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RELATÓRIO FINAL (INICIAÇÃO CIENTÍFICA) Projeto: Impactos da Copa do Mundo de 2014 no setor de turismo da cidade de São Paulo: eventos e produtos turísticos (proposta integrada ao projeto 2014"). Nome: Fernanda Carradore Franco Orientador (a): Profa. Dra. Clarissa Maria Rosa Gagliardi São Paulo Agosto 2013

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RELATÓRIO FINAL (INICIAÇÃO CIENTÍFICA)

Projeto: Impactos da Copa do Mundo de 2014 no setor de turismo da cidade de

São Paulo: eventos e produtos turísticos (proposta integrada ao projeto

2014").

Nome: Fernanda Carradore Franco

Orientador (a): Profa. Dra. Clarissa Maria Rosa Gagliardi

São Paulo

Agosto 2013

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 2

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 3

4 RESULTADOS E ANÁLISES .................................................................................. 7

4.1 PLANOS MUNICIPAIS DE TURISMO E MEGAEVENTOS ................................................ 7

4.2 EVENTOS EM SÃO PAULO .................................................................................... 15

4.3 PESQUISA DE CAMPO E CONTATO COM AGENTES ENVOLVIDOS COM A ORGANIZAÇÃO

DA COPA DO MUNDO EM SÃO PAULO ......................................................................... 17

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 30

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 34

ANEXOS ................................................................................................................... 36

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1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa partiu da hipótese de que a realização da Copa do

Mundo de 2014 promoveria mudanças no perfil da atividade turística em São Paulo,

o que referenciou a análise da relevância de megaeventos na cidade, assim como

dos seus possíveis impactos sobre o produto turístico local.

Uma das questões frequentes neste contexto diz respeito a qual seria o

"legado" apropriado de um evento como a Copa do Mundo, o que isso poderia deixar

para São Paulo, tanto na questão de desenvolvimento urbano, como também em

relação a estruturação de atrativos, de capacitação de recursos humanos, de

qualificação de produtos turísticos, mas também de tantos outros aspectos da

cidade que precisam ser melhorados. De fato, os megaeventos podem ser grandes

catalisadores do desenvolvimento de uma cidade, mas não podemos deixar de

questionar a quem favorece este desenvolvimento e se ele se realiza plenamente.

Com a chegada dos megaeventos, muitos esperam legados positivos para a

cidade. O que se discute, afinal, é se esse legado, seja ele tangível ou intangível,

ambos de extrema importância, será duradouro mesmo ou se ele se restringirá

apenas ao período do megaevento e a setores específicos da cidade, sendo

esquecido assim que o mesmo seja dado por terminado.

A partir de uma análise bibliográfica e de estudos de campo, entendemos que

o turismo em São Paulo se destaca, principalmente, pelo setor de eventos. Sendo

assim, este trabalho busca compreender o que muda neste cenário com o

megaevento Copa do Mundo e também no perfil dos produtos turísticos relacionados

ao futebol na cidade: seriam melhorados? Se configuraria um novo produto na

cidade, com base no futebol? A demanda aumentaria?

Tais perguntas permearam a pesquisa, colaborando com a compreensão do

contexto atual da cidade e das questões envolvidas na sua preparação para a Copa

do Mundo de 2014.

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2 OBJETIVOS

O objetivo aqui foi verificar a hipótese de que a realização da Copa do Mundo

de 2014 em São Paulo implicaria mudanças no perfil do turismo da cidade,

interferindo na sua dinâmica, especialmente no calendário de eventos e nos

produtos turísticos oferecidos atualmente aos visitantes e cidadãos. Por exemplo, o

futebol passaria a ter outro peso no turismo da cidade ou isso é só uma questão

momentânea que não afetará planejamentos futuros. Por outro lado, em que medida

a Copa reconfigura o calendário de eventos local e acaba servindo à reorganização

da própria cidade, ao estruturar novas zonas urbanas aproveitando o contexto e o

aporte de recursos promovido pelos grandes eventos. Com isso, a pesquisa pode

contribuir para o entendimento dos impactos da Copa do Mundo no setor de turismo,

mas também na própria dinâmica urbana.

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3 METODOLOGIA

O fato da pesquisa estar associada ao projeto Metropolização e

Megaeventos, fez com que a análise dos eventos e do produto turístico de São

Paulo também fosse considerada parte do processo de redefinição do

desenvolvimento urbano. Ou seja, importava também compreender como este

segmento serve às novas estratégias de reconfiguração econômica e espacial da

cidade. Daí se compreenderia a relevância do megaevento em São Paulo e também

os significados do futebol enquanto produto turístico, numa perspectiva mais ampla

da cidade.

Em termos de procedimentos, o trabalho foi realizado por meio de coleta e

compilação de dados oficiais divulgados ao longo do processo pelas instituições

envolvidas na realização do megaevento, levantamento documental e bibliográfico,

estudos de campo e participação em seminários e reuniões que discutem o tema, de

modo a coletar informações que permitissem uma análise mais concreta dos

impactos no setor turístico e na possível mudança na dinâmica dessa atividade em

São Paulo.

O levantamento bibliográfico realizado na primeira etapa da pesquisa e

explorado mais a fundo no Relatório Parcial foi importante para entender o contexto

dos megaeventos esportivos na dinâmica urbana, tendo como referências outras

experiências deste gênero e já teorizadas por diversos autores. Enquanto a análise

dos Planos de Turismo da cidade permitiram perceber qual a perspectiva com a qual

a cidade já vem se valendo dos grandes eventos.

O acompanhamento do calendário da cidade foi importante para verificar as

mudanças ocorridas a partir do momento que a cidade decide receber a Copa do

Mundo, sendo também possível identificar algumas contradições. Afinal, houve um

ganho significativo de pequenos eventos associados à temática esportiva e dos

grandes eventos que surgem na cidade neste momento, incrementando o calendário

da cidade, mas pergunta-se qual o peso da Copa em São Paulo, considerando a

quantidade e dimensão dos eventos que já acontecem na cidade.

A participação em seminários e reuniões relacionadas ao tema durante o

tempo da pesquisa, por sua vez, mostrou-se eficaz para entender a complexidade

do tema e das muitas abordagens que proporciona.

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A presença nas reuniões do projeto “Metropolização e Megaeventos” foi

essencial para compreender todos os parâmetros da pesquisa maior e relacionar

com a discussão do turismo como uma atividade estratégica para o crescimento e

reconfiguração da cidade. A Oficina Regional que ocorreu nos dias 18 e 19 de

dezembro de 2012 contribuiu para um debate mais aprofundado das pesquisas

realizadas nos demais estados e de que forma outros eixos envolvidos poderiam

acrescentar ao trabalho de cada um. Também foi realizada uma visita em Itaquera

para visualizar melhor as obras viárias de infraestrutura da própria arena e como

estão afetando a região, como a remoção de algumas comunidades. Vimos também

como o turismo não aparece muito na região por enquanto. As obras estão

dedicadas exclusivamente à acessibilidade ao estádio, e por ora pouco de atividade

turística parece poder ser pensada. Indo a campo, confirma-se ainda mais o que

Arantes (2010) diz sobre a chamada “requalificação”, que é articulada para

determinadas centralidades de interesse das cidades. É possível enxergar como a

vinda do estádio pode mobilizar diversas outras mudanças na região.

O evento “Copa pública: quem ganha e quem perde com o evento de 2014”

que ocorreu no dia 08 de dezembro de 2012 na Casa Fora do Eixo em São Paulo,

contou com Carlos Vainer, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento

Urbano e Regional da UFRJ, que contribuiu com reflexões sobre as cidades de

exceção como uma nova forma de regime urbano. Juntamente com as discussões

de Martim Sampaio, advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da

OAB, sobre a Lei Geral da Copa e de como ela atropela leis constitucionais, Vainer

questiona se essas leis próprias da Copa podem virar normas e tornar a exceção

como forma de poder.

O 16º Veredas, evento promovido pela empresa júnior do Departamento de

Relações Públicas, Publicidade e Turismo (ECA Jr.), ocorrido no dia 23 de outubro

de 2012, teve como tema o Turismo Esportivo. Tendo como base a outra hipótese

da pesquisa que é a de que o futebol pode ser visto como um novo produto turístico

da cidade, foi possível entender a importância e necessidade do Brasil investir mais

em infraestrutura devido aos grandes eventos esportivos. Raphael Santana, diretor

de marketing e vendas da agência Fanato Esporte e Turismo, ratificou essa questão

e pôde contribuir mais na pesquisa com uma entrevista que será mais explorada nao

longo do relatório.

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O “Debate Conectas & Livraria Cultura: Copa e Olimpíada, quem vai ganhar?”

ocorreu no dia 15 de outubro de 2012 em São Paulo e discutiu-se bastante para

quem de fato são direcionadas as oportunidades dos grandes eventos. Além disso,

também foi ressaltada a questão do futebol como parte da cultura do brasileiro e a

importância do esporte para inserção de pessoas na sociedade, como sendo uma

atividade livre para todas. Hoje, muitos entendem o megaevento como uma

oportunidade para melhorar os incentivos ao esporte. O que estamos constatando é

que o futebol já está passando por uma reestruturação em termos de

profissionalização e que isso se catalisa com a vinda da Copa para o Brasil, mas

que isso também significa uma elitização do público e uma visão um pouco contrária

daquela que seria mais positiva no sentido sociocultural no que se diz respeito a

acesso ao esporte.

A participação nestes eventos ofereceu uma visão mais holística da

problemática da pesquisa e ampliou o conhecimento e a discussão nela contida.

Além desses eventos, a equipe que compõe o eixo de turismo dentro do projeto,

realizou reuniões quinzenais ou mensais com o objetivo de trocar informações e

alinhar o método da pesquisa com os resultados encontrados, trocando documentos

e informações que contribuíram mutuamente para todos os trabalhos1. Essa

experiência foi importante para o direcionamento da pesquisa.

Nesta segunda etapa do trabalho, foram realizadas entrevistas com órgãos

públicos e privados, como São Paulo Turismo (SPTURIS), Convention & Visitors

Bureau, Comitê Paulista da Copa do Mundo da FIFA 2014 e as agências de turismo

esportivo Fanato Esporte Turismo e Futebol Tour. As entrevistas, no caso dos

órgãos públicos, foram realizadas com o objetivo de entender melhor as ações que

estão sendo ou já foram feitas para São Paulo no sentido de prepará-la para a Copa,

como compreendem os megaeventos e o que eles significam para a cidade, como

interferem no setor de eventos e turismo e, no geral, quais as perspectivas desses

órgãos com relação a Copa do Mundo.

1 Além desta pesquisa, outros trabalhos também estão sendo realizados em nível de iniciação científica por

outros dois alunos de graduação do Curso de Turismo da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). As pesquisas, todas vinculadas ao projeto "Metropolização e Megaeventos: Jogos Olímpicos-2016 e Copa do Mundo-2014", focadas no eixo de turismo, compõem então três alunos e a professora orientadora Clarissa Maria Rosa Gagliardi.

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No caso das agências, foi de interesse saber as principais motivações em se

explorar este segmento de mercado na cidade e qual poderia ser a relação disso

com os megaeventos esportivos vindos para o Brasil, tendo em vista também a

hipótese levantada do futebol como um potencial produto turístico de São Paulo.

A partir dessa trajetória, foi possível chegar a algumas análises e conclusões

que serão melhor expostas ao longo deste relatório.

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4 RESULTADOS E ANÁLISES

Este item do relatório contém contribuições e os avanços da pesquisa a partir

das atividades desenvolvidas, envolvendo as análises dos documentos consultados

e de bibliografia estudada , trabalhos de campo e entrevistas.

4.1 Planos Municipais de Turismo e Megaeventos

Uma das propostas da pesquisa também era analisar alguns documentos

oficiais voltados para o planejamento do turismo na cidade de São Paulo tendo

como referência as hipóteses levantadas no projeto. A partir da leitura dos Platums

(Planos Municipais de Turismo de São Paulo), foi possível analisar alguns pontos

considerados importantes para a pesquisa.

O PLATUM foi criado com o objetivo de formular a política municipal de

turismo, visando criar condições para o incremento e o desenvolvimento da atividade

turística no Município de São Paulo, consultado e assessorado pelo COMTUR

(Conselho Municipal de Turismo), que é composto pela representação de entidades

do setor público e privado, direta ou indiretamente ligadas à atividade turística.

Para este projeto, importava identificar nos planos de turismo da cidade,

anteriores à candidatura de São Paulo como cidade sede da Copa, a intenção de

adequá-la à recepção de megaeventos. Pela análise e compilação dos Platum’s2

existentes desde 1999, é possível notar que os planos relacionados à promoção e

captação de eventos e megaeventos na cidade de São Paulo é anterior à

candidatura de São Paulo a sede da Copa de 2014. Desde o primeiro Platum, já era

possível notar o apelo em destacar a ampla estrutura da cidade para atender a

grande demanda de feiras, congressos, convenções, seminários e simpósios. Além

disso, o apelo em destacar a questão de infraestrutura para realização de eventos

esportivos, como estádios, sempre se mostrou presente, evidenciando a capacidade

de São Paulo em realizar eventos e receber competições esportivas.

2 Documentos retirados do site oficial da SPTURIS. Disponível em:

<http://www.spturis.com/comtur/platum.php>. Acesso em: mar. 2013.

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Podemos notar que o Platum 1999/2001 traz algumas metas que estão

relacionadas com eventos na cidade de São Paulo. Entre elas, estão:

“Meta: Disponibilizar para a cidade sistemas de informações

turísticas; Projetos: (...) Realizar inventário dos equipamentos

turísticos da cidade; (...) Publicar e distribuir calendário de eventos da

cidade (...).”

“Meta: Incentivar a criação e diversificação de equipamentos para

eventos e entretenimento em geral; Estratégias: Incentivar a

construção de novos teatros e arenas ao ar livre; Incentivar a

transformação de estádios de futebol em espaços multieventos

(grifo nosso); Incentivar a construção de novos centros de feiras e

convenções na cidade (...).”

“Meta: Incentivar maiores investimentos na atividade turística, de

eventos e entretenimento em geral.”

“Meta: Criar, promover e incentivar a realização de eventos na

cidade; Estratégias: Organizar e promover eventos em geral por toda

a cidade; Captar eventos de caráter nacional e internacional para a

cidade; Criar e realizar eventos que contem com a participação das

diversas categorias profissionais ligadas ao setor.”

É interessante notar como já havia a ideia de transformar os estádios de

futebol em espaços multieventos, as chamadas arenas. A ideia de captar eventos

também sempre foi forte em São Paulo, e já se mostrava presente há uma década.

O Platum 2002 já destacou as características de São Paulo que a capacitam

a abrigar 75% dos eventos que acontecem no Brasil, por ter se tornado ponto

estratégico no Mercosul com o grande fluxo de turistas de negócios. Neste plano, é

apresentado o Programa de Captação de eventos, realizado pelo Comitê Paulistano

de Captação e Promoção de Eventos, que “visa instrumentalizar a cidade para

competir na captação do maior número de eventos nacionais e internacionais de

grande porte”. E trouxe também como metas e estratégias:

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“Metas: Aumentar o número de eventos na cidade de São Paulo;

Consolidar a imagem da cidade de São Paulo como principal polo

brasileiro para realização de eventos; Captar, promover e incentivar a

realização de eventos na cidade de São Paulo; Colocar a cidade

entre os primeiros destinos no ranking das cidades sedes de grandes

eventos da América Latina.”

“Estratégias: 1 – Produção de vídeo especificamente para a

Captação de Eventos; (...) Captar eventos nacionais e internacionais

de grande porte, de modo a aumentar o fluxo de turistas em São

Paulo.”

Assim como os anteriores, os planos seguintes de 2003 e 2004, também

destacaram a questão dos eventos e negócios como principal motivo do grande

fluxo de turistas que a cidade recebe, ressaltando o fortalecimento de estratégias

para captação de eventos e fortalecimento da competitividade de São Paulo no que

se refere a eventos. Somente no Platum 2007/2010 o plano também se voltou para o

turismo de lazer que, para surpresa de todos, foi um dos segmentos que se

destacou no que se referia a motivação da viagem dos turistas. A cidade de São

Paulo passou a ser vista como um lugar que, além dos eventos e negócios, possuía

muito potencial para o lazer. Com uma conotação voltada para o turismo de lazer, os

eventos também não deixaram de ser mencionados, afinal, os negócios e eventos

continuavam como símbolos da cidade e principal atração. Porém, nesta gestão

notou-se que, mais do que isso, a cidade poderia oferecer muito mais, até mesmo

para os que vinham somente a negócios. Desta forma, a visão deste plano era:

“A cidade de São Paulo como destino turístico consolidado de lazer,

entretenimento, cultura, negócios e eventos, oferecendo produtos

diferenciados, criativos e de qualidade, que destacam o seu caráter

vanguardista e gerador de tendências.”

Nos objetivos deste plano, portanto, estava: “Aumentar a participação de São

Paulo no mercado de congressos e eventos nacionais e internacionais” e também

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“Fortalecer a imagem da cidade de São Paulo, como destino de lazer,

entretenimento, cultura e conhecimento, além de negócios e eventos”.

Com a tecnologia mais acessível e as pesquisas na área de turismo sendo

aprimoradas, o Platum 2011/2014, o último realizado até agora, foi um projeto mais

completo, que mostrou desde aspectos gerais do turismo na cidade de São Paulo,

como também um plano especificamente voltado para a Copa do Mundo de 2014,

abrangendo todas as diretrizes e segmentos que podem ser explorados na cidade.

Seu objetivo é:

“Propiciar diretrizes que promovam o desenvolvimento social,

econômico e cultural do turismo na cidade de São Paulo, ampliando

o desempenho de suas atividades com iniciativas, programas e

ações que incrementam com qualidade o mercado e o afluxo de

turistas por sua multiplicidade de atrativos advindo dos negócios e

eventos e também pelo entretenimento, gastronomia, lazer e cultura.”

O turismo de negócios e eventos, no plano, continua como um dos principais

segmentos, mantendo sua importância. O que é novo é o destaque para Eventos

Esportivos, sociais e de lazer, com exemplos de grandes eventos esportivos já

realizados em São Paulo, como o GP Brasil de F1 e a Corrida Internacional de São

Silvestre, além da Copa do Mundo da FIFA em 2014.

O destaque para a parte de eventos já é diferente se compararmos com o

primeiro Platum de 1999. Neste, tendo consciência da aproximação dos

megaeventos, é citado o fato de São Paulo precisar criar novos espaços para

megaeventos, novos pavilhões e macroarenas. Anteriormente, o complexo de

eventos do Anhembi era considerado o maior e mais importante espaço da cidade,

porém, no plano mais atual já se destacou a importância de se melhorar a

infraestrutura para megaeventos, pois a atual já começa a ser muito restritiva se

comparada a outros países.

Como já exposto, o Platum 2011/2014 é bastante voltado também para o

planejamento turístico da Copa do Mundo, dada a importância do evento para a

atividade turística: “Com relação a eventos e turismo, a Copa do Mundo FIFA 2014

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permitirá reforçar a imagem de São Paulo como um destino turístico que oferece ao

paulistano e a seu visitante as melhores opções em cultura, lazer e entretenimento”.

Nota-se ainda, a importância da Copa para a captação de outros eventos e

possíveis parcerias. Ou seja, mostra-se como outros eventos que já foram ou ainda

serão realizados por ocasião da Copa do Mundo, como estes podem ser

catalisadores do segmento de eventos, já considerado um dos mais importantes

para a cidade.

Por fim, o plano detalha projeções para 2014 e mais adiante, mostrando o que

muitos já falaram, que o evento Copa do Mundo deve influenciar consideravelmente

no aumento do fluxo turístico, tanto nacional quanto internacional. Além disso,

projeta-se a geração de cerca de 623 mil empregos ligados direta ou indiretamente

com o setor turístico. Com esse novo perfil, espera-se que haja maior investimento

na oferta turística, tanto da iniciativa pública como da privada. Contudo, entendendo

que tudo o que se passa na cidade reflete muito nos investimentos direcionados

para os eventos, é interessante expor uma percepção do Comitê Paulista. Em

entrevista com Carolina Fontes, representante da Assessoria Especial do Comitê3,

ela menciona como as recentes manifestações no país provocaram uma retração

nos investimentos esperados por ocasião da Copa, por exemplo. Entendemos que o

mercado de eventos é certamente vulnerável às alterações da dinâmica da cidade.

As manifestações no Brasil tomaram proporções maiores devido à cobertura

midiática e, por conta disso, foi possível notar um recuo dos investidores.

Por meio dos planos municipais de turismo, foi possível compreender que o

planejamento da cidade em se promover como grande captadora de pequenos e

grandes eventos já era presente na agenda desde os anos 1990. Sendo assim, a

Copa do Mundo parece se incluir como parte do objetivo da cidade de se tornar

referência em captação, assessoria, consultoria e produção de eventos.

Enfim, é importante ressaltar que os eventos significam muito para a cidade

não somente em termos de reestruturação de atividades turísticas e movimentação

financeira, mas também de intervenção urbana. O planejamento turístico e a

estratégia de captação de eventos e reestruturação de espaços e equipamentos

estão muito ligados com a reestruturação da própria cidade, definindo novos vetores

3 Entrevista realizada no dia 09 de agosto de 2013, na sede do Comitê Paulista da Copa do Mundo FIFA 2014,

situada na Rua Boa Vista, número 162, 12o andar, Centro.

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de desenvolvimento. Assim sendo, os megaeventos também possuem o mesmo

papel, seguindo esta premissa. Segundo Lohmann:

“Os megaeventos são considerados como estratégicos por muitos

governos de cidades e países em todo o mundo, uma vez que são

vistos como oportunidades para se gerar postos de trabalho,

investimentos, melhorias na infraestrutura da cidade e promoção do

destino em grande escala, favorecendo a diversos setores da

economia (...)”

A atividade turística também pode se beneficiar com a repercussão de

megaeventos. Segundo Reis (2008, p.509), um meio eficiente de se promover o

turismo de uma cidade ou país é a apresentação de eventos. Baseando-se nisto, os

megaeventos acabam sendo lucrativos para o segmento turístico, uma vez que

evidenciam a cidade sede em âmbito internacional. Porém, sempre devemos pensar

no planejamento desse turismo e analisar os impactos do evento como um todo no

ambiente, afinal, estar em evidência na mídia não significa necessariamente um

legado futuro se não haver uma estruturação da cidade para isso. Muito do que foi

visto nos planos de turismo se referem à simplesmente mostrar o que já temos e

pouco se vê as ações para melhorar condições de infraestrutura de atrativos,

mobilidade para turistas e cidadãos, entre outras. Concretiza-se o que Vainer (2010)

fala sobre as “cidades-mercadoria”, onde o que o autor chama de marketing urbano

é cada vez mais imposto neste contexto de vender a cidade e passa a ser uma

esfera determinante do processo de planejamento e gestão urbana, o que nos faz

pensar que tal quesito acaba tendo muito mais valor do que, por exemplo, questões

primordiais para melhoria das condições urbanas e sociais na cidade.

Muitas das ações que são propostas para o turismo de São Paulo tem outras

implicações na cidade, fazendo com que esta abordagem do turismo se insira na

perspectiva de análise dos impactos urbanos que permeia o Projeto "Metropolização

e Megaeventos: impactos dos Jogos Olímpicos-2016 e Copa do Mundo-2014".

Também comprovamos um pouco do que Vainer, Arantes e Maricato (2010) querem

dizer na obra "A cidade do pensamento único"4 quando falam que os megaeventos

4 A resenha desta obra se encontra no anexo B (p.42).

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são vistos pelos gestores das cidades como uma oportunidade para reestruturação

de porções da cidade que podem ser melhoradas e se tornar polos para atrair

capital. No caso que está sendo analisado no projeto mais geral ao qual esta

iniciação está associada, a Zona Leste tende a assumir uma nova funcionalidade a

partir das intervenções no entorno da arena de Itaquera. Assim como, por exemplo,

Pirituba, que também pode sofrer mudanças em função do Complexo de Pirituba,

projeto da cidade de São Paulo presente no último Platum e descrito como parte do

processo de candidatura de São Paulo para sediar a Exposição Mundial de 2020,

um dos eventos mais importantes do mundo.

Podemos dizer que muitos projetos para a cidade, que são exemplificados

nos planos municipais, no que tange reestruturação de novos complexos para

eventos, por exemplo, podem estar envolvidos com os megaeventos que a cidade já

sediará ou que ainda tem intenção de captar. O poder público acaba aproveitando o

contexto dos grandes eventos como uma oportunidade para desenvolver novas

áreas da cidade, e com isso, projetos urbanos sempre estão atrelados ao contexto

dos eventos, gerando mais movimentação financeira e cada vez mais ocorrendo o

apelo pela captação de novos eventos. Isso acaba se tornando um ciclo vicioso

dentro da dinâmica urbana.

Essa ideia do planejamento estratégico e da gentrificação das cidades, ou

seja, a transformação de espaços urbanos, é discutida por Arantes (2012) em sua

obra dedicada aos estudos de caso de Barcelona e Berlim como duas "cidades

postas à venda", ela nos mostra como isso já vem ocorrendo há muito tempo.

Nestes casos, a autora nos mostra como a cultura aparece no centro das estratégias

propostas pela cidade com o intuito de se criar "novas centralidades". Barcelona,

que passou a ser referência para urbanistas e arquitetos, se fortaleceu com os ideais

culturais planejados para a cidade num contexto de recepção dos Jogos Olimpícos

de 1992. Para Arantes (2012), os jogos serviram como pretexto para que Barcelona

se transformasse na "cidade dos arquitetos" justamente para elevar a Espanha a um

outro patamar. Os feitos não foram pequenos e a fórmula de "sucesso" se difundiu

internacionalmente. É o que acontece atualmente com as cidades brasileiras, que

tentam se posicionar neste mesmo hall de visibilidade nos circuitos culturais,

turísticos e midiáticos.

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Em Barcelona, contribuindo para essa gentrificação, a população foi atingida

por uma onda de patriotismo que se alastrou pelo país devido a repercussão que a

cidade proporcionou para todo o país. No Brasil a situação não deixa de ser

diferente, ainda mais com o apelo do futebol sendo parte da cultura brasileira

envolvida num megaevento como a Copa do Mundo. Fazendo um paralelo com as

analogias de Vainer (2010), aqui aparece a "cidade-pátria" no contexto do

planejamento estratégico, que seria essa necessidade de também explorar a

unificação dos civis e governantes em apoio aos projetos. Despertando o

patriotismo, é possível "criar um consenso favorável a transformações por vezes

bastante radicais, e que, possivelmente em outras circunstâncias, teriam sido vistas

como lesivas (...)" (Arantes, 2012: 32).

Nessas cidades, assim como já vemos em Itaquera, ocorre um boom de

investimentos e especulação financeira e imobiliária, por exemplo, que Arantes

(2012) relata que, no caso de Barcelona, foram pouco duradouros sobre a economia

espanhola. O que entendemos é que, depois de um tempo, os recursos se deslocam

para outras áreas de interesse e assim se forma um ciclo de investimento. Na Zona

Leste já podemos enxergar todas as obras viárias na região e também a

especulação imobiliária que já permeiam os entornos da arena Corinthians5, assim

como a ameaça de remoção de comunidades, que mobilizou os movimentos sociais.

Em Barcelona não foi diferente, uma vez que também sofreu uma elitização da

população moradora e enobrecimento da área, consequência dos altos custos de se

manter naquela região.

Entendemos como que as tentativas contínuas de manter a posição de

cidades-globais estão relacionadas com o contexto histórico da cidade, somado a

interesses maiores políticos e forças econômicas. As fórmulas utilizadas em

experiências passadas parecem ser as mesmas utilizadas aqui e soa inevitável não

se repetir. A Zona Leste já está se estruturando para valorizar-se dentro de São

Paulo e as consequências poderão ser vistas na região em um futuro breve, algo

que também a pesquisa de campo contribuiu para ampliar nossa percepção.

5 Um levantamento sobre os lançamentos imobiliários dos últimos 10 anos em distritos vizinhos ao Itaquerão

feito no âmbito do Projeto “Metropolização e Megaeventos” já aponta mudanças significativas no perfil imobiliário da região e o tema deverá ser objeto de análise e discussão pela equipe envolvida na pesquisa nos próximos meses.

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4.2 Eventos em São Paulo

São Paulo é uma cidade caracterizada, também nas mídias, por ser uma

metrópole de negócios e receptora de eventos. Na cidade são realizados mais de 90

mil eventos por ano e 75% das maiores feiras do país são realizadas nos grandes

centros de convenções e exposições da cidade6, como o Parque Anhembi, Expo

Center Norte, Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, Centro de eventos Fecomércio e

outros.

Com toda esta movimentação na cidade, resultado de tantos eventos

ocorrendo ao mesmo tempo e, sendo essa uma das causas também para um maior

fluxo turístico da cidade, entendemos que o anúncio de São Paulo como cidade-

sede da Copa do Mundo seria um fator que poderia mudar a dinâmica do calendário

da cidade, de uma forma que isso contribuiria para o surgimento de mais eventos

relacionados às discussões dos megaeventos em seminários e congressos, assim

como em exposições e feiras relacionadas ao esporte ou turismo, fóruns voltados

para questões de infraestrutura urbana, governança e segurança, eventos culturais

de promoção da cidade, entre muitos outros que poderiam despontar por causa

desse acontecimento de grande alcance que é a Copa do Mundo de Futebol.

Unindo esta concepção que se tem de São Paulo em relação aos eventos

com a ideia da cidade também estar relacionada com o futebol desde muito tempo

por questões culturais, é compreensível entender que um megaevento dessa

categoria seria um alavancador de outros mais que surgiriam relacionados ao tema,

uma vez que a cidade parece juntar seus pontos fortes.

Analisando o calendário de eventos da cidade de São Paulo (atualizado no

anexo A, p.36), organizado aqui de forma a destacar somente os eventos com

alguma relação com esporte e infraestrutura e mobilidade com relação a cidade

foram destacados na tabela7, foi possível perceber como que um megaevento como

da Copa pode movimentar outros encontros dentro da cidade. Houve um aumento

significativo de eventos relacionados à temática esportiva e/ou aos megaeventos

6 Informações retiradas do site Spturis. Disponível em: <http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/capital-dos-

negocios>. Acesso em: out. 2012. 7 Informações da tabela foram consultadas nos sites oficiais da cidade São Paulo. Disponíveis em:

<http://www.spturis.com/v7/calendarios.php>. e <http://www.visitesaopaulo.com/seu-evento.asp?eventos=semana>. Acesso em: jul. 2013.

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esportivos no calendário de eventos da cidade, conforme a proximidade da Copa e

das Olimpíadas.

Por exemplo, analisando os eventos, podemos citar alguns casos. Muitos

eventos voltados para o esporte, infraestrutura tanto urbana como aeroportuária e de

estádios, debates voltados para a discussão dos megaeventos, entre outros, tiveram

suas primeiras edições a partir de 2007 ou pouco antes, como CONINFRA -

Congresso de Infraestrutura de transportes, a Virada Esportiva, Cityscape South

America, Expo Mundo da Bola, Brazil Road Expo, Brazil World Cup Transportation

Congress e outros mais, desde capacitação profissional para setores do turismo,

workshops até seminários de psicologia do esporte e encontros e debates no Museu

do Futebol.

Também podemos falar do "Brazil Promotion", uma feira anual de marketing

promocional do país, cujo objetivo é de apresentar as novidades e lançamentos do

ano em produtos e serviços promocionais, conforme visto na tabela, teve sua 5a

edição no ano de 2007, ou seja, sua primeira edição foi em 2003, ano em que o

Brasil anunciou a candidatura à possível sede do evento da Copa do Mundo,

juntamente com Argentina e Colômbia. Por isso, podemos dizer que não é por acaso

que tais eventos promocionais, que visam posicionar a cidade e o país

internacionalmente, ocorram em momentos propícios e estratégicos.

Em um dos sites oficiais da cidade de São Paulo consultado, em 2007 foram

cadastrados por volta de 800 eventos enquanto que em 2012 foram cadastrados

mais de 2000 eventos em toda a cidade. Mesmo que não voltados diretamente para

a discussão da Copa do Mundo e dos megaeventos no geral, é notável a visibilidade

que a cidade já alcançou neste quesito captação de pequenos e grandes eventos.

Em 2013, somente neste primeiro semestre, conta-se cerca de 1.000 eventos

cadastrados. Eventos como o fórum nacional "Brasil, o país do esporte" e o

Simpósio internacional sobre políticas para o esporte de alto rendimento no contexto

internacional, são entendidos como eventos para discutir como o país que vai

receber eventos esportivos mundiais fortalece sua imagem. O curso de produção de

eventos esportivos também é uma iniciativa interessante de capacitação profissional

em eventos, mais especificamente esportivos, dadas todas as circunstâncias.

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4.3 Pesquisa de campo e contato com agentes envolvidos com a organização

da Copa do Mundo em São Paulo

Além da pesquisa de campo realizada na primeira etapa do trabalho,

importante para conhecer a realidade socioespacial de Itaquera, o contato com

representantes do trade turístico e agentes envolvidos com a gestão do megaevento

em São Paulo foi necessária para enriquecer a pesquisa e discutir as hipóteses

levantadas. Primeiramente, entrevistas com representantes de órgãos públicos e

privados que representam a cidade de São Paulo foram imprescindíveis. Os

entrevistados foram Fernanda Ascar, Diretora de Turismo da São Paulo Turismo

(Spturis); Toni Sando, Presidente Executivo do São Paulo Convention & Visitors

Bureau; e Carolina Fontes, representante da Assessoria Especial do Comitê Paulista

da Copa do Mundo da FIFA 2014.8

A Spturis é uma entidade público-privada, uma empresa mista de capital

aberto e que também recebe recursos públicos e está estruturada em diretorias de

turismo, de gestão estratégica, de eventos e de marketing e vendas. O Convention &

Visitors Bureau é um órgão privado que trabalha essencialmente com captação de

eventos, capacitação de pessoas para o serviço receptivo e comunicação para

divulgar os atributos da cidade. O Comitê Paulista da Copa do Mundo da FIFA 2014

é responsável por articular ações necessárias para a realização da Copa, como:

elaboração de planos operacionais e projetos em transportes, segurança, saúde,

educação e turismo; acompanhamento das obras de mobilidade urbana e

intervenções viárias no entorno do estádio, assim como na própria arena

Corinthians; divulgar o potencial do Estado para sediar seleções e auxiliar os

municípios com orientação sobre a Copa e oportunidades que pode proporcionar a

essas cidades.

As entrevistas auxiliaram na compreensão do conceito de megaeventos; a

compreender melhor em que medida ocorre a estruturação de atrativos,

acessibilidade, sinalização, capacitação, promoção da cidade em função da Copa de

2014; quais as perspectivas de investimento na cidade; quais áreas são prioritárias

para aproveitar o contexto da Copa para o desenvolvimento da atividade turística na

8 Todas as entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas, sendo que a análise encontra-se integrada ao

corpo do relatório.

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cidade e no estado e se é possível fortalecer o futebol como produto turístico em

São Paulo com o advento da Copa.

Fernanda Ascar diz que é complexo de executar os planos relacionados ao

turismo, uma vez que há o dinheiro do privado que não pode ser utilizado para o

público e vice-versa. Os recursos do fundo municipal de turismo acabam sendo

pequenos perto das melhorias que precisam ser feitas em termos de estruturação de

atrativos, por exemplo.

O que podemos falar com relação à promoção turística e marketing, é que há

pouco material relacionado ou padronizado totalmente com a marca FIFA. O que

está acontecendo, na maior parte das vezes, é o uso do material já existente da

cidade, somente indicando-a como uma cidade-sede. Fernanda Ascar diz que a

dificuldade de utilizar qualquer coisa com a identidade FIFA, era a demora na

aprovação e, por isso, optaram por utilizar o material próprio, falando da Copa do

Mundo: "A FIFA agora já passou algumas orientações de material, por exemplo, de

recepção de turistas, guias de recepção, (...) que a gente pode ou não adotar, não é

uma obrigação. A FIFA não obriga nesse sentido". E diz também que passam por

um momento de transição na empresa, onde a comunicação pode sim mudar, mas

muito depende dos países que irão jogar na cidade e o tipo de demanda que virá. O

evento Copa do Mundo acaba sendo muito instável para planejamentos muito

prévios relacionados à promoção turística e escolha de pontos da cidade para

promover, entre outras ações, pois de acordo com o turista que vem pra cidade,

acredita-se que o perfil dele mude muito dependendo de sua nação. O sorteio dos

jogos, que vai mostrar um direcionamento melhor em relação a isso, vai ocorrer em

dezembro, e é a partir daí que os fluxos se definem melhor.

Toni Sando, presidente executivo do Convention, diz que a Copa é apenas

um pretexto para melhorar a comunicação, mas sem grandes mudanças na forma

do mercado atuar.

Como podemos notar, os planejamentos para Copa acabam ficando muito

voltados para o marketing e comunicação, sendo que estes projetos também se

baseiam em adaptações. A preocupação se pauta mais na divulgação dos atrativos

e não na estruturação efetiva dos mesmos, e isso nos mostra como a atividade

turística fica em segundo plano, também por poucos recursos disponíveis e

direcionados para o turismo, por exemplo.

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No Convention, a forma como a atividade turística e os esforços para

captação de eventos são trabalhados acaba sendo muito fragmentada, ainda que

isso seja um facilitador na operacionalização dos eventos. Seleciona-se zonas da

cidade para a divulgação dos produtos turísticos e dos equipamentos e serviços

oferecidos, facilitando o deslocamento do turista, que tende a permanecer na zona

definida pelo CVB, orientado a circular apenas nas vizinhanças. A Zona Leste,

especificamente Itaquera, nem se inclui dentre essas "zonas turísticas" trabalhadas

por esse órgão. Nesse contexto, a Copa do Mundo tem pouca relevância para o

desenvolvimento do turismo e mesmo do segmento de eventos, analisando a

dinâmica da cidade atualmente e a forma como ela é compreendida pelo trade. Por

exemplo, o Convention define perímetros da cidade e nestas zonas de interesse

elenca seus principais atrativos, hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos. Os

destino são Berrini, Faria Lima e Itaim, Paulista e Jardins, Ibirapuera e Moema,

Centro, Anhembi e Center Norte. Ou seja, é evidente essa segmentação voltada

para a captação e operacionalização de eventos e, por enquanto, a Zona Leste

ainda não se encontra nela.

No que se refere aos benefícios trazidos pelo megaevento para a qualificação

do turismo na cidade, destaca-se o convênio com o Ministério do Turismo, que

disponibilizou recursos para a SPTURIS investir em infraestrutura, especificamente

em sinalização turística, implantação e reestruturação de CITs (Centrais de

Informação Turística), acessibilidade e capacitação. Para as CITs serão

disponibilizados cerca de 950 mil reais e, para sinalização turística, inclusive para

pedestres, um valor aproximado de 1 milhão, explicou Ascar. Para a acessibilidade o

recurso é maior e gira em torno de 11 milhões, porém as obras e os projetos ficarão

por conta da Secretaria da Pessoa com Deficiência da cidade, pois a SPTURIS em

si não teria como executar as obras. Mesmo com tais recursos, são valores muito

baixos se comparados com outros planos da cidade, e o turismo se encontra um

pouco em uma situação arriscada, onde não se pode afirmar se o legado será

positivo ou não. O que a diretora de turismo alega é que tudo o que será feito em

São Paulo fica de legado depois pra cidade: "Então a gente constrói pra Copa, mas

continua". O que for realizado pode ser um avanço para a cidade, porém não

podemos deixar de nos questionar se de fato será bem aproveitado, uma vez que

não parecem existir políticas para maiores investimentos no turismo. Carolina

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Fontes, do Comitê Paulista do Estado, diz que o órgão não lida com nenhum tipo de

recurso e sim as Secretarias envolvidas no Comitê é que possuem uma verba

própria. Ela explica que não houve nenhum incremento no orçamento dessas

Secretarias, por conta da Copa, por exemplo.

Com relação à capacitação, o Ministério do Turismo fez uma parceria para

incluir um projeto Pronatec Copa Turismo, dentro do programa Pronatec Copa do

Ministério da Educação, e os cursos são realizados de acordo com a demanda.9

O Convention & Visitors Bureau se preocupa em capacitar as pessoas para

receber satisfatoriamente aqueles que visitam a cidade. Por isso, Sando destaca o

Programa Bem Receber, que foca na hotelaria e nos restaurantes, mobilizando setor

público e entidades privadas. Ele argumenta:

"O que a gente quer é começar a criar estímulos dentro dos

restaurantes e dos hotéis pra tematizar em função de eventos. Não

com o olhar FIFA, que FIFA é uma marca particular, registrada e

muito bem sucedida. Mas que dá pra criar movimentos coletivos, dá.

E a gente tem essa possibilidade aqui. São 700 associados. Toda a

hotelaria é associada ao Convention, bons restaurantes são

associados ao Convention. E todas as entidades e classes fazem

parte do conselho do Convention. Então a gente tem aí o privilégio

de mobilizar a cadeia produtiva inteira (...)".

Percebe-se assim, que o trade apenas tenta oportunizar novos negócios com

a Copa, mas que não há uma mudança de planejamento efetiva em função do

megaevento. O Convention participa de diversos comitês voltados para o evento,

tentando ouvir e discutir ações para Copa. Porém, o presidente executivo também

acredita que as mobilizações para a capacitação ou a sensibilização devem ocorrer

independente da Copa, pois é preciso receber bem sempre. Contudo, o megaevento

acaba sendo um pretexto e estimula mais as pessoas a se interessarem nessa

profissionalização e capacitação. No caso do Comitê Paulista, a sua função principal

relacionada com planejamento turístico é mostrar as oportunidades que a Copa 9 O projeto de Iniciação Científica em andamento da aluna de graduação em turismo, Luane Vacchi, "Impactos

da Copa do Mundo de 2014 no Setor de Turismo da Cidade de São Paulo: hotelaria e recursos humanos", analisa melhor a questão da capacitação de recursos humanos como legado do megaevento em São Paulo.

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pode oferecer para os municípios que se encontram em um raio de 300 Km da

cidade de São Paulo, entre eles, os chamados CTS (Centros de Treinamento e

Seleções). Foram distribuídos Guias de Orientação Local (GOL) para informar os a

respeito das normas a serem seguidas para quem quiser atuar aproveitando o

contexto do megaevento, e também orientando-os sobre a melhor forma de preparar

a cidade para ser escolhida como CTS de alguma seleção. O problema que Carolina

Fontes pontua é que eles são responsáveis apenas por orientar, porém as

mudanças de fato acontecem a partir da mobilização das prefeituras, cada um acaba

criando a sua oportunidade. Fontes comenta como que algumas cidades como

Ribeirão Preto e Itú estão se mobilizando e investindo cada vez mais na cidade, até

mais, por exemplo, que São Paulo. É neste momento que pensamos como a Copa

pode até fazer mais diferença para essas cidades do que para a capital, em questão

de mais planejamentos voltados para estruturação da cidade e da tentativa de

aproveitar o megaevento.

Outro plano do Comitê e que Fontes acredita que até o fim do ano já estará

disponível é o Guia Roteiros Paulistas na Copa, com mais de 50 sugestões em todo

o Estado, com roteiros com duração de 1, 2 ou 3 dias, com destinos diversos

envolvendo gastronomia, turismo de aventura, lazer e cultura dentro desse raio. A

esperança é de que os turistas que vem para São Paulo tenham a oportunidade de

explorar as cidades próximas também. Fontes lembra que a grande maioria dos

turistas que virão para a copa no Brasil, necessariamente passarão por São Paulo,

configurando uma oportunidade para cidades vizinhas atrair parte desse público.

Quando questionada sobre a mudança do calendário de eventos na cidade,

Ascar explicou que pretendem iniciar uma pesquisa no segundo semestre de 2013,

mas que conta com a hipótese de que "a cidade deixa de receber muitos eventos em

decorrência da Copa". Isso é interessante e, ao mesmo tempo, contraditório. Até

mesmo analisando o calendário de eventos, constatamos que o pré-evento é

bastante positivo no que se refere ao aparecimento de outros eventos, talvez

menores, relacionados a infraestrutura e esportes. Contudo, durante o evento Copa

do Mundo, os eventos suspensos também implicam num impacto econômico que

mereceria ser analisado. Afinal, um grande organizador ou empresário não deve

escolher São Paulo para fazer um evento durante a Copa.

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Mas apesar dessa hipótese, não podemos deixar de pensar que a Copa pode

atrair eventos futuros para a cidade. Sando cita o exemplo da conquista da

Convenção Mundial do Rotary Club International que vai acontecer em 2015 na

capital paulista. Segundo ele, a Copa foi um dos argumentos que se destacou nas

reuniões, justamente pelas melhorias que estão planejadas para a cidade. Ele diz,

"(...) essa foi a grande sacada na decisão do debate. (...) Então a Copa, sem dúvida,

beneficiou a vinda de outros congressos pra cá".

Entretanto, Ascar destaca que São Paulo já recebe grandes eventos sempre,

e esse acaba sendo o discurso da cidade, talvez até um pouco arrogante, no sentido

de que a Copa acaba sendo somente mais um evento pra cidade.

Sando entende que "Um megaevento não precisa ser quantidade, mas pode

ser qualidade". Esse sim seria um diferencial da Copa, a projeção que ele traz para

cidade. Afinal, um evento com pouco mais de 20 mil pessoas, mas com maior

repercussão na mídia, pode ser mais poderoso do que um evento com um público

de 800 mil pessoas.

Katia Rubio, em sua obra “Megaeventos esportivos, legado e

responsabilidade social”10, também discute a questão da imagem da cidade e de

como os megaeventos esportivos podem atuar como repositores ou solidificadores

dessa imagem. Ao mesmo tempo em que um megaevento pode criar uma imagem

positiva, ele também pode criar uma negativa. Isso por consequência de como os

representantes da mídia podem atuar, algo que nem os organizadores podem

controlar ou medir por enquanto. Exatamente fazendo uma ligação com o que diz

Ascar, que o que muda neste evento, concluindo, seria a projeção da imagem da

cidade, que "não tem nem como ser medida". Mas para uma definição mais exata de

megaeventos, ela diz:

"Eu acho que a definição hoje acaba sendo mesmo isso, um evento

que muda a estrutura da cidade e acaba entrando dentro do que

estava planejado, pra onde a cidade quer crescer, o que ela precisa,

e é uma decisão da Prefeitura".

10

A resenha desta obra encontra-se no anexo C (p.44).

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Nesse sentido, não parece à toa que o estádio-arena da Copa tenha ido para

a Zona Leste, uma vez que acreditamos que é pra lá que a cidade gostaria de

crescer e acumular capital.

Em termos de zona turística, por outro lado, pouco pode ser feito no entorno

da Zona Leste pelo momento. Segundo Ascar:

"(...) a verdade é que hoje tem pouca atração turística. (...) É, a zona

leste, ela pode virar um ponto turístico na hora em que eu tiver o

estádio pronto. Mas hoje você tem alguma coisa no Tatuapé (...),

mas não é uma coisa que justifique a geração de fluxo pra aquela

região hoje".

Enfim, acaba sendo arriscado planejar qualquer empreendimento turístico na

região, sendo que o maior deles ainda está sendo construído. Ela acredita que, a

partir disso, é que será possível investir mais na área. Mas que há planos, pois será

necessário, ainda mais por conta da nova arena, um estudo e aprimoramento do

turismo na região.

Neste ponto, Sando acredita que a Zona Leste continua "fora de mão" para o

turista que o Convention foca, que ainda são mais os turistas de negócios. Como

exposto anteriormente, a Zona Leste nem entra na “zonas turísticas” estabelecidas

pelo Convention. Para esta região, ele acredita que ainda não é interessante para

esse tipo de turista, mas que, a longo prazo, não é impossível que esse cenário

venha a mudar.

Ainda sobre eventos e perfil da cidade, a diretora de turismo da SPTURIS

afirma que "(...) o perfil da cidade é um turismo de negócios e eventos. E hoje ele

ainda representa 70% do turista que vem, esse é o foco." Porém, ela destaca

também que eles vêm buscando promover a cidade com um turismo de lazer e que

isso vem trazendo bons resultados, pois é possível, mesmo o turista que veio a

negócios, também encontrar formas de lazer e permanecer mais na cidade. Há

pesquisas que constatam essa preferência por turistas de negócios, porém os dados

atuais são ainda frágeis, já que muitos turistas não são alcançados pelas pesquisas.

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Com relação ao futebol como um produto turístico, o presidente executivo do

Convention diz que o brasileiro já perdeu um pouco a essência do futebol, mas como

um produto turístico acredita ser algo ainda muito recente, porém com muito

potencial. Para fortalecer suas hipóteses, cita o exemplo do Museu do Futebol, que

apresenta um crescimento a cada ano e hoje é o segundo museu mais movimentado

da cidade, talvez a ser mais impulsionado pela Copa.

Ascar acredita que o futebol já é trabalhado um pouco como produto turístico

em função da procura por jogos na cidade. Nas CITs é normal ter uma lista dos

jogos que estão acontecendo na cidade durante a semana, pois é uma das

perguntas frequentes. Apesar de não haver dados concretos sobre esta demanda

nas centrais, Ascar diz que é possível notar um crescimento, principalmente depois

do surgimento de agências de turismo especializadas em futebol, como a Futebol

Tour e a Soccer Experience. O que a SPTURIS oferece neste segmento, é um

roteiro temático de futebol que foi feito exatamente pensando em Copa do Mundo,

relacionando o que a cidade traz sobre a história do futebol.

Em termos da exploração das novas arenas pelo turismo, Ascar acredita que

a profissionalização do futebol no Brasil é recente e há uma constante evolução,

impulsionada, inclusive, pela estrutura das novas arenas de São Paulo. Ela diz: "Mas

enfim, eu acho que um não elimina o outro. Eu acho que um faz o outro crescer

também. Acho que você cria uma profissionalização". Ou seja, essa construção de

arenas mais sofisticadas pode trazer benefícios pra cidade e pro futebol, na própria

profissionalização e melhor administração dos espaços pelos clubes. Com isso, o

turismo também acaba se beneficiando. E, para Sando, São Paulo, com essa

característica de captadora de eventos, possui um viés positivo no que se refere a

utilização e aproveitamento das arenas no pós-Copa, pois dispor de mais esse tipo

de estrutura para a realização de eventos na cidade pode ser favorável e há

mercado para isso. Em outros países que sediaram Copas, há exemplos de arenas

que fracassaram, pois não houve como manter o espaço nos anos seguintes, e esse

acaba sendo um aspecto constantemente criticado. Contudo, São Paulo parece

possuir demanda para ocupar os novos equipamentos, "desde que tenha formas de

ir e vir", explica Sando. Afinal, precisa haver uma conexão e mobilidade urbana para

permitir seu uso.

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Entrar em contato com as agências foi crucial para entendermos

principalmente essas questões do futebol sendo visto como um produto turístico,

entender se as novas arenas vão se tornar equipamentos que sejam utilizados a

favor da cidade, e não o contrário, e as principais motivações em se explorar o

segmento de turismo esportivo, além de discutir de que forma a Copa influencia no

aparecimento de novas agências e no aperfeiçoamento de equipamentos e roteiros

relacionados ao tema, como oportunizam novos negócios com o megaevento.

A Fanato Esporte Turismo foi fundada em 2009 por dois bacharéis em turismo

da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e opera

essencialmente o turismo esportivo, não somente o futebol. Atua como agência

receptiva e emissiva em São Paulo, mas também como operadora, vendendo

produtos praticamente para o Brasil todo.

Raphael Santana, diretor de marketing e vendas da agência e um dos sócios,

relatou que as principais motivações em se abrir o negócio foi a percepção de um

mercado para esse segmento do turismo esportivo, aproveitando uma oportunidade

num mercado que ele sentia que ainda não estava muito desenvolvido, mas também

não era desconhecido pelo país e pela cidade. Como ele diz, "(...) não era um

mercado desenvolvido e saturado, mas também não era um mercado totalmente

estranho e inexplorado. Então foi bem na medida certa, assim, pra gente". Enfim,

notamos que o surgimento da empresa aproveitou a ausência de oferta

especializada para o segmento de turismo esportivo.

A agência possui um caráter mais emissivo, ou seja, trabalham mais com

produtos internacionais e, conforme Santana, foi uma questão de predileção, mas

também de experiências negativas com turismo receptivo em São Paulo, além dos

resultados de pesquisas intensas de mercado que foram realizadas para alinhar

mercado e produto. A agência explora muito pouco o segmento receptivo em São

Paulo e não é um mercado prioritário para a Fanato. O sócio acredita que no Brasil,

em geral, ainda é bem difícil trabalhar o futebol e o esporte porque ainda falta

aprimoramento na gestão. Ele cita que o futebol nunca deixou de ser um negócio

para a cidade e para o país, mas ainda falta muita profissionalização. Contudo,

Santana acredita que o fato do futebol ser um negócio não anula o outro lado do

entretenimento, do lazer e da paixão dos torcedores.

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Pensando nessas deficiências na gestão do turismo receptivo em São Paulo,

há uma questão também pontuada por Fernanda Ascar, onde as agências de

receptivo agem muito isoladamente e não possuem um “padrão de qualidade” e

ainda há uma dificuldade de operação. Ascar comenta que já há uma Associação

das Operadoras de Receptivo de São Paulo (ARESP), criada em 2009, porém até

hoje ela não conseguiu se fortalecer. É por esse motivo também que é relevante

questionar se há uma demanda para este segmento do turismo, vinculado com a

ideia da visitação em estádios modernos. Acredita-se que o futuro das novas arenas

esteja também atrelado ao turismo receptivo de São Paulo e poderia ser uma forma

de motivar essas agências a melhorar seus serviços, por meio destes novos

equipamentos da cidade que podem se tornar possíveis espaços para visitação,

para lazer ou eventos.

Raphael Fanato diz que, entre os produtos da agência, o futebol é um dos

que mais se destaca e é possível perceber um aumento a cada ano, principalmente

em função do futebol europeu. Santana entende que isso seja decorrente do

crescimento da empresa e, sem dúvida, da projeção de mídia que o futebol europeu

alcançou nos últimos anos, onde muitos jogos são televisionados para atingir a

massa. Isso torna o produto deles mais conhecido e gera uma procura maior. Tendo

conhecimento desta procura pelo futebol europeu e pela visitação em estádios

modernos, entendemos que há uma demanda em São Paulo que poderá,

inicialmente, atender às agências de receptivo aqui em explorar o novo estádio e

outros que também buscam melhorias na estrutura. Já podemos enxergar um pouco

mais essa demanda quando ouvimos que o Museu do Futebol, por exemplo, é o

segundo mais visitado da cidade, somente atrás do Museu da Língua Portuguesa.11

Questionado sobre a Copa, Raphael Santana explicou que o surgimento do

seu empreendimento não tem relação com o anúncio da Copa do Mundo no Brasil,

pois a ideia era anterior e a Copa não é o foco da agência, mas ele entende que

atualmente as relações são inevitáveis, inclusive dos clientes que os procuram e

questionam sobre roteiros ou pacotes relacionados com o evento.

11

Informação retirada do Portal do Governo do Estado de São Paulo. Folha de São Paulo. Museu do Futebol é o segundo mais visitado da cidade. Disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenaimprensa.php?id=201307&q=Museu+do+Futebol+%E9+o+segundo+mais+visitado+da+cidade>. Acesso em: ago. 2013.

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O público, por sua vez, é bem variado, porém é mais elitizado. "É uma coisa

até interessante. O futebol é o esporte mais popular, mas pros nossos produtos o

futebol acaba sendo um produto mais elitizado sim", diz Raphael. Os preços dos

pacotes, que são personalizados, acabam sendo mais caros. Santana explica que

trabalhar com os produtos personalizados é mais um dos motivos pelos quais os

megaeventos não fazem parte dos seus produtos, pois "tudo é muito congelado".

O que podemos dizer que muda com a Copa e pode ser algo interessante

para essas agências, é o fato do futebol como um todo estar em evidência na mídia,

todos estarem acompanhando os times e os jogadores, as seleções. "Talvez se não

fosse o fato de ter a Copa aqui, não estariam falando tanto disso. Então talvez isso

pra gente seja interessante", afirma Raphael Santana.

Outra agência é a Futebol Tour, que surgiu em 2008, com um caráter,

diferente da Fanato, mais voltado para o fluxo receptivo. Uma empresa também

voltada para o segmento esportivo, porém focado essencialmente no futebol e nos

jogos nacionais. Hoje em dia já possui filiais em Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio

de Janeiro, que surgiram para atender diretamente os times principais desses

estados.

Caio Buchalla, ex-diretor da Futebol Tour, falou um pouco sobre os principais

motivos em abrir um empreendimento como esse e explicou que o foco, na época,

não foi nem pensando em Copa do Mundo e sim pelo gosto pelo esporte e

principalmente por uma carência grande no mercado e da dificuldade em ter um

pacote que pudesse abranger tudo o que as pessoas precisassem, pessoas que

viessem de outros estados ou países. Da mesma forma que Raphael Santana disse,

Caio também concorda que ainda falta profissionalização no país.

Buchalla acredita que o futebol virou um negócio no sentido de que mudou

um pouco até o público. Ele se torna mais elitizado uma vez que os ingressos

aumentam de valor para recuperar o capital investido em infraestrutura e segurança,

por exemplo. E a Copa, por sua vez, foi um motivo que fez com que os estádios

surgissem. "(...) eu enxergo alguns deles como um tiro no pé", diz o ex-diretor da

agência. Citando o exemplo da nova arena na Zona Leste, ele acredita que o custo

para manter um estádio, o público mais elitizado decorrente de ingressos vendidos a

preços altos e a mobilidade da região ainda não são favoráveis. Realmente,

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trabalhando com todas essas variáveis, fica difícil pensar na sustentação da arena

por muitos anos, apenas pensando em jogos.

Pensando, por outro lado, em como a Copa do Mundo de 2014 pode ampliar

possibilidades de mercado destas operadoras, podemos ter como base também o

artigo “Futebol, um negócio que move paixões” do ex-ministro do esporte, Orlando

Silva. No artigo, ele diz que as previsões eram que o turismo geraria na Copa, cerca

de R$ 9,4 bilhões, movimentado pelos 600 mil turistas estrangeiros e 3,1 milhões de

brasileiros que vão circular pelo país para assistir aos jogos. Pensando no segmento

de turismo esportivo que essas agências propuseram ao mercado, e demais que

estão incorporando o futebol e outros esportes como atrativo, podemos dizer que a

Copa pode ser um fator importante na divulgação e ampliação dos serviços, assim

como incentivo para o surgimento de novos empreendimentos. Porém, parece que

quem souber aproveitar as oportunidades e se organizar para também acompanhar

as melhorias na gestão, são esses empreendimentos que vão se beneficiar com o

megaevento.

Novamente, o público da agência Futebol Tour também é mais elitizado,

porque muitos pacotes envolvem passagem aérea, hotel, transfer, entre outros

serviços. Por isso, Buchalla afirma que, por conta disso, "não é uma coisa fácil de se

vender pra todo torcedor".

Por focar no receptivo e nos jogos nacionais, Caio explica que o turismo

esportivo é muito sazonal e depende muito da fase que o clube vive para vender.

Então é sempre preciso fazer diversos estudos de tabela para entender a dinâmica

dos jogos, saber ver quais são importantes e que vão vender e sempre realizar

simulações. Ele diz que, por ser algo muito dinâmico, e onde vários jogos ocorrem

ao mesmo tempo, tudo deve ser visto com antecedência e que, algumas vezes,

infelizmente há falhas.

Questionado se a Copa do Mundo influencia alguns produtos da agência,

Buchalla diz que o megaevento é apartado de todos os outros eventos esportivos,

pois o principal produto que poderia gerar demanda é o ingresso, que é

comercializado exclusivamente pela FIFA. "(...) a Copa em si é muito difícil de se

trabalhar por isso, porque você fica com a mão amarrada", diz Caio. Outros serviços,

como deslocamentos, podem ser comercializados para as pessoas que estarão nas

cidades para os jogos, porém o planejamento antecipado é complicado, sem saber a

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origem dos visitantes ou os jogos que irão ocorrer na cidade, por exemplo.

Entendemos que há pouco o que se planejar quando muitas coisas ainda

estão sem definição, sobretudo o Sorteio dos jogos.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois das leituras, discussões, análise dos dados levantados e das

entrevistas realizadas, podemos concluir que, para o setor de turismo em São Paulo,

a Copa do Mundo significa somente mais um evento no já repleto calendário da

cidade. Percebeu-se que os órgãos públicos e privados relacionados ao turismo,

assim como as agências voltadas ao segmento do futebol, não demonstram grandes

investimentos para o aproveitamento deste megaevento.

É notável a preocupação e a evidência do megaevento na mídia, entretanto,

nota-se que se trata de um evento muito engessado, se assim podemos dizer, onde

tudo parece estar nos moldes impostos pela grandes empresas envolvidas com a

organização do evento como um todo. A Match Services, por exemplo, empresa do

Reino Unido com sede na Suíça, é a fornecedora oficial de ingressos e acomodação

da FIFA, que detém exclusividade na comercialização destes produtos. A empresa

domina este segmento por meio de uma estrutura já predefinida pela FIFA e, em

consequência disso, dificulta a entrada de novos agentes no mercado. Empresas

menores que teriam uma chance de se destacar ou promover outros serviços para

atender ao público da Copa do Mundo em 2014, tem pouca margem para trabalhar

diante dos pacotes fechados oferecidos pela agência oficial da FIFA. Ou seja,

parece que não há muitas oportunidades de crescimento e desenvolvimento do

turismo partindo deste ponto de vista. Por um outro lado, a projeção midiática que tal

evento pode trazer pode permitir a conquista de novos visitantes.

Entendemos que, para o setor turístico, as mudanças e melhorias poderão

ocorrer mais a longo prazo, tendo na Copa a motivação e a sensibilização geral para

tornar a cidade mais receptiva.

Ao longo da pesquisa, essa ideia foi sendo fortalecida por meio das

entrevistas com as agências do segmento de turismo esportivo, que acreditamos

que seriam empresas em potencial diante deste evento, mas também a partir das

entrevistas com órgãos públicos e do terceiro setor, como a SPTURIS e o

Convention & Visitors Bureau, que declararam que, para São Paulo, a Copa do

Mundo acaba tendo menor relevância do que para outras cidades, diante de tantos

outros eventos que já acontecem na cidade o tempo todo, superando muitas vezes,

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o público estimado para a Copa. Tendo como base o Painel de Monitoramento dos

Eventos de São Paulo (PAMESP)12, a 2a edição de 2013 (abril, maio e junho) nos

mostra, por exemplo, como alguns eventos podem até superar o público da Copa. A

Feira APAS (Associação Paulista de Supermercados) atingiu um número de 75.000,

além da SP Indy 300 com 60.000 no mesmo mês e da Adventure Sports com

45.000, sendo que esses eventos estavam ocorrendo praticamente ao mesmo

tempo em regiões diferentes da cidade. Fora isso, podemos elencar diversos

eventos voltados para a área da saúde, como a Hospitalar 2013, que atingiu cerca

de 92.000 pessoas no total do evento ocorrido também em maio deste ano. Além

disso, a cidade também realiza nesse período a Virada Cultural, um evento que

movimenta cerca de 4 milhões de pessoas. O que se comprova mais ainda é como a

Copa do Mundo pode ser só mais um megaevento, dentre muitos que já ocorrem na

cidade.

A cidade se destaca pelo movimento dos eventos que acontecem todos os

dias. Na pesquisa vimos uma mudança desse calendário, pois a divulgação se

tornou mais importante, e os pequenos eventos relacionados com Copa do Mundo

ou futebol são uma realidade, por outro lado, muitos eventos podem deixar de

acontecer no período da Copa. Mas o setor de eventos pode ainda aproveitar-se das

melhorias feitas para o megaevento, para ampliar sua captação. Porém, o que seria

uma melhoria que o turismo poderia se beneficiar? Na entrevista, Toni Sando

destaca a infraestrutura aeroportuária como principal que poderia influenciar

positivamente a atividade turística, sendo que a Copa acelerou seu processo de

ampliação.

E o futebol, onde fica? São Paulo possui uma vantagem histórica no futebol e,

por isso, a construção das novas arenas poderá ser melhor aproveitada. Mas não

podemos esquecer dos custos que geram esses novos estádios e seu futuro incerto.

Não se pode esquecer de mencionar que, ao escolher a Zona Leste para a

construção da nova arena, todo seu entorno será afetado e essa decisão aponta pra

onde a cidade deve crescer, indo muito além do futebol. Discute-se bastante a

questão de novas centralidades na cidade e acredita-se que Itaquera e Zona Leste

como um todo está inserida neste contexto, onde a Copa do Mundo serve para atrair

12

O Painel de Monitoramento de São Paulo pode ser encontrado no website do Convention & Visitors Bureau. Disponível em: <http://www.visitesaopaulo.com/deps/comunicacao/download/AF_PAMESP-2-TRI-2013.pdf>. Acesso em: jul. 2013.

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capital para uma região que pretende ser um novo vetor de desenvolvimento da

cidade, em termos de investimento e movimentação econômica. É de se pensar que

essa ideia de reorganização urbana é bem mais complexa e envolve muita política.

As discussões pouco profundas que às vezes circundam esta problemática, nem

sempre são suficientes para responder à questão sobre por que construir uma nova

arena nesta região.

Quanto ao "produto futebol", com a pesquisa, percebemos que é um produto

com potencial, mas que já não é mais tão popular, devido às mudanças no cenário

mundial e na infraestrutura dos estádios, agora arenas multiuso. Parece inevitável

uma elitização do público, evidenciada pelo perfil do público das agências de futebol

que surgiram no mercado. Entretanto, apesar da Copa do Mundo ser um dos fatores

que motiva a melhora dos equipamentos, por exemplo, parece que essa é uma

mudança que já vem ocorrendo independentemente do evento, talvez por ele

apenas acelerada. É um fato que questões de segurança e acessibilidade no cenário

do futebol no Brasil já tem se alterado e que, por consequência, a arte de torcer e ir

ao estádio vai mudando.

Segundo a pesquisa “Brasil, a bola da vez - negócios e investimentos a

caminho dos megaeventos esportivos”, produzida pela empresa de consultoria

Deloitte com o apoio do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), o tal

“legado” provém também de resultados não esportivos, mas também atingem vários

setores, como social, político, ambiental e econômico, por exemplo. Sediar grandes

eventos pode significar uma oportunidade para o desenvolvimento urbano, ao

mesmo tempo em que, sem o planejamento adequado, a situação pode se tornar

desfavorável, levando em consideração que “não há espaço para improvisos, pois

podem resultar em gastos adicionais altíssimos para as cidades corrigirem erros

ocorridos e prazos ultrapassados” (Deloitte, 2010:6). Partindo deste princípio,

questiona-se atualmente se o Brasil, e especificamente São Paulo, obterá êxito no

que se refere a planejamento urbano, tendo em vista a proximidade da Copa do

Mundo de futebol e projetos ainda não finalizados ou nem iniciados para o evento.

Por outro lado, parece que a empreitada de definir a Zona Leste como novo polo de

desenvolvimento teve sucesso com a Copa.

Como reflexão final, podemos entender que, para o setor de turismo, a Copa

do Mundo não é um evento que crie grandes oportunidades em São Paulo. O legado

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para o turismo não parece ser muito importante, uma vez que não existem verbas

significativas para investimentos no setor e os planejamentos para a atividade

turística, como reestruturação de atrativos na cidade, também não são concretos,

principalmente planos relacionados à Zona Leste, que ainda não é interessante para

o setor. Com relação à nova arena, ainda não há planos sendo divulgados para um

aproveitamento do espaço no futuro, com uma política de atividades de lazer,

sociais, shows e outros eventos. Com tudo isso, o evento parece muito envolto da

projeção midiática que irá proporcionar para a cidade de São Paulo, e o legado para

o turismo depende de oportunizar esse momento, sendo que fica subjetivo afirmar

atualmente sua dimensão e se será positivo ou não e/ou quem se beneficiará no

âmbito do turismo.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- ARANTES, Otília Beatriz Fiori. Berlim e Barcelona: duas imagens estratégicas.

São Paulo: Annablume, 2012. 164 p.

- Deloitte Touche Tohmatsu e Instituto Brasileiro de Relações com Investidores

(IBRI). Brasil, bola da vez: negócios e investimentos a caminho dos megaeventos

esportivos. 2010. Disponível em: <http://www.deloitte.com/assets/Dcom-

Brazil/Local%20Assets/Documents/Estudos%20e%20pesquisas/Pesquisa%20Brasil

%20bola%20da%20vez%20-%20Deloitte%20e%20IBRI.PDF>. Acesso em: out.

2012.

- Folha de São Paulo. In Portal do Governo do Estado de São Paulo. Museu do

Futebol é o segundo mais visitado da cidade. Disponível em:

<http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lenaimprensa.php?id=201307&q=Museu+

do+Futebol+%E9+o+segundo+mais+visitado+da+cidade>. Acesso em: ago. 2013.

- LOHMANN, Paola Bastos. Megaeventos esportivos: impactos no turismo das

cidades sedes. 2010. 133 f. Dissertação (Mestrado em Gestão Empresarial). Escola

Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Fundação Getúlio Vargas. Rio

de Janeiro, 2010.

- REIS, Arianne Carvalhedo. Megaeventos e turismo: uma breve revisão. In.

RODRIGUES, Rejane Penna et al. Legados de megaeventos esportivos. Brasília:

Ministério do Esporte, 2008.

- RUBIO, Katia (Org.). Megaeventos esportivos, legado e responsabilidade

social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. (Coleção Psicologia do Esporte).

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- São Paulo Turismo. Disponível em: <http://www.spturis.com/v7/index.php>.

Acesso em: mar. 2013.

- SILVA, Orlando. Futebol: um negócio que move paixões. Cadernos FGV Projetos:

Futebol e Desenvolvimento Econômico-Social, Rio de Janeiro, ano 5, n.13, p.24-

29, junho 2010. Disponível em:

<http://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/794.pdf>. Acesso em: fev. 2013.

- VAINER, Carlos; ARANTES, Otília; MARICATO, Ermínia. A cidade do

pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,

2000.

- Visite São Paulo. Disponível em: <http://www.visitesaopaulo.com/>. Acesso em:

jul. 2013.

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ANEXOS

ANEXO A Eventos relacionados com megaeventos e infraestrutura da cidade de São Paulo desde 2007 [Atualizado].

Eventos da cidade de São Paulo desde 200713

Tipo de evento Quando? Onde?

CONINFRA - Congresso de Infraestrutura de transportes

Congresso Junho 2007 (1a edição)

Blue Tree Convention Ibirapuera

Brazil Promotion Feira Agosto 2007 (5a edição)

Transamérica Expo Center

Virada Esportiva Esportes Setembro 2007 (1a edição)

Diversos locais da cidade

Cityscape South America - Encontro Internacional sobre Desenvolvimento e Investimento Imobiliário no Brasil

Feira/ Congresso Dezembro 2007 (1a edição)

Centro de Convenções da AMCHAM

CONINFRA - Congresso de Infraestrutura de transportes

Congresso Junho 2008 (2a edição)

Bourbon Convention Ibirapuera

Brazil Promotion Feira Agosto 2008 (6a edição)

Transamérica Expo Center

Virada Esportiva Esportes Novembro 2008 (2a edição)

Diversos locais da cidade

Cityscape South America - Encontro Internacional sobre Desenvolvimento e Investimento Imobiliário no Brasil

Feira/ Congresso Novembro 2008 (2a edição)

Transamérica Expo Center

Encoesporte - encontro da cadeia produtiva do esporte

Esportes Janeiro 2009 (1a edição)

Museu do Futebol - Estádio do Pacaembú

Expo Mundo da Bola Feira Julho 2009 (1a edição)

Anhembi

CONINFRA - Congresso de Infraestrutura de transportes

Congresso Julho 2009 (3a edição)

Bourbon Convention Ibirapuera

Seminário de Arquitetura Esportiva

Seminário Agosto 2009 Centro Britânico Brasileiro

Brazil Promotion Feira Agosto 2009 (7a edição)

Transamérica Expo Center

Virada Esportiva Esportes Setembro 2009 (3a edição)

Diversos locais da cidade

Congresso de Gestão do Congresso Outubro 2009 USP - Universidade de

13 Informações consultadas nos sites oficiais da cidade São Paulo. Disponíveis em: <http://www.spturis.com/v7/calendarios.php>. e <http://www.visitesaopaulo.com/seu-evento.asp?eventos=semana>. Acesso em: jul. 2013.

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Esporte

(3a edição) São Paulo

Encontro de Marketing Esportivo

Congresso Novembro 2009 (7a edição)

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) - USP

Fórum Nacional - Brasil o país do esporte

Fórum Novembro 2009 (2a edição)

SESC Av. Paulista

Expo Estádio 2009

Feira Novembro 2009 (1a edição)

Expo Center Norte

World Cup Infrastructure Summit Fórum: para o desenvolvimento da infraestrutura das cidades-sede na Copa do Mundo de 2014

Fórum Dezembro 2009 (1a edição)

Tivoli São Paulo

Cityscape South America - Encontro Internacional sobre Desenvolvimento e Investimento Imobiliário no Brasil

Feira/ Congresso Dezembro 2009 (3a edição)

Centro Fecomercio de Eventos

Seminário Internacional de Futebol - Copa do Mundo no Brasil 2014

Seminário Fevereiro 2010 Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

Encontro Brasil-Reino Unido: troca de experiências -Olimpíadas e Copa do Mundo

Seminário Março 2010 Auditório do Centro Brasileiro Britânico

Ice Sports - Conferência Internacional de Gestão e Marketing Esportivo

Conferência Março 2010 WTC Convention Center

Café da manhã - megaeventos esportivos - e o turismo com isso?

Seminário Abril 2010 Centro Brasileiro Britânico

Futebol Universo

Feira Abril 2010 Pavilhão da Bienal - Parque do Ibirapuera

Simpósio de Estudos sobre o Futebol

Simpósio Maio 2010 (1a edição)

Museu do Futebol

Brazil World Cup Transportation Congress 2010

Congresso Agosto 2010 Hotel Meliá Jardim Europa

CONINFRA - Congresso de Infraestrutura de transportes

Feira/ Congresso Agosto 2010 (4a edição)

Bourbon Convention Ibirapuera

Seminário Internacional de Arquitetura Esportiva

Seminário Agosto 2010 (1a edição)

Centro Britânico Brasileiro

Encontro de Colecionadores de Camisas de Futebol

Feira Agosto 2010 (1a edição)

Museu do Futebol

Brazil Promotion Feira Agosto 2010 Transamérica Expo

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(8a edição) Center

World Cup Infrastructure Summit Fórum 2

Congresso Setembro 2010 (2a edição)

Blue Tree Towers Morumbi

Encontro de Gestão da Informação e do Conhecimento em Acervos Esportivos no Estado de São Paulo

Congresso Setembro 2010 (3a edição)

Auditório Francisco Romeu Landi da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP

Café da manhã - capacitação de profissionais do setor de turismo

Seminário Outubro 2010 Centro Brasileiro Britânico

II Seminário São Paulo de braços abertos para a Copa de 2014

Seminário Novembro 2010 Centro Fecomercio de Eventos

Cityscape South America - Encontro Internacional sobre Desenvolvimento e Investimento Imobiliário no Brasil

Congresso Novembro 2010 (4a edição)

AMCHAM - Câmara Americana de Comércio

Virada Esportiva Esportes Novembro 2010 (4a edição)

Diversos locais da cidade

Fórum Nacional "Brasil: o país do esporte" - 2º Seminário Nacional de Incentivo e Fomento ao Esporte

Fórum/ Seminário Dezembro 2010 (3a edição)

Auditório Sesc-Consolação

Seminário "Mobilidade e Transportes Sustentáveis - soluções inovadoras para a cidade e os desafios dos sistemas de transporte de passageiros de alta e média capacidade na cidade de São Paulo"

Seminário Março 2011 Auditório do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo

SP Infraestrutura Feira de produtos e serviços para obras de infraestrutura

Feira Março 2011 Pavilhão de Exposições do Anhembi

Brazil Road Expo - feira internacional de tecnologia em pavimentação e infraestrutura viária e rodoviária

Feira Abril 2011 (1a edição)

Expo Center Norte

Airport Infra Expo

Feira Abril 2011 Aeroporto de Congonhas

Conference Rail and Metro Latin América

Congresso Maio 2011 Sheraton São Paulo WTC Hotel

II Conferência de Transportes - nacional & internacional

Congresso Maio 2011 (2a edição)

CENESP - Centro Empresarial de São Paulo

Fórum de Marketing Esportivo

Fórum Maio 2011 Museu do Futebol

Brazil World Cup Congresso Julho 2011 Hotel Pullman São Paulo

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Transportation Congress (2a edição) Ibirapuera

SP Habitação & Urbanismo - Congresso Internacional de Habitação e Desenvolvimento

Congresso Junho 2011 (1a edição)

Palácio das Convenções do Anhembi

Brazil Promotion

Feira Agosto 2011 (9a edição)

Transamérica Expo Center

Brazil Sports Summit

Feira Agosto 2011 Pavilhão da Bienal - Ibirapuera

CONINFRA - Congresso de Infraestrutura de transportes

Congresso Agosto 2011 (5a edição)

Bourbon Convention Ibirapuera

Construction Expo 2011 - feira internacional de soluções para obras & infraestrutura

Feira Agosto 2011 Centro de Exposições Imigrantes

Brazilian Airport Concessions Forum

Fórum Setembro 2011 Tryp Paulista

Virada Esportiva Esportes Setembro 2011 (5a edição)

Diversos locais da cidade

SIME - Seminário Internacional Memória e Esporte

Seminário Setembro 2011 (1a edição)

Esporte Clube Pinheiros

GIF Brasil - Global Infrastructure Forum Latin America 2011

Feira/ Congresso Setembro 2011 Centro de Exposição Imigrantes

Seminário "O Setor Imobiliário-turístico Brasileiro - cases de sucesso

Seminário Outubro 2011 Sede do Secovi - Sindicato da Habitação

III Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte: a psicologia no processo de formação do atleta

Congresso Novembro 2011 (3a edição)

Escola de Educação Física - USP

Expo Estádio Expo parking Expo urbano Expo esporte Expo airport Transpoquip Latin America

Feira Novembro 2011 Expo Center Norte - Pavilhão Azul

Fórum nacional - "Brasil, o país do esporte"

Congresso Dezembro 2011 SESC Consolação

Fórum Nacional de Debates de Investimentos em Infraestrutura

Fórum Janeiro 2012 WTC Convention Center

Seminário Copa 2014: oportunidades e desafios para sua empresa

Seminário Fevereiro 2012 Paulista Wall Street

RM Now! - workshop de como aplicar as estratégias RM e de distribuição em seu hotel.

Workshop Março 2012 (1a edição)

Hotel Typ Itaim

Conferência Mega Pontes Conferência Março 2012 Golden Tulip Paulista

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- construção, revitalização e manutenção de pontes e viadutos

Plaza

CONINFRA - Congresso de Infraestrutura de transportes

Feira/ Congresso Abril 2012 (6a edição)

Expo Center Norte

Encontro sobre projeto, planejamento e gestão de obras

Seminário Abril 2012 Milenium Centro de Convenções

Encontro de Gestão da Informação e do Conhecimento em Acervos Esportivos no Estado de São Paulo

Congresso Abril 2012 (5a edição)

Auditório Prestes Maia - Câmara Municipal de São Paulo

Brazil Road Expo - feira internacional de tecnologia em pavimentação e infraestrutura viária e rodoviária

Feira Abril 2012 (2a edição)

Expo Center Norte

Airport Infra Expo Feira Abril 2012 (2a edição)

Transamérica Expo Center

Seminário Nacional de Mobilidade Urbana

Seminário Maio 2012 (2a edição)

Centro Universitário SENAC - Campus Santo Amaro

Conferência Desenvolvimento Ferroviário Brasileiro

Conferencia Maio 2012 Mercure Grand Hotel Parque do Ibirapuera

Seminário Copa For All Seminário Junho 2012 Espaço Cultural Vivo

Virada Esportiva Esportes Junho 2012 (6a edição)

Diversos locais da cidade

III Conferência de Transportes - nacional & internacional

Conferência Junho 2012 (3a edição)

CENESP - Centro Empresarial de São Paulo

Brazil Sports Show 2012

Feira Julho 2012 Pavilhão da Bienal - Ibirapuera

Brazil Promotion

Feira Agosto 2012 (10a edição)

Transamérica Expo Center

Aeroinvest 2012 - Fórum Internacional de Investidores em Infraestrutura Aeroportuária

Fórum Agosto 2012 (2a edição)

Mercure Grand Hotel Sao Paulo Parque do Ibirapuera

Encontro Nacional de Tecnologia Metroferroviária

Congresso Agosto 2012 (2a edição)

Escola Politécnica - Auditório

FNE - Fórum Nacional do Esporte

Fórum Setembro 2012 (2a edição)

Sheraton São Paulo WTC Hotel

Expo Estádio 2012 Expo parking Expo urbano Expo esporte Expo airport Transpoquip Latin America

Feira Novembro 2012 (4a edição)

Expo Center Norte

EIGEE - Encontro Congresso Novembro 2012 UNINOVE - Campus

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Internacional de Gestão do Esporte e do Entretenimento

(1a edição) Memorial

Seminário Nacional de Fomento e Incentivo ao Esporte

Seminário Dezembro 2012 (6a edição)

Sheraton São Paulo WTC Hotel

Brasil na Rota dos Megaeventos

Congresso/ Seminário

Dezembro 2012 Universidade Belas Artes

Brazil road expo Evento internacional de tecnologia em pavimentação e infraestrutura viária e rodoviária

Feira Março 2013 (3a edição)

Transamerica Expo Center

Fórum nacional "Brasil o país do esporte"

Fórum Abril 2013 (5a edição)

Intercontinenal São Paulo

Brtour Curso de produção de eventos esportivos

Curso Maio 2013 Estúdios da pinnacle broadcast

Traffic Feira internacional de tecnologia viária e equipamentos para rodovias

Feira Maio 2013 (7a edição)

Centro de exposições imigrantes

Latin american airport commercial aviation seminar & exhibition

Feira Maio 2013 (3a edição)

Transamerica Expo Center

Conferência de transportes nacional & internacional

Conferência Junho 2013 (4a edição)

Hotel Caesar Business São Paulo Paulista

Seminário de aeroportos brasileiros

Seminário Junho 2013 (1a edição)

Centro Fecomércio de eventos

Simpósio internacional sobre políticas para o esporte de alto rendimento no contexto internacional

Simpósio Junho 2013 Universidade de São Paulo - Escola de Educação Física e Esporte

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ANEXO B

Resenha: VAINER, Carlos; ARANTES, Otília; MARICATO, Ermínia. A cidade do

pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2000.

Nesta obra, os autores dão um panorama de como a Cidade é entendida no

mundo de hoje e como ela é vista pelos seus diversos atores que estão nela. A ideia

de desmanchar consensos é tentar entender as grandes cidades fabricadas hoje em

dia, que lutam com o objetivo de acumular capital e enriquecer.

Arantes, em "Uma estratégia fatal: a cultura nas novas gestões urbanas",

explicita o contexto americanizado das cidades, como nos Estados Unidos, as

cidades passaram a ser “máquinas de produzir riquezas”, e de como a ideia do

planejamento e empreendimento se fundiram de tal forma que se confundem. A

cultura, por si só, já não vale muito, e passou a ser comercializada. Fazendo um

panorama com a pesquisa aqui desenvolvida, podemos entender que o Futebol

assume outro sentido quando os atores que o movem envolvem-se em um

megaevento como a Copa do Mundo. Assim dizendo, a cultura passa a ser

essencial, nos moldes de classes e interesses do capital. Por essas considerações,

o “fazer a cidade” e torná-la única parece algo distorcido, uma vez que as cidades

globais de hoje são todas muito parecidas, pois são movidas por um mesmo

conceito de “globalização” e massificação, maquiada pela valorização patrimonial e

cultural.

No caso dos países subdesenvolvidos e o crescimento de grandes polos

industriais e mercadológicos, se tem a impressão da “modernização sem

desenvolvimento, isto é, sem homogeneização social”, diz Arantes. Podemos

entender que, em um universo tão heterogêneo socialmente, as mudanças e a

chamada “requalificação” é articulada para determinadas centralidades de interesse

das cidades, o que resulta em uma cidade com duas velocidades, conclui a autora.

Vainer, na mesma obra, discute a questão das cidades se tornarem polos

onde são valorizadas a produtividade e competitividade no tal “planejamento

estratégico”. A problemática da competitividade urbana passou a ser central, e o que

o autor quer nos comprovar ao longo da obra, é como o discurso do planejamento

estratégico está envolto de três analogias: a cidade- mercadoria, a cidade-empresa

e a cidade-pátria.

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Uma cidade-mercadoria, pois a cidade acaba sendo uma mercadoria a ser

vendida e, desta forma, o marketing urbano, passa a ser uma vertente cada vez

mais imposta neste contexto. E esse city-marketing varia conforme os interesses dos

compradores. Por exemplo, fazendo um paralelo com pesquisa, a cidade de São

Paulo está sendo comercializada de acordo com os interesses das maiores

multinacionais e empresários que estão envolvidos com a Copa do Mundo de 2014,

de uma forma que tudo parece perder seu real valor na grande cidade.

Juntamente com esta analogia, vem também a cidade-empresa, que

podemos pensar que é o fato das cidades competirem (como empresas) para se

manterem, atraindo mais investimentos e tecnologia, em uma corrida avassaladora

pelo poder. A cidade-pátria, por sua vez, seria a necessidade de um consenso de

unificação, tanto dos civis, como de seus governantes, para com o projeto

estratégico. Para isso, o governo local passa a promover internamente a cidade, de

modo a despertar o “patriotismo cívico” na população.

Esses conceitos, juntamente com as análises da pesquisa, nos fazem pensar

que essas analogias feitas das cidades, são como se fossem preços que elas

pagam para disputar o privilégio de ser sede, por exemplo, de uma Copa do Mundo.

Mas será que com isso não se perde o conceito de cidadania e política da cidade?

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ANEXO C Resenha: RUBIO, Katia (Org.). Megaeventos esportivos, legado e responsabilidade

social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. (Coleção Psicologia do Esporte).

Esta obra de Katia Rubio reúne diversos autores para discutir múltiplas

dimensões dos megaeventos e seus legados, partindo principalmente da experiência

dos Jogos Pan Americanos do Rio de Janeiro em 2007.

Temos a oportunidade de discutir os custos materiais e sociais do processo

de candidatura e realização de um megaevento esportivo na atualidade. Isso porque

no princípio do século passado o poder público era inteiramente responsável pela

candidatura e realização do evento. No presente, desde o momento em que a

cidade se candidata e apresenta seu projeto ela necessita criar uma infraestrutura

para viabilizar, no princípio, uma ideia, em seguida afirmar sua especificidade e, por

fim, viabilizar sua capacidade. Muitos são os processos que uma cidade passa para

ser aprovada e discute-se bastante quais os reais interesses dentro desse processo

de candidatura.

A questão social é bastante discutida, partindo da hipótese de que, nos

últimos dez anos, mais países subdesenvolvidos vem se candidatando para sediar

grandes eventos. Dessa forma, “o legado social de um megaevento, as mudanças, e

os riscos inerentes para uma cidade devem ser considerados”. Juntamente com

essa análise do legado social, ressalta-se a questão da imagem da cidade e como a

projeção midiática pode ser imprevisível quando falamos em megaeventos. A

imagem pode ser positiva, onde os políticos, as empresas patrocinadoras e os

organizadores oficiais podem “ganhar glória refletida”. Entretanto, a exposição é

global e muitas vezes os efeitos não podem ser controlados pelos organizadores.

O turismo é um setor que reflete e está interligado com diversos outros

setores da cidade, não podendo ser analisado isoladamente. Assim como o legado

social, é arriscado prever o legado para o turismo, baseado em experiências e

práticas passadas, dada a complexidade dos megaeventos esportivos.

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