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Relatório de Avaliação Externa Fase piloto – terceiro ciclo Externato Ribadouro Porto Maio de 2018

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Relatório

de Avaliação Externa

Fase piloto – terceiro ciclo

Externato Ribadouro

Porto

Maio de 2018

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Avaliação Externa das Escolas – Fase piloto

Externato Ribadouro – Porto

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1 – Introdução

A Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de

educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, no âmbito do qual se realizaram, até à data,

dois ciclos do programa de avaliação externa das escolas, o primeiro entre 2006 e 2011 e o segundo

entre 2012 e 2017.

Perspetivando-se, assim, o início do terceiro ciclo de avaliação, foi constituído um Grupo de Trabalho

pelo Senhor Ministro da Educação (Despacho n.º 13342/2016, de 9 de novembro), com a missão de

analisar os referenciais e metodologias em vigor, com vista a propor um modelo orientador, em

consonância com a evolução das sociedades, dos sistemas educativos e das próprias metodologias de

avaliação.

No decurso deste processo e à semelhança dos ciclos anteriores, considerou-se fundamental realizar,

com o apoio da Inspeção-Geral de Educação e Ciência, uma experiência-piloto em 9 unidades orgânicas,

com diferentes tipologias e localizadas em diferentes regiões do país, no sentido de aferir e aperfeiçoar

o modelo, com vista à sua posterior generalização. Esta fase-piloto foi realizada entre Abril e Junho de

2018.

O presente relatório expressa os principais resultados da avaliação externa do Externato Ribadouro,

realizada pela equipa de avaliação designada para o efeito, na sequência do recurso a uma metodologia

que incluiu entrevistas a diversos elementos da comunidade educativa, a visita às instalações e a

observação direta da prática educativa e letiva, que decorreram entre 14 e 17 de maio de 2018, bem

como a análise dos documentos estruturantes, das estatísticas oficiais e das respostas aos questionários

de satisfação da comunidade, que foram aplicados.

Espera-se, desta forma, que o processo de avaliação externa contribua para a valorização da escola e,

em particular, da qualidade do ensino e da aprendizagem que proporciona a todos as crianças e alunos,

constituindo um instrumento de apoio à sua autoavaliação, à reflexão da comunidade educativa e à

melhoria contínua das suas práticas.

A equipa regista a disponibilidade da escola para participar na fase-piloto deste novo ciclo de avaliação

externa, enquanto contributo relevante para a consolidação deste programa, bem como o empenho e

a colaboração demonstrados por toda a comunidade educativa com quem interagiu quer na preparação

quer no decurso da visita.

2 – Caracterização

O Externato Ribadouro é um estabelecimento de ensino particular e cooperativo, pertencente ao Grupo

Ribadouro (Externato Ribadouro, Externato Camões e Colégio da Trofa). O edifício sede situa-se em

pleno centro histórico da cidade do Porto e possui, também, instalações num edifício histórico próximo,

remodelado e adaptado para a função, em particular para o desenvolvimento das atividades

experimentais do ensino secundário, designado por Pólo do Bonjardim.

No ano letivo de 2017-2018, o Externato é frequentado por 1757 crianças e alunos, 23 na educação

pré-escolar (dois grupos); 93 no 1.º ciclo do ensino básico (quatro turmas); 49 no 2.º ciclo (duas

turmas); 163 no 3.º ciclo (sete turmas) e 1429 (53 turmas) os cursos científico-humanísticos do ensino

secundário.

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Relativamente à ação social escolar, verifica-se que os alunos não beneficiam de auxílios económicos.

O apoio financeiro do Estado às famílias de crianças e alunos abrange, respetivamente, 26% das

crianças da educação pré-escolar e 15% dos alunos do ensino básico e secundário. Há 36 alunos com

necessidades educativas especiais, dos quais 23 com a problemática dislexia e/ou disortografia.

Os dados relativos à formação académica dos pais e das mães das crianças e alunos revelam que 67%

tem formação superior (62,1% licenciatura ou mestrado) e que 8,7% possuem o ensino secundário.

Quanto à ocupação profissional conhecida, cerca de 80% dos pais/mães exercem atividades

profissionais de nível superior e intermédio.

A equipa docente é constituída por 114 elementos, dos quais 78% são do quadro. O pessoal não docente

é constituído por 23 assistentes educativos, três psicólogos, seis técnicos especializados e seis técnicos

superior.

O Externato Ribadouro participa, em regime de experiência pedagógica, na implementação do Projeto

de Autonomia e Flexibilidade Curricular dos ensinos básico e secundário.

3. Quadro resumo das classificações

Domínio Classificação

Autoavaliação Bom

Liderança e gestão Muito Bom

Prestação do serviço educativo Bom

Resultados Muito Bom

4. Evidências

4.1 – Autoavaliação

Desenvolvimento

A autoavaliação, apesar de recente, tem sido uma prática regular desde o ano letivo 2014-2015, altura

em que foi constituída uma equipa com perfil adequado, com formação específica e que se tem mantido

estável. Acompanhada por uma instituição do ensino superior, utiliza como metodologias de trabalho o

inquérito por questionário e a auscultação por focus group, ainda que a participação da comunidade

escolar tenha sido restrita (54% docentes, 27% não docentes, 96% alunos e 12% pais e encarregados

de educação).

O modelo de autoavaliação assente em três domínios, designadamente, resultados, processos de

organização do trabalho escolar e processos de sala de aula, é limitativo para o conhecimento de outras

áreas significativas. Como consequência do desenvolvimento deste processo foi elaborado um relatório

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que esteve na base da construção de um primeiro Plano de Melhoria, com a duração de dois anos, que,

após a sua avaliação, deu origem a um novo plano para o biénio 2017-2019.

Importa referir que o modo de articulação do processo de autoavaliação com o Projeto Educativo e o

Plano Anual de Atividades ainda não foi totalmente conseguido. As estratégias utilizadas de comunicação

dos processos e resultados são pouco significativas e não estão suportadas por um plano, o que dificulta

o conhecimento e a apreensão pela comunidade escolar.

Consistência e impacto

A recolha de dados está sustentada pelo Observatório de Resultados que se revela estrategicamente

importante para o rigor do processo de análise. Contudo, o conhecimento técnico e instrumental

necessário para a mensuração dos diversos indicadores ainda não permite uma monitorização eficaz do

plano de melhoria, o que leva à limitação no rigor de recolha e análise dos dados.

As ações de melhoria são coerentes com as necessidades identificadas, destacando-se o projeto COPA

(Colaborar para aprender) em que é evidente, até pela adesão voluntária dos docentes, o seu impacto

na melhoria da organização escolar (ex. horários dos docentes) e dos processos de ensino e

aprendizagem (ex. trabalho colaborativo).

O conhecimento da comunidade educativa sobre os resultados e o impacto do processo de autoavaliação

é um aspeto que carece de maior estruturação e divulgação (ex. página da internet).

4.2 –Liderança e gestão

Visão e estratégia

Embora os princípios e valores que estão subjacentes aos documentos estruturantes situem o aluno no

centro de uma ação educativa que (…) visa a otimização das suas competências, tendo como objetivo

primordial a sua valorização pessoal, social e a realização profissional (…), constata-se que mais do que

uma visão estratégica orientada para o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, os

documentos são ainda hegemonizados pela ideia-força transmitida de que a aprendizagem para a vida

necessita de treino intensivo para ser excelente.

Uma tal visão estratégica é amplamente partilhada pela comunidade educativa, mas a sua

operacionalização desequilibra a complementaridade que deveria existir entre a pessoa que é o aluno e

a pessoa-aluno que é o ser social que passa uma parte importante da sua vida no Externato.

Enquanto que para todas as crianças e alunos, sobretudo no 3.º ciclo do ensino básico e no ensino

secundário, é muito forte e permanente a procura da excelência académica, já no que se refere aos

valores como a solidariedade e a inclusão, as oportunidades e ações envolvem um número diminuto de

alunos que são, sobretudo, dos primeiros anos do ensino básico.

Constata-se, no entanto, um esforço de reequilíbrio através de trabalho de (in)formação interna no

âmbito do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, estando prevista a reestruturação dos

documentos orientadores no sentido do desenvolvimento, para todos, de outras competências aí

consideradas fundamentais (tolerância e respeito pela diferença, convivência, solidariedade, autonomia,

comunicação, empenhamento e bom relacionamento social).

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Liderança

O exercício das lideranças, nos vários níveis de competência e poder, está orientado para o cumprimento

dos objetivos e metas definidos nos diferentes documentos estratégicos.

Essa orientação manifesta-se nos domínios-chave da valorização e motivação dos profissionais, na

formação acrescida dos docentes, no bom ambiente geral, no incentivo ao exercício da autonomia

relativa das lideranças intermédias e na abertura à mudança e à experimentação, nomeadamente ao

nível pedagógico.

De entre os vários projetos destacam-se, pela importância organizacional e pela mobilização de recursos

específicos, os seguintes: COPA; PAV (resolução de problemas e construção de soluções); PIC

(autonomia e flexibilidade curricular); PES (educação para a saúde). Não representando

verdadeiramente inovações nos respetivos domínios, são contudo mudanças positivas e significativas

no interior das práticas educacionais. A parceria com as escolas do Grupo Pitabel em Angola tendo como

principal objetivo o intercâmbio cultural e pedagógico tem sido uma experiência enriquecedora para os

professores envolvidos. Face aos dados obtidos não parece possível estabelecer com rigor a relação

entre resultados e objetivos de cada projeto e de cada parceria.

No entanto, é muito fraca a mobilização dos recursos da comunidade educativa, já que o número de

espaços e equipamentos disponibilizados regularmente à comunidade é diminuto (um) e o número de

espaços da comunidade utilizados, regularmente ou ocasionalmente, é zero.

Gestão

O significativo número de crianças e alunos, a diversidade de oferta educativa e o escasso espaço físico

disponível exigem uma gestão muito focada em práticas organizativas que visam prioritariamente os

objetivos estratégicos, bem como a manutenção de um ambiente escolar e comunicacional adequado à

boa rentabilidade pedagógica e financeira do grupo.

Embora sendo escassos os espaços e insuficientes os equipamentos, mobiliário e material didático, são

várias e diversificadas as evidências de opções gestionárias orientadas para elevada eficácia e eficiência

quer no âmbito da gestão dos discentes (mais visível nas matrículas, na frequência, na superação de

alguma dificuldade ou insucesso temporário, nos recursos relacionados com as classificações de

exames), quer na gestão dos recursos humanos e físicos.

Ao mesmo tempo, e em parte já como resultado do processo de autoavaliação, são também visíveis

sinais de melhoria no ambiente escolar, ao nível da segurança, da promoção do estudo, da relação

interpessoal, da sensibilização ecológica e na organização e formação dos recursos humanos.

Neste capítulo da formação e do desenvolvimento profissional, dimensões bastante valorizadas e com

grande relevância no âmbito das práticas de gestão delineadas, salienta-se que o plano de formação

alia os resultados da auscultação do pessoal docente às prioridades definidas nos documentos

orientadores, consubstanciado no número de docentes que frequentam pós-graduações, mestrados e

doutoramentos, financiados pela entidade titular.

Finalmente, a comunicação interna revela-se eficaz e constitui-se como uma das áreas com melhorias

conseguidas. As plataformas digitais são os principais meios de partilha entre os diversos órgãos e

estruturas.

Quanto à divulgação para o exterior, embora com algumas lacunas e omissões, faz-se através do correio

eletrónico institucional, para além da emissão de circulares, via correio. Através da página eletrónica do

Externato é possível consultar os documentos pedagógicos, a oferta formativa e as atividades a

desenvolver durante o ano letivo.

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4.3 – Prestação do serviço educativo

Desenvolvimento pessoal e bem-estar das crianças e alunos

O Externato tem perfeitamente definida como missão principal o acompanhamento e a orientação dos

alunos para o ingresso no ensino superior. Desta forma, os projetos e ações orientados para a

participação e envolvimento com a comunidade são escassos o que contrasta com as ações deliberadas

de promoção da resiliência e autonomia.

O apoio ao bem-estar das crianças e alunos é garantido, nos mais jovens, pela relação próxima e

cuidada dos docentes assim como no desenvolvimento de projetos, como é o caso, ao nível da

integração escolar, do projeto de mentoria. Nos mais velhos, os coordenadores de ano prestam um

serviço, reconhecido pela comunidade, de informação e orientação na escolha dos percursos formativos.

A orientação vocacional é um serviço facultativo, abrangeu apenas 60% dos alunos.

Oferta educativa e inovação pedagógica

No âmbito do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (PAFC) foi criada a disciplina PIC (Projeto

de Integração de Conhecimento), corresponde a uma oferta complementar de escola nos 1.º, 5.º e 7.º

anos de escolaridade, com conteúdos de conhecimentos estruturados, relevantes e significativos, de

modo que os alunos alcancem as competências-chave definidas no Perfil dos Alunos à Saída da

Escolaridade Obrigatória.

A utilização de metodologias ativas, em particular a metodologia de projeto, faz emergir a sua natureza

interdisciplinar, aglutinadora de saberes, promovendo a inclusão educativa pela realização de projetos

concretos por parte de todos os alunos. São exemplo os projetos “O meu corpo é mágico” para o 1.º

ano e “O Homem domina o Rio ou o Rio domina o Homem?” para os 5.º e 7.º anos em que o papel

interventivo dos alunos é impulsionado induzindo o gosto pela pesquisa e investigação.

Em simultâneo promove processos colaborativos entre alunos e entre professores, efetiva a articulação

curricular quer horizontal quer vertical e desenvolvem-se atividades com um enquadramento geográfico,

histórico e cultural que se releva.

O Projeto Aprendizagem Visível (PAV), projeto que promove a Aprendizagem Baseada em Projetos,

apesar de recente e de aplicação ainda restrita, revela-se particularmente importante pelos contributos

na organização de novas situações de construção do conhecimento.

Estes projetos, com características de inovação curricular e pedagógica têm, naturalmente, contributos

efetivos para a qualidade das aprendizagens, contrastam, no entanto, com as práticas, de matriz

transmissiva, orientadas para o sucesso nas provas e exames nacionais, em particular no ensino

secundário, pelo que constitui um desafio a sua disseminação pelos restantes níveis de educação e

ensino.

De facto, os Planos de Trabalho de Turma não evidenciam dinâmicas de integração de atividades

culturais, científicas, artísticas e desportivas, de opções e prioridades de aprendizagem e de

metodologias a privilegiar. Já a gestão do currículo, a este nível, está limitada à interdisciplinaridade

através da organização de sequências temáticas de modo a facilitar abordagens em várias disciplinas e

prevendo áreas e conceitos a trabalhar em conjunto.

Na educação pré-escolar promove-se, a par do desenvolvimento de competências sociais, a apropriação

de informações necessárias às várias áreas do saber através de atividades dinamizadas por uma equipa

multidisciplinar. Apesar destas dinâmicas, que se valorizam, a organização estética do espaço não é

suficientemente estimulante para a aprendizagem.

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O Plano Anual de Atividades elenca um conjunto de atividades, ações e projetos considerando as

componentes já referidas, sem contudo ser percetível que tenham sido equacionadas as necessidades

formativas dos jovens, no que ao ensino secundário diz respeito, para o desenvolvimento do Perfil do

Aluno.

Sendo claro que a maioria dos alunos pretende ingressar no ensino superior, a oferta educativa é

criteriosamente cuidada e orientada para este desiderato, correspondendo, com sucesso, às expetativas

dos alunos e famílias.

Ensino, aprendizagem e avaliação

Aos alunos com necessidades educativas especiais são criadas as condições de participação e

envolvimento na comunidade educativa e desenvolvido, com sucesso, o trabalho de apoio educativo em

função das respetivas medidas. A maioria destes alunos (63,8%) apresenta como problemática a dislexia

e/ou disortografia, dos quais 69,6% são alunos do ensino secundário. O apoio pedagógico personalizado

e as adequações no processo de avaliação, utilizados como estratégias de diferenciação, têm produzido

impacto absoluto no sucesso académico destes alunos (2014-2015, 33 alunos com 100% de sucesso;

2015-2016, 32 alunos com 100% de sucesso e em 2016-2017, 39 alunos com 100% de sucesso).

São estimulados os alunos com altas habilidades, desenvolvidas estratégias e atividades de acordo com

as especificidades e adequadas ao seu nível. Identifica-se, no presente ano letivo, um aluno a quem foi

proporcionada a aceleração escolar na passagem do 1.º para o 2.º ciclo, a frequência em disciplinas

em turma de ano mais avançado e ainda um trabalho de complementarização com a inclusão no

programa educativo de novos temas, a investigação e o desenvolvimento de projetos com posterior

apresentação aos seus pares.

A sistematização de atividades de enriquecimento e acompanhamento pedagógico, o reforço do tempo

letivo a diversas disciplinas e o desdobramento da turma em grupos mais restritos, assim como a

utilização de técnicas e instrumentos para monitorizar e disponibilizar em tempo real os índices de

desempenho dos alunos, são exemplos de medidas que se têm revelado eficazes na prevenção do

insucesso.

No ensino secundário, nível de ensino mais representativo, os dados fornecidos pela Direção-Geral de

Estatísticas da Educação e Ciência para o indicador de alinhamento demostram que As notas internas

atribuídas pela escola aos seus alunos são, em média, mais altas do que as notas internas atribuídas

pelas outras escolas do país a alunos com resultados semelhantes nos exames nacionais. Por outras

palavras, a escola poderá estar a utilizar critérios de avaliação do desempenho escolar dos seus alunos

menos exigentes do que os critérios utilizados na média das outras escolas. A certeza estatística do

desalinhamento para cima das notas internas nesta escola está entre as 10% mais fortes do país. Este

desalinhamento persistente (de 2013 a 2017) em conjunto com a certeza estatística alta que lhe está

associada torna este indicador bastante significativo, pelo que deverá suscitar a devida intervenção dos

responsáveis no que à observação e operacionalização dos critérios de avaliação diz respeito. Refira-se

ainda que a utilização de critérios como a aplicação de um “Fator de Valorização do Mérito de 1,1” na

média aritmética dos testes de avaliação de uma disciplina quando esta é superior a 16,0 (conjugado

com bons registos no domínio “Atitudes e Comportamentos”) põe em evidência esta necessidade.

Os critérios de avaliação que são divulgados não incorporam referentes sobre o desempenho nem o

modo como estão articulados com as aprendizagens estruturantes a desenvolver pelos alunos ou mesmo

a referência às exigências cognitivas, por sua vez, os critérios de classificação/ponderação são bem

claros e sobejamente conhecidos pelos intervenientes no processo de avaliação. Os planos de trabalho

de turma não apresentam o modo de operacionalização dos critérios de avaliação, campo este de

necessária exploração até mesmo para a clarificação e assimilação dos critérios de avaliação.

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A avaliação das aprendizagens das crianças na educação pré-escolar considera a sua evolução e são

registados os seus progressos no sentido de se regular o planeamento e ação pedagógica, contudo, ao

atribuírem uma menção qualitativa de Não Satisfaz, Satisfaz ou Satisfaz Bem estão a classificar a

aprendizagem da criança e a atribuir um juízo de valor sobre a sua maneira de ser em vez de se centrar

na documentação do processo e na descrição da sua aprendizagem, de modo a valorizar as suas formas

de aprender e os seus progressos, conforme é preconizado nas Orientações Curriculares para a

Educação Pré-Escolar.

A avaliação formativa é reconhecida como modalidade de avaliação privilegiada de forma a orientar os

alunos para melhorar as suas aprendizagens estando articulada, com particular atenção, com momentos

de avaliação das aprendizagens utilizando-se para o efeito instrumentos diversificados, como os testes

intermédios em parceria com o IAVE (Instituto de Avaliação Educativa, I.P.) e a nível de escola, testes

em situação de simulação de exame, utilização de recursos digitais (computadores e telemóveis),

comunicações e relatórios de atividades.

A informação devolvida ao aluno e famílias no âmbito dos processos de avaliação é contínua, de

qualidade e criteriosa, estabelecendo-se até momentos de contacto individual entre encarregado de

educação com cada professor do conselho de turma para que sejam prestadas informações detalhadas.

A taxa de participação dos encarregados de educação nas reuniões com os professores é de 98%.

O desenvolvimento de projetos como o PES (Projeto de Educação para a Saúde) no 3.º ciclo, os já

referidos PAV no ensino secundário e PAFC no ensino básico constituem momentos e espaços muito

relevantes na utilização de metodologias de projeto e atividades experimentais e promovem a realização

de atividades de pesquisa e de resolução de problemas. Já as atividades experimentais regulares que

despertem as crianças e alunos para a curiosidade cientifica ainda não têm expressão significativa no

desenvolvimento das aprendizagens.

Segundo dados disponibilizados pelo Externato, as taxas de utilização por parte dos alunos, em

atividades curriculares e de enriquecimento curricular, de tecnologias de informação e comunicação e

da biblioteca escolar são, respetivamente, de 21% e 65 %. A Biblioteca Escolar, com poucos recursos,

não representa um centro de pesquisa, de desenvolvimento cultural e potenciador da articulação

curricular.

O trabalho colaborativo dos docentes é um ponto forte do Externato, com práticas sistemáticas e

planeadas e transversais aos diversos níveis de educação e ensino. Como produto mais significativo

emerge a articulação do conhecimento e saberes interdisciplinares com impacto na qualidade das

aprendizagens.

Acompanhamento e supervisão das práticas educativa e letiva

O processo de autoavaliação permitiu a criação de condições organizacionais para a iniciação da

observação da prática letiva entre docentes da mesma disciplina, numa primeira fase, e de forma livre

e posteriormente de práticas de coadjuvação entre docentes do mesmo conselho de turma, fomentando

um conjunto de mecanismos facilitadores de colaboração e cooperação entre docentes, com vista ao

aprofundamento da articulação curricular. A não universalidade do projeto coloca em causa os objetivos

do processo e das estratégias para a conceção de práticas de autorregulação e de regulação por pares

como forma de melhoria das práticas letivas.

Existem alguns mecanismos de regulação pelas lideranças que se centram essencialmente no âmbito

da avaliação de desempenho, através da observação da prática letiva pela coordenação pedagógica do

Externato.

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4.4 Resultados

Resultados académicos

No ano letivo de 2016-2017 os resultados do ensino básico mostram que 88% dos alunos concluíram o

1.º ciclo quatro anos após a entrada no 1.º ano de escolaridade, valor que sobe para os 100% dos

alunos que concluíram o 2.º ciclo dois anos após entrada no 5.º ano de escolaridade. Relativamente ao

3.º ciclo, concluíram com percursos diretos de sucesso 89% dos alunos.

A taxa de retenção ou desistência neste nível de ensino é praticamente nula, situando-se nos 0,3%.

No que respeita à evolução do percentil médio da escola nas provas nacionais do 9.º ano, no último

triénio, foram de 96%, 91% e 96% a português e 95%, 93% e 95% a matemática. Refira-se que quanto

mais elevado for o percentil melhor é a posição relativa dos alunos da escola.

A percentagem dos alunos da escola com classificação final igual ou superior ao nível 3 em todas as

disciplinas situa-se nos 93,7%.

Relativamente ao ensino secundário, 79% dos alunos têm percursos diretos de sucesso, sendo que a

taxa de retenção ou desistência é de 1,1%.

No que concerne à evolução do percentil médio da escola nos exames nacionais de 2014-2015 a 2016-

2017 a Português é de 97%, 93% e 98%, a Matemática A de 96%, 94% e 97%, Física e Química A de

98%, 95% e 98%, Biologia e Geologia de 98%, 97% e 98%, Filosofia de 57%m 86% e 70%, Geografia

A de 90%, 94% e 92%, Geometria Descritiva A de 78%, 80% e 95%, Economia A de 84%, 87% e 72%

e História A de 93%, 97% e 90%.

Os alunos com necessidades educativas especiais estão perfeitamente integrados nas respetivas turmas

sendo que apresentam uma percentagem de sucesso de 100% o que revela a adequação das medidas

educativas implementadas.

Utilizam-se múltiplos métodos de análise dos resultados académicos o que tem permitido a obtenção

de elementos concretos para a reflexão e adequação de estratégias educativas.

Resultados sociais

Os alunos participam na vida da escola através das assembleias de delegados e subdelegados. Estas

são mais frequentes no ensino básico, beneficiando da implementação do projeto de integração do

conhecimento (PIC) que visa a promoção integral dos alunos nas áreas da cidadania, artística, cultural

e científica, no entanto, estas assembleias ainda estão numa fase embrionária e não possuem um

caráter abrangente e de relevância, principalmente no ensino secundário. Não é evidente o

envolvimento dos alunos na elaboração dos documentos orientadores e na organização e funcionamento

do Externato. A existência de caixas de correio da biblioteca ressalta como umas das formas que os

alunos têm de dar a sua opinião.

O ambiente educativo é globalmente tranquilo e propício à aprendizagem, contribuindo para a

inexistência de medidas disciplinares sancionatórias a alunos, sendo percetível por toda a comunidade

educativa.

A vertente solidária constitui uma componente na formação das crianças e alunos, em especial no ensino

básico, das quais se destacam as campanhas de cariz social, de cidadania, em particular as sessões de

voluntariado na Casa Jovem do Centro Social e Paroquial Nossa Senhora da Vitória e o Concerto Solidário

de Primavera na Casa da Música onde participam várias dezenas de alunos sendo que a receita reverte

a favor da instituição referida.

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O voluntariado é pouco expressivo considerando o número de crianças e alunos envolvido em ações

com caráter sistemático.

O Externato acompanha anualmente a colocação dos seus alunos no ensino superior, no entanto não

existe um procedimento formal de seguimento após a escolaridade que permita conhecer o impacto

desta no percurso dos alunos.

Reconhecimento da comunidade

Com base na análise das respostas aos questionários de satisfação aplicados no âmbito do processo de

avaliação externa, verifica-se que a comunidade educativa, no geral, expressa bons níveis de satisfação

pelo serviço prestado. Este nível de concordância é mais evidente junto dos pais e encarregados de

educação e dos alunos do 4.º ano de escolaridade. Os trabalhadores consideram a escola aberta ao

exterior, valorizam os circuitos de comunicação, a formação contínua, as lideranças e referem que os

alunos são respeitados pelos adultos, enquanto os pais e encarregados de educação apreciam o trabalho

desenvolvido no jardim-de-infância, referem que são informados sobre as aprendizagens, são

incentivados a participar na escola e gostam que os seus educandos a frequentem, recomendando o

externato a outros pais. Os alunos consideram que as tarefas que realizam ajudam a aprender, que os

professores estão sempre disponíveis para esclarecer as dúvidas que apresentem e que na escola os

alunos são tratados com justiça respeitando as diferenças entre uns e outros.

Pela negativa, a comunidade escolar manifesta desagrado relativamente às instalações e ao serviço de

almoço. Os alunos referem que não usam computadores e internet para a realização de tarefas

escolares, não utilizam a biblioteca escolar para a realização de pesquisas e leitura e não os questionam

nem participam na elaboração das regras da escola. Outra área bastante deficitária são as experiências

científicas na sala de aula. A maioria dos docentes refere que há dificuldade no acesso ao equipamento

informático e à internet e que os locais de trabalho da escola não são aprazíveis.

A valorização dos sucessos dos alunos é realizada no âmbito dos quadros de mérito e honra, com a

oferta de atividades e visitas de estudo aos alunos com melhores desempenhos e espírito de iniciativa.

O protocolo com a Casa Jovem do Centro Social e Paroquial Nossa Senhora da Vitória é reconhecido

pelo contributo do Externato para o desenvolvimento desta comunidade através da dinamização de

atividades de enriquecimento curricular, por professores e alunos do 8.º ano de escolaridade.

5. Pontos fortes

Domínio Pontos fortes

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Autoavaliação

A estabilidade da equipa de autoavaliação com perfil adequado e

formação específica, capacitada técnica e cientificamente para o

desenvolvimento do processo de autoavaliação;

O projeto COPA (Colaboração para aprender), consistente com o

processo de autoavaliação, com impacto na melhoria da organização

escolar nos processos de ensino e aprendizagem.

Liderança e Gestão

A visão estratégica do Externato amplamente partilhada pela

comunidade educativa;

O incentivo ao exercício de autonomia das lideranças intermédias com

impacto na abertura à mudança e experimentação, nomeadamente ao

nível pedagógico;

A valorização e motivação dos docentes através de um plano de

formação sustentado por uma forte componente científica pós-

graduada.

Prestação do Serviço Educativo

Os projetos desenvolvidos com características de inovação curricular e

pedagógica com contributos efetivos para a qualidade das

aprendizagens;

A qualidade da informação, contínua e criteriosa, devolvida ao aluno e

aos encarregados de educação no âmbito do processo de avaliação

sumativa, assim como a elevada taxa de participação dos

encarregados de educação nas reuniões com os docentes;

O trabalho colaborativo dos docentes com práticas sistemáticas,

planeadas e transversais aos diversos níveis de ensino com impacto na

articulação do conhecimento e saberes interdisciplinares.

Resultados

A eficácia e a adequação das ações implementadas para o sucesso,

sustentadas na reflexão e análise dos resultados académicos;

O ambiente educativo, globalmente tranquilo e propício à

aprendizagem;

Os elevados níveis de satisfação da comunidade educativa face ao

serviço prestado.

6. Áreas de melhoria

Page 12: Relatório de Avaliação Externa - igec.mec.pt€¦ · organização do trabalho escolar e processos de sala de aula, é limitativo para o conhecimento de outras áreas significativas.

Avaliação Externa das Escolas – Fase piloto

Externato Ribadouro – Porto

12

Domínio Áreas de melhoria

Autoavaliação

A auscultação e a participação da comunidade educativa, assim como

as estratégias de comunicação para um melhor conhecimento e

apreensão dos resultados do processo de autoavaliação.

Liderança e Gestão

Uma visão estratégica sustentada com vista à consecução do Perfil dos

Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.

Prestação do Serviço Educativo

A integração nos planos de trabalho de turma de atividades culturais,

científicas, artísticas e desportivas, de opções e prioridades de

aprendizagem, de metodologias a privilegiar e de processos de

avaliação;

A elaboração de critérios de avaliação, de forma articulada com as

aprendizagens estruturantes e com a referência às exigências

cognitivas, cuja operacionalização corresponda, de forma

transparente, ao nível de desempenho dos alunos;

O desenvolvimento de mecanismos sistemáticos de regulação com

contributos para a melhoria da prática letiva.

Resultados A transversalidade e a sistematização de ações nas vertentes solidária

e de voluntariado a todos os níveis de ensino.

28-05-2018

A Equipa de Avaliação Externa: Ariana Cosme, Jorge Martins, José Eduardo Moreira e Luís Carlos

Lobo