RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO IDENTIFICAÇÃO DO … · Maria da Glória Gohn (2011), em uma...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO Período: agosto/setembro de 2014 a julho de 2015 ( ) PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Mídias Alternativas na Amazônia. CNPQ-UFPa Nome do Coordenador: Célia Regina Trindade Chagas Amorim Titulação do Coordenador: Doutora Faculdade: Faculdade de Comunicação Instituto/Núcleo: Instituto de Letras e Comunicação Título do Plano de Trabalho: Mapeamento II: Mídias Alternativas na Amazônia de 1986 até os dias atuais Nome do Bolsista: Gabriel da Mota Ferreira Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/CNPq ( ) PIBIC/CNPq AF ( ) PIBIC/CNPq Cota do pesquisador (X) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA AF ( ) PIBIC/INTERIOR ( ) PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/PIAD ( ) PIBIC/PIBIT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC: CNPq, CNPq/AF, UFPA,

UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA

RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO Período: agosto/setembro de 2014 a julho de 2015 ( ) PARCIAL (X) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do Projeto de Pesquisa: Mídias Alternativas na Amazônia. CNPQ-UFPa Nome do Coordenador: Célia Regina Trindade Chagas Amorim Titulação do Coordenador: Doutora Faculdade: Faculdade de Comunicação Instituto/Núcleo: Instituto de Letras e Comunicação Título do Plano de Trabalho: Mapeamento II: Mídias Alternativas na Amazônia de 1986 até os dias atuais Nome do Bolsista: Gabriel da Mota Ferreira Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF ( ) PIBIC/CNPq – Cota do pesquisador (X) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/INTERIOR ( ) PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/PIAD ( ) PIBIC/PIBIT

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RESUMO: O Plano de Trabalho Mapeamento II: Mídias Alternativas na Amazônia de 1986 até os dias atuais, do período 2014-2015, concentrou os esforços na ampliação dos estudos teóricos e coleta de material empírico de jornais, revistas, blogs e demais redes sociais de natureza contra hegemônica na região. Essas mídias estão sendo catalogadas no Mapa das Mídias Alternativas, que será disponibilizado no site MACAM (Mídias Alternativas e Comunitárias na Amazônia) – já no ar e em fase de alimentação. Nele constarão materiais acadêmicos resultantes dos projetos Mídias Alternativa na Amazônia e Mídia Cidadã e Desenvolvimento Sustentável: mapeamento e análise de rádios comunitárias em regiões de pressão socioambiental na Amazônia, coordenados respectivamente pelas professoras doutoras Celia Trindade Amorim e Rosane Steinbrenner, da Faculdade de Comunicação (FACOM), da Universidade Federal do Pará (UFPA). Durante os últimos 12 meses foram realizadas resenhas e discussões em grupo, tendo como principal base teórica os autores: Castells (1999; 2013), Downing (2002), Dênis de Moraes (2007), Gohn (2011) e Loureiro (2006). Houve ainda participação em eventos acadêmicos, tanto na UFPA quanto fora do Estado. São experiências que têm ajudado a potencializar os estudos do projeto e sua contribuição para a pesquisa científica. No relatório final destacam-se também as novas atividades desenvolvidas durante o período, dentre as quais a produção, gravação e edição de dois documentários com atores sociais da região e realização de oficinas de Comunicação na comunidade, acarretando na ampliação de olhares e diálogos com a realidade local.

INTRODUÇÃO

Neste plano de trabalho buscou-se investigar e analisar as transformações pelas quais

as mídias passaram no mundo, de modo especial na Amazônia, observando os últimos

avanços tecnológicos que proporcionaram, sobretudo, o desenvolvimento da internet e, junto

com ela, novos meios de comunicação que se espalharam pelo mundo.

Certamente que a Amazônia está aos poucos se inserindo neste contexto, já que a

Ditadura Militar de 1964 preparou as bases para a penetração de grandes empresas nacionais

e multinacionais na região. Com a Rede das redes (Castells, 1999) as grandes distâncias na

Amazônia passaram a não ser obstáculo para a comunicação, hoje está mais fácil compartilhar

as mais diversas atividades de mobilizações e ações sociais e políticas na região.

Cientes desta realidade, atores sociais locais que utilizavam as mídias alternativas para

atos de resistências no formato impresso (jornais, revistas, panfletos), por exemplo, estão

aderindo a este novo ambiente multimidiático. Hoje se percebe que essas mídias vêm

passando por mudanças e reconfigurações para ingressarem ao universo da internet, por isso

são chamadas de mídias alternativas online.

No período de 2014-20151 foram desenvolvidos estudos teóricos e coleta de material

empírico para alimentar o Mapa das Mídias Alternativas na Amazônia. E nos últimos seis

meses de 2015 houve a produção e gravação de dois documentários, já em fase de edição. O

primeiro, sobre a vida de um dos maiores jornalistas alternativos da Amazônia, Lúcio Flávio

Pinto. E o segundo, sobre a oficina Repórter Cidadão, realizada em junho de 2015 em um dos

bairros mais violentos de Belém do Pará: a Terra Firme. As oficinas foram ministradas pelas

professoras Célia Trindade Amorim e Rosane Steinbrenner (Faculdade de Comunicação –

1 Este relatório foi produzido pelos bolsistas: Milene Sousa, que deixou o projeto Mídias Alternativas na Amazônia para

participar de outra experiência acadêmica na UFPA (desta vez na área da extensão), e o atual bolsista, Gabriel Mota, que está no projeto há seis meses.

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UFPA), e os bolsistas Gabriel Mota e Lanna Paula Ramos foram monitores do evento (ver item

materiais e métodos). Esta última experiência representou uma nova etapa do projeto Mídias

Alternativas na Amazônia, já que se começou a estabelecer diálogos com a sociedade. Toda a

produção (mapa, entrevistas, documentários, artigos etc.) será disponibilizada no site MACAM2,

que foi lançado recentemente, no dia 9 de agosto.

Atualmente, o Mapa das Mídias Alternativas possui 130 veículos de natureza contra

hegemônica, dentre as quais 75 fazem parte do Mapeamento II. Os textos referentes aos

veículos alternativos estão em fase de revisão pelo grupo de pesquisa, sob coordenação da

Professora Dra. Célia Trindade Amorim.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em tempos de convergência midiática em que está delimitado o plano em tela, a

sociedade se lança em novas formas de interação política e social. É possível, por meio da

internet, estar conectado a diversas culturas e espaços; consultar livros e artigos; ouvir

músicas, encontrar pessoas sem precisar sair do lugar, ampliar o alcance de comunicação,

mobilizar-se, em uma rede “simultaneamente global e local, genérica e personalizada, num

padrão em constante mudança” (CASTELLS, 2013, p. 11).

No contexto mundial, Manuel Castells observa que vários atores sociais começaram a se

articular por meio da internet, mobilizando bairros, regiões, países, deflagrando vários

movimentos como a chamada Primavera Árabe3, no final de 2010, e o Occupy Wall Street4, em

2011. Na origem, estava a quebra de confiança por parte da sociedade em instituições antes

pouco suspeitas, como os governos e governantes, a mídia tradicional e as organizações

financeiras (Castells, 2013).

Os atores da mudança social são capazes de exercer influência decisiva utilizando mecanismos de construção do poder que correspondem às formas e aos processos do poder na sociedade em rede. Envolvendo-se na produção de mensagens nos meios de comunicação de massa e desenvolvendo redes autônomas de comunicação horizontal, os cidadãos da era da informação tornam-se capazes de inventar novos programas para suas vidas com as matérias-primas de seu sofrimento, suas lágrimas, seus sonhos e esperanças. (CASTELLS, 2013, p. 14).

2 O site Mídias Alternativas e Comunitárias na Amazônia (MACAM) está disponível em: < http://projetomacam.net/site/>.

Acesso em: 03 de agosto de 2015. 3 Onda de protestos ocorridos desde 2010 no Oriente Médio, reunindo milhares de pessoas nas ruas de países como a Tunísia

e o Egito, que conseguiram derrubar regimes militares até então duradouros. Fonte: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/12/131213_primavera_arabe_10consequencias_dg>. Acesso em: 04 de agosto de 2015. 4 Iniciado em 17 de setembro de 2011, o Ocuppy Wall Street foi um movimento popular em Nova Iorque (EUA) organizado por

meio de e-mails e redes sociais, como um manifesto contra a corrupção, a ganância e a riqueza acumulada. Fonte: <http://www.brazilianpress.com/20120823/local/noticia11.htm>. Acesso em: 04 de agosto de 2015.

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A influência e o poder que centenas e milhares de cidadãos vêm exercendo nas

sociedades contemporâneas se ampliaram com os novos aparatos tecnológicos na web, e

certamente que este cenário impõe uma nova configuração para a comunicação alternativa.

John D. H. Downing (2002) defende que “essa mídia é parte da cultura popular e da malha

social como um todo e não se encontra isolada, de modo ordeiro, em um território político

reservado e radical” (DOWNING, 2002, p. 39). Os questionamentos não se estabelecem

apenas na visibilização aos acontecimentos que passam longe do foco de mídias tradicionais,

mas como propulsor de (re)conhecimento do público como agente transformador:

[...] a mídia radical tem a missão não apenas de fornecer ao público os fatos que lhe são negados, mas também de pesquisar novas formas de desenvolver uma perspectiva de questionamento do processo hegemônico e fortalecer o sentimento de confiança do público em seu poder de engendrar mudanças construtivas. (DOWNING, 2002, p. 50).

Dênis de Moraes (2007) observa que a internet é um “ecossistema digital”, e como tal

vem sendo utilizada para as novas as práticas comunicacionais de sentido contra hegemônico,

caracterizado pelo autor como um “questionamento do neoliberalismo e da ideologia

mercantilista da globalização” (MORAES, 2007, p. 1). A difusão de discursos possibilitada pelo

meio online significa uma disputa de poder simbólico, e é nesta perspectiva que Moraes5

concebe a comunicação alternativa em rede. Dialogando com Castells (2007), Downing (2002),

Moraes destaca o caráter de esfera pública da internet, tomando-a como uma reunião de

circuitos que ressignificam a ideia de fronteira e reconfiguram tempo-espaço:

A teia gigantesca desfaz pontos fixos ou limites predeterminados para o tráfego de dados e imagens; não há centro nem periferia, e sim entrelaçamentos de percursos. As fronteiras entre quem emite e quem recebe podem tornar-se fluidas e instáveis. Os usuários têm a chance de atuar, simultaneamente, como produtores, emissores e receptores, dependendo de lastros culturais e habilidades técnicas. A colagem de interferências individuais põe em circulação idéias e conhecimentos, sem as noções de seleção e estratificação que condicionam os processos midiáticos. (MORAES, 2007, p. 2)

Ao observar as redes como geradoras de conexões entre indivíduos, à medida que “as

aproximações por afinidades eletivas se instauram, restauram-se e reproduzem-se em

comunidades com vínculos duradouros ou coalizões circunstanciais” (2007, p. 3), Moraes

trabalha com a ideia de alternatividade, caracterizada pelo “alinhamento com processos de

mudança social: e combate sistemático ao sistema hegemônico” (2007, p. 4).

5 O autor referencia uma entrevista com Eduardo Galeano, feita em 2005 por Marcelo Salles, quando este diz que a internet

nasceu da morte e se tornou um espaço de expressões da vida, como a liberdade e a justiça (MORAES apud GALEANO, 2007, p. 2).

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De fato, as redes conectam sujeitos para os mais variados fins. Neste cenário, os

movimentos sociais também encontram novas formas de se organizar, agregando ideias e

indivíduos para objetivos de luta comuns. Maria da Glória Gohn (2011), em uma discussão

sobre movimentos sociais na contemporaneidade, entende estes movimentos sociais como

“ações sociais coletivas de caráter socio-político e cultural que viabilizam formas distintas de a

população se organizar e expressar suas demandas” (GOHN, 2011, p. 335). A autora vê a

atualidade como um cenário no qual os principais movimentos sociais atuam em redes, sejam

elas sociais, locais, regionais, nacionais e internacionais, utilizando a internet como meio de

comunicação, e onde surgem movimentos multi e pluriclassistas (Gohn apud Gohn, 2011).

A comunicação em rede é uma característica global, e na Amazônia não poderia ser

diferente. Com a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) começou a se delinear na região uma

nova fronteira mundial, intensificada nos anos 1990 principalmente por conta da implantação

de projetos, centrados em um modelo hegemônico de megaempreendimentos e da instalação

de redes comunicacionais (Loureiro, 2006).

Na Amazônia, apesar de não estar totalmente incluída no modelo digital, a comunicação

passou a ser trocada de modo mais rápido, já que na internet nenhuma pessoa precisa de um

grande emissor, como no passado os jornalistas do rádio, TV e jornais impressos. No

ciberespaço não é necessária a presença física para que haja comunicação e troca de

informação. Um modelo que ocasionou impactos sociais, compartilhamento de valores

culturais, manifestações sociais conhecidas em quase todo o mundo, como as já citadas, uma

grande ânsia por notícias, e também a ampliação mundial do mercado comercial, já que o

capitalismo trabalha o poder de comunicação em prol de si.

Neste momento é oportuno citar as principais características do sistema midiático

mercadológico:

Primeiramente, evidencia a capacidade de fixar sentidos e ideologias, interferindo na formação da opinião pública e em linhas predominantes do imaginário social. Em segundo lugar, demonstra desembaraço na apropriação de diferentes léxicos para tentar colocar dentro de si os léxicos, a serviço de suas conveniências particulares. [...] Em terceiro lugar, incute e celebra a vida para o mercado, a supremacia dos apelos consumistas, o individualismo e a competição. (MORAES, 2013, p. 20).

É preciso observar, porém, que essas características não se restringem ao momento em

que a comunicação através do ciberespaço tornou-se presente no dia-a-dia da sociedade,

devido a seu amplo alcance e velocidade. Coerente é observar que a internet é mais uma fase

da era de comunicação de massa – esta iniciada na metade do século XV, quando o alemão

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Johann Gutenberg criou o método de duplicação de letras de metal que permitiram a

composição de textos extensos. A partir daí “as técnicas de Gutenberg foram assumidas por

uma variedade de instituições nos maiores centros comerciais da Europa” (THOMPSON, 1990,

p. 219) e depois para o mundo. O âmbito do sistema mercadológico, como se pode ver,

acompanha há muitos anos a comunicação de massa. Nas palavras de Thompson:

Com o surgimento da comunicação de massa, o processo de transmissão cultural torna-se cada vez mais mediado por um conjunto de instituições interessadas na mercantilização e circulação ampliada das formas simbólicas. Nas últimas décadas essas instituições se tornaram cada vez mais integradas em conglomerados de comunicação de grande porte, e a circulação de formas simbólicas se tornou cada vez mais global. (THOMPSON, 1990, p. 278).

Atualmente, esses conglomerados utilizam as diversas redes de comunicação, e não

apenas a digital. O surgimento da web no campo comunicacional não exclui as mais antigas

formas de comunicação. Na verdade, traz complemento e uma nova forma de

compartilhamento do que é publicado. Segundo Castells, “as redes de poder, em vários

domínios da atividade humana, constituem redes entre elas próprias” (CASTELLS, 2013, p.

12), e observa que:

A metarrede das finanças e da mídia depende, ela própria, de outras grandes redes, tais como a da política, a da produção cultural [...], a militar e de segurança, a rede criminosa e a decisiva rede global de produção e aplicação de ciência, tecnologia e administração do conhecimento. Essas redes não se fundem. Em vez disso, envolvem-se em estratégias de parceria e competição formando redes ad hoc em torno de projetos específicos. Mas todas têm um interesse comum: controlar a capacidade de definir as regras e normas da sociedade mediante um sistema político que responde basicamente a seus interesses e valores. (CASTELLS, 2013, p. 12).

Seguindo o pensamento exposto por Castells, tomam-se como exemplo dois grandes

jornais presentes na região amazônica: os jornais O Liberal (1945) e Diário do Pará (1982),

publicados até os dias atuais em suas versões impressas e, atualmente, online, que travam

entre si uma intensa disputa de público. Eles possuem uma relação política desde suas

origens. Ambos “foram criados para ser [sic] jornais de partido, com a imediata finalidade de

influir na campanha eleitoral em curso (ou em perspectiva) quando surgiram, e por trás da

iniciativa estava o mesmo esquema político, embora em posições distintas entre um e outro

momento” (PINTO, Lúcio, 2007, ed. 448).

Segundo o jornalista Lúcio Flávio Pinto, em sua matéria A mesma origem dos maiores

rivais (PINTO, Lúcio, 2007, ed. 448), o jornal O Liberal serviu de suporte para o coronel

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Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, em meados da década de 40 do século passado, “se

defender dos ataques violentos desferidos contra ele pelo mais influente jornal naquele

período, a Folha do Norte, e contra-atacar o jornalista Paulo Maranhão, dono da publicação e

autor de textos terríveis”. Já o Diário do Pará foi criado pelo então candidato a governador do

Pará, em 1982, como meio de campanha eleitoral. Após eleito, Barbalho o transformou em uma

empresa de jornalismo, e deu-se início a uma das maiores rivalidades existentes no Estado

Ao observar a imprensa na Amazônia, Diário do Pará e O Liberal se destacam como as

duas maiores empresas de comunicação que detêm poder de influência, e que buscam manter

suas hegemonias consolidadas na região. Hegemonia, segundo Gramsci, através da análise

de Moraes:

[...] é obtida e consolidada em embates que comportam não apenas questões vinculadas à estrutura econômica e à organização política, mas envolvem também, no plano ético-cultural, a expressão de saberes, práticas, modos de representação e modelos de autoridade que querem legitimar-se e universalizar-se. (MORAES apud GRAMSCI, 2010, p. 55).

A hegemonia, porém, não é a totalidade. Junto dela há a contra hegemonia, construída e

mantida por vários atores sociais, grupos populares e estudantis, membros de sindicatos,

ONGs, centros comunitários, intelectuais, dentre outros, que seguem uma linha crítica com

bastante veemência na sociedade. São criados então movimentos de resistência que buscam

traçar a história através de outro aspecto.

Um dos desafios centrais para o pensamento contra-hegemônico consiste em alargar a visibilidade pública de enfoques ideológicos que contribuam para a reorganização de repertórios, princípios, e variáveis de identificação e coesão, com vistas à alteração gradual e permanente das relações sociais e de poder. (MORAES, 2010, p. 73).

Ao falar de hegemonia e contra hegemonia, também se fala em poder e contrapoder.

Nesta perspectiva, Castells analisa:

As relações de poder são constitutivas da sociedade porque aqueles que detêm o poder constroem as instituições segundo seus valores e interesses. [...] Entretanto, uma vez que as sociedades são contraditórias e conflitivas, onde há poder há também contrapoder – que considero a capacidade de os atores sociais desafiarem o poder embutido nas instituições da sociedade com o objetivo de reivindicar a representação de seus próprios valores e interesses. (CASTELLS, 2013, p. 10).

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Na relação entre poder e contrapoder presente na sociedade amazônica, sobretudo no

campo da comunicação em rede, destacam-se por um lado as grandes empresas, como as

Organizações Rômulo Maiorana (ORM), que detêm O Liberal e cadeias de rádio, TV e

jornalismo online; e a Rede Brasil Amazônia de Comunicação (RBA), com o Diário do Pará e

que detêm, também, diversos veículos de comunicação tradicional e online. Por outro lado, há

a presença de mídias alternativas que inclusive se aproveitam desta nova ambiência

tecnológica para ampliar a luta por melhorias sociais, políticas e ambientais.

Muitas dessas mídias alternativas foram criadas ainda no período da Ditadura Militar

(1964-1985), e após o término do governo militar e o início da redemocratização, mantiveram-

se na trincheira com pautas sobre cuidados ambientais, melhorias no saneamento e na saúde,

disputa por terras que matam vidas de inocentes, sobretudo da classe popular; exploração de

bens naturais sem responsabilidade, análises políticas sobre mudança de governos, questões

sindicais, entre outros assuntos recorrentes na Amazônia.

No período de redemocratização brasileira, as mídias alternativas, ao passarem por

novas reconfigurações (como a inserção nas redes digitais), ampliaram o seu leque de ação.

Um exemplo de mídia alternativa na Amazônia no modo online é o Jornal Resistência6, que a

cada ano tem deixado de ser publicado em formato impresso. Hoje as redes sociais utilizadas

pela equipe do Jornal Resistência para publicar seus textos são blog7, fanpage8 e Twitter9. Os

textos são encontrados apenas nestas redes sociais, onde também são compartilhadas

notícias de outras fontes, como Intervozes10 e Portal Fórum,11 já que “observando-se o cenário

de fluxos na perspectiva de organismos críticos e reivindicantes da sociedade civil, é possível

perceber que ambientes compartilhados favorecem convívios participativos e reciprocidades”

(MORAES, 2007, p. 3).

Com o surgimento da internet, umas das redes sociais que deram início e que facilitaram

o acesso às mídias alternativas foi o blog: uma página na web que permite a publicação de

textos, imagens, vídeos, áudios, entre outros tipos de mídias, com assuntos diversos de acordo

com o interesse de quem o cria e o mantém. Os blogs se inserem no que Manuel Castells

chama de comunicação digital, “que é multimodal e permite a referência constante a um 6 Este jornal foi criado em 1977 pela Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) “com a finalidade de lutar contra as

violações aos direitos humanos ocorridas na Amazônia e a favor da anistia dos presos políticos do país” (AMORIM, p. 8, 2013). Atualmente, não há mais a publicação do jornal na versão impressa como ocorria no período da ditadura militar. A última versão encontrada em formato impresso refere-se ao mês de agosto de 2013, e pode ser encontrada em formato digital no blog

6 do Resistência. Em contato realizado em outubro do mesmo ano, foi informado para a equipe do projeto Mídias

Alternativas que outra edição seria publicada em novembro, no entanto, isso não ocorreu. 7 Disponível em: <www.jornalresistenciaonline.blogspot.com.br>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.

8 Disponível em: <www.facebook.com/resistenciaonline?fref=ts>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.

9 Disponível em: <www.twitter.com/ResistenciaSDDH>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.

10 Disponível em: <www.facebook.com/intervozes?fref=photo>. Acesso em: 26 de janeiro de 2015.

11 Disponível em: <www.revistaforum.com.br>. Acesso em: 26 de janeiro de 2015.

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hipertexto global de informações cujos componentes podem ser remixados pelo ator que

comunica segundo projetos de comunicação específicos” (CASTELLS, 2013, p. 12). Redes

sociais digitais como o Facebook, Twitter, YouTube e WhatsApp12 também podem ser

interpretadas de acordo com este pensamento de Castells.

Uma página em forma de blog com repercussão local é o “Xingu Vivo Para Sempre”, um

exemplo de mobilização social contra hegemônica na medida em que tenta visibilizar o que

ocorre13 em meio à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira (PA). O blog

foi criado em 2009, e possui mais de 230 mil visualizações e 848 postagens. Administrado pelo

Movimento Xingu Vivo Para Sempre (MXVPS) – coletivo de organizações e movimentos

sociais, além de entidades representativas de diversos segmentos (trabalhadores rurais,

indígenas, ribeirinhos) –, o blog se utiliza também de um perfil no Twitter (@xinguvivo) para

compartilhar links das postagens.

Figura 1: blog Xingu Vivo Para Sempre.

Fonte: <www.xingu-vivo.blogspot.com.br> (Julho de 2015).

12

Aplicativo de mensagens multiplataforma que permite trocar mensagens pelo celular sem pagar por SMS. Além das mensagens básicas, os usuários do WhatsApp podem criar grupos, enviar mensagens ilimitadas com imagens, vídeos e áudio. Para isso, basta o usuário baixar o aplicativo, realizar o cadastro e ter acesso a internet. Ver mais em: <www.whatsapp.com/?l=pt_br>. Acesso em: 26 de janeiro de 2015. 13

A construção da usina acarretou mudanças significativas na dinâmica da cidade de Altamira (PA), como aumento da população (de 100 mil para 150 mil habitantes), de ocorrências policiais e do número de acidentes de trânsito, e falta de infraestrutura em saúde e em educação. Houve ainda impactos nas comunidades indígenas, que tiveram seus sistemas de produção alimentícia alterados com a inserção da lógica comercial, por meio de auxílio financeiro da empresa Norte Energia, responsável pela obra. Fonte: < http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/belo-monte-uma-usina-de-promessas-8007.html>. Acesso em: 06 de agosto de 2015.

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Na Amazônia, é comum encontrar blogs que falem de questões políticas. Um deles é o

“A Perereca da Vizinha” (Belém, PA), no qual a jornalista Ana Célia Pinheiro escreve há 9 anos

sobre política e jornalismo. O blog possui mais de 1 milhão de visualizações e mais de 2 mil

postagens, e também está presente no Facebook, por meio de uma fanpage, e no perfil

pessoal de Ana Célia no Twitter. Para se manter ativo, o blog possui uma mensagem para que

os leitores façam anúncios ou doações em uma conta bancária da própria jornalista. No dia 17

de junho de 2015 foi publicada uma matéria sobre um possível acordo entre a prefeitura da

cidade de Castanhal, nordeste do Pará, e uma empresa de parentes do deputado estadual

Milton Campos, do PSDB. A chamada alerta para o valor estimado nos contratos irregulares –

milhões de reais – e cita uma operação do Ministério Público Estadual, referente à apreensão

de documentos na Prefeitura de Castanhal, na Secretaria Municipal de Saúde e na empresa

RCA Serviços de Construção LTDA. O texto é longo, em formato de grande reportagem, e ao

final da postagem são disponibilizados links de outras matérias do blog sobre o assunto, além

de imagens dos contratos.

Figura 2: blog A Perereca da Vizinha.

Fonte: <www.pererecadavizinha.blogspot.com.br> (julho de 2015).

O blog Manuel Dutra – Jornalismo Ciência Ambiente14, do jornalista e professor da

Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, Manuel Dutra, foi criado em

2010 e trata de questões ambientais e sociais na Amazônia, política e jornalismo, dentre

14

Disponível em: <www.blogmanueldutra.blogspot.com.br>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.

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outros, por meio de textos com um olhar diferenciado e de maior profundidade para fatos que,

por vezes, são divulgados em portais da web somente pela ótica factual. Além disso, o autor

também apresenta textos que não são de sua autoria, mas que dialogam com o que costuma

publicar.

Figura 3: página do blog Manuel Dutra – Jornalismo Ciência Ambiente.

Fonte: <www.blogmanueldutra.blogspot.com.br> (janeiro de 2015).

Além de blogs, o Twitter também possui um perfil paraense que serve de grande

exemplo como um dos perfis mais populares, especificamente em Belém do Pará, que é o

Belém Trânsito (@belemtransito15). Criado em abril de 2009, compartilha informações sobre o

trânsito da região metropolitana de Belém. Através de tweets, pessoas que percorrem as ruas

da cidade informam sobre problemas, como engarrafamentos, acidentes, semáforos com

defeitos e imprudências. O perfil @belemtransito compartilha os tweets através de retweets,

função que faz com que todos os seguidores do perfil possam ver o que foi postado.

Atualmente, o perfil conta com mais de 64 mil seguidores16, e não compartilha informações

sobre blitz de trânsito que são realizadas.

15

Disponível em: <www.twitter.com/belemtransito>. Acesso em: 23 de janeiro de 2015. 16

Até o dia 23 de janeiro de 2015, o perfil contava com 64.892 seguidores.

12

Figura 4: perfil noTwitter @belemtransito.

Fonte: <www.twitter.com/belemtransito> (janeiro de 2015).

No Facebook, um dos destaques é a fanpage Amazônia Real17. É uma página ligada ao

site18 de mesmo nome, criado em 21 de outubro de 2013. Ambas são mantidas pela

organização Amazônia Real, “uma organização sem fins lucrativos, inscrita nos órgãos

competentes e sediada em Manaus, no Amazonas” (Amazônia Real, 2013). A sua missão “é

fazer jornalismo ético e investigativo, pautado nas questões da Amazônia e de seu povo e linha

editorial em defesa da democratização da informação, da liberdade de expressão e dos direitos

humanos” (Amazônia Real, 2013). A organização é sediada em Manaus, Amazonas.

17

Disponível em: <https://www.facebook.com/amazoniareal/timeline>. Acesso em: 23 de janeiro de 2015. 18

Disponível em: <http://amazoniareal.com.br/>. Acesso em: 23 de janeiro de 2015.

13

Figura 5: site Amazônia Real.

Fonte: <www.amazoniareal.com.br> (janeiro de 2015).

O site é mantido por uma equipe de 13 integrantes, entre jornalistas, arqueólogos e

geógrafos; é atualizado uma vez por semana, e possui matérias que abordam sobre meio

ambiente, questões agrárias, cultura, economia, política e negócios da região amazônica.

Blogs e as demais redes sociais virtuais surgidas através da internet possibilitaram que a

voz de atores sociais configurasse uma nova forma de fazer, emitir e circular opiniões sobre os

diversos assuntos de interesse da sociedade. Nas palavras de Castells, “atores da mudança

social são capazes de exercer influência decisiva utilizando mecanismos de construção do

poder que correspondem às formas e aos processos de poder na sociedade em rede”

(CASTELLS, 2013, p. 14). E complementa:

A autocomunicação de massa fornece a plataforma tecnológica para a construção da autonomia do ator social, seja ele individual ou coletivo, em relação às instituições da sociedade. É por isso que os governos têm medo da internet, e é por isso que as grandes empresas têm com ela uma relação de amor e ódio, e tentam obter lucros com ela, ao mesmo tempo que limitam seu potencial de liberdade (por exemplo, controlando o compartilhamento de arquivos ou as redes com fonte aberta). (CASTELLS, p. 12, 2013).

Com as novas reconfigurações no cenário político-tecnológico, as lutas amazônicas

processadas por essas mídias se ampliaram. Hoje, na Amazônia, empresas nacionais e

multinacionais presentes em seu território estão sujeitas a informações e compartilhamentos

14

mais rápidos; opinião e críticas são exercitadas cotidianamente. Essa dinâmica

comunicacional, como bem observou Castells, está fora do controle dessas empresas.

Os fatos mais recentes que podem ser citados sobre esse contexto são os protestos que

ocorreram em junho de 2013, quando o Brasil foi tomado por reivindicações geradas por uma

manifestação realizada em São Paulo contra o aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus.

No Pará, especificamente em Belém, as manifestações ocorreram com o apelo por melhoras

em diversos pontos sociais, como a educação, saneamento, segurança, mas principalmente

pela conclusão das obras no BRT19 na Avenida Almirante Barroso, para assim melhorar o fluxo

do trânsito na cidade. As manifestações foram noticiadas pelo grupo Mídia Ninja (Narrativas

Independentes Jornalismo e Ação), que transmitiu através de vídeos e fotografias o que ocorria

pela cidade.

Este trabalho, porém, não ficou restrito ao grupo Mídia Ninja. Manifestantes também

utilizaram suas mídias móveis, como câmeras, celulares e smartphones para registrar o que

ocorria e fazer críticas a algumas ações policiais e de governo consideradas por muito como

abusivas. Esse acontecimento serviu como incentivo para a publicação do jornal Circulando,

criado pelo professor de Sociologia, João de Barros, e por estudantes do ensino médio do

colégio estadual Pedro Amazonas Pedroso. Além da versão impressa, o jornal também possui

fanpage20 e um site oficial21, em que todas as suas edições em formato digital estão

disponíveis.

Figura 6: site Circulando Belém.

Fonte: <www.circulandobelem.com> (janeiro de 2015).

19

Bus Rapid Transit, ou Transporte Rápido por Ônibus, é um sistema de transporte coletivo de passageiros que proporciona mobilidade urbana rápida. Ver mais em: <www.brtbrasil.org.br/index.php/brt/oquebrt#.VMuItdLF-Qc>. Acesso em: 30 de janeiro de 2015. 20

Disponível em: <www.facebook.com/circulandopa?fref=ts>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015. 21

Disponível em: <www.circulandobelem.com>. Acesso em: 13 de janeiro de 2015.

15

Além das manifestações de 2013, muitas outras manifestações continuaram ocorrendo

com objetivos mais específicos, e com menos destaque se comparadas com as ocorridas há

quase dois anos.

Atualmente, se pode observar que a comunicação alternativa está mais ampla,

considerando os diversos meios pelos quais ela pode ser exercida. A troca de informação, o

fluxo e a hipertextualidade oferecidas pelas mídias móveis através de seus aplicativos

proporcionam uma nova forma de trocar informações que se enquadram dentro do interesse

social, principalmente no que se refere aos grupos populares que com acesso a esses novos

meios alternativos, são capazes de emitir e receber informações mais amplas sobre o que

ocorre em suas regiões, comunidades, bairros e grupos. Corroborando essa ideia, no dia 4

novembro de 2014, Belém do Pará foi marcada por uma chacina que se transformou em

principal tema a ser discutido em redes sociais e chats de conversa ao longo do mês de

novembro.

Na madrugada do dia 4 para o dia 5 de novembro, um cabo da policia militar, Antônio

Marcos da Silva Figueiredo, de 43 anos, foi assassinado. Logo após a notícia da morte,

notícias começaram a surgir através de Facebook e Twitter, de que policiais foram em busca

dos criminosos e estavam matando pessoas pelas ruas da cidade como forma de vingança. Os

comentários foram diversos, como o número de mortes, que passava de 30. Fotos de corpos

foram compartilhadas através do aplicativo de conversa WhatsApp. Se as informações eram

verdadeiras ou não, ninguém sabia.

Passado o período das mortes, o número oficial foi de que 11 pessoas foram

assassinadas, supostamente por policiais. Dois meses depois, nenhum responsável pela

tragédia foi encontrado, e segundo a polícia, a investigação ocorre em segredo de Justiça.

Familiares de um dos assassinados espalharam pedidos de justiça pelos outdoors da cidade.

Além disso, um documentário foi produzido por moradores do bairro da Terra Firme. Eles

promovem o programa Tela Firme, transmitido via web no YouTube22. Intitulado como “Poderia

ter sido você”, o documentário23 traz encenações, matérias de jornais locais e imagens que

relembram quatro chacinas que ocorreram em Ananindeua, nos bairros do Tapanã e Sideral;

em Santa Izabel; no distrito de Icoaraci; e Belém, nos bairros da Terra Firme, Guamá, Jurunas

e Marco.

22

Conta oficial do programa no YouTube. Disponível em: <www.youtube.com/channel/UCqWGBbmj6LcE-Zlp_2pcFEA>. Acesso em: 23 de janeiro de 2015. 23

Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=nTymevrDkF8>. Acesso em: 23 de janeiro de 2015.

16

Figura 7: Documentário “Poderia ter sido você”. (1994-2014).

Fonte: <www.youtube.com/watch?v=nTymevrDkF8> (Janeiro de 2015).

Em meio a era digital, assim como nos períodos em que a comunicação via web não

existia, o contrapoder sempre buscou seu espaço ao utilizar os meios para exercer suas ações

de resistência, é “desempenhado reprogramando-se as redes em torno de outros interesses e

valores, e/ou rompendo as alternâncias predominantes” (CASTELLS, 2013, p. 14), mas além

disso, como exemplifica Castells, “os movimentos sociais precisam abrir um novo espaço

público que não se limite à internet, mas se torne visível nos lugares da vida social”

(CASTELLS, 2013, p.14-15). De fato, os movimentos populares e outros atores sociais têm

conseguido grandes mobilizações e protestos e têm procurado ocupar as ruas para se

posicionar contra as injustiças sociais.

JUSTIFICATIVA

O projeto Mídias Alternativas na Amazônia tem contribuído com a geração de

conhecimento no campo da Comunicação, fortalecendo as pesquisas no âmbito da UFPA. Os

estudos são localizados na região da Amazônia Legal – no Brasil, os estados do Acre, Amapá,

Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão –, ainda

vista mundialmente como um eldorado natural e fronteira do capital natural (Becker, 2005).

No final do século XX, muitos avanços científicos e tecnológicos ocorreram na Amazônia

– certamente de modo mais lento do que em outras regiões, sobretudo em relação ao sul e ao

sudeste do país. Assim como foram introduzidos na região, a partir da Ditadura Militar de 1964,

desenvolvimento, tensões, problemas sociais, grilagens de terras, exploração de riquezas,

17

desmatamentos, trabalho escravo, entre outros, houve também investimentos que

possibilitaram com que a comunicação se ampliasse e fosse levada além dos limites regionais.

Atualmente, através dos novos meios de comunicação oferecidos pela rede digital, além

dos modos tradicionais como o impresso, o radiofônico e o televisivo, os atores sociais vêm

dando visibilidade às questões amazônicas, aproveitando o fluxo cada vez mais amplo que

esses novos meios proporcionam. A quantidade de endereços eletrônicos utilizados como

ferramentas de comunicação na Amazônia vem crescendo a cada dia. Tornam-se necessários

mais estudos para que melhor se compreenda de que forma essas mídias contribuem na

dinâmica social, política e comunicacional na região.

Poucas são as pesquisas feitas sobre a comunicação alternativa na Amazônia. A

opressão e a hegemonia se diversificam para não perderem espaço e poder. Em um período

cujo fluxo de informação é maior, mapear as mídias alternativas na pós-Ditadura (e

principalmente em meio à era digital) é estratégico para revelar conhecimento público sobre o

importante papel que as mídias alternativas vêm desempenhando na busca por fazer da

Amazônia uma região respeitada em seus valores humanos, culturais e sociais.

OBJETIVOS

O objetivo maior é dar continuidade aos estudos e pesquisas do grande tema do projeto

Mídias Alternativas na Amazônia, focando as pequenas formas de comunicação, com o intuito

de processar o mapeamento. Os objetivos específicos pautam-se em: a) examinar a literatura

sobre mídia alternativa, especificamente na Amazônia, e o contexto em que essas formas de

comunicação surgem na região (em período de democracia estabelecida, e inseridas em uma

nova realidade midiática); b) analisar o papel da Mídia Alternativa na Amazônia no período

proposto da pesquisa, tendo como foco a época de democracia estabelecida e o novo

ambiente multimidiático em rede; c) visitar periodicamente centros comunitários, organizações

não governamentais, como Unipop, igrejas, museus, casas de ativistas das mídias alternativas,

arquivos públicos, bibliotecas, com a finalidade de obter registros dessas formas de

comunicação; d) identificar os principais atores sociais que produziram ou ainda produzem

essas mídias; e) fazer entrevistas com os atores sociais que produziram ou ainda produzem

essas mídias; f) identificar os principais jornais do movimento alternativo amazônico no período

pós-ditadura, ou seja, em época de democracia até os dias atuais; g) identificar as principais

temáticas dos impressos alternativos na Amazônia no período proposto da presente pesquisa;

h) produzir material que sirva de fonte para ensino e pesquisa.

18

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a execução do plano de trabalho foram desenvolvidos, primeiramente, novas

pesquisas bibliográficas com os autores regionais, nacionais e internacionais (já referenciados

neste relatório) sobre o tema Mídias Alternativas, o contexto destas formas de comunicação na

internet e a geopolítica da Amazônia. A finalidade foi ampliar as abordagens dos trabalhos

produzidos pela coordenadora do projeto e pelos bolsistas. Nesta etapa, utilizou-se como

método debates e leituras de livros e artigos. Eis a lista:

A sociedade em rede (Prólogo: a Rede e o Ser) – Manuel Castells (1999);

Geopolítica na Amazônia – Bertha Becker (2005);

Movimentos sociais na contemporaneidade – Maria da Glória Gohn (2011);

Comunicação, Hegemonia e Contra-Hegemonia: A contribuição teórica de Gramsci –

Dênis de Moraes (2010);

Ideologia e Cultura Moderna – John B. Thompson (1990);

Redes de Indignação e Esperança – Manuel Castells (2013);

Ditadura e Agricultura – Octavio Ianni (1986) – Capítulos “A ‘Fronteira’ do Capitalismo na

Amazônia” e “O Latinfúndio e a Empresa Agropecuária”;

Pedagogia do Oprimido – Paulo Freire (2011).

Também foram feitas releituras de artigos e livros para a produção de resenhas, que

possibilitam novas interpretações do objeto estudado:

Consumidores e cidadãos conflitos multiculturais da globalização – Néstor García

Canclini (2005);

Tecnicidades, identidades, alteridades mudanças e opacidades da comunicação no

novo século – Jesús Martín-Barbero (2006);

Comunicação alternativa, redes virtuais e ativismo – Dênis de Moraes (2007);

Revisitando os Conceitos de Comunicação Popular, Alternativa e Comunitária – Cicilia

Peruzzo (2006);

Aproximações entre comunicação popular e comunitária e a imprensa alternativa no

Brasil na era do ciberespaço – Cicília Peruzzo (2008);

Comunicação alternativa, redes virtuais e ativismo: avanços e dilemas – Dênis de

Moraes (2007);

19

Geopolítica da Amazônia – Bertha Becker (2005);

Macrodinâmicas da Comunicação Midiática na Amazônia – Fábio Fonseca de Castro

(2013);

O pensamento político e a redemocratização do Brasil – Marilena Chauí e Aurélio

Nogueira (2006);

Análise do Jornalismo Online e dos Conteúdos Participativos no Blog do Barata – Pedro

Loureiro de Bragança (2013);

Rede Somos Todos Lúcio Flávio Pinto: Rebeldia e ativismo político na web. – Célia

Trindade Amorim (2013).

No ano de 2014, as bolsistas do projeto (na época, Milene Sousa e Lanna Paula Ramos)

participaram do minicurso “Comunicação Alternativa”, ocorrido no XXXVII Congresso Brasileiro

de Ciências da Comunicação, o Intercom Nacional 2014, em Foz do Iguaçu (PR), no período

de 2 a 5 de setembro. O minicurso foi ministrado pela jornalista Maiara Garcia Orlandini, que

fez uma abordagem sobre o que é comunicação alternativa, comunicação comunitária e

comunicação popular.

A equipe também participou do curso “O pensamento de Zygmunt Bauman e o campo

de fenomenologia da comunicação”, ministrado pelo professor Pierre-Antoine Chardel, da

Universidade de Sorbonne-Paris V, e promovido pelo Programa de Pós-Graduação em

Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCom), da Universidade Federal do Pará (UFPA). O

curso ocorreu nos dias 3 e 4 de novembro de 2014. Além disso, a equipe também esteve

presente na palestra “O cuidado com o comum: o desejo de estar junto. Reflexões sobre a

consciência da alteridade na ‘modernidade líquida”, também ministrada pelo professor Chardel,

no Auditório Setorial Básico II – UFPA, no dia 7 de novembro.

Além da palestra e dos cursos, a equipe do projeto Mídias Alternativas na Amazônia

participou da conversa com o jornalista paraense Ismael Machado, autor do livro "Golpe,

contragolpes e guerrilhas: o Pará e a ditadura militar", lançado em dezembro de 2014. A

conversa ocorreu no dia 10 do mesmo mês, na qual o jornalista falou sobre o trabalho realizado

para a produção do livro, e a temática abordada.

20

Figura 8: Conversa com o jornalista Ismael Machado.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (Dezembro de 2014).

Em 2015, já com a presença do novo bolsista, Gabriel Mota, a equipe do projeto

participou do 3º Seminário “1964 – 51 anos depois”, no dia 1º de abril. O evento contou com

apoio da UFPA e da Comissão “Cesar Leite” de Memória e Verdade. Na ocasião, o Conselho

Superior (Consun) da UFPA realizou, na Universidade, uma sessão solene de Ato de Desgravo

Público, feito pelo reitor Carlos Maneschy, simbolizando retratação e pedido de desculpas da

UFPA às vítimas e suas famílias, que foram perseguidas durante a época da repressão militar

na Instituição. Os bolsistas do projeto participaram da cerimônia, fazendo registros fotográficos

e anotações.

Figura 9: Ato de Desgravo Público durante o 3º Seminário “1964 – 51 anos depois”, na UFPA.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (abril de 2015).

21

Figura 10: Certificado de participação de bolsista do projeto no 3º Seminário “1964 – 51 anos depois”.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (abril de 2015).

No dia 10 de abril, em um trabalho conjunto com o projeto de extensão Documentários

Biográficos da Amazônia (DocBio)24, também da Faculdade de Comunicação da UFPA, a

professora coordenadora e a equipe de bolsistas do Mídias Alternativas na Amazônia

realizaram a gravação de um documentário com o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, no

Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA). Produção do roteiro de perguntas, elaboração

de um mapa de imagens, gravação de imagens de apoio e as próprias entrevistas foram

tarefas a cargo de todos os envolvidos, bolsistas e a coordenadora. A equipe do projeto

concentrou em questões inerentes à trajetória profissional de Lúcio Flávio, desde a experiência

na grande imprensa, mas, sobretudo, o período de entrada do jornalista na imprensa

alternativa, e os desdobramentos de sua vida profissional ao longo dos anos na Amazônia

paraense. O projeto tem em seu arquivo a gravação completa das entrevistas com Lúcio Flávio

Pinto. O documentário será lançado futuramente no site MACAM. Atualmente, existe um

teaser25 com momentos chave da entrevista, editado pelo bolsista Gabriel Mota. O material

produzido na gravação do documentário com Lúcio Flávio Pinto representa um importante

24

Coordenado pela professora Dra. Célia Trindade Amorim. 25

Recurso estratégico, em formato de peça, para anunciar determinado produto que será apresentado posteriormente. Técnica utilizada amplamente na área de marketing e publicidade. Fonte: <

http://www12.senado.gov.br/manualdecomunicacao/glossario/teaser>. Acesso em: 06 de agosto de 2015.

22

corpus de pesquisa sobre as experiências profissionais – e suas respectivas configurações

históricas – de um dos maiores nomes da imprensa alternativa na Amazônia.

Figura 11: Gravação de documentário com Lúcio Flávio Pinto, no Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém/PA. Profa. Dra. Célia Amorim, bolsistas Gabriel Mota e Lanna Paula Ramos e equipe do Academia Amazônia.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (abril de 2015).

Figura 12: Screenshot26

do teaser – documentário com Lúcio Flávio Pinto.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (abril de 2015).

26

Em inglês, captura de tela, reproduz uma determinada imagem capturada instantaneamente.

23

Em junho, a Faculdade de Comunicação da UFPA promoveu o primeiro #Ocupa:

comunicAÇÃO coletiva, no qual vários projetos de extensão da faculdade se reuniram para

realizar uma série de atividades no bairro da Terra Firme, em Belém, como oficinas, debates e

mesas redondas. A equipe do projeto Mídias Alternativas na Amazônia participou da oficina

Repórter Cidadão – por uma agenda positiva da Terra Firme, na qual os bolsistas foram

monitores, e a coordenadora, uma das ministrantes da oficina.

Durante os dias 25 e 26 de junho, na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle, a equipe do

projeto fez captação de imagens e entrevistas para um pequeno documentário (ver figura 15),

como forma de registro do acontecimento e de depoimentos de quem esteve no movimento

(alunos que participaram da oficina e representantes de movimentos sociais presentes na

ocasião).

Figura 13: Screenshot do documentário sobre a Oficina Repórter Cidadão, na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (junho de 2015).

24

Figura 14: Certificado da oficina Repórter Cidadão, na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (junho de 2015).

Figura 15: Participantes da oficina Repórter Cidadão: Profa. Dra. Célia Amorim, Profa. Dra. Rosane Steinbrenner, bolsistas Gabriel Mota e Lanna Paula Ramos e alunos da Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle.

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (junho de 2015).

RESULTADOS

Em 2015 foi criado o site MACAM (Mídias Alternativas e Comunitárias na Amazônia) para

abrigar os projetos “Mídias Alternativas na Amazônia” e “Mídia Cidadã e Desenvolvimento

Sustentável: mapeamento e análise de rádios comunitárias em áreas de pressão

socioambiental na Amazônia”, coordenados pelas professoras doutoras Célia Trindade Amorim

e Rosane Steinbrenner, ambas da Faculdade de Comunicação. (Facom). O site está em fase

de alimentação, reunindo mídias mapeadas, publicações, fotos, notícias e links afins

relacionados aos dois projetos.

25

Figura 16: Screenshot do site MACAM.

Fonte: <http://projetomacam.net/site/> (Agosto de 2015).

Como resultado final, apresenta-se o trabalho intensificado de revisão de 55 mídias do

Plano de Trabalho I (Imprensa Alternativa na Amazônia no período da Ditadura Militar) e 75 do

Plano de Trabalho II (Mídias Alternativas na Amazônia de 1986 até os dias atuais), totalizando

130 mídias alternativas mapeadas. Há ainda a ampliação de outras, que estão sendo

catalogadas. No trabalho de revisão e checagem de dados, foram descartadas algumas mídias

alternativas já mapeadas, pois apresentavam dados inconsistentes.

Também estão sendo sistematizados tabelas e gráficos para categorizar as mídias

mapeadas e revisadas, com o intuito de organizá-las em temáticas. Esta categorização tem

sido um trabalho de constante revisão, para que melhor sejam classificadas as mídias

componentes do mapa. O gráfico abaixo se refere aos veículos contra hegemônicos de 1986

até os dias atuais, no qual se destacam as categorias abaixo. Na categoria classificada como

Outros (encontram-se mídias que tratam de variados temas, possuem diversos atores sociais e

Ongs, e não poderiam ser reduzidas a uma única definição).

26

Figura 17: Gráfico de Mídias Alternativas do período pós-Ditadura até os dias atuais, divididas por temática.

Fonte: projeto Mídias Alternativas na Amazônia (agosto de 2015).

PUBLICAÇÕES

Em 2015, o projeto teve artigo científico aceito no XXXVIII Intercom Nacional, que

ocorrerá entre os dias 4 e 7 de setembro, no Rio de Janeiro (RJ). O trabalho intitulado “Mídias

alternativas na Amazônia: articulações de contrapoder na internet” é uma discussão sobre a

comunicação na contemporaneidade amazônica, apresentando exemplos de atores sociais que

utilizam meios alternativos para se posicionarem de forma contra hegemônica na região. O

bolsista assina esse artigo com a Cordenadora do projeto, professora Dra Célia Trindade

Amorim, e mais duas integrantes do Mídias Alternativas.

27

Figura 18: Carta de aceite do artigo “Mídias alternativas na Amazônia: articulações de contrapoder na internet”.

Fonte: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (agosto de 2015).

Figura 19: Artigo “Mídias alternativas na Amazônia: articulações de contrapoder na internet”.

Fonte: projeto Mídias Alternativas na Amazônia (julho de 2015).

28

Os integrantes do projeto também participaram do Intercom Nacional 2014, que ocorreu

em Foz do Iguaçu (PR) no período de 2 a 5 de setembro. Na oportunidade, a equipe

apresentou o artigo “A Voz do Lavrador, Lamparina, O Feixe e Ferramenta: A comunicação

alternativa dos trabalhadores rurais na Amazônia”, que aborda o universo dos trabalhadores

rurais sindicalizados que produziram periódicos alternativos como forma de buscar os direitos

trabalhistas, ambientais e socioculturais da categoria, além de fazer campanhas contra

sindicatos ‘pelegos’ ligados à ditadura militar na região amazônica.

Figura 20: Artigo “A Voz do Lavrador, Lamparina, O Feixe e Ferramenta: A comunicação alternativa dos trabalhadores rurais na

Amazônia” (setembro de 2014).

Fonte: Projeto Mídias Alternativas na Amazônia (primeiro semestre de 2014).

ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NOS PRÓXIMOS MESES

Com o embasamento teórico desenvolvido, as mídias mapeadas, a experiência ganha

nas entrevistas com atores sociais e presença em seminários, encontros e demais eventos

acadêmicos, o Plano II dará continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido no projeto,

buscando cumprir os objetivos propostos pelo mesmo. Para isso, serão desenvolvidas as

29

seguintes atividades: a) dar continuidade ao mapeamento e revisão das mídias; b) realização

de outras entrevistas com os atores sociais; c) produção de artigos científicos; d) ampliação da

pesquisa bibliográfica no que se refere aos objetivos do plano; e) realização de seminários de

estudos da equipe do projeto; f) lançamento do Mapa das Mídias Alternativas; g) participação

em congressos e eventos de comunicação; h) visita técnica às comunidades que produzem

mídias alternativas; i) intensificação de pesquisa de mídias alternativas na internet, como blogs,

sites e portais; j) realização de mais atividades na comunidade.

CONCLUSÃO

Diante de um mundo cada vez mais conectado, e de um intenso fluxo de informação, a

região amazônica tem seus costumes, fatos e a voz de seus atores sendo compartilhados de

modo mais ágil e com maior alcance. Nesta perspectiva, os novos meios de comunicação

trazidos pela internet, como blogs e redes sociais utilizados por atores sociais, fazem com que

a mídia tradicional e a sociedade como um todo levem em conta que, a profusão de outros

discursos, que não os hegemônicos, impacta a realidade local, de modo que possibilita a

reorganização da sociedade a favor de seus direitos.

Pesquisar sobre como a Amazônia é retratada pelos seus atores sociais atualmente é

instigante, pois, ainda que as pesquisas sobre o tema ainda sejam poucas, é importante

observar e analisar como as mídias alternativas se mantêm atuantes. É também instigante

obter conhecimento em uma época em que a comunicação, como já citada neste relatório, é

“simultaneamente global e local, genérica e personalizada, num padrão em constante

mudança” (CASTELLS, 2013, p. 11), o que torna mais importante o estudo sobre as

diversidades que percorrem as mídias alternativas e a busca por trazer maior destaque a estas

mídias, diante do papel de contra-hegemonia que exercem.

O projeto Mídias Alternativas na Amazônia busca, através desse relatório, salientar que

as pesquisas no período em questão estão sendo fundamentais para uma análise de maior

precisão, diante de uma região ainda pouco retratada pelas mídias hegemônicas em sua

diversidade local, e de mídias contra-hegemônicas que são de pouco conhecimento por outros

atores sociais regionais.

REFERÊNCIAS

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DIFICULDADES Uma das dificuldades encontradas quando se está mapeando jornais e boletins é que

algumas mídias encontradas possuem apenas uma edição nos acervos, o que dificulta traçar o

perfil mais amplo sobre as mesmas. Muitas são descartadas. Outras aparecem com mais

edições, mas não trazem pistas de quem são os autores sociais e data da publicação. No caso

dos blogs, alguns não possuem uma periodicidade de publicações, outros são perfis de cunho

pessoal, nos quais as temáticas das postagens são muito variadas. Esses também são

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descartados. A equipe do projeto tem se debruçado em novas metodologias para superar as

dificuldades.

PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o desenvolvimento das atividades do aluno e justificativa do pedido de renovação, se for o caso.

O aluno Gabriel Mota do Curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo, ingressou no projeto Mídias Alternativas na Amazônia há seis meses, em substituição a aluna Milene Costa de Sousa, que deixou o Mídias Alternativas para participar de outra experiência acadêmica na UFPA, desta vez na área da extensão. Gabriel Mota desenvolveu suas atividades dentro do prazo, cumprindo as exigências do plano de trabalho em tela. O bolsista participou de palestras e cursos para ampliar a base teórica, foi monitor da Oficina de Repórter Cidadão no bairro da Terra Firme, em junho de 2015, escreveu com a equipe do projeto um artigo para o Congresso Nacional de Comunicação, o Intercom, que será apresentado em setembro deste ano; participou também da produção e edição de dois documentários sobre o tema do projeto. O plano em tela contempla as ações do projeto Mídias Alternativas na Amazônia. Frente ao exposto, o parecer é favorável.

DATA: 09/08/2015

_________________________________________

ASSINATURA DO ORIENTADOR

____________________________________________ ASSINATURA DO ALUNO

INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da instituição.

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FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO :

1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças significativas, elas foram justificadas?

2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho ? 3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos

propostos? 4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre

a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo?

5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório 6. Parecer Final:

Aprovado ( ) Aprovado com restrições ( ) (especificar se são mandatórias ou recomendações) Reprovado ( )

7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________ Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.

Data : _____/____/_____.

________________________________________________ Assinatura do(a) Avaliador(a)