Relatório Smart Grid
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Relatrio
Smart Grid
Grupo de Trabalho de Redes Eltricas Inteligentes
Ministrio de Minas e Energia
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SUMRIO
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................. 5
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................................. 6
LISTA DE SIGLAS ..................................................................................................................................... 7
SUMRIO EXECUTIVO ........................................................................................................................... 12
1 INTRODUO ................................................................................................................................... 15
1.1 ESTRUTURA DO RELATRIO ................................................................................................................................... 16
2 O GRUPO DE TRABALHO ............................................................................................................... 17
2.1 ATIVIDADES ....................................................................................................................................................... 17
2.2 VISITA TCNICA AOS ESTADOS UNIDOS DA AMRICA .................................................................................................. 19
2.3 SUBGRUPOS ....................................................................................................................................................... 20
3 O CONCEITO DE SMART GRID ....................................................................................................... 21
3.1 MEDIO ELETRNICA ......................................................................................................................................... 23
3.2 COMUNICAO .................................................................................................................................................. 24
3.3 SENSORIAMENTO ................................................................................................................................................ 25
3.4 COMPUTAO .................................................................................................................................................... 25
4 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................................ 26
4.1 MEDIDOR INTELIGENTE ........................................................................................................................................ 30
4.2 SISTEMAS DE COMUNICAO ................................................................................................................................. 31
4.3 INTEROPERABILIDADE ........................................................................................................................................... 33
4.4 GERAO DISTRIBUDA E ARMAZENAMENTO ............................................................................................................ 33
4.5 VECULOS ELTRICOS ........................................................................................................................................... 34
4.6 VIABILIDADE TECNOLGICA ................................................................................................................................... 35
4.7 REGULAO E LEGISLAO ................................................................................................................................... 35
5 ESTUDOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAO ........................................................................... 37
5.1 INTRODUO ..................................................................................................................................................... 37
5.1.1 Cenrio ........................................................................................................................................... 37
5.1.2 Requisitos de Arquitetura ............................................................................................................... 39 5.1.2.1 Comunicao de dados ........................................................................................................................... 39 5.1.2.2 Modelo de dados .................................................................................................................................... 40 5.1.2.3 Segurana da Informao ....................................................................................................................... 41 5.1.2.4 Capacidade de processamento e armazenamento ................................................................................ 41
5.1.3 Influncia do conceito Smart Grid nos Programas Computacionais de Anlise de Redes Eltricas 42
5.2 ARQUITETURA PARA SISTEMAS DE AUTOMAO ....................................................................................................... 43
5.2.1 Ligaes entre centros de controle: protocolo ICCP ....................................................................... 44
5.2.2 Protocolo IEC 61850 ....................................................................................................................... 45
5.2.3 Segurana ....................................................................................................................................... 45
5.2.4 Cenrio no Brasil ............................................................................................................................ 47
5.2.5 Recomendaes do Smart Grid Interoperability Panel (Estados Unidos da Amrica) .................... 48
5.3 ARQUITETURA PARA SISTEMAS DE MEDIO ............................................................................................................ 49
5.3.1 Medidores Eletrnicos .................................................................................................................... 50
5.3.2 Descrio dos enlaces de comunicao .......................................................................................... 50 5.3.2.1 Distribuidora concentrador ................................................................................................................. 50 5.3.2.2 Concentrador medidor ........................................................................................................................ 51 5.3.2.3 Medidor - eletrodomsticos ................................................................................................................... 52
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5.3.3 Sistemas de Gerenciamento da Medio ....................................................................................... 53
5.3.4 Casos exemplo - Arquiteturas ......................................................................................................... 53
5.3.5 Diferentes Vises Referentes a Sistemas de Medio .................................................................... 55 5.3.5.1 A Viso da ANEEL .................................................................................................................................... 55 5.3.5.2 Viso da Comunidade Europeia .............................................................................................................. 58
5.3.6 Sistema Brasileiro de Medio Automtica - SiBMA ...................................................................... 62
5.4 ASPECTO DE MANUTENO E MONITORAO DE EQUIPAMENTOS ............................................................................... 64
5.4.1 Requisitos de Arquitetura ............................................................................................................... 64
5.4.2 Requisitos Adicionais ...................................................................................................................... 66
5.5 BARRAMENTO DE SERVIOS .................................................................................................................................. 66
5.6 CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................................................................... 68
6 ESTUDOS DE MEDIO E MERCADO ........................................................................................... 70
6.1 CONTEXTO ......................................................................................................................................................... 70
6.2 PLANO DE TRABALHO .......................................................................................................................................... 70
6.3 SOLUO DE MEDIO ........................................................................................................................................ 71
6.3.1 Flexibilizao da medio para pequenos pontos (pontos de consumidores especiais e gerao de
pequeno porte) ........................................................................................................................................ 73 6.3.1.1 Comunicao para disponibilizao dos dados de medio CCEE ....................................................... 74 6.3.1.2 Avaliao de requisitos tcnicos e funcionalidades de medidores para MT/BT ..................................... 76
6.4 SOLUO DE MERCADO - TRATAMENTO DA PARTICIPAO DE PEQUENOS AGENTES NO ACL............................................. 82
6.5 SOLUO DE MERCADO - GERAO DISTRIBUDA DE PEQUENO PORTE A PARTIR DE FONTES RENOVVEIS NA REDE DE
DISTRIBUIO........................................................................................................................................................... 91
6.5.1 Caracterizao................................................................................................................................ 92
6.5.2 Panorama no Mundo ..................................................................................................................... 93 6.5.2.1 Tarifa Feed-in .......................................................................................................................................... 93 6.5.2.2 Quotas .................................................................................................................................................... 94 6.5.2.3 Net Metering .......................................................................................................................................... 94 6.5.2.4 Certificados de Energia Renovvel ......................................................................................................... 94
6.5.3 Principais resultados alcanados .................................................................................................... 95
6.5.4 Modelo de Negcio Proposto ......................................................................................................... 96
6.6 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................................... 100
7 ESTUDOS ECONMICOS .............................................................................................................. 102
7.1 REFERNCIAS DE QUANTIFICAES EM ESTUDOS REALIZADOS EM OUTROS PASES ........................................................ 102
7.1.1 Alemanha ..................................................................................................................................... 102
7.1.2 Finlndia ....................................................................................................................................... 103
7.1.3 Holanda ........................................................................................................................................ 103
7.1.4 Irlanda do Norte ........................................................................................................................... 103
7.1.5 Portugal ........................................................................................................................................ 103
7.1.6 Estados Unidos ............................................................................................................................. 104
7.1.7 Austrlia ....................................................................................................................................... 104
7.2 PREMISSAS E METODOLOGIA SUGERIDA ................................................................................................................. 105
7.2.1 Premissas...................................................................................................................................... 105 7.2.1.1 Reduo do pico ................................................................................................................................... 105 7.2.1.2 Reduo das perdas no-tcnicas ........................................................................................................ 111 7.2.1.3 Reduo das perdas tcnicas ................................................................................................................ 114 7.2.1.4 Reduo do consumo total ................................................................................................................... 118 7.2.1.5 Resultados do Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica PROCEL .............................. 119
7.2.2 Metodologia do EPRI para estimativa de custo/benefcio ........................................................... 121 7.2.2.1 Benefcios ............................................................................................................................................. 122 7.2.2.2 Beneficirios ......................................................................................................................................... 122
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7.2.2.3 Nveis de incerteza e categorias de benefcios ..................................................................................... 122 7.3 CUSTOS E BENEFCIOS IDENTIFICADOS NO BRASIL .................................................................................................... 125
7.3.1 Custos ........................................................................................................................................... 125 7.3.1.1 Implantao de medidores inteligentes ............................................................................................... 125 7.3.1.2 Custo para automatizao da rede ....................................................................................................... 127 7.3.1.3 Campanha de comunicao / marketing. ............................................................................................. 130
7.3.2 Benefcios ..................................................................................................................................... 131 7.3.2.1 Por Beneficirio .................................................................................................................................... 131 7.3.2.2 Para o Setor Eltrico ............................................................................................................................. 132 7.3.2.3 Para o setor de telecomunicaes ........................................................................................................ 133 7.3.2.4 Para a atividade econmica .................................................................................................................. 133 7.3.2.5 Ambientais ............................................................................................................................................ 136 7.3.2.6 Benefcios intangveis ........................................................................................................................... 139
7.4 OUTRAS POLTICAS TRANSVERSAIS ........................................................................................................................ 144
7.4.1 Gerao distribuda ...................................................................................................................... 144 7.4.1.1 Desafio regulatrio e tcnico................................................................................................................ 144 7.4.1.2 Impacto sobre a matriz eltrica/ outros benefcios .............................................................................. 146 7.4.1.3 Funcionalidades adicionais: medio de energia reversa ..................................................................... 147 7.4.1.4 Impacto na reduo de perda tcnica .................................................................................................. 147
7.4.2 Criao de novos mercados .......................................................................................................... 148 7.4.2.1 Novas indstrias: equipamentos para gerao solar e outras fontes ................................................... 148 7.4.2.2 Veculos eltricos .................................................................................................................................. 149
7.5 FONTES DE FINANCIAMENTO DO PLANO BRASILEIRO DE REDE INTELIGENTE .................................................................. 152
7.5.1 Do setor eltrico ........................................................................................................................... 152 7.5.1.1 Tarifa..................................................................................................................................................... 152 7.5.1.2 Fundos setoriais .................................................................................................................................... 153
7.5.2 BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social ............................................. 163
7.5.3 Iniciativas do Ministrio da Fazenda ............................................................................................ 165 7.5.3.1 REIDI ..................................................................................................................................................... 165 7.5.3.2 Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnolgico da Indstria de Semicondutores PADIS ........ 167
7.5.4 MDL .............................................................................................................................................. 170
7.5.5 Bancos e Agncias de Desenvolvimento Internacionais ............................................................... 173 7.5.5.1 Agncia Francesa de Desenvolvimento ................................................................................................ 174 7.5.5.2 KfW Bankengruppe ............................................................................................................................... 175 7.5.5.3 Agncia Internacional de Cooperao do Japo ................................................................................... 177
7.5.6 Acordos internacionais com transferncia de recursos ................................................................ 178
7.6. OUTROS DESAFIOS ........................................................................................................................................... 179
7.6.1 Desenvolvimento da Infraestrutura Industrial ............................................................................. 179 7.6.1.1 Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento para o desenvolvimento de novos produtos ............ 179 7.6.1.2 Investimentos em expanso da capacidade fabril ................................................................................ 180
7.6.2 Capacitao da mo-de-obra ....................................................................................................... 181
7.7 CONSIDERAES FINAIS ..................................................................................................................................... 181
8 TELECOMUNICAES .................................................................................................................. 183
8.1 INTRODUO ................................................................................................................................................... 183
8.2 VISO NO SETOR PRIVADO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMRICA .................................................................................. 184
8.2.1 General Electric ............................................................................................................................ 184
8.2.2 Silver Spring .................................................................................................................................. 188
8.2.3 Aclara ........................................................................................................................................... 190
8.2.4 Outras empresas .......................................................................................................................... 191
8.3 VISO DAS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS NOS ESTADOS UNIDOS DA AMRICA ............................................................. 191
8.3.1 Federal Communication Commission FCC ................................................................................. 191
8.3.2 Federal Energy Regulatory Commission - FERC ............................................................................ 193
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8.3.3 National Association of Regulatory Utility Commissioners NARUC .......................................... 194
8.3.4 National Institute of Standars and Technology - NIST.................................................................. 195
8.4 AES DE GOVERNANA .................................................................................................................................... 195
8.5 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................................... 196
9 VISITA TCNICA AOS ESTADOS UNIDOS DA AMRICA .......................................................... 199
9.1 INTRODUO ................................................................................................................................................... 199
9.2 PROGRAMAO ................................................................................................................................................ 199
9.3 GRID WISE GLOBAL FORUM................................................................................................................................ 201
9.4 PHI PEPCO HOLDING INCORPORATION ............................................................................................................... 203
9.5 DOE DEPARTAMENT OF ENERGY ....................................................................................................................... 208
9.6 ONCOR ......................................................................................................................................................... 210
9.7 PUCT PUBLIC UTILITY COMMISSION OF TEXAS .................................................................................................... 211
9.8 IBM AUSTIN TEXAS ......................................................................................................................................... 214
9.9 CENTER POINT ................................................................................................................................................. 216
9.10 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................................. 220
10 CONCLUSO E RECOMENDAES .......................................................................................... 221
11 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................................. 225
ANEXO 1 PORTARIA N 440 ............................................................................................................. 227
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LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1: RELAO DE REUNIES DO GT .................................................................................... 18
TABELA 6.1: COMPARAO DE REQUISITOS TCNICOS E FUNCIONALIDADES DE MEDIDORES
PARA MT/BT ............................................................................................................................................ 76
TABELA 6.2: COMPARAO DAS RESPONSABILIDADES E OBRIGAES ATUAIS DE UM
PEQUENO AGENTE COM PROPOSTA DO COMERCIALIZADOR VAREJISTA .................................. 86
TABELA 6.3: INCENTIVOS PARA A GERAO DISTRIBUDA - FONTE: RENEWABLES 2010 -
GLOBAL STATUS REPORT .................................................................................................................... 95
TABELA 7.1: VALORES ADOTADOS NO PROJETO PILOTO DE TARIFA AMARELA NA COPEL
(COPEL, 1998). ...................................................................................................................................... 107
TABELA 7.2: VARIAO DA DEMANDA DE PONTA (COPEL, 1998). ................................................ 109
TABELA 7.3: RELAO ENTRE O CONSUMO DE PONTA E O CONSUMO TOTAL ANTES E DEPOIS
DA TARIFA AMARELA E VARIAO DO CONSUMO TOTAL (COPEL, 1998). .................................. 109
TABELA 7.4: PREVISO DE REDUO DAS PERDAS NO-TCNICAS ......................................... 113
TABELA 7.5: RESULTADOS DO PROCEL EM 2009. .......................................................................... 120
TABELA 7.6: INVESTIMENTOS DA ELETROBRAS NO PROCEL 2009. ......................................... 120
TABELA 7.7: CATEGORIAS DE BENEFCIOS EPRI. ......................................................................... 125
TABELA 7.8: CUSTO DOS MEDIDORES INTELIGENTES. ................................................................. 127
TABELA 7.9: PRINCIPAIS BENEFCIOS X BENEFICIRIOS. ............................................................. 131
TABELA 7.10: INVESTIMENTOS NECESSRIOS PARA GERAR 252 MWMED A PARTIR DE
DIVERSAS TECNOLOGIAS. ................................................................................................................. 133
TABELA 7.11: DISTRIBUIO DOS PERCENTUAIS DA LEI 9.991/2000, ALTERADA PELA LEI
12.212/2010. ........................................................................................................................................... 159
TABELA 7.12: CONDIES DE FINANCIAMENTO AGNCIA INTERNACIONAL DE COOPERAO
DO JAPO. ............................................................................................................................................ 177
TABELA 8.1: FREQUNCIAS SUGERIDAS PELA FCC ....................................................................... 193
TABELA 9.1: PLANEJAMENTO PARA VISITA DO GT SMART GRID AOS EUA ................................ 200
TABELA 9.2: EQUIPAMENTOS PARA IMPLEMENTAO DO SMART GRID. .................................. 209
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LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1: Conceito de integrao Smart Grid. ....................................................................................... 27
Figura 4.2: Topologia de Rede Inteligente. .............................................................................................. 28
Figura 4.3: Rede Inteligente dentro das residncias. ............................................................................... 29
Figura 4.4: Estrutura de Governana em Smart Grid. .............................................................................. 30
Figura 5.1: Viso abrangente do cenrio Smart Grid. .............................................................................. 38
Figura 5.2: Viso lgica da infraestrutura de superviso e medio. ...................................................... 39
Figura 5.3: Infraestrutura de Comunicao.............................................................................................. 39
Figura 5.4: Arquitetura para Sistemas de Superviso e Controle de Subestaes .................................. 43
Figura 5.5: Representao de rede Eltrica Inteligente. .......................................................................... 50
Figura 5.6: Concentradores hierarquizados em rede. .............................................................................. 51
Figura 5.7: Medidores em rede. ............................................................................................................... 52
Figura 5.8: Medidores e eletrodomsticos. ............................................................................................. 52
Figura 5.9: Exemplo de arquitetura. ......................................................................................................... 55
Figura 5.10: Dados disponveis ao consumidor ........................................................................................ 59
Figura 6.1: Diviso dos trabalhos do subgrupo Medio para microgerao. ......................................... 71
Figura 6.2: Requisitos de medio para categorias de agentes. .............................................................. 74
Figura 6.3: Alternativa de flexibilizao de comunicao dos dados de medio CCEE. ...................... 75
Figura 6.4: Evoluo de pontos de medio com capacidade inferior ou igual a 1MW. ......................... 76
Figura 6.5: Evoluo de nmero de consumidores livres e especiais. ..................................................... 83
Figura 6.6: Evoluo da carga de consumidores livres e especiais. ......................................................... 83
Figura 6.7: Potencial de mercado para consumidores livres e especiais. ................................................ 84
Figura 6.8: Proposta para representao de pequenos agentes pelo Comercializador Varejista. .......... 86
Figura 6.9: Gerao Distribuda em 2009 ................................................................................................. 96
Figura 6.10: Adio Anual de Gerao Solar Fotovoltaica ....................................................................... 96
Figura 7.1: Evoluo esperada no parque de medio em pases da Europa (ERGEG, 2007). .............. 102
Figura 7.2: Mdias das curvas de carga de segunda a sbado - com desconto (Copel, 1998). .......... 108
Figura 7.3: Mdias das curvas de carga de segunda a sbado - com acrscimo (Copel, 1998). ......... 108
Figura 7.4: Pesquisa realizada com os consumidores do projeto (Bandeirante, 1999). ........................ 110
Figura 8.1: Estimativa da taxa de dados em funo da aplicao. ......................................................... 184
Figura 8.2: Exemplo de Rede RF Mesh ................................................................................................... 189
Figura 8.3: Relao Custo / Benefcio. .................................................................................................... 189
Figura 8.4: Exemplo de aplicao de PLC ............................................................................................... 190
Figura 8.5: Conceito de Smart Grid pelo NIST. ....................................................................................... 195
Figura 9.1: Infraestrutura de Comunicao............................................................................................ 205
Figura 9.2: Ganhos de desempenho em experincias com automao na distribuio. ....................... 206
Figura 9.3: Medidor Eletrnico. .............................................................................................................. 207
Figura 9.4: Matriz Energtica do Texas. ................................................................................................. 213
Figura 9.5: Relao entre o rgo regulador e os atores do setor de energia. ...................................... 214
Figura 9.6: Instalao de medidores em unidades consumidoras residenciais. .................................... 217
Figura 9.7: Rede Mesh ............................................................................................................................ 219
Figura 9.8: Concetrador instalado em campo. ....................................................................................... 219
Figura 9.9: Equipamento de armazenamento. ....................................................................................... 220
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LISTA DE SIGLAS
ABINEE Associao Brasileira da Indstria Eltrica e Eletrnica
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ACL Ambiente de Contratao Livre
ADSL Asymmetric Digital Subscriber Line
AFD Agncia Francesa de Desenvolvimento
AMI Advanced Metering Infrastructures
ANATEL Agncia Nacional de Telecomunicaes
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica
ANSI American National Standards Institute
AP Audincia Pblica
APE Auto-Produtor de Energia
API Application Programming Interface
APTEL Associao de Empresas Proprietrias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicaes
ASN.1 Abstract Syntax Notation One
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social
BT Baixa Tenso
CAPDA Comit das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amaznia
CATI Comit da rea de Tecnologia da Informao
CCC Conta de Combustveis Fsseis (Encargo Setorial)
CCEE Cmara de Comercializao de Energia Eltrica
CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Eltrica
CFURH Compensao Financeira pela Utilizao de Recursos Hdricos (Encargo Setorial)
CGH Central Geradora Hidreltrica
CICORP Cadastrado de Informaes Corporativas
CIDE Contribuio de Interveno no Domnio Econmico
CIM Common Information Model
CIP Critical Infrastruture Protection
CNI Confederao Nacional da Indstria
COFINS Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social
CREZ Competitive Renewable Energy Zones
CUSD Contrato de Uso do Sistema de Distribuio
DA Distribuiton Automation
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DC Direct Current
DC District of Columbia
DIC Durao de Interrupo por Unidade Consumidora
DMIC Durao Mxima de Interrupo por Unidade Consumidora
DMS Distribution Management System
DoE Department of Energy
DRC Durao Relativa da Transgresso de Tenso Crtica
DRP Durao Relativa da Transgresso de Tenso Precria
EER Encargo de Energia de Reserva
EPE Empresa de Pesquisa Energtica
EPRI Electric Power Research Institute
ERCOT Electric Reliability Council of Texas
ERGEG European Regulators Group for Electricity and Gas
ERSE Entidade Reguladora dos Servios Energticos
ESS Encargo de Servios do Sistema
EUA Estados Unidos da Amrica
EUR Euro
FCC Federal Communication Commission
FERC Federal Energy Regulatory Commission
FIC Frequncia de Interrupo por Unidade Consumidora
FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico
GD Gerao Distribuda
GE General Eletric
GEE Gases do Efeito Estufa
GIS Georeference Information System
GOOSE Generic Object Oriented Substation Events
GRPS General Packet Radio Service
GSM Global System for Mobile Communications
GT Grupo de Trabalho
HAN Home Area Network
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IBM International Business Machines
ICCP Inter-Control Center Communications Protocol
ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios
IEC International Electrotechnical Commission
IED Intelligent Electronic Devices
http://www.ferc.gov/
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IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers
II Imposto de Importao
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial
IP Internet Protocol
IPCA ndice de Preo ao Consumidor Amplo
IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
ISGAN International Smart Grid Action Network
JICA Japan International Cooperation Agency
LAN Local Area Network
LCD Liquid Crystal Display
LED Light - Emitting Diode
MAC Message Authentication Code
MAIFI Momentary Average Interruption Frequency Index
MC Margem de Construo
MCT Ministrio de Cincia e Tecnologia
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MDM Meter Data Management
MMA Ministrio do Meio Ambiente
MME Ministrio de Minas e Energia
MMS Manufacturing Message Specification
MO Margem de Operao
MT Mdia Tenso
NARUC National Association of Regulatory Utility Commissioners
NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL
NERC North American Electric Reliability Corporations
NIST National Institute of Standards and Technology
NT Nota Tcnica
OLED Organic Light Emitting Diode
OLSR Optimized Link State Routing
OMS Outage Management System
ONS Operador Nacional do Sistema Eltrico
OPC OLE for Process Control
OSI Open Systems Interconnection
P&D Pesquisa e Desenvolvimento e Eficincia Energtica
PADIS Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnolgico da Indstria de Semicondutores
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PAP Planos de Prioridade de Ao
PATVD Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnolgico da Indstria de Semicondutores
PCH Pequena Central Hidreltrica
PDE Plano Decenal de Energia
PEE Programa de Eficincia Energtica
PG&E Pacific Gas & Electric Company
PHI Pepco Holding Incorporation
PIB Produto Interno Bruto
PIS Programa de Integrao Social
PLC Power Line Communications
PLD Preo de Liquidao de Diferenas
PMU Phasor Measurement Units
PROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica
PRODIST Procedimento de Distribuio
PROINFA Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica
PUCT Public Utility Commission Texas
RAN Regional Areal Network
RCE Redues Certificadas de Emisso
REIDI Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura
RF Rdio-Frequncia
RGR Reserva Global de Reverso
RPM Rotaes por Minuto
RPS Renewable Portfolio Standard
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition
SCDE Sistema de Coleta de Dados de Energia
SCE Southern California Edison Company
SCL Substation Configuration Language
SECOM Secretaria de Comunicao Social da Presidncia da Repblica
SGIP Smart Grid Interoperability Panel
SIN Sistema Interligado Nacional
SMF Sistema de Medio para Faturamento
SMV Sampled Values
SOA Service Oriented Architecture
TAR Tarifa Atualizada de Referncia
TC Transformador de Corrente
TFEL Thin-Film Electroluminescent
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TFSEE Taxa de Fiscalizao de Servios de Energia Eltrica
TI Tecnologia da Informao
TIC Tecnologia da Informao e Comunicao
TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo
TP Transformador de Potncia
TWACS Two Way Automatic Communication System
TX Texas
UBP Uso de Bem Pblico
UCA Utility Communications Architecture
UCM Unidade Central de Medio
UE Unio Europeia
UML Unified Modeling Language
USD Dlar Americano
VPN Virtual Private Network
WAN Wide Area Network
XML Extensible Markup Language
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SUMRIO EXECUTIVO
Com a publicao da Portaria n 440, de 15 de abril de 2010, foi criado o
Grupo de Trabalho para estudo do conceito de redes eltricas inteligentes, tambm
conhecidas como Smart Grid. Para avanar no tema, foram convidadas diversas
entidades dos mais variados setores para apresentao das suas vises sobre esse
novo conceito, com objetivo de levar ao GT a oportunidade de nivelar os
conhecimentos sobre o estado da arte das redes inteligentes.
Foram convidados representantes de distribuidoras, de reguladores do setor
eltrico e de telecomunicaes, de associaes, de rgos financiadores, de
tecnologia da informao, do setor acadmico, entre outros, os quais apresentaram
as possibilidades e desafios a serem vencidos para implementao de novas
tecnologias na rede eltrica.
O GT tambm teve a oportunidade de visitar os EUA e ter uma viso mais
clara de como esto as discusses sobre o tema ao redor do mundo, visto que
participou de um Frum Global realizado em Washington, com participao de
representantes de todos os continentes. Tambm visitou diversas concessionrias de
energia eltrica e pode perceber como est o desenvolvimento dos projetos.
Vrias mudanas na relao entre concessionria e consumidor foram
constatadas. A gama de informaes que eles recebem proporciona uma maior
dinmica na prestao do servio e na possibilidade de economia de energia,
trazendo melhoria para todo o sistema.
Em virtude da grande diversidade dos assuntos envolvidos, foram criados
subgrupos de maneira a permitir um aprofundamento dos estudos, alcanando uma
abordagem maior dos temas envolvidos.
Um dos assuntos tratados pelos subgrupos foi o da arquitetura dos sistemas
de tecnologia de informao (TI) aplicada ao conceito de redes eltricas inteligentes.
Fazem parte dessa arquitetura mltiplos dispositivos de medio e comunicao,
equipamentos de acionamento e controle, sistemas de comunicao de dados e
sistemas computacionais, que devem operar de forma integrada. Essa interao ir
produzir fluxo de dados capazes de alcanar grandes volumes, com exigncias
distintas em relao a tempos de resposta e tambm com uma demanda elevada na
capacidade de processamento. Para que o sistema opere de forma coordenada,
pretende-se que as interfaces de comunicao de dados, bem como sua modelagem,
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13
sigam um protocolo aberto, pblico e padronizado, possibilitando a utilizao de
equipamentos e softwares de diferentes fornecedores e permitindo a
interoperabilidade do sistema. Alm disso, para extrair os benefcios inerentes ao
conceito de redes eltricas Inteligentes, os sistemas corporativos das empresas
devem se adequar, operando de maneira integrada e tratando de modo eficiente a
massa de dados disponibilizada pela nova arquitetura de TI, que deve garantir ainda a
integridade dos dados, bem como manter a privacidade de informaes confidenciais
de consumidores. As questes de segurana requerem maior avano no estado da
arte, uma vez que as solues atuais no so abrangentes e no seguem um padro
especfico. No caso particular da interoperabilidade no Brasil, esse ponto vem
avanando com atividades no mbito da ABNT/CB-03 (projeto SiBMA) cujo objetivo
conceber arquitetura e diversas camadas de protocolos, que sejam abertos, pblicos
e padronizados. J existe tambm uma tendncia clara de uso de protocolos abertos
(normas IEC 61850 e ICCP) em subestaes e centros de controle, o que permite um
grau de inteligncia avanado na automao destes sistemas.
Tambm foram apresentados estudos sobre medio associada aos sistemas
de comunicao necessrios sua viabilizao, assim como avaliao de
mecanismos de mercado para estimular a participao efetiva de agentes de pequeno
porte - geradores e consumidores. Com relao aos medidores eletrnicos e
inteligentes, foram analisadas alternativas de flexibilizao de requisitos e
apresentada uma lista de funcionalidades e caractersticas que eles deveriam
apresentar, para se tirar, no futuro, proveito do conceito Smart Grid. A ampliao da
participao de agentes de pequeno porte foi avaliada sob a tica da oferta e da
demanda, em que, para a primeira, recomendou-se a criao do agente
comercializador varejista, que simplifica sobremaneira a participao de agentes de
pequeno porte no mercado atacadista de energia e visa a atender a uma maior
abertura de mercado. Para o lado da demanda, investigaram-se mecanismos
implementados em outros pases que tratam da oferta de excedente de produo de
gerao distribuda de pequeno porte (microgerao), onde o chamado net metering
(apurao da diferena entre a energia que foi consumida e a que foi produzida)
parece ser o modelo mais adequado realidade do mercado brasileiro.
Outro ponto de foco foram os estudos econmicos, que abordou as
dificuldades e solues encontradas pelos diversos pases na conduo do tema.
Para o caso brasileiro foram lanadas algumas premissas para elaborao da
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14
estimativa de custos de um Programa Brasileiro de Redes Inteligentes, como reduo
de pico de demanda, de perdas e de consumo total. No fim, foi apresentada a relao
custo-benefcio para o caso brasileiro, com a instalao de medidores inteligentes,
automatizao da rede e de meios de comunicao. A questo das possibilidades de
financiamento desse projeto tambm foi abordada, colocando os encargos setoriais, o
BNDES e outros incentivos fiscais como potenciais financiadores da implantao das
redes inteligentes.
A construo de sistemas de gerao, transmisso e distribuio de energia
baseados no conceito Smart Grid necessariamente utiliza sistemas de
telecomunicaes para realizar suas funes essenciais. Nesse sentido, foi feito
levantamento de experincias internacionais em telecomunicaes voltadas para a
infraestrutura Smart Grid e avaliaes de possveis solues para o caso brasileiro.
A questo das redes eltricas inteligentes no se esgota nesse relatrio,
Deve-se enxerg-lo como uma primeira fase rumo modernizao. Ser ainda
necessrio que polticas sejam definidas com objetivo de preparar um ambiente
adequado dos pontos de vista econmico e regulatrio para dar incio a esse avano.
Por se tratar de uma mudana na forma como a energia entregue ao
consumidor, o relacionamento da concessionria com o cliente ser remodelada e a
quantidade de informaes disponveis poder mudar os hbitos de consumo e
aumentar a qualidade dos servios prestados. Essa mudana tecnolgica atingir
vrios setores da economia, desde a indstria at a especializao da mo-de-obra e
poder tornar a rede eltrica mais confivel.
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15
1 INTRODUO
Desde a criao da primeira rede de energia eltrica feita por Nikola Tesla em
1888, no aconteceram inovaes significativas na maneira como a energia eltrica
fornecida ao consumidor. Muitas das tecnologias usadas naquela poca ainda
continuam em uso, limitando a capacidade de inovao.
Nos ltimos cinquenta anos, as redes no evoluram para encarar os desafios
das mudanas modernas. Ameaas segurana, possibilidade de uso de energia
alternativa e intermitente, metas de economia de energia para reduo de picos de
demanda e controles digitais para aumentar a confiabilidade e abreviar a restaurao
so alguns exemplos de desafios que tero que ser enfrentados nos prximos anos.
A situao mais indesejvel em uma rede eltrica a interrupo de
fornecimento. Em alguns casos essa falha no fornecimento se prolonga por vrias
horas, aumentando o tempo de espera da populao pelo retorno da eletricidade.
Essa situao afeta toda a economia, fazendo com que reas de produo, de
prestao de servios e trnsito sofram impactos, gerando prejuzos.
Sempre que h uma interrupo no fornecimento, percebemos o quanto
somos dependentes da energia eltrica. Nossa segurana fica ameaada quando
estamos no trnsito, em elevadores, caminhando pelas ruas, portanto, uma rede mais
confivel o desejo de todos.
Vivemos na era da tecnologia, e chega a ser surpreendente que as empresas
de distribuio ainda dependam dos clientes para ser notificadas de uma falta de
energia.
Segundo informaes da Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL , a
mdia de perdas eltricas no Brasil de 16%. H um grande espao para avano
nessa rea. A reduo dessas perdas pode significar a postergao de investimentos
em gerao e o aumento dos investimentos em infraestrutura, melhorando a
qualidade do fornecimento.
Nossa matriz de gerao limpa. Contudo, nos ltimos anos, estamos
acompanhando o crescimento do nmero de usinas trmicas. Devido dificuldade de
construo de grandes usinas hidrulicas, fica evidente a necessidade de
investimentos em pequenas geradoras, que estejam mais prximas aos centros de
cargas e que ofeream mais oportunidades de comercializao.
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16
O conceito de Smart Grid se apresenta como uma tecnologia que permite o
uso eficiente da energia eltrica e, assim, configura-se como importante ferramenta
no enfretamento desses desafios.
A implantao de redes inteligentes tem avanado em outras partes do
mundo. Muitos pases tm se dedicado a estudos sobre essa tecnologia com
investimento de volumosos recursos, e alguns j iniciaram a instalao dessas redes,
com destaque para Itlia, Estados Unidos, Japo e alguns outros pases europeus.
Nesse contexto, foi criado pela Portaria No 440, de 15 de abril de 2010, um
Grupo de Trabalho GT com o objetivo de analisar e identificar aes necessrias
para subsidiar o estabelecimento de polticas pblicas para a implantao do
Programa Brasileiro de Rede Eltrica Inteligente Smart Grid.
1.1 ESTRUTURA DO RELATRIO
Este relatrio est estruturado da seguinte forma: inicialmente apresenta-se o
Grupo de Trabalho; na sequncia, introduz-se o conceito de Smart Grid,
apresentando uma viso geral sobre esse conceito; em seguida discorre-se sobre o
estado da arte; por fim apresentam-se os estudos realizados pelos subgrupos e um
relato sobre a visita tcnica aos Estados Unidos da Amrica.
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2 O GRUPO DE TRABALHO
O Grupo de Trabalho foi composto por representantes das seguintes
instituies:
Ministrio de Minas e Energia MME;
Empresa de Pesquisa Energtica EPE;
Centro de Pesquisas de Energia Eltrica CEPEL;
Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL;
Operador Nacional do Sistema Eltrico ONS; e
Cmara de Comercializao de Energia Eltrica CCEE.
Alm desses, tambm participaram dos trabalhos representantes da Agncia
Nacional de Telecomunicaes ANATEL e da Eletrobras.
Seguindo o disposto na Portaria, coube ao GT abordar os seguintes aspectos:
O estado da arte no Brasil e em outros pases;
Propostas de adequao das regulamentaes e das normas gerais
dos servios pblicos de distribuio;
Identificao de fontes de recursos para financiamentos e incentivos
produo de equipamentos no pas;
Regulamentao de novas possibilidades de atuao de acessantes no
mercado, com possibilidade de usurios operarem tanto como
geradores ou consumidores de energia eltrica.
2.1 ATIVIDADES
Desde abril de 2010, os integrantes do GT realizaram dezoito reunies com
representantes de diferentes setores. Houve interao com empresas, associaes,
representantes de Estados estrangeiros, fabricantes, universidades e rgos
governamentais.
Alm disso, diversas outras reunies foram realizadas no mbito dos
subgrupos.
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Tabela 2.1: Relao de Reunies do GT. Entidade Data Palestrante(s) Tema Reunio
CEPEL 17/05/2010 Roberto Caldas Viso do CEPEL sobre o tema 1
ANEEL 17/05/2010 Paulo Henrique Silvestri Lopes
Viso da ANEEL sobre o tema 1
APTEL 01/06/2010 Pedro Luiz de
Oliveira Jatob Viso da APTEL sobre Smart Grid 2
CEMIG 01/06/2010 Denys C. Cruz de
Souza - Smart Grid na CEMIG 2
IBM 10/06/2010 Dario Almeida IBM Smart Grid Point-of-View 3
ABINEE 10/06/2010 Roberto Barbieri Smart Grid Rede Inteligente -
Viso Abinee 3
ELETROBRAS 18/06/2010 Ubirajara Rocha
Meira A ELETROBRAS e as Redes
Inteligentes 4
ANEEL P&D
18/06/2010
Mrcio Vencio Pilar Alcntara
Projetos de Pesquisa & Desenvolvimento da ANEEL como ferramentas de desenvolvimento
de Smart Grid no Brasil
4
ABRADEE 24/06/2010
Fernando C. Maia Viso da ABRADEE sobre a definio de Polticas Pblicas para
a implantao de Redes Inteligentes no Brasil
5
ANEEL MEDIO
ELETRNICA 24/06/2010
Paulo Henrique S. Lopes
Proposta de Regulamentao de Medio Inteligente em Baixa
Tenso
5
CEPEL 01/07/2010 Fbio Cavaliere de
Souza Medio Eletrnica 6
CCEE 08/07/2010 Luciano Freire Viso do CCEE sobre a implantao
das Redes Inteligentes - SMART GRID
7
INMETRO 08/07/2010
Luiz Carlos Gomes dos Santos
Luiz Fernando Rust Costa Carmo
Viso do INMETRO sobre Redes Inteligentes
O Controle Metrolgico
7
BNDES 15/07/2010 Alexandre
Siciliano Esposito Apoio do BNDES ao Setor Eltrico 8
FINEP 15/07/2010
Laercio de Sequeira
Viso da FINEP sobre Redes Inteligentes Viabilidade de Suporte Financeiro para o Desenvolvimento Cientifico e Tecnolgicos de Projetos Inovadores
8
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19
ANATEL 22/07/2010
Bruno Ramos, Maximiliano Salvadori
Martinho, Marcos de
Souza Oliveira.
Viso da ANATEL sobre Infraestrutura de
Telecomunicaes para a Implantao de um Programa de Redes Inteligentes Smart Grid
9
JAPO 29/07/2010
Ryo Maeda, Massato
Takakuwa, Tadashi
Muramoto
Viso do Japo sobre Redes Inteligentes Experincia na Implantao de um Programa
sobre Smart Grid
10
CISCO 12/08/2010 Michael Dulaney Viso da CISCO sobre Redes
Inteligentes Experincia com Implantao de Smart Grid
11
SUBGRUPOS 09/09/2010 Coordenadores Apresentao do andamento dos
trabalhos 12
GE 16/09/2010 Fernando
Rodriguez, Evaldo Mendona
Apresentao da GE 13
Technical University of Eindhoven -
Holanda
17/09/2010
Paulo F. Ribeiro Apresentao da viso Europeia 14
GT 07/10/2010 GT Avaliao da Visita tcnica aos EUA 15
GT 22/10/2010 GT Assuntos Diversos 16
GT 05/11/2010 GT Assuntos Diversos e Estrutura do
Relatrio Final 17
APTEL e ANATEL
18/11/2010 GT Apresentaes sobre desafios na
rea de telecomunicaes. 18
2.2 VISITA TCNICA AOS ESTADOS UNIDOS DA AMRICA
Para aprofundar as teorias apresentadas nessas reunies, o GT realizou uma
visita tcnica aos Estados Unidos da Amrica. Nessa viagem, observou-se como
vrios pases esto engajados nesse novo tema. O GT teve a oportunidade de
participar de um Frum Global sobre Smart Grid, visitar Concessionrias de dois
estados americanos e se reunir com representantes de rgos reguladores e de
padronizao.
Essa visita tratada com mais detalhes no Captulo 8 desse relatrio.
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2.3 SUBGRUPOS
Com objetivo de aprofundar os estudos nos aspectos abordados foram
criados os seguintes subgrupos:
Subgrupo de Tecnologia da Informao: focou na anlise da
arquitetura de transmisso de dados para implantao das redes
inteligentes;
Subgrupo de Medio e Mercado: focou na avaliao de possvel
flexibilizao dos requisitos tcnicos para implantao de sistema de
medio para faturamento de pequenos agentes. Adicionalmente, este
subgrupo estudou solues de mercado para viabilizar a entrada de
agentes de pequeno porte e atender a uma ampliao da abertura de
mercado no Setor Eltrico Brasileiro;
Subgrupo de Estudos Econmicos: focou na anlise do custo-
benefcio da implantao de sistemas de redes inteligentes e avaliou
fontes de financiamento para a criao de um Programa Brasileiro
sobre o tema;
Foi tambm criado um quarto subgrupo para estudos de Legislao. Todavia,
houve a necessidade de se aprofundar nos estudos do estado da arte, para se ter a
exata amplitude das modificaes que seriam necessrias no arcabouo legal. Dado
o exguo prazo de durao do GT, esse tema deveria ter seu aprofundamento em
uma possvel segunda fase.
Neste relatrio, encontra-se o resultado das atividades desenvolvidas pelos
subgrupos.
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21
3 O CONCEITO DE SMART GRID
O termo Smart Grid foi usado pela primeira vez em 2005 em um artigo escrito
por S. Massoud Amin e Bruce F. Wollenberg, publicado na revista IEEE P&E, com o
ttulo de "Toward A Smart Grid" (1). Existem vrias definies para o conceito de
redes inteligentes, mas todas convergem para o uso de elementos digitais e de
comunicaes nas redes que transportam a energia. Esses elementos possibilitam o
envio de uma gama de dados e informao para os centros de controle, onde eles
so tratados, auxiliando na operao e controle do sistema como um todo.
Para se colocar em prtica tal conceito, algumas transformaes devem ser
levadas a cabo, como a modernizao da infraestrutura, instalao de camadas
digitais, como softwares e capacidade de processamento de dados, que so a
essncia da rede inteligente, e mudanas na comercializao, necessrias para
ampliar o nmero de acessantes.
As primeiras tentativas de se instalar alguma inteligncia na rede advieram da
medio eletrnica, que foi usada para monitorar o comportamento da carga de
grandes consumidores. Com a instalao de equipamentos de comunicao, esses
medidores iriam proporcionar o monitoramento em tempo real e o uso de aplicativos
para a resposta de demanda. No incio de 2000, um projeto desenvolvido na Itlia
para a larga instalao de medio eletrnica, chamado de Telegestore Project,
previu a utilizao de cerca de 27 milhes de medidores eletrnicos com capacidade
para comunicao via PLC Power Line Communications , que transmisso de
dados via cabo de energia.
Hoje, inmeros pases j esto modernizando suas infraestruturas de rede.
Os Estados Unidos lanaram um pacote de estmulos que aportar cerca de US$ 4
bilhes, para financiar projetos de redes inteligentes. Alguns estados, como o Texas,
j iniciaram a troca dos medidores e esto instalando grandes redes de
telecomunicaes para transporte de dados, alm de estimularem a participao do
consumidor com a criao de um portal na internet.
Para a modernizao da rede, alguns conceitos devem estar associados:
Confiabilidade;
Eficincia;
Segurana;
Questes ambientais:
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Competitividade.
As principais funes requeridas em uma rede inteligente so:
Auto-recuperao;
Motivar consumidores a serem mais participativos;
Resistir a ataques fsicos e cibernticos;
Fornecer uma energia de melhor qualidade;
Permitir vrios tipos de gerao e armazenagem de energia;
Maior envolvimento do mercado;
Permitir uma maior utilizao de gerao intermitente de energia.
Com a introduo de sensores e controles automatizados, a rede poder ser
capaz de antecipar, detectar e resolver problemas no sistema. Assim, podem-se evitar
ou mitigar faltas de energia, problemas na qualidade do servio e suas interrupes.
Um dos principais objetivos uma maior participao do usurio. Nas redes
inteligentes, estaro incorporados os aparelhos domsticos e o comportamento do
usurio na utilizao deles. Isso permitir um melhor controle por parte do usurio no
seu consumo, reduzindo seus custos atravs de sinais tarifrios emitidos pela
concessionria.
Uma pesquisa realizada em 2007 com 100 empresas de energia e 1900
consumidores dos EUA, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Japo e Austrlia,
apresentada no relatrio Plugging in the Consumer (2), revelou que 83% gostariam de
poder escolher a fornecedora de energia, quase dois teros dos consumidores
gostariam de receber energia de fontes renovveis e a mesma porcentagem gostaria
de poder gerar sua prpria energia e vend-la concessionria.
Com a medio em tempo real e a comunicao bidirecional, os
consumidores podero ser recompensados pelos seus esforos em economizar
energia.
A microgerao distribuda, por sua vez, poder ampliar o mercado de
fornecimento, aliviando o sistema como um todo, j que ela se encontra prxima das
regies de consumo.
Com essa nova tecnologia empregada nas redes, ser mais fcil a deteco
de interrupes. As informaes em tempo real possibilitaro o isolamento das reas
afetadas e o redirecionamento do fluxo de energia de forma a manter o maior nmero
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23
possvel de consumidores atendidos, ajudando na preveno de interrupo de
fornecimento.
Vrias formas de gerao podero ser alocadas na rede, como clulas-
combustveis, renovveis, alm de outras fontes de gerao distribuda. Essas fontes
estaro mais prximas dos centros de cargas e permitiro aos consumidores no s a
compra dessa energia, bem como a venda de seu excedente.
Para a penetrao das fontes intermitentes ainda ser necessrio o avano
do armazenamento da energia e de novas ferramentas computacionais. Embora
venha sendo observada uma reduo nos custos das baterias, o preo delas constitui
um empecilho para sua popularizao.
As tecnologias envolvidas nesse conceito podem ser divididas em grupos:
medio eletrnica, comunicao, sensoriamento e computao.
3.1 MEDIO ELETRNICA
No se trata apenas dos medidores instalados nas residncias, indstrias e
comrcio. Toda a medio envolvida, desde a gerao at o consumidor final, faz
parte dessa categoria. O controle de perdas, planejamento e operao da rede esto
diretamente ligados a essa tecnologia.
Ao se substiturem os medidores eletromecnicos por outros eletrnicos, uma
grande massa de dados poder ser alocada nos centros de controle das empresas,
permitindo melhor planejamento e controle de toda a rede. Com esses medidores,
vrios servios podero ser ofertados ao consumidor, alm de se mudar o conceito de
utilizao das cargas, que podero ser controladas remotamente, tanto pelo usurio,
quanto pela concessionria.
O despacho de equipes dever ser bastante reduzido, j que a suspenso e
religao do fornecimento podero ser feitas de forma remota pela concessionria,
graas comunicao bidirecional dos novos medidores. Alm disso, uma falta ser
percebida pela concessionria quase que automaticamente, no havendo mais a
necessidade de o consumidor avisar empresa o fato.
Com a introduo desse tipo de medidor, o consumidor ter mais condies
de gerenciar seu uso de energia. Vrios aplicativos j esto em desenvolvimento para
proporcionar o acesso aos dados de medio, auxiliando na tomada de deciso.
Dados como consumo em tempo real, equipamentos que mais consomem energia,
valor a pagar at o momento, projeo de fatura no final do ciclo so alguns exemplos
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24
de interao entre usurio e medidor. Outros servios ainda podem ser agregados,
como por exemplo, o controle de cargas pelo usurio ou pela concessionria. Antes
mesmo de chegar sua casa, o consumidor poder programar qualquer equipamento
conectado rede eltrica.
O preo da energia poder variar ao longo dia, j que a medio eletrnica
permite que vrios postos tarifrios sejam programados. Esse sinal tarifrio
proporcionar uma reduo do pico de demanda, gerando uma economia em
investimentos de gerao e expanso de rede.
3.2 COMUNICAO
Uma das funcionalidades mais importantes dos medidores inteligentes a
capacidade de se comunicar com outros equipamentos instalados na rede ou mesmo
dentro das unidades consumidoras. Essa inovao ser a responsvel por uma
relevante mudana na prestao de servios de energia.
J existe uma gama de tecnologia disponvel para propiciar essa
comunicao. Entre elas o PLC, ZibBee, redes Mesh, Radiofrequncia e redes
celulares (GRPS).
A escolha de uma delas depender de uma srie de fatores, como topologia,
preo, disponibilidade, alcance e viabilidade. Uma mesma concessionria dever
fazer uso de mais de uma tecnologia, j que existem reas de concesso extensas e
com grande variedade de terrenos e classes consumidoras.
Umas das mais importantes decises a respeito da comunicao de dados
a escolha do protocolo. O uso de um protocolo proprietrio e fechado poderia causar
aumento nos preos e falta de competio no setor. Portanto, um protocolo pblico
seria mais adequado para garantir a competio e a utilizao de equipamentos de
vrios fabricantes sem necessidade de mudana na contratao de servios de
comunicao de dados.
Para que o conceito de redes inteligentes seja totalmente viabilizado,
necessrio que essa comunicao seja feita em duas direes da concessionria
para o cliente e vice-versa. Funes como a suspenso e religao de fornecimento
remotas, envio de informao sobre consumo em tempo real e postos tarifrios
vigentes dependem dessa comunicao bidirecional.
Quando os diversos sistemas e seus componentes possuem a habilidade de
operarem em conjunto, alcanamos o conceito de interoperabilidade. Ela permite a
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25
integrao, o funcionamento cooperado e a comunicao bidirecional entre os vrios
elementos interconectados do sistema eltrico. Para que seja efetiva, dever ser
estruturada uma padronizao de interfaces, protocolos e outros elementos de
interconexo.
H a necessidade de que os softwares dos equipamentos possam trocar
informaes entre si, com capacidade de ler e escrever arquivos com formatos iguais
e usar o mesmo protocolo.
A questo da interoperabilidade poder ter impacto na economia, uma vez
que a sua inexistncia poder criar monoplios. Por isso, muito importante que o
Governo encoraje a criao de padres abertos ou pblicos para difundir a
competio no mercado.
3.3 SENSORIAMENTO
A instalao de sensores ao longo de todo o sistema de distribuio de
energia eltrica outro passo para que a rede se torne realmente inteligente. A auto-
recuperao, uma das responsveis pela diminuio de clientes atingidos por faltas
de energia, beneficiada com o sensoriamento da rede. Os sensores so
responsveis por enviar as informaes para a central de controle da concessionria
e prover dados para a tomada de deciso dos operadores da rede. A automatizao
ser uma realidade e o religamento de reas no afetadas poder ser feito mais
rapidamente, eliminando o desconforto dos usurios e aumentando a receita.
3.4 COMPUTAO
O processamento dos dados recebidos por todos os equipamentos da rede ir
aumentar substancialmente, por isso, torna-se necessrio que os centros de controle
das distribuidoras sejam capazes de transform-los em informaes teis para os
operadores.
Muitos dados disponveis podem tornar confusa a leitura e a deciso pode ser
equivocada e piorar as condies da rede. No h dvida de que um filtro
necessrio.
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4 ESTADO DA ARTE
H alguns anos vem-se debatendo no Brasil o tema Smart Grid. Vrios
seminrios e eventos tm reunido fabricantes, concessionrias, pesquisadores,
universidades e entidades governamentais para discutir o assunto. O objetivo desses
eventos a disseminao do conceito de redes inteligentes, j que um tema muito
abordado em todo o mundo.
O que se busca com as redes inteligentes nada mais do que levar a
tecnologia para o setor eltrico, que um segmento de fundamental importncia para
todos os pases, mas que teve pouco desenvolvimento nas ltimas dcadas, ao
contrrio de outras reas como telecomunicaes. bem verdade que a topologia do
sistema no permite muitos testes e isso dificulta a implantao de tecnologias, uma
vez que os consumidores no gostariam de ter seu fornecimento interrompido por
conta de mudanas experimentais na rede.
Contudo, a demanda que est se vislumbrando sinaliza que uma mudana
nos padres de fornecimento e uso da energia eltrica tornou-se fundamental.
Por isso, faz-se necessria uma mudana de relacionamento entre o
consumidor e a concessionria, visando a um gasto eficiente e a um servio de
qualidade. Hoje, utiliza-se a energia com pouco controle e conhecimento do perfil do
uso. O consumidor tem uma nica informao de seu consumo quando recebe a
fatura da energia e possui pouco incentivo para o uso racional desse bem.
Pelo lado do servio prestado, as concessionrias precisam de mais
ferramentas para melhorar o atendimento. inconveniente que ela necessite de um
chamado do cliente para perceber uma falta de energia, que demore dias para ligar
ou religar uma unidade, que s possa faturar o consumo de uma nica forma e com
um nico preo para a classe residencial, que tenha porcentagens de perdas, sejam
tcnicas ou no-tcnicas, em nveis elevados.
Mas, afinal, como o conceito de redes inteligentes pode mudar esse cenrio?
Quando se fala em fornecimento de energia eltrica, logo se pensa em trs
setores: gerao, transmisso e distribuio. De uma forma geral, imagina-se a
eletricidade sendo gerada em grandes usinas, passando por extensas linhas de
transmisso at chegar aos grandes centros de carga e depois sendo conduzida aos
consumidores pela distribuio.
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Agora, vamos imaginar uma gerao de energia j prxima do centro da
carga, ou mesmo sendo produzida pelo consumidor. Isso iria simplificar o processo.
No se prope que um sistema substitua o outro, algo praticamente impossvel, mas
sim como complementares. Essa a diferena que surge quando se implementa uma
rede inteligente: a capacidade de agregar.
As fontes de energia limpa, como elica e solar, so tambm intermitentes.
Por isso, sua integrao rede se torna complexa. Nesse ponto, as tecnologias que
podem ser agregadas rede so de fundamental importncia para a introduo desse
tipo de gerao. E estamos falando no apenas de grandes parques geradores, mas
tambm de microgeraes, que podero atender prdios, bairros ou mesmo
pequenas cidades, sempre no sentido de complementar os grandes blocos de
energia.
Essa integrao dever ser completa, possibilitado a participao de todos os
agentes do setor.
A Figura 4.1 ilustra esse novo conceito de integrao.
Figura 4.1: Conceito de integrao Smart Grid. (Fonte: Apresentao da IBM ao GT - Adaptada)
A Figura 4.2 ilustra uma topologia de rede inteligente.
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Figura 4.2: Topologia de Rede Inteligente. (Fonte: Apresentao da Center Point ao GT - Adaptada)
No Brasil, o segmento de transmisso encontra-se em estgio mais
desenvolvido, mas ainda podero ser implantadas novas tecnologias, como PMU
Phasor Measurement Units , tambm chamados de sincrofasores. Portanto, no
segmento da distribuio que maiores esforos precisam ser concentrados.
Como vimos na Figura 4.2, o medidor inteligente ir interligar a casa ou ponto
comercial ao restante da rede. O primeiro ponto de recepo desses dados ser o
concentrador. Ele pode receber informaes de um grande nmero de medidores e,
ento, envi-las para pontos de retransmisso como torres, e destas, para
subestaes ou outros pontos, para depois serem transmitidos para os centros de
controle da distribuio.
Fontes de energia podero ser conectadas s redes, como o veculo hbrido
plugin e os painis fotovoltaicos. Com isso, alm de suprir a demanda do consumidor,
o excedente poder ser ofertado ao sistema, criando um novo agente comercializador
de energia.
Dentro das residncias tambm teremos novidades. Ao se criar uma rede
domstica centrada no medidor, vrios servios podero ser oferecidos e haver um
novo relacionamento entre cliente e concessionria, bem como uma nova relao
entre o consumidor e seu uso da energia.
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Na Figura 4.3, podemos observar um esquema de como podem interagir
diferentes equipamentos dentro desse novo conceito.
Figura 4.3: Rede Inteligente dentro das residncias. (Fonte: Apresentao da Center Point ao GT - Adaptada)
Geralmente, tem-se usado a tecnologia ZibBee. Todo equipamento com esse
tipo de conexo poder se comunicar com o medidor, transmitindo e recebendo
informaes e comandos.
Se o consumidor permitir, a concessionria ter a capacidade de controlar a
carga dentro de cada residncia, como, por exemplo, regular a temperatura de
aparelhos atravs dos termostatos inteligentes, ou, at mesmo, ligar e desligar
cargas. Dessa forma, as concessionrias podero limitar a demanda e evitar
sobrecargas nas redes.
Outra forma de limitar os picos de demanda a tarifao diferenciada por
postos horrios. Como o medidor pode registrar o consumo em diferentes perodos ao
longo do dia, podero ser aplicadas maiores tarifas em horrios de maior
concentrao de demanda, evitando que muitos consumidores usem a energia ao
mesmo tempo, aliviando o sistema.
Como vimos, os projetos desenvolvidos nos diversos pases tiveram
motivaes diversas: modernizao do parque eltrico, viabilidade de implantao de
microgerao, reduo de perdas tcnicas e comerciais, expanso das fontes
renovveis, eficincia energtica e eficincia dos processos de distribuio,
desenvolvimento econmico, dentre outros. Para o programa brasileiro deve-se
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30
encontrar com clareza sua motivao e sobre ela desenvolver as polticas
necessrias para sua implantao.
A Figura 4.4 apresenta, de uma forma geral, diversas reas e atores de
mercado que podero compor a estrutura de um programa brasileiro de redes
inteligentes. A base sustentada pela poltica governamental, que dar suporte ao
desenvolvimento do programa com definio de diretrizes. Na sequncia da cadeia
so elencados temas que devem ser considerados: regulao e a financiamento,
mudana na infraestrutura, evoluo da cadeia de negcios, revoluo dos servios e
impactos no mercado e nos usurios.
Figura 4.4: Estrutura de Governana em Smart Grid.
4.1 MEDIDOR INTELIGENTE
um dos componentes principais de todo o sistema. Ele o responsvel pela
maioria das tarefas em uma rede inteligente. Capaz de processar dados e enviar
comandos para vrios outros equipamentos, permitindo a integrao de toda a cadeia
de fornecimento.
Alm de medir o consumo em intervalos programados, o medidor inteligente
se utiliza de uma combinao de tecnologias, como sensores de tempo real,
notificao de falta de suprimento e monitoramento da qualidade da energia.
USURIOS
MERCADO
Revoluo Servios
EVOLUO DA CADEIA DE NEGCIO
INFRAESTRUTURA
FINANCIABILIDADE REGULAO
POLTICA GOVERNAMENTAL
(Diretrizes, Plano de Governo)
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Uma de suas maiores vantagens que ele possui comunicao bidirecional,
podendo receber e enviar dados. Vrias tecnologias podem ser usadas para tal, como
ZibBee, PLC, rede Mesh, GRPS, entre outras.
No Brasil, a ANEEL instaurou a Audincia Pblica no 043/2010 para discutir o
modelo de medidor a ser instalado nas residncias e estabelecimentos comerciais e
industriais atendidos em baixa tenso. Pela minuta levada ao debate na Audincia, as
grandezas medidas devero abranger, no mnimo, a energia ativa, a reativa e a
tenso de fornecimento. Como funcionalidades, a Agncia prope que os medidores
possam registrar o incio e a durao das interrupes, apurar DRP Durao
Relativa da Transgresso de Tenso Precria e DRC Durao Relativa da
Transgresso de Tenso Crtica , registrar at quatro postos tarifrios, alm de
outras a critrio de cada concessionria.
Ainda no mbito da Audincia, foi proposto um sistema de comunicao que
tenha capacidade de comunicao bidirecional, fazer leituras, suspenso e religao
do fornecimento remotas. Foi proposto que sejam disponibilizadas ao consumidor as
informaes relativas ao consumo de energia eltrica ativa e reativa, alm dos dados
sobre a continuidade do fornecimento. Outra proposta que deve ser informada a
identificao do posto tarifrio corrente.
4.2 SISTEMAS DE COMUNICAO
Inmeras tecnologias esto disponveis no mercado para a transmisso de
dados entre a unidade consumidora e os centros de operao das concessionrias. A
escolha dever se basear na necessidade de confiabilidade, segurana e
disponibilidade de cada servio oferecido.
O tipo de operao a ser executada tambm outro quesito que vai pesar na
escolha desse servio. Aqueles considerados crticos, como controle e operao de
chaves devero exigir uma infraestrutura mais robusta e disponvel, sem apresentar
gargalos de transmisso e com resposta rpida e eficiente. Outras operaes, como
leituras, podero utilizar sistemas pblicos, nos quais no h urgncia de obteno
dos dados.
Podemos observar quatro camadas na rea de telecomunicaes: HAN
Home Area Network , LAN Local Area Network , RAN Regional Area Network
e WAN Wide Area Network. Cada uma correspondendo a um trecho no qual as
informaes devero trafegar. Por causa disso, vislumbram-se algumas necessidades
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como: prioridade, disponibilidade, latncia, conectividade, segurana e custo de um
sistema prprio.
A HAN abrange a residncia e no dever apresentar grandes entraves na
questo da comunicao de dados. Podem ser usadas as tecnologias Wireless, como
ZibBee, ou mesmo a PLC.
LAN e RAN cobrem as informaes concentradas nos diversos medidores.
Uma tecnologia com maior capacidade de transmisso requerida. Para a WAN, o
ideal o uso de fibras ticas. Tambm conhecido como Backbone, essa a fase final
do transporte de informaes.
O emprego de tecnologias consagradas e de novas tecnologias de
telecomunicaes para atendimento das diversas aplicaes proporcionadas pelas
redes inteligentes considera alm do aspecto regulatrio, tambm o custo, a
viabilidade tcnica, o mercado e a confiabilidade.
Aplicaes que demandam transmisso de taxas de dados elevadas e que
utilizam como suporte sistemas de telecomunicaes baseados em redes sem fio
podem caracterizar uma situao de uso faixa de frequncia exclusiva, justificada por
requisitos como exigncia de alto nvel de confiabilidade e indisponibilidade de
recurso.
A partir de justificativas dessa natureza e das polticas pblicas para o setor
de energia, considerando a implantao do Smart Grid no Brasil e a eventual
necessidade de destinao de recursos de espectro, ser estudada em conjunto com
a ANATEL a apresentao de proposta de um modelo regulatrio que atenda aos
requisitos tcnicos para a aplicao desejada.
Um ponto que tem ganhado destaque nas discusses em todo o mundo a
questo da segurana da informao. Afinal, dados sobre hbitos de todos os
consumidores estaro trafegando pelas redes. Alm disso, uma atuao de um
hacker poderia desligar um medidor ou mesmo interferir nos comandos de
subestaes ou religadores.
Segundo relatrio da Pike Reserch, cerca de 15% de todo o investimento em
redes inteligentes ser destinado a essa rea nos prximos cinco anos. O fato de a
rede estar mais interligada aumenta a possibilidade de ataques.
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4.3 INTEROPERABILIDADE
a capacidade de o sistema se comunicar de forma transparente com outro
sistema. Por isso, recomendvel que eles trabalhem com padres abertos de
comunicao.
O uso de protocolos comuns entre vrios equipamentos uma condio
desejvel para que se obtenha uma maior competitividade no setor. Os padres
proprietrios sempre trazem consigo uma elevao nos preos e criam monoplios
que so prejudiciais modicidade tarifria.
O National Institute of Standards and Technology - NIST vem trabalhando
no sentido de que protocolos internacionais j existentes venham a ser utilizados nas
redes inteligentes. Por isso foi criado um Painel para Interoperabilidade das Redes
Inteligentes. Ele integrado por setores do governo, comits de padronizaes,
grupos de trabalhos, equipes de aes prioritrias. Todos trabalhando em conjunto
objetivando as melhores solues para que se garanta a interoperabilidade da rede
(3).
4.4 GERAO DISTRIBUDA E ARMAZENAMENTO
Um dos motivadores para o avano dessas duas reas a questo
ambiental. A preservao do meio ambiente com a diminuio do uso de fontes de
energia a base de combustveis fsseis est cada vez mais presente na pauta de
governos de diversos pases.
As fontes de gerao elica e solar tm encontrado espao para avanos
cada vez mais significativos. Pases como Alemanha e Dinamarca alcanam
percentuais de 20% da matriz pertencente a essa categoria. O estado americano do
Texas j comeou a implantao de um parque elico de cerca de 20 GW,
demonstrando o incentivo do governo americano para tornar sua matriz energtica
mais limpa at 2020 (4).
Para amenizar a intermitncia desse tipo de gerao, avanos no
armazenamento de energia esto sendo conquistados. Um pas que trabalha
fortemente nessa rea o Japo. Devido a grandes restries de construo de
novas usinas, o governo japons trabalha para promover a eficincia energtica e a
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pesquisa em novas baterias capazes de armazenar grandes quantidades de energia a
preos mais satisfatrios.
A utilizao em larga escala de painis fotovoltaicos em residncias e
estabelecimentos comerciais pode levar a uma nova forma de gerao de energia
eltrica. As redes inteligentes tero capacidade de receber energia proveniente
desses painis, criando uma nova forma de comercializao da energia. O
consumidor deixaria de apenas pagar pela energia gasta, mas assumiria papel de
vendedor, na medida em que o excedente seria repassado rede.
A definio de quanto isso poderia custar uma questo de poltica pblica.
Vrios pases remuneram essa venda com tarifas que podem chegar a trs vezes o
valor da energia que consumida; em outros, apenas se faz a contabilizao do
consumo e da venda, tendo os dois o mesmo valor de faturamento.
A conexo desses novos agentes rede pode ser um empecilho para a
difuso dessa forma de gerao. As exigncias de equipamentos de medio e as
dificuldades tcnicas de se garantir a segurana na operao dessa conexo so
entraves que precisam ser vencidos.
Por isso, foi criado um Subgrupo de medio para estudar formas de se
amenizar esses entraves e proporcionar a introduo da gerao distribuda, ou
microgerao, no programa de rede inteligente no Brasil. Os resultados desse estudo
esto no Captulo 6 deste relatrio.
4.5 VECULOS ELTRICOS
A tecnologia de construo de veculos movidos a eletricidade tem evoludo
bastante nos ltimos anos. Existem vrios modelos prontos para a comercializao a
partir de 2011. Os modelos hbridos plug-in, que usam combustvel fssil para acionar
um gerador, aumentando a autonomia, so uma realidade em vrios pases.
O grande desafio para a utilizao em larga escala desses veculos so os
pontos de reabastecimento. Como lidar com uma carga dinmica a ser abastecida
pela rede eltrica ainda um problema a ser resolvido.
Esse um ponto que merece mais estudos, uma vez que no houve tempo
hbil para se aprofundar no tema.
Todo esse arcabouo de mudanas demanda investimentos. O baixo
consumo per capita e a grande quantidade de consumidores de baixa renda podem
ser um entrave para a implantao de nova rede de energia.
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Torna-se necessrio que fontes de investimento estejam disponveis com
linhas diferenciadas a juros baixos. A tarifa no suporta a criao de encargos,
portanto a utilizao dos fundos existentes pode ser uma alternativa vivel.
Trata-se de uma tarefa que transcende um setor. Inmeros setores estaro
envolvidos nessa transio de uma rede de energia tradicional para outra nova e com
recursos mais abrangentes, capazes de abarcar as tecnologias modernas, com
introduo de gerao limpa e renovvel.
Os benefcios no se limitaro rea de energia eltrica, estendendo-se
tambm indstria e criao de empregos, ajudando a manter a economia
aquecida, na trilha do crescimento sustentvel.
4.6 VIABILIDADE TECNOLGICA
Quando se fala em mudana tecnolgica, logo vem mente a relao custo-
benefcio. Para mudar as redes de distribuio, as concessionrias precisaro fazer
investimentos e, consequentemente, devero ser remuneradas.
Por outro lado, a Agncia Reguladora trabalha para garantir a modicidade
tarifria e reconhece apenas os investimentos considerados prudentes.
Essa equao precisa ser solucionada. Entende-se que um passo seria a
coleta de informaes em projetos pilotos no Brasil e exterior, alm de definir as
fontes de recursos destinadas implantao da tecnologia.
Esses caminhos podem ajudar a estimar o custo-benefcio dessa mudana.
Nesse sentido, alguns estudos foram desenvolvidos pelo Subgrupo de Estudos
Econmicos, e os resultados so apresentados no Captulo 7.
Alguns benefcios so de difcil quantificao, como, por exemplo, a melhora
na qualidade da energia, o efeito da diminuio da interrupo de fornecimento na
economia e a satisfao do consumidor em ter um servio mais rpido e eficiente
prestado pela distribuidora.
4.7 REGULAO E LEGISLAO
O aumento da quantidade de informaes sobre o consumo ir beneficiar e
facilitar o trabalho da regulao. Um dos primeiros ganhos a diminuio da
assimetria de informaes percebidas pela Agncia Reguladora.
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A maior disponibilidade de dados decorrente da implantao de redes
inteligentes tem consequncias positivas sobre as atividades da distribuidora, sobre a
interao do consumidor com o servio prestado, assim como tambm sobre o
regulador, visto que auxilia a diminuio da assimetria de informaes em relao aos
agentes regulados. Esta ltima consequncia tem reflexos positivos sobre as
atividades de desenvolvimento da regulao e execuo da fiscalizao.