relatorio1 ficologi
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INTRODUÇÃO
Ficologia é a ciência que estuda as algas (phykos, do grego = alga). É o ramo da biologia
que abrange a maior diversidade de grandes grupos de organismos (incluindo organismos
procariontes e eucariontes (De Paula et al,2007).
As algas são consideradas organismos talófitos (ou seja, não são diferenciados em raízes,
caules e folhas), fotossintetizantes (exceto algumas espécies parasitas) que possuem em comum
o pigmento clorofila a e, com raras exceções, não apresentam um envoltório de células estéreis
nas células reprodutivas, (Lee, 2008) citado por Silva, I.B., 2010).
O tamanho das algas varia desde pequenas espécies unicelulares, com 1micrómetro de
diâmetro (microalgas), até grandes (magroalgas), podendo atingir mais de 50 metros de
comprimento (Martins e Costa, 2009).
As microalgas fazem parte de grupo muito heterogêneo de organismos (Raven et al.,
2005). São predominantemente aquáticos e geralmente microscópicos unicelulares, podendo
formar colônias, e apresentar pouca ou nenhuma diferenciação celular (Raven et al., 2005).
Possuem uma coloração variada, característica oportunizada pela presença de pigmentos
e mecanismo fotoautotrófico (Raven et al., 2005).
As microalgas ocupam praticamente todos os tipos de habitats da Biosfera: água doce,
salgada, gelo, solos, rochas e cascas de árvores, ocorrendo nos ambientes mais extremos como
regiões polares e desérticas graças as suas eficientes adaptações morfo-fisiológicas (Hoek et al.
1995). Segundo Acs e Kiss (1993), durante a evolução filogenética, as algas desenvolveram
diversificadas estratégias de adesão para sobreviver em águas com diferentes velocidades de
corrente.
As microalgas existem em um variado número de classes e são distinguidas,
principalmente, pela sua pigmentação, ciclo de vida e estrutura celular (Schmitz et al, 2012). As
principais linhagens de microalgas em termos de abundância são descritas por Raven et al.
(2005):
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 1
a). Diatomáceas (Bacillariophyta): existem aproximadamente 100.000 espécies, sendo
considerada a espécie que domina o fitoplâncton dos oceanos, podendo ser encontrada em
ambientes de água doce.
b). Algas Verdes (Chlorophyceae, ) representadas por cerca de 17.000 espécies, são encontradas
em sua grande maioria, em meio marinho ou em água doce.
c). Algas azuis (Cyanophyta) conhecidas por desempenharem papel importante na atmosfera: a
fixação de oxigênio. Compreende cerca de 2.000 espécies, podendo ser encontrados em diversos
ambientes.
d). Algas Douradas (Chrysophyceae) possuem cerca de 1.000 espécies, com habitat
predominantemente doce, são semelhantes às diatomáceas).
Qualquer microalga deve apresentar atributos para manter-se no ambiente e tornar-se um
competidor eficiente (Turpin, 1988, citado por UNESCO, 1995). Para atingir tal situação, várias
adaptações apareceram ao longo da história evolutiva das algas, incluindo as morfológicas, do
ciclo vital, fisiológicas, entre outras (Andrade et al., 2008 e Chisti, 2007).
Algumas espécies são bastante eficientes em alterar algumas das propriedades que
regulam a cinética de transporte dos nutrientes, como a velocidade do transportador de nutrientes
no interior da célula e em que concentração do nutriente este transportador se satura, e a
velocidade de absorção do nutriente do meio para a célula (Turpin, 1988, citado por UNESCO,
1995).
A absorção seletiva de nutrientes presentes no meio aquático também pode conferir
vantagem competitiva para várias espécies do fitoplâncton. Por exemplo, há várias formas de
nitrogênio na água; entretanto, poucas são assimiláveis por todas as espécies do plâncton, elas
absorvem preferencialmente amônia, seguida por nitrato e nitrito (Turpin, 1988, citado por
UNESCO, 1995).
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 2
OBJECTIVOS
Geral
Estudar a diversidade de microalgas em diferentes áreas geográficas de Moçambique.
Específicos
Observar as microalgas ao microscópio; Identificar as microalgas colhidas em diferentes áreas geográficas;
Desenhar as microalgas;
Classificar as espécies de microalgas colhidas nas diferentes áreas geográficas de
Moçambique;
MATERIAS:
Rede de plâncton de tamanho de malha pequena de 15 a 25 μm;
Frascos de vidro de 100ml;
Microscópio óptico;
Lâminas escavadas e nao escavadas;
Água destilada;
Esguincho;
Papel higiénico;
Pipeta pláscticas;
Lápis;
Papel A4;
Livros de identificação.
Soluções:
Solução de formol a 10%;
Solução de lugol .
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 3
METODOLOGIAA colheita de microalgas foi realizada em cinco (5) áreas geográficas de Moçambique, como
mostra a tabela 1. As amostras colhidas foram colocadas em frascos de vidro de 100ml.
Seguidamente, as amostras foram preservadas com solução de formol a 10% ou solução de
Lugol.
Tabela 1: Local de colheita das amostras de microalgas
Amostra Preservante Local de colheita
Fito P1 Lugol Banco de Sofala (7/10/2013)
Sofala TOPR Lugol Banco de Sofala (9/10/2013)
Sofala # 2 Lugol Banco de Sofala (5/5/2014)
Fito 2 Formol e Lugol Banco de Sofala (2/2/2015)
Fito B Formol Barragem de Massingir, Gaza
(21/11/2013)
Fito B-3 QL Formol Barragem de Massingir, Gaza (2014)
Fito E6 Formol Barragem de Massingir, Gaza (2015)
Corumana Formol Barragem de Corumana, (20/5/2013)
AP Monapo Lugol Rio Monapo, Nampula (29/11/11)
ST1 R3 Lugol Porto de Nacala, Nampula (18/7/2012
ST4 R2 Lugol Porto de Nacala, Nampula (18/7/2012
Fito A1 Lugol Porto de Nacala, Nampula (18/7/2012
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 4
PROCEDIMENTOS
Colheita de amostras de microalgas1. Foi usada uma rede de plâncton de tamanho pequena de malha de 15 a 25 µm, o que permitiu
a recolha de todos organismos planctónicos acima desta dimensão
2. Para recolher-se o fictoplâncton mergulhou-se a rede na água deixando deslizar a uma certa
profundidade. Deixou-se a água entrar pela boca da rede, retirando-se de vez em quando,
permitindo que ela escorresse pela rede de modo que o plâncton ficasse retido na malha da rede e
continuamente levava-se para a parte inferior da rede.
3. As amostras foram retiradas abrindo a parte inferior da rede e despejando o conteúdo para
dentro de um frasco de vidro de 100ml, onde de seguida, foram colocadas algumas gotas de
solução de lugol a 10% para que estas fossem preservadas.
Observação das microalgas ao microscópio4. Para a observação ao microscópio, retirou-se uma gota da amostra preservada de cada região e
fez-se uma preparação temporária;
5. Observou-se a preparação ao microscópio óptico respeitando as regras básicas de focagem do
microscópio;
6. Fez-se o desenho das espécimens observadas em cada amostra disponível anotando-se as
características de cada organismo.
Identificação7. Para identificação das espécimes a nível de género e/ou espécie foi feita uma comparação das
espécimes observados com as figuras dos Livros de identificação fornecidos pelo docente, e para
a classificação taxonómica foi usado o portal electrónico Algae Base e site da internet.
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 5
RESULTADOS
A partir das amostras observadas, identificou-se os espécimens encontrados nos diferentes
locais de amostragem, como mostra a tabela 2 e fez-se o desenho baseando-se nas características
de cada organismo e classificação taxonómica.
Na tabela abaixo pode-se observar que o Banco de Sofala apresentou maior diversidade de
espécies, somando os três anos comparando com os outros locais de amostragem. E a Barragem
de Corumana foi a que apresentou menor diversidade de espécies observadas.
Tabela 2: Géneros de microalgas identificados nas diferentes amostrasGênero (sp.) Barrag
Corumana/13
Barrag. Massingir/13
Barrag. Massingir/14
Barrag. Massingir/15
Banco de Sofala/13
Banco de sofala/14
Banco de sofala/15
Rio Monapo/11
Baia de Nacala/12
Anabaena X X X X
Anabaenopsis X XAphanizomenon X XAsterionella XAthaya XAulacoseina X XCeratium X X X XChlamydomonas XClosterium X XDactylococcopsis XDesmidium XEuglena XGroenbladia X XMicrocystis X X X X XNitella X XPalmeria XPediastrum XPlanktothix XSchroederia XStephanodiscus X XUlothrix XVolvox X X
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 6
A tabela abaixo ilustra o total de Gêneros observados ao microscópio nas diferentes amostras
durante as três aulas práticas. Segundo os dados mostram que há maiores diversidades foi de
Microcystis com 5 , seguida de Ceratium com 4 e Anabaena com 3 Gêneros, os restantes
Gêneros com menor diversidades.
Tabela 3: Total de Géneros de microalgas identificados em cinco Bancadas .
Gênero (sp.)
Total de Gêneros (sp.) em amostras de microalgas em cinco barragens (Barrag. Corumana, Barrag. Massingir, Banco de Sofala, Rio Monapo e Baia de Nacala) de 2011-2015
Anabaena 3Anabaenopsis 2Aphanizomenon 2Asterionella 1Athaya 1Aulacoseina 2Ceratium 4Chlamydomonas 1Closterium 2Dactylococcopsis 1Desmidium 1Euglena 1Groenbladia 2Microcystis 5Nitella 2Palmeria 1Pediastrum 1Planktothix 1Schroederia 1Stephanodiscus 2Ulothrix 1Volvox 2
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 7
DISCUSSÃO
Microcystis sp, ( cianobactérias) foi o género encontrado com maior diversidade , este género é o causador de bloom nas Albufeiras de Massingir e Corumana. (Oliveira et al., 2010).
Devido às suas grandes adaptações, as cianobactérias são mais susceptíveis à formação de
blooms, pois estas tem uma grande habilidade na captação de luz, presença de acinetos e
heterocistos dando uma grande afinidade com o Nitrogénio e Fósforo, presença de vacúolos
gasosos para regular a posição na coluna de água, o que lhes permite chegar a zonas de maior
concentração de nutrientes e luz para uma optmização da fotossíntese (Lee, 2008), o que sustenta
os resultados encontrados.
As cianobactérias de Anabaena sp são típicas de águas paradas e barragens, o que vai de acordo
com os resultados obtidos mostra a presença de Anabaena sp na barragem de Massingir, uma
barragem também pôde-se observar espécimens de Anabaena em locais movimentados como
Rio Monapo e banco de sofala, provavelmente porque, de acordo com Lee (2008) as
cianobactérias no geral têm distribuição cosmopolita, podendo ser encontradas em ambientes
diversificados ( Yunes, 2013 citado por Oliveira et al., 2010).
No Banco de Sofala, a dominância é de Dinoflagelados, sem grande diferença ao longo de 12
meses, notam-se também alguns géneros de Clorofitas e Cianobactérias sendo as presentes nas
amostras de 2013 diferentes das presentes nas amostras de 2014 e 2015.
Os Dinoflagelados são um grupo essencialmente dos trópicos e mais presentes em águas
quentes que frias, maior variedade de géneros deste grupo é encontrada em águas marinhas (Lee,
2008). Daí a provável razão de se ter encontrado dominância deste grupo no Banco de Sofala.
Na Baia de Nacala mostra um aumento na diversidade de espécies, pois em 2012 meses
observou-se 10 géneros de diferentes espécies comparando com as outras bancadas em cada
ano, isto pode ser devido a melhor e maior disponibilidade de nutrientes nesse local.
Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Martins J.C., e J.C. Costa. (2009). As Microalgas no Ensino da Biologia. Brasil
Acs, K. e T. Kiss. (1993). Effects of The Discharge on Periphyton Abundance And
Diversity in a Large River. Hydrobiologia, 133pp. Hungary.
Schmitz R., C. D. Magro, L. M. Colla. (2012). Aplicações Ambientais de Microalgas.
Revista CIATEC – UPF. 4ª ed. (1). 60pp. Brasil.
De Paula E.J., E.M. Plastino, E.C. De Oliveira, F. Berchez, F. Chow e M.C. De Oliveira.
(2007). Introdução à Biologia Das Criptóga.Instituto de Biociências. Sao Paulo
Hoek,V.C., D. G. Mann e H. M. Jahns.(1995). Algae: An Introduction to Phycology.
Cambridge University Press.
Chisti, Y. (2007). Biodiesel From Microalgae. Biotechnology Advances. 25ª ed. 306pp.
New York.
Andrade M. R., J. A. V. Costa. (2008). Cultivo da microalga Spirulina platensis em
fontes alternativas de nutrientes. Ciência e Agrotecnologia. 5ª ed. 1156pp. Sao Paulo.
Silva, I.B. (2010). Diversidade de Algas Marinhas. Programa de Pós-Graduação em
BiodiversidaVegetal e Meio Ambiente. 11pp. São Paulo, Instituto de Botânica
Gouvêa, S.P.(2008). Microalgas do Parque Ecológico de São Carlos, SP como Base para
Materiais de Educação Ambiental: Sensibilização para a Preservação de Ambientes
Aquáticos. Multiciência-Publicação do Centro Universitário Central Paulista, 9: 28-37.
UNESCO. (1995). Manual on Harmful marine Microalgae. Manual and Guides No. 33.
ANEXOS
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Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 10
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Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 11
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Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 12
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Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 13
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Geraldo Macoreia e Venâncio Tivane 14