RELATÓRIO DO SEMINÁRIO DE TROCA DE EXPERIÊNCIA …apicultura, fabrico e venda de material...

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o Mercado no Vale do Zambeze RELATÓRIO DO SEMINÁRIO DE TROCA DE EXPERIÊNCIA SOBRE DESENVOLVIMENTO DA APICULTURA E MERCADO DE MEL (Realizado nos dias 29 e 30 de Setembro de 2011) Outubro de 2011

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL

Direcção Nacional de Promoção do Desenvolvimento Rural Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientados para o

Mercado no Vale do Zambeze

RELATÓRIO DO SEMINÁRIO DE TROCA DE EXPERIÊNCIA SOBRE DESENVOLVIMENTO

DA APICULTURA E MERCADO DE MEL

(Realizado nos dias 29 e 30 de Setembro de 2011)

Outubro de 2011

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ÍNDICE Conteúdo Página LISTA DE ANEXOS ................................................................................................................................ 2

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................... 2

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS ........................................................................ 2

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3

2. METODOLOGIA USADA ................................................................................................................ 4

3. PRINCIPAIS INTERVENSÕES .......................................................................................................... 5

4. PRINCIPAIS RESULTADOS ........................................................................................................ 11

ANEXOS ................................................................................................................................................ 13

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 – Programa do Seminário..................................................................................13

Anexo 2 – Lista de Participantes do Seminário.................................................................14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema de organização do Programa Nacional de Apicultura............................6

Figura 2 – Imagens da sala de processamento de mel da MHC...........................................8

Figura 3 – Os três tamanhos de frascos de mel da MHC...................................................10

Figura 4 – Diferentes formatos de colmeias KTB fabricados na TCT Dalmann....................11

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

B2B Business to Business

CAEIF Fundo Comunitário de Investimento Agrícola e Ambiental

CEAM Centro de Equipamento Apícola de Moçambique

DPA Direcção Provincial da Agricultura

DPCA Direcção Provincial para Coordenação da Acção Ambiental

MAE Ministério da Administração Estatal

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

MINAG Ministério da Agricultura

MHC Mozambique Honey Company

KTB Kenyan Top Bar

SDAE Serviço Distrital de Actividade Económica

SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas

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1. INTRODUÇÃO

O Governo de Moçambique, através do Ministério da Administração Estatal, está a implementar o Projecto de Desenvolvimento de Pequenos Produtores Orientado para o Mercado no Vale do Zambeze, o qual abrange 5 distritos das Províncias de Zambézia (Morrumbala e Mopeia), Tete (Mutarara) e Sofala (Chemba e Marínguè). O objectivo principal do Projecto é de aumentar o rendimento dos pequenos produtores nos distritos seleccionados e, igualmente reduzir a degradação da terra e melhorar a adaptabilidade dos ecossistemas face às mudanças climáticas.

Uma das áreas de intervenção do projecto é o apoio ao desenvolvimento agrário de pequenos produtores, com vista a proporcionar diferentes alternativas de geração de renda, enquanto se valorizam os recursos naturais. A apicultura é uma actividade de geração de renda e igualmente muito importante na gestão dos recursos naturais, através da promoção da conservação das florestas, reduzindo assim o risco de queimadas descontroladas, desmatamento e destruição dos ecossistemas.

Apesar do reconhecimento da importância da apicultura na renda familiar e na conservação ambiental, a maior parte dos apicultores da região onde o Projecto actua, ainda utilizam técnicas tradicionais de extracção e processamento de mel. Os métodos e técnicas actualmente usadas pelos apicultores locais, resultam na fraca produção e baixa qualidade do mel, para além de contribuírem grandemente para a degradação florestal. Por outro lado, os apicultores correm elevados riscos de acidentes no processo de extracção de mel em cima das árvores.

Embora a região do projecto tenha um elevado potencial, a fraca produção local de mel, associada a sua baixa qualidade resultante dos processos de extracção tradicionais, são um grande impedimento para o acesso aos mercados e ao aumento da renda dos apicultores. É neste contexto que o projecto tem vindo a apoiar a modernização da apicultura na região através de treinamento dos apicultores, sua organização em grupos ou associações e financiamento para aquisição de colmeias de transição e/ou modernas.

Havendo a perspectiva dos apicultores aumentarem a produção de mel, levanta-se o problema da sua qualidade e do acesso aos mercados. Estes aspectos importantes da cadeia de valor obrigam a reflectir na melhor e mais comum forma de intervenção na apicultura, para garantir que seja praticada uma apicultura de alto rendimento e que contribua grandemente para a conservação do ambiente.

É neste contexto que foi realizado nos dias 29 e 30 de Setembro em Caia, o Seminário Nacional de Apicultura, com o objectivo de trocar experiencias com diferentes actores, sobre o desenvolvimento e organização da apicultura e situação actual do mercado de mel e equipamento de apicultura, por forma a melhorar as acções de intervenção na apicultura. Assim, especificamente o seminário i) analisou os antecedentes e as tendências actuais do desenvolvimento da apicultura virada ao apoio/investimento para fortalecimento do apicultor local; ii) verificou a possibilidade de complementaridade dos programas que apóiam/investem na apicultura no País e especificamente na região onde o projecto actua;

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iii) identificou possíveis acordos entre apicultores da região do Projecto, e empresas comercializadoras de mel; iv) identificou a capacitação contínua dos apicultores como chave para garantia de qualidade e maior produção do mel; v) confirmou a importância de estabelecimento de uma rede de assistência técnica aos apicultores, que pode ser através de uma rede de Promotores de Apicultura; vi) analisou a possibilidade e pertinência de investimento na capacidade local de produção de material de apicultura a custos acessíveis para o apicultor local; e vii) analisou o estágio do Conselho Nacional de Mel e as acções futuras.

2. METODOLOGIA USADA

O seminário nacional de apicultura foi realizado com a participação de 33 pessoas provenientes de várias instituições, nomeadamente os SDAE e SDPI dos distritos de Mopeia, Morrumbala, Mutarara, Chemba e Marrínguè, equipe do projecto, MICOA ao nível nacional e provincial (Zambézia e Sofala), DPA de Zambézia, projecto CELIM de Mopeia, empresas SOMEL, Frutimel, Mozambique Honey Company, SNV, Conselho Nacional de Mel, projecto USAID/SATH (Southern Africa Trade Hub), e Eco-Micaia.

As palestras, discussões e brainstorming, foram os procedimentos usados durante o seminário, onde os representantes das empresas/projectos apresentaram a experiencia e as actividades que realizam. As palestras/apresentações eram precedidas por discussões e troca de idéias e pedidos de esclarecimento. As apresentações foram feitas pelos representantes da SOMEL, Frutimel, CELIM, SNV, Eco-MICAIA, Mozambique Honey Company, Conselho Nacional de Mel, e representante do projecto USAID/SATH (Southern Africa Trade Hub) que fez uma breve descrição dos objectivos do projecto e áreas de interesse.

Os principais temas apresentados estão descritos na tabela abaixo.

Tema Apresentador

Passado e situação actual da apicultura em Moçambique: Desafios e oportunidades.

Frutimel e Somel

Processo de produção e qualidade do mel: Tipo de colmeias, recolha e processamento do mel.

FrutiMel

Produção de equipamento apícola: Desafios para torná-lo acessível ao apicultor local.

SOMEL

Mercado de mel Mozambique Honey Company

Experiência de trabalho com apicultores locais em Mopeia. Projecto CELIMExperiência da TCT Dalmann, na produção de colmeias, formação de apicultores e trabalho com apicultores locais.

TCT Dalmann

Procedimentos para acordos formais de compra de mel com apicultores locais. Mozambique Honey Company

O Conselho Nacional de Mel: estágio actual e perspectivas Mozambique Honey Company

Houve igualmente exposição dos produtos da Mozambique Honey Company, portanto as diferentes embalagens de mel. Por outro lado, a TCT Dalmann fez também a exposição dos

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diferentes tipos de colmeias que esta empresa fabrica e comercializa, incluindo os tipos que ainda estão em testagem.

3. PRINCIPAIS INTERVENSÕES a) Passado e Situação Actual da Apicultura em Moçambique – [Frutimel e Somel]

Este tema foi apresentado conjuntamente pelos representantes das empresas Frutimel e Somel, os quais descreveram os contornos da apicultura em Moçambique, com maior referência para o periodo de vigência do Programa Nacional Apicultura que iniciou em 1982 sob coordenação do Ministério da Agricultura. Nessa altura, a promoção da apicultura era feita quase que exclusivamente através do Programa Nacional Apicultura onde os Srs Alcobia e Armênio tiveram um papel de destaque.

Durante o periodo de vigência do Programa Nacional de Apicultura, a expansão das acções apícolas pelo País, era feita através de uma rede de técnicos de apicultura posicionados nas Direcções Provinciais de Agricultura (DPA), os quais faziam a divulgação da apicultura, assistência e capacitação dos apicultores ao nível dos distritos, através dos extensionistas.

Figura 1 – Esquema de organização do Programa Nacional de Apicultura

O Programa Nacional de Apicultura produziu, durante o seu periodo de vigência, alguns materiais didáticos para orientação do apicultor e outros intervenientes na apicultura, os quais continuam a ser aplicados actualmente.

A pesar da maior importância da apicultura no País, o Programa Nacional de Apicultura não era alocado fundos suficientes para o seu pleno funcionamento, e também não tinha uma inserção sólida na estrutura do Ministério da Agricultura. Estes e outros aspectos, levaram ao término do programa em 1985, acentuado pela saída dos principais actores do Programa, nomeadamente os Srs Alcobia e Armênio.

b) Processo de produção e qualidade do mel: Tipo de colmeias, recolha e processamento do mel – [Frutimel]

Programa Nacional de

Apicultura

(MINAG)

DPAs

Extensionista Extensionista

Apicultor Apicultor Apicultor Apicultor

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A Frutimel é uma empresa familiar moçambicana criada em 1994 e tem a sua sede no distrito de Boane, Província de Maputo. A empresa desenvolve actividades de apicultura e fruticultura, promovendo a produção e comercialização de mel, assistência técnica em apicultura, fabrico e venda de material apícola nacional e importado, design e implementação de projectos apícolas, experimentação, multiplicação de mudas de fruteira para venda, e produção e comercialização de frutas diversas.

Na apresentação feita pelo representante da Frutimel, fez-se referencia ao tipo de colmeia que na altura do Programa Nacional de Apicultura, o Ministério da Agricultura adoptou, que é a colmeia móvel Langstroth. Foi a partir desta referencia que houve algumas dúvidas sobre qual seria o melhor tipo de colmeia para vários níveis. Houve várias intervenções à volta desta questão, onde quase todas as intervenções indicaram dois parâmetros de análise, nomeadamente o i) nível de produtividade da colmeia e a ii) complexidade de maneio da colmeia nas diferentes fases de produção de mel. Assim, ficou claro que as colmeias de transição são menos complexas e podem ser muito bem manejadas por apicultores com menor experiencia e habituados a usar as colmeias rústicas, ao passo que as colmeias móveis, especialmente a colmeia Langstroth, são mais produtivas e exigem eficiência no maneio para que realmente produzam mais, havendo risco de uma produtividade abaixo da verificada nas colmeias de transição, em caso de maneio inadequado.

Outro aspecto importante abordado nesta apresentação, foi a importância de uma boa organização dos apiários, devendo se evitar ter mais de 20 a 30 colmeias por apiário, tanto para evitar sobrecarga no periodo de floração como por causa do risco de maior mortalidade das abelhas em caso de uma infestação.

As casas de mel são componentes bastante importantes no ciclo e/ou cadeia do mel, sendo um ponto de processamento antes de colocação do produto no mercado. Apesar da sua importância, as exigências técnicas e de higiene são altas, não permitindo que pessoal não dedicado ao processamento de mel se envolva com sucesso neste tipo de negócio, para além de envolver custos relativamente altos para a infra-estrutura e igualmente para a sua manutenção. Uma casa de mel standard está estruturada em um compartimento de recepção do produto, processamento, expedição e sanitários anexos ao edifício principal. Outro pormenor importante nas casas de mel, é que todo o material deverá ser de inox, até mesmo os decantadores. Portanto isto aplica-se para algum equipamento apícola usado fora da casa de mel, é o caso da prensa, entre outros.

c) Produção de material/equipamento apícola – [Somel]

O apresentador deste tema, o representante da Somel, fez a priori menção do passado da disponibilidade de material apícola no País, apontando que nos anos 80 quase todo o material apícola era importado. Mais tarde foi criado o Centro de Equipamento Apícola de Moçambique (CEAM), que se dedicava à produção de material diverso como máscaras, luvas, escovas, colmeias, fatos, alavancas, etc. Nessa altura o preço do equipamento apícola era subsidiado pelo MINAG, dado que a apicultura estava em fomento no país. Actualmente a Somel e a Cooperativa de Apicultores de Maputo, continuam a produzir material de

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apicultura e fornecem a todo o país. Mesmo assim, ainda há algum material que é importado.

O maior desafio relativamente ao equipamento de apicultura é a sua disponibilidade ao nível local e a preço acessível para o apicultor local. Este aspecto foi largamente discutido e uma das saídas sugeridas é a descentralização, para o nível local (distritos), da produção de algum equipamento menos complexo, significando a capacitação de artesão locais para, com recursos locais, produzirem o equipamento essencial. É uma acção estratégica que o projecto SmallHolders poderia considerar para minimizar o risco de descontinuidade das actividades de apicultura quando o projecto terminar.

d) Mercado de mel – [Mozambique Honey Company]

A Mozambique Honey Company (MHC) é uma empresa sediada em Chimoio, e trabalha na promoção da apicultura e comercialização de mel. A empresa trabalha com os apicultores, disponibilizando colmeias e equipamento apícola em forma de crédito pago com a venda do mel por intermédio da mesma empresa.

A empresa segue o modelo de “Negócio Inclusivo”, o qual promove a i) integração de produtores locais, ii) exploração crescente da demanda, iii) desenvolvimento de um negócio competitivo, iv) parceria equilibrada com benefícios para os produtores e para a empresa, v) organização dos produtores para se tornarem accionistas da empresa.

A organização dos apicultores em associações, sua capacitação nas diversas matérias, nomeadamente o associativismo, planos e gestão de negócio, incluindo a celebração de contratos para venda de mel à empresa MHC, é feita pela ONG Eco-MICAIA.

A MHC compra mel em favos a determinados apicultores identificados, e faz o processamento, etiquetagem e embalagem. A questão de garantia de qualidade é uma das maiores preocupações da empresa, dai que estabeleceu uma rede de promotores de apicultores que assistem, em coordenação com a rede de extensão do SDAE, os apicultores em todas as fazes de produção de mel.

Figura 2 – Imagens da sala de processamento de mel da MHC

No acto de compra do mel ao apicultor, os favos são analisados previamente pelos promotores, e feita a separação e/ou escolha dos favos de boa qualidade, os quais entram

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no processamento e resultando nos três níveis de qualidade de mel de acordo com o teor de humidade. Todo o mel comercializado pela MHC tem menos de 20% de humidade, validade de 2 anos, e não contém qualquer aditivo, antioxidante, vitamínico ou adoçante.

A actual área geográfica de intervenção efectiva da MHC circunscreve-se a província de Manica e alguns distritos de Sofala, embora o escopo geográfico global de intervenção seja a Zona Centro de Moçambique. Portanto os cinco distritos onde o Projecto SmallHolders actua, estão dentro da área de actuação global da MHC, sendo possível a sua intervenção junto dos apicultores desta área. Durante as intervenções havidas após a apresentação da MHC, ficou claro que esta empresa poderia comprar mel dos apicultores localizados nos distritos de Mopeia, Morrumbala, Mutarara, Chemba e Marrínguè, embora necessite antes de fazer uma avaliação de custo-beneficio, considerando o nível de dispersão dos apiários em cada distrito, bem como o total de colmeias existentes. Assim, o projecto irá fazer o mapeamento dos apicultores para obter mais dados que possam servir à tomada de decisão da MHC, bem como dos próprios apicultores.

e) Experiencia da “Cooperativa de Apicultores de Mopeia” – [CELIM]

O projecto CELIM actua essencialmente no distrito de Mopeia, embora ocasionalmente preste serviços fora de Mopeia, é o caso de Morrumbala e até mesmo Mutarara. CELIM providencia assistência técnica e fornece equipamento apícola aos apicultores, de modo a que estes produzam mel e vendam em “mercados pequenos”. A intervenção é feita através de uma rede de “técnicos comunitários” treinados, os quais recebem colmeias e equipamento apícola a título de crédito pago num periodo de 5 anos. São estes técnicos que garantem a organização dos apicultores e assistência técnica em todas as fazes de produção de mel.

Os técnicos comunitários são seleccionados pelos próprios apicultores localmente, com o apoio do projecto, e uma das condições é ser o melhor apicultor vivendo numa área onde há apiários. Os técnicos recebem um estímulo em forma de subsídio/bônus em dinheiro ou espécie.

A Cooperativa de Apicultores de Mopeia tem actualmente cerca de 100 associados, portanto apicultores, quase todos eles assistidos pelo projecto CELIM. Estes apicultores produzem mel e vendem ao projecto CELIM, o qual faz o processamento, embalagem e venda no mercado local, regional e até em Maputo.

Mopeia é um dos distritos onde a produção de mel usando colmeias de transição já é antiga, comparativamente aos outros distritos onde o Projecto SmallHolder intervém. A presença da Cooperativa e CELIM, influenciou bastante para que isto acontecesse.

1ª 2ª 3ª

19% 19.5% 20%

Qualidade de mel versu teor de humidade

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O projecto CELIM é um potencial comprador do mel que será produzido pelos apicultores assistidos pelo SmallHolder nos distritos de Mopeia, Morrumbala, Mutarara, Chemba e Marrínguè. Contudo, será necessário estabelecer acordos entre este e os apicultores.

f) Exposição de Embalagens de Mel e colmeias – [MHC e TCT Dalmann]

As empresas MHC e TCT Dalmann, para além das apresentações feitas sobre a sua experiencia em acções de apicultura, colocaram à exposição os seus produtos.

A MHC, uma empresa que promove a apicultura na região centro do país, expôs o mel em frascos de três tamanhos e etiqueta de alta qualidade (ver figura 3). São embalagens em garrafas de vidro e em plásticos pequenos. Estes produtos ainda estão em teste, e em breve serão colocados no mercado nacional e estrangeiro a preços competitivos.

Figura 3 – Os três tamanhos de frascos de mel da MHC

A TCT Dalmann, uma empresa que actua na área de exploração florestal, faz o processamento e comercialização de madeira, e através da sua carpintaria fabrica diverso mobiliário e colmeias de transição de tipo Kenyan Top Bar (KTB), algumas das quais já estão em uso e outros modelos ainda em testagem para verificar a eficiência (ver figura 4). A TCT Dalmann oferece igualmente cursos de treinamento em apicultura, que são geralmente ministrados em três fases, com os seguintes temas: i) introdução geral, construção e manutenção de colmeias; ii) localização e montagem de apiários, e iii) extracção do mel das colmeias e separação da cerra.

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Figura 4 – Diferentes formatos de colmeias KTB fabricados na TCT Dalmann

g) Conselho Nacional de Mel

Foi feita uma apresentação descrevendo o porquê da criação de um Conselho Nacional de Mel, estágio actual do processo de criação do conselho, funções e objectivos do conselho. O conselho pretende criar em Moçambique um sector apícola que é competitivo, próspero, equitativo e sustentável económica e ecologicamente. Este objectivo do conselho é movido pela existência de um crescente interesse de vários intervenientes em promover o sector apícola, e envolvimento do sector privado formal no processamento e comercialização de mel.

Os problemas no sector da apicultura actualmente são comuns, desde i) a tecnologia de produção que é inadequada: colmeias rústicas, baixo nível de povoamento por abelhas; ii) colheita pouco higiénica, usando fogo e por conseguinte baixa qualidade do produto; iii) desflorestamento massivo e níveis altíssimos de queimadas descontroladas; iv) maneio inadequado das colmeias, resultando numa baixa produção e produtividade. Todos estes problemas resultam em baixa renda para o apicultor.

O conselho nacional de mel também diagnosticou uma fraca comercialização de mel no país, como resultado de pouco investimento e envolvimento do sector privado, adulteração do produto, e dominação do mel importado.

Apesar de toda a gama de problemas que o sector apícola enfrenta, o conselho de mel considera que os mercados (nacional, regional e internacional) mostram uma procura crescente de mel de alta qualidade, o que significa uma oportunidade para melhorar os

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serviços de extensão e formação, a qualidade do mel (colheita, manuseamento e processamento), produtividade, colecção e armazenamento.

Os participantes do seminário de apicultura em referência, tiveram a oportunidade durante esta apresentação, discutiram à volta das prioridades do conselho, nomeadamente:

• Início do diálogo com o governo; • Certificação orgânica de produtores seleccionados; • Implementação dum Plano de Monitoria de Resíduos para obter acesso ao mercado

Europeu. (EU Third-Country Listing; Residue Monitoring Plan); • Sanidade apícola.

Para além destas prioridades, os participantes definiram outras funções futuras importantes para o conselho, designadamente:

• Informação e comunicação; • Organizar contactos entre as empresas (“B2B”) e visitas de troca de experiências; • Promoção com o público em geral dos benefícios de consumo de mel e as

características de mel puro de boa qualidade.

4. PRINCIPAIS RESULTADOS

O seminário de apicultura foi um evento técnico que reuniu técnicos de diferentes instituições públicas e privadas, para trocar experiencias sobre o desenvolvimento e organização da apicultura e situação actual do mercado de mel e equipamento de apicultura, por forma a permitir a definição de uma estratégia para a expansão das actividades apícolas do projecto ao nível dos distritos de Mopeia, Morrumbala, Mutarara, Chemba e Marrínguè. Assim, com base nas discussões havidas no seminário, chegou-se as seguintes conclusões estratégicas em diferentes áreas:

a) Capacitação dos Apicultores e Outros Intervenientes

Necessidade de desenhar um programa integrado de treinamento de apicultores e extensionistas do SDAE que estejam em áreas de produção de mel, para permitir o acompanhamento da actividade apícola. Os apicultores das associações ou grupos financiados pelo CAEIF serão gradualmente treinados no acampamento da TCT Dalmann, seguindo um programa de três fases, nomeadamente i) maneio de colmeias e abelhas, uso do equipamento de protecção do apicultor, ii) montagem das colmeias em apiários, e iii) extracção de mel.

b) Criação, Capacitação e Operacionalização da Rede de Promotores de Apicultura

A assistência técnica permanente aos apicultores é considerada uma acção chave para aumento da produção e da qualidade do mel. Há exemplos actuais de modelos de assistência aos apicultores usando Promotores de Apicultura, com resultados significativos sobre o aumento da produção e qualidade do mel. No passado, o Programa Nacional de Apicultura de 1982 a 1985, tinha estabelecido uma rede funcional de assistência do apicultor, que partia do nível nacional, provincial, distrital (através do extensionista) e até ao apicultor local. Actualmente há exemplos de uso de promotores de apicultura, praticados

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pela Mozambique Honey Company nas províncias de Manica e Sofala, e do Projecto CELIM em Mopeia, e os resultados são bastante significativos. Assim, para garantir assistência permanente aos apicultores locais financiados pelo CAEIF, concluiu-se que deverão ser seleccionados (das associações ou grupos existentes), os melhores apicultores, e submetidos ao treinamento prático nas empresas SOMEL e Frutimel em Maputo, por um período de cerca de 15 a 20 dias.

c) Produção Local de Colmeias e Equipamento Apícola

A apresentação sobre a história da apicultura em Moçambique, mostra que descentralização da produção de colmeias e equipamento apícola para os níveis distrital e local, é uma via que irá sustentabilizar os actuais investimentos na apicultura. Assim, o projecto irá continuar com a capacitação de artesãos locais – carpinteiros e alfaiates, de modo a que sejam capazes de produzir colmeias e diverso equipamento apícola localmente.

d) Mercado de Mel

O seminário nacional de apicultura permitiu identificar potenciais compradores de mel que poderão estender as suas acções para os distritos de Mopeia, Morrumbala, Mutarara, Chemba e Marrínguè. A empresa Mozambique Honey Company (MHC) e o projecto CELIM, são os maiores e principais compradores de mel, com as quais os apicultores apoiados pelo projecto nos 5 distritos, poderão celebrar acordos formais de compra de mel. Contudo, há acções que serão desenvolvidas para produção de informação que possa ser útil para que as empresas, principalmente a MHC, decida sobre as condições necessárias para celebrar acordos formais de compra de mel com os apicultores da região do projecto. Assim, deverá ser feito o mapeamento dos apicultores para sistematizar a informação sobre a localização/distribuição espacial das colmeias, total e tipo de colmeias existentes e situação de povoamento. Será necessário igualmente colectar a informação sobre as principais exigências/condições impostas pelas empresas/compradores de mel, as quais deverão ser anunciadas aos apicultores, para permitir a decisão sobre a opção que se coloca.

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ANEXOS

Anexo 1 – Programa do Seminário

Hora Actividade Responsável

1 ° Dia (Quinta Feira, 29 de Setembro) - Produção, qualidade e comercialização do mel

08:00 - 08:15 Abertura do seminário Director Nacional Adjunto08:15 - 08:45 Apresentação do programa e informacao das actividades do projecto Gestor do Projecto/ERNA

08:45 - 09:45 Consideracoes tecnicas e cientificas da producao de mel Prof Momed Harun - FaculdadeVeterinaria (key speaker)

09:45 - 10:30Passado e situação actual da apicultura em Moçambique: Desafios e oportunidades.

MINAG

10:30 - 10:45 Intervalo de café Todos

10:45 - 11:45Processo de produção e qualidade do mel: Tipo de colmeias, recolha e processamento do mel.

FrutiMel

11:45 - 12:45 Produção de equipamento apícola: Desafios para torná-lo acessível ao apicultor local.

SOMEL

12:45 - 13:00 Discussão Todos13:00 - 14:30 Intervalo de almoço Todos14:30 - 15:30 Processo de comercialização do mel: Mercado nacional e externo Mozambique Honey Company15:30 - 17:00 Discussão Todos

2 ° Dia (Sexta Feira, 30 de Setembro) - Diversas experiências

08:00 - 08:45Experiência do SDAE-Guru na organização/mobilização dos apicultores locais e ligação com empresas de promoção de apicultura: procedimentos, problemas, sucessos e desafios.

SDAE-Guro

08:45 - 09:30 Experiência de trabalho com apicultores locais em Mopeia. Cooperativa Agrária de Mopeia09:30 - 09:45 Intervalo de café Todos

09:45 - 10:30 Experiência da TCT Dalmann, na produção de colmeias, formação de apicultores e trabalho com apicultores locais.

TCT Dalmann

10:30 - 11:00 Discussão Todos

11:00 - 12:00Procedimentos para acordos formais de compra de mel com apicultores locais. Mozambique Honey Company

12:00 - 12:30 Discussão Todos12:30 - 14:30 Intervalo de almoço Todos14:30 - 15:30 O Conselho Nacional de Mel: estágio actual e perspectivas MINAG15:30 - 15:45 Discussão Todos15:45 - 16:30 Encerramento Director Nacional Adjunto

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Relatório do Seminário de Troca de Experiência sobre Desenvolvimento da Apicultura e Mercado de Mel

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Anexo 2 – Lista de Participantes do Seminário

# Nome Instituição Telefone E-mail1 Arménio Miranda SOMEL, Lda 828988840 [email protected]

2 Afredo Ricardo Zunguze DNPDR 829900599 [email protected]

3 Carla Marina D.Pereira DNGA/DCRN 829579649 [email protected]

4 Filipe Augusto Sampaio SNV/MHC 824401090/844401091 [email protected]

5 Joaquim Boaventura Eco-MICAIA 829545105 [email protected]

6 Martinus Ruijten SNV 823059337 [email protected]

7 José Luis Caravela DNPDR 823058770 [email protected]

8 Kevin Kabunda SATH 26775035473 [email protected]

9 Jorge Tinga DNPDR 829900604 [email protected]

10 Ribeiro Simões SDAE-Chemba 82898900611 Marcus Paunino Apicultor - Chemba12 Madalena Da C.Matico SDPI-Chemba 825808561 [email protected]

13 Joshua Murandzicua DNPDR 820325898 [email protected]

14 Tiago Luis DNPDR 829900605 [email protected]

15 Ventura S.Ngovene DNPDR 829900602 [email protected]

16 Belarmino António de Sousa SDPI - Morrumbala 828839664 [email protected]

17 Julião Armando Cusuela SDAE - Mopeia 84536256118 Tito Luis SDAE - Mutarara 822468277 [email protected]

19 Timoteo Andrade SDAE - Mopeia 82107462720 Júlio Fábio Aliquissone Projecto CELIM - Mopeia 82534450621 Osório T.Coetoro SDAE - Mutarara 82517870022 Joaquim L.Gatinala DNPDR 829900603 [email protected]

23 Destino Chiar DNPDR 829900610 [email protected]

24 Baptista Zunguze DNPDR 826544987 [email protected]

25 Paulo Brito DNPDR 829900598 [email protected]

26 João Machel DPA - Zambézia 825810990 [email protected]

27 José Alcobia Frutimel, Lda 843081620 [email protected]

28 Momade Mussa SDAE - Morrumbala 823774064 [email protected]

29 Teodoro Cassamo DPCA - Sofala 828605370 [email protected]

30 Juma Cassimo Amade DPCA - Zambézia 825686680 [email protected]

31 Abel Adriano Joia DNPDR 829900600 [email protected]

32Boaventura Ulissone Hobama Matessa SDAE - Chemba 827075572 [email protected]

33 Flavio Victorino DNPDR 8228488990 [email protected]