RELATÓRIO FINAL - MADALENA SERRA (2014317)

Mestrado Integrado em Medicina (MIM)

NOVA Medical School | Universidade Nova de Lisboa Ano letivo: 2019/2020

RELATÓRIO FINAL

ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE 6º ANO

MADALENA MARIA SANTOS LOURENÇO SABINO SERRA

Nº 2014317

REGENTE: Prof. Doutor Rui Maio ORIENTADORA: Dra. Paula Kjollerstrom

MADALENA SERRA | ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE – RELATÓRIO FINAL | JUNHO 2020 2

ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO…………………………………….................................………………...página 3

2. OBJETIVOS…………………………………….................................……………….........página 3

3. ESTÁGIOS PARCELARES

MEDICINA INTERNA……………….........................................................................página 4

CIRURGIA GERAL…………………………………….....................................................…página 4

MEDICINA GERAL E FAMILIAR………..................................…………………............página 5

PEDIATRIA ……................................................................................…........…....página 6

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA ………………….................................………............página 7

SAÚDE MENTAL ………………………..............................................................……...página 7

4. ELEMENTOS VALORATIVOS……………………….................................….…..página 8

5. REFLEXÃO CRÍTICA ………………...............………...............................…...…..página 8

6. ANEXOS ANEXO 1 – Cronograma do ano letivo 2019/2020.......................…….............página 11

ANEXO 2 – Trabalhos realizados durante o Estágio Profissionalizante..........página 12

ANEXO 3 – Programa de Mobilidade..........................................…….............página 13

ANEXO 4 – Missões Universitárias FCM-NMS – Missão País.......…….............página 14

ANEXO 5 – Workshop Musicoterapia..........................................…….............página 15

ANEXO 6 – Workshop MedPlus – A Arte na Medicina.......................…….......página 16

ANEXO 7 – Workshop Medicinas Alternativas.............................…….............página 17


1. INTRODUÇÃO O 6º ano do MIM representa o resultado de toda a formação médica cujo principal objetivo é ajudar o

estudante na aquisição de competências tanto teóricas e práticas associadas a valores morais e valências de

interação interpessoal e estimular o desenvolvimento de um raciocínio crítico e sistematizado, essencial a

uma carreira médica.

No último ano do MIM da Nova Medical School, a Unidade Curricular de maior relevância é o Estágio

Profissionalizante, regida pelo Prof. Doutor Rui Maio, constituída por seis estágios parcelares que decorrem

ao longo de trinta e duas semanas, sendo estes: Medicina Interna, Cirurgia Geral, Medicina Geral e Familiar,

Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia e Saúde Mental.

O presente relatório visa apresentar as atividades realizadas ao longo deste ano, encontrando-se dividido em

cinco partes: uma nota introdutória, os objetivos do Estágio Profissionalizante, uma breve descrição das

atividades desenvolvidas no âmbito de cada estágio parcelar, uma síntese de elementos valorativos por mim

desenvolvidos ao longo do curso, assim como uma reflexão crítica final.

2. OBJETIVOS Como objetivos transversais aos diversos estágios parcelares, estabeleci os seguintes: consolidação de

conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo de todo o curso com progressiva capacidade de

autonomização; desenvolvimento de um raciocínio clínico organizado e sistemático; adoção de

comportamentos profissionais e capacidades de comunicação e relacionamento interpessoal; capacidade de

“perceção da globalidade do ser humano doente, na sua dimensão pessoal, física, espiritual e familiar”1 e,

finalmente, aquisição de competências necessárias ao trabalho em equipa.

1 VICTORINO, RM, et al. “O Licenciado Médico em Portugal”. Faculdade de Medicina de Lisboa, 2005.


3. ESTÁGIOS PARCELARES MEDICINA INTERNA (09/09/2019 – 31/10/2019) O estágio parcelar de Medicina Interna que realizei durante 8 semanas no Serviço de Medicina – Unidade

Funcional IV do Hospital São Francisco Xavier sob a tutoria da Dra Ana Lynce foi, definitivamente, o estágio

mais profissionalizante de todos os que realizei. Inicialmente, estabeleci como objetivos a atingir a maior

autonomia e responsabilidade em todas as atividades que viria a realizar, tendo sempre em vista o

desenvolvimento de um raciocínio clínico organizado e dirigido, assim como integrar os doentes nas várias

decisões, tendo o cuidado de transmitir a informação clínica tanto aos doentes como aos seus familiares e

mostrar-me disponível para os acompanhar. Pelos diversos motivos enumerados, este estágio revelou-se

muito desafiante e obrigou-me a explorar inúmeras valências.

A enfermaria foi especialmente exigente, tendo sido aí que acompanhei autonomamente dois a três doentes

por dia, avaliando sistematicamente cada um, escrevendo os respetivos diários clínicos, discutindo os exames

complementares de diagnóstico assim como possíveis ajustes terapêuticos. As reuniões de serviço que

decorreram no início de duas manhãs por semana permitiram que todos os doentes internados nas diversas

enfermarias fossem discutidos em conjunto pelas diferentes equipas médicas, de forma a promover a

prestação de um cuidado multidisciplinar a cada doente.

Uma temática que considero fundamental enquanto futura médica é o contacto e a familiarização com o fim

da vida. A passagem pela enfermaria de medicina interna permitiu-me contactar de perto com este tema,

desde o contacto com familiares do doente até à escrita da declaração de óbito do doente.

A passagem pelo serviço de urgência foi também relevante na medida em que pude observar a forma como

a estruturação de algoritmos de diagnóstico realizados desde o sintoma até à patologia, de forma rápida e

eficiente, lembrando sempre os diagnósticos de maior urgência se tornam a peça-chave deste serviço.

Tanto a duração do estágio como as suas diversas vertentes foram essenciais para que conseguisse atingir os

objetivos que inicialmente estabeleci.

Importante ainda referir que assisti a diversas sessões clínicas e, numa destas, apresentei uma revisão teórica

sobre “Síndrome de Ativação Macrofágica” a propósito do tema “Diagnósticos Esquecidos”.

CIRURGIA GERAL (04/11/2019 – 10/01/2020) O estágio parcelar de Cirurgia Geral decorreu no Hospital Beatriz Ângelo sob a tutoria do Dr. João Grenho e

foi organizado em 4 momentos: uma semana de aulas teórico-práticas, seguida de uma semana no serviço

de urgência, duas semanas no serviço de Anestesiologia (estágio opcional) e, finalmente, quatro semanas no

serviço de Cirurgia Geral. Os principais objetivos que estabeleci para este estágio foram a familiarização com

os instrumentos e técnicas cirúrgicas, o aperfeiçoamento das diversas técnicas e procedimentos de pequena


cirurgia, a participação em intervenções cirúrgicas no bloco operatório e a identificação das principais

síndromes cirúrgicas. No final da primeira semana participei no curso TEAM, constituído por uma

componente teórica e uma componente prática, onde aprendi diversas técnicas de abordagem ao doente

politraumatizado, entre as quais a abordagem da via aérea, colocação de acessos vasculares ou leitura de

raio-x. Nas duas semanas do estágio opcional de Anestesiologia pude assistir à organização da sala onde iria

decorrer a cirurgia, assim como a preparação de todos os fármacos necessários para a indução e manutenção

da anestesia. Assisti a inúmeros procedimentos, acompanhando o doente desde a sua entrada na sala até ao

pós-operatório, familiarizando-me com os fármacos analgésicos utilizados neste período. Realizei ainda, de

forma autónoma, intubações endotraqueais.

A segunda metade deste estágio parcelar destacou-se, sobretudo, pela sua componente prática, na qual tive

a oportunidade de assistir a 23 procedimentos cirúrgicos, tendo participado em 12 destes como primeira ou

segunda ajudante. No último dia do estágio, participei no Mini-Congresso de Cirurgia Geral onde, em grupo,

apresentei um trabalho cujo título era “Não basta ter sorte, é preciso procurá-la”, onde foi descrito o caso

de um doente que acompanhei desde a consulta pré-cirúrgica até ao pós-operatório, e onde foi realizada

uma revisão teórica sobre adenocarcinoma do esófago.

MEDICINA GERAL E FAMILIAR (20/01/2020 – 14/02/2020) Realizei o estágio de Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Serpa, extensões de Vila Verde de

Ficalho e Santa Iria sob a supervisão do Dr. Edmundo Sá e estabeleci como objetivos o desenvolvimento de

segurança na condução de uma entrevista clínica completa, com as ferramentas necessárias para tal, de

forma a ganhar autonomia na realização da mesma; sistematizar conhecimentos sobre as patologias mais

comummente identificadas e tratadas nos Cuidados de Saúde Primários, assim como aumentar o

conhecimento sobre o correto funcionamento destes cuidados em Portugal.

Este estágio parcelar permitiu-me ter contacto com todas as faixas etárias, participando na consulta de Saúde

Infantil, Saúde Materna, Saúde do Adulto, Planeamento Familiar e consulta Aberta, o que me obrigou a

adaptar a forma de atuação de acordo com as necessidades de cada um destes grupos, assim como dirigir a

conduta, lembrando sempre a diversidade de patologias que integra cada um destes grupos.

Durante o estágio, foi-me dada a oportunidade de dirigir várias consultas autonomamente, tendo sido muito

desafiante na medida em que estas consultas constituem um contacto com os doentes mais representativo

da minha forma de atuar, pelo que representaram um ótimo exercício de autoconhecimento e

aperfeiçoamento.

Destaco ainda a participação em consultas ao domicílio, onde presenciei a prestação de cuidados médicos

diários fora do ambiente de consulta, o que promove uma relação especialmente próxima com alguns

doentes, permitindo-me explorar capacidades quer de comunicação quer de avaliação e diagnóstico, sendo

que a discussão final dos casos com o meu tutor me permitiu ganhar uma confiança e autonomia


progressivamente maiores. Para além disto, pude ainda conhecer as diversas funcionalidades do sistema

informático e aprender a realizar alguns procedimentos administrativos, como a referenciação a consultas

hospitalares, por exemplo.

Realizei um trabalho sobre os benefícios do exercício físico na dor músculo-esquelética crónica, tendo este

adaptado e publicado na edição portuguesa da revista “Post Graduate Medicine”, para consulta dos utentes

do Centro de Saúde, apresentei um trabalho de revisão sobre o SARS-CoV-2 aos profissionais de saúde do

Centro de Saúde de Serpa e participei numa aula sobre educação para a saúde a jovens do 7º ano da Escola

Secundária de Serpa.

PEDIATRIA (17/02/2020 – 13/03/2020) Realizei o estágio parcelar de Pediatria no Hospital Dona Estefânia sob a tutoria do Dr. João Farela Neves no

Serviço de Pediatria 2.2. No início deste estágio estabeleci como objetivos a sistematização das principais

síndromes pediátricas incluindo as suas principais manifestações clínicas e a sua terapêutica; praticar a

realização de um exame objetivo pediátrico completo, assim como o aperfeiçoamento das técnicas de

comunicação quer com as crianças quer com os seus pais.

Durante o estágio observei diversas consultas de Imunodeficiências Primárias, pude observar patologias que

são pouco frequentes e, sendo o Hospital Dona Estefânia um hospital de referência, pude contactar com o

vasto número de patologias e alguns quadros sintomáticos ainda sem diagnóstico. Gostava de destacar a

importância da comunicação nestes últimos casos assim com a disponibilidade para esclarecimento de

possíveis dúvidas dos pais, de forma a poder tranquilizá-los, pelo que considero que a observação destas

consultas foi uma grande mais-valia na minha aprendizagem.

Assisti ainda a consultas externas de Imunoalergologia e de HIV, sendo que nesta última me foram explicadas

as diversas abordagens terapêuticas desta patologia na criança. Para além destas, assisti ainda à consulta

externa de Pneumologia que considero particularmente interessante pela observação de diversos doentes

com síndromes raros com atingimento pulmonar/respiratório.

Todas as manhãs assisti à reunião de equipa onde eram apresentados e discutidos multidisciplinarmente

todos os doentes internados e, por diversas vezes, acompanhei o meu tutor na observação de alguns destes

doentes na enfermaria.

Participei ainda no Workshop de Urgências Médicas que considero ter sido muito útil uma vez que, através

da utilização de simuladores monitorizados, nos apresentaram diversas situações clínicas obrigando-nos a

decidir, em conjunto, qual o próximo passo quer diagnóstico quer terapêutico a ser tomado, simulando as

consequências reais de cada um. Este tipo de aprendizagem é aquela que considero mais concordante com

a experiência vivida muitas vezes no Serviço de Urgência.


Realizei, em grupo, um trabalho sobre “Um caso peculiar de alergia alimentar” onde apresentámos uma

revisão teórica breve sobre alergias alimentares na criança.

Pela situação de Pandemia a Covid-19 que vivemos em Portugal e consequente período de confinamento, o

estágio parcelar de Pediatria terminou quatro dias antes do esperado, pelo que o trabalho realizado foi

apenas entregue, não tendo sido apresentado presencial ou virtualmente.

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (16/03/2020 – 17/04/2020) O estágio parcelar de Ginecologia e Obstetrícia foi inteiramente realizado durante o confinamento exigido

pela pandemia a Covid-19. Assim, na tentativa de substituição da verdadeira experiência de um estágio

profissionalizante, foram disponibilizados Workshops lecionados pela Profa. Dra. Teresinha Simões cujos

temas eram os seguintes: cuidados pré-concecionais e gravidez normal, Parto Normal, parto anormal e

cuidados pós-parto.

Como forma de avaliação, foram compreendidos dois momentos: o primeiro consistiu na resolução, em

grupo, de três grupos de perguntas relativas aos workshops disponibilizados; o segundo, consistiu na

elaboração, também em grupo, de um trabalho sobre as “Complicações da gravidez resultantes de

tratamentos de infertilidade”, tema este distribuído aleatoriamente.

Embora tenha envolvido bastante pesquisa e, consequentemente, promovido a aprendizagem, considero

que a realização tanto dos grupos de perguntas quanto do trabalho de grupo foi insuficiente para representar

a correta abordagem das diversas patologias assim como os vários procedimentos quer diagnósticos quer

terapêuticos desta especialidade.

SAÚDE MENTAL (20/04/2020 – 15/05/2020) O estágio parcelar de Saúde Mental orientado pelo Professor Doutor Miguel Talina foi também todo ele

realizado durante o tempo de confinamento obrigatório. Ainda que se tratasse de um período excecional,

defini como objetivos iniciais para este estágio o reconhecimento e tratamento das principais síndromes

psiquiátricas assim como o aperfeiçoamento da colheita de uma história clínica completa com realização de

um exame do estado mental.

Ao longo do estágio, foram lecionados 2 seminários via Zoom sobre “Urgências psiquiátricas” e “Avaliação

do Estado Mental” e, como elementos de avaliação, foi sugerido que elaborássemos duas histórias clínicas

baseadas em entrevistas previamente gravadas e que representavam duas síndromes psiquiátricas

diferentes, assim como desenvolvêssemos seis vinhetas clínicas, cada uma constituída por três questões que

respeitassem o modelo da PNA2. Ainda que se tenha tratado de um modelo excecional, acredito que os

elementos selecionados para serem alvo de avaliação foram ótimas ferramentas, do ponto de vista da

aprendizagem, uma vez que se mostraram suficientes para alcançar vários dos objetivos propostos tanto

pela Unidade Curricular como por mim. 2 Prova Nacional de Acesso


4. ELEMENTOS VALORATIVOS Durante os seis anos de curso encontrei um enorme valor em realizar atividades que fossem complementares

à profissão médica, tanto a nível académico quanto pessoal e social, características que são, na minha

opinião, grande parte daquilo que traz o maior valor a um médico.

Destaco, assim, o 1º semestre do 5º ano do MIM, que realizei na Universidade Federal do Rio de Janeiro

através de um Programa de Mobilidade. Escolhi esta Universidade para estagiar pelo conhecimento que tinha

da grande autonomia dada aos alunos. Foi uma realidade nova que experienciei num país com condições

sociais e económicas muito diferentes daquelas que vivemos em Portugal. O hospital apresentava condições

muito precárias e foi interessante observar a forma como muitas das adversidades são ultrapassadas e como

se realiza uma Medicina mais rudimentar, onde a anamnese e o exame objetivo são, verdadeiramente, o

core do diagnóstico. Tive oportunidade de realizar diversos procedimentos e de acompanhar, em equipa, os

doentes de uma enfermaria, onde todos os dias o meu tutor se sentava à cabeceira dos doentes e os

informava dos passos diagnósticos e terapêuticos seguintes. Pude ainda conduzir diversas consultas

externas. Assim, esta experiência foi, sem dúvida, marcante e muito enriquecedora.

Ao longo dos vários anos do MIM sempre tive bastante interesse na simbiose que pode muitas vezes existir

entre a medicina e diferentes áreas, assim, assisti ao “Workshop Musicoterapia”, “Workshop Arte na

Medicina” e “Workshop Medicinas Alternativas”, promovidos pela AEFCM3, cujos certificados se encontram

em anexo.

A nível social, destaco a participação nas Missões Universitárias da Missão País durante 2 anos, que consistem

na ida de um grupo de jovens até uma aldeia, neste caso o Sardoal, onde durante uma semana se propõem

a animar e levar a fé Católica a crianças, jovens e idosos em lar. 3Associação de Estudantes da NOVA Medical School

5. REFLEXÃO CRÍTICA No final do MIM é importante refletir sobre a experiência profissionalizante do último ano, assim como o

percurso realizado ao longo de toda a formação médica.

Relativamente aos objetivos gerais do Estágio Profissionalizante, acredito que foram cumpridos e considero-

os competências essenciais a qualquer recém-licenciado em Medicina. Para o cumprimento destes objetivos

contribuí com a minha constante iniciativa, empenho e disponibilidade, no entanto, sem o cuidado dos

tutores e restantes elementos das equipas médicas pela minha aprendizagem, tal não teria sido possível.


Pensando no impacto de cada estágio parcelar, posso concluir que todos constituíram um enorme contributo

para a minha formação e desenvolvimento.

É, sem dúvida, indiscutível que cada estágio contribuiu de forma positiva para a minha formação tanto

médica quanto pessoal.

O primeiro estágio que realizei, o de Medicina Interna, de tão profissionalizante, foi o mais desafiante de

todos os estágios. Realizei este estágio com uma equipa médica que mostrou, desde o primeiro dia, o maior

interesse em integrar-me na equipa, em dar-me a conhecer a sua forma de funcionamento e a utilizar o meu

trabalho como complemento necessário para o bom desempenho da equipa, dando-me autonomia desde o

início e incentivando-me sempre a questionar todas as dúvidas, de forma a que estas pudessem ser

respondidas. O contínuo acompanhamento dos doentes assim como as reuniões de equipa no final de cada

manhã, permitiram-me ganhar confiança tanto na atuação médica quanto na interação e comunicação com

os doentes e os seus familiares, tendo uma preocupação grande em entender as suas necessidades e

preocupações.

O estágio parcelar de Cirurgia Geral foi um estágio muito completo onde, desde o início, o interesse por mim

demonstrado foi premiado com a oportunidade para ir ganhando competências na realização de diversos

procedimentos como o manuseamento de instrumentos de laparoscopia e laparotomia, realização de

suturas ou técnicas como a desinfeção das mãos ou do campo cirúrgico. Participei em diversas cirurgias, e o

acompanhamento dos doentes permitiu-me observar o processo desde a entrada do doente no bloco

operatório até ao seu acompanhamento no pós-operatório. O estágio opcional da Anestesiologia foi uma

experiência muito vasta na medida em que me permitiu familiarizar com os diversos fármacos anestésicos,

observar inúmeros procedimentos e, acima de tudo, me mostrou qual a forma de abordar corretamente um

doente no momento exatamente antes de este ser intervencionado cirurgicamente, revendo todos os

requisitos, refazendo algumas questões de forma a clarificá-las e esclarecendo todas as dúvidas,

tranquilizando o doente.

O estágio seguinte, de Medicina Geral e Familiar, realizei no baixo Alentejo, em Serpa e foi interessante

observar as principais diferenças desta especialidade médica. Sendo realizada nos cuidados de saúde

primários, permite um contacto tanto mais prolongado quanto mais próximo com os doentes e, tantas vezes,

pelas relações estabelecida ao longo de vários anos, permite a integração de cada doente no seu contexto

biopsicossocial com uma adequação da conduta médica a este contexto. Destaco a instrução de atitudes

preventivas e a educação para a saúde que são também realizadas em ambiente de consulta como elementos

muito positivos desta especialidade.

No entanto, considero importante salientar que, tratando-se de uma especialidade que prima por uma

atuação médica baseada na evidência, visando a procura de artigos científicos e estudos atualizados que

comprovem a eficácia de determinadas condutas, observei que, perante um cenário cuja relação médico-


doente é mais próxima, muitas vezes se torna difícil adequar a conduta neste sentido. Gostaria ainda de

salientar o Diário do Exercício Orientado, um dos elementos de avaliação deste estágio, como um dos mais

completos que realizei, representando de forma muito fidedigna o tipo de raciocínio utilizado na prática

clínica.

O estágio parcelar de Pediatria foi predominantemente observacional, com uma componente de consulta

externa bastante extensa, constituindo um marco importante na minha formação por diversos motivos.

Primeiramente, permitiu-me um contacto com patologias menos prevalentes e com uma abordagem muitas

vezes diferente daquela observada no adulto, depois, a atitude do meu tutor tanto com os seus doentes e

familiares, quanto com os alunos foi um marco importante, tanto pela constante sistematização das

principais síndromes pediátricas, integrando-as desde o sintoma até à patologia, quer pela sua conduta tão

humana e próxima dos doentes.

Com o impacto da pandemia a Covid-19 e consequente isolamento social, os dois últimos estágios parcelares

foram, excecionalmente, realizados a partir de casa.

O estágio de Ginecologia e Obstetrícia foi aquele em que senti que o contacto com a patologia e a sua correta

abordagem foi menor, uma vez que o principal foco deste estágio foi a realização de um trabalho de revisão

cujo tema era bastante específico. Gostaria, ainda assim, de deixar o meu agradecimento pela

disponibilidade da Profª Drª Teresinha Simões que facultou soluções novas como forma de substituir o

estágio presencial o que nunca representa uma tarefa fácil, tendo-se mostrado disponível para esclarecer

todas as dúvidas que pudessem surgir.

O estágio parcelar de Saúde Mental, apesar de ter sido vivido em contexto de pandemia, revelou-se bastante

formativo, na medida em que os trabalhos requisitados motivaram a pesquisa e obrigou à compreensão das

principais síndromes psiquiátricas, objetivo por mim estabelecido inicialmente. Gostaria de destacar

positivamente as entrevistas gravadas, através das quais foram realizadas as histórias clínicas que,

obviamente com alguma distância daquilo que seria uma experiência real, foram muito fiéis na

representação das patologias.

Finalmente, gostaria de salientar que, apesar das soluções encontradas para uma possível avaliação dos

alunos no período de pandemia, nenhuma das mesmas poderia, alguma vez, simular inteiramente a vivência

de um estágio parcelar, onde a teoria e a prática se combinam num mistura entre aquilo que se lê num livro

e a pessoa ideossincrática que é cada doente e com o qual temos de saber lidar.

Perante uma realidade como a que se vive nos dias de hoje tanto nos hospitais como nos cuidados de saúde

primários, onde os recursos disponíveis são, tantas vezes, escassos, e as equipas clínicas sobrecarregadas,

não posso deixar de agradecer a forma pedagógica e a ótima recetividade que senti em todos os serviços por

onde passei ao longo deste último ano.


6. ANEXOS ANEXO 1 – Cronograma do ano letivo 2019/2020

Estágio parcelar Coordenador Tutor Local Período

Medicina Interna

Prof. Doutor Fernando Nolasco

Prof. Doutor Pedro Póvoa (co-

coordenador)

Dra. Ana Lynce Hospital de São Francisco Xavier

(CHLO)

9/09/2019 – 31/10/2019

Cirurgia Geral Prof. Doutor Rui Maio Dr. João Grenho Hospital Beatriz Ângelo

4/11/2019 – 10/01/2020

Medicina Geral e Familiar Prof.Dra Isabel Santos Dr. Edmundo Sá Centro de Saúde

de Serpa 20/10/2020 – 14/02/2020

Pediatria Prof. Doutor Luís Varandas

Dr. João Farela Neves

Hospital Dona Estefânia

17/02/2020 – 13/03/2020

Ginecologia e Obstetrícia Profª. Dr. Teresinha Simões - 16/03/2020 –

17/04/2020

Saúde Mental Prof. Dr. Miguel Talina - 20/04/2020 – 15/05/2020


ANEXO 2 – Trabalhos realizados durante o Estágio Profissionalizante

Estágio parcelar Tema e Autores

Medicina Interna

“Síndrome de Ativação Macrofágica”

Revisão teórica

Madalena Serra

Cirurgia Geral

“Não basta ter sorte, é preciso procurá-la”

Caso clínico e revisão teórica de adenocarcinoma do esófago

Teresa Vasconcelos e Madalena Serra

Medicina Geral e Familiar

“Benefícios do exercício físico na dor músculo-esquelética crónica”

“Coronavírus”

Revisão teórica

Teresa Vasconcelos e Madalena Serra

Pediatria “Um caso peculiar de alergia alimentar”

Teresa Vasconcelos, Laura Fortuna, Francisco Capinha, Madalena Serra

Ginecologia e Obstetrícia

“Complicações da gravidez resultantes de tratamentos de infertilidade”

Revisão teórica

Teresa Vasconcelos, Mariana Serra e Madalena Serra


ANEXO 3 – Programa de Mobilidade


ANEXO 4 – Missões Universitárias FCM-NMS – Missão País


ANEXO 5 – Workshop Musicoterapia


ANEXO 6 – Workshop MedPlus – A Arte na Medicina


ANEXO 7 – Workshop Medicinas Alternativas

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