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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião António Rego22 - Semana de.. Octávio Carmo24 - Dossier Jornadas Nacionais deComunicação Social

26 - Entrevista: Carlos Matos52 - Estante54 - Concílio Vaticano II56 - Agenda58 - Por estes dias60 - Programação Religiosa61 - Minuto Positivo62 - Liturgia64 - Jubileu da Misericórdia66 - Fundação AIS68 - LusoFonias

Foto da capa: Nova Imagem gráfica da Agência ECCLESIA. Foto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

«Só a paz é santa»[ver+]

Religiões unidascontra oterrorismo[ver+]

A comunicação daIgreja em Portugal[ver+] António Rego | José Aguiar | Alberta

Marques Fernandes | Jorge PiresFerreira | Paulo Agostinho

Octávio Carmo |Manuel Barbosa | Paulo Aido

Tony Neves

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Comunicar sem bancada da oposição

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

A eficácia da comunicação depende muito dabancada da oposição. Alimenta-se num ping-pong de ideias, argumentos e contra-argumentosque passa por cenários muito diversos. De facto,não são só as discussões parlamentares que sealimentam dessa lógica mediática. Ela sustentadiálogos na praça pública, debates emassociações locais ou com emissões globais,controvérsias feitas para entreter e ainda mais ascontestações entre adeptos de clubes com coresdiferentes.Quando a comunicação é institucional, procurara eficácia e a emoção mediática, ou seja aaudiência, a partir das reações que possamsurgir na bancada da oposição pode não ser amelhor opção. Porque, de facto, a bancada daoposição não existe! Existe um público que épreciso conhecer, que se tem conquistar pelacredibilidade, verdade e transparência e com oqual é necessário saber construir umacomunidade.Considerações feitas a propósito dacomunicação na Igreja Católica, em análisenestes dias nas Jornadas Nacionais deComunicação Social, com o perigo de sereferirem apenas a um público muito específico,mas no propósito de envolver todos os públicosna urgência da comunicação quando em causaestá a evangelização.Parcerias, sinergias, trabalho em rede, partilhade recursos e de conteúdos… Desejos, ideiasque raramente se transformam em projetos. Maspermanece a vontade de que assim seja entretodos os que coordenam setores da comunicação

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em diferentes estruturas eclesiaisporque esse é o objetivo é certo esabido, “apenas” falta descobrir ocaminho para lá chegar.Colocado o tema novamente naagenda, os diálogos realizados, osdebates provocados e os encontrosefetuados motivam o compromissocom o desafio da comunicação naIgreja Católica numa atitude deproximidade, de escuta e deirrenunciável e permanente ligaçãoà História que tem sustentado todasas aventuras de comunicação

há dois mil anos: o Verbo, a Palavra,Jesus Cristo.Num ambiente digital, acomunicação vive ainda mais dehistórias, momentos, imagens quequase sempre se veem apenas vez.E poucas instituições têm a garantiade que a mesma Imagem resultaquando comunicada muitas vezescomo a Igreja Católica: os rostos deJesus. Um compromisso que exigeunidade, onde os comunicadores,os evangelizadores, estejam todosdo mesmo lado, sem bancada daoposição.

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Papa Francisco em Assis

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"Eu tenho defendido sempre que uma coisa éa política, outra coisa são as questõesprivadas e da intimidade das pessoas e nãogostaria de ficar associado a isso", PedroPassos Coelho sobre a apresentação do livrodo jornalista José António Saraiva “Prometemos uma alternativa querespeitasse o nosso programa, as posiçõesda maioria que apoia o Governo e oscompromissos internacionais do nosso país -e é isso que estamos a cumprir" primeiroministro António Costa, no primeiro debatequinzenal da legislatura

Vamos evocar o 50.º artigo e, nesse pedido,iremos estabelecer alguns parâmetros decomo nos propomos a levar isto adiante. Nãoacredito que iremos precisar dos dois anos."ministro dos Negócios Estrangeiros britânico,Boris Johnson.

"O aumento da carga fiscal sobre ostrabalhadores com baixos rendimentos foiparticularmente elevado em Portugal, onde osistema de crédito fiscal foi tornado menosprogressivo" OCDE - Organização para aCooperação e Desenvolvimento Económico

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Líderes religiosos queremser parte da solução para a Paz

A Comissão Nacional Justiça e Pazpublicou a nota ‘Religiões pela Paz’,sobre o encontro inter-religioso quese concluiu esta terça-feira emAssis, com a presença do Papa,sublinhando que os líderes dasvárias confissões mostraram avontade de ser “parte da solução”.“A força incomparável que têm asreligiões na vida das pessoas e dospovos pode, e deve, ser canalizadaem função do diálogo, da harmoniasocial, da justiça e da paz. Naconstrução

da paz, as religiões não são partedo problema, mas parte da solução”,escreve o organismo laical ligado àConferência Episcopal Portuguesa.A nota enviada à Agência ECCLESIApor Pedro Vaz Patto, presidente daComissão Nacional Justiça e Paz(CNJP), considera “importantesublinhar” que as religiões quando“vividas na sua pureza eautenticidade” não são fonte deconflito e de ódio mas “de paz e deunidade”, quando se difunde a

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tese do “choque de civilizações”onde as religiões teriam um papelcomo fonte de divisões e conflitos.“Não podemos ignorar um passado,e um presente, de guerras econflitos com motivações religiosasque encobre a sede de poder ououtro tipo de motivações”,acrescenta o texto.“Todas as religiões deveriam, a esterespeito, proceder a uma salutarautocrítica”, observa a CNJP nodocumento que pretende assinalara realização do encontro inter-religioso de Assis, no 30.ºaniversário do primeiro destesencontros por “iniciativa profética”do Papa São João Paulo II.Para o organismo católico, osencontros de Assis são “um sinal deuma outra era que começa”, que odestino futuro da humanidade “nãotem que ser marcado pelo ‘choquede civilizações’”.A Comissão Nacional Justiça e Pazrefere que é nas religiões que amaioria dos seres humanosencontra a “motivação maisprofunda que dá sentido às suasvidas” e muitos povos encontram um“elemento decisivo de identidadecultural e coesão social”.

“Quando não deturpadas, podemdesencadear o melhor das energiashumanas”, destaca a CNJP, na notatambém divulgada na sua página nainternet.O Papa Francisco e dezenas delíderes religiosos assinaram umadeclaração conjunta pela paz, naqual rejeitam o terrorismo e ofundamentalismo. “A paz é o nomede Deus. Quem invoca o nome deDeus para justificar o terrorismo, aviolência e a guerra, não caminhapela sua estrada: a guerra em nomeda religião torna-se uma guerracontra a própria religião”, lê-se no‘Apelo pela Paz 2016’.

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Prémio para a recuperação dosClérigos O presidente da Irmandade dosClérigos, padre Américo Aguiar,disse que o trabalho derecuperação da Igreja e Torre dosClérigos, no Porto, mostrou apossibilidade de conciliar “culto ecultura” de uma nova forma. “É umamaneira nova, diferente, de encarara presença de um edifício destes,um edifício de culto, um edifício decultura, provando a nós própriosque o culto e a cultura não têm deviver de costas voltadas”, explicou oresponsável, em declarações àAgência ECCLESIA.O projeto de restauro erecuperação da Igreja e Torre dosClérigos venceu a 9.ª edição doPrémio Vasco Vilalva, no valor de 50mil euros, uma distinção que foientregue esta terça-feira, numacerimónia pública.O padre Américo Aguiar sublinha o“peso institucional” desta distinçãoda Gulbenkian, mostrando-se“honrado” pelo facto de o prémioreconhecer “a excelência de umaintervenção” de conservação erestauro, realizada por ocasião dacomemoração dos 250 anos daconstrução da torre. “A tradição e amodernidade também podemtrabalhar em conjunto”, sublinha.

O presidente da Irmandade dosClérigos, padre Américo Aguiar,distinguiu a 11 de julho de 2015 ovisitante ‘1 Milhão’ neste monumentodo Porto, numa contagem quecomeçou em fevereiro de 2013, nojubileu dos 250 anos. “Dentro desemanas, acreditamos que vamoster de fazer uma segunda festa,para o visitante 2 milhões”, adiantouo sacerdote, que fala numa grande“responsabilidade”.Já o presidente do Conselho deAdministração da FundaçãoCalouste Gulbenkian, Artur SantosSilva, referiu à Agência ECCLESIAque a distinção visou o “trabalhoextraordinário de recuperação” quefoi feito nos Clérigos, “muito bemconcebido, muito bem executado”.

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Secretário de Estado do Vaticano emFátimaO secretário de Estado do Vaticanovai estar em Fátima para presidir àperegrinação internacionalaniversária do 13 de outubro, nareta final da preparação para acelebração do centenário dasaparições, em 2017. “Imagino quedevem ter pensado que, porocasião do 99º aniversário dasaparições, ter a presença docolaborador direto do PapaFrancisco poderá ser uma boapreparação para o centenário queserá no próximo ano”, salienta D.Pietro Parolin, em entrevistadivulgada pela sala de imprensa doSantuário de Fátima.Esta será a primeira vez que o atualchefe da diplomacia do Vaticanoestará na Cova da Iria e o cardealitaliano mostra-se “contente eagradecido pelo convite,sublinhando que essa visita terámuito mais do que um carizinstitucional. “Estou a preparar-merefletindo sobre o significado deFátima e sobretudo deixando-meenvolver, porque não serei só umapresença institucional massobretudo um filho que visita a suaMãe”, realça D. Pietro Parolin.A peregrinação internacional deoutubro assinala a sexta apariçãode Nossa Senhora na Cova da Iria eeste ano tem como tema “Quemperder a sua vida… salvá-la-á”. Oconvite para a vinda do secretáriode Estado da

Santa Sé a Fátima foi feito há cercade um ano, durante a última visita‘ad limina’ dos bispos portugueses aRoma.“Tínhamos feito o convite e ele ter-se-á aconselhado com o Papa, quelhe terá dito: ‘vais abrir o caminho,vai como precursor’”, adiantou naaltura D. António Marto, o bispo deLeiria-Fátima, em declarações àAgência ECCLESIA.D. Pietro Parolin acrescenta queesta será também uma ocasião para“buscar força e empenho para oserviço à Igreja Católica e ao Papa”.A peregrinação internacional do 13de maio de 2017 deverá contar coma presença do Papa Francisco, quejá manifestou a sua intenção depresidir à celebração do centenáriodas aparições.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Religiosa trouxe a Fátima testemunho sobre guerra na Síria

Vindima Solidária em Setúbal

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Só a paz é santa, não a guerra

O Papa Francisco foi a Assis paraunir-se a centenas de responsáveisreligiosos e da Cultura, numencontro inter-religioso pela paz, oqual encerrou com a afirmação deque nenhuma guerra é “santa” oupode ser justificada com o “nome deDeus”.“Não nos cansamos de repetir que onome de Deus nunca pode justificara violência. Só a paz é santa, só apaz é santa, não a guerra”,exclamou, na conclusão da iniciativaque levou representantes de váriascomunidades cristãs e religiões,além do mundo da cultura e dopensamento, à cidade

italiana que viu nascer SãoFrancisco de Assis.Perante centenas de responsáveis,o Papa aludiu aos “dramas” dequem teve de deixar a sua terra oude quem foi vítima da violência.“Todos eles têm uma grande sedede paz. Não queremos que estastragédias caiam no esquecimento.Desejamos dar voz em conjunto aquantos sofrem, a quantos seencontram sem voz e sem escuta”,assinalou.Na Praça de São Francisco, junto doPapa, estavam o rabino AbrahamSkorka, da Argentina, seu amigo

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de longa data; Abbas Shuman, vice-presidente da Universidade Al-Azhar(Egito); e Gijun Sugitani, conselheirosupremo da Escola Budista Tendai(Japão).Os participantes ouviram otestemunho de Tamar Mikalli, vítimada guerra na Síria, que teve de fugirda cidade de Alepo e chegou à Itáliaatravés de corredores humanitários,bem como o testemunho de umrabino, sobrevivente do Holocausto,e intervenções de váriosrepresentantes religiosos.Francisco encerrou o encontro deterça-feira com uma reflexão sobrea importância da oração pela paznum mundo que vive “o paganismoda indiferença”. O Papa recordou, aeste respeito, a sua viagem à ilhagrega de Lesbos, juntamente com opatriarca ecuménico deConstantinopla (Igreja Ortodoxa),Bartolomeu I, também presente emAssis.“Vimos nos olhos dos refugiados osofrimento da guerra, a angústia depovos sedentos de paz”, assinalou.A presença de várias tradiçõesreligiosas, defendeu Francisco,mostra que a diferença não é motivode “conflito”. “Hoje não rezamos unscontra os outros, como às vezesinfelizmente sucedeu na História.

Pelo contrário, sem sincretismosnem relativismos, rezamos uns aolado dos outros, uns pelos outros”,precisou.No 30.º aniversário do primeiroencontro inter-religioso do género,promovido pelo Papa João Paulo IIem Assis, Francisco pediu que todasas confissões se mobilizem paradefender a “sacralidade da vidahumana”, promover a paz entre e“salvaguardar a criação”. “O nossofuturo é viver juntos. Por isso,somos chamados a libertar-nos dosfardos pesados da desconfiança,dos fundamentalismos e do ódio”,observou.O Papa lamentou o “cinismo” ignoraos problemas alheios e a“abordagem virtual” de quem “julgatudo e todos no teclado dumcomputador”. “A nossa estrada émergulhar nas situações e dar oprimeiro lugar aos que sofrem”,realçou.

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Pelas vítimas das guerras e daindiferençaO Papa Francisco recordou emAssis, Itália, as vítimas da guerra eos refugiados que sofrem perante a“indiferença” da sociedade, duranteuma celebração ecuménica nacidade italiana. “Imploram paz asvítimas das guerras que poluem ospovos com ódio e a terra comarmas; imploram paz os nossosirmãos e irmãs que vivem sob aameaça dos bombardeamentos ousão forçados a deixar a casa eemigrar para o desconhecido,despojados de tudo”, disse opontífice argentino, na primeiraintervenção pública que proferiuneste encontro inter-religioso pelapaz.Depois de ter chegado de manhã aAssis, onde cumprimentouresponsáveis religiosos,representantes do mundo da culturae refugiados, o Papa participou aoinício da tarde na oração ecuménicaque decorreu na basílica inferior deSão Francisco.Durante a celebração, foramnomeados 27 países em guerra nomundo, acendendo-se uma vela porcada um. Francisco partiu do temaescolhido para o encontro inter-religioso, ‘Sede de paz’, no 30.ºaniversário do primeiro evento

do género, promovido pelo PapaJoão Paulo II.“As palavras de Jesus interpelam-nos, pedem acolhimento no coraçãoe resposta com a vida. Na suaexclamação ‘tenho sede’, podemosouvir a voz dos que sofrem, o gritoescondido dos pequenos inocentesa quem é negada a luz destemundo, a súplica instante dospobres e dos mais necessitados depaz”, declarou.O Papa alertou para a “rejeição”que estas pessoas recebem,criticando “o silêncio ensurdecedorda indiferença”, o “egoísmo” e a“frieza” de quem ignora o “grito deajuda” do próximo “com mesmafacilidade com que muda de canalna televisão”.

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Religiões unidas na condenaçãodo terrorismoO Papa Francisco e os líderesreligiões que se reuniram a 20 desetembro na cidade italiana de Assisassinaram uma declaração conjuntapela paz na qual rejeitam oterrorismo e o fundamentalismo. “Apaz é o nome de Deus. Queminvoca o nome de Deus parajustificar o terrorismo, a violência e aguerra, não caminha pela suaestrada: a guerra em nome dareligião torna-se uma guerra contraa própria religião”, refere o ‘Apelopela Paz’ assinado no final doencontro inter-religioso quedecorreu desde domingo, concluídohoje na presença de Francisco.“Com firme convicção, reiteramosque a violência e o terrorismo seopõem ao verdadeiro espíritoreligioso”, acrescenta o documento.O texto foi lido publicamente apóstestemunhos de uma refugiada elíderes religiosos, além de umminuto de silêncio em memória dasvítimas da guerra e do terrorismo.O ‘Apelo pela Paz 2016’ foi entreguesimbolicamente a um grupo decrianças, que levaram váriosexemplares a responsáveis políticose diplomáticos presentes em Assis.

“Colocamo-nos à escuta da voz dospobres, das crianças, das geraçõesjovens, das mulheres e de tantosirmãos e irmãs que sofrem porcausa da guerra; com eles,bradamos: Não à guerra!”, referemos signatários do documento.Os representantes das váriasconfissões religiosas evocam “ogrito de dor de tantos inocentes” epedem à comunidade internacionalque trave “a ganância de quemtrafica armas” e combatam situaçõesde “pobreza, injustiça edesigualdade”.

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«Sexta-feira da misericórdia»: Papa visitou bebés internados em serviço deneonatologia

Papa associou-se à celebração do Dia Mundial da Doença de Alzheimer

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As nossas geringonças

Cónego António Rego Jornalista

Que temos nós contra o tempo? Deve ser acriatura que mais queixas ouve. Ou porque nãopassa, ou porque passa muito depressa. Ou nãonos organiza de forma que tenhamos osacontecimentos colocados no momento certo.Tantas vezes nos enganamos no ano ou no diaem que decorreram eventos de ordem pessoalou social. Há uma espécie de convenção para seassinalar datas relacionadas comacontecimentos exatamente para que não venhaa traça que desfaz o mais fino tecido peloesquecimento e reduz a nada obras de grandevalor. Felizmente há calendários.Tentamos para nós arranjar sempre tempo. Nemsempre somos felizes. Os nossos planos saemao contrário e parece que o relógio se perde naorganização do nosso dia. São já poucos os quefazem o tic-tac sonoro resultante da corda quefizemos rodar e das engrenagens que seenvolvem na ativação de toda a máquina paraque a geringonça mereça a nossa confiança.Quantas vezes para ele olhamos e, sejaelectrónico ou mecânico, sabemos que nos estáa enganar. Agora os satélites dão ordens para opequeno mecanismo às frações de segundo quebailam no nosso pulso. E, para nossa surpresa,apontando o tempo certo. Já esquecemos o BigBen de Londres ou o relógio da nossa Igrejapara onde toda a freguesia olhava e sentia queera o grande regente do povo, do trabalho, dorepouso, dos divertimentos. E a hora da missa.Tudo isto porquê? Porque vivemos no tempo.Porque se não fosse o tempo, não chegaríamos

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a viver. Porque nos perdemos notempo quando começamos arepartir a história. Os anos de luzcegam-nos na contagem da grandeabóbada do céu que nos deslumbracom a grandeza da sua pequenez.Uma estrela no nosso olhar é maispequena que uma cabeça dealfinete. O relógio celestial continua a trabalhar com perfeição e nãovemos quem lhe dá corda e mudaas baterias. E o nosso sistema solar,pequenino em relação a tantosoutros que de noite se espreguiçamno esbelto arco celeste. Mas ohomem lá se intrometeu. E lá rodaem estações espaciais e até mandapara o nosso telemóvel a hora certaque passa e a rota que segue.Podemos, da terra, acompanhar edizer com certeza: ali vai umhumano como nós. É ele o“comandante” daquela “estrela”.Não é ficção, é realidade. Podemostestemunhá-la numa noite destas seas nuvens não taparem o céu.E Deus, onde se esconde que não ovemos no meio de tal magnitudehumilde, se olharmos o espaçocomo um conjunto de fragmentos deluz? Maravilhoso esse silêncio deDeus, com o brilho oculto na noite, aenergia escondida em todos os

sistemas, a força que confere atodos os seres animados ou não. Enós sempre presos à estreiteza dotempo. Tão curta a nossa vida e porvezes com momentos tão longos.Fugaz é a nossa alegria einterminável por vezes, a nossa dor.Tão rápida a nossa passagem deetapas – criança, jovem, adulto e..velho. Tudo demorou tantoenquanto decorria e tão pouco seforçamos a memória para narrar omais significativo.Não há que ter medo do mistério.Ninguém sabe com rigor o que é otempo. Olhar o relógio com oponteiro ou o dígito dos segundossempre, sempre a avançar, e nemuma vez voltou atrás para nosconceder mais um átomo de vida.Não tenhamos medo Deus. Ele é sóeternidade e infinito. E sabe que orelógio de sol um dia irá pararporque o astro Rei gastou a suacarga. Só Ele continua. Só Ele nosbasta,como dizia Santa Teresa.

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Fé no Jornalismo

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

As jornadas nacionais de comunicação social emFátima são anualmente um momento deencontros e reencontros com quem está nomesmo barco. Um espaço de reflexão e deconvívio para ouvir sonhos, dificuldades, projetose realizações que vão acontecendo um poucopor todo o país.Este ano, houve a coincidência de, antes doinício dos trabalhos em Fátima, o Papa terrecebido no Vaticano um grande grupo da Ordemdos Jornalistas da Itália. Desde logo, duas coisasme saltaram à vista:1. Há uma Ordem dos Jornalistas na Itália.Parece óbvio, mas em Portugal, nunca se sabemuito bem por quem é que regulado o exercícioda profissão. Desde logo, porque uma coisa éacompanhar ou regulamentar as empresas dosetor, outra é representar os jornalistas. Umaordem deveria desempenhar um papel derepresentação e fiscalização, assumindo umpapel fundamental de referência que ganha cadavez mais relevância face ao esvaziamento que acrise económica e a revolução tecnológica têmprovocado no jornalismo. É um tema que, porcerto, estará no centro do 4.º (apenas o quarto)congresso de jornalistas portugueses que se vairealizar no início de 2017.2. O Papa Francisco vê o jornalismo à modaantiga, como uma espécie de “sacerdócio”. Não éque confunda os planos mediático e religioso: oPapa vê no jornalista uma figura de referênciapara a sociedade, alguém em quem devemospoder confiar, que não só fala a verdade como apratica

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na sua vida diária. É uma granderesponsabilidade, talvez maior doque aquilo que conseguimosrealizar, mas não deixa de ser umahonra que ainda haja pessoas comexpectativas tão elevadas. E que,por isso mesmo, se sentemdesiludidas quando asdefraudamos.

Já há algum tempo que ouvimosperguntar para que servem, afinal,os jornalistas. Hoje tudo se sabenum instante. Não em profundidade,claro está, mas sem filtro, semnecessidade de mediação – e ospróprios media estão a entrar naonda de se transformarem emmeros fornecedores de “stream”

constante sobre os acontecimentos,sem a mínima preocupação de osinterpretar.Como já escrevi antes, isto não mefaz perder a fé no jornalismo ousequer conjeturar que os jornalistasvão deixar de existir. Pelo contrário.Julgo que esta avalanche de dados,sem qualquer tratamento, confusa eacrítica, vai sublinhar, a médioprazo, a necessidade de ummediador, de alguém que valide etransforme esses dados emverdadeira informação. Como medizia uma amiga desta luta, temosde voltar ao início, ao que é maisbásico, e recordar a todos o que éum jornalista. Para que não hajaconfusões.

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A Igreja Católica em Portugal promoveu em Fátima assuas jornadas anuais de Comunicação Social, intituladas

'Pensar a Comunicação da Igreja em Portugal'.O Semanário ECCLESIA apresenta uma entrevista aCarlos Matos, presidente da Associação Portuguesade Empresas de Comunicação e Relações Públicas,

depoimentos de vários especialistas no setor dojornalismo e da comunicação institucional, que

complementam a reportagem sobre os trabalhosda iniciativa.

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Construir comunicação comperspetiva de comunidade

Carlos Matos, presidente da Associação Portuguesa de Empresas deComunicação e Relações Públicas, fala à Agência ECCLESIA sobre osdesafios que se coloca à Igreja Católica neste campo, num momento em quehá cada vez menos espaço para o “monólogo”.

Entrevista conduzida por Paulo Rocha Agência ECCLESIA (AE) - Qual é osegredo, se é que há, para que umaestratégia de comunicação da IgrejaCatólica resulte.Carlos Matos (CM) - Não podemosfalar propriamente em segredo,muito pelo contrário: deve haver naIgreja uma atitude aberta e de

transparência, que não tem nada aver com segredos. Qualquerestratégia de comunicação, sejapara a Igreja ou para outrainstituição, deve assentar,sobretudo, numa escuta eficientedaquilo que são os nossos públicos-alvos, ouvi-los e em função dissoestabelecer o nosso diálogo com

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estes públicos. É algo que não temnada a ver com segredos, mas coma total capacidade de leitura, deobservação, também datransparência que é claramente umdos objetivos da Igreja Católica. AE – E que metodologias ajudam aconhecer esses públicos-alvos?CM – Hoje em dia há técnicas quenos permitem, obviamente, fazeruma leitura do que as pessoaspensam, estar mais ou menos a parde tudo o que se passa. Mas nãotem de ser, necessariamente, umaresposta baseada naquilo que aspessoas pensam, é um processo, éuma construção. A Igreja Católica,toda a sua comunicação, tem muitasvezes uma conversa num sósentido, às vezes penso que faltaum pouco mais

de diálogo. Não é só um problemada Igreja Católica, contudo, é umproblema muitas vezes de todas asinstituições. AE – Na Igreja Católica, há essaimagem de comunicação porexcelência, que marcou muitosséculos: o púlpito. Essa estratégiaainda serve?CM – Eu não digo que não serve,porque estamos a falar de outroregisto. Na minha prática, hápúlpitos que gosto de ouvir, hápadres que gosto de ouvir,palestrantes de que gosto e outrosde que não. Pode ter a ver, secalhar, com as qualidadesintrínsecas de cada um, mastambém tem a ver com essasituação, com um conhecimentorelativamente profundo dos públicosa que nós nos dirigimos, para nãoestarem eles a querer ouvir umacoisa e nós a dizer outra.

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AE – Haverá alguma transição afazer, uma mudança de estratégia,de metodologia, do púlpito àpartilha?CM – Exatamente, penso que é apartilha. Esta é uma palavra quepode ter vários sentidos, mas é apartilha no sentido do diálogo, dapartilha de ideias, a partilha deconhecimentos. É evidente que issose baseia numa perspetiva dediálogo, não só de estar a debitarum discurso: é estar a falar, mas aminha conversa ser construída napossibilidade de conhecerexatamente o que é que os meusinterlocutores estão à espera queeu diga. Não se trata de algoformatado, mas com naturalidade.Não pode ser um monólogo. AE – Também não se trata de umacomunicação de massas?CM – Cada vez mais a comunicaçãotenderá a ser vista numa perspetivade comunidade. É evidente quenuma comunidade de freguesia emLisboa é completamente diferentedo tipo de conversa, do tipo detrabalho que se tem de fazer numacomunidade de outra localidadequalquer, com todo o respeito pelosdois tipos de comunicação.

AE – Esse desafio de construircomunidades novas, decomunidades que podem nãocorresponder àquelas que existemna geografia, é algo que acomunicação pode ajudar aalcançar?CM – Completamente. Isso é óbvio,no fundo a Igreja Católica cada vezmais tem essa obrigação, até naperspetiva de não excluir, daquiloque o Papa Francisco tanto fala. Eisto a vários níveis, dos abusossexuais aos refugiados,independentemente das suasreligiões. AE – Essas comunidades têm deser consideradas?CM – Têm de ser entendidas. AIgreja Católica, tendo a obrigação,de facto, de estabelecer relaçõescom todas essas comunidades,deve ser capaz de ter capacidadede se lhes dirigir de uma formaespecífica. Há aqui, como éevidente, vários níveis de relaçãocom as comunidades, porque agoraaté estava a falar de comunidadesmais exteriores, mas no interior daIgreja Católica também hácomunidades. Existem vários níveis,cultural, de pensamento.

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AE – Pensando na comunicaçãomediática, rádios, jornais, televisões,que presença é necessário ter?CM – Isso vai depender: há quecriar temas, ter uma perspetiva detransmissão desses temas. Porexemplo, há jornalistas que sãomais próximos ou mais afastados daIgreja Católica, o que vai influenciar

a estratégia de comunicação. Aí, secalhar, faz sentido comunicar com osmais próximos, mas pode ser maisinteressante aproximarmo-nosdaqueles que estão mais afastados.Isso precisa de estratégia específicade aproximação bem pensada, demensagens trabalhadas nessesentido.

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CM – A respeito dos meios decomunicação: normalmente aspessoas queixam-se de que osjornalistas são sensacionalistas ouporque estão muito virados menosinteressantes. Mas dentro dos seusconteúdos, a Igreja Católica tem deser capaz de motivar essas pessoasa falar dos temas que lheinteressam. Isso, com certeza, vaiser um trabalho difícil, que exigeuma atitude profissional naabordagem, mas é possível fazer.Depois há outra coisa: já vai otempo em que os media, em que acomunicação era intermediada. Eleseram intermediários entre a fonte

e o destinatário da comunicação;hoje em dia, a situação, sobretudocom a internet, trouxe de facto umacapacidade de avançar para outrotipo de relacionamento com as taiscomunidades, que revolucionou porcompleto a situação. Inclusive,nesse avanço para essascomunidades, estão as própriascomunidades jornalísticas, porquehoje em dia os jornalistas acabampor ter como base do seu trabalho apesquisa, a nível dos diferentescanais. A Igreja tem de gerir essescanais de uma forma mais eficiente,mais profissional. E depois dirigiresses canais para as comunidades.

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Isto é um trabalho muito longo, éuma construção que não é fácil,mas que é possível e que exige,sobretudo, algum profissionalismo.É o contrário das comunicações demassa, onde eu abro a janela,tenho um megafone e falo. Hoje emdia, já não é bem assim. AE – Nessa criação de canais, nacriação de conteúdos, há sempreuma dupla possibilidade: irrespondendo à agenda do momentoou criar uma agenda própria. Sãoduas apostas a ter em conta.

CM – São, e são simultâneas. Se acomunicação for muito bem feita, jávi situações em que isso aconteceu,a agenda mediática começa a serdominada pela minha agenda. Tudoisto, em termos teórico, pode levar auma certa ideia de controlo, o quenão é verdade, porque se houveresse diálogo e essa dinâmica doouvinte e de quem fala, estas coisastêm uma vivacidade própria.

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AE – Um outro elemento é apossibilidade de ter meios própriospara a sua comunicação. É umaestratégia que interessa terpresente?CM – Eu não vejo mal, mas aomesmo tempo também é preciso,mais uma vez, que esses meiostenham credibilidade e queconsigam atingir aqueles que nãosão propriamente os nossosamigos. Eu penso que esse é, dealguma forma, o problema das

comunicações da Igreja: os órgãospróprios da Igreja devem serpensados de uma forma muitointeligente para atingir essascomunidades fora do circuito daIgreja. Deve ser também umobjetivo.A Igreja tem de comunicar paradentro, mas também de comunicarpara fora. Há um leque depensamento muito grande dentrodos católicos, há assuntos em quenem todos estão de acordo.

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AE – E esses são por vezes os quegeram mais emoção nacomunicação social?CM – Sim, aí também há que sabercriar, há que também saber jogarcom aquilo que anima acomunicação social, que éexatamente um certo picante. AE – O relacionamento com ospúblicos há de ser marcado poressa escuta, pelo diálogo, pelaproximidade? E essas três palavras

servem para o relacionamento daIgreja com a comunicação social?CM – Certamente. A comunicaçãosocial – sempre foi, mas hoje em diaé cada vez mais -, é um público comcaracterísticas específicas; temosde ter em atenção que a suachegada à informação, as suasfontes mudaram. Hoje em dia,quando quero saber qualquer coisade alguém, vou ao Google,imediatamente. Isso dá umacapacidade muito grande, é umaoportunidade.

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Potenciar recursos para fazer mais emelhor

O presidente da ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturaise Comunicações Sociais disse emFátima que a Igreja Católica emPortugal deve promover uma açãoem rede, nos media, para reforçar asua presença no setor.“Com os que somos e com o quetemos, claramente podemos fazermais e melhor”, disse D. Pio Alves,na abertura dos trabalhos dasJornadas Nacionais deComunicação Social que reuniucerca de uma centena deprofissionais e responsáveisdiocesanos.

A iniciativa foi promovida peloSecretariado Nacional dasComunicações Sociais (SNCS),procurando auscultar a realidadedas várias instituições eclesiais e osrecursos disponíveis.D. Pio Alves considera que otrabalho deve ser feito sem“centralismo” nem “paroquialismos”,para potenciar os recursos,“melhorar a comunicação interna” ecultivar “as melhores relações comas comunicações no seu conjunto.O também bispo auxiliar do Portoexplicou que o encontro deste

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ano acontece “na sequência de umextenso périplo” do diretor do SNCSpor todas as dioceses do país, nosúltimos meses. “Era bom quefalássemos uns para os outros euns com os outros” para conhecer arealidade da Comunicação Socialligada à Igreja Católica em Portugal,explicou.D. Pio Alves deixou votos de que asjornadas ajudem a situar a“realidade de cada instituição” nocontexto global português, de formaa “pensar a comunicação a partir deum conhecimento tão objetivoquanto possível”. O presidente daComissão Episcopal queacompanha o setor dos mediadeixou Palavra de “enorme gratidão”ao anterior diretor do SNCS, padreJoão Aguiar.As jornadas de Comunicação Socialtiveram como tema, em 2016,'Pensar

a Comunicação da Igreja emPortugal'.O diretor do SNCS, padre AméricoAguiar, agradeceu a presença e o“esforço permanente” dos queacompanham o setor dos media.Para o responsável, é necessáriaaprender a “colocar tudo em rede” epotenciar os “exemplos magníficos”que acontecem em tantasrealidades, onde só “falta ligar tudopara que as coisas possam ter outradimensão”.“Às vezes temos dificuldade emligar-nos”, admitiu.Depois dos dois painéis dedicado aotema das jornadas - Comunicaçãona Igreja em Portugal – comintervenções de responsáveisdiocesanos e debate, esta quinta-feira, o programa continuou com aM&M – Mostra Multimédia, partilhade projetos de comunicação.

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Desafio da Igreja Católica é captaratenção

O professor Fernando Ilharco, daFaculdade de Ciências Humanas daUniversidade Católica Portuguesa,disse hoje em Fátima que o desafioque a Igreja enfrente no atualmundo comunicacional é “captar aatenção” das pessoas.O especialista falava na abertura dosegundo e último dia de trabalhosdas Jornadas Nacionais deComunicação Social, que reúnemcerca de uma

centena de profissionais eresponsáveis do setor, das váriasdioceses portuguesas.Numa conferência sobre o tema‘Ideias e ações para um Plano deComunicação na Igreja Católica emPortugal’, Fernando Ilharcocomeçou por sublinhar que acomunicação contemporânea temum maior peso da “intuição” face àlógica, com prevalência do“imediato,

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da superficialidade”.Segundo o responsável, o grandedesafio é, por isso, "captar aatenção" num “ambiente deestimulação constante”.“Um desastre, um acidente, umfracasso, desde que seja emgrande, é um sucesso decomunicação”, exemplificou,sublinhando que a atenção tende aser captada pelo que é “maissensacional”.Numa situação de crise,acrescentou, é necessário “dizeralguma coisa” e “nunca tratar osmedia como adversários”.“Comunicar mal, de uma formaamadora, é um tiro no pé”, alertou.O especialista propôs uma apostaem “histórias” concretas, com“atores, com motivos, com causas econsequências”, para comunicarmelhor num ambiente “aural”, maisemocional.Fernando Ilharco pediu que sejatida em consideração a “dificuldadede encontrar o relevante” por causada abundância de informação, numcontexto marcado pela “inovação,mudança, novidade”.As “potencialidades imensas dastecnologias da informação” nãopodem ser ignoradas pela IgrejaCatólica, tendo em conta que oambiente digital, hoje em dia, é o“mais natural na comunicação”.Para Fernando Ilharco, umaestratégia comunicacional deve serhoje “tão

mais simples quanto possível, duasou três ideias-chave, porque oambiente é muito confuso”.O responsável deixou três ideias-chave para esta estratégia: falar do“ser cristão hoje”; “proximidade ecuidado”; “participar na sociedade”.Outra necessidade, prosseguiu,passa por garantir presença “nomundo dos media sociais”,estabelecer uma relação com osjornalistas e promover o treino em“comunicação digital e comunicaçãode crise”.As jornadas de Comunicação Socialtêm como tema, em 2016, 'Pensar aComunicação da Igreja em Portugal'.“Jesus é a mais espantosa históriade sempre. Isso é um ativo imensoda Igreja, hoje em dia”, disseFernando Ilharco.O especialista admitiu que está emcausa um “desafio vasto,imensamente complexo, commilhões de atores e sobre a históriamais espantosa de sempre”.O docente universitário propôs acriação de uma plataformacomunicacional para as diocesesportuguesas, com a ajuda da redesocial Facebook, que permitapartilhar as “melhores práticas” nacomunicação digital da Igreja e abraa possibilidade de que qualquerpessoa coloque perguntas sobre“problemas que está a enfrentar”.“Não podemos estar sempre adescobrir a pólvora”, precisou.

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Relação serena e amiga com osmediaO presidente da ComissãoEpiscopal responsável pelo setordos media disse hoje em Fátima quea Igreja Católica tem de promoveruma relação “serena” e “amiga” comos profissionais da comunicação.No final das Jornadas Nacionais deComunicação Social, D. Pio Alvesdestacou como uma “notafundamental” dos trabalhos aschamadas de atenção para aimportância da “relação serena,amiga, com as pessoas quetrabalham no mundo dacomunicação, estejam elas ondeestiverem”.O bispo auxiliar do Porto defendeuainda uma “especial atenção” e“especial cuidado” pelo“aprofundamento” do que é a“especificidade” da comunicaçãoeclesial.O presidente da ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturaise Comunicações Sociais desejouque as propostas surgidas nestasjornadas ajudem a uma “melhoria dacomunicação social em geral” e aresponder aos desafios que a IgrejaCatólica tem neste setor.Nesse sentido, desafiou ospresentes a “construir uma boacomunicação”, sem refugiar-se nas“dificuldades

que existem”, tal como tinha feitona sessão de abertura da iniciativaorganizada pelo SecretariadoNacional das Comunicações Sociais.O início do segundo e último dia detrabalhos contou com a presença doantigo diretor do Secretariado deMeios de Comunicação Social deEspanha, padre José María GilTamayo.O atual porta-voz ConferênciaEpiscopal Espanhola defendeu anecessidade de “procurar um lugarpara Deus nos media”, porque omundo da comunicação é “umcenário da evangelização”.“Também temos de abrir um lugarpara os media na Igreja”,acrescentou.O sacerdote assinalou que numcontexto de “uma comunicaçãosecularizada”, tem faltado à IgrejaCatólica uma “pastoral orgânica”,para que “toda a pastoral seja maiscomunicativa”As jornadas de Comunicação Socialtiveram como tema, em 2016,'Pensar a Comunicação da Igreja emPortugal', reunindo cerca de umacentena de profissionais do setor eresponsáveis das várias diocesesportuguesas.O padre José María Gil Tamayofalou num “novo cenário”comunicativo, que mudou e exigeque a Igreja

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Católica seja, como tem sido aolongo da história, “muito ativa, muitocriativa”.“A comunicação é uma realidadehumana fundamental”, declarou.A conferência recordou aintervenção do então cardeal JorgeMario Bergoglio no Consistório de2013, antes da sua eleiçãopontifícia, no qual convidava a ir aoencontro das “periferiasexistenciais”, também as “periferiasda comunicação”.“A comunicação não serve parauma Igreja fechada em si mesma”,mas para uma “Igreja em saída”,assinalou o porta-voz daConferência Episcopal Espanhola.

O especialista defendeu apassagem de “uma comunicaçãoinstrumental para uma comunicaçãocultural, nas linguagens, noscomportamentos” do homem digital.“O surgimento de cada novatecnologia muda as pessoas”,observou, pelo que não basta“multiplicar o anúncio”.Nesse sentido, a comunicação paraa Igreja é também uma questão“antropológica”, recordando que aspessoas já não sabem o que é“estar em silêncio”.“A Igreja fala, explica, ensina, masmuitas vezes não comunica”,advertiu.

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O tema da comunicação na Igreja Católica esteve em debate nas JornadasNacionais que decorreram em Fátima. O Semanário ECCLESIA convidoujornalistas e assessores de imprensa para responderem às mesmas quatroquestões, sobre a relação Igreja-Media. 1. Qual a primeira decisão que tomarias para definir uma estratégia decomunicação na Igreja Católica? 2. Que conteúdos interessa produzir e comunicar? 3. Que metodologias de divulgação/partilha possibilitam chegar a novospúblicos? 4. É possível ativar uma rede de comunicação a partir da rede paroquial ediocesana existente? Como?

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1.Rodear-me de profissionaiscompetentes que me pudessemajudar a estabelecer as linhasorientadoras e globais decomunicação, bem como a definirprioridades e a respetiva alocaçãode recursos. 2.A definição de conteúdos deve serfeita depois de estabelecidas aslinhas gerais de comunicação e asprioridades. Atendendo ao que queser comunicar, deve ser elaboradoum cronograma e planear acomunicação no tempo. A mediaçãoe a aferição de resultados deve seruma constante, bem como aatualização permanente do plano(sem perder o fio à estratégia) poisa comunicação é uma realidadedinâmica. 3.As novas tecnologias e as redessociais oferecem possibilidadesinteressantes, mas não sesubstituem à dimensão presencialque tem sempre que existir. Poroutro lado, a Igreja, por opção e aolongo dos anos, apagou-sebastante do espaço público emediático, tendo reduzido a sua

intervenção através da comunicaçãosocial. Recuperar esse espaçoperdido exige esforço, exigeadaptação e compreensão sobre otempo e o contexto dos media (maisplurais, mais diversificados, maistecnológicos, mais imediatistas,multiplataforma) mas requersobretudo a resposta a um conjuntode questões essenciais: comunicarpara quê? Com que objetivos? Comque método e regra? Em quecircunstâncias? Sobre que temas?Através de que canais e com quepessoas? Em que momentos? Paraque públicos devo adaptar a minhamensagem? 4.Elaborando um plano, definindoprioridades e alocando recursos.Convocando pessoas competentese interessadas que, trabalhando emrede, de forma colaborativa ecriativa, fazendo também uso dasredes sociais, possam chegar aospúblicos-alvo.

José AguiarAll Comunicação

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1.Reunir com todos os responsáveispela comunicação, desdeparoquias, dioceses, movimentos,leigos, toda a gente, e ouvi-los,reunir todas as opiniões. 2.Todos os conteúdos podem ter umaperspectiva da Igreja. Somos, oudevemos ser católicos em tudo. Porisso, penso que desde temas comoa saúde, a economia, os assuntosinternacionais, até assuntos daIgreja devem ou podem serproduzidos e comunicados.

3. Chegar a novos públicos é ir paraonde eles estão: nos novos meiosde comunicação. É isso aliás que oPapa Francisco faz e com muitosucesso. 4. Acho que a rede tem de ser maisalargada e abranger os Movimentose leigos especializados emcomunicação. Mas sim: as paróquiase as dioceses podem ser a basedessa rede. O que penso que éimportante é a não dispersão,trabalhar em rede sim, mas ter uma"task force" para definir a estratégiade comunicação e executá-la comprofissionalismo

Alberta Marques Fernandes,Jornalista na RTP

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1. - Decisão: Estudar a fundo acomunicação de Jesus, o como elecomunicava, o que ele comunicavae como ele se comunicava. Para oscomunicadores católicos eorganismos da Igreja Católica, omodelo mínimo e máximo tem de serJesus Cristo, que é, afinal, o Verbo,a Palavra.Derivado deste princípio, penso queseria útil estudar o modo comocomunicaram os grandescomunicadores católicos. Penso noPapa Francisco, mas também emTiago Alberione, Dom Bosco ouFrancisco de Sales e Francisco deAssis. E penso no modo criativo,audaz, inovador – o que não querdizer necessariamente navanguarda – que assumiram paraenfrentar os problemas nas suasépocas. 2. - Por um lado, é importante dizer oque acontece, quer porantecipação, quer pósacontecimento. Contar tornandoacessível o que é complexo e contarmostrando a relevância do que éimportante. Isto, do ponto de vistanoticioso. O que quer dizer que senada acontece ou se o queacontece é pouco relevante, poucohá a comunicar. Em boa parte, acomunicação, principalmenteinformativa, é o reflexo das açõeseclesiais. Ora, quando as ações

eclesiais são pouco cativantes,desfasadas, sem novidade, semconteúdos significativos para aspessoas de hoje, a comunicaçãonão pode ser melhor.Por outro lado, de um ponto de vistaque eu diria mais espiritual e nãotão virado para a atualidade, épreciso comunicar o que dá sentido,alento, esperança às pessoas nomeio da vida que levam. Refiro-me àoferta de espiritualidade nos nossosmeios, à formação bíblica edogmática, ao conhecimento dostesouros da espiritualidade, àdivulgação de livros, sites, filmes,etc. que inspiram sentido, à ofertade consolo para os momentos dedesalento e de dor, à proposta devalores para a ação cristã no campopolítico, social, económico,ecológico…Mesmo as melhores ideias têm deser comunicadas. E sucessivamenteexplicadas e comunicadas. Aindaestamos convencidos que temos(Igreja Católica) as melhores ideias? 3. Receio que a própria perguntatenha implícito que só os novosmeios possam chegar aos novospúbicos (agora mesmo fiquei asaber do Google Duo e do GoogleAllo). Tenho muitas reticênciasquanto à pertinência de estar aacompanhar o que de maisavançado se faz, não só pelaincapacidade de seja quem

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for acompanhar (quem é capaz deadivinhar o que se vai manter nasnovas redes, novos sites, novasapps, dada a efervescência nestecampo e dado o cemitério detecnologias e redes outrorapromissoras e com milhões deadepto, como o Hi5 ou oMySpace...?), como pelaspresenças que se limitam a replicaro que era típico de outro meio emque estávamos mais à vontade.Mais, se pensarmos na ação deJesus, ele não estava propriamenteà frente das tecnologias do seutempo. Foi criativo na oralidade,mas a tecnologia avançada era a daescrita, deixada para Paulo e osevangelistas. Bem, talvez seja esteo papel o papel dos comunicadorescatólicos.Metodologias? Li há pouco que asigrejas cristãs (não sei quais) deSingapura (sociedade altamentetecnologizada) foram ter com umalto criativo da OgilvyOne Worldwidee lhe disseram: “Deus tem umproblema de imagem. Podemajudar-nos?” Os publicitários, entreoutras coisas (mas não sei quais),idealizaram uma campanha de smsdirigida a pessoas específicas, emdeterminados momentos. Algumasdas mensagens eram: “Graças aMim, é sexta-feira.

Deus”; “Até eu descansei ao sétimodia. Deus”; “Queres vir a minha casahoje? Deus”.Isto foi no tempo das sms (aondeisso já vai). E não sei qual oresultado. É disto que precisamos?Campanhas virais no facebook,instagram, snapchat? Por vezespenso que a comunicação cristãmais importante e insubstituível é ocontacto face a face, testemunhal,que parece até descurado emfunção de outras presenças virtuais.O resto (dos jornais às redessociais, das notícias clássicas àscampanhas virais) é só umantecedente ou um reflexo deste,mas nunca o centro. 4. Suponho que se refere uma redenacional. Será possível, mas semgrandes esperanças, com muitasdificuldades e poucos resultados.Da minha experiência, hádificuldades em fazer circular ainformação da rede paroquial para adiocesana e desta para a nacional.Porquê? A paróquia, tal como adiocese, funciona muito à volta de siprópria. Mas quando um ou maisvoluntários nas paróquias seempenham, produzem a torto edireito, quer o que é relevante,

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quer o que não é, por vezes ficandomelindrados por verem outroscritérios colidirem com os seus.Estou a pensar nas muitas notíciaspouco relevantes que dedeterminada paróquia chegam a umjornal diocesano. Podem serrelevantes a nível paroquial, masnão a nível arciprestal e diocesano.Já quem trabalha a nível diocesano,geralmente profissional, temdificuldade em partilhar com o nívelnacional porque anda muitoabsorvido com as suas própriastarefas, sem disponibilidade parapensar fora do que lhe éestritamente pedido. Podecolaborar, mas de um modo não

sistemático, logo esquecido após aprimeira ou segunda colaboração.As colaborações entre níveisdiferentes acontecem quando hápedidos concretos, não por amáquina estar oleada, não porsistema. Como oleá-la? A formamais evidente seria com incentivos ecompensações, pagandocolaborações ou dando outro tipode recompensa – refiro-meprincipalmente entre o nívelparoquial e diocesano. Mas não hárecursos para tal. Não vejo, pois,possibilidades reais de ativar umarede de comunicação consistente edurável.

Jorge Pires FerreiraCorreio do Vouga

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1.Definir uma marca comum, do pontode vista de comunicação. Umaidentidade de comunicação, umlayout que permita dar coerência atodas as partes. Essa identidadedeveria ser definida na sequenciada articulação, discussão e análisedas dezenas de estruturas decomunicação que a Igreja temPortugal. Só envolvendo equipas éque depois seria possívelcorresponsabilizar e envolver váriaspartes num projeto ou plano decomunicação. Esta decisão deposicionamento partiria não dasqueixas conjunturais relativamente aalgum jornal ou a algum líder deopinião mas sim da avaliação dascaracterísticas endógenas daprópria instituição, com análise àsvantagens e desvantagens, forças efraquezas, riscos e oportunidades.Sem isso, não é possível definir umcaminho, que depois faça sentidopara todas as partes. 2. As redes sociais e a pulverização domodelo tradicional da comunicaçãotrazem novos desafios àsinstituições. A Igreja tem decomunicar para

todos e uma estrutura decomunicação para a instituição temde abraçar a hierarquia ao mais altonível. Porque não é só comunicarpara os media externos (assessoria)ou para os media cristãos, a igrejatem de saber comunicar com osseus fiéis de modo direto e usandoas redes sociais. Ora, isto implicauma articulação direta entre adistribuição do conteúdo e ahierarquia. Além disso, essegabinete central deveria darformação aos quadros múltiplos daIgreja nesta área. Cada projeto decomunicação local pode e deve seracompanhado tecnicamente. Oserviço desse gabinete não deveser apenas a redistribuição deconteúdos produzidos mas deveincluir formação e ajuda àestruturação dos vários projetosparoquiais ou diocesanos. Alémdisso, o mundo atual é muitodiferente de há dois mil anos mastambém já é muito diferente doConcílio Vaticano II, que enforma asmudanças mais recentes da Igreja.O mundo, na área da comunicação,é diferente desde há dez anos. E aIgreja deve perceber e trabalharcom isso. Julgo essencial umadisciplina de comunicação, queinclua educação para os media egestão de imagem,

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na formação sacerdotal e deveriaser pensada uma ação de formaçãomais vasta para todos os quadrosda Igreja. Por exemplo, o queescrever numa rede social e o quepartilhar, como fazê-lo, procurandoenvolver a comunidade paroquial,são questões que, julgo eu, só umapequena maioria tem noção. Ora, opúlpito já não é apenas o do templonem sequer o pequeno ecrãtelevisivo aos domingos. O púlpito édiário e permanente. E pulverizado. 3. O segredo da comunicação hojeestá na divulgação. As redessociais, enquanto empresas oumarcas, vieram para ficar. E cadavez estamos a assumir uma‘persona’ digital, seja sob a formade perfil nas redes, blog ousimplesmente pela compra deprodutos ou escrita em caixas deopinião, através de avatares. Porisso, cada vez mais estaremos narede, interagindo progressivamentecom a vida real. O Pokemon Go éapenas um dos vários exemplos domodo como essa virtualização danossa realidade concreta severifica.Se a vocação da Igreja é o trabalhomissionário então é necessárioinvestir fortemente nesta área.Porque a partilha de conteúdos oupublicação nas redes sociais é,hoje, um elemento essencial dequalquer

estratégia de comunicação. Agrande questão é saber o que fazerou como fazer. Mas existem tutoriaise equipas de formação que,articulando, poderão ajudar osvários setores da instituição afazerem o seu caminho. Existemregras, horas, estilos e solução quepodem ser usados caso a caso,conforme os objetivos do plano decomunicação concreto. 4.É possível sim, mas qualquerestratégia de comunicação tem deter coerência e permanência. Ovoluntarismo das redes locais nemsempre é compatível com estaexigência. Sendo isso resolvido,julgo que é possível. Sempre numalógica piramidal. A cúpulaestabelece um conjunto de linhasorientadoras; as direçõesintermédias adequam essas linhas àrealidade desses setores e depois,a nível local, adaptam naconcretização do plano, semprerespeitando as indicaçõessuperiores. Isto implica muitocompromisso e muita formação,porque só é possível envolvermosredes e estruturas locais se essesquadros perceberem os objetivos decomunicação inicialmente traçados ea sua importância no conjunto globalda Igreja de que somos todos, emúltima análise, fiéis.

Paulo AgostinhoAgência Lusa

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Cooperação Interdiocesana

(…)O modo de comunicar faz-se com ascapacidades técnicas e humanas deque cada um vai dispondo, com osmeios que tem, pode ter ouconsegue ter. Por isso, é necessáriouma maior cooperaçãointerdiocesana. Quando se fala emtrabalhar em sinergia, esta devecomeçar pela disponibilidade evontade de o fazer, e ter conta adiversidade dos públicos nas 20dioceses do país. No entanto podeacontecer a partilha de meios, deexperiências, de sabedoriasadquiridas. E o SecretariadoNacional poderá ajudar a coordenaressas

sinergias, promovendo o contactoentre todos.Todos somos a mesma Igreja etemos o mesmo objectivo. Cadadiocese vai trabalhando ao seumodo, na sua quinta, como ouvimosdizer, mas é importante que todosnos alegremos, também, com o quevai sendo feito em cada lugar e seprecisamos de ajuda, que sejamostambém capazes de a pedir. Não hácompetição na Igreja. Essa palavranão deve fazer parte da nossacultura de comunicação em Igreja, ena Igreja.Por outro lado, o SecretariadoNacional poderá, também, ser o

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elo de ligação da Igreja com osmeios de comunicação de âmbitonacional. Talvez fosse de pensar, naminha pobre opinião, numaestrutura de gabinete de imprensacom capacidade de resposta àsmuitas solicitações que vãosurgindo, de cada vez que énecessária uma reação da Igreja,uma voz oficial da Igreja para falar àimprensa. Existe o porta-voz daConferência Episcopal mas pensoser necessária uma estrutura maisabrangente, até com a capacidadede tratamento das situações decrise.Atualmente o SNCS dispõe de umconjunto de meios, muitosabrangentes, que considero úteis ebem elaborados para todos ospúblicos, seja o consumidordoméstico, seja o consumidorprofissional, embora os profissionaisnem sempre recorram a eles, erefiro-me de modo especifico àAgencia Ecclesia.Por isso, e tendo em conta o

que já se faz, e existindo uma maiorcooperação de todos, acredito serpossível partir para algo maisousado. Persiste o fantasma da 4, mas os tempos e a tecnologia sãodiferentes e hoje é bem mais fácilfazer televisão. O que é necessárioé um projecto consistente e bemelaborado, com conteúdos àimagem da nossa realidade eclesial,da nossa sociedade, da nossacultura, da nossa fé.Fátima, Jornadas Nacionais deComunicação Social 2016

Padre Nuno Rosário FernandesDepartamento da Comunicação do

Patriarcado de Lisboa

Texto na íntegra

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Qual é o valor da vida?

Se Deus Se fez célula, queimplicações tem isso na vida doscristãos? Como ver e viver agravidez, a fecundidade, o aborto, acontraceção ou as técnicas defertilização in vitro? Estas e outrasquestões são respondidas pelomédico cardiologista ManuelMartínez-Sellés no livro E Deus fez-Se célula, da PAULUS Editora.O lançamento da obra inclui umaconferência proferida pelo autor. Olivro será apresentado por AntónioPinheiro Torres, da FederaçãoPortuguesa pela Vida, e Dina MatosFerreira, professora universitária

e autora da nota introdutória daedição portuguesa. O lançamentoda obra será hoje, no auditório daIgreja do Cristo Rei da Portela, emLisboa, pelas 21h00.Na nota introdutória, Dina MatosFerreira sublinha os eixos damensagem que o autor quer passar:«A priorização e a aceitação da vidacomo dom maior. Num tempo tãoansioso e ávido de controlo, a vida –com todas as suas incógnitas - éapresentada em todo o seuesplendor, como dom magnífico quevale por si mesmo e está acima dequalquer

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outro bem; O trabalho como meiopara encontrar Deus e para levarDeus aos outros. Se a vida pode serdefendida mesmo por aqueles quenão têm fé, por maioria de razãodeve ser defendida por aqueles quea têm, nesse Deus encarnado, “feitocélula”, igual a nós.»António Pinheiro Torres elogia o«uso de argumentos laicos ereligiosos, de conhecimentoscientíficos e de outras disciplinas dosaber, da sua experiência deenvolvimento nestes debatesfundamentais» e a «simplicidade naabordagem dos assuntos que sótem quem os domina emprofundidade». O vice-presidenteda Federação Portuguesa pela Vidadiz que o livro é importante para ofuturo porque «a realidade move-se,o conhecimento aumenta tal como apretensão louca dos homens sobrea sua natureza».Em E Deus fez-Se célula, daPAULUS Editora, Manuel Martínez-Sellés analisa os argumentoscientíficos sobre o valor da vidadesde o momento da conceção.Relacionando ciência e fé, estudoscientíficos e ensinamentos da Igreja,o autor introduz questões polémicase concretas que se colocam aosjovens, aos casais e a todos oscristãos como contraceção, técnicasde fertilização ou aborto.

Manuel Matínez-Sellés é casado etem sete filhos. É médicocardiologista, professoruniversitário, presidente da secçãode Cardiologia Geriátrica daSociedade Espanhola deCardiologia e vice-presidente doComité de Ética do HospitalUniversitário Gregorio Marañon. Járecebeu inúmeros prémios nasáreas de cardiologia e bioética. Oautor é Doutor em Medicina eCirurgia, Mestre em Desenho eEstatística em Ciências da Saúde eEspecialista Universitário emPastoral Familiar.

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II Concílio do Vaticano: O olhovisionário de D. Manuel Falcão

No dia doencerramento dasjornadas nacionaisde comunicaçãosocial, quedecorreram emFátima esubordinadas aotema «Pensar acomunicação naIgreja Católica emPortugal» umafigura da igreja portuguesa merece ser recordada naárea da comunicação social: D. Manuel FrancoFalcão.O II Concílio do Vaticano (1962-65) e os actospreparatórios entraram na casa dos portugueses e nacomunicação social devido ao zelo pastoral e ao olhovisionário de D. Manuel Franco Falcão. Não foi oúnico, mas a ele se deve muito do que se noticiou emPortugal sobre este acontecimento magno da Igreja.Falecido a 21 de fevereiro de 2012, o bispo eméritode Beja teve um passado glorioso na imprensa deinspiração católica. Fundou o Boletim de InformaçãoPastoral (BIP), em Maio de 1959, no seguimento dacriação pelo episcopado português (janeiro do mesmoano) do Secretariado de Informação Religiosa.O então padre Manuel Falcão, mais tarde cónego doPatriarcado e, posteriormente, bispo auxiliar de Lisboateve um papel central na divulgação do II Concílio do

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Vaticano no nosso país. Através dasua pena, tal como dos diversoscolaboradores, as notíciasconciliares chegam aos lares dosportugueses.Este órgão surgiu numa épocaexaltante que coincidiu com oanúncio da convocação do Concílio,com a sua realização e com osprimeiros passos orientadores desteato eclesial. Teve o seu fim em1970, com um número duplo. Nesseeditorial lia-se: “O que se passa éque o BIP de facto nunca foi umórgão de informação dasvicissitudes da vida da Igreja. O quese passa é que não podemos sernós os responsáveis pela eventualdefinição de uma política pastoralque não está feita e cuja existênciafaz «perder o pé»”. (Osório, Rui; In:Voz Portucalense 29 Fevereiro de2012).Ficou a confissão do sonho porrealizar: “(…) desejaríamos que oBIP fosse de verdade um espelhofiel da Igreja em Portugal. Nãoapenas nas falhas confessadas enas lacunas insofridas, massobretudo na coragem de ver ossinais que já não falam e navontade de ler, em coerência,osnovos sinais que têm coisas paradizer”.Não se pode afirmar que D. ManuelFalcão tinha o «dom» dasinestesia,

mas quando pronunciava aexpressão «II Concílio do Vaticano»,o prelado saboreava o conteúdo evisualizava a sua concretização.Como dizia no editorial do BIP nº 16(Janeiro-Março de 1962), o ano doConcílio ficará “na história da Igrejacomo marco miliário a assinalar otermo de uma época e o início deoutra.

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setembro 201624 de setembro. Fátima, Santarém, 03 jun 2016(Ecclesia) – A peregrinação nacionaldo Rosário e da Família Dominicanaao Santuário de Fátima e épresidida por D. Manuel Pelino,bispo de Santarém. (termina a 25 desetembro) . Portalegre – Sertã - Assembleiada Diocese de Portalegre-CasteloBranco . Santarém - Encontro dosmovimentos da Diocese deSantarém que trabalham na pastoralfamiliar . Vaticano - PapaFrancisco recebe sobreviventes efamiliares das vítimas do atentadode Nice (França) . Aveiro - Conselho nacional daPastoral Operária . Bragança - Miranda do Douro -Dia Diocesano das Oficinas deOração e Vida com a presença deD. José Cordeiro, bispo deBragança-Miranda. . Funchal - Convento de SantaClara – 09h15 - A Diocese doFunchal vai apresentar o novoprograma pastoral,

no convento de Santa Clara, quetem como tema “Viver em Igreja aalegria de ser cristão”. . Convento de Santa Clara (Funchal)– 09h30 - O bispo do Funchal vaireunir com todos os responsáveisdos secretariados diocesanos, dosmovimentos e obras laicais, paraapresentar o programa e ocalendário da diocese para ospróximos anos. . Lisboa - Salão Paroquial de SantoAntónio de Nova Oeiras, 16h00 - Encontro Cristão da Grande Lisboadedicado ao tema da Eutanásia . Lisboa - Campo de Ourique(Salesianos) – 21h00 - Festivaldiocesano da Canção . Leiria – Batalha, 21h00 - OMosteiro daBatalha apresenta leiturasespirituais encenadas . Igreja de S. Tomás de Aquino,Lisboa, 21h30 - Num comunicadoenviado à Agência ECCLESIA,Fernando Pinto, que dirige o grupo'Capela Nova', informa que oconcerto intitulado ‘Pai deMisericórdia’, pelas 21h30 na igrejade S. Tomás de Aquino, em Lisboa,tem entrada livre e insere-se nociclo ‘Misericordias Domini’.

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. Fundão - Souto da Casa, 09h45 - Homenagem ao padre Alberto Netona sua terra natal (Souto da Casa)com uma sessão de evocação damemória deste sacerdote emomentos musicais. 25 de setembro. Vaticano - Jubileu dos Catequistas . Porto - Jubileu da Misericórdia doscatequistas . Lisboa - Assembleia diocesana daJOC . Leiria - Vale do Lapedo, SantaEufémia, 09h00 - O grupomissionário Ondjoyetu organizauma caminhada solidária com oobjetivo de angariar fundos para aaquisição de um jipe para continuaro trabalho “de desenvolvimentohumano e sustentável” nasmontanhas do Gungo, em Angola. . Braga - Auditório Vita, 11h00 - Celebração dos 50 anos dosFocolares em Portugal com apresença de D. Jorge Ortiga,arcebispo de Braga. . Coimbra - O bispo de Coimbraconvoca todos que “trabalhamativamente” na ação pastoral dadiocese para a ‘Festa do

Compromisso’ que vai marcar aabertura solene do novo anopastoral, no dia 25 de setembro, naSé Nova, com a oração a serrecitada na Eucaristia às 17h00. 26 de setembro. Viseu - auditório da EscolaSuperior de Saúde do InstitutoPolitécnico de Viseu, 09h00 - AUnião das MisericórdiasPortuguesas (UMP) promove o Diado Património das Misericórdias, dia26 de setembro, em Viseu, dedicadoao tema “Património DocumentalHistórico”. . Fátima - Assembleia nacional doMovimento Vida Ascendente(termina a 27 de setembro) . Fátima - No âmbito dascomemorações do Dia Mundial doTurismo e a partir do tema proposto«Turismo para Todos - Promover aAcessibilidade universal», oCONSOLATA MUSEU Arte Sacra eEtnologia, oferece um programa devisitas guiadas gratuitas onde, alémdas explicações habituais sobre oacervo, estarão em evidência oscuidados e preocupações jápatentes na época da suaconstrução, há 25 anos, pelaacessibilidade de pessoas emcadeiras de roda em todo o circuito.

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- É já amanhã que o Papa Francisco recebe em

audiência os sobreviventes e familiares das vítimas doatentado de Nice, França, que ocorreu a 14 de julho.Mais de 80 pessoas morreram e 200 ficaram feridasquando um camião avançou sobre a multidão na‘Promenade des Anglais’, em Nice, ali reunida paraassistir ao fogo-de-artifício que assinalava o dia deFrança. - Também no Sábado vai ser homenageado o padreAlberto Neto. Será no Fundão, na sua terra natal, emSouto da Casa, que a memória do sacerdoteportuguês, que se destacou como educador e peloseu papel no movimento católico progressista contra aguerra colonial, vai ser evocado. - Domingo o grupo missionário Ondjoyetu organizacaminhada solidária e de sensibilização para osprojetos missionários. A «Caminhada SOBRERODAS», um percurso de sete quilómetros, vai contarcom a participação do bispo diocesano D. AntónioMarto, com o presidente da autarquia de Leiria RaulMiguel de Castro, e com a atleta olímpica de Fundo eMaratona Aurora Cunha.O grupo missionário, da diocese de Leiria – Fátima,apresenta como objetivo da caminhada a angariaçãode fundos para a aquisição de um jipe para continuaro trabalho “de desenvolvimento humano e sustentável”nas montanhas do Gungo, em Angola. - A cidade de Mirandela recebe uma conferência domédico Walter Osswald sobre eutanásia. A conferência«A morte a pedido (eutanásia), à luz da fé e dacidadania», será no dia 27 de setembro, às 21h00, noMuseu Municipal Armindo Teixeira Lopes.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 25 de setembro,13h25 - Oração pela Paz emAssis. Segunda-feira, dia 26, 15h00 - Entrevista ao padre IsmaelTeixeira, sobre a participaçãona prova "ironman". Terça-feira, dia 27, 15h00 - Informação e entrevista aopadre Carlos Godinho sobreo Dia Mundial do Turismo. Quarta-feira, dia 28, 15h00 - Informação e entrevistaa Pedro Monteiro sobre o curso de música sacra, naUCP/POrto. Quinta-feira, dia 29, 15h00 -Informação e entrevistaa Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de CiênciasHumanas da UCP. Sexta-feira, dia 30, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo pela irmã Luísa Almendra e cónego AntónioRego. Antena 1Domingo, dia 25 de setembro - 06h00 - JornadasMissionárias Segunda a sexta-feira, 26 a 30 de setembro - 22h45 - Arranque do Ano Pastoral: Santarém, Casado Soutelo, Escolas Católicas, Rabisgrafia e E-vangelizar

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Ano C – 26.º Domingo do TempoComum Receber osbens parapartilhar

A liturgia deste vigésimo sexto domingo do tempocomum faz-nos pensar de novo sobre a nossa relaçãocom os bens deste mundo: não nos pertencem deforma exclusiva, são dons que Deus colocou nasnossas mãos para que os administremos epartilhemos, com gratuidade e amor.As palavras do profeta Amós são muito provocadoras:denuncia violentamente uma classe dirigente ociosa,que vive no luxo à custa da exploração dos pobres eque não se preocupa minimamente com o sofrimento ea miséria dos humildes; anuncia que Deus não pactuacom esta situação, pois este sistema de egoísmo einjustiça não tem nada a ver com o seu projeto para oshomens e para o mundo.O Evangelho oferece-nos uma catequese sobre aposse dos bens, na parábola do rico e do pobreLázaro, uma das parábolas da misericórdia. É a únicaparábola em que Jesus dá um nome a um dosprotagonistas da história que inventa. O pobre chama-se Lázaro, que, em hebraico, significa “Deussocorreu”. É o que Jesus faz pelo seu amigo. O rico édescrito com todo o fausto que o rodeava: vestidosluxuosos, festins sumptuosos e quotidianos. Mas nãotem nome, é “o rico”. Aos olhos de Deus, os queocupam o primeiro lugar são os pobres.Uma frase é central no relato: “Lázaro bem desejavasaciar-se do que caía da mesa do rico, mas até oscães vinham lamber-lhe as chagas”. Uma frase muitopróxima da parábola do filho pródigo, quando o filhomais novo lamenta não poder comer as bolotas dosporcos. Esse filho simboliza o homem pecador fechadona sua solidão, o pobre Lázaro é vítima do pecado dorico, mas o resultado é o mesmo: não são vistos porninguém.

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Ninguém lhes dá atenção. Só oscães vêm lamber as chagas dopobre.Temos aqui uma descrição muitorealista do que são as nossasrelações, muitas vezes anónimas eindiferentes. Mesmo com os maispróximos de nós, acontece que nãoos vemos verdadeiramente, a pontode nos esquecermos de lhes dizerbom dia e de estarmos atentos aoque são e fazem. Jesus recorda-nosque, para Ele e para o seu Pai,cada ser humano é olhado comoúnico, ninguém é descartável, comonos diz constantemente o PapaFrancisco.A Palavra de Deus desafia-nos comtoda a sua força profética. Diante

de todos os desastres do mundo,temos um olhar diferente para comtodos os “Lázaros” da nossasociedade ou ficamo-nos por umsimples relance no ecrã datelevisão? Ouvimos os golpesdiscretos à nossa porta? Ou serãosomente cães a dar-lhesassistência?Levados pela Palavra em Ano Santoda Misericórdia, só podemosreceber os bens para partilhar,contribuindo para eliminar o enormeabismo entre ricos e pobres, a todosos níveis: material, espiritual ecultural.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Jubileu dos Núncios Apostólicos

O Papa Francisco recebeu no últimosábado os núncios apostólicos,seus representantes diplomáticosnos cinco continentes, e pediu queas Nunciaturas sejam“verdadeiramente a Casa do Papa”e de acompanhamento às Igrejaslocais. Na audiência que decorreuna Sala Clementina, o Papa explicouque o serviço do núncio deve serfeito

com “sacrifício como humildesenviados” a cada realidade.“Não basta apontar o dedo ouagredir quem não pensa como nós.Esta é uma mísera tática das atuaisguerras políticas e culturais mas nãopode ser o método da Igreja”, disseFrancisco.Para o pontífice argentino, o olharda Igreja, representada nessesembaixadores, deve ser “vasto

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e profundo” sendo “a formação dasconsciências” o “dever primordial decaridade”, algo que quer“delicadeza e perseverança” naforma de agir. “A sua missão nãodeve se sobrepor ao bispo, nemsubstitui-lo ou impedi-lo, mas orespeita, aliás, o favorece e apoiacom o fraterno e discreto conselho”,assinalou, recordando o Beato PapaPaulo VI, que reformou o serviçodiplomático da Santa Sé.Na audiência aos núnciosapostólicos, que participam no seuJubileu da Misericórdia, foi pedidoque as Nunciaturas sejam“verdadeiramente a Casa do Papa”ou seja um lugar permanente de“apoio e conselho a todo o âmbitoeclesial” e também referência paraas autoridades públicas “nãoapenas para a função diplomática”.“Vigiem para que as Nunciaturasnão sejam refúgio dos ‘amigos eamigos de amigos’. Fujam dasfofocas e dos carreiristas”, alertou.Neste contexto, o Papa assinaloutambém a necessidade dos núnciosapostólicos acompanharem asIgrejas “com o coração de pastores”e os

povos “nos quais a Igreja de Cristoestá presente”. “Não somosvendedores de medo e da noite masguardiões do alvorecer e da luz doRessuscitado”, observou Franciscono final da audiência.“O medo mora na obscuridade dopassado e é provisório. O futuropertence à luz. O futuro é nossoporque pertence a Cristo”,acrescentou, divulga a Sala deImprensa da Santa Sé.Antes da audiência Francisco játinha celebrado a Eucaristia naCapela da Casa Santa Marta com apresença dos núncios. "Quandochega a um novo país, o núnciodeve realizar uma outra saída: sairde si mesmo para conhecer, odiálogo, para estudar a cultura, omodo de pensar, referiu, na homiliada celebração.Ainda no âmbito das celebrações doJubileu da Misericórdia, o Papapromove a 18 de novembro umencontro para o qual convidou 163colaboradores efetivos derepresentações pontifícias:conselheiros, secretários e adidos.

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Nas Ilhas Salomão, o Jubileu da Misericórdia é tempode festa

O bispo voador

Para muitos, as Ilhas Salomão, sãoapenas um exótico destino de férias.Para os seus habitantes, apesardas águas cristalinas, das inúmerasilhas de areia fina e vegetaçãotropical, as coisas não são assimtão fáceis. A começar peloisolamento em que vivem. Para oBispo Capelli, não há, porém,problema que não tenha solução…Apesar da imagem magnífica quetranspira em cada fotografia, a vidanas Ilhas Salomão não é nenhummar de rosas. Pobreza, isolamento,fortes abalos sísmicos, além dadiversidade cultural e linguística…tudo ajuda a transformar este paísnum lugar especial. Ao todo, naDiocese de Gizo, há mais de 40ilhas espalhadas por

300 quilómetros, onde se fala maisde uma dezena de dialectos. Umverdadeiro quebra-cabeças. Comochegar a todas estas pessoas?Ainda agora, por causa do AnoSanto da Misericórdia, foinecessário puxar pela imaginaçãopara que todos pudessemexperimentar o sentimento deperdão e reconciliação que se vivepara quem atravessa a Porta Santa.Mas como fazê-lo, quando a maioriada população vive isolada em ilhasremotas do arquipélago e nãoconsegue deslocar-se até àCatedral? A solução foi fácil:construindo uma porta itineranteque pudesse ser levada numpequeno barco. E assim tem sido.Graças à energia de Luciano Capellie à coragem de um punhado

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de cristãos mais empenhados, lá searranjou um barco de madeira, comum pequeno motor, para levar aPorta Santa a todos os habitantesdas Ilhas Salomão. Reconciliação e perdãoA chegada da Porta Santa tem sidouma oportunidade, também, para aIgreja levar uma proposta dereconciliação e perdão àscomunidades mais isoladas.“Estamos em lugares remotos”,afirma D. Luciano. “Aqui não hátribunais, nem juízes ouadvogados…”, explica. Por isso, achegada da Porta Santa a cadauma destas ilhas tem representado,também, um sentimento de partilha,de inclusão. De pertença à mesmacomunidade. A Fundação AIS temajudado, desde há anos, a igrejanas Ilhas Salmão e, em particular, adiocese de D. Luciano Capelli. Apesar dos seus 60 anos, nadaparece demover este prelado. APorta Santa foi um bom exemplo decomo é possível fintar asdificuldades que a natureza colocaao trabalho pastoral. Se as pessoasnão podiam deslocar-se até àCatedral, levou-se a Porta Santa atéelas. Mas as viagens de barco sãomuito demoradas. Como ultrapassarisso? De avião claro! Bom, bemvistas as coisas, um avião seriaimpraticável. Não haveria dinheiropara ele

nem pistas onde pudesse aterrar. Efoi assim que se chegou a umminúsculo avião. O ultraligeiro dadiocese é agora o meio detransporte preferido de D. LucianoCapelli. A necessidade aguça oengenho. Neste caso, tem ajudado aaproximar pessoas e a fazercomunidade entre os habitantes dasIlhas Salomão. E quando se escuta,ao longe, o ronronar da hélice doultraligeiro, já se sabe que “o senhorbispo” está a chegar para mais umavisita…

Paulo Aido| www.fundacao-ais.pt

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Vai filho, Deus te protege!

Tony Neves Espiritano

São palavras de Mãe. Quem as partilhou foi D.Juan José Aguirre, comboniano espanhol há 40anos na República Centro Africana e Bispo deBangassou há quase 20. A RCA tem vividotempos dramáticos com o ataque constante degrupos fundamentalistas e islâmicos e outrosanti-islâmicos, mas igualmente com práticas quetraduzem barbaridade. O Bispo tem aguentadoheroicamente com os missionários estainsegurança constante pela simples razão deficar com o povo. Não foi por acaso que o PapaFrancisco abriu a ‘Porta santa da Misericórdia’ nacatedral de Bangui uma semana antes de abrirem Roma! E a Mãe deste Bispo missionário,senhora muito idosa, quando ele a vem visitar aEspanha, despede-se sempre com uma palavrade fé e incentivo. Pois, se Deus envia, Deusprotege.As Jornadas Missionárias Nacionais, realizadasem Fátima a 17 e 18 de Setembro, apresentaramrostos de misericórdia. Ou melhor, trocaram ashabituais conferências por partilhas em primeirapessoa. D. Juan Jose cativou a assembleia. Masnão foi o único. Também calaram fundo aspalavras da Irmã Myri, uma portuguesa a vivernum Convento na Síria. Foram atacadas, aguerra passou e passa por ali, mas as irmãsficam sempre, por qualquer preço. São umapresença de paz, reconciliação e ajuda.Acreditam que a paz virá um dia para ficar!Marcou-me ainda um momento triplo detestemunho. O P. Adelino Ascenso falou damissão no Japão onde ele esteve. Os cristãossão 1% da população e remam contra ventos emarés num

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contexto que lhe é adverso, ondesão uma minoria absolutíssima. O P.José Vieira falou da sua missão porterras do Sudão do Sul, o país maisjovem do mundo. A guerra civilcontinua a dizimar este país tãopobre de África, não se vendo fim ávista neste conflito. Ali, a Igreja éfonte de paz, geradora dereconciliação, salvadora de vidas,apontadora de caminhos de futuro.Luis Fernandez é um leigo espanholque partiu com a sua jovem esposapara a Amazónia. Ali se colocaramao serviço dos povos indígenaspartilhando a sua pobreza e o riscodas suas lutas pela defesa dasterras e da sua dignidade. Ali

nasceriam e cresceriam três filhos.Agora em Espanha, já com umquarto filho, dão continuidade áMissão apoiando a Amazónia e acausa dos povos indígenas.Afinal, aqui como lá fora, a Missãovai acontecendo e marcando vidas.Os workshops foram sobredesenvolvimento, voluntariado,ecologia integral, inclusão ereconciliação. Dificilmente seencontrariam temas missionáriosmais decisivos para os tempos quecorrem. Os convites do PapaFrancisco para idas às periferias emargens da história continuam a serapelos que merecem ser escutadose vividos.

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