Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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alexei bueno graziela savy jair rangel júlio sacrassenda luiz roberto mattos márcia novaes mericley santiago pablo de salamanca 2014 Relatos de Experiências Fora do Corpo

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alexei bueno

graziela savy

jair rangel

júlio sacrassenda

luiz roberto mattos

márcia novaes

mericley santiago

pablo de salamanca

2014

Relatos de ExperiênciasFora do Corpo

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Copyright@ 2014 Direitos autorais registrados pela Biblioteca Nacional

Relatos de Experiências Fora do Corpo

Viagem astral: aventuras além do corpo

[email protected]

Alexei Bueno, Graziela Savy, Jair Rangel, Júlio Sacrassenda, Luiz Roberto Mattos, Márcia Novaes, Mericley Santiago, Pablo de Salamanca

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Sumário

Apresentação 4

Viagem a uma dimensão extrafísica avançada 10

Alexei Bueno

Encontros inesperados na projeção astral 14

Graziela Savy

Somos todos um! 26

Jair Rangel

Uma boa ajuda no astral 39

Júlio Sacrassenda

Meu encontro com um ex-Beatle 53

Luiz Roberto Mattos

Experimentando a projeção astral 64

Márcia Novaes

Curas e atendimentos no extrafísico 78

Mericley Santiago

Confirmando as projeções astrais 88

Pablo de Salamanca

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Apresentação

Este livro é resultado das experiências de alguns membros que

fazem parte do grupo do Facebook “Viagem Astral: aventuras além do

corpo” no âmbito da projeção consciente que também é conhecida

como projeção astral, desdobramento, experiência fora do corpo (Out

of Body Experience). São relatos pessoais de experiências de projeção

consciente que ilustram as diversas situações decorrentes do

fenômeno.

O objetivo principal aqui é compartilhar e registrar as

experiências de saída do corpo no intuito de que o prezado leitor se

inspire e entenda um pouco mais este relevante fenômeno

parapsíquico.

Projeção consciente é a capacidade que todos nós temos de sair

de nosso corpo físico e visualizar outras realidades físicas ou

extrafísicas. Geralmente a projeção ocorre através de sonhos. São

projeções inconscientes ou semiconscientes. No entanto, algumas

pessoas possuem a capacidade de se projetar de forma consciente e

lúcida em relação aos fatos experimentados, tendo capacidade de

manobra, atuação, resposta e assimilação ambiental que não ocorrem

em um sonho, onde o que sonha é passivo e mero assistente do enredo

onírico.

Os propósitos da projeção são muito diversificados. De acordo

com os depoimentos de projetores conscientes a função da projeção é

o esclarecimento espiritual ou consciencial e a ação de ajuda e

orientação em favor de desencarnados e encarnados.

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O termo projeção consciente não é privativo do fenômeno. Alan

Kardec, por exemplo, chama o fenômeno de emancipação da alma.

Projeção astral é o termo preferido dos grupos esotéricos. Também

podemos nomear a experiência como desdobramento espiritual,

projeção lúcida dentre outros. A Bíblia, por exemplo, contém registros

de projeções de seus personagens que os teólogos têm dificuldades

em interpretar de maneira coerente. Paulo, o apóstolo, na Segunda

Carta aos Coríntios no capítulo 12, versículos 2 a 4, escreveu:

Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu. Se foi no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe. E sei que esse homem - se no corpo ou fora do corpo, não sei, mas Deus o sabe - foi arrebatado ao paraíso e ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar.

Ou seja, quando estamos experimentando uma projeção

consciente deixamos nosso corpo físico e permitimos à nossa

consciência um trânsito mais livre em outras dimensões físicas ou

extrafísicas.

Qual é o objetivo da projeção consciente? Esta é uma questão

bastante pertinente a respeito de um fenômeno que tem sido

estudado há um tempo relativamente recente.

Uma projeção, quando lúcida ou consciente, permite ao

projetor compreender, mapear e interpretar, do ponto de vista da

percepção, o ambiente e a situação em que se projeta. Isto ocorre

porque durante o processo temos plena consciência de que estamos

projetados e experimentando algo que, de maneira geral, podemos

controlar através dos sentidos parapsíquicos em ação.

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Fica evidente que o nosso corpo físico, ancorado na base física,

terrena, não representa a totalidade do que costumamos chamar de

consciência, indivíduo, pessoa. Temos outros corpos mais sutis que nos

permitem interagir com nossa procedência extrafísica, ou seja, as

outras dimensões às quais religiosos e místicos chamam de céu, limbo

ou inferno.

Muitos projetores conscientes têm facilidade para sair do

corpo. Rapidamente entram em um estado descoincidência vigil1 e

passam a experimentar os benefícios da projeção. Como bem se sabe,

nosso destino na projeção está quase sempre relacionado com nossas

afinidades. Se existe uma lei universal em matéria de evolução dos

espíritos esta se inicia pela atratividade, pela sintonia das consciências

com suas preferências, gostos, desejos.

Esta peculiaridade pode ser percebida em nosso dia a dia, nas

experiências, relacionamentos, contatos e direcionamentos que

fazemos na vida. Nossos pensamentos e ações são frutos de nossas

inclinações, vinculações, nesta e noutras vidas.

Desta forma o grande orientador da projeção consciente é a

qualidade de nossas intenções e dos nossos pensamentos. Se nossas

intenções são éticas e visam dar assistência a outras consciências as

chances de que o resultado prático do processo projetivo seja positivo

aumentam.

Se penso, logo existo, sou alguma coisa, uma consciência.

Talvez sejamos isto mesmo, essencialmente uma consciência. Se

somos uma consciência, somos também, resultado de nossos

1 Entrar em um estado intermediário entre o sono e a vigília física com lucidez dos fatos.

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pensamentos. Estes podem totalizar cerca de 60 mil por dia! Imagine

isto: 60 mil pensamentos e ideias circulando em nossas cabeças todos

os dias.

Qual é o montante destes pensamentos destinado a coisas

úteis, boas e justas? Quanto tempo dedicamos a cultivar o medo, o

fracasso e as ideias negativas? O principal problema disto tudo é que o

pensamento, da mesma forma que o nosso comportamento, é

recorrente, habitual. Se ontem você dava ênfase ao negativismo em

seus pensamentos muito provavelmente você fará o mesmo hoje.

Nossa ética e nossas ações têm o nível de nossos pensamentos.

As conexões extrafísicas que fazemos dependem, em grande parte,

das afinidades de nossas crenças e pensamentos. Atraímos os

semelhantes no plano astral e terreno. Nas projeções astrais,

espontâneas ou não, acabamos percorrendo percursos que estão de

acordo com a nossa sintonia, tal qual poderoso aparelho de rádio que

capta as ondas de estações que são sintonizadas por nossa vontade e

escolha.

Uma análise rápida de tudo aquilo que você pensa todos os dias

ajudará a entender sua evolução consciencial a partir destas "sintonias"

persistentes. Um drogado está conectado ao vício em boa parte do dia,

da semana, do mês. Um materialista liga-se às suas posses, recursos,

dinheiro, lucro e dívidas. O desleixado busca nos porões da sua mente

desculpas para eternizar o caos em que vive.

Por outro lado quando quebramos as cadeias do pensamento

negativo passamos a sintonizar energias e influências extrafísicas

elevadas, que visam o bem comum, o desenvolvimento intelectual e

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moral da humanidade. Diga-me o que pensas e direi com quem tu

andas!

E mais: um dos maiores entraves ao desenvolvimento da

consciência é o dogmatismo. Este conceito é derivado da palavra grega

dogma (δόγμα) e ilustra "um princípio ou conjunto de princípios sobre

os quais repousa uma verdade incontestável".

Todo tipo de facção, partidarismo e divisionismo carregam, em

seu bojo, uma visão míope e restrita da evolução e da fraternidade

universal.

Assim dogmatismo é o exercício extremo deste princípio de

incontestabilidade da verdade.

Outro ponto a ser considerado é o fato de que o discurso

totalizador, além de dogmático, é mágico. Ou seja, é auto explicável,

não necessita de confirmações científicas, reitera o sentimento, a

primeira impressão, o medo e a superstição em sua análise.

Podemos desenvolver nossa consciência, evoluir, crescer sem o

dogmatismo religioso, político, filosófico ou de qualquer outro tipo?

Podemos admitir que nossa jornada rumo à serenidade, ao

desenvolvimento consciencial, ao incremento da bondade e do amor

dependem de nossa libertação de toda forma de amarra egoísta, de

dogmas, de fanatismos, de exageros e dos entraves de um

direcionamento existencial dirigido pela emocionalidade. Sem

universalismo, sem consciência do cosmos, não há nenhuma razão para

evoluir.

De toda forma a projeção ou saída do corpo têm como lastro

nossa consciência, ou mente, ou o receptáculo de nossos pensamentos

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e sentimentos que se constituem na parte perene, não perecível de

todos nós.

Assim, o objetivo supremo do exercício da projeção é a

evolução. Evoluir, neste contexto, significa caminhar, de forma ética e

pacífica, rumo a uma consciencialidade fraterna e equilibrada do ponto

de vista dos sentimentos. Desorganização, desequilíbrio emocional,

ódio, vingança, egoísmo, preguiça e outros pecados travam,

emperram, amarram nossa evolução. Por outro lado a organização, o

equilíbrio emocional, a pacificação, o altruísmo e a conduta ética nos

levam mais adiante.

Esta evolução nunca ocorre no vazio da solidão. Todo aquele

que busca sua evolução não pode ser absolutamente solitário posto

que aprende a crescer com os outros e evolui na medida em que ajuda

na evolução dos que o cercam. Então o egoísmo não tem lugar na

evolução consciente. Cada vida, cada reencarnação nos proporciona a

possibilidade de entender, vincar, marcar nosso corpo mental, o corpo

emocional e nossas energias com uma aproximação firme e vigorosa

rumo àqueles indicadores de uma evolução ética e universalista. Este é

o nosso desafio nesta e noutras vidas.

Enfim, o objetivo deste livro é inspirar outras consciências a

buscar a evolução a todo instante. Se você se desanima diante da

peleja diária pense nestas experiências singelas, levante a cabeça,

respire fundo, saiba que não está sozinho e siga em frente rumo ao seu

destino: a evolução!

Os autores.

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Viagem a uma dimensão extrafísica avançada

Alexei Bueno1

A experiência fora do corpo que irei relatar a seguir ocorreu

ainda no primeiro ano do início de minhas projeções conscientes.

Apesar de ser uma experiência antiga esta vivência do dia 22 de janeiro

de 2001 muito me estimulou a continuar os estudos e práticas de

minhas viagens astrais ou projeções da consciência obtidas desde meus

dezenove anos de idade.

Esta foi vivenciada em uma localidade extrafísica ou espiritual

quase que impossível de descrever para mim na época, tamanha beleza

observada. Naquela noite me recolhi para a cama em horário mais

tarde que habitual. O relógio já contava uma hora da madrugada e não

imaginava a grande aventura que iria vivenciar poucas horas após

cerrar os olhos.

Como de costume antes de me entregar ao sono reparador do

corpo físico desejei fortemente projetar-me e fiz rápido exercício

mental de exteriorização de energias com o objetivo de realmente

sutilizar meus corpos espirituais e também "limpar" qualquer energia

mais densa que poderia estar portando naquele momento, sempre

sintonizando os pensamentos e sentimentos com o Criador de todas as

coisas.

1 E-mail: [email protected]

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Não pude perceber o momento em que sai do corpo, mas

quando me dei por mim estava totalmente consciente e chegando a

alguma localidade extrafísica onde fui recebido por uma mulher de

meia idade que se encontrava no local com largo sorriso no rosto,

aparentando mesmo uma felicidade por saber antecipadamente a

maravilhosa experiência pela qual eu iria vivenciar nos momentos

seguintes. Como de costume me encontrava flutuando como uma

pluma pela localidade, pelo fato de que no plano extrafísico ou

espiritual nem sempre estamos sujeito às leis físicas tais como a da

gravidade.

No local havia várias montanhas, algumas com vegetação verde e

outras com cores voltadas para o dourado. No topo da bonita

paisagem podia ver belas árvores que pintavam uma paisagem de rara

beleza. Quanto ao céu estava incrivelmente azul, sem nuvens e o clima

aparentava estar sem vento, diria mesmo que a sensação era de que

não havia o próprio ar para respirar. Compreendi posteriormente que

esta sensação se deve pela hipótese de que não precisamos ou não

temos a necessidade de respirar em nosso corpo astral ou psicossoma,

como estamos habituados ao físico. Não havia dúvida que me

encontrava em um plano espiritual avançado.

Continuando este belo relato estava flutuando próximo ao chão

a uma altura de mais ou menos um metro e meio e tudo que desejava e

fiz foi ficar no topo de uma montanha, observando o local e curtindo

aquela sensação de paz interior indescritível que exalava por todo o

lugar. Diga-se de passagem, que era tão bom estar ali sentindo aquela

paz que o ambiente proporcionava a mim que não queria de maneira

alguma voltar ou sair de lá.

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Surpreendentemente neste momento percebi que havia um

Amparador ou guia espiritual a meu lado, porém invisível a minha visão

extrafísica! Em um momento de euforia eu disse a ele de uma forma

mental: “Isso aqui parece um paraíso! Quero ficar aqui para sempre!

Não me deixe voltar!”. Certamente que qualquer pessoa iniciante nas

viagens astrais teria neste momento este mesmo desejo.

De forma compreensiva o mestre invisível passou sua mão em

minha cabeça, do modo como um pai carinhoso faz ao filho ao consolá-

lo. Curiosamente mesmo não podendo vê-lo senti perfeitamente o

atrito de sua mão nos meus cabelos extrafísicos. Para os leitores que

não estão acostumados com relatos de experiências fora do corpo eu

afirmo: sim, meu corpo espiritual também tem cabelo, assim como o

físico.

Neste momento obtive a segunda surpresa da experiência: uma

mini expansão da consciência! Percebi uma súbita ampliação em meu

sentido de visão extrafísico de modo que curiosamente podia ver

naquele momento tudo o que estava à minha volta ao mesmo tempo,

ou dizendo melhor, via todos os lados ou ângulos ao mesmo tempo

além de me sentir por instantes uno com tudo naquele ambiente!

Apesar disto parecer confuso aqui no plano físico, visualizar tudo ao

mesmo tempo é algo maravilhosamente eficaz quando estamos

projetados.

A sensação de flutuar era muito boa e o ambiente estava muito

sutil a ponto de ser impossível para eu ficar com os pés no chão,

sentindo-me como se estivesse inflado como um balão, mas já era hora

da vivência que mais me estimulou em meus estudos e práticas

projetivas terminar. Senti algo como um pequeno puxão no corpo

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espiritual todo para em instantes perceber um encaixe perfeito no

corpo físico, acordando imediatamente em decúbito dorsal (ou de

barriga para cima).

Mas ao contrário do que imaginei a experiência ainda não tinha

finalizado por completo e havia mais uma surpresa reservada a mim: de

alguma forma pude trazer comigo toda aquela mesma grande

sensação de paz interior que sentia instantes antes enquanto estava

projetado, podendo sentir toda aquela energia por várias horas

seguidas durante aquele dia, ficando eu em uma espécie de verdadeiro

estado de êxtase e paz interior que em raríssimas ocasiões pude

experimentar novamente ainda hoje passados treze anos.

Esta vivência fora do corpo foi para mim um divisor de águas,

forte o bastante ao ponto de fazer com que eu perdesse o medo da

morte e das próprias experiências, pois obtive a partir de então a

certeza inabalável de que a vida continua e que há muita coisa boa e

seres queridos do lado de lá a nos esperar e torcer para que o melhor

nos aconteça.

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Encontros inesperados na projeção astral

Graziela Savy1

Encontro com um amigo falecido

Tive um amigo que era companheiro de teatro há muitos anos e

com o qual desenvolvi uma boa amizade com toda sua família. Um dia,

bem cedo logo pela manhã, recebo um telefonema de sua irmã

dizendo que ele tinha falecido. Não podia acreditar, fiquei sem reação,

pois havia encontrado e conversado com ele há pouco tempo, algo de

uma semana atrás. Ela informou que o velório seria no mesmo dia à

noite. Nessa época (em 2006) estava na Faculdade e não tive

condições psicológicas ou emocionais para ir ao velório dele.

Nessa mesma noite, um pouco antes de dormir comecei a me

concentrar fixamente nele, do jeito que eu o vi pela última vez e

sussurrando fortemente algumas palavras usei o máximo da minha

força interior: “eu sei que você ainda está aqui, posso senti-lo, quero

ver você e me despedir, por favor, venha encontrar comigo agora

nesta noite no meu sonho, eu sei que isso é possível...” Também pedia

a Deus e a todo universo para me ajudar nesse encontro.

Deitei de barriga para cima e procurei relaxar ao máximo,

sempre concentrada em sua face, olhar e sorriso. Sem nada perceber

de repente eu me vejo andando no meio da rua onde, não por mera

coincidência, era próximo ao local onde sua irmã morava.

1 E-mail: [email protected]

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Sabia que era madrugada e que tinha acabado de dormir. Na

hora pensei “meu Deus! Como vim parar aqui e o que estou fazendo

neste lugar?” Mal terminei a pergunta olhei para o lado e ele aparece

um pouco distante vindo em minha direção e abrindo um largo sorriso.

Assim que eu o vi já me lembrei de tudo. Senti a plena satisfação

daquele momento e de tanta felicidade disse o óbvio naquela hora:

“(citei seu nome) você veio!” Ele me respondeu em seguida: “foi você

que me chamou!”.

Ao nos aproximarmos nossos braços se abriram

simultaneamente explodindo aquele abraço apertado cheio de alegria

como sempre fizemos. Exatamente nesse instante senti uma pontinha

de medo (mas desviei logo o pensamento) porque ao abraçá-lo pude

sentir que era realmente ele que estava ali, pois peguei firme em seus

braços e senti todo o calor da sua pele e do seu corpo.

Então ele me disse: “diga para a minha família que eu estou

bem e não é pra ninguém se preocupar comigo, principalmente para

minha irmã, porque ela está sofrendo muito”, e eu disse que sim. Daí

eu falei pra ele: “eu queria falar tanta coisa para você...”, ele sorriu e

respondeu: “não precisa, eu já sei tudo o que você vai falar”.

Nesse momento senti que escorriam lágrimas em meu rosto, eu

sorri para ele e nossas mãos se separaram, então percebi que ali

terminara nossa despedida e como num passe de mágica nós dois, ao

mesmo tempo, fomos embora e eu simplesmente fui acordando

lentamente e vi que meus olhos realmente estavam cheios de lágrimas

e lembrei-me de tudo perfeitamente.

Uma observação importante: toda a nossa comunicação foi

feita através do pensamento. Quero e vale ressaltar outro detalhe

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importante nessa experiência: tudo, mas tudo mesmo, as ruas

praticamente desertas, as casas, agências bancárias, o trânsito naquela

hora da madrugada eram bem reais, tudo estava muito nítido.

Encontro com as minhas avós

Depois que as minhas avós materna e paterna desencarnaram

eu as encontrei em noites praticamente seguidas e já depois de algum

tempo após falecerem. Mesmo não tendo ainda o conhecimento

necessário das projeções.

Desta vez a experiência foi involuntária sem sequer pensar nela

ou em sua casa, enfim, em nada que trouxesse sua lembrança.

Recordo-me que eu estava andando pela chácara onde minha avó

paterna morava e para minha surpresa exatamente perto do lago onde

ela gostava e costumava ficar eu a encontrei, mas ela parecia triste,

tinha lágrimas nos olhos, não consegui me aproximar muito dela, mas

claro eu sabia perfeitamente que ela já havia partido há muito tempo e

então falei mais ou menos assim (sempre em pensamento): “vó, você

ainda está aqui?”. Ela me olhou com um olhar extremamente confuso e

assustado, mas ao mesmo tempo parecia ter se conformado com

alguma coisa e disse que estava me procurando e que só eu poderia

ajudá-la.

Continuou a conversa dizendo mais ou menos o seguinte: “vem

comigo (estendendo a mão), não me deixe sozinha, por favor, eu não

sei ir”. Isso me doeu fundo na hora, percebi que ela ainda estava

perdida, sem rumo e também presa na chácara.

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Respondi: “olha eu não posso ir com você, mas acredite em

mim você vai ficar bem, não se preocupe com nada. Você precisa sair

daqui, tem que seguir o seu caminho, segue sempre a luz” e olhei fixo

pra ela tentando acalmá-la e tentando passar-lhe confiança para que

fosse adiante. Ela segurou na minha mão, como sempre fazia, pediu-me

para eu cuidar do meu pai, disse que estava preocupada com ele e com

a sua saúde. Respondi para ficar tranquila, que ele já estava bem e que

ela não podia mais ficar pensando em nós e em nada porque senão ela

não ia conseguir sair de lá. Então vi que ela tinha ido embora e do nada

foi desaparecendo. Pude sentir naquele momento que o sofrimento

acabara. Voltei lembrando-me de tudo e uma sensação de gratidão, de

dever cumprido.

Já a minha avó materna a encontrei por duas vezes. Na primeira

eu me projetei na casa onde ela morava. Lembro que o lugar estava

muito escuro e sujo. Andando pela casa que parecia não ter fim, de

repente a vejo vindo em minha direção num aspecto completamente

desesperado. Parou bem na minha frente estendendo a mão, pedindo

que eu fosse junto com ela. Disse que eu não podia que tinha que

cumprir minha missão aqui e que ela já tinha partido faz tempo e

precisava sair da casa e seguir o caminho dela.

Naquele instante seus olhos se encheram de lágrimas e ela me

disse que não sabia, não conseguia sair mais de lá e que eu precisava ir

com ela para mostrar o caminho que ela tinha que seguir. Dizia que só

eu poderia ajuda-la e também falou nos seus filhos, perguntou o que ia

acontecer com eles e eu disse que estavam bem e que não era mais

para ela se preocupar e nem pensar neles.

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Tentei manter a calma e espantar o medo que tentava me

dominar e na hora pedi para Deus ajudar-nos e então falei para ela

seguir a luz, pois esta a guiaria para o caminho certo. Lembro que essa

luz apareceu bem fraquinha e minha avó seguiu em sua direção.

Na segunda vez que a encontrei em uma projeção eu estava na

rua em frente a casa onde ela morava quando a vi novamente me

pedindo ajuda, dizendo que saiu da casa, mas não do lugar. Disse quase

tudo de novo e tentei passar todo o meu sentimento de amor para ela

e disse que agora podia ir em paz, e então ela me agradeceu e foi.

Observação: Nessa mesma casa da minha avó materna, o meu

avô morreu na cama quando eu tinha uns quatro anos e depois por

volta dos meus sete anos comecei a ter projeções, numa noite eu saí da

cama passei pelo quintal e fui até um porão onde ele costumava ficar

trabalhando. Pela clarividência vi que ele ainda estava lá. Pediu-me

ajuda. Perguntei por que ele ainda permanecia naquele local, se ele já

tinha morrido e que não sabia como ajudar, mas ele insistia dizendo

que só eu poderia ajudar ele a sair de lá.

Aventura na escola

Essa foi a experiência mais marcante que aconteceu comigo na

minha infância, entre os meus seis e sete anos, época em que estava no

Pré-Primário.

Minha mãe me levou para a escola normalmente, como fazia

todos os dias. Porém, nesse dia eu não queria ir, pois faltava alguma

atividade que a professora havia pedido e estava com muito medo. Na

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sala de aula esse medo tão bobo de levar bronca da professora era

grande demais e eu não conseguia manter a atenção e acompanhar as

atividades. Pensamentos começaram a tomar conta de mim, como o

desejo de ficar invisível e fugir de lá e de todo mundo, voar para bem

longe para o céu, onde eu não sentisse medo de nada.

Pedi para a professora para ir ao banheiro e ela deixou. Saindo

da classe não fui ao banheiro e sim direto para a cozinha. Gostava de

conversar com a “Tia da cozinha”. Pensei “quem sabe ela me

protegeria de alguma coisa”, pois minha intenção era me esconder e

sumir, ou seja, ficar invisível. Sabia que nos fundos da cozinha havia um

porão onde eram guardados brinquedos, materiais, entre outros.

Tentava puxar papo e tão rápido ela se distraiu eu corri para aquele

porão e me escondi.

Estava muito escuro lá dentro, mas percebia cada coisa que

havia e me impressionei com esta capacidade. Encostei-me num canto

e comecei a me sentir muito estranha como se estivesse sonolenta e

entrando num sonho, então fechei os olhos e continuei pedindo para

ficar invisível. Nesse instante levantei como se estivesse flutuando, mas

também percebi que ainda continuava ali.

Por um segundo pensei: “será que estou dormindo ou estou

invisível?”. Resolvi, então, sair dali.

Saí do porão, passei pela tia, falei algo, mas ela não me viu, nem

ouviu, fui até o portão de saída, passei por ele, senti que eu estava

livre, mas não tive coragem de ir para a rua e voltei. Passei por mais

outra senhora que cuida da escola e o senhor que cuida da gente na

hora do recreio. Ninguém me via. Fui até um jardim ou horta que havia

na escola, fiquei encantada, nunca tinha sentido isso antes. Resolvi

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entrar na classe para ver o que a professora estava passando para nós

naquela hora sem que ninguém me visse. Entrei e todos estavam

fazendo atividades em grupo. Tive um impulso e até tentei participar,

mas ninguém me via e nem ouvia. Foi quando de repente a professora

notou minha ausência, perguntou e falou que ia até o banheiro me

procurar. Ela não me achou e começou a perguntar pra todo mundo,

entrou nas outras classes e eu fiquei em desespero não sabia pra onde

eu ia e não queria que me vissem no porão.

Por fim a professora seguiu em direção da cozinha e perguntou

por mim. A funcionária do setor respondeu que eu estivera

conversando com ela há poucos minutos e um segundo em que dera as

costas eu sumi, e que ela pensou que eu tinha voltado para a classe.

Ouvi apenas essa conversa e mais que depressa entrei no porão

e senti como se tivesse levado um tranco bem forte. Quando acordei

percebi que estavam lá perguntando toda hora por que eu tinha feito

aquilo e dizendo que era proibido alguém entrar no porão. Eu só

lembro que eu falava “eu não sei o que aconteceu”.

Um lugar Sombrio

Relato, agora, uma experiência que tive em maio de 2014. Foi

um dia bem cansativo e estressado para mim. Porém, antes de dormir,

estava decidida a uma tentativa de viagem astral.

Deitada de barriga para cima, posição confortável na cama e

bem encaixada, braços ao longo do corpo, tentei exercícios de

respiração, fazer uma energização, instalar o estado vibracional, tudo

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sem sucesso, pois não conseguia me concentrar e atingir um grau de

relaxamento e equilíbrio.

Permanecia muito densa ainda, mesmo assim eu insisti para sair

do corpo pedindo proteção a Deus e ajuda ao meu mentor e, sem

perceber, adormeci muito rapidamente.

Ainda semiconsciente eu caminhava por um lugar cheio de

lama, com mau cheiro e totalmente sombrio. Logo à minha frente havia

uma espécie de portal, desses que encontramos em quase toda a

entrada de uma cidade do interior.

Ao passar por esse portal senti uma fraqueza enorme, uma

força negativa caindo sobre mim com uma leve sensação de desmaio

na hora. Havia guardas e soldados por todos os lados com fuzis,

canhões e tanques de guerra, enfim um verdadeiro exército. Tudo era

muito real parecia estar entrando numa cidade já bombardeada e

massacrada pelo ódio. Todos me encaravam e apontavam suas armas

em minha direção como se eu fosse uma intrusa ou inimiga no local.

Um pouco mais adiante vi famílias gritando, mulheres batendo

em crianças, jovens, velhos, enfim, todos sujos com roupas rasgadas,

comendo no próprio chão, espancando a si mesmos com pedaços de

pau. Notei deformações em seus rostos e no próprio corpo. De repente

paravam e começavam a trabalhar com alguma coisa e totalmente em

silêncio como se prestassem algum tipo de obediência.

Tentei perguntar a alguém ali que lugar era aquele, mas eles me

olhavam com raiva querendo me atacar, me mandando ir embora e

dizendo que eu ia morrer se não saísse imediatamente. Tentava a todo

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custo me lembrar de como fui parar naquele lugar, observava tudo

detalhe por detalhe, mas minha consciência continuava fraca.

Comecei a correr deles quando veio um homem aparentando

ser louco ou coisa parecida correndo em minha direção. Ele tinha

mesmo a aparência de ser um pouco desajustado da cabeça,

entretanto começou a me dizer coisas coerentes como “não era para

você estar aqui”, “por que você veio até aqui” e “o que você quer, pois

quem entra aqui nunca mais sai”, “você infringiu a nossa lei e causou

transtorno nas pessoas, este lugar não tem saída e todos aqui querem

te matar”, “aqui não existe consciência e quem não servir e obedecer

ao sistema e ao líder morre e o nosso líder sabe que você está aqui e

vai te matar, não tem como fugir, você não conhece este lugar”.

Continuou: “preciso ir e não posso ficar falando muito com

você, pois eles vão desconfiar... eles acham que sou louco...”. Então

rapidamente eu perguntei que lugar era aquele e por que estava lá,

como chegara àquele local. Ele respondeu e foi embora: “você deve

saber tudo isso senão você não teria vindo até aqui...”.

Logo após dizer isso avistei uma menina linda, completamente

limpa, vestindo roupas brancas da cabeça aos pés. Ela parou e olhou

fixamente para mim por alguns segundos, um olhar que transmitia algo

significativo e entrou num corredor enorme com várias portas. Havia

pessoas deitadas por ali. A linda moça conversava com algumas

pessoas e percebi que poderia estar trabalhando e cuidando de

pacientes, dando assistência.

“Como, uma menina trabalhando naquele lugar sendo tão linda

e perfeita? É injusto, não podem fazer isso...”, pensei. Este

questionamento começou a clarear minha mente e me deixou

Page 23: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

23

pensativa. Porém não tive muito tempo para reflexões, pois toda a

cidade veio atrás de mim e tive que correr e correr tentando encontrar

qualquer saída, sem êxito.

Lembro-me de que cheguei num ponto alto e bem deserto de

onde puder avistar, com mais clareza, toda a cidade e, para minha

surpresa, eu verifiquei que não havia nenhuma saída, inclusive o

próprio céu parecia estar emendado ao chão (se é que se pode chamar

aquilo de céu).

Por fim, aqueles soldados conseguiram me capturar. Não

acreditei, pois estava correndo mais do que eles numa velocidade fora

do normal. No entanto eles eram muitos e estavam por toda parte.

Levaram-me diretamente ao tal líder num lugar que poderia ser

como o nosso Tribunal de Justiça, ou melhor, a Sala do Júri. Esta era

enorme e lotada de cadeiras e pessoas (ou espíritos). Colocaram-me

perto de um tipo de altar. Novamente o homem doido apareceu e

sentou ao meu lado e eu lhe perguntei o que iria acontecer comigo.

Expliquei-lhe que gostaria de me dirigir ao líder da cidade. O homem ao

meu lado replicou dizendo que o líder não era de conversa e que eu

seria morta de qualquer jeito diante de todos (ele tinha sempre

respostas curtas). E ainda acrescentou: “só de olhar para você

morre”... Cuidado com o olhar!

Nesse exato momento o líder da turba apareceu. A menina linda

toda de branco também chegou. Ela parou, olhou-me seriamente

parecendo querer dizer algo, mas se afastou conversando com outra

pessoa enquanto abria uma porta e depois fechava.

Page 24: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

24

O líder terrível trazia em suas mãos uma lança gigante e

extremamente pontuda em seus dois extremos. Ao olhar para aquela

coisa que mais parecia um animal enorme, horrível, totalmente

deformado, forcei mais meu pensamento e lembranças e aos poucos

fui percebendo que não era uma situação real que vivia, ou seja, que eu

não estava de corpo físico. Percebi que, provavelmente, estava

projetada naquele lugar e que poderia ser até mesmo o umbral, mas

assim que tive esse pensamento o líder parece ter lido minhas ideias e

ficou furioso apontando a lança para mim.

Abaixei o mais rápido que pude e tentei me esconder. O homem

doido perguntou-me meio assustado o que fizera. E eu respondi que

tinha descoberto que lugar era aquele e que estava projetada. Pensei

na minha cama e em voltar imediatamente. “Vou sair daqui agora”,

falei em voz alta. Levantei-me pedindo desculpas por invadir o espaço

deles, que tinha sido sem querer e que isso não ia acontecer mais, que

eu já estava indo embora.

Nesse momento a menina retornou e finalmente veio ao meu

encontro. De maneira singela fez um gesto positivo com a cabeça e

sorriu para mim guiando-me até uma daquelas portas sem falar nada.

No entanto comunicava-se comigo através dos pensamentos: “era isso

que eu estava dizendo para você o tempo todo!”. Então ela abriu a

porta e eu saí.

Lembro-me que assim que passei pela porta e não havia nada

do outro lado que era totalmente branco. Foi como se estivesse sendo

sugada quando acordei, mas sem levar nenhum tranco, nem susto,

lembrando-me de todos os detalhes e, é claro, ainda com um pouco de

medo da terrível experiência naquele lugar do umbral.

Page 25: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

25

Somos todos um!

Jair Rangel1

Sempre sonhei que estava voando. Desde minha adolescência

tenho lembranças de volitar em cenários muito bonitos. Havia uma

particularidade que nunca pude me esquecer: geralmente a decolagem

se dava pelo rufar de meus braços à semelhança de um pássaro. Corria,

lançava-me ao espaço sem medo e batia os braços alçando voo.

Primeiro voava baixo, rente ao solo e, depois, iniciava a subida. Para

minha surpresa conseguia vencer a Lei da Gravidade e simplesmente

voar.

Há pouco mais de dois anos iniciei estudos mais aprofundados

na área da projeção consciente – também chamada de projeção astral –

bem como estudos que tratavam da reencarnação, múltiplas vidas.

Conheci, também a Projeciologia, ciência que estuda a projeção da

consciência.

Quando me dei conta de que o mundo extrafísico é muito mais

palpável do que podemos imaginar tive um choque cultural, social,

espiritual. Compreendi que, de fato, a religião, a ciência, a filosofia e

outras formas de conhecimento não dão conta de explicar tais

realidades. Entendi que a descrição de santos, anjos, demônios, céu e

inferno eram meras tentativas de reproduzir o mundo extrafísico, suas

personalidades e geopolítica. Da mesma forma entendo, hoje, que a

1 E-mail: [email protected]

Page 26: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

26

explicação materialista apresenta uma limitação importante que é a

admissão de que existem outras dimensões além daquela em que

nascemos, vivemos e morremos.

Uma das primeiras coisas que aprendi foi trabalhar com as

energias. Entendi como funciona o estado vibracional e passei a

executar manobras que visavam ativar os chacras e potencializar

minhas defesas energéticas. Este exercício através do estado

vibracional alavancou projeções lúcidas que começaram a ocorrer de

maneira natural.

A primeira delas foi mais que uma projeção. Foi um marco

delimitador entre o antes e o depois de experimentar as saídas fora do

corpo e o estudo do parapsiquismo.

Entre leões, caminhos e perigos

Minha primeira experiência de uma projeção lúcida ocorreu em

uma noite quente em meu apartamento. Vi-me em um campo aberto

em quase completa escuridão. A fraca luminosidade vinha da lua e mal

dava para enxergar o caminho. De repente dezenas de leões

começaram a transitar em volta de mim. Minha primeira reação foi de

muito medo. No entanto uma voz disse-me para ficar tranquilo que

nada aconteceria.

De fato os leões passavam bem perto e alguns chegaram a

roçar seu pelo em mim. De forma espetacular não sentia medo de ser

atacado apesar de entender, de forma inequívoca, a dimensão do

perigo que me rondava. De novo a mesma voz surge dizendo que eu

não deveria ter medo das consciências que queriam me ferir. “Você se

Page 27: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

27

apavora com muita facilidade”, denunciava a voz. “Dê menos valor aos

perigos que te cercam”.

Mal tinha me refeito da assustadora experiência e tentava

assimilar o conteúdo da mensagem me vi trasladado para outro

cenário.

Desta vez estava dentro de um galinheiro onde havia algumas

galinhas deformadas comendo a ração que eu, passivamente, lhes

oferecia. Da mesma forma como ocorrera com os leões a clareza das

imagens e o realismo da visão eram muito perturbadores.

Esta projeção era tão lúcida que podia perceber detalhes do

pequeno galinheiro, a coloração das galinhas e a forma que assumiram

nesta experiência. A mesma voz que se me apresentara anteriormente

disse em alto e bom som: “Pare de alimentar os assediadores com seus

pensamentos negativos e cheios de maus presságios”.

Confesso que senti muita vergonha na hora por conta da

mensagem que me fora um verdadeiro tapa na cara ou, se preferir, um

tapa na minha face extrafísica.

Com a mesma rapidez fui levado para outro local. Quem me

amparava naquela experiência estava mesmo disposto a mostrar a

minha realidade de maneira bastante incisiva. Desta feita estava em

uma estrada escura onde tentava encontrar a saída. Logo percebi que

dava voltas, voltas e mais voltas e acabava no mesmo lugar. Lembrei-

me, na hora, do Mito de Sísifo, personagem da mitologia que fora

condenado eternamente pelos deuses a rolar uma pedra ladeira acima.

Quando chegava ao topo a pedra tornava a descer e Sísifo tinha que

recomeçar tudo mais uma vez.

Page 28: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

28

Já cansado de tanto circular sem nenhum propósito ou

resultado surgiu uma consciência feminina que me indicou a direção

pela qual deveria seguir. Com voz calma disse: “Você está vendo o

movimento depois daquela ponte?”. De fato havia uma rua muito

movimentada logo adiante. Fiquei atordoado por não ter reparado

naquela saída que estava a menos de cem metros de onde eu estava.

Sentira-me cego, surdo e desorientado por não ter percebido

indicação de saída tão clara.

A voz continuou: “Muitas vezes as soluções de nossos

problemas estão à nossa frente, mas ficamos tão assoberbados com as

dificuldades cotidianas que nos permitimos andar à esmo”.

Quando retornei da projeção procurei fazer anotações a

respeito das mensagens. Na verdade a experiência foi tão clara, límpida

e objetiva que jamais consegui esquecer suas lições.

Aprendendo sobre sinaléticas parapsíquicas

Em outra ocasião tive uma experiência que foi muito

importante em minha vida porque chamou minha atenção para as

sinaléticas parapsíquicas. Estas são muito relevantes, pois nos ensinam

a identificar, analisar e reconhecer diferentes manifestações

energéticas das consciências desencarnadas (ou encarnadas) que se

aproximam. Serve, igualmente, para estabelecer diferenças e padrões

Page 29: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

29

de qualificações de energias provenientes de egrégoras ou

holopenses1.

Na projeção consciente vi-me em uma área aberta com um

parque de diversões bem no centro. Havia tendas, montanha-russa,

shows e tudo o mais que podemos encontrar em parques deste tipo.

Numa tenda em particular havia uma imensa fila para onde

centenas de jovens se deslocavam. Pareciam ter o olhar distante.

Aproximei-me de alguns e comecei a conversar sobre o que estavam

fazendo naquele lugar.

Minha intenção era ajuda-los porque senti, através da intuição,

que a situação era negativa dentro do parque de diversões.

Imediatamente ouvi um som contínuo e bastante agudo em

volume muito alto e senti uma força energética muito forte e negativa

ao meu lado. Através da telepatia aquela consciência, de olhar muito

sinistro e ameaçador, toda vestida de preto, manifestou seu desagrado

quanto à minha interferência entre os jovens.

Não sei explicar muito bem de onde veio a inspiração, mas em

lugar de discutir comecei a executar o estado vibracional como defesa

e disse à consciência: “Boa noite, senhor. Em que posso ajudá-lo?”. Fiz

com que entendesse que de certa maneira ele também estava

invadindo minha área de manifestação. Minha pergunta carregava,

também, minha intenção sincera de dar assistência e que havia

compaixão em meu coração.

1 Egrégoras são o clima ou ambiente gerado por um grupo através de suas intenções ou pensamentos. Holopense é um neologismo da Conscienciologia que representa o acróstico de pensamento+energia+emoções+todo.

Page 30: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

30

Para minha perplexidade a emanação de energias negativas

daquele ser foram diminuindo junto com a percepção sinalética do sinal

de alarme. Enquanto isto comunicava-me, por pensamento, deixando

claro que estava querendo ajuda-lo, a ele e às demais consciências

daquele local. Expliquei que eu não sentia medo de nada, mas que

respeitava a situação dele.

Infelizmente acordei ainda com a sensação pesada das energias

daquela consciência. Continuei efetuando manobras energéticas para

me recompor. Aprendi neste episódio, além de reconhecer melhor os

sinais de advertência e de mapeamento das energias, a importância de

melhorar as técnicas de abordagens junto aos desencarnados ou

encarnados projetados.

Acredito, até, que esta mesma consciência me fez uma “visita”

rápida numa noite tempos depois porque consegui qualificar sua

energia e reconhecer sua identidade. Novamente fiz o mesmo

procedimento de abordagem e coloquei-me à disposição para ajuda-lo

uma vez que não senti ódio nem intenção de realizar o mal. No entanto

suas energias são muito negativas.

Nossos amparadores extrafísicos nos levam a vivenciar coisas

que poderão nos ajudar bastante em outras situações. É de suma

importância estar aberto a aprender, com seriedade e respeito, os

procedimentos parapsíquicos em situações limites.

Decolagens no extrafísico

Acordei no meio da noite e senti uns estalos no meu ouvido.

Uma espécie de portal em espiral se abriu sobre minha cabeça.

Page 31: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

31

Comecei a flutuar sobre meu corpo, mas sentia uma retração. Sempre

consciente sinalizei para que meu corpo se desprendesse. Nunca tinha

sentido aquilo antes e confesso que a sensação, além de ser única, foi

marcante, esclarecedora de nossa condição aqui neste mundo. Quando

você experimenta, de modo lúcido, uma decolagem na saída do corpo,

toda sua perspectiva a respeito do mundo espiritual e do extrafísico

passa por uma reviravolta definitiva que afetará o seu modo de pensar

na vida.

Sempre admirei as pessoas que declaram ter tido alguma

experiência mística. Eu mesmo, na adolescência, senti coisas

interessantes quando frequentava uma igreja evangélica.

Mas nada, absolutamente nada, pode ser comparável à

sensação de decolagem na projeção consciente.

Abri os olhos e vi que retornara da experiência extrafísica.

Fechei os olhos em busca de nova projeção que ocorreu

instantaneamente. Flutuei sobre o quarto e senti meu corpo astral

girar, na horizontal, sobre meu corpo físico em repouso.

Daí aterrissei. Fiquei de pé e olhei para o lado quando vi na

cama meu próprio corpo adormecido ao lado de minha esposa que

também dormia. Enquanto isto o cenário do quarto se alternava com

cenas de outro local para mim desconhecido semelhante a um castelo.

Nele havia uma mulher fiando e tecendo que me olhou atentamente

logo que percebeu minha presença.

Lembrei-me que tinha lido que na projeção era possível

experimentarmos dimensões simultâneas em um mesmo lugar. Meu

Page 32: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

32

quarto estava diferente por conta, quem sabe, de uma retro cognição1.

Novamente a vivacidade das cenas e o realismo da experiência muito

me impressionaram. Sentia-me como se estivesse acordado, na vigília

normal.

Certa feita acordei no meio da noite. Senti um tranco e

desencaixei-me do corpo. Uma voz feminina disse que iria me auxiliar.

Comecei a volitar com dificuldades. Senti meu batimento cardíaco

acelerado. Pratiquei alguns exercícios de respiração para desacelerar.

Acordei. Fechei novamente os olhos e novo desencaixe. Tentei volitar

para fora do ambiente, mas não consegui. Depois experimentei andar

pelo local extrafísico muito apertado e pobre. Uma mulher me sinalizou

para sentar e conversar. Disse que me explicaria o que estava

acontecendo. No entanto, retornei ao corpo sem nada me lembrar.

Algum tempo depois, durante o dia, li algumas páginas do livro

de Waldo Vieira, Projectiology2, que havia comprado na véspera. O livro

é enorme, mas fui direto para as partes que tratavam das técnicas

projetivas.

Enquanto lia mentalizei pedindo ajuda aos amparadores para

efetuar projeção lúcida à noite. Fui atendido. No meio da madrugada

fui acordado por um sinal intermitente. Era um ruído peculiar. Quando

me dei conta havia um rosto com olhos e boca desenhados que pairava

como um balão no meu quarto. Não me transmitiu nada de ruim nem

provocou medo. O ruído mudou de frequência e sofri uma decolagem

do psicossoma. Fiz uma evolução sobre minha cama como num spin.

1 Rememoração rara, espontânea ou auxiliada por consciências extrafísicas, de flashes a respeito de vidas passadas.2 VIEIRA, Waldo. Projectiology: A panorama of experiences of the consciousness outside the human body. Rio de Janeiro: IIPC, 2002.

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33

Procurei manter-me calmo para não ser puxado de volta para o corpo.

Tentei, sem sucesso, atravessar a parede para volitar em outros

ambientes, mas fui tracionado para o corpo. Abri os olhos. Fechei de

novo e sai do corpo novamente. Desta vez foi mais rápido e retornei

em seguida.

Creio que determinadas projeções lúcidas servem para que nos

ambientemos com as manobras e experimentemos determinadas

situações até que possamos evoluir no processo.

Em outra noite fui dormir pensativo com o que tinha lido a

respeito da fraternidade universal e suas implicações no processo

evolutivo de todas as consciências. A visão de que estamos vinculados

e conectados uns aos outros de alguma maneira sempre me chamou a

atenção.

Mais tarde acordei “decolando” de minha cama. Novamente

ouvi um som estridente e acima de minha cabeça havia um redemoinho

de nuvens que se abriam como se fossem um portal multidimensional.

Quando me dei conta fui puxado pelo portal e me vi levitando sobre

uma paisagem de montanhas muito bonita.

As imagens eram muito realistas, coloridas e em “alta

definição”. Conseguia ver a luz cintilante do sol, a paisagem com

montanhas, árvores grandes e frondosas.

Ainda volitando comecei a descer por uma cachoeira

acompanhando o fluxo natural da água, mas sem tocar em nada. Vale a

pena registrar que apesar da queda não tive sensação de perda de

peso nem o frio na barriga característicos da força gravitacional.

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34

Com a queda o cenário mudou completamente passando do dia

ensolarado e brilhante para uma noite muito escura. Voava em uma

velocidade muito alta que mal permitia que eu visse as cidades e

cenários logo abaixo de mim. Vilas, campos e prédios eram

sobrevoados muito rapidamente e, de maneira curiosa, não sentia o

vento em meu rosto.

Neste momento, enquanto desfrutava a intensa liberdade da

volitação e ainda eufórico com a experiência, ouvi uma voz masculina

em tom firme e vibrante dizer: “Somos todos um”.

A frase produziu forte impacto em mim e pude compreender,

instantaneamente, as consequências, as intenções e o significado da

frase. Creio que experimentei a transferência do significado em rapidez

e quantidade que não me deixaram dúvidas sobre o que se pretendia

transmitir.

Tão rápido como um piscar de olhos compreendi a maravilha da

megafraternidade, do universalismo, de quão pobres são as ideias de

supremacia religiosa e política. Senti, também, a necessidade de

considerarmos todos os seres viventes como parte de um todo em

conexão.

Após voltar para o corpo abri os olhos e procurei me refazer da

intensidade da experiência que me deixou pensativo por vários dias.

Reconciliações mediadas por amparadores

Após um dia normal de trabalho dormi e logo tive uma projeção

em que percorria uma região no extrafísico devastada e cujos

Page 35: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

35

caminhos estavam repletos de lama, o que me dificultava em muito a

locomoção.

Cheguei a uma área repleta de corpos soterrados na lama. A

visão me causava espanto e uma sensação muito negativa. Em uma

poça mais rasa visualizei submersa uma espécie de boneco ou criança

com feições horríveis. Pensando poder socorrer aquele ser nauseante

retirei-o debaixo da água e pensei no que fazer com o mesmo.

Daí a projeção se encerrou. Abri meus olhos e pensei nas cenas

que testemunhara e lamentei, entre lágrimas, a angustiante projeção e

dirigi meus pensamentos aos amparadores e aos espíritos amigos

numa reclamação íntima pelo fato de tanto me esforçar em melhorar

meus pensamentos e atitudes e, no fim das contas, percorrer regiões

tão assoladas no extrafísico.

No dia seguinte fui ao sindicato dos professores na tentativa de

obter uma bolsa de estudos para meu filho mais velho. Sentado na

ampla sala de espera passou por mim uma colega que não via já há

algum tempo. Ela me prejudicara bastante em uma faculdade em que

trabalhei há alguns anos. Acusou-me de assédio sexual por conta da

demissão a que fora submetida pela diretoria da Faculdade. Tenho a

impressão de que esta era uma estratégia de seu advogado para tentar

obter uma indenização maior na hora do acerto da demissão.

Foi uma época de grande tormento e indignação para mim.

Nunca pude entender tal comportamento a não ser no intuito de obter

lucro indevidamente.

No entanto, apesar do sentimento inicial, dirigi minhas energias

e abençoei a ela e seus filhos.

Page 36: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

36

Ela foi atendida pelo pessoal do sindicato e quando percorreu o

vasto salão rumo à porta de saída esbocei um cumprimento. Para

minha surpresa parou e me cumprimentou. Levantei-me e a

acompanhei até a saída. Como se nada tivesse acontecido passou a

relatar suas últimas notícias, perguntou pelos meus filhos e senti-me

muito bem diante de tal reação inesperada. Despedi-me dela e saí

bastante feliz pelo “milagre” que testemunhara porquanto a mesma

sempre me evitara quando nos encontrávamos no sindicato.

Lembrei-me, então, da projeção. Senti uma comunicação dos

amparadores dizendo que o horrível boneco que eu retirara da lama na

projeção era justamente o resgate daquela situação. Entendo que na

projeção o uso de imagens representativas tais como a lama e o

boneco sujo foram plasmadas para auxiliar no meu entendimento de

que haveria uma chance de se melhorar uma situação de conflito. A

reconciliação, o perdão e a pacificação são uma benção em nossa

jornada evolutiva assim como as desavenças, o ódio e a guerra são um

atraso para todo evoluciente.

As chances de mudança sempre surgem em nossas vidas de

diferentes formas e caminhos. Nem sempre reconhecemos estas

chances. Porém, temos a faculdade de escolher entre o certo e o

errado, entre perdoar e odiar, entre a estagnação ou seguir adiante.

De forma semelhante tive outra experiência de reconciliação no

extrafísico. Nem sempre sabemos as razões pelas quais amparadores

ou consciências extrafísicas patrocinam acertos e reconciliações entre

vivos e mortos. Muitas vezes uma das partes necessita, com urgência,

de perdão do outro. Não importa quando ou como as desavenças

Page 37: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

37

ocorreram. O que importa é que a reconciliação entre as consciências é

parte importante de nossa evolução.

Há mais de dez anos uma pessoa tinha me prejudicado muito e

nunca conseguira perdoar tudo o que aconteceu. O ódio se assemelha

às brasas na fogueira que se inflamam a cada sopro de lembrança

negativa que temos.

Desta forma numa noite uma consciência que não consegui

identificar trouxe a pessoa alvo de meu desafeto. Disse-me ser

necessária uma reconciliação porque ela necessitava desta liberação.

Explicou, pela telepatia, que o fato de, vez por outra, rememorar as

situações de conflitos, trazia consequências no campo energético de

ambos.

A pessoa permaneceu calada aguardando o desenlace da

situação. Fiz uma promessa de não mais pensar mal a respeito daquela

pessoa e o fiz com sinceridade. Pude perceber na hora que todos nós

cometemos erros, ofendemos e prejudicamos aos que nos rodeiam e

que o acerto de contas e o perdão sincero são as únicas formas de

transformar o ódio em fraternidade.

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38

Uma boa ajuda no astral

Júlio Sacrassenda1

Encontro com a amparadora2

Acordei em minha cama sentindo um suave estado

vibracional. Já consciente e tomando todo o cuidado para não

mexer com o corpo físico, comecei a sentir a presença de mais

alguém no meu quarto, além de mim e do colega que dividia o

quarto comigo.

Não me parecia coisa muito boa e por via das dúvidas pensei

em tomar alguma medida preventiva. Não sei bem porque mas

comecei a rezar o Pai Nosso, só que rápida e mecanicamente, como

um papagaio ligado em 220. Resultado: a figura continuava lá do

mesmo jeitinho (eu não via, mas continuava sentindo). E eu, sair do

corpo mesmo que é bom, nada!

Pensei então em entoar como mantra o nome JESUS CRISTO,

mas, na hora “h”, também não sei o porquê, resolvi,

brilhantemente, substituir por aquela música do Roberto Carlos que

fala "Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui!" (rs)

1 [email protected] 2 Madrugada de 05/04/2004.

Page 39: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

39

Enquanto eu desafinado cantava mentalmente a música,

pude ouvir perfeitamente a voz masculina e debochada da figura,

repetindo na mesma melodia: "E eu também estou aqui!"

Ai, meu Deus, que mico!!! Nem sei como estou contando isso

aqui! (rs)

E não sei o que foi maior: o susto ou a situação cômica. O

fato é que perdi completamente a concentração e abri os olhos do

corpo físico. O quarto estava escuro e embora eu não pudesse mais

sentir a presença do sujeito, algo me dizia que ele ainda estava lá,

rindo da minha cara.

Recomecei pacientemente a concentração, pois, apesar do

susto, o corpo ainda estava bastante relaxado. E, enquanto me

concentrava, pensei: "Esse cara querendo ou não vou sair de

qualquer jeito! Não tenho medo dele!”.

Bem, afora a coragem que, com o devido bom senso, é uma

disposição sempre bem-vinda, havia em mim também uma certa

animosidade que não é bem o melhor estado de espírito para se

começar uma projeção. Talvez isso explique, em parte, o lugar onde

fui parar em seguida.

Quando o estado vibracional recomeçou a se instalar entoei

mentalmente o mantra JESUS CRISTO (agora sim!). E o legal foi

observar os efeitos que o mantra causava no padrão das vibrações.

O negócio era até divertido! Curiosamente, à medida que eu ia

testando variações de acento e extensão em cada sílaba, os efeitos

Page 40: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

40

mostravam nuances diferentes. Optei então por me concentrar

apenas na repetição entoada da palavra CRISTO (a essa altura, já

completamente esquecido do suposto assediador de minutos atrás,

do qual, aliás, já não percebia nenhum sinal).

Não demorou muito e eu me senti finalmente descolar do

físico com naturalidade, sentando-me na cama com o corpo astral.

Estava tudo escuro, eu não via um palmo à minha frente. Pensei de

duas uma: ou eu não estou vendo nada por estar dentro da área de

atuação do cordão de prata (o que às vezes pode acontecer) ou

(mais provavelmente) por estar me condicionando

subconscientemente pela escuridão das pálpebras fechadas do

corpo físico. Por via das dúvidas, resolvi me levantar e me afastar o

mais rápido possível do físico.

Flutuei no ar, perfeitamente consciente, e, mesmo sem

enxergar nada, calculei mais ou menos a direção para atravessar a

parede e rumei rapidamente para fora do quarto.

À medida que me deslocava no ar, embora já sentisse a

diferença de atmosfera do ambiente exterior, continuava sem

enxergar nada. Levei a mão ao rosto e pude sentir que as pálpebras

de meus para-olhos estavam cerradas (ainda devido, certamente, à

autossugestão subconsciente).

Lembrei-me de certa vez, numa outra projeção, quando, na

mesma situação, resolvi tentar abrir os para-olhos com as para-mãos

pra ver se conseguia enxergar o ambiente astral - resultado: acabei

abrindo os olhos físicos e perdi a projeção.

Page 41: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

41

Dessa vez, lembrando-me que o que determina a faculdade

da visão no astral é o chacra frontal e não os para-olhos, resolvi

tentar outra saída: Comecei a entoar o mantra OM1 no frontal,

enquanto continuava a me deslocar no escuro. Deu certo. Pouco a

pouco a visão foi se abrindo mais e mais, até eu perceber, embora

sem muita clareza, o lugar onde estava.

O ambiente ainda era meio escuro. Os meus movimentos

estavam lentos e difíceis, como em câmara lenta. Olhei em torno e

pude ver o suficiente para perceber que flutuava acima de uma

espécie de grande estádio ou algo assim, onde uma enorme

multidão se reunia lá em baixo para assistir ao que parecia ser uma

festa rave ou um mega show de rock.

Mais à frente, à minha esquerda, um gigantesco telão (ou

coisa parecida) mostrava as imagens da banda. Não sei quem eram.

Estranhamente, eu não ouvia a música, apenas sentia a sua energia.

Era uma sensação desagradável, densa. Sob o impacto daquela

energia, suponho, a realidade parecia oscilar, instável, como se

estivesse sob luz estroboscópica.

Resolvi me afastar dali. Todavia, por mais que tentasse

imprimir velocidade ao deslocamento, era como se eu estivesse me

arrastando no ar, com grande dificuldade de ganhar altitude.

Eu sabia que, se me concentrasse em voltar para o corpo

físico, estaria de volta em poucos instantes. Mas eu não queria

1 Oh mani padme hum, mantra budista.

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42

terminar a projeção dessa forma. Voltar pro corpo assim, só em

último caso, de preferência.

E já parecia que eu estava chegando a esse último caso,

quando, de repente, comecei a sentir-me deslocando para trás e

para o alto em velocidade crescente. À medida que me distanciava

do local pude ter uma visão aérea mais panorâmica da imensa

multidão que acompanhava o "espetáculo".

Percebi, enquanto me movia que não era eu que estava

comandando meu deslocamento. Quando olhei para a minha

esquerda, pude perceber a imagem tênue de uma pessoa de roupa

branca me sustentando pelo braço esquerdo. Parecia meio diáfana,

transparente. Pensei em tocar-lhe a roupa para testar a concretude

daquela visão, e, quando o fiz, ela se tornou perfeitamente nítida à

minha percepção.

Eu estava sendo levado pelos ares por uma sorridente

senhora de cabelos curtos e brancos (aquele tom de branco de

cabelos que foram louros na juventude). Com a cara mais simpática

desse mundo e do outro, ela virou-se para mim, como que surpresa

de eu a estar percebendo e, com um sorriso lindo, desse tamanho,

me perguntou como é que eu tinha ido parar ali?

Eu perguntei se não tinha sido ela que me levara até lá. Ela

sorriu mais ainda e disse que teve que pedir desculpas lá onde

estava para interromper o que estava fazendo e vir me ajudar. Pelo

que pude entender, ela estava fazendo alguma coisa em outro lugar

quando sentiu que eu estava em apuros.

Page 43: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

43

Enquanto eu olhava para aquele rosto de simpatia radiante

eu simplesmente soube, sem nenhuma dúvida, que já conhecia

aquela senhora. Soube que somos amigos queridos de muito, muito

tempo...

Lembrei-me inclusive, instantaneamente, de ter estado com

ela em pelo menos duas projeções, uma mais recente e outra mais

antiga. Era ela mesma, aquela senhora de contentamento carinhoso

e contagiante que me levou certa vez a uma espécie de parque onde

se reuniam diversas pessoas que estavam prestes a reencarnar. Era

a mesma senhora que eu abracei chorando noutra vez, quando, ao

encontrá-la, fui assaltado por uma saudade profunda e indefinível e

acordei de olhos molhados sem entender nada. Era ela, ela mesma!

Enquanto isso percebi, no silêncio da madrugada, que

baixávamos até a varanda de uma casa simples e adormecida, como

se a senhora quisesse conversar comigo antes de me devolver ao

físico. Ou será que havia algo a ser feito por ali?

Emocionado com aquelas súbitas lembranças, com a

tremenda lucidez em que me encontrava e com o carinho

espontâneo e comovente que ela demonstrava por mim, perguntei-

lhe qual era o seu nome. E, embora eu não tivesse reparado, até

então, se havia articulação labial em nossa comunicação, pude ouvir

perfeitamente o timbre nítido e agradável de sua voz me dizendo

sorridente: Meu nome é Shirley.

Eu sorri encantado, envolvido por aquele seu jeito

descontraído, que pareceria quase adolescente se também não

Page 44: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

44

impressionasse o seu ar de segurança e dignidade simples, embora

bem-humorada. Fiquei olhando pra ela ali, me tratando com a maior

naturalidade, como se nos encontrássemos todo dia... Aquele seu

jeito de transbordante jovialidade e energia, apesar de seus cabelos

brancos.... Pareceu-me a pessoa mais de bem com a vida que eu já

vi!

Era tanta emoção que eu a abracei e beijei-lhe o rosto,

pensando: Ai, meu Deus, tenho que me controlar pra não voltar pro

corpo. Não posso voltar pro corpo agora... Não posso voltar pro

corpo... Não posso voltar... E, no instante seguinte, para minha

frustração... Adivinhem: lá estava eu, de volta ao corpo...

Abri os olhos instintivamente. O quarto ainda escuro, o rádio

relógio marcava 4h29. Meu colega de quarto ressonava na outra

cama.

Eu estava emocionado demais pra conseguir me relaxar e

tentar voltar até ela. Bem que tentei, mas não consegui. Fiquei ali no

escuro passando e repassando a experiência toda diversas vezes pra

não me esquecer de nada, embora soubesse que o melhor mesmo

era levantar e tomar algumas notas, por garantia.

Mas acabei ficando na cama pensando em quantas vezes

aquela senhora estivera ao meu lado nas mais variadas situações, no

físico e no extrafísico. Quantas mancadas minhas ela deve ter

testemunhado e, mesmo assim, não havia a mais leve sombra de

censura em seu olhar, pelo contrário, seu jeito comigo for à de uma

Page 45: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

45

generosidade desconcertante, como se eu fosse a mais digna das

pessoas. E eu sabendo que não merecia aquilo tudo...

De repente pensei que ela talvez ainda estivesse por ali me

observando… Meio constrangido, eu disse mentalmente que eu

gostava muito dela e que sabia que ela gostava muito de mim

também, e que eu ia tentar... Ia tentar realmente não decepcioná-la

muito.

Ainda fiquei longamente ali na cama, de olhos abertos na

penumbra do quarto, relembrando o rosto, a voz, o nome dela... Até

adormecer novamente, sentindo o coração pulsando agradecido

como um menino que tivesse recebido um presente.

Sorvete no astral

Quando ficam sabendo que de vez em quando eu dou umas

voltinhas no astral, algumas pessoas me perguntam, entre outras

coisas, se existe comida do lado de lá. E eu costumo responder

dizendo que, se elas estiverem com medo de morrer e passar fome,

podem morrer tranquilas que, do lado de lá, de fome elas não

morrem. Pois, existe, sim, comida no outro mundo. E existe também

a fome, o que, para um bom garfo e um bom entendedor é talvez

melhor ainda, afinal, de que serviria um banquete sem a fome? Além

do que, dentre nós, onde está aquele realmente disposto a

abandonar o desejo, cuspindo fora a fome ancestral?...

Page 46: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

46

De fato, para sorte ou azar dos convidados, embora a fome

do corpo morra junto com o corpo, há uma fome da alma que é a

alma da fome e que sobrevive junto com a alma. Eu quase ousaria

dizer, inclusive, que essa fome que mora na alma é, na verdade, a

própria e verdadeira alma. Mas isso, para o paladar de alguns, fugiria

um pouco ao nosso tema e já daria um sabor exótico demais ao

nosso prato textual de hoje. Fica, pois, para o cardápio de outro dia.

A questão aqui é apenas arroz com feijão, ou seja: existe, sim,

comida no astral, mas saboreá-la não é lá tão fácil como se possa

imaginar. Ou melhor, é exatamente como se possa imaginar, pois

depende, basicamente, da capacidade de ideoplastia ou criação

mental do freguês. Noutras palavras, a coisa continua dando água

na boca mas não vem assim tão mastigadinha.

Lembro-me que certa vez, há muitos anos, resolvi testar esse

negócio de ideoplastia no plano extrafísico. Vamos ver se o astral é

mesmo a terra do pensa–acontece, pensei comigo. Eu já tinha

observado o fenômeno da produção involuntária e espontânea de

imagens e mesmo de formas “concretas” no astral se misturando

com a realidade do "ambiente astral propriamente dito", mas ainda

não tinha tentado fazer isso deliberada e atentamente.

Pois lá estava eu, um belo dia, projetado no astral, com boa

lucidez, já sentindo o impulso de sair voando por aqueles rincões do

além, audaciosamente indo, feito um Gasparzinho feliz e

irresponsável, quando tive um breve momento de sobriedade e me

lembrei de testar a tal plasmagem na matéria extrafísica.

Page 47: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

47

Concentrei-me, pensando: -- Vou fazer aparecer aqui na

minha mão um sorvete. Um sorvete... de morango - decidi. E para a

satisfação embevecida de minha súbita disposição científico-

experimental, não é que o sorvete foi mesmo aparecendo ali na

minha mão, rapidinho e com a maior naturalidade, como num filme

de Harry Potter? A casquinha em cone na minha mão entrefechada,

a grande bolota de sorvete em cima, até escorrendo um pouquinho

pelos lados - um convite irresistível à uma lambida bem gostosa.

Não pensei duas vezes, tasquei-lhe uma bocada caprichada...

E, para minha profunda decepção, o meu adorável sorvete, minha

primeira obra prima de ideoplastia extrafísica, tinha gosto de...

papelão! Pois é, papelão... Foi decepção suficiente para me puxar de

volta ao corpo físico.

Já ali na cama, depois de matutar um pouco sobre o porquê

daquilo, acabei me lembrando de uma época de minha infância,

quando meu pai tinha uma mercearia. Na mercearia tinha um frízer

de sorvetes, ao lado do frízer tinha uma caixeta de papelão onde

ficavam as casquinhas para os sorvetes. Quando meu pai dava uma

bobeada eu e meus irmãos arranjávamos um jeitinho de descolar um

sorvete de casquinha, ou, pelo menos, só a casquinha, se a maré não

estivesse pra sorvete...

Lembrando-me daqueles tempos de pequeno delinquente

doméstico foi que comecei a compreender que, em minha mente,

desde então, a ideia de sorvete passara, de alguma forma, a estar

ligada à ideia de casquinha, e a ideia de casquinha à ideia de

Page 48: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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papelão. Compreendi uma coisa que nunca sequer chegara a

formular conscientemente para mim mesmo: que o gosto da

casquinha, talvez pela textura ou pela cor, ou simplesmente por

aquelas casquinhas ficarem na caixeta de papelão, o gosto da

casquinha, compreendi, sempre me sugerira o gosto do papelão.

Não que eu já tivesse provado o papelão, e não que eu já não

tivesse provado coisa pior – como formiga, por exemplo -, mas

parece que daquele cheiro seco de papelão da caixa das casquinhas

misturado ao cheiro frio de sorvete que emanava da proximidade do

frízer, de tudo isso mais a estupenda e vertiginosamente

instantânea faculdade criadora da mente, que nos permite cavar

umbrais e erguer paraísos, gerar átomos e sustentar universos, de

tudo isso somado, décadas depois, resultara que meu sorvete astral

tinha gosto de papelão.

Foi daí que eu comecei a entender porque é que as almas

penadas tinham cara de quem comeu e não gostou. Pelo que bem

parece no astral todos os nossos conteúdos mentais, dos mais

conscientes aos mais longinquamente esquecidos no fundo escuro

do inconsciente, todos esses conteúdos tendem a participar, em

maior ou menor grau, do processo de configuração de nossas

criações mentais, deliberadas ou não, a depender do grau de nossa

lucidez e de um complexo mecanismo de associações instantâneas

do inconsciente.

Ou seja, quanto mais “lixo” tiver no nosso inconsciente, mais

tendem a azedar as nossas criações atuais. Acho, inclusive, que isso

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serve tanto para o plano físico quanto para o extrafísico: toda vez

que nosso consciente cria um sorvete o inconsciente aproveita pra

tirar uma casquinha…

Cordão de prata

Algumas vezes quando me encontro suficientemente lúcido

fora do corpo, ponho a para-mão na para-nuca para tentar sentir

aquilo que pela maioria dos pesquisadores é chamado de cordão de

prata. É uma das experiências mais fáceis, simples e interessantes

para o projetor iniciante. Sentir aquela estrutura de vários

filamentos se esticando a partir de diversos pontos em torno à nuca

e se estendendo para trás, unindo-se num único “cordão”.

Observá-lo atentamente é mesmo fascinante. Quando me

viro para dar uma olhada nele ou o puxo até a frente de meus para-

olhos, o que vejo é algo que, à distância de alguns palmos, parece

um cordão luminoso mesmo, de um branquinho clarinho

ligeiramente azulado e meio fluorescente, perfeitamente tocável e

"concreto". Mas quando chego bem pertinho para ver melhor,

percebo que se trata na verdade de uma espécie de feixe de

"campos de força em forma de fios transparentes", digamos. E,

dentro de cada "fio de força", podem ser vistas inúmeras partículas

luminosas movendo-se continuamente.

Ou seja, não há nenhum cordão propriamente dito. O que há

é o fluxo incessante daqueles pontinhos de luz formando os

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50

filamentos energéticos entre o corpo físico e o corpo astral. Visto de

longe esse movimento das partículas irradiando sua luz tênue dá a

impressão de um cordão inteiriço e luminoso.

Recentemente pude observar outros detalhes muito

interessantes do cordão de prata durante uma série de seis

projeções consecutivas na mesma noite (!!!), o que não é muito

comum no meu caso. Cada saída foi mais breve e mais lúcida do que

a minha média. Suspeito que foi uma experiência assistida. E, a cada

saída, o tema de observação que se impunha era, de novo, o cordão

de prata.

Lembro-me perfeitamente, inclusive, de ficar voando meio de

costas só para ver o comportamento do tal cordão. E ele lá, não

tensionado, mas sim meio que fazendo um pouco de barriga, como

um cordão de pipa, e balançando ligeiramente durante meu

movimento. Foi muito interessante ver como ele realmente

atravessava árvores, casas e tudo mais sem se embaraçar. Quanto

ao seu maior ou menor tensionamento, conjecturo que esteja ligado

à maior ou menor distância a que o corpo astral esteja do corpo

físico num dado momento. De outras vezes já o observei bastante

tensionado e quase tão fininho quanto uma teia de aranha, difícil até

de enxergar de imediato.

É claro que o simples fato de eu o ter percebido com tais

características por diversas vezes não garante que tais percepções

sejam rigorosamente exatas. Minha projetabilidade e lucidez ainda é

muito instável e limitada. Parece-me interessante refletirmos sobre

Page 51: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

51

até que ponto e de que forma expectativas positivas ou negativas,

bem como um maior ou menor grau de condicionamento,

consciente e inconsciente, podem interferir na percepção mais

“limpa” ou menos “limpa” do cordão de prata e de sua estrutura e

natureza funcional, tal como, de resto, é possível acontecer

interferências deformadoras também na percepção de qualquer

outra coisa no astral.

Em minha opinião, a investigação direta, lúcida e criteriosa de

aspectos mais básicos do fenômeno projetivo, como o

funcionamento do cordão de prata ou dos chacras, por exemplo,

são, por si só, um amplo e fascinante campo de pesquisa.

Page 52: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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Alguns experimentos de projeção e meu encontro

com um ex-Beatle

Luiz Roberto Mattos1

Projetado e percebido por um encarnado

Alguns dias atrás, no mês de janeiro, estava projetado na

garagem de um edifício, não sei onde, nem por quê. Não me

lembro da hora em que deixei o corpo físico na cama. Minha

lembrança começa já na garagem do edifício.

Estava completamente lúcido tendo pleno domínio dos

meus movimentos e de meus pensamentos. Flutuava alguns

centímetros acima do solo. Não pisava no chão. E me deslocava

lentamente, sem pressa. Lembrei-me do grupo de uma

comunidade de projeção astral da qual participo no Orkut e

resolvi fazer experimentos para relatar ao pessoal.

Produzi experiências que não fazia há muito tempo.

Coisas simples, mas achei que o pessoal gostaria de saber.

Aproximei-me, flutuando, de uma parede da garagem e a

atravessei bem devagar. Nada senti. Repeti o movimento.

Atravessei de novo, e de novo, de um lado para o outro da

parede e não senti nenhuma resistência ao atravessá-la.

1 E-mail: [email protected]

Page 53: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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Depois, vi um homem dentro da garagem e resolvi me

aproximar dele. Era um homem aparentando entre 30 e 40 anos

de idade, moreno, cabelos curtos. Cheguei perto lentamente,

sempre flutuando, sem tocar o chão. Parei em frente a ele, olhei

em seus olhos e o atravessei.

Dei meia-volta alguns metros atrás dele, atravessei-o pelas

costas e então parei na sua frente e olhei bem nos seus olhos,

podendo ver a cor deles, que eram castanhos, mais ou menos

claros, e ele não demonstrava ter me visto ou sentido.

Elevei minha mão direita na direção de seus olhos e

acenei, de um lado para outro, dizendo “Você está me vendo?”.

Mas ele não esboçava nenhuma reação. Não me viu, nem me

sentiu.

Então novamente atravessei o homem, pela frente e em

seguida fiz a volta e atravessei pelas costas mais uma vez. Parei e

tornei a perguntar, frente a ele, bem perto de seu rosto: “Você

está me vendo?”.

Nada. Ele não me sentia.

Na terceira vez em que repeti todo o processo, acenando

diante dos seus olhos, bem de perto e falando, atravessei pela

frente e depois pelas costas. Parei na frente dele e tornei a

repetir a mesma pergunta: “Você está me vendo?”.

Dessa vez ele sorriu parado no meio da garagem e não

havia mais ninguém ali para quem ele pudesse estar sorrindo. Ele

estava parado há algum tempo antes de sorrir como se estivesse

percebendo ou sentido algo, mas sem saber o que era. Dessa vez,

Page 54: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

54

entretanto, tenho certeza de que ele me sentiu. Quem sabe ouviu

minha voz ou captou meu pensamento. Entretanto ele não me

viu, o que tenho certeza pelo seu olhar. Ele não me olhava nos

olhos. Apenas olhava para frente, mas sem um alvo definido,

sorria parado, o que me deu a certeza de que ele me percebeu de

alguma forma.

Isso mostra como nós, encarnados, estando projetados,

estando fora do corpo físico, podemos nos fazer sentir, ou até

mesmo sermos vistos, em alguns casos, por outros encarnados.

Podemos influenciar um encarnado, de modo muito semelhante

a como um desencarnado faz com os encarnados,

energeticamente e pelo pensamento.

Nessa experiência tentei sentir a parede de tijolos,

atravessando-a várias vezes, mas não senti nada.

Não senti o corpo físico do homem que eu atravessei

várias vezes, mas ele de alguma forma me percebeu, seja como

uma influência apenas energética, seja em pensamento, não sei

ao certo. Mas que ele me percebeu, sentiu a minha presença,

disso não tenho dúvida.

Se isso pode acontecer então muitos encarnados podem

perceber de alguma forma os desencarnados e também os

encarnados projetados, fora do corpo, como eu estava.

O engraçado é que eu, estando fora do corpo e

totalmente consciente do que estava fazendo, quis realizar essa

experimentação para relatar ao pessoal da comunidade de

estudos de projeção astral do Orkut.

Page 55: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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Após esses experimentos atravessei uma parede de tijolos

de vidro e saí da garagem. Do lado de fora havia mato com

muitas árvores baixas e havia uma inclinação. O edifício ficava no

alto de um morro.

Comecei a voar baixo, bem perto do chão, mas dessa vez

deitado, para passar entre os arbustos, quando terminei

chegando a um lago que ficava lá embaixo.

Ao chegar ao lago voei para cima e então pude ter uma

visão mais ampla de toda a região, vendo o edifício no alto do

morro onde vi, também, uma casa.

Minha recordação terminou aí.

Muita paz.

Salvador, 01 de março de 2011.

Um encontro com George Harrison

Acordei por volta de cinco horas da manhã hoje, a menos de

uma hora atrás, após uma longa e fantástica experiência de projeção

astral.

Foi uma das mais longas experiências de recordação integral de

onde estive e o que fiz, com os diálogos integralmente preservados,

etc.

Lembro-me dos detalhes do lugar, da casa, das pessoas, com

seus detalhes físicos, etc.

Ontem à noite quando fui dormir não estava pensando nos

Beatles, nem em George Harrison. Não estava, portanto, sugestionado

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quando fui me deitar, o que fiz cedo, às 21h30, por estar com muito

sono.

Não fazia ideia da experiência maravilhosa que viria a ter!

Lembro que pela manhã cedo, indo para o trabalho, ouvi

algumas músicas dos Beatles que tenho no carro em CD com MP3,

tendo ouvido apenas uma música cantada por Harrison. Lembro que

curti alguns solos de guitarra dele e levei um tempo pensando e

lembrando que o considero o melhor guitarrista que já existiu devido à

beleza dos solos, pois ele fazia a guitarra “chorar”, como na música dos

Beatles While My Guitar Gently Weeps. Em rapidez e variação de sons

considero melhor Jim Page, do Led Zeppelin.

Levei um tempo pensando nisso de manhã cedo e depois

esqueci totalmente ao longo do dia!

De noite nem lembrava mais que pela manhã havia ouvido a

guitarra de George e que havia pensando nele.

O interessante é que fui ao seu encontro de madrugada quando

levei minha esposa Vanda e meu filho caçula Bruno. Eles nem são fãs de

George Harrison e dos Beatles como eu.

Fomos os três a uma cidade espiritual, provavelmente na

Inglaterra, pois parecia ser a casa dos pais dele, ou pelo menos da mãe

de George Harrison no mundo espiritual. Todos eles eram ingleses, de

Liverpool, uma cidade portuária da Inglaterra.

Não vou relatar todo o encontro, pois durou horas e daria um

livro sobre os detalhes.

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Ao chegarmos na entrada da casa com jardim gramado, muro

baixo, portão, garagem para carro, fomos recebidos pela mãe de

George, por ele e por outras pessoas que não sei quem são - talvez

parentes deles, igualmente desencarnados, ou projetados como eu.

A recepção foi muito simpática. Talvez por isso eu tenha levado

esposa e filho para não parecer apenas um fã querendo ver o seu ídolo,

o que talvez a mãe dele não permitisse.

Senti ao longo da visita que Harrison não lida bem com o

passado dos Beatles e que de certo modo procura fugir disso e que

nem gosta de falar sobre esse passado. Acho que tentei ajudá-lo a

desfazer certo trauma que ele tem em relação ao tempo dos Beatles.

Será que alguém me incutiu a ideia de ir visitá-lo para ajudá-lo,

para elevar a sua autoestima, com a minha tese sobre quem levou os

Beatles à fama inicialmente?

Após sermos recebidos na entrada da casa fomos todos nos

sentar numa varanda, onde havia várias cadeiras individuais. Não havia

sofás.

Sentamo-nos e a conversa começou a fluir.

Não fui direto para uma conversa sobre música e os Beatles. Fui

pelas beiradas, como fazem os mineiros, até chegar sutilmente no

ponto que eu queria.

Depois de um tempo de conversa com muito jeito falei de

música, falei dos Beatles, e da ida de Harrison para a Índia.

Page 58: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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Nesse momento inicial George tinha aparência jovem, talvez de

uns vinte e cinco anos, cabelos longos, mas estava sem barba, o que ele

usava em idade mais avançada quando desencarnou, aos 59 anos.

Inicialmente eu não estava sentado junto dele, mas de frente, a

certa distância. Após conseguir conquistar a simpatia e a confiança da

família e também dele, mudei de cadeira, e me sentei ao seu lado.

Aí, nesse momento, ao seu lado, falei sobre a ida dele à Índia

com os Beatles.

Ele me perguntou se eu sentia simpatia por ele no tempo dos

Beatles, e por quê.

Percebi que Harrison nunca lidou bem com o fato de ser a figura

menos conhecida dos Beatles, a mais “apagada” dos quatro, por ser

ele muito jovem no início e muito tímido, por cantar pouco, como

vocalista principal, além de poucas músicas dele estar nos discos dos

Beatles, fato que alguns biógrafos da banda consideram o fator

principal que o levou a ser o primeiro a querer sair da banda.

Havia um acordo entre Lennon e McCartney para que eles

assinassem conjuntamente as composições individuais deles. Uma ou

no máximo duas músicas de Harrison eram incluídas em cada disco, o

que o desagradava muito e o deixava insatisfeito e infeliz. Até hoje,

após anos, ele ainda sofre com isso.

Senti que Harrison vive meio isolado, sem querer contato com o

passado, talvez até mesmo fugindo um pouco dele. Mas de certo modo

consegui quebrar essa barreira do tempo.

Quando ele me perguntou por que eu simpatizava com ele

disse-lhe que em 1978 eu estava muito voltado para a Índia, querendo ir

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para lá, e que gostava de Yoga, da cultura indiana, mas que ao mesmo

tempo eu era fã dos Beatles desde criança, sendo que na época em que

comecei a desenvolver a projeção astral, em 1978, somente ouvia as

músicas suaves dos Beatles, por causa da vibração agitada que o rock

mais barulhento provocava, vibração esta que eu achava ser prejudicial

à projeção.

Com isso, disse a ele que passei a ouvir mais as suas canções

como Something, While My Guitar Gently Weeps e outras. Fixei-me mais

nele e na imagem que ele tinha na capa do disco Abbey Road, todo de

jeans azul, parecendo Jesus Cristo, com as longas barbas e longos

cabelos negros. Os outros três estavam de terno. Harrison era o mais

simples deles!

Harrison foi o mais espiritualizado dos Beatles, tendo fundado

um templo Hare Krishna.

Foi uma conversa muito longa.

Depois de um tempo, fomos para os fundos da casa, um quintal

simples, com uma espécie de quiosque. Disse que parecia uma taba de

índio por causa da cobertura e de seu formato. Havia também ali

cadeiras e mesas pequenas.

Após longa conversa, fomos todos descansar. Eu fiquei

numa varanda lateral, em um pequeno sofá, onde tirei um cochilo. Meu

filho ficou em um sofá sentado em uma pequena saleta na parte da

frente da casa.

Mais tarde, todos acordaram e eu fui procurar meu pessoal.

Encontrei Bruno que estava cochilando sentado; encontrei

Vanda e então fiquei sabendo que George tinha saído com a mãe.

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Ficamos na varanda da frente da casa aguardando o seu

retorno.

Durante essa espera pude perceber nitidamente as ruas e

alguns poucos carros circulando, como em uma pequena cidade

inglesa.

Após algum tempo, eles retornaram, para minha alegria.

Quando vi George Harrison chegando não tinha a menor dúvida

de que era ele mesmo, a mesma pessoa com quem havia conversado

horas antes, mas a sua aparência havia mudado. Ele agora parecia um

garoto pequeno, talvez de uns sete ou oito anos de idade – talvez até

menos. Era branquinho, tinha algumas sardas no rosto e os cabelos

compridos.

Eu estava sentado quando ele entrou e se aproximou. Comecei

a falar com ele e toquei na sua testa descendo o dedo até a ponta do

nariz, como fazemos com crianças pequenas, brincando, e ele não

reagiu.

Comecei a explicar a ele que os Beatles foram descobertos

graças a ele, graças ao solo de guitarra que ele fez na gravação da

música My Bonnie, em 1961, acompanhando o cantor Tony Sheridan.

O cantor já era conhecido na época, mas os Beatles ainda não.

Os Beatles somente gravaram seu primeiro disco em 1963,

quando começaram a ter sucesso rapidamente.

Dizia eu a ele que Brian Epstein, que foi o primeiro empresário

dos Beatles, descobriu a banda em 1963 ao chegar a uma de suas lojas

de discos (ele tinha uma cadeia de lojas de discos) quando escutou My

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Bonnie. Ele perguntou ao vendedor que banda era aquela e ouviu como

resposta que eram os Beatles, uma banda de Liverpool, mesma cidade

onde Brian morava.

Foi aí que Brian foi procurar os Beatles, no Cavern Club, quando

se encantou com a banda e virou seu empresário e o sucesso veio

rápido.

Disse a Harrison que o que mais chama a atenção de Brian na

música My Bonnie foi o solo de guitarra dele.

Brian Epstein não ficou encantado com o vocal de Tony

Sheridan, que já era conhecido. Ele não foi procurar Tony Sheridan.

Além disso os rapazes dos Beatles nem cantam nessa música, mas

apenas ficam gritando o tempo todo, dando para reconhecer

claramente os gritos de Paul McCartney ao fundo. As vozes são baixas,

de fundo mesmo, sem qualquer relevância. A bateria não tem nada de

mais na música.

Disse então a Harrison que o que chamou a atenção de Brian na

música foi a sua guitarra, o seu solo maravilhoso, visceral, pulsante, que

dá uma vida extraordinária à canção.

Então, foi ele, segundo penso hoje, e como lhe disse nessa

madrugada, que causou a atração do empresário e o sucesso que se

seguiu.

Isso animou mais Harrison, e melhorou a sua autoestima.

As músicas dele, sobretudo as canções, estão entre as mais

belas dos Beatles, como Something e While My Guitar Gently Weeps.

Page 62: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

62

Senti que Harrison desenvolveu certo complexo de

inferioridade em relação a Lennon e McCartney. Procurei desfazê-lo,

pois ele era um músico brilhante e excelente compositor também.

A partir de 1978, por causa da projeção astral, me afinizei mais

com Harrison do que com Lennon e McCartney. Passei a ouvir mais as

suas canções e sou apaixonado por My Bonnie e por While My Guitar

Gently Weeps, que quando toca me dá arrepios. O modo como Harrison

faz a guitarra “chorar” é extraordinário.

Acho que me tornei amigo de George Harrison após essa visita.

Já havia tido um encontro com ele em 1978 ou 1979, quando

estava apenas iniciando minhas vivências fora do corpo, certamente

por ouvir muito as suas músicas, e pela admiração que tinha pelos

Beatles e por ele. Mas naquela época ele ainda estava encarnado.

Pelo que me recordo esse foi o segundo encontro com ele e foi

uma coisa marcante. Nunca mais esquecerei esse encontro com um dos

maiores compositores e músicos dos tempos modernos, um ser

humano extraordinário, apesar de ainda humano, com traumas,

complexos, problemas de autoestima, etc., como todos nós.

Espero ainda encontrar George outras vezes.

Sugestão aos leitores: Ouçam a música While My Guitar Gently

Weeps, dos Beatles, e façam uma oração pelo ex-Beatle George

Harrison.

Muita Paz!

Salvador, 11 de fevereiro de 2012.

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Experimentando a projeção astral

Márcia Novaes1

Quando menina, entre sete e doze anos de idade, tinha sonhos

em que andava pela casa e sabia que estava dormindo. Via meus

irmãos e uma vez vi meu pai falecido. Também sonhava que andava e

voava pela cidade e, algumas vezes, que voava com a bicicleta. Sentia-

me alegre com esses sonhos e não cheguei a conversar sobre eles com

ninguém, pois achava que ocorria o mesmo com todos. Deixei de tê-los

e meus sonhos ficaram restritos às reproduções de minhas

preocupações. Lembrava-me de meus sonhos quando menina, mas

acreditava que eram desdobramentos comuns de crianças.

Minha formação religiosa foi a católica. Quando tinha uns vinte

anos de idade não senti mais vontade de frequentar a igreja e não me

interessei por outra. Tornei-me uma estudiosa de temas filosóficos e

espiritualistas diversos, mas não tive contato ou não me prendeu a

atenção nada relacionado com a projeção astral, apenas livros da

Doutrina Espírita. Julgava que projeções e desdobramentos fossem

fenômenos restritos aos médiuns.

As projeções voltaram há seis anos e hoje tenho 51 anos de

idade. Com a internet foi possível ter acesso aos trabalhos de

projetores e conhecer o fenômeno, as técnicas, a importância da

1 E-mail: [email protected]

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projeção. Além disso, tive a possibilidade de ter, por meio dela, um

maior conhecimento de mim mesma, compreensão dos meus

relacionamentos e, principalmente, de contribuir com os amparadores

em trabalhos assistenciais que realizam enquanto nosso corpo físico

dorme.

Primeiro contato consciente com o plano astral

Uma noite tive uma experiência muito bonita e, por não querer

esquecê-la, escrevi quando acordei e agora transcrevo aqui. Tive

lucidez em um sonho e me sentia nele como se estivesse acordada.

Não conseguia entender o que estava ocorrendo, pois tinha certeza

que estava dormindo. Estava andando em uma avenida de uma cidade

que não conhecia e pensei o que estaria fazendo ali. Veio um

pensamento para que eu fosse para um prédio que estava logo em

frente. Parecia uma escola com arquitetura dos anos 30. Ao entrar, vi

um grande número de pessoas formando filas em frente de portas

fechadas e entendi tratar-se de um local onde ocorriam curas

espirituais, sendo as filas para o atendimento individual.

Vi uma fila com apenas duas pessoas e pensei que talvez

naquela sala estivesse um médium pouco reconhecido. Resolvi ficar

nela considerando que a boa vontade era o que importava. Quando

chegou a minha vez de ser atendida um grande número de pessoas

entrou na minha frente. Fui para outra fila menor e o mesmo ocorreu

quando estava para ser a minha vez. Resolvi contar o ocorrido para

uma mulher que percebi ser uma das organizadoras e ela me

encaminhou para um local de campo aberto, com gramado e flores

Page 65: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

65

pequenas coloridas. Um homem grande, alto e mulato, vestindo calça e

camisa cáqui, levou-me para passear no campo, sem nada me falar.

Em um curto intervalo percebi que já era noite e pensei que não

havia percebido o tempo passar. Estava bastante escuro e a

luminosidade presente vinha apenas do céu. Paramos e olhei para o

céu e vi não estrelas, mas planetas, como se estivessem bem próximos,

estando alguns mais distantes. Apresentavam cores diferentes um do

outro e alguns possuíam anéis. Não consigo expressar o quanto era

bonito. O homem me pegou pela mão e senti que comecei a sair do

chão, passando a volitar e ficando mais próxima da visão dos planetas.

Descemos, ele me tocou na cabeça com muito afeto e me disse que

aquele era o caminho e que eu ainda iria entender o que ocorreu. Eu

não conseguia dizer nada. Estava com um nó na garganta e muito

emocionada.

Ele e a mulher levaram-me para uma área externa do prédio e se

despediram de mim com muito carinho. Agradeci, sentindo uma

grande alegria. Despertei e não sabia como agradecer o que tinha

vivido.

Alguns dias depois, durante uma viagem de ônibus para a

cidade onde trabalho, estando quase para pegar no sono quando

escutei um forte estalo e tive a sensação de desgrudar do meu corpo.

Levantei e fiquei no meio das poltronas e vi meu corpo físico dormindo,

como também vi os passageiros em suas poltronas. Achei muito

divertido me perceber como fantasma e tive vontade de sair voando

pela janela, chegando a passar metade do meu corpo através dela.

Como não tinha nenhum conhecimento do que estava ocorrendo,

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66

fiquei com receio de não saber encontrar o ônibus e desisti. Voltei para

o corpo e despertei em seguida, rindo sozinha.

Relacionei essa experiência com as que tinha quando menina e

procurei saber o que poderia ser e, por meio de sites da internet,

conheci a projeção astral consciente que todos podemos realizar.

Tenho lido bastante sobre o tema, participado de cursos e palestras e

sou bastante agradecida aos projetores e aos amparadores por

tornarem possível todo o aprendizado e experiências que tenho

vivenciado.

Interagindo com crianças no astral

Tive duas experiências de assistência com crianças que ficaram

muito marcadas em mim. Na primeira cheguei em um estabelecimento

que parecia uma mistura de hospital e escola, com um corredor

bastante amplo, paredes brancas e com piso cinza claro liso. Havia

apenas uma moça sentada em uma mesa na entrada para o corredor.

Ela me recebeu afetuosamente e indicou a porta em que teria que

entrar, dizendo-me que a menina estava reativa.

Entrei na sala indicada e nela havia uma menina aparentando

ter uns quatro anos de idade, sentada com a cabeça baixa em uma

mesinha infantil com quatro cadeiras. Sentei em uma das cadeiras e

tentei falar com ela, mas se esquivou. Passei a montar brinquedos com

peças que estavam sobre a mesa, ela ficou me olhando e foi para o

meu colo e ficou abraçada em mim, tímida.

Veio-me um pensamento de que deveria levá-la para um banho.

Saí com ela e entrei em um local amplo, com um box grande e um

Page 67: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

67

chuveiro pegando quase todo a parte do teto do box. Despi a menina

e, em seguida, uma água morna, sem força, começou a cair

deliciosamente. Fiquei um tempo com ela ali no meu colo e veio outra

mensagem em pensamento que era para eu sair do box do lado oposto

ao que eu entrei e pôr a menina na banheira. Abri o box e vi uma

grande banheira que se assemelhava a uma piscina infantil, branca e

com a água muito limpa. Dentro dela algumas crianças pequenas

estavam brincando. Coloquei a menina na banheira e ela saiu

timidamente, alegre.

Chamou a minha atenção outra menina que deveria ter um ano

de idade que estava do outro lado da banheira. Ela veio até a minha

direção por baixo da água, o que me fez ficar apreensiva, com medo

que se afogasse, mas vi que sabia nadar. Tirei-a da banheira e pus no

meu colo, pensando em pedir uma toalha para enxugá-la. Novamente

por pensamento veio a informação de que era para deixar a água secar

no corpo dela. Ela dormiu profundamente e a entreguei para a mesma

moça.

Enquanto saía pelo corredor despertei em meu quarto,

sentindo uma grande paz, com a certeza de também ter sido tratada

naquele banho, pelo bem estar que estava sentindo, a serenidade em

que me encontrava.

Em outra experiência, ao acordar, percebi que estava

amanhecendo e quis retornar a dormir, mas antes de pegar totalmente

no sono senti uma forte vibração no corpo e sentei-me na cama. Nesse

momento percebi um jovem saindo por baixo do cobertor e muito

assustada tentei chamar por várias vezes a minha amiga, com quem

estava dividindo o quarto, mas minha voz não saiu, não conseguia ter

Page 68: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

68

domínio do meu corpo. Só então percebi que estava em corpo astral.

Senti muito medo, mas depois percebi que o rapaz não parecia querer

fazer algo ruim para mim, pois apenas ficou me olhando e sorrindo.

Fiz a exteriorização de energia com as mãos voltadas para ele e

então sumiu. Pensei em aproveitar a projeção. Levantei-me e saí

voando pela janela encontrando um céu azul lindo. Como na noite

anterior conversara com um amigo sobre as ruínas do México tive

vontade de conhecer alguma e imediatamente me vi em um antigo

prédio, diante de uma parede de pedra esculpida com desenhos

geométricos belíssimos. Fiquei um pouco mais ali e depois, voando

baixo, fui conhecer um pátio logo em frente, onde havia um grande

número de turistas. Estes não podiam me ver e apenas um menino

olhou em minha direção tentando chamar a atenção da mulher com

quem estava, mas ela não se importou.

Agradeci o belo passeio e pedi para participar de alguma

assistência e, novamente, de forma imediata, vi-me voando baixo sobre

uma praça bastante movimentada em uma cidade que não conheço.

Peguei na mão de uma menina e como estava um pouco distante dela

meu braço ficou esticado além do tamanho. Ri achando aquilo muito

engraçado.

A menina também sorriu me olhando com o canto dos olhos.

Ela devia ter em torno de sete anos de idade, vestia um vestido curto

solto, uma blusinha de lã e sapato estilo boneca. Ao lado dela,

volitando, atravessamos uma avenida indo em direção a uma rua mais

estreita, onde paramos. Fiquei em frente dela e falei que era muito

fofa. Por sua vez ela disse que me achava muito engraçada e que só

ouvia a minha voz depois que eu já havia mexido a boca.

Page 69: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

69

Sentindo um forte afeto por ela disse que era linda e, de

repente, começou a chorar e vi que estava vestindo uma camisola

branca de hospital, com o cabelo bem curtinho, pálida. Coloquei-a no

meu colo e ela falou que sentia dor na barriga e que já havia contado

para muitas pessoas, mas ninguém conseguiu tirar a sua dor. Agachei

com ela ainda no colo e peguei em sua barriga enquanto a deixei bem

perto de mim. Ela ficou quietinha ali abraçada quando comecei a

perceber que meu corpo passou a desaparecer. Fiquei aflita, queria

ficar com ela, mas fui despertando.

Acordei muito emocionada. Procurei me acalmar e fiz uma

oração para ela. Quis saber de outros projetores experientes porque

acordei e tive a resposta que provavelmente isso se deu por eu ter

ficado fortemente emocionada e que devo aprender a ser, com amor,

mais técnica.

Aprendizado sobre comportamento competitivo

Por um tempo fiquei sem ter projeções conscientes. Estava com

dificuldades de me relacionar com uma colega do trabalho que, ao

modificar o laboratório e por algumas atitudes que se chocavam com a

minha, estava impossibilitando o andamento dos meus experimentos.

Continuava realizando minhas práticas de bioenergia, mas sem

tranquilidade e, em uma noite, passei a ter consciência de que estava

em projeção em um lugar muito escuro e tenebroso. Pensei que seria o

resultado das emoções negativas que estava tendo e fiquei com

vergonha de pedir o auxílio de amparadores.

Page 70: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

70

Logo percebi a presença, sem conseguir ver, de uma

consciência que me causou tranquilidade e me dirigiu até um pátio

muito grande onde homens e mulheres com diferentes defeitos físicos,

deformações no corpo e no rosto estavam treinando em aparelhos

com movimentos e em alturas que um humano comum, no mundo

físico, não conseguiria atingir. Entendi que iam participar de uma

olimpíada. Quando fiquei próxima a eles percebi que não eram maus.

Contudo, senti neles forte sofrimento, carência e uma grande

necessidade em realizar algo que mostrasse como eram bons no que

faziam. Um deles, baixo e bastante deformado, aproximou-se de mim

como um menino querendo receber carinho. Não tive medo e

correspondi com um sentimento de afeto e, percebendo o sofrimento

que carregava, abracei-o. Pareciam pessoas ingênuas e infantis.

Chegou um veículo do tipo Van para levá-los ao local das

competições. Eu e o amparador os acompanhamos. Ao chegarmos

percebi que estavam muito animados, confiantes e orgulhosos. O local

era semelhante ao anterior, escuro e feio. Quando as competições

iniciaram ocorreu um acidente e tudo começou a ser destruído, com

muito fogo para todo lado. Eles não aceitaram deixar de competir e

realizaram, no meio de tudo sendo destruído, as técnicas e acrobacias.

Percebi uma mulher pequena e magrinha, de rosto bonito, mas

com o corpo disforme, disparando em corrida em uma pista de terra

com uma linha de fogo em sua direção. Ela corria muito e observava,

olhando para trás, o fogo se aproximando. Fiquei apreensiva e o

amparador me falou por pensamento que não estavam se importando

de serem destruídos, tinham que competir, que era muito grande a

necessidade de se sentirem vitoriosos. Quando o fogo estava prestes a

Page 71: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

71

atingi-la ela pulou para o lado. Fomos até ela e observei que estava se

sentindo feliz, falou com orgulho que por um bom tempo foi mais

rápida que o fogo. O amparador pegou em meu braço e no mesmo

instante estava voando em um céu azul e despertei.

Acordei pensativa sobre a relação com a minha colega,

assumindo para mim que não estava gostando das atitudes dela no

laboratório por orgulho, pelo fato de eu estar ali antes dela e por ter

participado da construção e instalação do laboratório. Mudei de

atitude e deixei que ela modificasse o funcionamento do laboratório

como pensava ser melhor e hoje trabalhamos tranquilas.

Uma experiência difícil

Após realizar o relaxamento despertei no meu quarto e vi uma

mulher ruiva, de cabelo longo e crespo, usando um camisolão branco e

descalça. Era muito bonita e serena. Quando me dei conta já estava

entrando com ela em um tipo de fazenda. Lá nos aproximamos de uma

casa antiga aonde cheguei à porta e vi que dentro da casa havia um

ambiente de horror: uma mulher estava cortando carne e entendi

tratar-se de carne humana. Um anão, com um semblante muito ruim,

entrou na sala utilizando pernas de pau. Estava com uma espada tipo

sabre em cada mão e fazia movimentos violentos com elas. Ninguém

me via, mas ele olhou para mim, desceu e veio em minha direção e

ficou me olhando com o objetivo de me assustar. Penso que sob a ação

da amparadora não senti medo e fiquei apenas fitando em seus olhos,

sem demonstrar nenhuma emoção.

Page 72: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

72

Fiquei um tempo com os olhos fixos aos dele e percebi que ele

foi modificando o olhar de maldade para um olhar de vergonha e

arrependimento. Baixou a cabeça e, nesse momento, a amparadora

tocou levemente o meu braço. Virei-me e falei para ela que tudo aquilo

estava sendo muito difícil para mim. Rapidamente me tirou de lá e me

levou de volta para o meu quarto.

Acordei sem entender porque estive lá, o que poderia ter

ocorrido, embora tivesse sido assustador eu me sentia muito bem e

alegre. Procurei esclarecimentos e tive como resposta que

provavelmente a amparadora me utilizou como um meio, um

instrumento, para ela agir sobre ele. A cada experiência com

amparadores fico com a lição de que agem de forma precisa, técnica e

afetuosa; parecem não ter emoções, mas nos envolvem com o amor

que possuem causando um bem estar indescritível. São perfeitos!

Uma noite com diferentes experiências

Novamente fiquei um período sem ter projeções, com um sono

bastante pesado e sem rememoração de sonhos. Até que em uma

noite tive uma com total consciência e com diferentes experiências.

Despertei com um barulho e tentei acender a luz do abajur para ver o

que era, não conseguindo. Resolvi levantar e acender a luz do quarto,

mas também não consegui. Percebi que havia uma luminosidade fraca

no quarto e pensei que poderia estar em projeção. Olhei para a cama e

me vi lá dormindo. No mesmo momento percebi a presença de três

seres no meu quarto que mediam em torno de 1,40m de altura.

Pareciam ser uma mistura de macaco com Bicho-preguiça. Pularam na

minha direção, abaixei e passaram pela parede.

Page 73: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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Sai do quarto pensando em dar um jeito de pedir para a minha

amiga acender a luz, pois achava que assim eles sumiriam. A parede do

corredor estava diferente e não encontrava a porta do quarto dela.

Quando encontrei pensei que se acaso me visse ficaria assustada. Os

seres, que estavam na porta do meu quarto, começaram a atirar uma

espécie de disco na minha direção e eu abaixava para não ser atingida.

Resolvi entrar no quarto dela e ao entrar a vi dormindo. Seu

corpo astral, vestido com uma camisola comprida branca e com um

halo de luz branca em torno, estava também dormindo encostado na

parte do pé de sua cama. Ela, no corpo astral, abriu os olhos e me viu,

falei que não estava conseguindo acender a luz e ela, bastante

sonolenta, falou: “Você não consegue acender a luz, Márcia?”. Voltou a

dormir. Escutei os barulhos dos seres e resolvi que o certo era voltar

para o corpo e despertar.

Na minha cama, um dos seres pulou sobre mim e foi com as

mãos na direção do meu pescoço para me enforcar. Concluí que

continuava em projeção e por isto não sentia medo. Passavam-me a

impressão de estarem apenas querendo me perturbar; estava

aborrecida por insistirem com aquilo. Cheguei a pensar que me matar

não conseguiriam. Levantei rápido empurrando o estranho ser, falando

que estava cansada daquilo. Pensei que o certo era manter a

serenidade e fiz energização na direção dele com as mãos. Ele sumiu, a

luminosidade do quarto ficou clara e o ambiente ficou tranquilo.

Resolvi não perder a projeção e fui até a janela e vi, mesmo ela estando

fechada, que o céu estava lindo. Atravessei a janela e voei até uma

plantação de eucalipto que existe na entrada da cidade e fiquei voando

por cima das árvores admirando o céu estrelado com a meia lua.

Page 74: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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Pedi para participar de algum trabalho de assistência e no

mesmo momento cheguei em frente a um circo, onde havia um

movimento de palhaços e outros integrantes de circo na entrada. Um

palhaço e duas crianças, também vestidas de palhaço, vieram na minha

direção e me convidaram para entrar. Eu estava receosa de que

estivesse caindo em alguma armadilha, mas aceitei entrar, pedindo

proteção aos amparadores e pensando que se percebesse algum

perigo desejaria imediatamente ir para o meu corpo.

Logo que passei por uma segunda lona vi um ambiente bem

diferente. Era como um corredor de hospital com alguns homens e

mulheres vestidos de branco, como enfermeiros, andando para

diferentes direções com um semblante de preocupação. Veio-me o

pensamento que se tratava de um hospital e que a entrada na forma de

circo era um modo de disfarçar os assediadores de pessoas que se

encontravam lá em tratamento.

Um enfermeiro veio na minha direção e esboçou um leve

sorriso. Pegou levemente no meu braço e sem nada dizer me levou até

um quarto. Nele havia várias macas com pessoas deitadas e o

enfermeiro me levou até uma mulher que estava sentada na maca e

muito triste. Senti a sua dor e fiquei comovida. Toquei em seu rosto e

ela encostou próximo do meu ombro e chorou e eu fiquei tocando o

seu rosto e cabeça. O enfermeiro me informou que ela estava

encarnada e que possuía um câncer no útero, resultante de uma vida

de submissão ao marido, e que fora levada até ali para tratamento. Ela

parecia só ver a mim. Devido à forte emoção acabei despertando.

Fiquei um tempo na cama ainda sentindo a dor que ela me

passou e pensando na realidade de nós mulheres. Eram 4h10min e senti

Page 75: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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vontade de ir ao banheiro, mas estava um pouco assustada com o que

ocorreu no quarto, assim, fiz uma oração, me acalmei e consegui

levantar. Quis muito contar para alguém o que vivi, mas não pude, as

pessoas com quem convivo não acreditam na projeção, ou tem medo

dela e acham que algo de ruim pode acontecer comigo. É uma pena!

Relato final

Encerro aqui os relatos de minhas primeiras experiências com o

plano astral descrevendo uma projeção interessante. Levantei-me

3h25min e fui ao banheiro, retornando, ainda bastante sonolenta para

a cama. Deitei-me com a intenção de realizar uma projeção e pedi o

auxílio de amparadores. Senti leve vibração e escutei dois estalos

fortes seguidos. Imediatamente me vi levitando em um espaço vazio e

com pouca luminosidade, ao lado de uma mulher loira de cabelos

longos. Chegamos a um lugar aberto e bem claro, com solo arenoso e

com pedras grandes, sem nenhuma vegetação e sem mais ninguém

além de nós como companhia.

Ela me mostrou quadros muito grandes com algumas

inscrições. Falou-me que era importante escrever as experiências e os

conhecimentos adquiridos, que eles eram ao mesmo tempo em que

eram registrados na dimensão física eram também registrados no

astral, ficando acessíveis para consulta a qualquer momento para

outras consciências, incluindo a mim.

Desse modo, finalizo os meus relatos feliz e grata pela

oportunidade de escrevê-los aqui, ao lado de outros que buscam na

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projeção astral a aquisição de conhecimentos para a evolução da

consciência e a contribuição na assistência fraterna realizada pelos

amparadores.

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Curas e atendimentos no extrafísico

Mericley Santiago1

Devo esclarecer que tenho o hábito de todas as noites, antes de

dormir, fazer o VELO (Voluntary Energetic Longitudinal Oscillation) que

é o circuito fechado de mobilização de energias. Depois desse

movimento eu exteriorizo e interiorizo energias. Através desta técnica

se chega ao estado vibracional2, o que viabiliza a experiência fora do

corpo. Com essa técnica eu consigo balancear as minhas energias,

chacras, limpar meu campo energético, afastar intrusos, curar

pequenos problemas de saúde (dores, desconforto, etc.).

Durante a aplicação desta técnica tenho visões e até mesmo

conversas com entidades. Às vezes sinto que ainda estou no corpo,

mas tenho uma percepção maior de tudo. Vejo, ouço e sinto o que meu

corpo físico não me possibilita num estado normal de consciência, além

das interações extrafísicas.

10 de Outubro de 2010

Ao acordar, ainda sonolenta, relaxada e sentindo uma vibração

no corpo, virei para o meu lado direito, deitada em posição fetal

quando me descoincidi3.

1 E-mail: [email protected] Resultado do Velo ou circulação fechada das energias dos chacras.3 Entrar em um estado intermediário entre a vigília física e o sono.

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Senti uma tremenda sensação de paz e proteção e me senti

muito amada. Vi, com os olhos da alma, uma mulher que se aproximou

da minha cama. Ela tinha os cabelos anelados, castanhos claros, na

altura dos ombros. Usava uma tiara que segurava o cabelo para trás.

Ela estava orando por mim. Veio, então, um bloco de informação na

minha mente de que ela era a minha mãe. Ela não era a minha mãe

desta vida. Minha mãe nesta vida estava doente, ainda encarnada. As

duas são muito diferentes uma da outra.

Senti um toque no ombro e na coxa. Ela pôs uma mão no meu

ombro esquerdo, e a outra na coxa esquerda, e disse: "Acorda minha

filha! Acorda minha filha! Maior do que as suas batalhas serão as suas

vitorias!”.

Ao acordar me sentia muito amada, protegida, uma sensação

como nunca sentira antes.

22 de Julho de 2011

Tive uma experiência fora do corpo em que me vi em uma sala

onde havia uma mulher que emanava energia. Por conta disto ela ficou

fraca e debilitada. Era uma mulher de mais ou menos 40 anos de idade,

de cabelos negros e presos.

Comecei a lhe dar um passe energético. Escaneava o corpo dela

com as minhas mãos sem toca-la. Passei a emitir passes dispersos que a

energizava de novo. Das palmas das minhas mãos parecia sair bastante

energia.

Ao voltar ao corpo sentia as palmas das minhas mãos quentes e

formigando, o que durou por mais ou menos uns dez minutos.

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29 de Junho 29 de 2011

Ao sair do corpo percebi que estava na casa de meu primo. Ele é

evangélico, muito religioso e fiel às práticas da igreja ao qual pertence.

Trata-se de um homem bom e muito correto. Veio a informação à

minha mente de que ele tinha ido viajar e que era ele quem mantinha a

paz e a ordem na casa.

Havia um espírito negativo no lugar. Assim que o meu primo

viajou esse espírito começou a influenciar quem estava na casa, ou seja,

um sobrinho dele, um jovem rapaz que lá morava. Esse rapaz resolveu

fazer uma festa e enfeitou toda a casa com papel picado e balões. Eu

estava em uma sala e de lá eu via o espírito em outro cômodo. Ele

andava de quatro com as pernas torcidas e parecia estar em

sofrimento.

Havia várias pessoas onde eu estava. Sonia, uma enfermeira

que trabalhava comigo nessa vida, foi ajudá-lo. Eu dizia: "Eu não vou lá.

Não chego perto mais. Ele tentou me enforcar outro dia." Sonia

colocou ele sentado e encostado na parede na sala onde estávamos.

Alguém tinha que alimentá-lo, pois ele não conseguia comer

nada sozinho. Sonia começou a alimentá-lo enquanto eu me cobria

com um lençol até a cabeça. Tinha muito medo que ele me visse e fosse

me fazer mal apesar dele parecer frágil e sofrido. Voltei ao corpo.

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28 de Fevereiro 28 de 2011

Adormeci pensando na minha mãe que se encontrava muito

doente. Orei por ela e pedi proteção.

Ao dormir me vi no quarto dela na casa da minha irmã em Belo

Horizonte, no Brasil. Ela passava mal. Não conseguia respirar direito.

Minha mãe tinha Esclerose Lateral Amiotrófica, respirava por uma

traqueostomia conectada a um bipap 24 horas por dia e se alimentava

por sonda.

Eu estava em pé no canto do quarto e a olhava sobre a cama.

Estava coberta com um lençol e havia duas consciências vestidas como

médicos com calças e camisões azuis. Também usavam tocas azuis nas

cabeças. Eles cuidavam dela. Perceberam minha presença e olharam

para mim. O mesmo fez minha mãe. Continuaram o trabalho o que me

deixou tranquila porque vi que ela estava sendo cuidada.

Ao acordar pela manhã liguei para minha irmã e falei com a

moça que cuidava dela. Perguntei como a minha mãe estava passando.

A moça me disse que ela não havia passado bem à noite, que teve

problemas para respirar. A saturação do oxigênio abaixou muito, pois o

bipap não estava funcionando direito. Ela havia chamado a empresa

responsável para trocar o bipap e ela estava passando bem naquele

momento.

Nesta mesma noite me encontrei em um salão. Não havia

móveis. O chão era de cimento. Havia consciências deitadas no chão e

outras de pé. Eram poucas na verdade.

Eu era uma das que estava de pé. Via um espírito que dormia no

chão e achei isto muito engraçado. Eu disse: “Nossa!!! Esse espirito só

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dorme, dorme demais!!!!” Naqueles dias, eu andava muito sonolenta,

sem um motivo aparente para tal, haja visto meus exames laboratoriais

com resultados normais.

Outro espírito tentou me agarrar pelas costas e me atacou

várias vezes. No entanto consegui me virar e me libertar dele. Algumas

vezes vinha alguém e me ajudava, afastando-o de mim. Era um homem

claro, aparentando uns 46 anos de idade, de barba, bigode e cabelos

grisalhos. Ele vestia calça e camisão brancos.

Quando esse espírito me atacava rolávamos atracados um ao

outro pelo chão até que eu conseguisse me libertar ou o homem

protetor viesse me ajudar. Esse meu protetor era sempre a mesma

pessoa.

23 de Dezembro de 2011

Adormeci e logo saí do corpo. Encontrei-me projetada em um

salão onde estavam várias pessoas doentes que chegavam em macas.

Eu estava acompanhada de uma entidade que eu não via mas que se

comunicava comigo usando telepatia. Eu não a via e nem a ouvia com

os ouvidos físicos. Ela mandava blocos de informação que chegavam

pelo pensamento.

No meio dessas pessoas estava uma amiga. Ela não me parecia

doente. Ela caminhou na minha direção, sem dizer nada. Parou na

minha frente. Uma de minhas mãos, como se tivesse vontade própria,

começou a se mover em direção ao pescoço da minha amiga. Eu usava

a minha mão direita. Os meus dois dedos (indicador e o dedo do meio)

Page 82: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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começaram a tremer como se tivesse uma energia maior movendo a

minha mão e os meus dedos.

Perguntei à entidade o que estava acontecendo com ela. “Ela

está com febre?”. Perguntei por que não sentia o corpo dela quente. A

entidade não respondeu mas os meus dedos, tremendo, começaram a

descer pelo corpo da minha amiga até chegar aos pés dela, mais

especificamente o pé direito.

Então vi escrito na parede em inglês "Right foot, fifth finger

ER/ER life threatening". Traduzindo seria: "Pé direito, quinto dedo,

Departamento de Emergência/Departamento de Emergência, risco à

vida". Na verdade, não sei de fato o que essa mensagem queria dizer.

Se ela estava correndo algum tipo de risco de morte.

Olhei os pés e os dedos da minha amiga, mas não vi nada que

significasse uma inflamação, inchaço ou qualquer outro sinal de

problema.

Durante todo o tempo, minha amiga parecia hipnotizada,

porque ela não falava, e não interagia.

11 de Janeiro de 2012

Adormeci e me vi em um lugar que parecia um grande salão

com muitas pessoas. Eu estava ajudando a organizar as coisas. Parecia

que havia acontecido um desastre. Havia muitas pessoas andando de

um lado para o outro e eu tentava organizar as coisas para ajudá-las.

Havia outras pessoas fazendo o mesmo.

Page 83: Relatos de Experiências Fora do Corpo - 2014

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Nesse instante a minha mãe apareceu. Era a mesma pessoa que

fora minha mãe em outra vida e que apareceu no relato anterior. Ela

estava magra com os cabelos soltos no ombro, com aparência de

doente, olhos tristes e avermelhados com áreas escuras embaixo como

se estivesse muito cansada. Eu a peguei pelas mãos e nos sentamos.

Coloquei-a nos meus braços como se segurasse um bebe e disse a ela:

“Está tudo bem! Não se preocupe!”

O meu coração estava cheio de amor, de sentimentos bons em

relação a ela. Eu a segurava com muito carinho e ternura.

8 de Abril de 2013

Através de uma projeção vejo-me em um lugar onde se

encontrava um homem deitado. Esse homem estava dormindo. Ele

tinha o braço esquerdo meio virado, torto e era como se ele estivesse

tendo uma convulsão. O braço tremia muito. Ele sentia dor e estava

dormindo. Não conseguia mover o braço. Havia outras pessoas no

local. Segurei em seu braço e vi que outra pessoa fazia o mesmo.

Eu sorria e dizia para o rapaz: “Não se preocupe! Seu braço vai

voltar ao normal”.

O rapaz respondeu: “Como é que você sabe?”.

Quando segurei o braço dele vi que alguém mexia no relógio

fazendo o tempo ir para frente e para trás para que ele esquecesse o

que tinha acontecido. Sabia que desta forma ele não teria condições de

se lembrar de nada do que acontecera.

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Quando eu falava, outro rapaz disse: “Olha quem está atrás de

você!”.

Virei-me para trás e vi um homem magro, baixinho. Conseguia

ver apenas da cintura para cima. Sua parte de baixo, nas pernas,

brilhavam, era só luz, energia. Em alguns momentos conseguia ver que

ele estava vestido com uma calça jeans. Era um homem claro com os

cabelos avermelhados e despenteados com barba e bigode

avermelhado também. Era bem ruivo.

Era um médico do lugar e percebi que estava numa espécie de

hospital. Só então veio essa informação de ele fora um médico que

trabalhara ali há muitos anos e que já havia falecido.

Outra pessoa também o viu. Ele sorria e se aproximou de mim.

Falou alguma coisa e me mostrou algo do qual agora não consigo me

lembrar.

Uma moca que trabalhava ali e que também estava lá junto a

mim disse: “Talvez a gente possa encontrar a ficha dele com as

informações de quem ele foi à época”. Concordei e disse que eu queria

saber mais sobre ele.

O senhor que estava com a mão tremendo estava acordando.

Disse a ele para ter calma que tudo voltaria ao normal.

Ele acordou e percebeu que o braço estava bom.

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27 de Março de 2012

Ao meio dia e meia deitei para um cochilo. Geralmente tenho

um sono incontrolável nesse horário. Relaxei mas não fiz o VELO.

Estava com muito sono. Veio-me uma intuição de que eu deveria ativar

os meus chacras para produzir energia. Então, usei a técnica do Reiki

que aprendi quando fiz o curso. Assim mentalmente eu disse:

"Que a energia da natureza, do universo, desça ao meu corona chacra, ao

frontal, ao laríngeo, ao cardíaco, ao plexo solar, ao sacro, ao básico

chacras, a sola dos meus pés e circule até a palma das minhas mãos e me

ajude a curar, a aliviar o sofrimento, a curar as doenças e as desordens do

corpo e da alma. Faça me um instrumento de paz, amor e alegria. Ajude-

me a ajudar as consciências intra e extrafísicas”.

Depois de dizer isso em meus pensamentos senti um forte calor

na minha orelha direita e uma pressão no meu tímpano direito.

Mentalmente disse: “Se quer dizer algo, diga”. No entanto ninguém

disse nada. Porém surgiu na minha frente a imagem de um senhor

de mais ou menos 70 anos de idade, magro, claro, e com um rosto

alongado.

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De imediato começou a sair muita energia de meu

coronochacra que se deslocava para o corpo dele. Essa energia se

assemelhava a arcos que desciam e subiam seu corpo.

Ha sempre a presença constante de uma consciência maior que

direciona a atividade, que traz as consciências intra (encarnados

projetados) e extrafísica (desencarnados) para serem tratadas.

No final, por telepatia, eu disse a ele:

- Você está curado. Pode ir em paz.

Depois disso voltei ao corpo.

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Confirmando as projeções astrais1

Pablo de Salamanca2

Projeções conectadas (1994)

Logo no início de minhas atividades mediúnicas, ocorreu uma

projeção astral muito significativa para mim. Realizei uma tarefa no

Mundo Extrafísico acompanhado pelo professor Nélson. Ele era o

dirigente de um dos dois centros onde eu atuava e também lecionava

na mesma universidade que eu frequentava.

Durante o início da viagem astral eu caminhava

solitariamente por uma estrada, rumo a um local desconhecido.

Cheguei a uma localidade onde havia vários prédios, como se fosse um

conjunto habitacional. Numa espécie de praça estaquei, observando

que a certa distância estavam muitas pessoas com aspecto humilde,

algumas sentadas no chão, aparentemente gente sem moradia.

Confesso que cheguei até o lugar sem saber bem o porquê. Talvez

estivesse sendo guiado por algum amparador invisível.

Resolvi, então, aproximar-me de um grupo, quando, para

minha surpresa, avistei o Nélson. Ele parecia estar ajudando de algum

jeito aquele pessoal. Notei, agora que eu estava mais próximo, que os

indivíduos ali eram todos índios. Homens, mulheres e crianças

1 Os relatos a seguir foram extraídos dos livros Experiências Extrafísicas I, II e III, com autorização do autor, Pablo Salamanca.2 E-mail: [email protected]

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possuíam pele morena, rostos arredondados e olhos um pouco

oblíquos, como os indígenas brasileiros. No entanto, eles trajavam

vestuário normal de pessoas das cidades grandes. Fui retirado do meu

estado de surpresa e inoperância, por alguém que exclamou: “- puxa!

Que bom! Chegou mais um para ajudar!” De imediato, passei a me

integrar ao trabalho. No entanto, não me recordo ao certo o que fiz de

bom para aquelas pessoas. Era algo ligado à cura, mas minha mente

material não conseguiu registrar exatamente o meu papel ali. Logo em

seguida, depois de um tempo impreciso no Astral, despertei no corpo

material.

Fui à universidade feliz porque me encontraria com o

Nélson, podendo-lhe contar que estivéramos juntos no Plano Espiritual,

fazendo algo de útil a algumas entidades necessitadas. Eu concluíra

que aqueles “índios” eram desencarnados que precisavam de algum

aporte de bioenergia de nós, médiuns do centro espírita recém-

fundado. Quando me encontrei com o Nélson, eu lhe disse de supetão:

“Sonhei com você!” Ele, de bate-pronto, retrucou: “Eu também sonhei

com você!”

Então pedi que ele contasse, primeiramente, o que

“sonhara”. Nelson disse que lembrava ter ajudado a um grupo de

pessoas, atuando como médico. Após certo tempo de auxílio, ele

narrou que eu havia chegado e me juntado ao trabalho. Em seguida a

esta fase do serviço espiritual, segundo ele, nós saímos juntos do local

e fomos para outra região, onde atingimos um vilarejo cheio de casas.

Fomos a várias residências para verificar a saúde das pessoas. Nós

éramos considerados como médicos naquele lugar. Depois ele

retornou ao corpo, guardando na memória os fatos aqui relatados.

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A seguir, contei ao Nélson a minha versão da viagem astral.

Nós ficamos muito satisfeitos, por termos nos lembrado de alguns

detalhes das experiências extrafísicas que coincidiram entre si. Pode-se

verificar que estivemos no mesmo local, pois ambos vimos inúmeras

pessoas que precisavam de ajuda. No meu relato, quando eu cheguei,

ele já estava lá. Na narrativa de Nélson, eu cheguei após ele já estar

executando uma tarefa. Ou seja, há perfeita coerência. No entanto,

ocorreu uma discordância, que foi quanto ao aspecto dos

desencarnados. Eu os vi como sendo de etnia indígena, enquanto

Nélson os viu como pessoas comuns de uma grande cidade brasileira,

com diversas miscigenações.

Acredito que a minha rememoração da projeção tenha sido

de qualidade inferior a de Nélson neste ponto. Entendo que, às vezes,

o nosso cérebro físico provoca algumas “distorções” quanto às

experiências extracorpóreas, introduzindo ou suprimindo detalhes, ou

ainda transformando algumas imagens astrais em algo ou alguém com

quem estamos mais acostumados, no nosso dia-a-dia terreno. É

importante destacar também, que eu não entendi exatamente qual era

a nossa função, tendo interpretado que fora uma atuação no sentido

de curar as pessoas. Já o Nélson compreendera que agíamos como

médicos. Desta forma, pode-se concluir que também há boa coerência

entre os relatos nesta questão. Mais à frente, o Nélson se lembrou de

uma segunda fase da projeção, quando fomos ao vilarejo de casas. Eu,

por minha parte, não recordo deste período. Minha “mente

consciente” não foi capaz de reter ou registrar estes outros fatos,

embora eu estivesse lá de forma lúcida e atuante, conforme a narrativa

de meu amigo. Aqui, é possível notar um fenômeno comum no Astral:

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podemos estar acordados e agindo lucidamente, mas corremos o risco

de não trazer a memória das ocorrências para o cérebro físico. Isto

caracteriza o que se chama “falta de capacidade de rememoração”.

Finalizando este relato é relevante assinalar que eu e o

Nélson, naquela época, não tínhamos conhecimento de que

poderíamos nos projetar pelos nossos próprios meios. Entendíamos o

fenômeno exclusivamente sob a ótica do Espiritismo Cristão, que

basicamente o denomina “desdobramento espiritual”.

Compreendíamos que principalmente através dos guias espirituais é

que poderíamos libertar os nossos perispíritos do corpo material, para

que pudéssemos ir até o Plano Astral e auxiliar em alguma tarefa,

através das nossas bioenergias.

Hora de ir trabalhar (1999)

Esta experiência fora do corpo é bastante simples, mas,

com certeza, foi bem expressiva para mim.

Durante a noite e a madrugada realizara diversas projeções

astrais, porém não tive boa capacidade de rememoração dos fatos.

Sobraram apenas vagas lembranças e imagens esparsas. Já pela

manhã, ainda projetado, percebi que estava em um local bem

conhecido por mim: o meu próprio quarto. Embora minha visão astral

não estivesse muito clara, após certo esforço, observei uma mesinha

que ficava do lado da minha cama, onde estavam o velho rádio e um

relógio despertador amarelo. Então, vi com nitidez que o relógio

marcava 7h30 da manhã em ponto. Rapidamente pensei: “está na

hora”.

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Em seguida, abri meus olhos materiais, pois retornara

instantaneamente ao corpo físico. Logo virei-me para olhar a mesinha

de cabeceira da cama, enxergando o relógio. Este apontava justamente

7h30 da manhã. Fiquei surpreso com a exatidão e concluí que estivera

projetado nas imediações do corpo denso, tendo-me baseado no

horário marcado pelo relógio para retornar ao Plano Físico, pois era

hora de ir trabalhar. Tive que acelerar o passo para não chegar

atrasado no serviço, mas estava satisfeito com a breve experiência.

Confirmação de experiência (2002)

Era um domingo e deitei-me cansado, próximo à meia-

noite. Adormeci rápida e profundamente, despertando às 4h00 da

madrugada do dia seguinte. Bebi água e tornei a deitar-me, mas passei

a dormir pessimamente. Eu projetava-me para a casa de uma amiga,

mas logo voltava para o corpo, acordando, para voltar a projetar-me,

num ciclo que se repetiu diversas vezes, até de manhã.

O que de fato percebia, cada vez que me projetava

involuntariamente, é que eu chegava na casa da minha amiga, no

quarto dela, onde estava seu filho, que tentava dormir com ela. Ali eu

me aconchegava, num canto do quarto ao nível do chão, para

adormecer também. Eu estava cansado e sonolento, mesmo estando

projetado. Eu só pensava em dormir e nem questionava o que estava

fazendo ali. Contudo, cada vez que tentávamos iniciar o sono, o rapaz

erguia-se de supetão e começava a falar coisas sem nexo (por exemplo,

parecia estar contando piadas), despertando a todos no recinto. Cada

vez que ele fazia isso eu retornava bruscamente ao corpo material,

acordando brevemente, para tornar a dormir e me projetar para lá

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novamente. Isto terminou às 08h00 da manhã, quando resolvi levantar-

me de vez. Não é preciso salientar que eu estava muito cansado com

aquela noite mal dormida.

Mais tarde liguei para a minha amiga e ela me informou que

no meio da madrugada o seu filho, um jovem de 20 anos à época, lhe

pedira ajuda, já que estava com uma febre alta. Ela deu-lhe um remédio

antifebril e chamou-o para dormir no seu próprio quarto. Então o

jovem, uma vez acomodado no quarto dela, passou a delirar por

grande parte da madrugada até quase pela manhã, falando, com

frequência, coisas sem sentido. Esta situação foi o que presenciei, cada

vez que eu me projetava para o ambiente onde eles estavam. Embora

estivesse no Astral com um grau de lucidez inadequado pude captar o

contexto geral da situação, apesar de eu não ter compreendido que o

rapaz estava doente.

Destaco o fato de eu ter me projetado, involuntariamente,

por diversas vezes para lá. Creio que isto possa ter acontecido por dois

motivos. Um deles é que, já naquela época, eu tinha fortes laços de

amizade com a família citada, estando acostumado a passar muitos

finais de semana junto a eles. Neste caso, posso ter me dirigido

inconscientemente para lá, devido ao magnetismo criado entre nós.

Por outro lado, posso ter sido levado por algum amparador para

aquele recinto, naquelas circunstâncias, de modo a contribuir

energeticamente para a recuperação do jovem. Por fim ressalto que,

embora esta sequência de projeções tenha sido na semiconsciência, foi

possível confirmá-la após considerar o que ocorreu no Plano Físico, no

mesmo período em que eu me projetava.

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Projeção confirmada (2004)

Numa determinada noite recebera uma ligação telefônica

de uma amiga que narrou a sua felicidade em estar na fase final da

construção de sua casa. Ela enfatizou que acabara de receber os vidros

de todas as janelas, detalhando o tipo de material, que não era liso,

mas sim composto por pequeninos quadrados. Segundo ela, esta

textura impedia a visão clara do interior da casa, pelas pessoas situadas

externamente. Eu concluí que os vidros das janelas dela deveriam ser

como os da porta de entrada do meu apartamento e comentei sobre

isso com ela. Após o telefonema, esqueci-me do assunto, e, mais tarde,

recolhi-me ao leito.

Para minha surpresa, num dado momento da noite,

descobri-me num local onde eu examinava um pedaço de vidro. E eu

concluía que o vidro da minha amiga não era igual aos vidros da minha

porta, pois os quadrados dos vidros dela eram realmente minúsculos,

parecendo pequenos pontos. Ainda pensei: ela não descreveu direito o

material, que é meio fosco.

Despertei pela manhã seguinte com a imagem nítida do

vidro em minha mente, embora julgasse ter sido um mero sonho, já

que eu conversara sobre o assunto um pouco antes de dormir. Dois

dias depois, por obra do acaso, fui até o bairro onde minha amiga

morava, a cerca de 50 km de onde eu residia. Contei-lhe sobre o

“sonho”, adiantando-lhe que era uma bobagem. Ela ouviu-me e nada

comentou. Resolveu, insistentemente, a me levar até o terreno onde

estava a sua nova casa em construção. Ao entrar na residência, pude

observar os vidros espalhados pelos cômodos, e, para a minha

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surpresa, eram exatamente como eu tinha examinado no “sonho”. Eu

concluíra, então, que estivera projetado no local da obra, cujo

endereço já conhecia desde antes, pois visitara o local quando a obra

estava num estágio menos avançado.

Cabe, então, uma pequena explicação: na minha

experiência fora do corpo pude segurar uma peça de vidro, que,

obviamente, não era material. Esta peça, que peguei, correspondia a

uma “contraparte sutil” de um pedaço de vidro material que estava no

ambiente da construção. A esta “contraparte sutil”, muitos viajantes

astrais chamam de “duplo”. Uma situação dessas se repete, com certa

frequência, quando projetores têm experiências dentro de seus lares,

podendo tocar ou pegar os “duplos” de objetos físicos de suas casas.

A baratinha (2008)

Naquele dia, duas amigas vieram de longe, pois precisariam

dormir em meu apartamento, já que participariam de um evento bem

cedo, no dia seguinte, próximo ao meu bairro. Então, cedi meu quarto

para elas. Peguei um colchonete e fui dormir na sala.

Quando deitei, já próximo à meia-noite, fiquei observando a

porta de entrada da minha residência. Pensei que poderia entrar

alguma barata, justamente naquela noite em que eu iria dormir junto

ao piso. Logo afastei este pensamento, que não era muito positivo, e

passei a realizar um exercício projetivo. No entanto, estava cansado e

logo caí no sono.

Em algum momento da madrugada, desliguei-me do corpo

com lucidez. Estava próximo da porta de entrada do apartamento,

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olhando para o chão. Então, de repente, uma pequena sombra se

deslocou rapidamente, por baixo da porta, para dentro da minha

residência, logo sumindo de minha visão. Não identifiquei exatamente

o que era de fato, mas pensei: “Poxa, entrou uma barata em meu

apartamento! Mas, ela é pequena! É só uma baratinha!” Na sequência,

perdi a lucidez, ou simplesmente não pude rememorar o restante da

experiência fora do corpo. É importante destacar que, ali na entrada do

apartamento, eu estava bem próximo ao meu corpo físico no

colchonete. Isto pode ter contribuído para eu perder rapidamente meu

estado lúcido, ou posso ter-me reacoplado subitamente, sem maior

tempo livre no Astral.

Pela manhã, ao levantar-me, ainda recordava do evento

extrafísico. Após meus primeiros passos, estaquei com surpresa. Lá

estava a baratinha morta, a três metros do meu colchonete. Então,

lembrei-me da dedetização que eu fizera, há algumas semanas, na

minha residência. O veneno utilizado tinha ação prolongada por cerca

de seis meses, e, por isso, o inseto entrou de madrugada, para estar

morto algumas horas depois.

Assim, constatei a veracidade da minha experiência fora do

corpo. Achei bastante interessante que eu pude discernir, na penumbra

do local, que a sombra que cruzara o limiar do apartamento, pelo seu

tamanho reduzido, fosse apenas um filhote de barata, apesar dela

passar muito rapidamente para dentro, saindo do meu campo visual.

Este tipo de vivência, embora curta, tem um significado importante

para mim, pois o interpreto como uma comprovação pessoal do

fenômeno da viagem astral.