RELATÓRIO PARCIAL DE PROJETO PARA AUXÍLIO DE … · 1.5 Fatores de conversão de energia solar em...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”
Departamento de Produção Vegetal – Setor Agricultura
Av. Pádua Dias, 11 Caixa Postal 9 Piracicaba/SP 13418-900
Tel/Fax: (19) 3429-4115
http://www.esalq.usp.br/departamentos/lpv
E-mail: [email protected]
RELATÓRIO PARCIAL DE PROJETO PARA AUXÍLIO DE PESQUISA
FUNDAÇÃO DE ESTUDOS AGRÁRIOS LUIZ DE QUEIROZ
Local da pesquisa: Área experimental do Departamento de Produção Vegetal (pivô), no
Campus da ESALQ/USP
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 13.800,00
TESE DE DOUTORADO
PROJETO AGRISUS N° PA 2067-17
AVALIAÇÃO DE FATORES DE CONVERSÃO DE ENERGIA SOLAR EM
MASSA DE MATÉRIA SECA DE GENÓTIPOS ATUAIS DE SOJA E MILHO
PARA UMA MAIOR SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS AGRÍCOLAS
Coordenador do projeto: Prof. Dr. José Laércio Favarin – ESALQ/USP
Orientador: Prof. Dr. Klaus Reichardt – CENA-ESALQ/USP
M.Sc. Eng. Agrª. Jackellyne Bruna Sousa – ESALQ/USP
Piracicaba, SP
Agosto de 2018
2
VIGÊNCIA DO PROJETO: FASE DE FINALIZAÇÃO DOS EXPERIMENTOS
EM CAMPO
1. INTRODUÇÃO
O bom desempenho de uma cultura é decorrente de vários fatores, tais como o
desenvolvimento de tecnologias próprias adaptadas à região tropical, como, por
exemplo, genótipos melhorados; o uso do manejo integrado de pragas, doenças e plantas
daninhas, a adequação de técnicas de aplicação e utilização de produtos seletivos; a
agricultura de precisão, conectada a técnicas de colheita, logística de armazenamento e
transporte. Todos esses fatores somados fizeram do Brasil, em pouco mais de 30 anos,
uma potência na área, permitindo vislumbrar a perspectiva de, em 2020, chegar a
produzir perto de 105 milhões de toneladas de grãos, ocupando uma área adicional de
oito milhões de hectares – resultado do avanço tecnológico da cultura de forma
integrada à pecuária (PARRA, 2006).
Na agricultura moderna, a soja tem se constituído como uma espécie estratégica
para a viabilização do aumento da produtividade e da produção agrícola no território
brasileiro. Segundo o MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, o crescimento do cultivo da
soja no Brasil nas últimas quatro décadas não é decorrente tanto pela expansão da área de
produção, mas mais pelo aumento da produtividade no campo, resultante do uso intensivo
de tecnologias mais eficientes.
A cultura de milho (Zea mays L.), por sua vez, também ocupa lugar de destaque
na agricultura brasileira. A importância econômica do milho é caracterizada pelas
diversas formas de sua utilização que vão desde a alimentação animal até a indústria de
alta tecnologia. É uma cultura de grande e diversificada utilização e um dos produtos
agrícolas de mais ampla distribuição mundial, tanto na produção quanto no consumo.
A adubação e a nutrição das plantas de milho, bem como a época de semeadura e
a escolha do genótipo constituem-se em importantes fatores de produção, determinando
a produtividade final da cultura e, consequentemente maximizando os lucros
(FANCELLI; DOURADO NETO, 2004).
São poucos os estudos de absorção e partição de nutrientes para os modernos
híbridos de milho e novos cultivares de soja utilizados no Brasil (VON PINHO et al.,
2009). Os trabalhos mais recentes sobre a absorção e partição dos nutrientes em ambas as
culturas têm sido realizados principalmente nos Estados Unidos (CIAMPITTI; VYN,
2011; CIAMPITTI et al., 2013). As recomendações de calagem e adubação estão
3
baseadas em estudos realizados há muitos anos e estão organizadas em manuais e tabelas,
como por exemplo: Recomendações de Adubação e Calagem para o Estado de São Paulo
– Boletim Técnico 100 (RAIJ et al., 1996).
É importante ressaltar que mesmo com o crescente desenvolvimento da
agricultura, as recomendações oficiais de adubação para as culturas de milho e de soja no
Brasil ainda estão baseadas no teor crítico do nutriente no solo, o qual apresenta um
enfoque estático e não é específico do sistema de cultivo. O sistema de produção também
se modificou, atualmente se observa lavouras com maior densidade de plantas, semeadura
em espaçamento reduzido, utilização de agroquímicos para a proteção das culturas e
utilização de genótipos transgênicos (BENDER et al., 2013). O aprimoramento das
práticas agronômicas, e a utilização cada vez mais crescente de alta tecnologia nas
lavouras, pode ter alterado a dinâmica de absorção e partição dos nutrientes nas culturas.
Além dos problemas supracitados, um dos principais fatores que afetam a
produtividade potencial de um cultivar de certa espécie é a condição climática do local
de plantio, principalmente a radiação solar disponível e, consequentemente a temperatura
do ar. Em estudos de conversão de radiação solar em massa de matéria seca
(produtividade) é necessário o conhecimento de vários fatores que entram no cálculo
dessa conversão. No presente momento, são utilizados fatores “importados” de estudos
realizados no exterior (PENNING DE VRIES, 1989) a mais de 25 anos, o que limita em
muito a validade dos resultados obtidos. Neste sentido, urge a necessidade de estudos
sobre a avalição desses fatores aqui no Brasil, utilizando nossas condições climáticas e
nossos cultivares, no caso, de milho e de soja.
O conhecimento da eficiência de conversão da radiação fotossinteticamente ativa
(energia solar) em energia química (fotossíntese e respiração) para os genótipos utilizados
atualmente, em função da composição da matéria seca (lipídio, lignina, proteína,
carboidrato, ácido orgânico e minerais) e da partição de carboidrato, norteará a definição
do híbrido de milho, ou cultivar de soja. Também auxiliará na escolha da época de
semeadura mais adequada ao ambiente de produção no intuito de otimizar o uso dos
recursos naturais, tais como luz (radiação solar), temperatura, dióxido de carbono, água e
nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni e Zn). Além disso serão de
grande valor para melhoristas de cultivares dessas duas culturas.
1.1 Importância das culturas de soja e de milho
O último levantamento feito pela CONAB (2016) da safra brasileira de grãos
destacou que a estimativa da área semeada no país alcance 58 milhões de hectares na safra
4
2016/2017. A cultura de soja, responsável por 57% da área cultivada do país, permanece
como principal responsável pelo aumento de área. A estimativa é de crescimento de 3,4%,
passando de 32.093 mil hectares cultivados em 2014/15, para 33.177 milhões na atual
safra. O milho é considerado na atualidade a principal cultura de safrinha do país. A
expectativa é de aumento de área de 7,6% (629 mil hectares), totalizando cerca de 10
milhões de hectares no ano de 2016.
Os aumentos de produtividade das culturas se devem à necessidade do
desenvolvimento de tecnologias na agricultura, melhorando níveis de produção e
qualidade dos grãos. Várias são as práticas agrícolas utilizadas pelos produtores, entre
elas o controle de plantas daninhas, controle de pragas e doenças, nutrição das plantas,
melhoramento genético das plantas e as práticas de manejo, como a correção e fertilização
dos solos (CIAMPITTI et al., 2013; BENDER et al., 2013). Stewart et al. (2005) relataram
que 57% do aumento de produtividade em grandes culturas pode ser atribuída as
aplicações de corretivos e fertilizantes.
A soja (Glycine max L.) como principal commodity agrícola do Brasil nos últimos
anos, contabilizando mais de 96 milhões de toneladas produzidas na última safra, segundo
CONAB. Neste cenário positivo, o Rio Grande do Sul atingiu o volume recorde de mais
de 15 milhões de toneladas (IRGA, 2015). Esse incremento na produtividade ocorreu
devido a uma associação de fatores como: temperaturas adequadas com boa distribuição
de chuvas ao longo do desenvolvimento das lavouras e aumento da área cultivada
(CONAB, 2015).
O milho (Zea mays L.) por sua vez é o cereal mais cultivado no mundo. Sua
importância econômica é caracterizada pelas diversas formas de sua utilização que vão
desde a alimentação humana e animal, até a indústria de alta tecnologia. É alimento básico
para a população em muitos países, utilizado na ração de animais devido ao elevado valor
nutricional e energético, cada vez mais importante em muitos países para aplicações
industriais e farmacêuticas, podendo ainda ser empregado na produção de amido, etanol,
plástico e como base para a produção de antibióticos (EDWARDS, 2009).
1.2 Fenologia
A caracterização dos estádios de desenvolvimento das culturas permite o
estabelecimento de estratégias de manejo e de tomadas de decisão, objetivando a obtenção
de rendimentos mais satisfatórios e lucrativos (FANCELLI; DOURADO NETO, 2004).
5
No entanto, para facilitar o estudo e a caracterização dos estádios fenológicos, o
ciclo da cultura do milho e da soja serão divididos em alguns em estádios diferentes de
desenvolvimento (Tabelas 1 e 2). A metodologia mais utilizada divide o ciclo de
crescimento de ambas as culturas em dois estádios, o de desenvolvimento vegetativo
(representado pela letra V) e o estádio de desenvolvimento reprodutivo (representado pela
letra R) (RITCHIE; HANWAY; BENSON, 1996).
1.3 Produtividade potencial
A produtividade potencial de uma cultura para um dado local é a massa seca (MS)
produzida por uma cultura padrão, cobrindo totalmente o terreno, tendo a radiação solar,
o fotoperíodo e a temperatura como fatores limitantes. É determinada por vários fatores,
entre os quais se destacam os genéticos (variedade), o grau de adaptação ao ambiente (o
que abre a possibilidade de variar o número de plantas por hectare), disponibilidade de
água e nutrientes, controle de pragas e doenças, levando-se em consideração todos os
períodos de desenvolvimento até o amadurecimento da cultura.
Segundo Camargo (1984) e colaboradores, entende-se por produtividade
potencial a maior produtividade esperada para determinado cultivar ou híbrido na região,
em condição de cultivo comercial, desde que não ocorra nenhuma restrição hídrica.
Depende, portanto, da região, do híbrido ou cultivar, da época de semeadura, do solo,
temperatura, radiação fotossinteticamente ativa, dióxido de carbono e fotoperíodo.
Fixando dessa forma essas variáveis, considerando sempre alto nível tecnológico (sem
limitação de água e nutrientes e sem ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças), é
possível estimar a produtividade potencial de um genótipo a partir de uma série de
cultivos, em função apenas dos mencionados elementos do clima.
1.4 Produtividade atingível
É determinada como a máxima produtividade de uma cultura em dada região a ser
pesquisada, neste caso, é influenciada pelos seguintes fatores limitantes: disponibilidade
de água e nutrientes no solo.
1.5 Fatores de conversão de energia solar em massa de matéria seca
As exigências nutricionais das culturas variam ao longo do ciclo da cultura,
apresentando picos de máxima e mínima absorção de nutrientes. Desta forma, é
importante para o manejo das culturas de milho e soja estudar a marcha de absorção da
6
matéria seca e dos nutrientes em função dos estágios fenológicos das plantas. Conhecer
o acúmulo de nutrientes nos mesmos estágios para definir a quantidade e as épocas de
adubações, para reposição eficiente dos nutrientes retirados e, assim, manter o equilíbrio
nutricional do sistema produtivo (SOUZA, 2006; VON PINHO et al., 2009).
O potencial produtivo das espécies cultivadas está relacionado aos fatores
genéticos, climáticos e nutricionais das culturas (FANCELLI, 2013). Altas
produtividades serão alcançadas através de plantas altamente produtivas, no entanto,
estratégias de manejo que minimizam os estresses a que a planta pode ser submetida,
poderão proporcionar melhor aproveitamento do potencial genético da cultura (SOUZA,
2006).
As grandes culturas em sua maioria exigem durante o seu ciclo vegetativo,
adequada disponibilidade de água e favorável temperatura e radiação solar para
desenvolver e manifestar o seu potencial produtivo (FANCELLI; DOURADO NETO,
2004). O manejo de nutrientes de acordo com o crescimento e desenvolvimento da cultura
contribui para a manutenção da área foliar, e consequentemente interfere nos
componentes de produção, no caso do milho: número de espigas, número de grãos,
enchimento de grãos e qualidade de grãos e sementes (FANCELLI, 2013).
Durante o ciclo de desenvolvimento da planta de milho, Fancelli (2013) relata que
algumas etapas requerem maior cautela, sendo elas: (i) crescimento e desenvolvimento
radicular (período entre os estádios V0 e V7), (ii) definição do potencial produtivo
(período entre os estádios V4 e V6), (iii) confirmação do número de fileiras na espiga
(período entre os estádios V7 e V9), (iv) definição do número e tamanho da espiga
(período entre os estádios V12 e V14) e (v) enchimento efetivo de grãos (período entre os
estádios R1 e R2). A mesma atenção merece ao ciclo vegetativo e reprodutivo da soja.
1.6 Taxa de crescimento das culturas de soja e de milho
Conhecer a fenologia e o desenvolvimento da cultura é uma ferramenta que
poderá auxiliar os produtores no manejo da safra e safrinha agrícolas. O estudo da taxa
de crescimento, em função dos estádios fenológicos das culturas de soja e milho, é
importante na definição de estratégias de manejo, como por exemplo, o controle de
plantas daninhas, pragas e doenças, bem como das quantidades e das épocas de realização
de adubações.
Além disso, as pesquisas realizadas sobre o crescimento e o desenvolvimento de
ambas as culturas estão ultrapassadas, tendo sido realizadas há muitos anos, e com o
7
avanço das técnicas de melhoramento genético, híbridos cada vez mais produtivos e
precoces vêm sendo disponibilizados no mercado (VON PINHO et al., 2009).
Para melhor se entender o efeito nutrição mineral das grandes culturas, é
importante conhecer a taxa de crescimento da planta em diferentes órgãos. Análises de
crescimento são úteis para verificar adaptações fisiológicas da planta, quanto à partição
de carboidratos para folhas e outros órgãos como caule e grãos. Sendo assim, novos
estudos sobre a taxa de crescimento de soja e milho, auxiliarão na compreensão do
desempenho das plantas e no desenvolvimento de tecnologias que sejam capazes de
melhorar os níveis de produtividade e a qualidade dos grãos, bem como de reduzir os
custos de produção e minimizar os impactos ambientais.
2. OBJETIVO GERAL
A conversão de energia solar em massa de matéria seca (produtividade) de uma
cultura é hoje feita utilizando fatores de conversão dos diferentes órgãos da planta (como
por exemplo, g de matéria seca de folha/g de glicose) para seu cálculo, podendo dessa
forma levar a agrossistemas mais produtivos e mais sustentáveis. O presente projeto visa
determinar diretamente esses parâmetros para a culturas de soja (Glycine max) e de milho
(Zea mays), a partir da marcha de produção e composição da matéria seca e de sua
partição nos diferentes órgãos da planta, cujos fatores são obtidos empiricamente em
pesquisas realizadas no exterior
2.1 Objetivos específicos
- Caracterizar a marcha de produção de matéria seca total e composição dos diferentes
órgãos (raiz, caule, folha e órgãos reprodutivos) em híbridos de milho no sistema safrinha
de semeadura e de uma variedade de soja no sistema safra, para explorar a possibilidade
de aumentar a sua eficiência;
- Avaliar os teores de carboidrato, lignina, proteína e óleo na matéria seca de ambas as
culturas;
- Avaliar a área foliar nas culturas de soja e milho;
- Avaliar a biometria, produtividade e seus componentes nas culturas de soja e de milho
após a colheita; e
- Determinar os fatores de conversão;
8
3. MATERIAL E MÉTODOS
NOTA: O trabalho da parte de metodologia sofreu alterações consideráveis.
Anteriormente, a pesquisa era composta por experimentos de safra com as culturas de
milho e soja, logo em seguida experimento de safrinha com milho em 2018 e finalizaria
com um último ensaio de safra com soja no ano de 2018. Em decorrência do prazo de
depósito e escrita de tese, fizemos algumas alterações essenciais no cronograma para que
todos os prazos sejam concluídos sem pendências. Segue abaixo a discriminação da
metodologia que está sendo seguida.
3.1 Plano de trabalho
Na época de safra foram conduzidos dois ensaios: um de soja e outro de milho,
cuja semeadura de ambos foi realizada concomitantemente no dia 10 de outubro de 2017.
Enquanto na safrinha foi semeado um segundo ensaio da cultura do milho, cuja
semeadura foi realizada no início do mês de abril de 2018.
3.2 Descrição dos experimentos
Os experimentos estão sendo conduzidos na área experimental do Departamento
de Produção Vegetal, no Campus da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo (Esalq/USP), no município de Piracicaba-SP, sob um sistema
de pivô central para garantir água disponível para as culturas. A área está localizada nas
seguintes coordenadas geográficas: 22° 41’ 30” de latitude Sul e 47° 38’ 30” de longitude
Oeste e 546 m de altitude.
O solo da área é classificado como Latossolo Vermelho distrófico argiloso b nítico
(HEIFFIG, 2002). O clima da região, segundo a classificação de Köppen é Cwa, com
verão chuvoso e estiagem de inverno e temperatura média anual em torno de 21,4°C. A
precipitação média anual é de 1257 mm (SENTELHAS; PEREIRA, 2000).
Antes do preparo do solo, foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0
a 20 cm para caracterização física e química. O preparo periódico do solo foi efetuado
por meio de uma gradagem e uma subsolagem a laser para descompactar o solo entre as
linhas, melhorando a expansão do sistema radicular da plantas e infiltração das águas da
chuva e irrigação.
Como os experimentos se tratam de medidas diretas dos parâmetros relacionados
à conversão de energia solar em massa de matéria seca, as culturas de soja e milho
semeadas na safra receberam um padrão diferente da safrinha, elas foram semeadas em
áreas extensas para formação de um dossel homogêneo, dentro das quais foram
9
delimitadas 60 parcelas para coleta de plantas ao longo do ciclo. Para a obtenção da curva
de acúmulo de matéria seca, a amostragem das plantas (soja e milho) foi realizada com
base na fenologia de cada cultura (Tabelas 3 e 4), até sua maturidade fisiológica. Cada
amostragem foi constituída da retirada de 3 plantas na parte central de cada parcela
experimental, sendo que em cada dia de avaliação foram coletadas 18 plantas, três em
cada uma das 6 parcelas diferentes escolhidas ao acaso dentro das 60 parcelas do dossel.
Assim, foram feitas aproximadamente 10 coletas (cerca de 140 dias), abrangendo o ciclo
completo das culturas, constituídas de 18 plantas (cada avaliação), consideradas
repetições.
Os experimentos de safra foram semeados no dia 10 de outubro, com sementes
altamente produtivas, enquanto que o experimento de milho foi semeado no mês de abril
de 2018 no período denominado de safrinha (segunda safra). Foi utilizado o híbrido da
Sementes Biomatrix BM 812 PRO2, considerado altamente produtivo para a região. A
semeaduras foram realizadas por meio de semeadora acoplada a um trator mecanizado.
As parcelas da safrinha tiveram duas diferentes populações, a 65.000
plantas/hectare e 80.000 plantas/hectare em dois tipos de espaçamentos, 0,45cm e
0,90cm. Dessa forma, todas as populações foram semeadas em diferentes espaçamentos.
As parcelas experimentais da safrinha possuíam 14 linhas de milho de 10 m de
comprimento.
Figura 1. Croqui do experimento de milho safrinha.
10
Portanto, o Tratamento 1 foi 0,45cm de espaçamento com 65.000 plantas/hectare,
Tratamento 2 foi 0,90cm de espaçamento com 80.000 plantas/hectare, Tratamento 3 foi
0,90cm de espaçamento com 65.000 plantas/hectare e o Tratamento 4 foi 0,90cm de
espaçamento com 80.000 plantas/hectare (Figura 1).
A área útil de cada unidade experimental da safra (soja e milho) foi constituída
por três linhas centrais de 5 metros de comprimento, desprezando-se as bordaduras, e, no
centro, como dito, foram coletadas três plantas ao longo dos diferentes estádios de
desenvolvimento da planta no do ciclo de cada cultura. Enquanto que na safrinha (milho)
a área útil de cada unidade experimental foi constituída por três linhas centrais de 10
metros de comprimento, desprezando-se as bordaduras, e, no centro, foi coletada uma
planta de cada unidade experimental ao longo dos diferentes estádios de desenvolvimento
da planta no do ciclo do milho. Desta forma, cada parcela só perderá poucas plantas, para
não afetar significativamente a homogeneidade do dossel e a produção final.
No laboratório cada planta será dissecada em seus órgãos: raiz, folha, caule e
órgãos reprodutores, para determinações de fitomassa seca. Subamostras passadas por
moinho de facas com peneiras 0,2 mesh serão empregadas para análises químicas de
elementos, nutrientes e compostos, a serem realizadas no laboratório de análise foliar do
Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP e também para o laboratório de análise
foliar Laborfort Análises Químicas para a determinação através dos métodos descritos
por Silva (2009). Dada a dificuldade da coleta de raízes, sua amostragem será parcial. A
cada avaliação realizada, está sendo coletada apenas uma parte do sistema radicular,
utilizada apenas para as análises químicas, que desta forma serão completas. Em quatro
momentos equidistantes do ciclo de cada cultura será amostrado o sistema radicular
completo, com 3 repetições, para determinação da fitomassa seca de raiz, pelo método da
trincheira, com lavagem posterior do solo coletado. As trincheiras serão abertas em
parcelas que já foram amostradas, de tal forma que uma trincheira de até 60 cm de
profundidade não atrapalhe o experimento. Após ajuste dos 4 dados de sistema radicular
em modelo sigmoidal, será estimada a curva completa de fitomassa de raiz.
A condução das culturas se dará de forma igual, com correção, maximizando a
adubação do solo para a produtividade potencial e irrigação aplicada de forma homogênea
e baseada em balanço hídrico climatológico, com o intuito de oferecer condições ótimas
de desenvolvimento sob as condições climáticas reinantes nas duas épocas.
11
3.3 Avaliações dos experimentos
3.3.1 Fenologia
Para a caracterização de cada estádio de desenvolvimento, as observações
fenológicas serão feitas a cada dois dias durante o ciclo de cada cultura de acordo com a
escala fenológica apresentadas nas Tabelas 3 e 4.
3.3.2 Elementos do clima
O Clima será caracterizado pela radiação solar, temperatura e umidade do ar,
fotoperíodo e vento, cujas variações do tempo no ciclo da cultura serão medidas em
termos relativos (Desenvolvimento relativo Dr) que utiliza o conceito de graus-dia. O
experimento contará com o sistema de irrigação por pivô. Os dados de radiação solar,
temperatura e precipitação (pluvial e da irrigação) serão medidos no local (pluviômetro)
e no Posto Meteorológico de Piracicaba, localizado no Departamento de Engenharia de
Biossistemas, da Esalq/USP.
Com os dados coletados, serão calculados: (a) graus-dia (GD, oC d), com base no
método proposto por Arnold (1959):
TbTT
GD
2
minmax
Em que Tmax se refere à temperatura do ar máxima diária (ºC); Tmin à
temperatura do ar mínima diária (ºC) e Tb à temperatura basal inferior, que será
pesquisada na literatura e introduzida no modelo de forma variável. Os GD serão
acumulados diariamente até o final de cada cultura com o intuito de calcular o
desenvolvimento relativo:
3.3.3 Massa de matéria seca
Como já descrito acima, o material vegetal colhido em cada parcela com base no
estádio fenológico da soja e do milho, será separado nos diversos órgãos, dependendo da
época, em raiz, colmo, folha, pendão, “cabelo”, palha, sabugo e grãos para o caso dos
experimentos de milho, enquanto que para o de soja será separado em: raiz, haste, folhas,
M
i
j
GD
TbTjDr
1
)(
12
vagens e grãos. Posteriormente, as partes vegetais serão lavadas e secadas em estufa de
circulação forçada, a 65 °C, até peso constante.
As análises químicas para a determinação dos teores de nutrientes presentes nas
plantas serão realizadas em extratos obtidos pela digestão sulfúrica (nitrogênio),
nitroperclórica (fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, cobre, ferro, manganês e
zinco) e por via seca (boro) (SARRUGE; HAAG, 1974). Também será feita análise dos
constituintes da matéria seca, a saber: lignina, carboidrato, proteína e lipídeos, no
Departamento de Produção Animal da ESALQ/USP.
3.3.4 Área foliar
A área foliar nos diferentes estádios será avaliada por intermédio de um sensor
comercial da marca LI-COR®, modelo Li-3100C. Todas as folhas de cada planta serão
removidas e passadas pelo equipamento, uma a uma obtendo-se o valor da área foliar de
cada amostra.
3.3.5 Balanço hídrico
Será elaborado o balanço hídrico (BH) da cultura, sendo a evapotranspiração
potencial de referência (ETo, mm d-1), calculada com base no método de Penman-
Monteith (ALLEN et al., 1998). O balanço hídrico propriamente dito será calculado com
base no método de Thornthwaite e Mather (1955), que também estima a
evapotranspiração real (ETr, mm d-1) e a deficiência hídrica.
3.3.6 Produtividade das culturas
A colheita dos experimentos será realizada quando as culturas atingirem o ponto
de maturidade fisiológica, feita nas últimas 6 parcelas coletadas, amostrando todas as
plantas de uma área útil de soja como também do milho.
3.3.7 Massa de 1000 grãos
Após colheita de cada parcela, os grãos serão secos à umidade ajustada de 13% e
também será realizada a pesagem de 1000 grãos escolhidos aleatoriamente.
3.3.8 Eficiência de conversão da energia solar em massa de matéria seca
A radiação global (Rg, MJ.ha-1.h-1) será obtida dos registros da estação agro
meteorológica da Esalq/ USP, a qual será integrada para cada dia do ciclo das culturas,
13
que, por exemplo, para um dia médio em Piracicaba (SP) poderia ser 150 MJ.ha-1.dia-1
(Figura 1).
Esta radiação inclui o espectro solar inteiro, desde o ultravioleta (UV, λ ≤ 400 nm)
até o infravermelho (IV, λ > 700 nm).
Como a fotossíntese se utiliza de parte da porção visível, que pode ser aproximada
em 50% de Rg, resulta a PAR (Photosynthetically Active Radiation), ou em português a
radiação fotossinteticamente ativa - 400 nm < λ ≤ 700 nm), que para o dia do exemplo da
Figura 1 resulta em 75 GJ.ha-1.dia-1.
Chamando esse fluxo PAR de radiação incidente I0, que atinge o dossel, parte dele
é refletido (Ir) (principalmente o verde), que em média pode ser considerado 20% da PAR;
outra parte é transmitida (It) através do dossel e que por isso depende da área foliar e de
um fator k, denominado de coeficiente de extinção da radiação que define o formato da
curva que descreve a diminuição da radiação transmitida em função da área foliar; e o
restante do fluxo de radiação é absorvido (Ia) dentro do sistema, e que consiste na parte
principal em relação à fotossíntese. A conversão da energia radiante (Ia) em energia
química tem uma eficiência que depende da intensidade de Ia e da espécie vegetal
(inclusive variedade ou híbrido), a qual pode possuir um dos tipos de metabolismo
fotossintético, C3, C4 ou MAC (Figura 1).
Além do uso de dados da Estação meteorológica de ESALQ, as medidas da PAR,
de Ir, It e de Ia também serão medidas com radiômetros constituídos de Sensor Quântico
Linear para medida da PAR (400-700 nm) instalados diretamente no dossel das culturas.
Com a diferença das leituras de dois radiômetros situados acima do dossel, um voltado
para cima (I0) e outro voltado para baixo (Ir) é obtido o fluxo de radiação líquida que
penetra no dossel, sendo parcialmente absorvido pela planta e o restante chegando à
superfície do solo (It). A diferença entre o que chega (I0 – Ir) e o transmitido (It) é a
estimativa da radiação efetivamente absorvida pela planta (Ia). Estes dados representarão
a realidade do balanço de radiação no dossel. Será também utilizada alternativa de estimar
Ia utilizando o IAF e o coeficiente de extinção de radiação k (Figura 1).
A partir da radiação absorvida pela planta e da assimilação de CO2, pode-se
estimar a eficiência do processo. A assimilação de carbono [kgCO2.ha-1.dia-1] também
será medida, alternativamente, com o instrumento IRGA (modelo LI64xt) e através do
uso de modelos encontrados na literatura. O IRGA é um instrumento caro, de difícil
manuseio e calibração no campo. Seu uso será feito em colaboração com o Laboratório
de Fisiologia Vegetal da ESALQ, sob a coordenação do Prof. Dr. Ricardo Sanches de
14
Oliveira, que colocará à nossa disposição um técnico especializado nestas medidas. Em
cada horário de medida serão avaliadas várias folhas para que os resultados obtidos em
áreas de aproximadamente 6 cm2 possam ser extrapolados com segurança para um hectare
(ha) de cultura. Os resultados médios obtidos, em gramas de CO2 assimilados por cm2
de folha, serão transformados em kg de matéria seca por ha, pelo emprego da área foliar.
Esta extrapolação, apesar de complexa, nos trará resultados que servirão para comparação
com nossos valores medidos de matéria seca. Estas medidas serão repetidas nos estádios
de maior importância das duas culturas. A comparação dos resultados da fotossíntese
medida com o IRGA e aqueles calculados com a equação para cálculo de fotossíntese
líquida (FLi) a partir da fitomassa, está discutida logo abaixo no fluxograma da página
19.
Nos cálculos de conversão de energia, os valores de eficiência não são conhecidos
para os novos genótipos de soja e milho que são objeto deste estudo. Em nosso exemplo
representado pela Figura 1, se considerarmos assimilados 500 kg [CO2].ha-1.dia-1, o que
equivale a 341 kg [CH2O].ha-1.dia-1 (carboidratos), precisamos descontar as quantidades
de CH2O utilizadas na respiração de manutenção e de crescimento da planta, e restariam
290 kg[CH2O].ha-1.dia-1 que correspondem a 200kg [MS].ha-1.dia-1. Essa quantidade é
repartida entre os diferentes órgãos da planta. Nestes cálculos entram fatores de conversão
de carboidrato em lignina, lipídeos (óleo), proteína, ácidos orgânicos e minerais, que
geralmente são tirados da literatura, mais especificamente de Penning De Vries (1989),
como indicado na Tabela 1.
Como a composição (%) da MS dos diferentes órgãos é diferente, em termos de
lipídeos (óleo), lignina, proteína, carboidrato, ácidos orgânicos e minerais, os fatores de
conversão (FC, g [MS].g-1 [CH2O]) referentes aos custos da biossíntese e do transporte
são diferentes, e que ainda variam de órgão para órgão. Esses fatores de conversão
também são objeto deste estudo.
15
Tabela 1. Eficiência de converter carboidrato em massa de matéria seca total (MST) (raiz,
folha, haste e órgão reprodutivo) de planta de soja e milho em função da
composição da MST e da eficiência bioquímica de converter carboidrato em
lipídio (óleo), lignina, proteína, carboidrato, ácido orgânico e minerais (K, Ca,
P e S) (PENNING DE VRIES, 1989).
Componente c
A
Custo da
biossíntese
(CBc)
B
Custo do
transporte
(CTc)
C = A + B
Custo de
conversão
D = 1/C
Eficiência de
conversão bioquímica
Lipídio (óleo) 3,030 0,159 3,189 0,31
Lignina 2,119 0,112 2,231 0,45
Proteína 1,824 0,096 1,920 0,52
Carboidrato 1,211 0,064 1,275 0,78
Ácido orgânico 0,906 0,048 0,954 1,05
Minerais 0,000 0,120 0,120 8,3 A, B e C: G [glicose].g-1[componente]. D: G [componente].g-1[glicose]. Minerais (K, Ca, P e S).
3.3.9 Metodologia proposta
Esta pesquisa pretende estabelecer uma nova metodologia para derivar a curva de
assimilação de carbono a partir da análise de crescimento e assim determinar os fatores
de conversão de energia luminosa em fitomassa. O fluxograma da Figura 2 descreve de
forma simplificada os passos desta metodologia a partir de medidas de fitomassa seca
(FS) de Raiz (R); Folha (F); Caule (C) e Órgãos reprodutores (Or), realizadas nos dias (i)
do ciclo da cultura, que vão estimar a fotossíntese líquida FL em cada órgão (o) e a
eficiência de uso de carbono e luz (EUCL).
16
Figura 1: Fluxo de energia solar até a formação de matéria seca (MS). Símbolos estão
no texto do estudo (Fonte: Reichardt, 2017).
17
Figura 2: Fluxograma da nova metodologia proposta para a avaliação da assimilação de carbono a partir da caracterização da variação temporal
da massa de matéria seca. Os símbolos desta figura estão na Tabela 2.
18
Tabela 2. Significados das abreviaturas utilizadas no novo fluxograma da nova metodologia proposta
para avaliação da assimilação de carbono a partir da caracterização da variação temporal
da massa de matéria seca.
Abreviatura Significado
i Dia Juliano
IAF Índice de área foliar
FS Fitomassa seca de R= raiz; F= folha; C= caule; OR= órgão reprodutivo;
pC Partição de carbono de R, F, C, OR
α Latitude
γ Declinação
Tb Temperatura base
GDM Somatória graus-dias do ciclo
T Temperatura do ar
b0, b1, c0, c1, c2 Coeficientes de ajuste
PAR Radiação fotossinteticamente ativa
tRc Teor de carbono na raiz
tFc Teor de carbono na folha
tCc Teor de carbono no caule
tORc Teor de carbono no órgão reprodutivo
CTc Custo de transporte de carbono
CBc Custo biológico de síntese de composto
k Coeficiente de extinção de luz
eR Eficiência de conversão de carboidratos em raiz
eF Eficiência de conversão de carboidratos em folha
eC Eficiência de conversão de carboidratos em caule
eOR Eficiência de conversão de carboidratos em órgão reprodutivo
Dr Desenvolvimento relativo
FL Fotossíntese líquida
H Duração do dia
CRmc Coeficiente de respiração, manutenção e crescimento
CRs Coeficiente de interceptação de radiação solar
Adc Acumulação de dióxido de carbono
EUCL Eficiência de uso de carbono e luz
p1, p2, p3, p4, p5 Fatores de conversão
A primeira linha (em verde) de equações do fluxograma corresponde aos cálculos das
eficiências de conversão de carboidrato em massa de matéria seca de raiz (eR), folha (eF), caule (eC)
e órgãos reprodutivos (eOr) utilizando os dados da Tabela 1. Serão medidos os teores dos diferentes
componentes c (lipídio, lignina, proteína, carboidrato e minerais) da matéria seca de raiz (tRc), folha
19
(tFc), caule (tCc) e órgãos reprodutivos (tOrc) (Figura 2) para novos híbridos de milho e cultivares de
soja.
Calcular-se-á a fotossíntese líquida Fli, a duração teórica do i-ésimo dia Hi, o índice de área
foliar IAFi em função do desenvolvimento relativo Dri, assim como os coeficientes de respiração de
manutenção e crescimento CRmci e o de interceptação de radiação solar fotossinteticamente ativa CRsi
(através do IAF e do coeficiente de extinção de luz, por regressão logarítmica). Em seguida,
simultaneamente, calcular-se-ão a eficiência de uso de carbono e de luz EUCL e a assimilação de
dióxido de carbono Adci, com base nos valores de FLi, Hi, IAFi, CRmci e CRsi (primeira equação
apresentada para o cálculo de Adci).
Na segunda equação apresentada para o cálculo de Adci, serão estimados, por intermédio de
análise de regressão não linear, os parâmetros empíricos p1, p2, p3, p4 e p5, que pretendemos
determinar neste estudo, com base nos valores de Adci (assimilação de dióxido de carbono - primeira
equação apresentada), PARi (radiação fotossinteticamente ativa) e Ti (temperatura do ar),
minimizando a soma dos quadrados dos erros utilizando o método iterativo generalizado de Newton-
Raphson.
3.4 Instalação dos experimentos
3.4.1 Experimentos de milho: fatores e conversão da energia solar em massa de matéria
seca em híbrido atual de milho
Foram realizados dois ensaios de milho: o primeiro na época de safra cuja semeadura foi
realizada no mês de outubro de 2017, e o segundo semeado no mês de abril de 2018 em safrinha. Foi
utilizado um híbrido altamente produtivo para a região. A semeadura dos ensaios foi realizada por
meio de semeadora acoplada a um trator mecanizado cuja população é determinada conforme
exigência do híbrido.
As parcelas experimentais da safra constituíram de 5 linhas de milho de 5 m, espaçadas com
0,90 m totalizando uma área de 22,5 m2, com uma população da ordem de 65.000 plantas por ha.
Como foram delimitadas 60 parcelas, a área útil de cada experimento será 3 linhas centrais de 5 m de
comprimento desprezando-se a bordadura, possuindo cerca de 11 m2 de área. Na última amostragem
(últimas 6 parcelas da maturação) foram coletadas uma área com mesmo tamanho da unidade
experimental para medir a produtividade de grãos.
As parcelas da safrinha tiveram duas diferentes populações, a 65.000 plantas/hectare e 80.000
plantas/hectare em dois tipos de espaçamentos, 0,45cm e 0,90cm. Dessa forma, todas as populações
foram semeadas em diferentes espaçamentos. As parcelas experimentais da safrinha possuíam 14
linhas de milho de 10 m de comprimento.
20
Tratamento 2 foi 0,90cm de espaçamento com 80.000 plantas/hectare, Tratamento 3 foi
0,90cm de espaçamento com 65.000 plantas/hectare e o Tratamento 4 foi 0,90cm de espaçamento
com 80.000 plantas/hectare (Figura 1).
A área útil de cada unidade experimental da safra (soja e milho) foi constituída por três linhas
centrais de 5 metros de comprimento, desprezando-se as bordaduras, e, no centro, como dito, foram
coletadas três plantas ao longo dos diferentes estádios de desenvolvimento da planta no do ciclo de
cada cultura. Enquanto que na safrinha (milho) a área útil de cada unidade experimental foi
constituída por três linhas centrais de 10 metros de comprimento, desprezando-se as bordaduras, e,
no centro, foi coletada uma planta de cada unidade experimental ao longo dos diferentes estádios de
desenvolvimento da planta no do ciclo do milho. Desta forma, cada parcela só perderá poucas plantas,
para não afetar significativamente a homogeneidade do dossel e a produção final.
A adubação de semeadura (adubação de base) e adubação de cobertura (estádio V4 -momento
em que a 4ª. folha está completamente desenvolvida em 50% das plantas da população - Tabela 3)
serão feitas conforme as exigências das condições químicas e físicas do solo após os resultados das
análises feitas em laboratório, e elas serão baseadas do “Boletim 100”.
Tabela 3. Descrição resumida dos estádios fenológicos da cultura de milho.
Fase Estádio Descrição de cada estádio
V0 Momento referente à emergência
V2 2ª. folha está completamente desenvolvida em 50% das plantas da população
V4 4ª. folha está completamente desenvolvida em 50% das plantas da população
V6 6ª. folha está completamente desenvolvida em 50% das plantas da população
V8 8ª. folha está completamente desenvolvida em 50% das plantas da população
V12 12ª. folha está completamente desenvolvida em 50% das plantas da
população
V14 14ª. folha está completamente desenvolvida em 50% das plantas da
população
VT
Momento em que há emissão do pendão e abertura das flores masculinas em
50% das plantas da população
R1 50% das plantas da população apresentam florescimento pleno
R2 50% das plantas da população apresentam grãos pastosos
R3 50% das plantas da população apresentam grãos leitosos
R4 50% das plantas da população apresentam grãos farináceos
R5 50% das plantas da população apresentam grãos farináceos duros
R6 Ponto de maturidade fisiológica
R
E
P
R
O
D
U
T
I
V
A
V
E
G
E
T
A
T
I
V
A
21
3.4.2 Experimento na cultura da soja: fatores e conversão da energia solar em massa de
matéria seca em genótipo de soja
O ensaio de safra foi semeado no mês de outubro de 2017, utilizando-se como cultura a soja,
cujo genótipo a ser utilizado com uma com alta capacidade produtiva na região de instalação da
pesquisa. A semeadura do ensaio foi realizada por meio de semeadora acoplada a um trator
mecanizado cuja população foi de aproximadamente 320.000 plantas/hectare. As parcelas
experimentais constituiram de 5 linhas de soja de 4 m de comprimento espaçadas de 0,45 m
entrelinhas, totalizando em 9 m2 de área. Como foram delimitadas 60 parcelas, a área útil do
experimento possui 3 linhas centrais de 4 m de comprimento desprezando-se a bordadura, possuindo
cerca de 5,4 m2 de área. Na última amostragem (últimas 6 parcelas da maturação) será coletada uma
área com mesmo tamanho da unidade experimental para medir a produtividade de grãos.
A adubação de semeadura (adubação de base) e adubação de cobertura (estádio vegetativo -
Tabela 4) foram feitas conforme as exigências das condições químicas e físicas do solo após os
resultados das análises feitas em laboratório, e elas serão baseadas do Boletim 100.
Tabela 4. Descrição resumida dos estádios fenológicos da cultura de soja.
Fase Estádio Descrição de cada estádio
Vegetativa
VE Da emergência a cotilédones abertos
V1 Primeiro nó, folhas uni folioladas abertas
V2
V3
Segundo nó, primeira folha tri foliolada aberta
Terceiro nó, segundo folha tri foliolada aberta
Reprodutiva
Vn Enésimo nó com folha tri foliolada aberta, antes da floração
R1 Início da floração: até 50% das plantas com uma flor
R2 Floração plena: maioria dos racemos com flores abertas
R3 Final da floração: vagens com até 1,5 cm
R4 Maioria de vagens do terço superior com 2,0 a 4,0 cm
R5.1 Grãos com início de formação a 10% da granação
R5.2 Maioria das vagens com granação de 10 - 25%
R5.3 Maioria das vagens entre 25 e 50% de granação
R5.4 Maioria das vagens entre 50 e 75% de granação
R5.5 Maioria das vagens entre 75 e 100% de granação
R6 Maioria das vagens com granação de 100% e folhas verdes
R7.1 Início a 50% de amarelecimento de folhas e vagens
R7.2 Entre 51 e 75% de folhas e vagens amarelas
R7.3 Mais de 75% de folhas e vagens amarelas
R8.1 Início a 50% de desfolha
R8.2 Mais de 50% de desfolha à pré-colheita
R9 Maturidade de campo (Ponto de colheita)
22
3.5 Condução dos experimentos
Está sendo realizado acompanhamento diário dos experimentos a fim de verificar ataque de
pragas e doenças, bem como a presença de plantas daninhas. Assim, na medida do necessário serão
realizadas as aplicações de inseticidas, fungicidas e herbicidas de pré e pós-emergência conforme a
recomendação e exigência de cada cultura.
3.6 Análise dos resultados
A estatística dos experimentos será baseada em uma parcela simples e homogênea, com 6
repetições casuais, utilizando valores médios e desvios padrão. Os valores de matéria seca serão
ajustados a um modelo sigmoidal para posteriores avaliações. O fluxograma da Figura 2 será
executado em planilha Excel em função do tempo, desde a época de semeadura (i = 1) até a
maturidade fisiológica.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As amostras das avaliações estão sendo moídas para futuras realizações de análises
laboratoriais. Em decorrência disso, ainda não existem resultados preliminares, estamos na faze de
coleta de dados para futura discussão.
Os resultados que serão obtidos nesta pesquisa contribuirão para a comunidade científica em
estudos de modelagem para obtenção da produtividade máxima atingível das culturas de soja e milho.
A obtenção dos fatores de conversão de energia solar em matéria seca, incluindo sua partição
nos diferentes órgãos da planta, é um fato inédito para as condições específicas de cultivo de ambas
as culturas. Como já dito, até o momento pesquisas dessa natureza fazem uso de parâmetros e fatores
de conversão retirados da literatura internacional.
Espera-se que ao término do projeto, os resultados sejam publicados em revistas indexadas e
de alto fator de impacto, contribuindo assim para o avanço do manejo dessas duas culturas.
5. CONCLUSÕES
A parte bibliográfica está toda finalizada. O momento que o trabalho se encontra é de
experimentos no campo: a safra de soja e milho estão em fase de finalização, já foram realizadas oito
avaliações na cultura da soja e nove no milho. Restam poucas avaliações de campo, à medida que
todos os ensaios forem colhidos, será realizado a preparação da área para a safrinha de milho em
2018.
23
IMPORTANTE: No relatório parcial anterior, a responsável do projeto Jackellyne Bruna Sousa,
juntamente com seu orientador descreveram uma nota importante sobre o interesse da aluna ir fazer
doutorado sanduíche no exterior, em Kentucky, EUA. Por causa desse propósito, o projeto Agrisus
foi modificado para que antecipassem as experimentações no Brasil. De fato, a candidata foi
contemplada com a bolsa intercâmbio, e em decorrência disso em outubro ela viaja por 6 meses para
estudos em Kentucky. O projeto de campo será finalizado no mês de agosto de 2018, e os meses
seguintes serão dedicados a análises dos dados das amostras, bem como a redação da sua Tese até
sua defesa em 2019.
6. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS
Todo o cronograma anterior quando submetido para pedido do recurso sofreu alterações
necessárias. Um novo cronograma de atividades foi desenvolvido para que nenhum prazo fosse
extrapolado e, tudo está sendo seguido conforme o planejamento, sem maiores dificuldades ou
empecilhos na realização dos experimentos. Única medida corretiva foi na antecipação dos
experimentos para melhor condução da tese de doutorado.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Piracicaba-SP, 13 de agosto de 2018.
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