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RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

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  • RELATÓR IO PLANETA V IVO 2008

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  • WWFWWF (também conhecida por World Wildlife Fund nos EstadosUnidos e no Canadá) é uma dasmaiores e mais experientesorganizações independentes deconservação da natureza, com quase 5 milhões de apoiantes e uma rede global activa de 100países. A missão da WWF é travar a degradação do ambiente naturaldo planeta e construir um futuro no qual os humanos vivam emharmonia com a natureza.

    ZOOLOGICAL SOCIETY OFLONDONFundada em 1826, a ZoologicalSociety of London (ZSL) é umaorganização internacional para a ciência, a conservação e aeducação. A sua missão é a depromover e conseguir a conservaçãode animais e de habitats. A ZSLdirige o ZSL London Zoo e o ZSLWhipsnade Zoo, desenvolvepesquisa científica no Instituto deZoologia e está activamenteenvolvida no campo da conservaçãoem várias partes do mundo.

    GLOBAL FOOTPRINT NETWORKpromove uma economia sustentávelatravés da Pegada Ecológica, umaferramenta que torna mensurável asustentabilidade. Juntamente comos seus parceiros, a rede coordenainvestigação, desenvolve padrõesmetodológicos, e fornece aosdecisores políticos uma sólidacontabilidade dos recursos, paraajudar a economia humana a operardentro dos limites ecológicos daTerra.

    WWF INTERNACIONALAvenue du Mont-BlancCH-1196 GlandSuizawww.panda.org

    INSTITUTE OF ZOOLOGYZoological Society of LondonRegent’s ParkLondres NW1 4RY, Reino Unidowww.zoo.cam.ac.uk/ioz/projects/indicators_livingplanet.htm

    GLOBAL FOOTPRINT NETWORK312 Clay Street, Suite 300Oakland, California 94607 Estados Unidoswww.footprintnetwork.org

    TWENTE WATER CENTREUniversity of Twente7500 AE Enschede Países Bajoswww.water.utwente.nl

    Versão portuguesa coordenada por:

    CESTRASCentro de Estudos e Estratégiaspara a Sustentabilidadewww.cestras.org

    Esta edição foi impressa com oapoio da Fundação CalousteGulbenkian, no âmbito doPrograma Gulbenkian Ambiente.

    Prefácio 1

    INTRODUÇÃO 2Biodiversidade, serviços dos ecossistemas,

    pegada da humanidade 4

    FACTOS 6Índice Planeta Vivo Global 6

    Sistemas e biomas 8Regiões biogeográficas 10Grupos taxonómicos 12

    Pegada Ecológica das nações 14Biocapacidade 16Pegada hídrica do consumo 18Pegada hídrica da produção 20

    VIRANDO A MARÉ 22Rumo à sustentabilidade 22O desafio da energia 24População e consumo 26Comércio global 28Gestão da biocapacidade: uma abordagem

    ecossistémica 30

    DADOS E TABELAS 32A Pegada Ecológica, biocapacidade e pegada

    hídrica 32O Índice Planeta Vivo, Pegada Ecológica,

    biocapacidade e pegada hídrica ao longo do tempo 40

    Índice Planeta Vivo: Notas técnicas 41Pegada Ecológica: Perguntas mais frequentes 42

    Referências e leituras adicionais 44Agradecimentos 45

    EDITOR-CHEFEChris Hails

    EDITORESSarah HumphreyJonathan LohSteven Goldfinger

    COLABORADORES

    WWFSarah Humphrey Ashok ChapagainGreg BourneRichard MottJudy OglethorpeAimee GonzalesMartin Atkin

    ZSLJonathan LohBen CollenLouise McRaeTharsila T. CarranzaFiona A. PamplinRajan AminJonathan E.M. Baillie

    GFNSteven GoldfingerMathis WackernagelMeredith StechbartSarah RizkAnders ReedJustin KitzesAudrey PellerShiva NiaziBrad EwingAlessandro GalliYoshihiko WadaDan MoranRobert WilliamsWilly De Backer

    TWENTEArjen Y. HoekstraMesfin Mekonnen

    CONTEÚDOS

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  • A recente crise económica global é uma veemente chamadade atenção para as consequências de vivermos além dosnossos meios. Mas a gravidade de uma possível recessãoeconómica não se compara com a iminente crise de créditoecológico.

    Quer vivamos no limiar das florestas ou no coração de uma cidade,os nossos meios de subsistência e, com efeito, as nossas vidasdependem dos serviços que os sistemas naturais da Terra nosprestam. O Relatório Planeta Vivo 2008 diz-nos que estamos aconsumir com demasiada rapidez os recursos de que esses serviçosdependem, a uma velocidade superior àquela de que elesnecessitam para se renovar. Assim como gastarmos dinheironegligentemente pode ser causa de uma recessão, também oconsumo negligente está a esgotar o capital natural do mundo, aponto de pôr em perigo a nossa futura prosperidade. O ÍndicePlaneta Vivo mostra que, em apenas 35 anos, perdemos um terço da vida selvagem.

    No entanto, a nossa procura continua imparável, levada peloinexorável crescimento, quer da população humana, quer doconsumo individual. A nossa pegada global actual excede em 30%a capacidade que o mundo tem de se regenerar. Se o que exigimosdo planeta se mantiver a este ritmo, em meados da década de 2030 precisaremos de dois planetas para manter os nossos estilos de vida. E o relatório deste ano revela, pela primeira vez, o impactodo nosso consumo sobre os recursos hídricos da Terra e a nossavulnerabilidade à escassez de água em muitas regiões.

    Estas tendências gerais têm consequências muito concretas, e temo-las visto este ano nas manchetes dos diários. Em 2008, muitos produtos agrícolas atingiram um preço recorde, em grande

    parte devido ao crescimento da procura de alimentos, rações ebiodiesel e, em certas zonas, devido à indisponibilidade de recursoshídricos. Pela primeira vez desde que há registos históricos, nesteVerão, no Árctico, a camada de gelo esteve rodeada por águasabertas – desaparecendo literalmente, sob o impacto da nossapegada carbónica.

    A crise de crédito ecológico é um desafio global. O RelatórioPlaneta Vivo 2008 diz-nos que mais de três quartos da populaçãodo mundo vive em países que são devedores ecológicos – o seuconsumo nacional ultrapassou a biocapacidade do seu país.Portanto, a maioria de nós mantém o estilo de vida actual, e o nossocrescimento económico, à custa (cada vez em maior proporção) docapital ecológico de outras partes do mundo.

    A boa notícia é que ainda temos os meios para inverter esta crise de crédito ecológico – ainda não é demasiado tarde para preveniruma recessão ecológica irreversível. Este relatório identifica asáreas-chave em que deveremos transformar os nossos estilos devida e economias, de forma a entrarmos numa trajectória maissustentável.

    A escala deste desafio parece, por vezes, esmagadora, razão pelaqual introduzimos o conceito de “cunhas de sustentabilidade”(sustainability wedges) para que se possa lidar com o excesso(overshoot) ecológico em diferentes sectores e para diferentesforças motrizes. Este modelo de análise da cunha permite-nosdecompor os diferentes factores que contribuem para o excesso epropor diferentes soluções para cada um deles. Para o desafio maisimportante, o Modelo de Soluções Climáticas da WWF usa umaanálise de cunhas para ilustrar como é possível dar resposta aocrescimento projectado da procura de serviços globais de energia

    em 2050 e, em simultâneo, conseguir reduções significativas nasemissões de gases com efeito de estufa. Este modelo destaca, deforma crucial, a necessidade de tomar medidas imediatas paraminorar as perigosas alterações climáticas.

    Enquanto agimos para reduzir a nossa pegada – o nosso impactosobre os serviços da Terra – temos também de melhorar na gestãodos ecossistemas que fornecem esses serviços. Se queremos terêxito, precisamos de gerir os recursos à escala e com as condiçõesda própria natureza. Isto significa que as decisões em cada sector,como por exemplo a agricultura ou as pescas, tenham de sertomadas levando em linha de conta consequências ecológicas a umnível mais alargado. Significa também que temos de encontrarformas de gerir além das nossas fronteiras – para lá de linhas depropriedade e fronteiras políticas – para que possamos tomar contado ecossistema como um todo.

    Já há quase quatro décadas que os astronautas do Apollo 8fotografaram o famoso “nascer da Terra”, dando-nos pela primeiravez uma visão panorâmica do Planeta Terra. Neste período de duasgerações, o mundo passou de um crédito ecológico a um débitoecológico. A espécie humana tem antecedentes notáveis de cria-tividade e capacidade de resolver problemas. O mesmo espírito quelevou o Homem à lua deve agora ser aplicado na libertação dasfuturas gerações desta incapacitante dívida ecológica.

    James P. LeapeDirector-Geral, WWF Internacional

    PREFÁCIO

    RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008 1

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  • 2 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    INTRODUÇÃO

    1960 1970 1980 1990 2000 05

    Fig. 1: ÍNDICE PLANETA VIVO, 1970–2005

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    acumulação de resíduos no ar, na terra e na água. A desflorestação que daí resulta, a escassez de água, a decrescentebiodiversidade e as alterações climáticas,estão a pôr em perigo crescente o bem-estar e o desenvolvimento de todas as nações.

    A escassez de água é motivo depreocupação cada vez maior em muitos países e regiões. Nesse sentido, este relatório incluium terceiro tipo de análise, a pegada hídrica,que capta a procura de recursos globaishídricos a nível nacional, regional e global,em resultado do consumo de bens e serviços.Embora a água não seja considerada comoum recurso escasso a nível global, a suadistribuição e disponibilidade são muitodesiguais, quer a nível geográfico, quer a nível temporal. Cerca de 50 países estãoactualmente a braços com escassez de água de forma moderada ou intensa, e asprojecções indicam que o número de pessoas

    que sofrem de falta de água, quer durante todoo ano, quer apenas em determinadas estações,vai aumentar como resultado das alteraçõesclimáticas. Isto tem implicações profundas nasaúde dos ecossistemas, na produção dealimentos e no bem-estar humano.

    O nível de procura de recursos do planetapor parte da humanidade mais do queduplicou nos últimos 45 anos, em resultadodo crescimento da população e do aumentodo consumo individual. Em 1961, quase todosos países do mundo tinham mais do quecapacidade para satisfazer a sua procura; em 2005, esta situação mudou radicalmente,com muitos países a precisarem de importarrecursos de outras nações para poderemsatisfazer as suas necessidades, e usando aatmosfera global como “caixote de lixo” dodióxido de carbono e outros gases com efeitode estufa (Figura 3). Num mundo sobre-explorado, as nações que ecologicamente são

    Só temos um planeta. A sua capacidade parasuportar uma florescente diversidade deespécies, incluindo a humana, é grande, masessencialmente limitada. Quando a procurahumana excede a disponibilidade – quandoultrapassamos os limites ecológicos – estamosa erodir a saúde dos sistemas vivos da Terra.Em última instância, esta perda ameaça opróprio bem-estar humano.

    Este relatório usa tipos de análisescomplementares para explorar o estado demudança da biodiversidade global e doconsumo humano. Enquanto o Índice PlanetaVivo reflecte o estado dos ecossistemas doplaneta, a Pegada Ecológica mostra o alcance e tipo de procura que a humanidade impõe aestes sistemas.

    O Índice Planeta Vivo da biodiversidadeglobal, medido pelas populações de 1686espécies de vertebrados em todas as regiõesdo mundo, baixou quase 30% só nos últimos

    35 anos (Figura 1). Pela primeira vez nesterelatório, o volume de dados no ÍndicePlaneta Vivo permitiu analisar as tendênciasdas populações de espécies tanto no âmbitobiogeográfico e grupo taxonómico como porbioma. Embora a perda de biodiversidadetenha abrandado nalgumas zonas temperadas,o Índice Planeta Vivo global continua amostrar uma diminuição. Parece cada vezmais improvável que mesmo os objectivosmais modestos da Convenção sobreDiversidade Biológica, de reduzir em 2010, ataxa a que se está a perder a biodiversidadeglobal, sejam atingidos.

    O nível de procura da humanidade dosrecursos biológicos do nosso planeta, a suaPegada Ecológica, excede, actualmente, em30% a capacidade regenerativa do planeta(Figura 2). Este excesso global temaumentado e, como consequência, assiste-se à degradação de muitos ecossistemas e à

    Fig. 2: PEGADA ECOLÓGICA DA HUMANIDADE, 1961–2005

    0,8

    0,6

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    Biocapacidade mundial

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    a saúde global da natureza – servem como referências claras e firmes sobre o que é necessário fazer. Se a humanidadetiver a vontade, terá também a maneira deconseguir viver dentro dos limites do planeta,assegurando o bem-estar humano, e o dosecossistemas de que este depende.

    Figura 1: Índice Planeta Vivo. O índice global demonstra que as populações deespécies de vertebrados decresceram emquase 30% no período entre 1970 e 2005.

    Figura 2: Pegada Ecológica daHumanidade. A pressão da procura humana sobre a biosfera mais que duplicou no período entre 1961 e 2005.

    Figura 3: Países devedores e credoresecológicos. Os países devedores têm uma Pegada Ecológica maior do que a sua biocapacidade; os países credores têm uma Pegada Ecológica menor do que a sua biocapacidade..

    devedoras enfrentam um risco acrescido, peloexcesso local e global, e pela correspondentediminuição dos serviços dos ecossistemas, o sistema de suporte de vida do qual ahumanidade depende.

    Se continuarmos a fechar os olhos, noinício da década de 2030, precisaremos dedois planetas para satisfazermos a procura debens e serviços da humanidade. Mas existemmuitas maneiras eficazes para mudar derumo. Enquanto os desenvolvimentostecnológicos continuarão a desempenhar umpapel relevante na abordagem ao desafio dasustentabilidade, muito do que é necessáriofazer já é actualmente conhecido e assoluções já estão disponíveis hoje. Porexemplo, este relatório usa a metodologia das “cunhas” para ilustrar como a mudançapara a geração de energia limpa e eficiência,baseada nas tecnologias actuais, poderiasatisfazer a nossa procura de serviços

    energéticos projectada para 2050, comgrandes reduções nas respectivas emissões de carbono.

    A transferência de tecnologia e o apoio à inovação local podem ajudar as economiasemergentes a maximizar o seu bem-estar, e a saltarem as fases da industrializaçãocaracterizadas por um uso intensivo derecursos. Podemos planear cidades, que agora já albergam mais de metade dapopulação humana, que sustentem estilos devida mais desejáveis, e que ao mesmo tempominimizem o impacto da procura sobre osecossistemas, quer locais, quer globais. Acapacitação de mulheres, a educação e oacesso ao planeamento familiar voluntáriopodem abrandar ou mesmo inverter ocrescimento da população.

    A Pegada Ecológica – que representa aprocura humana de bens e serviços danatureza – e o Índice Planeta Vivo – medindo

    Fig. 3: PAÍSES DEVEDORES E CREDORES

    ECOLÓGICOS, 1961 e 2005

    Eco-dívida: Pegada relacionada com a biocapacidade

    Eco-crédito: Biocapacidade em relação à pegada

    1961(fronteiras dos países em 2005)

    2005

    Dados insuficientes100-150% maiorMaior em mais de 150% 50-100% maior 0-50% maior

    100-150% maior Maior em mais de 150%50-100% maior0-50% maior

    3RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

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  • Como é óbvio, todas estas pressões eameaças resultam do efeito de factores indirectose distantes. Estes factores da perda debiodiversidade advêm da procura humana dealimentos, água, energia e materiais. Estespodem ser considerados em termos de produçãoe consumo de produtos agrícolas, produtos decarne e aves, peixe e marisco, madeira e papel,água, energia, transporte e espaço para vilas,cidades e infra-estruturas. À medida que apopulação e a economia do mundo crescem,também a pressão sobre a biodiversidade o faz.À medida que a tecnologia e a eficiência no usode recursos melhoram, também essa pressãopoderia ser aliviada. A Pegada Ecológica é umamedida agregada da procura que o consumo derecursos exerce sobre ecossistemas e espécies. É fundamental compreender as interacções entre a biodiversidade, os factores da perda debiodiversidade e a pegada da humanidade, paraque se consiga abrandar, parar ou mesmoinverter a actual diminuição de ecossistemasnaturais e de populações de espécies selvagens.

    SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMASA humanidade depende de ecossistemassaudáveis: estes sustentam e melhoram a nossaqualidade de vida, e, sem eles, a Terra seriainabitável. A Avaliação dos Ecossistemas doMilénio (Millennium Ecosystem Assessment –MA) descreve quatro categorias de serviços dos ecossistemas, começando com o maisfundamental de todos:■ Serviços de apoio, como o ciclo de

    nutrientes, formação de solos e produçãoprimária

    ■ Serviços de abastecimento como aprodução de alimentos, água doce,materiais e combustível

    ■ Serviços de regulação, incluindo regulações

    climáticas e de inundações, purificação deágua, polinização e controlo de pragas

    ■ Serviços culturais, (incluindo os estéticos,espirituais, educacionais e recreativos).

    Cada um destes serviços deriva, em últimainstância, de organismos vivos. No entanto, não é a biodiversidade per se que suporta osserviços do ecossistema, mas antes a abundânciaparticular de espécies que são críticas para mantera estabilidade do habitat e providenciar essesmesmos serviços. A diminuição numa espéciecrítica a um nível local terá um impacto negativonos serviços do ecossistema, mesmo que essaespécie não esteja ameaçada globalmente.

    A MA anunciou que a perda debiodiversidade contribui para a insegurançaalimentar e energética, para a crescentevulnerabilidade a desastres naturais, comoinundações ou tempestades tropicais, piorescondições de saúde, menores disponibilidade e qualidade de água, e perda de patrimóniocultural.

    A maioria dos serviços dos ecossistemas de apoio, regulação e de cultura não podem sercomprados ou vendidos, e por isso não têm valor de mercado. A sua diminuição não enviasinais de alerta às economias locais ou globais.O funcionamento do mercado leva a decisõessobre o uso de recursos que maximizambenefícios a produtores e consumidoresindividuais mas, na maior parte das vezes,negligenciam a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas de que, em última instância, aprodução e o consumo dependem. O valor que a biodiversidade tem para o bem-estar humano,embora dificilmente quantificável em termosmonetários, poderia ser a diferença entre umplaneta que consegue sustentar a sua populaçãohumana, e um que não o consegue fazer.

    O Índice Planeta Vivo mostra que as espéciesselvagens e os ecossistemas naturais estão sobpressão em todos os biomas e regiões domundo. As ameaças antropogénicas directas àbiodiversidade são frequentemente agrupadassob cinco categorias: perda, alteração oufragmentação de habitats, especialmente devidoà agricultura, sobre-exploração de espécies,especialmente devido à pesca e à caça,poluição, propagação de espécies ou genesinvasores, alterações climáticas.

    Todas estas cinco ameaças derivam, emúltima instância, da pressão da procura humanasobre a biosfera – a produção e consumo derecursos naturais para alimentos e bebidas,energia ou materiais, e o correspondentedestino dos resíduos – ou da deslocação deecossistemas naturais por vilas ou cidades epor infra-estruturas (ver Figura 4). Além disso,o fluxo maciço de bens e pessoas à volta domundo tornou-se num vector de propagação deespécies não-endémicas e de doenças.

    Os habitats naturais perdem-se, alteram-se ou fragmentam-se através da sua conversão emcultivo, pastagem, aquacultura e uso industrial ou urbano. Os sistemas fluviais são alterados porbarragens para irrigação, produção de energiahidroeléctrica ou regulação de correntes. Mesmoos ecossistemas marinhos, em particular o fundodo mar, estão a ser degradados pela pesca dearrasto e indústrias extractivas e construtivas.

    A sobre-exploração de populações deespécies selvagens é o resultado de colher oumatar animais ou plantas para alimentação,materiais ou remédios, a uma taxa superior àcapacidade reprodutora dessas populações. Istotem sido a ameaça principal à biodiversidademarinha, e a sobre-pesca tem devastado muitasreservas de peixe comerciais. No entanto, asobre-exploração constitui também uma séria

    ameaça a muitas espécies terrestres,particularmente a mamíferos de florestastropicais, os quais são caçados pela sua carne.A sobre-exploração de madeira e de lenha temtambém contribuído para a perda da floresta e assuas respectivas populações de plantas e animais.

    Espécies invasoras, introduzidas depropósito ou inadvertidamente, a partir de umaparte do mundo para outra, e que se tornamespécies competidoras, predadoras ou parasitasde espécies nativas, são responsáveis pordiminuições em muitas das populações originais.Este problema é especialmente relevante emilhas e em ecossistemas de água doce, onde sepensa serem, estas espécies invasoras, aprincipal ameaça às espécies endémicas.

    A poluição é outra causa importante da perdade biodiversidade, particularmente em sistemasaquáticos. A excessiva carga de nutrientesresultante dum aumento do uso de fertilizantesazotados e fosfatados na agricultura causa aeutrofização e a depleção de oxigénio. Apoluição por produtos químicos tóxicos advém,muitas vezes, do uso de pesticidas na agriculturaou aquacultura, da indústria, ou de resíduos daextracção mineira. O aumento da concentraçãodo dióxido de carbono na atmosfera está a causara acidificação dos oceanos, o que provavelmenteterá efeitos generalizados, particularmente nosorganismos construtores de conchas e recifes.

    As alterações climáticas são, potencialmente,a maior ameaça à biodiversidade nas próximasdécadas. Alguns impactos já se têm feito sentirem ecossistemas polares e de montanha, assimcomo em ecossistemas costeiros e marinhoscomo, por exemplo, os recifes de corais. Osimpactos futuros são difíceis de prever a escalaslocais, mas qualquer ecossistema poderá sersusceptível a mudanças de temperatura epadrões climáticos.

    4 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    BIODIVERSIDADE, SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS, PEGADA DA HUMANIDADE

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    5RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    Perda e fragmentação de floresta, bosque e mangal

    Perda e degradação de prados e savanas

    Fragmentação e regulação de rios

    Destruição de recife de coral e habitats costeiros

    Destruição de habitats de fundos aquáticos

    Sobre-pescaPesca acidental

    Sobre-captura de espécies terrestres e aquáticas

    Carga de nutrientes/eutrofização e blooms tóxicos

    Chuva ácida

    Pesticidas e químicos tóxicos

    Derrames de petróleo

    Acidificação do oceano

    Degradação dos ambientes do Ártico e Alpinos

    Perda do gelo polar

    Lixiviação e morte do recife de coral

    Alteração dos ciclos sazonais

    Morte de floresta e seca induzidas pela seca

    Perda de zonas húmidas sazonais

    Conversão ao cultivoConversão a pastoConversão a aquacultura

    Produção de madeira e pasta de papelRecolha de lenha

    Pesca à rede (incluindo arrasto)Pesca à linha

    Caça furtivaComércio de espécies selvagens

    Emissões de azoto e enxofreResíduos orgânicosUso de agroquímicosResíduos de minas e contaminação

    Madeira, fibra, pasta de papel

    Colheitas de alimentos, óleo, fibraCarne, lacticínios, ovos, courosPeixe e marisco de aquacultura

    Construção, cimentoMinas e metais

    Carne de caça, peixe e marisco

    TransporteComércioTurismo

    Águas domésticasProcessamento industrial

    Uso de energiaQueima de combustíveis fósseis

    Espécies marinhas invasoras

    Espécies de água doce invasoras

    Espécies terrestres invasoras, especialmente em pequenas ilhas

    Transporte marítimo

    Introdução, deliberada ou inadvertida, de espécies exóticas

    Conversão a terrenos urbanos e construção de estradasConstrução de barragens

    Dióxido de carbono, metano e outras emissões de gases com efeito de estufa

    Fig. 4: PERDA DE BIODIVERSIDADE, PRESSÃO HUMANA E A PEGADA ECOLÓGICA, relações causa-efeito

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  • visível nas espécies terrestres, de água doce e marinhas. No entanto, não significanecessariamente que a biodiversidade tropicalesteja num estado muito pior que o da abiodiversidade temperada. Se o índice fosseestendido séculos atrás, em vez de décadas,poderia bem mostrar uma diminuição de igualou maior magnitude entre as populações deespécies temperadas. Seja ou não este o caso,o índice mostra que existe uma grave econtínua perda de biodiversidade nosecossistemas tropicais.

    Figura 5: Índice Planeta Vivo Global.Este gráfico mostra uma tendência média de -28% do índice para o período entre 1970 e2005, em 4.642 populações de 1.686 espécies*.As tendências médias temperada e tropicaltiveram igual ponderação.

    Figura 6: Índice Planeta Vivo Temperado.O índice mostra uma tendência média de +6%entre 1970 e 2005, em 3.309 populações de1.235 espécies*. As tendências médias dasespécies terrestres, de água doce e marinhastiveram iguais ponderações.

    Figura 7: Índice Planeta Vivo Tropical.O índice mostra uma tendência geral de -51%entre 1970 e 2005, em 1.333 populações de 585 espécies*. As tendências médias dasespécies terrestres, de água doce e marinhastiveram iguais ponderações.

    *Nota: Algumas espécies encontram-se tanto emregiões temperadas como tropicais.

    O Índice Planeta Vivo é um indicadorconcebido para monitorizar o estado dabiodiversidade do mundo. Especificamente,acompanha as tendências de um grandenúmero de populações de espécies, da mesmamaneira que um índice da bolsa de valoresacompanha o valor de um conjunto de acções,ou um índice de preços do consumidoracompanha o custo de um cabaz de bens deconsumo. O Índice Planeta Vivo baseia-se nas tendências de quase 5.000 populações de1.686 espécies de mamíferos, aves, répteis,anfíbios e peixes de todo o mundo. A médiadas alterações nas populações de cada espécie é depois calculada e representada em relação a1970, ano a que está associado o valor 1,0.

    O Índice Planeta Vivo global resulta daagregação de dois índices – temperado (queinclui o polar) e tropical – cada um dos quaiscom igual ponderação. Nos índices tropical etemperado, as tendências gerais das espécies

    terrestres, de água doce e marinhas apresentamtambém ponderações iguais.

    O índice tropical consiste em populaçõesde espécies terrestres e de água doceencontradas nas regiões Afrotropical, Indo-Pacífico e Neotropical, bem como populaçõesde espécies marinhas da zona entre os Trópicosde Câncer e Capricórnio.

    O índice temperado inclui populações deespécies terrestres e de água doce das regiõesPaleárctico e Neárctico, bem como populaçõesde espécies marinhas do norte ou sul dostrópicos (ver Figura 8).

    O índice global mostra uma diminuiçãogeral de quase 30% para o período entre 1970 e 2005 (Figura 5). Para o mesmo período detempo, o índice tropical diminuiu cerca de 50% enquanto o índice temperado mostrouuma alteração geral reduzida (Figuras 6 e 7).

    Este contraste marcante nas tendênciasentre as populações temperadas e tropicais é

    6 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    Fig. 6: ÍNDICE PLANETA VIVO TEMPERADO,1970–2005

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    Índice temperado

    Limites de confiança

    Fig. 7: ÍNDICE PLANETA VIVO TROPICAL,

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    0,4

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    1,0

    1970 1980 1990 2000 05Ín

    dic

    e (1

    970=

    1,0)

    Índice tropical

    Limites de confiança

    Índice global

    Limites de confiança

    Fig. 5: ÍNDICE PLANETA VIVO GLOBAL,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

    ice

    (197

    0=1,

    0)ÍNDICE PLANETA VIVO: GLOBAL

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 6

  • Fig. 8: REGIÕES BIOGEOGRÁFICAS TERRESTRES E BIOMAS

    Neártico

    Paleártico

    Oceânico

    Florestas tropicais e subtropicais húmidas de folha larga

    Florestas tropicais e subtropicais secas de folha larga

    Florestas tropicais e subtropicais de coníferas

    Florestas temperadas de folha larga e florestas mistas

    Florestas temperadas de coníferas

    Florestas boreais/taiga

    Prados, savanas e matos tropicais e subtropicais

    Prados, savanas e matos temperados

    AfrotropicalNeotropical

    Indomalaiano

    Australasiano

    Antártico

    Trópico de Câncer

    Trópico de Capricórnio

    Prados e savanas húmidos

    Prados e savanas de média altitude

    Tundra

    Florestas, bosques e maxiais mediterrânicos

    Desertos e matos xéricos

    Mangais

    Zonas húmidas

    Rocha e gelo

    Oceânico

    FAC

    TO

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    7RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    Neártico

    Paleártico

    Oceânico

    AfrotropicalNeotropical

    Indomalaiano

    Australasiano

    Antártico

    Trópico de Câncer

    Trópico de Capricórnio

    Oceânico

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 7

  • 8 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    As águas interiores albergam uma enormediversidade de espécies e também fornecemrecursos e serviços ambientais essenciais aobem-estar humano. O índice de água docemostra que as populações de espécies em águasinteriores decresceram, em média, 35% de1970 a 2005 (Figura 11). Estima-se que a áreade zonas húmidas tenha decrescido emextensão 50% durante o século XX, comoresultado de uma série de diferentes ameaças.A perda e degradação das zonas húmidas sãocausadas por sobre-pesca, espécies invasoras,construção de barragens e desvio de águas.

    Figura 9: Índice Planeta Vivo Terrestre. Este índice mostra uma tendência média de -33% entre 1970 e 2005 em 2007 populaçõesde 887 espécies terrestres.

    Figura 10: Índice Planeta Vivo Marinho.O índice de espécies marinhas mostra umatendência média de -14% em 35 anos em1.175 populações de 341 espécies marinhas.

    Figura 11: Índice Planeta Vivo de Água Doce.O índice de água doce mostra uma tendênciamédia de -35% de 1970 a 2005 em 1.463populações de 458 espécies.

    Cada um dos índices terrestre, de água docee marinho são calculados como a média dedois índices que medem separadamente astendências nas populações vertebradas tropicaise temperadas.

    O índice terrestre tem diminuídoprogressivamente desde meados dos anos 1970(Figura 9), e mostra uma diminuição média de33% nas populações terrestres de vertebradosentre 1970 e 2005. A maior parte destasalterações ocorreu nos trópicos; nas populaçõesde espécies em regiões temperadas houvepequenas alterações gerais. Nos trópicos, adesflorestação e outros tipos de destruição dehabitats, gerados pela conversão em agriculturae sobre-exploração pela indústria madeireira epela caça, estão entre as principais causas dadiminuição das populações de espécies.

    O índice marinho mostra uma diminuiçãomédia geral de 14% entre 1970 e 2005 (Figura10). O aumento da temperatura do mar, os

    métodos de pesca destrutivos e a poluição, são responsáveis por alguma da redução davida marinha. Um estudo recente mostra que40% dos oceanos do mundo são severamenteafectados pelas actividades humanas.

    A sobre-pesca é o principal factorresponsável por esta alteração. Crê-se que a maioria das zonas pesqueiras marinhascomerciais do mundo explorem a sua máximacapacidade ou estejam já sobre-exploradas. Os oceanos fornecem recursos e serviçosambientais vitais, dos quais depende toda a vida; contudo, actualmente as áreas deprotecção marinha ocupam menos de 1% dosmares do mundo. Avaliações recentes mostramque as diminuições de populações se estendempara além dos vertebrados. Por exemplo,suscita crescente preocupação a diminuição daabundância de corais devido a branqueamentoe a doença, gerados pelo aumento dastemperaturas de superfície do mar.

    Fig. 10: ÍNDICE PLANETA VIVO MARINHO,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

    ice

    (197

    0=1,

    0)

    Índice marinho

    Limites de confiança

    Fig. 9: ÍNDICE PLANETA VIVO TERRESTRE,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

    ice

    (197

    0=1,

    0)

    Índice terrestre

    Limites de confiança

    Fig. 11: ÍNDICE PLANETA VIVO ÁGUA DOCE,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05Ín

    dic

    e (1

    970=

    1,0)

    Índice água doce

    Limites de confiança

    ÍNDICE PLANETA VIVO: SISTEMAS E BIOMAS

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 8

  • FAC

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    9RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    Os índices que se apresenta abaixo realçamdiminuições de populações de espécies em trêsgrupos de biomas que estão sujeitos a intensaspressões, locais e globais. Se a degradaçãocontinuar às taxas actuais, a perda de serviçosambientais, como a purificação de água e aregulação climática, terão sérias repercussões,tanto para o bem-estar humano, como para abiodiversidade.

    As florestas tropicais sustentam uma grandediversidade de espécies e fornecem importantesserviços ambientais a nível local e global. Estehabitat e as suas espécies encontram-se sobameaça de pressões como a desflorestação,abate ilegal de árvores, incêndios florestais ealterações climáticas. A desflorestação continuanos trópicos, com a floresta primária adesaparecer a uma taxa de quase 3,5 milhõesde hectares por ano no Brasil e 1,5 milhões dehectares por ano na Indonésia, entre 2000 e2005. Isto reflecte-se no índice de floresta

    tropical, que revela uma diminuição de mais de 60% em populações animais (Figura 12).

    As populações de espécies em sistemas de terras áridas têm diminuído cerca de 44% desde 1970 (Figura 13). As terras áridasrepresentam mais de 40% dos sistemas terrestresda Terra, incluindo diversos ecossistemas, comodesertos, savanas e bosques tropicais secos. Asterras áridas albergam também mais de 2.000milhões de pessoas, cuja subsistência muitasvezes depende directamente dos produtos eserviços dos ecossistemas locais. Enquanto que o aumento de pontos de abastecimento de água nos sistemas de terras áridas permitiuum número crescente de gado, para benefíciodos humanos a curto-prazo, isto tem tido umimpacto negativo nos sistemas frágeis, emdetrimento da biodiversidade. Estima-se que20% das áreas de terras áridas sofram agora de erosão do solo.

    As pradarias, encontradas em todos os

    continentes excepto na Antárctida, têmdiminuído em qualidade e extensão ao longo das décadas passadas, com elevadas taxas deconversão para agricultura. Os humanosdependem das pradarias, tanto directamente,pela comida, como indirectamente, através deserviços ambientais, como a reciclagem denutrientes. As pradarias também sustentam uma vasta diversidade natural, desde espécies de plantas endémicas a mamíferos ruminantes,como os antílopes, populações estas que sãovitais para manter muitas espécies depredadores de topo. Houve uma diminuição de 36% nas populações de vertebrados daspradarias desde 1970 (Figura 14). As pradariassão mantidas por processos como incêndiosartificiais e naturais, pastoreio, secas eprecipitação. Isto cria um delicado equilíbriode forças que pode ser facilmente perturbado,conduzindo à aceleração de processos como a desertificação.

    Figura 12: Índice Planeta Vivo de FlorestasTropicais. O índice mostra uma tendência médiade -62% entre 1970 e 2005 em 503 populaçõesde 186 espécies.

    Figura 13: Índice Planeta Vivo de TerrasÁridas. O índice mostra uma tendência médiade -44% entre 1970 e 2005 em 476 populaçõesde 149 espécies.

    Figura 14: Índice Planeta Vivo de Pradarias. O índice mostra uma tendência média de -36% entre 1970 e 2005 em 703 populações de 309 espécies.

    Fig. 13: ÍNDICE PLANETA VIVO DE TERRAS ÁRIDAS,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

    ice

    (197

    0=1,

    0)

    Índice de terras áridas

    Limites de confiança

    Fig. 14: ÍNDICE PLANETA VIVO DE PRADARIAS,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05Ín

    dic

    e (1

    970=

    1,0)

    Índice de prados

    Limites de confiança

    Fig. 12: ÍNDICE PLANETA VIVO DE FLORESTAS TROPICAIS,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

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    (197

    0=1,

    0)

    Índice de floresta tropical

    Limites de confiança

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 9

  • ÍNDICE PLANETA VIVO: REGIÕES BIOGEOGRÁFICOS

    10 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    A superfície terrestre do planeta Terra pode ser dividida em regiões caracterizadas porconjuntos distintos de animais e plantas (Figura8). As tendências das populações de espéciessão diferentes em cada região, de acordo com a intensidade e historial das ameaças à suabiodiversidade. As seguintes figuras mostramas tendências das populações de espéciesterrestres e de água doce em cada região.

    As espécies da região Neárctica têm sido extensivamente monitorizadas, fornecendouma grande quantidade de dados de tendênciasdas suas populações. Entre 1970 e 2005, aabundância das populações de espécies nãoapresenta alterações gerais (Figura 15).

    Em contraste, o índice Neotropical mostrauma grande diminuição entre 1970 e 2004(Figura 16). Enquanto este índice combinadados de todas as classes de vertebrados, aquantidade de dados de população disponíveispara o índice Neotropical é pequena em relação

    às das outras regiões. Como consequência, a magnitude da tendência é largamenteimpulsionada por diminuições catastróficas no número de espécies de anfíbios, como osapo-dourado (Bufo periglenes) da Costa-Rica, que actualmente se pensa estar extinto.Decréscimos na abundância são tambémaparentes em outras espécies Neotropicais, mas não a uma taxa tão elevada.

    Os Neotrópicos contêm 40% de todas asespécies de plantas e animais do planeta, é aregião biogeográfica com maior biodiversidade.Estas espécies encontram-se ameaçadasprincipalmente pela perda do habitat. Porexemplo, entre 2000 e 2005 a perda líquida dasflorestas na América do Sul foi de 4,3 milhõesde hectares por ano, excedendo as de todas asoutras regiões.

    Na região Paleárctica, a tendência médiada abundância entre 1970 e 2005 aumentou(Figura 17). A maior parte dos dados de

    Fig. 16: ÍNDICE PLANETA VIVO NEOTROPICAL,

    1970–2004

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

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    (197

    0=1,

    0)

    Índice do neotropical

    Limites de confiança

    Fig. 15: ÍNDICE PLANETA VIVO NEÁRTICO,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

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    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

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    (197

    0=1,

    0)

    Índice do neártico

    Limites de confiança

    Fig. 17: ÍNDICE PLANETA VIVO PALEÁRTICO,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05Ín

    dic

    e (1

    970=

    1,0)

    Índice do paleártico

    Limites de confiança

    população disponíveis provêm da EuropaOcidental, a parte do mundo mais afectadapelas actividades humanas ao longo dosúltimos 300 anos. Mais de 50% do territóriotem sido convertido em agricultura, por isso é provável que muitas das diminuições deespécies tenham ocorrido antes de 1970. Atendência positiva para a região Paleárcticadesde 1970 pode, em parte, reflectir sucessosde conservação resultantes de protecção dehabitats, redução de poluição ou outrosmelhoramentos ambientais.

    Contudo, com a globalização, a pressãosobre o ambiente tem-se deslocado para ostrópicos e outras regiões. As tendências noPaleártico Oriental são menos certas, por havermenos dados disponíveis. Uma das espéciespreocupantes é o antílope-saiga (Saigatatarica), cujas populações diminuíramdrasticamente, devido à pressão da caça aolongo dos últimos 40 anos (ver página oposta).

    O índice Afrotropical mostra umadiminuição média de 19% no período de 35 anos (Figura 18). As recentes tendênciaspositivas no índice podem reflectir alguns dosesforços de conservação de espécies como orinoceronte-branco (Ceratotherium simum).No entanto, as subespécies do norte têm sidoexpropriadas da maior parte do seu habitathistórico e agora encontram-se em vias deextinção (ver página oposta). Isto mostra que, embora haja progressos na recuperação e protecção de certas espécies na regiãoAfrotropical, acções de conservação na região continuam a ser essenciais para reduzir a taxa de diminuição.

    O índice Indo-Pacífico combina dados de populações de espécies de três regiões:Indomalaia, Australásia e Oceania, já que não há dados suficientes para produzir resultadospara regiões individuais. O índice revela umadiminuição média de cerca de 35% entre

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  • FAC

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    11RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    Fig. 19: ÍNDICE PLANETA VIVO INDO-PACÍFICO,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

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    (197

    0=1,

    0)

    Índice do indo-pacífico

    Limites de confiança

    Fig. 18: ÍNDICE PLANETA VIVO AFROTROPICAL,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

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    (197

    0=1,

    0)

    Índice do afrotropical

    Limites de confiança

    1970 e 2005, com uma descida contínua desde finais da década de 1970 (Figura 19). A perda de floresta tropical tem sido maisacentuada na região Indo-Pacífica, onde se temdestruído muita da floresta original para usoagrícola ou plantações, impulsionado pelaprocura internacional de produtos como o óleo de palma.

    Figura 15: Índice Planeta Vivo Neártico. O índice mostra que não houve alterações gerais em 1.117 populações de 588 espéciesNeárcticas.

    Figura 16: Índice Planeta Vivo Neotropical. O índice mostra uma tendência média de -76% em 34 anos em 202 populações de 144espécies Neotropicais.

    Figura 17: Índice Planeta Vivo Paleártico. O índice mostra uma tendência geral de +30%

    em 35 anos em 1.167 populações de 363espécies Paleárcticas.

    Figura 18: Índice Planeta Vivo Afrotropical. O índice mostra uma tendência geral de -19%em 35 anos em 552 populações de 201espécies Afrotropicais.

    Figura 19: Índice Planeta Vivo Indo-Pacífico.Inclui as regiões Indo-Malaia, Australásia eOceania, e mostra uma tendência média de -35% em 35 anos em 441 populações de 155espécies.

    1965 2000

    1

    de in

    diví

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    (milh

    ões)

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    5

    de in

    diví

    duos

    (cen

    tena

    s)

    0

    Antílope-saiga (Saiga tatarica)

    Rinoceronte-branco do Norte (Ceratotherium simum cottoni)

    ANTÍLOPE-SAIGAO antílope-saiga (Saiga tatarica) é um antílopedas pradarias semi-áridas da Ásia Central quetem sido caçado pela sua carne, cornos e pele,durante vários séculos. Nos últimos tempos, asua diminuição agravou-se, devido ao uso dosseus cornos na medicina tradicional chinesa.Embora a caça seja agora regulada nosestados onde habita este antílope (e o comérciointernacional seja proibido), a falta definanciamento e de infra-estruturas de gestão,combinadas com uma economia ruralenfraquecida, tem conduzido ao desenvolvi-mento da caça furtiva. Esta é a explicação mais provável para a diminuição acentuada e progressiva dos anos recentes, como se pode provar pelas grandes quantidades decarne de antílope-saiga à venda em mercadosdo Cazaquistão.

    RINOCERONTE-BRANCO DO NORTEO rinoceronte-branco do Norte (Ceratotheriumsimum cottoni ) já foi abundante em toda a região norte-central de África. Agora, a única população conhecida encontra-se naRepública Democrática do Congo, onde osnúmeros caíram de 500 para 4. Númerospequenos, distribuição geográfica limitada epressão da caça furtiva tornam estasubespécie Criticamente Ameaçada. Osrecentes levantamentos não conseguiramlocalizar os últimos indivíduos registados. Osseus parentes mais próximos, os rinocerontes-brancos do Sul (Ceratotherium simum simum),estão a aumentar, e tem havido progressossignificativos na conservação do CriticamenteAmeaçado rinoceronte-preto (Diceros bicornis).

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 11

  • 12 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    Embora as tendências gerais de evolução dosecossistemas terrestres permitam verificar asmudanças no efectivo das populações, nãorevelam os impactos resultantes da pressãohumana sobre as diferentes espécies ou grupostaxonómicos.

    Existem quase 10.000 espécies de aves,ocupando um leque diversificado de habitats. A sua ampla distribuição, e a extensainformação até ao momento recolhida,permitiram criar um sólido indicador dastendências populacionais das aves. Adiminuição em 20% no índice das aves(Figura 20) mascara uma diminuição maisséria, em cerca de 50%, ao nível das avestropicais e marinhas. De entre as diversasameaças existentes, destaca-se a destruição dehabitats, a introdução de espécies invasoras, asobre-exploração de recursos e a poluição.

    Actualmente, encontramos descritas maisde 5.400 espécies de mamíferos, das quais

    20% se encontram classificadas pelo IUCN –Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas. Oíndice de mamíferos diminuiu cerca 20% na última década (Figura 21), com umadiminuição importante nas regiões tropicais.Uma das principais ameaças a este grupoprovém da sobre-exploração dos recursos,sobretudo por via do comércio de carne deanimais selvagens em África e no SudesteAsiático.

    Se é verdade que o número de espéciesaumenta e diminui em diferentes áreas doglobo (ver página ao lado), e que as ameaçasresultantes da crescente pegada humana nãoafectam a totalidade das espécies do mesmomodo, a imagem esmagadora, obtida atravésda ponderação dos dados recolhidos, é a deuma diminuição global na abundância deespécies. Além de representar uma perdalamentável em termos de biodiversidadeglobal, esta tendência tem implicações para

    Fig. 20: ÍNDICE PLANETA VIVO DE AVES,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

    1,2

    0

    0,2

    0,4

    1,4

    1,0

    1970 1980 1990 2000 05

    Índ

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    (197

    0=1,

    0)

    Índice de aves

    Limites de confiança

    o bem-estar humano. Os seres humanosdependem tanto de ecossistemas como deespécies saudáveis, capazes de assegurar amanutenção do fornecimento de serviçosecológicos.

    Figura 20: Índice Planeta Vivo de Aves. O índice mostra uma tendência média dediminuição em 20%, entre 1970 e 2005, em 2.185 populações de 895 espécies. Aponderação de espécies Tropicais e Temperadaspossui o mesmo peso, de forma a compensar amaior disponibilidade de dados existentes paraas regiões Temperadas.

    Figura 21: Índice Planeta Vivo de Mamíferos.O índice mostra uma tendência média dediminuição em 19%, de 1970 a 2005, em 1.161populações de 355 espécies.

    TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS EMAMOSTRAS DE POPULAÇÕES DEESPÉCIES SELECCIONADASA página ao lado revela as tendências de 12 populações de espécies, marinhas e deágua doce, ilustrando o tipo de dadosutilizados no cálculo do Índice Planeta Vivo.Os exemplos apresentados permitem vislum-brar as tendências evolutivas para as popu-lações animais de determinados locais, masnão representam necessariamente o númeroencontrado para a totalidade das espécies.

    Um sinal positivo é que algumas daspopulações estão estáveis, ou em cresci-mento, representando casos de sucesso na conservação, com os quais podemosaprender. É o caso da reintrodução do Falcão-das-Maurícias (Falco punctatus).

    Infelizmente, o número de tendênciasdeclinantes entre estas populações assinalapontos cruciais que ainda necessitam serabordados. Uma das principais ameaças, comimpacto sobre algumas das populações daamostra, é a degradação de habitats, tal como ilustra a diminuição de perna-longa(Himantopus himantopus). Outra das ameaçasadvém da sobre-exploração directa deespécies – através da caça no caso dohipopótamo (Hippopotamus amphibius) naRepublica Democrática do Congo, ou caçahistórica no caso da tartaruga-americana(Malaclemys terrapin) – ou indirecta por via dapesca acidental, associada a determinadaspráticas pesqueiras. No último caso, osexemplos incluem o albatroz (Diomedeaexulans) e a tartaruga-do-mar (Caretta caretta).

    ÍNDICE PLANETA VIVO: GRUPOS TAXONÓMICOS

    Fig. 21: ÍNDICE PLANETA VIVO DE MAMÍFEROS,

    1970–2005

    0,8

    0,6

    1,8

    1,6

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    1970 1980 1990 2000 05

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    (197

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    0)

    Índice de mamíferos

    Limites de confiança

    Nota: A linha de base em todos os gráficos dasespécies que servem de exemplo é zero.

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 12

  • 13RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

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    1970 2005

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    1970 2005

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    Macaco-uivador-vermelho (Alouatta seniculus),Hato Masaguaral, Estado de Guarico, Venezuela

    1970 2005

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    Opossum-elegante (Thylamys elegans), Reserva Nacional de Las Chinchillas, Auco, Chile

    1970 2005

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    Rela-cinzenta-americana (Hyla versicolor), Wisconsin, Estados Unidos da América

    1970 2005

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    Baleia-franca-austral (Eubalaena australis),Oceano Índico (costa Sul da África do Sul)

    1970 2005

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    Albatroz (Diomedea exulans), Oceano Atlântico Sul (Ilha das Aves, Geórgia do Sul)

    1970 2005

    800

    de

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    osTartaruga-do-mar (Caretta caretta),

    Oceano Pacífico Sul (Ilha de Wreck, Austrália)

    1970 2005

    2

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    Tubarão-baleia (Rhincodon typus), Oceano Índico (Mar de Andaman, Tailândia)

    1970 2005

    60 000

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    Perna-longa (Himantopus himantopus), Este da Austrália

    1970 2005

    5 000

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    Salmão-do-Pacífico (Oncorhynchus kisutch), Rio Yukon, Alaska, Estados Unidos da América

    1970 2005

    400

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    duos

    Tartaruga-americana (Malaclemys terrapin), Rio Kiawa, Carolina do Sul,Estados Unidos da América

    1970 2005

    30 000

    de in

    diví

    duos

    Hipopótamo, (Hippopotamus amphibius), República Democrática do Congo

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 13

  • 14 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    PEGADA ECOLÓGICA DAS NAÇÕES

    Fig. 22: PEGADA ECOLÓGICA PER CAPITA, POR PAÍS, 2005

    10

    9

    8

    7

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    Carbono

    Área construída

    Área de pesca

    Floresta

    Pasto

    Solo agrícola

    A Pegada Ecológica mede a procura dahumanidade sobre a biosfera em termos deárea de terra e mar biologicamente produtiva,necessária para providenciar os recursosutilizados e absorver os resíduos criados peloHomem. Em 2005, a Pegada Ecológica globalera de 17.500 milhões de hectares globais(gha), ou 2,7 gha por pessoa (um hectareglobal é um hectare com capacidade mundial-média de produzir recursos e absorver resíduos).Do lado da oferta, a área produtiva total, oubiocapacidade, era 13.600 milhões de gha, ou2,1 gha por pessoa.

    A pegada de um país é o somatório do solo agrícola, pasto, floresta e área de pescanecessárias para produzir o alimento, a fibra e a madeira consumidos por esse país, paraabsorver os resíduos no uso da energia e para providenciar o espaço necessário para oestabelecimento das infra-estruturas. Uma vez

    que a população consome os recursos eserviços ecológicos do mundo, a sua pegadaresulta do somatório destas áreas, sem ter emconta a sua localização no planeta (Figura 22).

    A Pegada Ecológica considerou em anosanteriores um componente adicional, quereflectia a electricidade gerada por centraisnucleares. Para melhorar a sua consistênciametodológica, este componente já não éconsiderado no cálculo. Isto não quer dizerque o uso de energia nuclear esteja livre deriscos ou exigências ambiental, mas apenasque estes parâmetros não são facilmenteexpressos em termos de biocapacidade.

    A Pegada Ecológica da humanidadeexcedeu a biocapacidade total da Terra nadécada de 80; valor que tem vindo a aumentardesde então (Figura 23). Em 2005, a exigênciaera 30% superior aos recursos existentes.

    As pessoas usam uma série de serviçosfornecidos pela natureza. Se dois ou maisserviços são compatíveis e podem serderivados da mesma área, essa área é

    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 14

  • 15RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    Em 2005, a biocapacidade globalmente disponível era de 2,1 hectares globais per capita

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    ReinoUnido

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    Biocapacidade mundial

    TOTAL GLOBAL

    Fig. 24: PEGADA ECOLÓGICA POR PAÍS, 1961-2005

    contabilizada na pegada apenas uma vez.Quando esses serviços não podem coexistir namesma área, um maior uso da biocapacidadepara satisfazer a procura de um dos serviçosimplica que haja uma menor biocapacidadedisponível para satisfazer a procura dos outros.

    Em 2005, o factor único com maior peso napressão da procura humana sobre a biosfera foi a pegada de carbono, que aumentou 10 vezesdesde 1961. Este componente representa abiocapacidade necessária à absorção do CO2proveniente da queima de combustíveis fósseis e das alterações de uso do solo, descontando aporção absorvida pelos oceanos.

    Que países, como um todo, exercem maiorpressão através da procura de bens e serviços doplaneta, e como tem esta situação evoluído aolongo do tempo? Em 2005, os Estados Unidos e a China apresentavam o valor de PegadaEcológica global mais elevado, utilizando cadaum 21% da biocapacidade do planeta. A Chinapossuía uma Pegada Ecológica per capita muitomenor comparativamente aos Estados Unidos,tendo uma população quatro vezes maior. AÍndia surge em terceiro lugar, usando 7% da

    biocapacidade total da Terra. A Figura 24 mostra a evolução das pegadas nacionais aolongo do tempo.

    Figura 22: Pegada ecológica per capita, porpaís. Esta comparação inclui a totalidade dospaíses com mais de 1 milhão de pessoas, paraos quais se encontram disponíveis dadoscompletos.

    Figura 23: Pegada ecológica porcomponente. A pegada é apresentada comonúmero de planetas. A biocapacidade total,representada pela linha verde, é igual a umplaneta Terra, embora a sua produtividadebiológica varie a cada ano. A energiahidroeléctrica é incluída na ocupação humana e o combustível vegetal no componente dafloresta.

    Figura 24: Pegada ecológica por país.Crescimento da pegada ao longo do tempopara os países com um valor de pegada maiselevado no ano de 2005.

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    LPR_08 Port v3.qxd 14/5/09 12:59 Page 15

  • RELATÓRIO PLANETA VIVO 200816

    BIOCAPACIDADE

    Fig. 25: BIOCAPACIDADE PER CAPITA, POR PAÍS, E RELATIVA À PEGADA, 2005

    25

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    BIOCAPACIDADE DISPONÍVEL A NÍVEL NACIONAL

    EM RELAÇÃO COM A PEGADA NACIONAL

    Biocapacidade superior à pegada em mais de 150%

    Biocapacidade superior à pegada em 100-150%

    Biocapacidade superior à pegada em 50-100%

    Biocapacidade superior à pegada em 0-50%

    Pegada superior à biocapacidade em 0-50%

    Pegada superior à biocapacidade em 50-100%

    Pegada superior à biocapacidade em 100-150%

    Pegada superior à biocapacidade em mais de 150%

    Numa economia globalmente interdependente,observa-se uma crescente utilização dacapacidade ecológica alheia. Quando a Chinaimporta madeira da Tanzânia, ou a Europaimporta carne de gado alimentado com soja do Brasil, estes países estão a depender de uma biocapacidade que está além das suasfronteiras.

    A biocapacidade não está distribuída demodo uniforme. Os oito países com maiorbiocapacidade – Estados Unidos da América,Brasil, Rússia, China, Canada, Índia, Argentina e Austrália – concentram 50% dabiocapacidade mundial total (Figura 27).

    A Pegada Ecológica de um país ou região é determinada pelos seus padrões de consumo e população, não pela sua biocapacidade(Figura 26). Três dos oito países com maiorbiocapacidade – Estados Unidos, China e Índia – são devedores ecológicos, na medida em que a sua Pegada Ecológica excede a suabiocapacidade. Efectuando uma análise similarpara os restantes cinco países, verificamos quepossuem crédito ecológico.

    A Figura 25 compara países em termos debiocapacidade per capita e mostra também em

    que medida é que esta é maior ou menor do que a sua Pegada Ecológica. Dos três paísescom maior biocapacidade – Gabão, Canadá e Bolívia – apenas o Canadá tem um valor de Pegada Ecológica maior que a médiamundial per capita, mas ainda assim inferior à sua biocapacidade disponível dentro das suas fronteiras.

    Por outro lado, o Congo, com um milhão depessoas, e ocupando o sétimo lugar em termosde biocapacidade com 13,9 gha per capita, temuma Pegada Ecológica média de 0,5 gha percapita, a quarta mais pequena de todos ospaíses com mais de um milhão de habitantes.

    Contudo, o número de países devedorestem aumentado. Em 1961, a biocapacidade da grande maioria dos países excedia a sua Pegada Ecológica, o que permitia que houvesse uma reserva mundial debiocapacidade. Em 2005, grande parte dos países passou à categoria de devedorecológico, com valores de Pegada Ecológicasuperiores à sua biocapacidade.

    Os países em dívida ecológica só poderãomanter o seu nível de consumo mediante aexploração dos seus próprios recursos mais

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  • RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008 17

    Em 2005, a biocapacidade globalmente disponível era de 2,1 hectares globais per capita

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    Fig. 26: BIOCAPACIDADE E PEGADA ECOLÓGICA POR REGIÃO, 2005

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    América do Norte

    Europa não-EU

    América Latina e Caraíbas

    Europa EU

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    Ásia-Pacífico

    Pegada

    Biocapacidade

    Reserva (+) ou défice (-) ecológicos

    Fig. 27: OS 10 PAÍSES COM VALOR DE BIOCAPACIDADE MAIS ELEVADO, 2005

    44,5%

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    8,7%8,5%

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    2,3%1,8%

    Estados Unidos da América

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    Federação Russa

    China

    Canadá

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    Argentina

    Austrália

    Indonésia

    Rep. Dem. Congo

    Outros

    rapidamente do que a taxa de substituição,importando recursos de outros países e usando a atmosfera como um vazadouro para o despejode gases de efeito de estufa.

    A biocapacidade é influenciada, tanto porfenómenos naturais, como pelas actividadeshumanas. As alterações climáticas, porexemplo, podem diminuir a biocapacidadeflorestal, na medida em que um tempo maisseco e quente aumenta a probabilidade deincêndios e pragas. Algumas práticas agrícolaspodem reduzir a biocapacidade ao aumentarema erosão dos solos e a sua salinidade.

    A sobre-exploração e o esgotamento derecursos naturais podem resultar na perdadefinitiva de serviços dos ecossistemas,aumentando a probabilidade de dependência das importações por parte de um país, elimitando futuras opções de desenvolvimento.Em contrapartida, uma gestão cuidada dabiocapacidade permite que os paísesmantenham as suas opções em aberto,oferecendo segurança contra choquesambientais e económicos futuros. Num mundoem excesso ecológico, a distribuição desigual da biocapacidade levanta questões políticas eéticas sobre a possibilidade de partilhar os

    recursos do planeta. Não obstante, está claro que os países com dívida ecológicaenfrentam um risco acrescido de dependência da biocapacidade de outros países.Contrariamente, países com reservasecológicas podem considerar a sua riquezabiológica como um bem de reserva, quegarante uma vantagem competitiva nummundo incerto.

    .

    Figura 25: Biocapacidade per capita porpaís. O gráfico apresentado inclui os paísescom mais de 1 milhão de pessoas para osquais há dados disponíveis.

    Figura 26: Biocapacidade e PegadaEcológica por região. A diferença entre abiocapacidade (barra a cheio) e a pegada(barra tracejada) de uma determinada região é a sua reserva ecológica (+) ou déficeecológico (-).

    Figura 27: Os 10 países com valor debiocapacidade mais elevado. Mais de 55%da biocapacidade do planeta é encontrada emapenas dez países.

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    Fig. 28: PEGADA HÍDRICA DO CONSUMO PER CAPITA, POR PAÍS, 1997–2001

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    RELATÓRIO PLANETA VIVO 200818

    PEGADA HÍDRICA DO CONSUMO

    A pegada hídrica de um país corresponde aovolume total de água utilizado globalmentepara produzir os bens e serviços consumidospelos seus habitantes. Inclui a água captada emrios, lagos e aquíferos (águas de superfície esubterrâneas) para a agricultura, a indústria epara uso doméstico, assim como a água dachuva utilizada para o cultivo. A pegada hídricaé análoga à Pegada Ecológica: enquanto estaúltima calcula a área total de espaço produtivorequerido para produzir os bens e serviçosconsumidos por uma determinada população, a pegada hídrica calcula o volume de água

    necessário para produzir os mesmos bens e serviços.

    A pegada hídrica total de um país éconstituída por dois componentes. A pegadahídrica interna é o volume de água necessáriopara gerar e fornecer os bens e serviços que seproduz e consome dentro desse país.

    A pegada hídrica externa é a resultantedo consumo de bens importados; por outraspalavras, a água que se utiliza para a produçãode bens e serviços no país exportador. Asexportações de um país não estão incluídascomo parte da sua pegada hídrica.

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    À escala mundial, a pegada hídrica externarepresenta 16% da pegada hídrica média porpessoa, ainda que esta percentagem varie muitodentro do mesmo país e entre países. Vinte esete países têm uma pegada hídrica externa querepresenta mais de 50% da sua pegada hídricanacional. A média da pegada hídrica mundial éde 1,24 milhões de litros por pessoa e por ano,o que equivale a metade do volume de umapiscina olímpica.

    O impacto de uma pegada hídrica dependeinteiramente de onde e quando se extrai a água.É pouco provável que o uso de água numa áreaonde haja abundância deste recurso tenha umefeito adverso na sociedade ou no ambiente, ao passo que esse mesmo nível de uso de água,numa área que já se bate com a escassez desterecurso, poderia ocasionar a seca dos rios e a

    destruição de ecossistemas, com a perdaassociada de biodiversidade e dos modos de subsistência.

    A externalização da pegada hídrica podeser uma estratégia eficaz para um país queinternamente se bate com escassez de água,mas também significa a externalização doimpacto ambiental. O comércio virtual de águaestá influenciado pelos mercados mundiais deprodutos básicos e pelas políticas agrárias, que geralmente ignoram os possíveis custosambientais, económicos e sociais para os países exportadores. Este comércio virtual de água sublinha ainda mais a necessidade da cooperação internacional na gestão dosrecursos hídricos, num contexto onde cerca de263 dos principais rios e lagos do mundo emuitas centenas de aquíferos cruzam fronteiras.

    O COMÉRCIO DE ÁGUAA pegada hídrica de um produto é o volumetotal de água doce utilizado para elaboraresse produto, somando o conjunto de toda a cadeia de produção. Isto é por vezesreferido como o conteúdo virtual da água deum produto. A pressão mundial que seexerce sobre os recursos de água doceaumenta em função da crescente procura debens cuja produção é intensiva no uso daágua, tal como a carne, os lacticínios, oaçúcar e o algodão.

    ■ 2.900 litros por camisa de algodão3,7% do uso global da água na produçãoagrícola é aplicado no cultivo de algodão,o qual equivale a 120 litros de água porpessoa por dia.

    ■ 15.500 litros por quilo de carne de vacaA carne, o leite, o couro e outros produtospecuários representam 23% do uso globalde água na agricultura, o qual equivale amais de 1.150 litros de água por pessoapor dia.

    ■ 1.500 litros por quilo de açúcar de canaUma pessoa utiliza em média 70g deaçúcar por dia, equivalente a 100 litros deágua. O açúcar de cana representa 3,4%do consumo global de água utilizada naprodução agrícola.

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  • 20 RELATÓRIO PLANETA VIVO 2008

    PEGADA HÍDRICA DA PRODUÇÃO

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    IA

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    MA

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    OJA

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    GR

    ÉC

    IA

    BU

    LGÁ

    RIA

    HU

    NG

    RIA

    AR

    ÁB

    IA S

    AU

    DIT

    A

    Fig. 29: PEGADA HÍDRICA TOTAL DA PRODUÇÃO, POR PAÍS, 1997–2001

    1.600

    1.400

    1.800

    1.200

    1.000

    800

    600

    400

    200

    0

    160

    140

    180

    120

    100

    80

    60

    40

    20

    0

    km

    3 p

    or a

    no

    km3

    por

    ano

    Fluxos de retorno

    Água azul

    Água verde

    Nota: A escala do gráfico à esquerda é dez vezes superior à do gráfico à direita.

    PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS DE ÁGUA AZUL

    Mais de 100% (stress severo)

    40–100% (stress severo)

    20–40% (stress moderado)

    5–20% (stress reduzido)

    Menos de 5%

    Em qualquer país é necessária água paraproduzir bens e serviços que são consumidosinternamente ou exportados. A pegada hídricada produção representa toda a água utilizadapara uso doméstico, industrial e agrícola numpaís, independentemente do local onde seconsome realmente os bens produzidos.

    A pegada hídrica é composta por três tiposde uso da água, designados como pegadahídrica azul, verde e cinzenta. A pegada hídricaverde é o volume de águas pluviais armazenadono solo e que se evapora dos campos de cultivo.A pegada hídrica azul é o volume de água doceextraído das massas de água, como rios e lagos,que é utilizado mas não recuperado. Esta

    pegada é representada principalmente pelaevaporação da água de regadio dos campos decultivo. A pegada hídrica cinzenta é o volume da água contaminada como resultado dosprocessos de produção. Calcula-se através do volume de água requerido para diluir osc