problemas levantados. Descreve-se a conduta adotada quanto

a alta da SRPP.

4.2.7 Transferência de puérperas e RNs para Unidade de Internação Obstétrica

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Se após avaliação a puérpera encontra-se em condições de receber alta da

SRPP, registram-se as informações no sistema AGH do HCPA e é feito contato

telefônico com a Unidade de Internação Obstétrica (UIO) para a passagem da

paciente para o leito de acordo com a disponibilidade.

4.2.8 Registro de informações sobre medicamentos controlados

Logo que se recebe o plantão é registrado o resultado da contagem dos

medicamentos controlados em livro próprio. Fazem parte dos medicamentos em

questão: Isoforane, Fentanil, Thiopental, Morfina de 0,2 mg, Morfina de 1 mg,

Morfina de 10 mg, Diazepan, Droperidol, Midazolan, Fenobarbital, Cloridrato de

alfentanila, Petidina, Ketalar, Naloxona, Propofol, Remifentanila, Flumazenil, Haldol,

Misoprostol.

De acordo com o uso ou reposição de medicação controlada no decorrer do

turno, faz-se o registro do número de medicamentos controlados entregue à

enfermeira do próximo turno.

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5 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM CAMPO DE ESTÁGIO

DATA HORÁRIO ATIVIDADE

23/03/2011 Á 30/04/2011 13h – 19h15min ATIVIDADES DE ENFERMAGEM NA ÁREA DE PRÉ-PARTO

03/05/2011 À 02/06/2011 13h – 19h15min ATIVIDADES DE ENFERMAGEM NA ÁREA RESTRITA

22/03/2011

23/03/2011

24/03/2011

19h – 21h

19h – 22h

19h – 21h

1º CURSO DA LIGA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

03/06/2011

04/06/2011

08h – 12h e 14h – 18h

08h – 12h

CURSO DE ATULIZAÇÃO DE SERVIÇO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DO HCPA

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio das atividades realizadas no Estágio Curricular III no CO do HCPA

pude conhecer e aprender muito mais sobre o trabalho e a dinâmica em uma

Unidade de Emergência e Centro Obstétrico que é referência no Rio Grande do Sul.

Pude também experienciar atividades desenvolvidas pelas enfermeiras e, com isso,

sentir o que é ser membro de uma equipe multiprofissional de saúde. Sinto-me

privilegiada em ter participado das atividades assistenciais dessa unidade

desenvolvendo habilidades inerentes à enfermeira e, mais especificamente, a

enfermeira obstétrica, tais como avaliação da gestante em trabalho de parto, parto,

puerpério e atendimento imediato ao RN, entre outras.

Agradeço à enfermeira Lúcia Pfitscher pela sabedoria, ensinamentos e

aprendizados que comigo compartilhou. Sinto-me agradecida pela ajuda rumo ao fim

de minha formação acadêmica de graduação. A professora Mariene Riffel por

sempre estar disposta a me orientar, passando a mim em cada encontro

conhecimentos e sabedorias que levarei comigo para sempre. Agradeço, também, à

equipe pela acolhida e por fazer das atividades de estágio a experiência agradável

que foi. Agradeço a Escola de Enfermagem e a Universidade pela experiências de

aprendizagem que culminaram com este estágio. As lembranças descritas neste

relatório representam parte da gratidão e do aprendizado que o estágio

proporcionou.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Brasília: Ministério

da Saúde, 2005.

_____. _____. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher.

Assistência pré-natal: Manual técnico. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2000.

______ . ______. ______. ______. Parto, Aborto e Puerpério: assistência

humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.