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Renascimento Cultural História do Renascimento Cultural, artistas do Renascimento Artístico, Renascimento Científico, arte na Renascença Italiana, grandes obras de artistas italianos, resumo Davi: obra de Michelangelo (grande escultor e pintor italiano) Introdução Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença. Contexto Histórico As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc. Os governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas.

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Renascimento CulturalHistória do Renascimento Cultural, artistas do Renascimento Artístico,

Renascimento Científico, arte na Renascença Italiana, grandes obras de artistas italianos, resumo

Davi: obra de Michelangelo (grande escultor e pintor italiano)

Introdução 

Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença.

Contexto Histórico 

As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, etc.

Os  governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem  pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas.

Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período, dando origem a uma grande quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo, Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual. Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento.

Características Principais: 

- Valorização da cultura greco-romana. Para os artistas da época renascentista, os gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza, ao contrário dos homens medievais;

- As qualidades mais valorizadas no ser humano passaram a ser a

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inteligência, o conhecimento e o dom artístico;

- Enquanto na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus ( teocentrismo ), nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo);

- A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade. O homem renascentista, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e universo.

Durante os séculos XIV e XV, as cidades italianas como, por exemplo, Gênova, Veneza e Florença, passaram a acumular grandes riquezas provenientes do comércio. Estes ricos comerciantes, conhecidos como mecenas,  começaram a investir nas artes, aumentando assim o desenvolvimento artístico e cultural. Por isso, a Itália é conhecida como o berço do Renascentismo.  Porém, este movimento cultural não se limitou à Península Itálica. Espalhou-se para outros países europeus como, por exemplo, Inglaterra, Espanha, Portugal, França, Polônia e Países Baixos.    

Mona Lisa de Leonardo da Vinci: uma das obras de arte mais conhecidas do Renascimento

Principais representantes do Renascimento Italiano e suas principais obras:

- Giotto di Bondone (1266-1337) - pintor e arquiteto italiano. Um dos precursores do Renascimento. Obras principais: O Beijo de Judas, A Lamentação e Julgamento Final.

- Michelangelo Buonarroti (1475-1564)- destacou-se em arquitetura, pintura e escultura.Obras principais: Davi, Pietá, Moisés, pinturas da Capela Sistina (Juízo Final é a mais conhecida).

- Rafael Sanzio (1483-1520) - pintou várias madonas (representações da Virgem Maria com o menino Jesus).

- Leonardo da Vinci (1452-1519)- pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico, escritor, etc. Obras principais: Mona Lisa, Última Ceia.

- Sandro Botticelli - (1445-1510)- pintor italiano, abordou temas mitológicos e religiosos. Obras principais: O nascimento de Vênus e Primavera.

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- Tintoretto - (1518-1594) - importante pintor veneziano da fase final do Renascimento. Obras principais: Paraíso e Última Ceia.

- Veronese - (1528-1588) - nascido em Verona, foi um importante pintor maneirista do Renascimento Italiano. Obras principais: A batalha de Lepanto e São Jerônimo no Deserto.

- Ticiano - (1488-1576) - o mais importante pintor da Escola de Veneza do Renascimento Italiano. Sua grande obra foi O imperador Carlos V em Muhlberg de 1548.

Renascimento Científico 

Na área científica podemos mencionar a importância dos estudos de astronomia do polonês Nicolau Copérnico. Este defendeu a revolucionária idéia do heliocentrismo (teoria que defendia que o Sol estava no centro do sistema solar). Copérnico também estudou os movimentos das estrelas.

 Galileu Galilei: um dos principais representantes do Renascimento Científico

Nesta mesma área, o italiano Galileu Galilei desenvolveu instrumentos ópticos, além de construir telescópios para aprimorar o estudo celeste. Este cientista também defendeu a idéia de que a Terra girava em torno do Sol. Este motivo fez com que Galilei fosse perseguido, preso e condenado pela Inquisição da Igreja Católica, que considerava esta idéia como sendo uma heresia. Galileu teve que desmentir suas idéias para fugir da fogueira.

A invenção da prensa móvel, feita pelo inventor alemão Gutenberg em 1439, revolucionou o sistema de produção de livros no século XV. Com este sistema, que substituiu o método manuscrito, os livros passaram a ser feitos de forma mais rápida e barata. A invenção foi de extrema importância para o aumento da circulação de conhecimentos e ideias no Renascimento.

Características do Renascimento As principais caracteristicas do Renascimento, valores renascentistas, idéias

e visão de mundo

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"Davi" de Michelangelo: uma das obras mais conhecidas do Renascimento

Principais características do Renascimento 

- Valorização da estética artística da antiguidade clássica (greco-romana). Os artistas renascentistas defendiam a ideia de que a arte na Grécia e Roma antigas tinha um valor estético e cultural muito maior do que na Idade Média. Por isso, que uma escultura renascentista, por exemplo, possui uma grande semelhança como as esculturas da Grécia Antiga.

- Visão de que o homem é o principal e decisivo elemento na condução da história da humanidade. Essa visão é conhecida como antropocentrismo ("homem no centro") e fez oposição a visão teocêntrica ("Deus no centro") da Idade Média.

- Grande importância dada às ciências e a razão. Os renascentistas defendiam a ideia de que há explicação científica para a maioria das coisas. Portanto, desprezavam as explicações elaboradas pela Igreja Católica ou por outras fontes que não fossem científicas. Este período da história foi muito significativo no tocante ao desenvolvimento das experiências científicas e do pensamento racional e lógico.

- Busca do conhecimento em várias áreas. Os renascentistas buscavam entender o mundo através do estudo de várias ciências (Biologia, Matemática, Física, Astronomia, Botânica, Anatomia, Química, etc.). Um ótimo exemplo desta visão de mundo foi Leonardo da Vinci que, além de ser pintor, também desenvolveu trabalhos e estudos em várias áreas do conhecimento.

 

Renascimento Cultural na Itália Pioneirismo italiano, centro transmissor de arte e cultura, contexto

histórico, principais artistas do Renascimento Cultural na Itália

Itália: o berço do Renascimento Cultural

A Itália é considerada o berço do Renascimento Cultural, pois foi em cidades como Gênova, Florença e Veneza que houve um grande desenvolvimento intelectual e artístico entre os séculos XV e XVI.

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Motivos do pioneirismo italiano

O desenvolvimento do Renascimento na Itália foi favorecido pelo importante crescimento comercial e urbano que ocorreu em várias cidades do norte da Itália a partir do século XIV. Grandes mercadores italianos passaram a incentivar o desenvolvimento artístico, financiando vários artistas (principalmente pintores e escultores) italianos. Estes ricos comerciantes eram chamados de “mecenas” e o apoio que davam aos artistas ficou conhecido como mecenato.

Esta dinâmica burguesia italiana, sobretudo em Florença onde a família Médici deu grande incentivo às artes, foi muito importante para o desenvolvimento artístico renascentista.

Outro fato importante que fortaleceu o desenvolvimento artístico e cultural na Itália foi a ligação direta com o legado, principalmente o estilo artístico, greco-romano. Grande parte das características da arte grega e romana foi resgatada pelos artistas italianos na fase do Renascimento.

Centro transmissor

A Itália também foi o centro transmissor de arte e cultura na época do Renascimento. Muitos artistas italianos foram para outros países da Europa e acabaram espalhando informações e conhecimentos sobre estilos e técnicas de pintura e escultura. Este fato fez com que o Renascimento não ficasse restrito à Península Itálica, espalhando-se por vários países da Europa.

Principais artistas renascentistas italianos:

- Donatello (1386 – 1466)

- Masaccio (1401 – 1428)

- Piero della Francesca (1415 – 1492)

- Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

- Rafael Sanzio (1483-1520)

- Leonardo da Vinci (1452-1519)

- Sandro Botticelli - (1445-1510)

- Tintoretto - (1518-1594)  

- Ticiano - (1488-1576)

- Veronese - (1528-1588)

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Características das obras Renascentistas Aspectos estéticos das obras renascentistas, valores, princípios, principais

artistas do Renascimento Cultural

"O nascimento de Vênus" de Botticelli: exemplo de obra renascentista

Introdução 

O Renascimento Cultural foi um importante movimento cultural que ocorreu na Europa entre os séculos XIV e XVI. Entre os principais artistas deste período, podemos citar: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Donatello, Botticelli, entre outros.

As obras renascentistas (pinturas, esculturas, livros) apresentavam características comuns:

- Resgate da estética da cultura greco-romana, principalmente a busca da perfeição na elaboração de esculturas e pinturas;

- Antropocentrismo: valorização das capacidades artísticas e intelectuais dos seres humanos;

- Valorização da ciência e da razão, buscando explicações racionais para os eventos naturais e sociais;

- Valorização e interesse por vários aspectos culturais e científicos (literatura, artes plásticas, pesquisas científicas).

- Humanismo: conjunto de princípios que valorizavam as ações humanas e valores morais (respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade, etc).

Pintores Renascentistas Principais pintores da época do Renascimento Cultural, artistas do

Renascimento

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Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael e Botticelli (os principais pintores renascentistas)

Introdução 

O Renascimento, ou Renascença, foi um importante movimento cultural que ocorreu na Europa entre os séculos XIV e XVI. Entre os principais artistas deste período, podemos citar: 

PINTORES RENASCENTISTAS ITALIANOS

- Leonardo da Vinci- Michelangelo- Rafael Sanzio- Sandro Botticelli- Giotto- Andrea del Sarto- Andrea del Verrocchio- Andrea Mantegna- Antonello da Messina- Antoniazzo Romano- Antonio Pollaiuolo- Bartolomeo Carducci- Bartolomeo Montagna- Benedetto Ghirlandaio- Benvenuto Tisi- Bernardino Butinone- Bernardino Campi- Bernardino Zenale- Bernardo Castello- Boccaccio Boccaccino- Biagio d'Antonio- Cesare da Sesto- Cherubino Alberti- Cosimo Rosselli- Davide Ghirlandaio- Defendente Ferrari- Domenico Ghirlandaio- Domenico Passignano- Domenico Veneziano- Filippino Lippi- Fiorenzo di Lorenzo- Fra Angelico

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- Fra Bartolommeo- Francesco Botticini- Francesco Melzi- Francesco Squarcione- Giambattista Moroni- Giorgio Vasari- Giovanni Ambrogio Figino- Giovanni da Udine- Giovanni Francesco Bembo- Girolamo da Carpi- Girolamo Muziano- Girolamo Savoldo- Giulio Campagnola- Giulio Clovio- Giulio Romano- Jacopo da Ponte- Lavinia Fontana- Lorenzo Costa- Luca Cambiasi- Marco d'Oggiono- Matteo Perez d'Aleccio- Melozzo da Forlì- Moretto da Brescia- Palma Vecchio- Paolo Uccello- Piero della Francesca- Pietro Perugino- Pinturicchio- Polidoro de Caravaggio- Ridolfo Ghirlandaio- Ticiano- Tintoretto- Veronese

PINTORES RENASCENTISTAS ESPANHÓIS

- Alonso Berruguete- El Greco- Pedro Berruguete

PINTORES RENASCENTISTAS PORTUGUESES

- Francisco de Holanda- Jorge Afonso- Nuno Gonçalves- Vasco Fernandes

PINTORES RENASCENTISTAS FRANCESES

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- François Clouet- Toussaint Dubreuil

Leonardo da Vinci Vida de Leonardo da Vinci, Renascimento Cultural, Arte Renascentista,

Principais obras, Artes Plásticas, Renascença suas invenções, pinturas, projetos científicos.

Auto-retrato de Leonardo da Vinci

Introdução 

Leonardo da Vinci, artista renascentista italiano, nasceu em 15/04/1452. Existem algumas dúvidas sobre a cidade de seu nascimento: para alguns historiadores, seu berço foi  em Anchiano, enquanto para outros, foi numa cidade, situada na margem direita do rio Arno, perto dos montes Albanos, entre as cidades italianas de Florença e Pisa.

Biografia

Foi um dos mais importantes pintores do Renascimento Cultural. É considerado um gênio, pois mostrou-se um excelente anatomista, engenheiro, matemático músico, naturalista, arquiteto, inventor e escultor. Seus trabalhos e projetos científicos quase sempre ficaram escondidos em livros de anotações (muitos escritos em códigos), e foi como artista que conseguiu o reconhecimento e o prestígio das pessoas de sua época.

Leonardo da Vinci fez estágio no estúdio de Verrochio (importante artista da época), na cidade de Florença. Viveu uma época em Milão, onde trabalhou para a corte de Ludovico Sforza. Até 1506, realizou trabalhos principalmente em Florença e tudo indica que nesta época tenha pintado sua obra mais famosa: a bela e enigmática Gioconda. Trabalho para o rei Francisco I da França, onde realizou belos trabalhos. Faleceu na França no ano de 1519.

Principais características das pinturas de Da Vinci: utilização da técnica artística da perspectiva, uso de cores próximas da realidade, figuras humanas perfeitas, temas religiosos, uso da matemática em cálculos artísticos, imagens principais centralizadas, paisagens de fundo, figuras humanas com com expressões de sentimento, detalhismo artístico.

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Gioconda (Mona Lisa): principal obra de Da Vinci

Principais trabalhos de Da Vinci:

Trabalhos de pinturas (artes plásticas): Gioconda (Mona Lisa) , Leda, Dama do Arminho, Madonna Litta, Anunciação, A Última Ceia, Ginevra de Benci, São Jerônimo, Adoração dos Magos, Madona das Rochas, Retrato de Músico, São João Batista, Madona do Fuso, Leda e o Cisne

Trabalhos de  invenções: máquina voadora, máquina escavadora, isqueiro, paraquedas, besta gigante sobre rodas, máquina a vapor, submarino.

Trabalhos Científicos: homem vitruviano, anatomia do tronco, estudo de pé e perna, anatomia do olho, estudo da gravidez, estudos e embriões.

Projetos de Arquitetura: Projeto arquitetônico de uma cidade, projeto de um porto, templo centralizado.

Você sabia?

Leonardo da Vinci é considerado o pai da técnica do sfumato. Esta técnica consiste em criar gradientes perfeitos numa pintura, criando luz e sombra.

Frases de Leonardo da Vinci:

- "A sabedoria é filha da experiência."

- "Quem pouco pensa, muito erra."

- "A simplicidade é a máxima sofisticação".

- "O tempo dura muito para aqueles que sabem aproveitá-lo."

Mona Lisa de Leonardo da VinciHistória e características da mais conhecida obra de arte de Da Vinci, quem foi

Mona Lisa, técnicas, estética artística

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Mona Lisa (Gioconda): principal obra de Da Vinci

Introdução 

Mona Lisa é uma das mais populares pinturas do artista renascentista Leonardo da Vinci. Também conhecida como Gioconda, foi retratada por Da Vinci entre os anos de 1503 e 1506. É uma pintura em óleo sobre madeira de álamo e esta exposta no Museu do Louvre em Paris.

Quem foi Mona Lisa

Existe um grande mistério, mesmo entre a comunidade que estuda a História da Arte, sobre quem foi a mulher retratada nesta pintura. Existem algumas hipóteses. Poderia ser uma imagem idealizada de mulher, pintada pelo artista. Outra hipótese é que seria um auto-retrato de Leonardo da Vinci, vestido de mulher.

Porém, a hipótese mais aceita no momento, defende que Mona Lisa era Lisa Del Giocondo, esposa do rico comerciante italiano Francesco del Giocondo. 

Características principais da obra

Mona Lisa destaca-se pela estética, técnicas e recursos artísticos utilizados. O sorriso enigmático e a expressão serena são as características mais marcantes da pintura. 

Da Vinci buscou também retratar uma harmonia entre a humanidade e a natureza. Isto é observado na harmonia existente entre Mona Lisa e a paisagem de fundo.

Os conhecimentos matemáticos também foram usados na confecção da obra, onde o pintor buscou atingir a perfeição e o equilíbrio.

Nesta obra Da Vinci usou com perfeição a técnica do sfumato. Esta técnica consiste em criar gradientes na criação de sombra e luz numa pintura. Leonardo da Vinci é considerado o criador desta técnica.

Última Ceia de Leonardo da VinciInformações e características da obra, método de pintura utilizado, cena retratada

na pintura

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Última Ceia: pintura de Leonardo da Vinci

Introdução 

A Última Ceia é uma das pinturas mais famosas de Leonardo da Vinci, artista italiano da época do Renascimento Cultural. É considerada por muitos historiadores e estudiosos de arte como uma das mais importantes e representativas obras de arte de todos os tempos.

Características principais 

Esta pintura foi feita por Da Vinci entre os anos de 1495 e 1497. É uma pintura mural e está na parede do refeitório do convento dominicano de Santa Maria da Graça, na cidade italiana de Milão (local original onde foi pintada).

A pintura retrata a última ocasião em que Jesus Cristo se reuniu com seus apóstolos para compartilhar o pão e o vinho, antes de sua morte.

Principais características da pintura:

- Medidas: 460 cm de altura e 880 cm de largura.

- Método de pintura: mista com predominância da têmpera e óleo sobre camada dupla de preparação de gesso aplicada sobre estuque (reboco).

Você sabia ?

- A Última Ceia foi encomendada por Ludovico Sforza, duque de Milão.

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Renascimento - História do Renascimento

Renascimento, período da história européia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI.

A fragmentada sociedade feudal da Idade Média transformou-se em uma sociedade dominada, progressivamente, por instituições políticas centralizadas, com uma economia urbana e mercantil, em que floresceu o mecenato da educação, das artes e da música.

O termo “Renascimento” foi empregado pela primeira vez em 1855, pelo históriador francês Jules Michelet, para referir-se ao “descobrimento do Mundo e do homem” no século XVI. O historiador suíço Jakob Burckhardt ampliou este conceito em sua obra A civilização do renascimento italiano (1860), definindo essa época como o renascimento da humanidade e da consciência moderna, após um longo período de decadência.

O Renascimento italiano foi, sobretudo, um fenômeno urbano, produto das cidades que floresceram no centro e no norte da Itália, como Florença, Ferrara, Milão e Veneza, resultado de um período de grande expansão econômica e demográfica dos séculos XII e XIII.

Uma das mais significativas rupturas renascentistas com as tradições medievais verifica-se no campo da história. A visão renascentista da história possuía três partes: a Antigüidade, a Idade Média e a Idade de Ouro ou Renascimento, que estava começando.

A idéia renascentista do humanismo pressupunha uma outra ruptura cultural com a tradição medieval. Redescobriram-se os Diálogos de Platão, os textos históricos de Heródoto e Tucídides e as obras dos dramaturgos e poetas gregos. O estudo da literatura antiga, da história e da filosofia moral tinha por objetivo criar seres humanos livres e civilizados, pessoas de requinte e julgamento, cidadãos, mais que apenas sacerdotes e monges.

Os estudos humanísticos e as grandes conquistas artísticas da época foram fomentadas e apoiadas economicamente por grandes famílias como os Medici, em Florença; os Este, em Ferrara; os Sforza, em Milão; os Gonzaga, em Mântua; os duques de Urbino; os Dogos, em Veneza; e o Papado, em Roma.

No campo das belas-artes, a ruptura definitiva com a tradição medieval teve lugar em Florença, por volta de 1420, quando a arte renascentista alcançou o conceito científico da perspectiva linear, que possibilitou a representação tridimensional do espaço, de forma convincente, numa superfície plana.

Os ideais renascentistas de harmonia e proporção conheceram o apogeu nas obras de Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo, durante o século XVI.

Houve também progressos na medicina e anatomia, especialmente após a tradução, nos séculos XV e XVI, de inúmeros trabalhos de Hipócrates e Galeno. Entre os avanços realizados, destacam-se a inovadora astronomia de Nicolau Copérnico, Tycho Brahe e Johannes Kepler. A geografia se transformou graças aos conhecimentos empíricos adquiridos através das explorações e dos descobrimentos de novos continentes e pelas primeiras traduções das obras de Ptolomeu e Estrabão.

No campo da tecnologia, a invenção da imprensa, no século XV, revolucionou a difusão dos conhecimentos e o uso da pólvora transformou as táticas militares, entre os anos de 1450 e

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1550.

No campo do direito, procurou-se substituir o abstrato método dialético dos juristas medievais por uma interpretação filológica e histórica das fontes do direito romano. Os renascentistas afirmaram que a missão central do governante era manter a segurança e a paz. Maquiavel sustentava que a virtú (a força criativa) do governante era a chave para a manutenção da sua posição e o bem-estar dos súditos.

O clero renascentista ajustou seu comportamento à ética e aos costumes de uma sociedade laica. As atividades dos papas, cardeais e bispos somente se diferenciavam das usuais entre os mercadores e políticos da época. Ao mesmo tempo, a cristandade manteve-se como um elemento vital e essencial da cultura renascentista. A aproximação humanista com a teologia e as Escrituras é observada tanto no poeta italiano Petrarca como no holandês Erasmo de Rotterdam, fato que gerou um poderoso impacto entre os católicos e protestantes.

Galileu

O físico e astrônomo italiano Galileu afirmava que a Terra girava ao redor do Sol, contra as crenças da Igreja Católica, segundo a qual a Terra era o centro do Universo. Negou-se a retratar-se, apesar das ordens de Roma, e foi sentenciado à prisão perpétua.

Lourenço de Medici, O Magnífico

O político e banqueiro italiano Lourenço de Medici (1449-1492) foi um influente mecenas das humanidades durante o Renascimento. A família Medici governou Florença, desde meados do século XV até 1737, dominando a vida política, social e cultural da cidade. O próprio Lourenço foi poeta, construiu bibliotecas em Florença e patrocinou artistas e literatos, tais como o pintor Michelangelo e o poeta e humanista Angelo Poliziano.

Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do século XVII.O período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciênciasseus principais ideais eram:Neoplatonismo, Antropocentrismo, Hedonismo, Racionalismo, Otimismo e Individualismo...... em fim, o renancimento transmitiu a sociedade do feudalismo para o capitalismo, abriu os olhos da população

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Renascimento é o nome que se dá a um grande movimento de mudanças culturais, que atingiu as camadas urbanas da Europa

Ocidental entre os séculos XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica.

Esse momento é considerado como um importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas.

As bases desse movimento eram proporcionadas por uma corrente filosófica reinante, o humanismo, que descartava a escolástica

medieval, até então predominante, e propunha o retorno às virtudes da antiguidade. Platão, Aristóteles, Virgílio, Sêneca e outros autores

greco-romanos começam a ser traduzidos e rapidamente difundidos.

O movimento renascentista envolveu uma nova sociedade e, portanto novas relações sociais em seu cotidiano. A vida urbana passou a

implicar um novo comportamento, pois o trabalho, a diversão, o tipo de moradia, os encontros nas ruas, implicavam por si só um novo

comportamento dos homens. Isso significa que o Renascimento não foi um movimento de alguns artistas, mas uma nova concepção de

vida adotada por uma parcela da sociedade, e que será exaltada e difundida nas obras de arte.

Apesar de recuperar os valores da cultura clássica, o Renascimento não foi uma cópia, pois utilizava-se dos mesmos conceitos, porém

aplicados de uma nova maneira à uma nova realidade. Assim como os gregos, os homens “modernos” valorizaram o antropocentrismo:

“O homem é a medida de todas as coisas”; o entendimento do mundo passava a ser feito a partir da importância do ser humano, o

trabalho, as guerras, as transformações, os amores, as contradições humanas tornaram-se objetos de preocupação, compreendidos

como produto da ação do homem.

Uma outra característica marcante foi o racionalismo, isto é, a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e pela

ciência, a recusa em acreditar em qualquer coisa que não tenha sido provada; dessa maneira o experimentalismo, a ciência,

conheceram grande desenvolvimento. O individualismo também foi um dos valores renascentistas e refletiu a emergência da burguesia

e de novas relações de trabalho. A idéia de que cada um é responsável pela condução de sua vida, a possibilidade de fazer opções e de

manifestar-se sobre diversos assuntos acentuaram gradualmente o individualismo. É importante percebermos que essa característica

não implica o isolamento do homem, que continua a viver em sociedade, em relação direta com outros homens, mas na possibilidade

que cada um tem de tomar decisões.

Foi acentuada a importância do estudo da natureza; o naturalismo aguçou o espírito de observação do homem. O hedonismo

representou o “culto ao prazer”, ou seja, a idéia de que o homem pode produzir o belo, pode gerar uma obra apenas pelo prazer que

isso possa lhe proporcionar, rompendo com o pragmatismo.

O Universalismo foi uma das principais características do Renascimento e considera que o homem deve desenvolver todas as áreas do

saber; podemos dizer que Leonardo da Vinci é o principal modelo de “homem universal”, matemático, físico, pintor e escultor, estudou

inclusive aspectos da biologia humana.

ITÁLIA: O BERÇO DO RENASCIMENTO

Esse é uma expressão muito utilizada, apesar de a Itália ainda não existir como nação. A região italiana estava dividida e as cidades

possuíam soberania. Na verdade o Renascimento desenvolveu-se em algumas cidades italianas, principalmente aquelas ligadas ao

comércio.

Desde o século XIII, com a reabertura do Mediterrâneo, o comércio de várias cidades italianas com o oriente intensificou-se,

possibilitando importantes transformações, como a formação de uma camada burguesa enriquecida e que necessitava de

reconhecimento social. O comércio comandado pela burguesia foi responsável pelo desenvolvimento urbano, e nesse sentido,

responsável por um novo modelo de vida, com novas relações sociais onde os homens encontram-se mais próximos uns dos outros.

Dessa forma podemos dizer que a nova mentalidade da população urbana representa a essência dessas mudanças e possibilitará a

Produção Renascentista.

Podemos considerar ainda como fatores que promoveram o renascimento italiano, a existência de diversas obras clássicas na região,

assim como a influência dos “sábios bizantinos”, homens oriundos principalmente de Constantinopla, conhecedores da língua grega e

muitas vezes de obras clássicas.

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A PRODUÇÃO RENASCENTISTA

É necessário fazer uma diferenciação entre a cultura renascentista; aquela caracterizada por um novo comportamento do homem da

cidade, a partir de novas concepções de vida e de mundo, da Produção Renascentista, que representa as obras de artistas e

intelectuais, que retrataram essa nova visão de mundo e são fundamentais para sua difusão e desenvolvimento. Essa diferenciação é

importante para que não julguemos o Renascimento como um movimento de “alguns grandes homens”, mas como um movimento que

representa uma nova sociedade, urbana caracterizada pelos novos valores burguesas e ainda associada à valores cristãos.

O mecenato, prática comum na Roma antiga, foi fundamental para o desenvolvimento da produção intelectual e artística do

renascimento. O Mecenas era considerado como “protetor”, homem rico, era na prática quem dava as condições materiais para a

produção das novas obras e nesse sentido pode ser considerado como o patrocinador, o financiador. O investimento do mecenas era

recuperado com o prestígio social obtido, fato que contribuía com a divulgação das atividades de sua empresa ou instituição que

representava. A maioria dos mecenas italianos eram elementos da burguesia, homens enriquecidos com o comércio e toda a produção

vinculada à esse patrocínio foi considerada como Renascimento Civil.

Encontramos também o Papa e elementos da nobreza praticando o mecenato, sendo que o Papa Júlio II foi o principal exemplo do que

denominou-se Renascimento Cortesão.

A EXPANSÃO DO RENASCIMENTO

No decorrer do século XVI a cultura renascentista expandiu-se para outros países da Europa Ocidental e para que isso ocorresse

contribuíram as guerras e invasões vividas pela Itália. As ocupações francesa e espanhola determinaram um conhecimento melhor

sobre as obras renascentistas e a expansão em direção a outros países, cada um adaptando-o segundo suas peculiaridades, numa

época de formação do absolutismo e de início do movimento de Reforma Religiosa.

O século XVI foi marcado pelas grandes navegações, num primeiro momento vinculadas ao comércio oriental e posteriormente à

exploração da América. A navegação pelo Atlântico reforçaram o capitalismo de Portugal, Espanha e Holanda e em segundo plano da

Inglaterra e França. Nesses “países atlânticos” desenvolveu-se então a burguesia e a mentalidade renascentista.

Esse movimento de difusão do Renascimento coincidiu com a decadência do Renascimento Italiano, motivado pela crise econômica

das cidades, provocada pela perda do monopólio sobre o comércio de especiarias.

A mudança do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico determinou a decadência italiana e ao mesmo tempo impulsionou o

desenvolvimento dos demais países, promovendo reflexos na produção cultural.

Outro fator fundamental para a crise do Renascimento italiano foi a Reforma Religiosa e principalmente a Contra Reforma. Toda a

polêmica que desenvolveu-se pelo embate religioso fez com que a religião voltasse a ocupar o principal espaço da vida humana; além

disso, a Igreja Católica desenvolveu um grande movimento de repressão, apoiado na publicação do INDEX e na retomada da Inquisição

que atingiu todo indivíduo que de alguma forma de opusesse a Igreja. Como o movimento protestante não existiu na Itália, a repressão

recaiu sobre os intelectuais e artistas do renascimento.

CONTEXTO HISTÓRICO

As conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo na Europa

a partir do século XV. Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e

acumularam fortunas. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores,

músicos, arquitetos, escritores, etc.

Os governantes europeus e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda,

conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares

entre as populações das regiões onde atuavam. Neste período, era muito comum as famílias nobres encomendarem pinturas (retratos)

e esculturas junto aos artistas.

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Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período, dando origem a uma grande quantidade de locais de

produção artística. Cidades como, por exemplo, Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual.

Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento.

LEONARDO DA VINCI (1452-1519)

Leonardo da Vinci nasceu em Vinci, próximo a Florença, na Itália, em 15 de abril de 1452. Filho ilegítimo do notário florentino Ser Piero e

de uma camponesa, foi criado pelo pai. Ao revelar vocação para a pintura e o desenho, empregou-se como aprendiz do escultor e pintor

Andrea del Verrocchio, por volta de 1467. Trabalhou com Verrocchio até 1477 e, nos quatro anos seguintes, sozinho.

Por volta de 1480 começou a pintar "São Jerônimo", que deixou inacabado. No ano seguinte mudou-se para Milão e trabalhou na

"Adoração dos magos", encomenda dos monges de San Donato, em Scopeto.

Também inacabada, essa é a primeira tela que pode ser atribuída com segurança a Leonardo. Nela se percebe o gênio do artista que,

embora se considerasse continuador direto de Giotto e de Masaccio, já não apresentava em sua pintura semelhança alguma com a

tendência plástico-formal própria da escola florentina do Renascimento.

A serviço de Ludovico Sforza, desenvolveu vários projetos de engenharia militar, realizou estudos hidráulicos sobre os canais da cidade

e, como diretor das festas promovidas pela corte, organizou competições, representações e torneios, para muitos dos quais desenhou

cenários e figurinos.

Dedicou-se também ao estudo da anatomia, física, botânica, geologia e matemática. Nesse período, pintou algumas de suas obras-

primas -- a primeira versão da "Virgem dos rochedos" (c. 1483) e a "Última ceia" (1495-1497) --, decorou a Sala delle Asse (c. 1498) e

trabalhou numa estátua eqüestre de Francesco Sforza, jamais fundida em bronze.

Iniciou nessa fase a redação dos manuscritos do Trattato della pittura, cuja primeira edição impressa data de 1651.

Quando, em 1499, tropas francesas invadiram Milão, Leonardo voltou para Florença, já como artista consagrado. Em 1502 decidiu

acompanhar Cesare Borgia na campanha de Romagna, como arquiteto e engenheiro militar.

No ano seguinte estava de volta a Florença, onde, durante o cerco de Pisa, desenvolveu um projeto para desviar o curso do rio Arno, de

forma a cortar o acesso da cidade ao mar. No mesmo ano, começou a pintar "Mona Lisa", uma de suas obras mais conhecidas e na

qual a arte da pintura atinge um de seus grandes momentos.

Iniciou também o quadro "Leda", conhecido apenas por intermédio de cópias, que parece ter sido o único nu de toda a sua obra, e, com

Michelangelo, cujo prestígio já começava a superar o seu, decorou a sala do conselho do Palazzo Vecchio. Michelangelo pintou uma

cena da batalha de Cascina, enquanto Leonardo pintava a "Batalha de Anghiari". Nenhum dos dois trabalhos foi concluído.

Entre 1506 e 1513 Leonardo novamente residiu em Milão, onde tornou-se conselheiro artístico do governador francês, Charles

d'Amboise, e projetou para ele um novo palácio. Com o restabelecimento da dinastia Sforza, Leonardo foi para Roma, em 1513, onde

permaneceu sob a proteção de Giuliano de Medici, irmão do papa Leão X.

Nessa época, aprofundou suas pesquisas ópticas e matemáticas. Depois da morte de Giuliano, em 1516, Leonardo foi para Amboise, a

convite de Francisco I, que o nomeou primeiro-pintor, engenheiro e arquiteto do rei. Continuou então os estudos de hidráulica, ao

mesmo tempo em que organizou cadernos de apontamentos e preparou festas para a corte.

Leonardo voltou sua curiosidade para todos os campos do saber e da arte, e em cada um deles afirmou seu gênio. Apesar de não ter

realizado as grandes obras com que sonhava na pesquisa científica, a vasta informação contida em seus apontamentos e desenhos é

suficiente para demonstrar a universalidade de seu saber. Ao estudo da estática e da dinâmica dedicou algumas de suas pesquisas

mais valiosas. Baseou-se na leitura da obra de Aristóteles e de Arquimedes, às quais foi um dos primeiros a acrescentar contribuição

original.

Da Vinci estudou ainda as condições de equilíbrio sobre um plano inclinado e enunciou o teorema do polígono de sustentação da

balança. Realizou pesquisas originais sobre os centros de gravidade -- no que antecipou-se a Galileu -- e idealizou uma máquina

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destinada a testar a resistência dos fios metálicos à tração. Ainda no domínio da física, estudou os efeitos do atrito e enunciou

definições para força, percussão e impulso.

A partir do vôo dos pássaros, Leonardo determinou os princípios da construção de um aparelho mais pesado do que o ar, capaz de voar

com a ajuda da força do vento. Entre seus desenhos incluem-se esboços de um aparelho bastante parecido com o helicóptero moderno

e o esquema de um pára-quedas.

De sua atividade como projetista militar destacam-se os vários desenhos de canhões, metralhadoras, carros de combate, pontes móveis

e barcos, bem como estudos sobre a melhor maneira de abordagem de um barco grande por um pequeno, o esquema de um submarino

e bombardas. Leonardo inventou também máquinas hidráulicas destinadas à limpeza e dragagem de canais, máquinas de fiar, trivelas,

tornos e perfuratrizes. Também antecipou-se aos urbanistas com seus projetos de cidades.

CARACTERÍSTICAS

No Trattato della pittura, Leonardo da Vinci defendeu essa forma de arte como indispensável à realização da exploração científica da

natureza e aconselhou os pintores a não se limitarem à expressão estática do ser humano. Utilizava ao pintar todos os seus

conhecimentos científicos: suas figuras humanas derivavam diretamente dos estudos de anatomia, enquanto as paisagens revelavam o

conhecimento de botânica e geologia.

Muitas de suas obras se perderam, foram destruídas ou ficaram inacabadas. Conhecem-se apenas cerca de 12 telas de Leonardo de

autenticidade indiscutível. Ao longo de sua obra, é visível a importância cada vez maior que o artista concede aos contrastes entre luz e

sombra, e, principalmente, ao movimento. Com o sfumato, que dilui as figuras humanas na atmosfera, Leonardo realizou síntese

admirável entre modelo e paisagem.

A "Última ceia", um dos quadros mais famosos do mundo, foi muito danificada e sofreu diversas restaurações, motivo pelo qual pouco

resta do original. É inigualável, no entanto, a solidão de Cristo, em contraste com a agitação dos apóstolos, dividos em grupos de três.

Judas, o traidor, é a única figura em isolamento entre eles. Os vários estudos e desenhos de Leonardo revelam a preocupação do autor

com os menores detalhes da cena.

Pouco antes de morrer, no castelo de Cloux, perto de Amboise, na França, em 2 de maio de 1519, nomeou seu discípulo predileto,

Francisco Melzi, herdeiro de todos os valiosos estudos, desenhos e anotações que deixava. Melzi preservou cuidadosamente a

herança, mas com sua morte, cerca de cinqüenta anos após a morte do mestre, os manuscritos se dispersaram. Conservaram-se cerca

de 600 desenhos, que representam talvez a terça parte da vasta produção de Leonardo da Vinci.

MICHELANGELO BUONARROTI (1475-1564)

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni nasceu em 6 de março de 1475 em Caprese, localidade próxima à cidade toscana de

Arezzo, Itália.

Quando ainda era criança, sua família mudou-se para Florença, onde, em 1488, entrou como aluno para o ateliê do pintor Domenico

Ghirlandaio, com quem aprendeu as técnicas de afresco e painel. No ano seguinte, graças ao mecenato de Lourenço o Magnífico,

passou a estudar escultura com Bertoldo di Giovanni no jardim onde a família senhorial de Florença conservava uma valiosa coleção de

esculturas antigas.

Após a morte de Lourenço, em 1492, e pouco antes da expulsão da família Medici pelo pregador e reformador religioso Girolamo

Savonarola, Michelangelo fugiu para Bolonha, onde, sob a influência de Jacopo della Quercia, esculpiu três estátuas para o túmulo de

são Domingos.

De volta a Florença, esculpiu em madeira a "Crucificação" (autenticada somente em 1965), que doou a uma igreja em agradecimento

por lhe terem permitido estudar os cadáveres ali conservados.

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Em 1496 mudou-se para Roma, onde esculpiu "Baco", antes de voltar-se para a temática de inspiração religiosa que dominaria sua arte

a partir de 1498. Sua grande obra do período é a "Pietà" de mármore que se encontra na basílica de São Pedro, em Roma, na qual a

cena trágica contrasta com a serenidade do juveníssimo rosto da Virgem.

Retornou a Florença e, em 1501, recebeu o encargo de realizar as 15 figuras da capela Piccolomini da catedral de Siena e o colossal

"Davi" de mármore, concluído em 1504. Essa estátua, hoje na Academia de Belas-Artes de Florença, veio a converter-se na encarnação

do espírito e da força da cidade.

No mesmo ano, o artista começou a pintar o afresco "Batalha de Cascina" para a sala do conselho do Palazzo Vecchio florentino. Essa

grande pintura, posteriormente destruída, suscitou certa rivalidade entre Michelangelo e Leonardo da Vinci, que estava pintando "A

batalha de Anghiari" na parede oposta.

O papa Júlio II chamou o já célebre gênio toscano a Roma, em 1505, para encarregá-lo de um grande mausoléu com mais de quarenta

figuras em tamanho natural. O projeto, que não chegou a ser concluído, acarretou muitos problemas para Michelangelo, desde

assistência inadequada na execução do projeto a falta de pagamento. O escultor desentendeu-se então com o papa e fugiu de Roma.

Em Florença, Piero Solderini convenceu-o a desculpar-se. Júlio II lhe encomendou então uma estátua em bronze para a igreja de São

Petrônio, concluída em 1508. Nesse mesmo ano, Michelangelo recebeu o primeiro pagamento do papa para iniciar a ampliação da

capela Sistina, cujos afrescos pintou até 1512. Embora tenha trabalhado como pintor a contragosto, pois preferia a escultura, realizou na

capela Sistina afrescos tidos como a expressão máxima da arte pictórica do Renascimento.

Em 1513 o artista finalmente conseguiu renegociar o contrato do mausoléu com os herdeiros de Júlio II. O projeto foi reduzido e

Michelangelo idealizou para o sepulcro sua célebre estátua "Moisés", de mármore, e duas figuras torturadas de escravos.

Os Medici haviam retomado o poder em Florença em 1512, e os papas Leão X e Clemente VII, membros dessa família, encarregaram

Michelangelo de vários projetos a serem realizados em Florença, onde o artista residiu ocasionalmente entre 1514 e 1534.

Em 1520, Michelangelo comprometeu-se a projetar uma capela mortuária na igreja de São Lourenço, que deveria abrigar os sepulcros

da família Medici e, em 1524, Clemente VII encarregou-o do projeto da Biblioteca Laurenziana.

No mausoléu dos Medici, as estátuas de Juliano e Lourenço o Magnífico, dispostas em nichos sobre as tumbas, representaram um novo

ponto de partida no campo da escultura funerária. Sob elas, Michelangelo acrescentou quatro figuras em mármore que representam o

mundo terreno em gradações do dia: "Aurora", "Dia", "Crepúsculo" e "Noite". Também construiu o recinto solene da capela que, apesar

da extrema simplicidade das linhas arquitetônicas, é para muitos a maior obra do artista.

No período republicano que se seguiu à queda dos Medici, Michelangelo colaborou ativamente na vida pública florentina e projetou a

fortificação da cidade contra os ataques dos exércitos papal e imperial.

Derrotada Florença, e com os Medici de novo no poder, o artista concluiu a obra do sepulcro. Em 1534, nomeado pelo papa Paulo III

escultor, pintor e arquiteto oficial do Vaticano, fixou residência definitiva em Roma.

Entre 1536 e 1541, realizou no altar da capela Sistina o grande afresco "Juízo final". A gigantesca composição aparece dominada pela

vigorosa figura de Cristo que, como juiz universal, ordena a salvação dos bem-aventurados e o castigo dos pecadores. A obra reflete de

forma dramática as inquietudes espirituais do já idoso Michelangelo.

Em seus últimos anos de vida, os encargos e projetos do artista foram principalmente obras de arquitetura. A partir de 1546, criou as

janelas do segundo andar e a grande ante-sala do Palazzo Farnese, em Roma.

Em 1538, já tinha transferido a estátua antiga do imperador Marco Aurélio para o centro da praça do Capitólio, que ele reurbanizou.

Entre 1561 e 1564 construiu, dentro das ruínas das termas de Diocleciano, a grande igreja Santa Maria degli Angeli.

A partir de 1547, dirigiu os trabalhos da basílica de São Pedro; a grande cúpula da basílica é de sua autoria. Entre as esculturas de seus

últimos anos, destaca-se a "Pietà Rondanini".

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Alternou o trabalho em outras áreas com a criação de uma obra poética de grande sensibilidade, escrita a partir de 1530. O conjunto de

seus textos, com justiça caracterizados como uma "biografia espiritual", reúne mais de 300 sonetos, madrigais e outros tipos de poemas,

inclusive fragmentos inacabados.

Celebrado como grande personalidade artística de seu tempo, Michelangelo morreu em Roma, em 18 de fevereiro de 1564, aos 88 anos

de idade.

RAFAEL (RAFAELLO SANZIO) - 1483-1520

Raffaello Sanzio, conhecido em português como Rafael, nasceu em Urbino, então capital do ducado do mesmo nome, na Itália, em 6 de

abril de 1483. Seu pai, Giovanni Santi, era pintor de poucos méritos mas homem culto e bem relacionado na corte do duque Federico de

Montefeltro. Transmitiu ao filho, de precoce talento, o amor pela pintura e as primeiras lições do ofício. O duque, personificação do ideal

renascentista do príncipe culto, encorajara todas as formas artísticas e transformara Urbino em centro cultural, a que foram atraídos

homens como Donato Bramante, Piero della Francesca e Leone Battista Alberti.

Após a morte do pai, em 1494, Rafael foi para Perugia, onde aprendeu com Pietro Perugino a técnica do afresco ou pintura mural. Em

sua primeira obra de realce, "O casamento da Virgem" (1504), a influência de Perugino evidencia-se na perspectiva e na relação

proporcional entre as figuras, de um doce lirismo, e a arquitetura. A disposição das figuras é, no entanto, mais informal e animada que a

do mestre.

Florença. No outono de 1504, Rafael foi a Florença, atraído pelos trabalhos que estavam sendo realizados, no Palazzo della Signoria,

por Leonardo da Vinci e Michelangelo. Sob a influência sobretudo da obra de Da Vinci, absorveu a estética renascentista e executou

diversas madonas, entre as quais a "Madona Esterházy" e "A bela jardineira". Fez uso das grandes inovações introduzidas na pintura

por Da Vinci a partir de 1480: o claro-escuro, contraste de luz e sombra que empregou com moderação, e o esfumado, sombreado

levemente esbatido, ao invés de traços, para delinear as formas. A influência de Michelangelo, patente na "Pietà" e na "Madona do

baldaquino", consistiu sobretudo na exploração das possibilidades expressivas da anatomia humana.

Roma. Por sugestão de Bramante, seu amigo e arquiteto do Vaticano, Rafael foi chamado a Roma pelo papa Júlio II em 1508. Nos 12

anos em que permaneceu nessa cidade incumbiu-se de numerosos projetos de envergadura, nos quais deu mostras de uma

imaginação variada e fértil. Dos afrescos do Vaticano, os mais importantes são a "Disputa" (ou "Discussão do Santíssimo Sacramento")

e a "Escola de Atenas", ambos pintados na Stanza della Segnatura. O primeiro, que mostra uma visão celestial de Deus, seus profetas e

apóstolos a encimar um conjunto de representantes da igreja, equipara a vitória do catolicismo à afirmação da verdade. Já a "Escola de

Atenas" é uma alegoria complexa do conhecimento filosófico profano. Mostra um grupo de filósofos de várias épocas históricas ao redor

de Aristóteles e Platão, ilustrando a continuidade histórica do pensamento platônico.

Após a morte de Júlio II, em 1513, a decoração dos aposentos pontifícios prosseguiu sob o novo papa, Leão X, até 1517. Apesar da

grandiosidade do empreendimento, cujas últimas partes foram deixadas principalmente por conta de seus discípulos, Rafael, que então

se tornara o pintor da moda, assumiu ao mesmo tempo numerosas outras tarefas: criou retratos, altares, cartões para tapeçarias,

cenários teatrais e projetos arquitetônicos de construções profanas e igrejas como a de Sant'Eligio degli Orefici. Tamanho era seu

prestígio que, segundo o biógrafo Giorgio Vasari, Leão X chegou a pensar em fazê-lo cardeal.

Em 1514, com a morte de Bramante, Rafael foi nomeado para suceder-lhe como arquiteto do Vaticano e assumiu as obras em curso na

basílica de São Pedro, onde substituiu a planta em cruz grega, ou radial, por outra mais simples, em cruz latina, ou longitudinal.

Sucedeu também a Bramante na decoração das loggias (galerias) do Vaticano, aí realizando composições de lírica simplicidade que

pareciam contrabalançar a aterradora grandeza da capela Sistina pintada por Michelangelo.

Competente pesquisador interessado na antiguidade clássica, Rafael foi designado, em 1515, para supervisionar a preservação de

preciosas inscrições latinas em mármore. Dois anos depois, foi nomeado encarregado geral de todas as antiguidades romanas, para o

que executou um mapa arqueológico da cidade. Sua última obra, a "Transfiguração", encomendada em 1517, desvia-se da serenidade

típica de seu estilo para prefigurar coordenadas de um novo mundo turbulento -- o da expressão barroca.

Em conseqüência da profundidade filosófica de muitos de seus trabalhos, a reputação de humanista e pensador neoplatônico de Rafael

implantou-se em Roma. Entre seus amigos havia respeitados homens de letras, como Castiglione e Pietro Aretino, além de muitos

artistas. Em 1519 ele projetou os cenários para a comédia I suppositi, de Ludovico Ariosto. Coberto de honrarias, Rafael morreu em

Roma em 6 de abril de 1520.

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CARACTERÍSTICAS

Leonardo Da Vinci introduziu o conceito do chiaroscuro (o claro-escuro). Michelangelo, por sua vez, recriou a concepção helênica da

luta do homem contra o Universo. Rafael foi além e contrastou com o temperamento forte e impulsivo de seus contemporâneos.

Empreendeu, com doçura, a busca de uma beleza racional e serena. Sua pintura expressou o belo idealizado, muito mais próxima dos

conceitos da Antiguidade Clássica, e as primeiras obras revelaram a intensa influência que teve com o trabalho de Perugino. Nessas

telas, as tonalidades eram sempre claras – e os exemplos dessa fase são Sonho de Cavaleiro, Madona do Livro e Três Graças.

A influência de Perugino aparece, ainda, na obra Núpcias da Virgem. Atento, ele também assimilou influências de Leonardo Da Vinci e

Michelangelo. Inspirado neste último, e em Frei Bartolomeu, adotou a composição piramidal em A Bela Jardineira. Em Dama com

Unicórnio é sensível a influência da Monalisa, de Da Vinci, Cuja predileção pelo chiaroscuro animou-o também na produção de São

Jorge e o Dragão.

A ideologia renascentista está também nas madonas de Rafael. Uma das mais famosas é a Madona Sistina, descalça e sem auréola, o

que suscitou muita discussão a respeito. A Madona da Poltrona trouxe figuras mais carnais do que místicas, e a placidez demonstrou

uma beatitude sobrenatural. Em sua maioria, os temas desenvolvidos por ele eram religiosos, como em a Libertação de São Pedro, um

dos oito afrescos que decoram a Stanza di Eliodoro, no Vaticano. Nesse trabalho, a grande protagonista é a luz que emana do anjo e

ilumina a cena. Esse jogo de luzes seria muito usado pelo artista holandês Rembrandt, no século seguinte. Para decorar o local, Rafael

pintou um grande afresco dividido em vários instantes, como a Discussão do Santíssimo Sacramento, que representa a ciência divina, a

Escola de Atenas, simbolizando o conhecimento humano, e o Parnaso, em que a poesia faz a ponte entre Deus e os homens. Na

Escola de Atenas, o artista revelou seu talento de retratista ao adequar personalidades do seu tempo aos trajes dos antigos filósofos.

Como pintor da moda, ele vivia tão atarefado que muitas telas foram transferidas para os seus assistentes. Foi o que ocorreu com a

maior parte da decoração da Farnesina, residência de verão do poderoso banqueiro Chigi. É provável que Rafael tenha pintado apenas

o afresco Galatea. Uma de suas obras-primas irretocáveis é o Retrato de Cardeal, na qual, além de ter registrado perfeitamente a figura

humana, o mestre renascentista captou as características emocionais do personagem. Nessa obra, ele conseguiu estabelecer, por meio

de contraste cromético, um jogo de textura como se o espectador pudesse ter a sensação de sentir como se fossem reais as vestes do

religioso.

Oswaldo S. Neto

Fonte: mail.senacsp.edu.br

Renascimento

O termo renascimento, ou renascença, faz referência a um movimento intelectual e artístico surgido na Itália, entre os séculos XIV e

XVI, e daí difundido por toda a Europa. À concepção medieval do mundo se contrapõe uma nova visão, empírica e científica, do homem

e da natureza.

A idéia de um 'renascimento' ocorrido nas artes e na cultura relaciona-se à revalorização do pensamento e da arte da Antigüidade

clássica e à formação de uma cultura humanista. A obra do pintor, arquiteto e teórico Giorgio Vasari (1511-1574) constitui a principal

fonte de informação acerca da arte renascentista italiana. A renovação das artes ocorrida na Itália, segundo o seu célebre Vida dos mais

excelentes pintores, escultores e arquitetos (1550; 2ª edição 1568), tem como ponto de apoio a recusa do antinaturalismo da tradição

bizantina e, paralelamente, a redescoberta da escultura clássica operada por Nicola Pisano no sarcófago de Pisa. A visão de Vasari

sobre a história da arte italiana como progresso, com seu ápice no século XV, fornece as balizas para os juízos críticos posteriores.

A noção de renascimento tal como a entendemos hoje, é estabelecida pelo historiador suíço Jacob Burckhardt (1818-1897) em seu

livro A cultura do Renascimento na Itália (1867), que define o período como de grande florescimento do espírito humano, espécie de

"descoberta do mundo e do homem".

É possível afirmar, sem entrar na discussão dos limites cronológicos do renascimento, que os artistas do período se orientam por ideais

de perfeição, harmonia, equilíbrio e graça - representados com o auxílio dos sentidos de simetria e proporção das figuras - de acordo

com os parâmetros ditados pelo belo clássico. Algumas obras de Michelangelo Buonarroti (1475-1564) exemplificam a realização do

modelo clássico, seja nos estudos de anatomia para composições maiores (Estudo para uma das Sibilas no teto da capela Sistina), seja

em esculturas, como o célebre Davi (1501/1504). As imagens de Rafael (1483-1520), por sua vez, dão plena expressão aos valores da

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arte renascentista, destacando-se pela beleza projetada segundo os padrões idealizados do universo clássico (A Ninfa Galatéia,

ca.1514). O desenvolvimento das pesquisas científicas, por sua vez, fornecem subsídios para a produção de novos métodos e técnicas.

A perspectiva, impulsionada por Filippo Brunelleschi (1377-1446) e descrita por Leon Battista Alberti (1404-1472) no tratado Della Pittura

(1435), altera de modo radical os modos de representação e as concepções de espaço. A nova ciência da perspectiva é colocada em

prática por uma série de artistas. Masaccio (1401-1428) é considerado exímio na aplicação das conquistas científicas à arte da

representação. A primeira obra a ele atribuída, o tríptico de San Giovenale (Uffizi, Florença, 1422), é exemplar de como conseguir criar

um sentido coerente de terceira dimensão sobre a superfície bidimensional.

A cidade de Florença no século XV é tida como berço do movimento, lugar onde se realizam algumas das obras mais inovadoras do

renascimento.

Os nomes de Donatello (ca.1386-1466), Leonardo da Vinci (1452-1519), além dos já mencionados Rafael, Masaccio e Brunelleschi

figuram entre os maiores representantes da arte renascentista. Donatello é um dos responsáveis pela criação do estilo renascentista

escultórico em Florença. Destaca-se, segundo Vasari, pela "força emocional" de seus trabalhos, como pode ser observado nas figuras

feitas para os nichos do Or San Michele e para a Catedral de Florença. O bronze Davi (ca.1430), de sua autoria, é considerado a

primeira figura nua em tamanho natural feita desde a Antigüidade clássica. Michelangelo, herdeiro de Donatello, conhece a fama em

função de duas esculturas: Baco (Bargello, Florença, ca.1496/1497) e Pietà (S. Pedro, Roma, 1498/1499). Esta última se notabiliza pela

solução bela e harmoniosa que o artista encontra para a imagem trágica do cristo morto deitado no colo da madona. A maestria técnica

de Michelangelo pode ser observada no afresco feito para o forro da Capela Sistina (1508/1512), considerado uma das obras-primas da

arte pictórica.

Leonardo é autor de obra artística e científica, célebre por seus escritos, pelos retratos e pela invenção da técnica do sfumato, em que

se vale da justaposição matizada de tons e cores diferentes, de modo que se aproximem, "sem limites ou bordas, à maneira da fumaça",

nas palavras do próprio artista. Com isso Leonardo logra suavizar os contornos característicos da pintura do início do século XV,

revelando as potencialidades da tinta a óleo. No período florentino, entre 1500 e 1506, realiza os célebres Mona Lisa, a pintura mural da

Batalha de Anghiari (Pallazio Vecchio, Florença) destruída e preservada em cópias feitas por outros artistas - que influenciará os

pintores de batalhas até o século XIX - e A Virgem e o Menino com Sant'Ana, tratando de tema que o fascinava na época. O sorriso

enigmático, as sombras, o dedo indicador elevado e as fartas cabeleiras são traços salientes dos retratos de Leonardo, repetidos pelos

seguidores. Rafael sofre influências de Leonardo e Michelangelo. Datam do período florentino, algumas de suas mais célebres

representações da Virgem com o Menino (Madona Sistina, ca.1512-1514). Nestas imagens, assim como em pinturas da Sagrada

Família, exercita sua maestria de composição e expressão, representando as figuras sagradas como seres humanos. Os retratos de

Rafael são comparados aos de Leonardo, pelo estilo sutil das caracterizações e aos de Ticiano (ca.1488-1576), em função das cores

empregadas. Os ideais renascentistas encontram seguidores por toda a Europa: Albrecht Dürer (1471-1528), Lucas van Leyden

(ca.1494-1533), Quinten Metsys (1466-1530), Jan van Scorel (1495-1562), entre outros. A expressão máxima da crise dos valores e

princípios do renascimento, segundo algumas leituras, pode ser encontrada no maneirismo.

Referências

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Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. xxiv, 709 p., il. color.

ARGAN, Giulio Carlo. Clássico anticlássico. O Renascimento de Brunelleschi a Bruegel. Introdução, tradução e notas de

Lorenzo Mammì. São Paulo: Cia. das Letras, 1999, 497 p.

CHALVERS, Ian. Dicionário Oxford de Arte. 2.ed. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2001, 584

p.

CHASTEL, André. A arte italiana. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1991, 738 p., il. p&b.