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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS UMANAS – IFCH
FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED
Relatório do estágio de prática de ensino em ciências sociais
Curso: Ciências Sociais – 9 º semestre Nome: João Eduardo Reymunde Professora: Katiuci Pavei
Julho de 2006.
Apresentação
Este relatório e do estágio da disciplina de - Prática de Ensino em
Ciências Sociais, realizado no primeiro semestre de 2006, na Escola Estadual de Ensino
Médio Padre Réus, localizada na avenida Otto Niemayer, no bairro Tristeza em Porto
Alegre, com alunos do último ano do ensino médio com duração de 18 horas aulas. O
estágio foi orientado pela professora Katiuce Pavei, da disciplina referida e com a
autorização da direção da escola e do professor titular, Senhor Antonio Ilha. Reflete os
conteúdos estudados ao longo do curso e neste semestre. Especificamente tratará da
experiência adquirida com a prática de estágio que realizei em uma escola estadual de
ensino médio, onde utilizei os conhecimentos teóricos, práticos e a própria experiência de
vida para desenvolver essa atividade gratificante, de professor estagiário. O convívio com
jovens adolescentes com idades entre 16 e 20 anos, foi marcante. Poder lecionar matérias
deste curso que fiz com convicção e por primeira opção. Isso comprova que fiz a escolha
certa enquanto futuro profissional. Também esta claro que é necessário realizar um
constante aperfeiçoamento, seja com novas técnicas e muita leitura teórica, para poder
satisfazer as dúvidas e curiosidades dos alunos e minhas enquanto futuro licenciado em
Ciências Sociais.
Trabalhar na área da educação, em especial na sociologia,
construindo novos conhecimentos através da discussão com meus professores, colegas e
alunos foi uma realidade totalmente diferente para mim, um profissional da área da
segurança pública, acostumado com outras tarefas, muito mais de repressão que
socialização, que me fez olhar a sociedade de outra forma, confirmando minha disposição
inicial de me dedicar à prática de lecionar como melhor forma de transformar as coisas que
acredito serem injustas e que provocam desigualdade social.
Relatório
Ao chegar à escola e procurar o professor titular para me
apresentar e solicitar que fosse permitido eu fazer meu estágio foi um momento de
insegurança. Será que seria aceito e qual a receptividade que encontraria, logo vi que era
algo normal. Fui muito bem recebido pelo professor Antonio Ilha (titular de sociologia)
com formação em sociologia (UFRGS) e direito (UNISINOS), conversamos alguns
estantes e marcamos a data de início das aulas. Período posterior à greve que ocorreu este
ano, fator que causou atraso no estágio em relação aos meus colegas de curso e certo
constrangimento com minha professora de Prática de Ensino, tive a sensação que ela
pensou que eu não estava interessado e talvez acomodado. Outra sensação que tive foi a de
observar todos aqueles jovens andando nos corredores da escola e pensei quem serão meus
alunos, era tudo bem diferente.
Uma das situações mais interessantes que encontrei nesta atividade
foi a de permanente estudo e reciclagem de matérias e assuntos relevantes à sociologia. É
fundamental estar atualizado, estar bem preparado para poder lecionar, isso quer dizer,
preparar a aula, calcular bem o tempo de duração do período, examinar os termos e
conceitos que serão usados, dominá-los com clareza e certeza, nunca esquecendo a
diferença de conhecimento existente entre alunos e professor. Utilizar linguagem acessível
e adequada, não esquecendo de ser moderno. É necessário conhecer quem são os alunos,
qual o perfil da turma dentro de uma análise geral, levando em conta a localização
geográfica da escola, o nível sócio e econômico, a filosofia da escola e a época em que
vivemos considerando os fatos mais relevantes para a sociedade e especificamente para eles
considerando seus objetivos e diferentes realidades e interesses. Não esquecer a
responsabilidade de estar à frente de uma classe, constituída por jovens em formação
escolar, prestes a terminarem o ensino médio e iniciarem novos desafios, sejam eles
profissionais ou universitários. Saber que o que é dito pelo professor, para muitos será a
uma verdade que com o passar do tempo poderá ser contestada ou confirmada. Essa
responsabilidade é gratificante, saber que estamos contribuindo para a socialização de
outros, ao mesmo tempo em que fortalecemos as nossa, através das experiências e
informações trazidas pelos alunos.
O ditado diz – “a primeira vez a gente nunca esquece”, para mim
neste caso especifico foi totalmente verdadeiro, o primeiro dia de estágio, o momento de
entrar em sala de aula e olhar que todos estão me olhando, um momento raro, onde a
expectativa é mútua (dos alunos e minha) sobre o que irá ocorrer. O momento da
apresentação que foi feita pelo professor titular e a minha posterior, o momento em que o
professor titular sai da aula e me entregou a turma, uma situação em que procurei manter a
calma para não transmitir insegurança. Agora a situação é inversa, de aluno passei a
professor, pude descobrir o quanto algumas coisas “normais” que fiz enquanto aluno que
perturba, quem esta dando a aula.
O momento seguinte a minha apresentação, surgiram as perguntas
curiosos de onde eu estudava e de cunho pessoal, tudo soou como se fosse uma observação
antropológico numa situação de estranhamento, de estudo por parte deles(alunos). Ao fazer
a chamada pela primeira vez e poder identificar os nomes às pessoas, mantive minha
postura, com expressão alegre e de quem estava realizando uma atividade que já fizera
outras vezes. A passagem deste momento de formalismo de apresentações para o início
propriamente da aula, onde apresentei o programa que seria ministrado, é algo inusitado,
sair da cadeira do professor para ficar de pé em frente à turma olhando os olhares curiosos e
começar a falar num ambiente que logo ficou agitado e com barulho das conversas, ora é a
primeira aula após o fim de semana, a turma 132 é segunda-feira às 7 horas e 30 minutos.
Tive pra mim que era o momento de relembrar tudo o que os meus professores diziam,
lembrar de suas maneiras de tratar e de agir, com autoridade e consideração, demonstrando
conhecimento e liderança. Comecei a falar sobre a matéria que havia estudado todos os dias
durante a semana que antecedeu, tive preocupação no momento em que fui ao quadro
escrever, para não cometer algum equivoco, para a letra ser legível e a expressão de fácil
entendimento. Falar enquanto outros falam é complicado, tive que me concentrar para não
me desviar do assunto e não perde o nexo. Mas a aula aconteceu de forma tranqüila, a
maior preocupação que tinha era não saber responder a algum questionamento ou mesmo se
fosse contraditório a alguma outra informação que o professor titular havia dito. Ao final
tive a sensação de alivio e orgulho, afinal todos os medos do começo se desfizeram com o
transcorrer da aula. Ao termino a alegria pela maneira carinhosa que muitos se despediram
perguntando se eu continuaria a dar outras aulas.
Nas aulas seguintes, ou seja, da segunda em diante, a situação
parecia corriqueira, porém sabia que não poderia ser assim, sempre reclamei da rotina que
são algumas aulas. Em conversa com minha professora responsável pela disciplina, no
transcorrer das semanas fomos discutindo técnicas e outras maneiras de lecionar, o que foi
de suma relevância. Continuei a dedicar muitas horas do dia anterior a o da aula que estava
dando a preparação, no caso o domingo. Era um momento de preocupação e de muita
atenção e estudo, sem dúvida muito maior que a qualquer outra disciplina, nesta não
bastava apenas ser aprovado, mas existia a responsabilidade de dar uma aula e bem dada.
Em conjunto com a professora, elaboramos uma maneira diferenciada para as aulas
seguintes, dividi a aula em dois tempos, o primeiro a aula expositiva do conteúdo previsto
no planejamento e em conformidade com o professor titular e a segunda metade a um
trabalho que consistiu em dividir a turma em grupos de três ou quatro alunos que deveriam
apresentar músicas nacionais com temas sociais que se adequassem aos temas tratados em
aula, transportando a teoria clássica trabalhada com, por exemplo, a obra de Nicolau
Maquiavel – O Príncipe, Monstesquieu – O espírito das leis, entre outros aos temas
modernos.
A técnica deu resultado muito bom, talvez o objetivo tenha sido
alcançado para mim diferente que foi para eles, para eles causou certa descontração por
poder escutarmos juntos suas músicas quem tem um significado diferente em razão dos
conhecimentos adquiridos. Para mim foi excelente, pois pude observar que eles cumpriram
o que foi solicitado e com certeza a associação da matéria ficou mais fácil de entendimento
de uma forma geral. A partir desse momento todas as aulas tiveram outro sentido pela
expectativa que eles (alunos) tinham em apresentar seus trabalhos. Fizemos esse exercício
até a penúltima aula, quando teve uma avaliação (prova) que não foi elaborada por mim e
sim o professor titular, algo que me preocupo muito, será que eles apreenderam a matéria
que eu expliquei. Minha ansiedade aumentou quando tive contato com a prova, que julguei
ser feita dentro de outro foco a que eu estava trabalhando, porém foi amenizada, pois pude
um dia antes da prova discutir os assuntos e salientar o que seria cobrado na avaliação.
Para minha alegria alguns acertaram toda a prova, o que prova que
a matéria foi dada, a média ficou em 50% de acertos e a nota foi compensada pelo trabalho
que foi realizado pelos alunos que teve peso 4 que somado ao peso 6 da prova constituía a
nota do trimestre. Todos alcançaram a média sete da escola.
Conclusão
O estágio da disciplina de Prática de Ensino em Ciências Sociais
foi relevante, consegui entender melhor o que é ser professor, com suas dificuldades e
principalmente suas responsabilidades.
Sem dúvida, foi a disciplina que mais me ensinou, talvez pelo
objetivo do curso que faço (licenciatura), foi a experiência mais gratificante conviver com
os alunos e no dia-a-dia das aulas poder por em prática alguns dos conhecimentos
adquiridos durante a graduação. Nesse momento é tudo começa a fazer sentido de porque
tantas teorias, tantas técnicas e tanta cobrança.
Saio realizado com a disciplina e vejo que a expectativa foi
superada, fiz o que melhor pude, sei que tenho muito que apreender para poder ensinar, mas
tenho a convicção que alcançarei meus objetivos.