RENATA CRISTIANO NOME PREPARAÇÃO DE FASES … · 2018. 8. 26. · Elisa Helena da Costa Morais,...

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i RENATA CRISTIANO NOME PREPARAÇÃO DE FASES ESTACIONÁRIAS PARA CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA EM FASE REVERSA A PARTIR DA IMOBILIZAÇÃO TÉRMICA DO POLI(METILTETRADECILSILOXANO) SOBRE SÍLICA ALUMINIZADA CAMPINAS 2014

Transcript of RENATA CRISTIANO NOME PREPARAÇÃO DE FASES … · 2018. 8. 26. · Elisa Helena da Costa Morais,...

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    RENATA CRISTIANO NOME

    PREPARAÇÃO DE FASES ESTACIONÁRIAS PARA CROMATOGRAFIA

    LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA EM FASE REVERSA A PARTIR DA IMOBILIZAÇÃO

    TÉRMICA DO POLI(METILTETRADECILSILOXANO) SOBRE SÍLICA ALUMINIZADA

    CAMPINAS

    2014

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

    INSTITUTO DE QUÍMICA

    RENATA CRISTIANO NOME

    PREPARAÇÃO DE FASES ESTACIONÁRIAS PARA CROMATOGRAFIA

    LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA EM FASE REVERSA A PARTIR DA IMOBILIZAÇÃO

    TÉRMICA DO POLI(METILTETRADECILSILOXANO) SOBRE SÍLICA ALUMINIZADA

    ORIENTADORA: PROFA. DRA. CAROL HOLLINGWORTH COLLINS

    TESE DE DOUTORADO APRESENTADA AO

    INSTITUTO DE QUÍMICA DA UNICAMP PARA

    OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTORA EM CIÊNCIAS.

    ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA POR RENATA

    CRISTIANO NOME, E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. CAROL HOLLINGWORTH COLLINS.

    ______________________

    Assinatura da Orientadora

    CAMPINAS

    2014

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    Dedico este trabalho aos meus pais, Glória e Jair, aos meus irmãos, Adriana, Fernando e Leonardo.

    Também dedico este trabalho aos meus filhos Guilherme, Julie e ao meu marido pela paciência,

    com preensão, apoio, carinho, amor que muito contribuíram para o meu sucesso.

    Obrigada.

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    "A persistência é o menor caminho do êxito" (Charles Chaplin)

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    AGRADECIMENTOS

    Gostaria de agradecer primeiramente a professora Carol H. Collins

    por quem tenho muito carinho e admiração.

    Agradeço os membros da banca, professores: Anízio M. de Faria,

    Carla B.G. Bottoli, Isabel C.S.F. Jardim, Ivo M.R. Junior, Fabio Augusto,

    Lúcia M.L.A. Auler e Maria Eliana L.R. de Queiroz

    Aos técnicos e funcionários do departamento de química da

    Unicamp: Isabel, Miguel, Gabriela, Gustavo, Anderson, Raquel, Márcia,

    Mário, Cláudia, Daniel, Fabiana e Renata.

    Aos amigos do LabCrom: Elisa, Luana, Claudio, Lucília, Elias, Karen,

    Carla, Renata, Fernanda, Daniele, Cristiane e Liane.

    Rene e meus filhos Guilherme e Julie por toda paciência,

    compreensão pelo tempo que tive que ficar longe deles.

    A toda minha família: mãe, pai, meus irmãos (Adriana, Fernando e

    Leonardo), sobrinhos (Marina, André, Carolina, Gustavo, João e José),

    meus afilhados (Ulysses, João Paulo e Rogério) meus primos, tios,

    cunhados, sogro e sogra.

    Todas as pessoas que mencionei me ajudaram de uma forma ou

    outra e agradeço de coração, obrigada.

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    CURRICULUM VITAE 2014

    FORMAÇÃO ACADÊMICA / TITULAÇÃO

    1997 – 2001 - Bacharel em Química, Universidade Federal de Santa Catarina,

    UFSC, Florianópolis, SC, Brasil.

    2001 – 2002 - Mestrado em Química Analítica, “Uso de um novo método de

    agitação para micro-extração em fase sólida - SPME - na determinação de fenóis em

    água”, Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, SC, Brasil.

    ATIVIDADES PROFISSIONAIS

    2001 - Assistente de professor de química analítica, Departamento de química,

    Universidade Federal de Santa Catarina, (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

    Treinamento para alunos de pós-graduação de química no instrumento de

    cromatografia gasosa.

    2004 – 2009 - Assistente de professor, teaching assistant, Química geral

    Biological, Chemical and Physical Sciences Department, (IIT), Chicago, IL, EUA

    2005 – 2009 - Pesquisadora associada, Argonne National Laboratory, (ANL),

    Argonne, IL, EUA

    2009 – 2010 - Revisora, Journal of the Brazilian Chemical Society (JBCS),

    Campinas, SP, Brasil.

    PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA

    Artigos Publicados

    1. M. Ishaque Khan, Renata C. Nome, Naga Ravikanth Putrevu, James H.

    McNeely, Brant Cage, Robert J. Doedens, Inorganica Chimica Acta, 363, 4307-

    4312, (2010).

    2. Khan, M. Ishaque, Nome, Renata C., Deb, Sangita, McNeely, James, H., Cage,

    Brant, Doedens, Robert J., Crystal Growth & Design, 9(6), 2848-2852 (2009).

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    3. M. Ishaque Khan, Elizabeth Yohannes, Renata C. Nome, Samar Ayesh, Vladimir

    O. Golub, Charles J. O’Connor, Robert J. Doedens, Chemistry of Materials, 16,

    5273-5279 (2004).

    4. Nome, Renata C, and Carasek, E., Chromatographia, 59(5-6), 387-391, (2004).

    Trabalhos Resumidos em Eventos

    1. Elisa Helena da Costa Morais, Renata Cristiano Nome, Carol Hollingworth

    Collins, Isabel Cristina Sales Fontes Jardim, 5º Congresso BrMass – Campinas, SP,

    Dezembro, 07 - 11 de 2013.

    2. Carol H. Collins, Fernanda R. Begnini, Isabel C.S.F. Jardim, Renata C. Nome,

    17o ENQA, Belo Horizonte, MG, Outubro 06 - 09, 2013.

    3. Renata C. Nome, Carol H. Collins, HPLC 2013, Amsterdam, Junho 16 - 20,

    2013.

    4. Renata C. Nome, Carol H. Collins, 36ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira

    de Química, Águas de Lindóia – SP, Maio 25 - 28, 2013.

    5. Renata C. Nome, Carol H. Collins, COLACRO XIV, Florianópolis, SC, Outubro

    01 - 05, 2012.

    6. Renata C. Magueta, Elisa H. C. Morais, Renata C. Nome, Isabel C. S. F. Jardim,

    Roy E. Bruns, 16º Encontro nacional de química analítica, Enqa, Campos do Jordão,

    SP, Outubro, 23 - 26 de 2011.

    7. Renata C. Nome, Robert J. Doedens, M. Ishaque Khan, The 233rd ACS National

    Meeting, Chicago, IL, March 25 - 29, 2007.

    8. Renata C. Nome, Robert J. Doedens, M. Ishaque Khan, The 36th ACS Great

    Lakes Regional Meeting, Peoria, IL, Outubro, 17 - 20, 2004.

    http://oasys2.confex.com/acs/233nm/techprogram/index.htmlhttp://oasys2.confex.com/acs/233nm/techprogram/index.htmlhttp://acs.confex.com/acs/36glrm/techprogram/MEETING.HTMhttp://acs.confex.com/acs/36glrm/techprogram/MEETING.HTM

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    RESUMO

    Preparação de fases estacionárias para cromatografia líquida de alta eficiência

    em fase reversa a partir da imobilização térmica do poli(metiltetradecilsiloxano)

    sobre sílica aluminizada.

    Autor: Renata Cristiano Nome

    Orientadora: Profa. Dra. Carol Hollingworth Collins

    Com o objetivo de estender a aplicabilidade da cromatografia para análise de compostos

    básicos, este trabalho apresenta o desenvolvimento de fases estacionárias (FE) para utilização em

    Cromatografia Líquida em Alta Eficiência em Fase Reversa (CLAE-FR). As novas FE foram preparadas a

    partir da sorção e imobilização de poli(metiltetradecilsiloxano) (PMTDS) sobre suportes de sílica

    metalizada com alumínio. O preparo dos suportes de sílica aluminizada e a sorção/imobilização do

    PMTDS sobre o suporte por tratamentos térmicos foram otimizados com planejamento experimental.

    Uma reação de capeamento com trimetilclorosilano e hexametildisillazano foi realizada para o preparo de

    FE capeadas. Os suportes, bem como as FE capeadas e não capeadas foram caracterizadas por

    técnicas físico-químicas e cromatográficas. Observou-se que para os suportes a base de sílica

    aluminizada apresentarem características de suportes adequados para a cromatografia, os mesmos

    devem ser constantemente agitados por vortex. As FE não capeadas (Si-Al(PMTDS)) submetidas a um

    planejamento de experimentos foram avaliadas com o objetivo de determinar a temperatura e tempo

    necessário de imobilização do polímero que resultasse em melhor desempenho cromatográfico.

    Observou-se que, independente do modo de imobilização, as novas FE apresentaram eficiências baixas

    de aproximadamente 30000 pratos por metro, porém as colunas recheadas apresentaram boa

    separação, com picos simétricos para compostos apolares. A presença de alumínio em novas FE não

    capeadas (Si-Al(PMTDS) foi confirmada pelo baixo desempenho na separação de compostos básicos, os

    quais apresentarem alto fator de retenção. Por outro lado, as FE capeadas (Si-Al(PMTDS)ec) mostraram-

    se mais adequadas para separação de compostos de caráter ácido ou básico, apresentando picos mais

    simétricos para o composto N,N-dimetilanilina (pKa > 9,0). O aumento da estabilidade química das novas

    FE ((Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec) a base de sílica modifica com alumínio foi confirmada pelo uso

    prolongado de fases móveis em condições drásticas de pH (pH < 2,0 e pH > 10,0) quando comparado

    com FE sem modificação metálica. As novas FE foram testadas na separação de uma ampla série de

    fármacos (pKa > 9,0) e agrotóxicos e os resultados indicaram que podem ser utilizadas nestas

    separações.

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    ABSTRACT

    Synthesis of stationary phase for reverse-phase high-performance liquid

    chromatography based on thermal immobilization of PMDTS-

    (polymethyltetradecylsiloxane) onto aluminized silica.

    Student: Renata Cristiano Nome

    Supervisor: Profa. Dra. Carol Hollingworth Collins

    This work describes the development of stationary phases (SP) for Reversed Phase High

    Performance Liquid Chromatography (RP-HPLC) through sorption and immobilization of

    poli(methyltetradecylsiloxane) (PMTDS) over silica supports metalized with alumina. The preparation of

    aluminized silica supports and PMTDS sorption/immobilization by thermal treatment were both optimized

    by experimental planning. A capping reaction with trimethylchlorosilane and hexamethyldisiloxane was

    performed to prepare capped SP. Supports, capped SP as well as non capped SP were all characterized

    by physicochemical and chromatographic techniques. It was observed that constant vortex stirring of the

    support was necessary to yield aluminized silica-based supports suitable for chromatographic

    applications. The non capped SP (Si-Al(PMTDS)) were submitted to experimental planning to define the

    temperature and time needed to immobilize the polymer and to lead to better chromatographic

    performance. Regardless of the type of immobilization, it was observed that the new SP exhibited low

    efficiency of approximately 30000 plates per meter. However, the resulting columns exhibited good

    separation with symmetrical peaks for polar compounds. The presence of aluminum in the non capped SP

    (Si-Al(PMTDS)) was confirmed by the poor performance in the separation of basic compounds, which

    exhibited high retention. On the other hand, the capped SP (Si-Al(PMTDS)ec) were more suitable for the

    separation of acidic or basic compounds, with more symmetric peaks for N,N-dimethylaniline (pKa > 9,0).

    The increase in chemical stability of the new SP ((Si-Al(PMTDS) and Si-Al(PMTDS)ec) based on

    aluminized silica was confirmed through the extended use of mobile phases in drastic pH conditions (pH <

    2,0 and pH < 10,0) when compared with SP without metalic modification. The new SP were tested for the

    separation of a wide range of pharmaceutical compounds (pKa > 9,0) and agrochemicals, and the results

    indicate that the new SP may be potentially used for such separations.

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    Sumário

    Lista de Figuras.............................................................................................................xxiii

    Lista de Tabelas..........................................................................................................xxxiii

    1. Introdução.....................................................................................................................1

    1.1. Classificação da cromatografia..................................................................................2

    1.1.1. Classificação pela forma física do sistema cromatográfico.....................................2

    1.1.2. Classificação pela fase móvel empregada..............................................................3

    1.1.3. Classificação pelo mecanismo de separação.........................................................3

    1.1.4. Classificação pela fase estacionária utilizada.........................................................3

    1.2. Cromatografia liquida de alta eficiência - CLAE.........................................................3

    1.3. Sílica...........................................................................................................................4

    1.3.1. Propriedades químicas da sílica..............................................................................6

    1.4. Fases estacionárias a base de sílica..........................................................................7

    1.4.1. Fases estacionárias quimicamente ligadas - FEQL..............................................10

    1.4.2. Fase estacionária imobilizada...............................................................................11

    1.5. Estabilidade química das FE à base de sílica..........................................................13

    1.6. Novos materiais inorgânicos como suportes cromatográficos.................................17

    1.6.1. Misturas de óxidos inorgânicos como suportes cromatográficos..........................21

    1.7. Escolha do polímero poli(metiltetradecilsiloxano) - PMTDS.....................................24

    1.8. Caracterização de fases estacionárias.....................................................................25

  • xx

    1.9. Avaliação das colunas cromatográficas...................................................................26

    2. Objetivo geral..............................................................................................................31

    2.1. Objetivos específicos................................................................................................31

    3. Parte Experimental......................................................................................................32

    3.1 Reagentes.................................................................................................................32

    3.2. Compostos teste.......................................................................................................33

    3.2.1. Agrotóxicos............................................................................................................33

    3.2.2. Fármacos...............................................................................................................33

    3.2.3. Filtros UV solares..................................................................................................34

    3.2.4. Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos...............................................................34

    3.3. Fases estacionárias comerciais...............................................................................34

    3.4. Equipamentos...........................................................................................................34

    3.5. Síntese do suporte de sílica aluminizada (Si-Al)......................................................35

    3.6. Preparação da fase estacionária (Si-Al(PMTDS).....................................................37

    3.7. Reação de capeamento da FE Si-Al(PMTDS).........................................................41

    3.8. Preparação da FE Al2O3(PMTDS)............................................................................42

    3.9. Recheio das colunas com a fase estacionária.........................................................42

    3.10. Condicionamento da coluna...................................................................................44

    3.11. Determinação das condições cromatográficas de análises para avaliação das

    fases estacionárias..........................................................................................................44

    3.12. Caracterizações físico-química do suporte de Si-Al e das FE Si-Al(PMTDS), Si-

    Al(PMTDS)ec e Al2O3(PMTDS).......................................................................................47

  • xxi

    3.12.1. Espectroscopia no infravermelho........................................................................47

    3.12.2. Área superficial específica, volume específico e diâmetro de

    poros................................................................................................................................47

    3.12.3. Espectroscopia de fluorescência de raios X (FRX).............................................48

    3.12.4. Análise termogravimétrica...................................................................................48

    3.12.5. Microscopia eletrônica de varredura...................................................................48

    3.12.6. Ressonância magnética nuclear de 29Si, 27Al e 13C............................................49

    3.12.7. Análise elementar................................................................................................49

    3.13. Avaliação cromatográfica.......................................................................................51

    3.13.1. Misturas testes de LabCrom................................................................................51

    3.13.2. Misturas teste de Tanaka....................................................................................52

    3.13.3. Misturas teste de Engelhardt e Jungheim...........................................................52

    3.13.4. Misturas teste de SRM870..................................................................................53

    3.14. Avaliação da estabilidade química das fases estacionárias...................................54

    4. Resultados e discussão...............................................................................................55

    4.1. Preparação de sílica aluminizada e das fases estacionárias...................................55

    4.1.1 Sílica aluminizada...................................................................................................55

    4.1.2. Fases estacionárias...............................................................................................60

    4.1.3. Otimização da imobilização por tratamento térmico..............................................62

    4.2. Caracterizações físico-químicas das FE..................................................................68

    4.2.1. Espectroscopia de absorção no Infravermelho.....................................................68

    4.2.2. Ressonância magnética Nuclear...........................................................................71

  • xxii

    4.2.3. Área superficial......................................................................................................75

    4.2.4. Análise termogravimétrica.....................................................................................77

    4.2.5. Caracterização por microscopia eletrônica de varredura do suporte

    cromatográfico.................................................................................................................81

    4.3. Caracterização cromatográfica das fases estacionárias otimizadas........................87

    4.3.1. Mistura teste de Tanaka........................................................................................88

    4.3.2. Mistura-teste de Engelhardt..................................................................................97

    4.3.3. Mistura teste de SRM870......................................................................................99

    4.4. Estabilidade química das fases estacionárias........................................................101

    4.4.1. Estabilidade química da FE Si-Al(PMTDS) em meio ácido.................................101

    4.4.2. Estabilidade química da FE Si-Al(PMTDS), Si-Al(PMTDS)ec em meio

    básico............................................................................................................................104

    4.5. Estudo de aplicações das fases estacionárias.......................................................107

    4.5.1. Separação de agrotóxicos...................................................................................108

    4.5.2. Separação de fármacos......................................................................................109

    4.5.3. Separação de policíclicos hidrocarbonetos aromáticos......................................114

    4.5.4. Separação de filtros solares................................................................................115

    5. Conclusões................................................................................................................118

    6. Referências Bibliográficas.........................................................................................120

    7. Anexo I......................................................................................................................132

  • xxiii

    Lista de Figuras

    Figura 1. Estrutura da superfície da sílica........................................................................6

    Figura 2. Reações para o preparo de fases estacionárias quimicamente ligadas.........10

    Figura 3. Esquema de degradação química de FE em modo reversa a base de sílica A-

    ataque básico (pH > 8,0) e B- ataque ácido (pH < 2,0)...................................................14

    Figura 4. Instabilidade química da sílica em função do pH e forma da sílica.................15

    Figura 5. Estrutura química do polissiloxano, PMTDS. m= número de monômeros......25

    Figura 6. Cromatograma com as medidas empregadas na determinação dos

    parâmetros cromatográficos. ..........................................................................................26

    Figura 7. Cálculo do fator de assimetria.........................................................................29

    Figura 8. Curva de van Deemter hipotética mostrando a relação entre eficiência e

    velocidade linear média da fase móvel. .........................................................................30

    Figura 9. Representação esquemática da reação de preparação do suporte

    cromatográfico.................................................................................................................36

    Figura 10. Representação esquemática da reação de preparação da FE Si-Al(PMTDS).

    .........................................................................................................................................38

    Figura 11. Representação esquemática do sistema de imobilização térmica das

    FE....................................................................................................................................38

  • xxiv

    Figura 12. Representação esquemática do sistema de extração do excesso de

    polímero...........................................................................................................................40

    Figura 13. Reação de capeamento da FE Si-Al(PMTDS)..............................................41

    Figura 14. Representação esquemática do sistema de enchimento de colunas...........43

    Figura 15. Cromatogramas de separação da mistura-teste I por uma fase Si-Al(PMTDS)

    imobilizada termicamente a 100 oC por 12 h, empregando diferentes condições de fase

    móvel. Condições cromatográficas: vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de

    amostra injetada: 5 L; detecção a 254 nm e temperatura de 25 oC. Compostos

    analisados: (1) uracila, (2) benzonitrila, (3) benzeno, (4) tolueno e (5)

    naftaleno..........................................................................................................................44

    Figura 16. Cromatogramas de separação da mistura-teste I e mistura teste II por uma

    fase Si-Al(PMTDS) imobilizada termicamente a 100 oC por 12 h. Condições

    cromatográficas: FM 70:30 (v/v); vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra

    injetada: 5 L; detecção a 254 nm e temperatura de 25 oC. Compostos: (1) uracila, (2)

    benzonitrila, (3) benzeno, (4) tolueno, (5) naftaleno, (6) fenol, (7) N,N-dimetilanilina e (8)

    acenafteno.......................................................................................................................45

    Figura 17. Curva de van Deemter para uma fase Si-Al(PMTDS) imobilizada................46

    Figura 18. Espectro de fluorescência de raios X típico..................................................57

    Figura 19. Termograma do polímero poli(metiltetradecilsiloxano)..................................62

    Figura 20. Cromatogramas da separação da misturas-teste II empregando a fase Si-

    Al(PMTDS) imobilizada termicamente. Condições cromatográficas: vazão de fase

  • xxv

    móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra injetada: 5 L; detecção: 254 nm e

    temperatura: 25 oC. (1) uracila,.......................................................................................65

    Figura 21. Cromatogramas da separação da misturas-teste II empregando a fase Si-

    Al(PMTDS) imobilizada termicamente. Condições cromatográficas: vazão de fase

    móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra injetada: 5 L; detecção: 254 nm e

    temperatura: 25 oC. (1) uracila, (5) naftaleno, (6) fenol, (7) N,N-dimetilanilina e (8)

    acenafteno.......................................................................................................................66

    Figura 22. Gráfico de contornos e Superfície de resposta A- Eficiência do composto

    naftaleno, B e C- Assimetria dos picos naftaleno e N,N-dimetilanilina,

    respectivamente..............................................................................................................68

    Figura 23. Espectros de absorção na região do infravermelho para os suportes de sílica

    nua (SiO2), sílica aluminizada (Si-Al), sílica aluminizada imobilizada termicamente com

    poli(metiltetradecilsiloxano) (Si-Al(PMTDS)) e sílica aluminizada imobilizada

    termicamente com poli(metiltetradecilsiloxano) capeada (Si-Al(PMTDS)ec)

    .........................................................................................................................................69

    Figura 24. Espectros da região do infravermelho para os suportes de alumina Al2O3 e

    alumina imobilizada termicamente com poli(metiltetradecilsiloxano) Al2O3(PMTDS).....71

    Figure 25. Espectros de RMN de (A) 29Si da sílica nua, (B) 27Al da alumina nua, (C) 29Si

    do suporte cromatográfico (Si-Al) e (D) 27Al do suporte cromatográfico (Si-

    Al)....................................................................................................................................72

    Figura 26. Espectros de RMN de 29Si das fases (A) Si-Al(PMTDS); (B) RMN 13C da fase

    estacionária Si-Al(PMTDS)..............................................................................................73

  • xxvi

    Figura 27. Espécies de silício presentes nos suportes e nas fases estacionárias, com

    os valores de deslocamento químico. (R = C14)............................................................73

    Figura 28. Espectros de RMN de 29Si da fase (A) Si-Al(PMTDS)ec e (B) RMN de 13C da

    fase Si-Al(PMTDS)ec......................................................................................................74

    Figura 29. Espectros de RMN de 27Al da fase (A) Al2O3-(PMTDS); (B) RMN 13C da fase

    estacionária Al2O3-(PMTDS) ..........................................................................................75

    Figura 30. A- Isotermas de adsorção-dessorção, com N2 a 77 K, obtidas para a FE Si-

    Al(PMTDS), B-Distribuição de tamanho de poros da FE Si-Al(PMTDS).........................78

    Figura 31. Curvas TG e DTG do suporte Si-Al...............................................................78

    Figura 32. Curvas TG e DTG do A) Si-Al(PMTDS) e B) Si-Al(PMTDS)ec.....................79

    Figura 33. Curvas TG e DTG do A) Al2O3 e B) Al2O3(PMTDS) .....................................80

    Figura 34. Microscopia de Varredura Eletrônica da sílica nua com aumento de 0,5 k, 2,0

    k, 7,0 k e 20 k vezes........................................................................................................82

    Figura 35. A- Microscopia de varredura eletrônica da alumina nua Al2O3 (ampliação de

    2,5 k vezes) ....................................................................................................................82

    Figura 36. Microscopia de Varredura Eletrônica da sílica aluminizada (Si-Al) com (A e

    B- ampliação de 0,5 e 2,0 k vezes, respectivamente), C- Espectro obtido por

    microanálise de raios X característicos por EDS da sílica aluminizada (Si-Al) com

    aumento de (região “1”) aproximadamente 16% alumínio e (região “2”)

    aproximadamente 44% de alumínio e raios X característicos por EDS com

    discriminação dos elementos analisado..........................................................................83

  • xxvii

    Figura 37. Microscopia de varredura eletrônica da sílica aluminizada (referente Si-Al

    sem agitação por vortex) com aumento de A) 0,5, 2, 7 e 20 K vezes, B) Espectro obtido

    por microanálise de raios X característicos por EDS com tabela de discriminação dos

    elementos analisado........................................................................................................85

    Figura 38. Microscopia de varredura eletrônica da (A) Si-Al(PMTDS) antes; (B) Si-

    Al(PMTDS) depois da análise cromatográfica (ampliações de 0,5 k, 2 k, 7 k e 20 k

    vezes) .............................................................................................................................86

    Figura 39. Microscopia de varredura eletrônica da Si-Al(PMTDS)ec (ampliações de 0,5

    k, 2 k, 7 k e 20 k vezes) ..................................................................................................86

    Figura 40. B- Microscopia de varredura eletrônica da FE Al2O3(PMTDS) (ampliação de

    0,5, 2,0, 7,0 e 20 k vezes) ..............................................................................................87

    Figura 41. Cromatogramas da separação da mistura-teste de Tanaka A pelas fases Si-

    Al(PMTDS), Si-Al(PMTDS)ec e Al2O3(PMTDS). Condições cromatográficas: fase móvel

    metanol:água (80:20, v:v); vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra

    injetada: 5 L; detecção: 254 nm e temperatura: 40 oC. Compostos analisados: (1)

    uracila, (1a) tioreia, (2) o-terfenil, (3) butilbenzeno, (4) pentilbenzeno e (5)

    trifenileno.........................................................................................................................90

    Figura 42. Cromatogramas da separação da mistura-teste de Tanaka B nas fases Si-

    Al(PMTDS), Si-Al(PMTDS)ec e Al2O3(PMTDS). Condições cromatográficas: fase móvel

    metanol:água (30:70, v:v); vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra

    injetada: 5 L; detecção: 254 nm e temperatura: 40 oC. Compostos analisados: (1)

    uracila, (1a) tioreia (2) cafeína e (3) fenol; (*) impurezas................................................92

    Figura 43. Cromatogramas da separação da mistura-teste de Tanaka C nas fases Si-

    Al(PMTDS), Si-Al(PMTDS)ec e A2O3(PMTDS). Condições cromatográficas: fase móvel

  • xxviii

    metanol:KH2PO4/K2HPO4 20 mmol L-1 (30:70, v:v) pH 2,7; vazão de fase móvel: 0,3 mL

    min-1; volume de amostra injetada: 5 L; detecção: 254 nm e temperatura: 40 oC.

    Compostos analisados: (1) uracila, (2) fenol e (3) benzilamina......................................94

    Figura 44. Cromatogramas da separação da mistura-teste de Tanaka D nas fases Si-

    Al(PMTDS), Si-Al(PMTDS)ec e A2O3(PMTDS). Condições cromatográficas: fase móvel

    metanol:KH2PO4/K2HPO4 0,02 mmol L-1 (30:70, v:v) pH 7,6; vazão de fase móvel: 0,3

    mL min-1; volume de amostra injetada: 5 L; detecção: 254 nm e temperatura: 40 oC.

    Compostos analisados: (1) uracila, (2) fenol e (3) benzilamina......................................96

    Figura 45. Cromatogramas da separação da mistura-teste de Engelhardt e Jungheim

    pelas fases Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec. Condições cromatográficas: fase móvel

    metanol:água (55:45, v:v); vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra

    injetada: 5 L; detecção: 254 nm e temperatura: 40 oC. Compostos analisados: uracila,

    anilina, fenol, N,N-dimetilanilina, tolueno e etilbenzeno..................................................98

    Figura 46. Cromatogramas da separação da mistura-teste de Engelhardt e Jungheim

    pelas fases Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec. Condições cromatográficas: FM:

    MeOH:K2HPO4/K2H2PO4 (80:20, v/v) pH 7,0, vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1;

    volume de amostra injetada: 5 L; detecção: 254 nm e temperatura: 25 oC. Compostos

    analisados: uracila, tolueno, etilbenzeno, quinizarina e amitriptilina.............................100

    Figura 47. Variação (A) da eficiência e (B) do fator de retenção pela fase estacionária

    Si-Al(PMTDS) com a passagem da fase móvel metanol:0,020 mol L-1 KH2PO4/H3PO4 à

    pH 1,7 (70:30, v/v); vazão 0,5 mL min-1; volume da amostra 5 L; temperatura: 50 oC;

    detecção: 254 nm. Analito-teste: acenafteno................................................................102

    Figura 48. Variação (A) e (C) da eficiência; (B) e (D) do fator de retenção nas fases

    estacionárias Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec, respectivamente, com a passagem da

    fase móvel metanol:50 mmol L-1 K2CO3/KHCO3 (70:30, v:v) pH 10,0; vazão 0,5 mL min-

  • xxix

    1; volume da amostra 5 L; temperatura: 50 oC; detecção: 254 nm. Analito-teste:

    acenafteno.....................................................................................................................104

    Figura 49. Variação (A) e (C) da eficiência; (B) e (D) do fator de retenção nas fases

    estacionárias Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec, respectivamente, com a passagem da

    fase móvel metanol:50 mmol L-1 K2CO3/KHCO3 (70:30, v:v) pH 10,0; vazão 0,5 mL min-

    1; volume da amostra 5 L; temperatura: 50 oC; detecção: 254 nm. Analito-teste:

    acenafteno.....................................................................................................................105

    Figura 50. Variação (A) início e (B) do final do teste de estabilidade pelas fase

    estacionária Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec com a passagem da FM:

    metanol:K2CO3/KHCO3 50 mmol L-1 (70:30, v:v) pH 10,0, vazão de 0,5 mL min-1,

    detecção: 254 nm e temperatura: 50 oC. Mistura teste 2..............................................106

    Figura 51. Variação (A) da eficiência e (B) do fator de assimetria pela fase estacionária

    Al2O3(PMTDS) com a passagem da fase móvel metanol:50 mmol L-1 K2CO3/KHCO3

    (50:50, v:v) pH 10,0; vazão 0,5 mL min-1; volume da amostra 5 L; temperatura: 50 oC;

    detecção: 254 nm. Analito-teste: acenafteno................................................................106

    Figura 52. Variação (A) da eficiência e (B) do fator de retenção pela fase estacionária

    Al2O3(PMTDS) com a passagem da fase móvel metanol:20 mmol L-1 KH2PO4/H3PO4 à

    pH 1,7 (50:50, v/v); vazão 0,5 mL min-1; volume da amostra 5 L; temperatura: 50 oC;

    detecção: 254 nm. Analito-teste: acenafteno................................................................106

    Figura 53. Cromatogramas da separação de uma mistura de agrotóxicos nas fases Si-

    Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec. Condições cromatográficas: fase móvel acetonitrila:água

    (50:50, v:v); vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra: 5 L; temperatura:

    25 oC; detecção: 254 nm. Compostos: (1) imazetapir, (2) cianazina, (3) carboxim, (4)

    atrazina, (5) diurom e (6) linurom..................................................................................108

  • xxx

    Figura 54. Cromatogramas obtidos na separação de uma mistura de fármacos nas

    fases Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec. Condições cromatográficas: fase móvel

    metanol:20 mmol L-1 K2HPO4/ KH2PO4 (50:50, v:v), pH 10; vazão de fase móvel: 0,3 mL

    min-1; volume de amostra: 5 L; temperatura: 25 oC; detecção: 254 nm. Compostos: (1)

    paracetamol, (2) ibuprofeno, (3) lorazepan e (4) alprazolam........................................110

    Figura 55. Cromatogramas obtidos na separação de uma mistura de 4 fármacos nas

    fases (A) Si-Al(PMTDS); (B) Si-Al(PMTDS)ec. Condições cromatográficas: fase móvel

    metanol:K2CO3/KHCO3 20 mmol L-1 (70:30, v:v) pH 12; vazão de fase móvel: 0,3 mL

    min-1; volume de amostra: 5 L; temperatura: 25 oC; detecção: 254 nm. Compostos: (1)

    diazepam, (2) fluoxetina, (3) nortriptilina e (4) amitripitilina...........................................111

    Figura 56. Cromatogramas da separação de uma mistura de fármacos nas fases Si-

    Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec imobilizada termicamente a 100 oC por 12 h. Condições

    cromatográficas: fase móvel metanol:0,2% trietilamina e 0,2% ácido acético (20:80, v:v)

    pH 4,5; vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra: 5 L; temperatura: 25

    oC; detecção: 254 nm. Compostos: (1) paracetamol, (2) ácido acetilsalicílico e (3)

    cafeína...........................................................................................................................112

    Figura 57. Cromatogramas da separação de uma mistura de fármacos pela fase Si-

    Al(PMTDS) imobilizada termicamente a 100 oC por 12 h. Condições cromatográficas:

    (A) móvel metanol:água (70:30, v:v); (B) fase móvel metanol:K2CO3/KHCO3 20 mmol L-1

    (70:30, v:v) pH 12; vazão de fase móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra: 5 L;

    temperatura: 25 oC; detecção: 254 nm. Compostos: (1) tioréia, (2) propanolol e (3)

    amitripitilina....................................................................................................................113

    Figura 58. Cromatogramas da separação de uma mistura de fármacos ácidos pelas

    fases Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec imobilizada termicamente a 100 oC por 12 h.

    Condições cromatográficas: fase móvel acetonitrila:água (50:50, v:v); vazão de fase

  • xxxi

    móvel: 0,3 mL min-1; volume de amostra: 5 L; temperatura: 25 oC; detecção: 254 nm.

    Compostos: (1) metil-, (2) propil- e (3) butilparabeno....................................................113

    Figura 59. Cromatogramas obtidos na separação de uma mistura de HPA na fase Si-

    Al(PMTDS)ec. Condições cromatográficas: fase móvel metanol:20 mmol L-1 K2HPO4/

    KH2PO4 (70:30, v:v) pH 10; vazão de fase móvel: 0,8 mL min-1; volume de amostra: 5

    L; temperatura: 25 oC; detecção: 254 nm. Compostos: (1) acenafteno, (2) fenantreno,

    (3) pireno, (4) benzo(a)pireno e (5) benzo(e)pireno......................................................115

    Figura 60. Cromatogramas da separação de uma mistura de filtros UV pelas fases Si-

    Al(PMTDS) imobilizada termicamente a 100 oC por 12 h. Condições cromatográficas:

    fase móvel metanol:K2CO3/KHCO3 20 mmol L-1 (70:30, v:v) pH 10; vazão de fase móvel:

    0,3 mL min-1; volume de amostra: 5 L; temperatura: 40 oC; detecção: 254 nm.

    Compostos: (1) ácido fenilbenzimidazol sulfônico, (2) octocrileno e (3) benzofenona-3.

    .......................................................................................................................................116

  • xxxii

  • xxxiii

    Lista de Tabelas

    Tabela 1. Variáveis e níveis estudados para a otimização da aluminização da sílica.

    .........................................................................................................................................37

    Tabela 2. Matriz do planejamento composto central para as condições de tempo e

    temperatura de preparação das fases Si-Al(PMTDS) ....................................................39

    Tabela 3. Percentagens de alumínio incorporado de acordo com os experimentos do

    planejamento fatorial fracionário 24-1. Determinação da porcentagem de alumínio por

    FRX %Al: percentagem média de alumínio (n = 2). Si2: variância individual dos

    experimentos...................................................................................................................58

    Tabela 4. Efeitos das variáveis do planejamento factorial fracionário 24-1 e estimativa do

    erro dos efeitos (S) .........................................................................................................59

    Tabela 5. Diferentes condições de imobilização por tratamento térmico (tempo e

    temperatura) avaliadas, a correspondente matriz dos parâmetros cromatográficos e

    %PMTDS obtidos no estudo do planejamento composto central na avaliação do tempo

    e temperatura da imobilização térmica...........................................................................63

    Tabela 6. Área superficial específica, volume e diâmetro de poros da sílica pura,

    alumina pura, sílica aluminizada, sílica aluminizada imobilizada com (PMTDS) e alumina

    imobilizada com (PMTDS)...............................................................................................77

    Tabela 7. Características cromatográficas das fases Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec

    obtidas pelas misturas-teste de Tanaka..........................................................................89

  • xxxiv

    Tabela 8. Características cromatográficas das fases Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec

    obtidas pela mistura-teste de Engelhardt e Jungheim....................................................98

    Tabela 9. Características cromatográficas das fases Si-Al(PMTDS) e Si-Al(PMTDS)ec

    obtidas nas misturas-teste de SRM 870..........................................................................99

  • 1

    1. Introdução

    A definição de cromatografia dada pela IUPAC em 1993 é: “cromatografia é o

    método físico de separação no qual os componentes a serem separados se distribuem

    entre duas fases, uma das quais é estacionária (fase estacionária, FE), enquanto a

    outra (fase móvel, FM) se movimenta numa direção definida.”1 A descrição teórica da

    separação cromatográfica mudou pouco desde o trabalho original de Tswett (1906).2

    Uma mistura contendo diversos componentes é carregada pela fase móvel, interagindo

    com a fase estacionária. Neste processo, a maioria das FE retém os componentes da

    mistura, fazendo com que alguns sejam transportados mais lentamente pela fase

    móvel, quando comparados com outros componentes que interagem mais fracamente

    com a fase estacionária. A diferença de mobilidade permite a separação dos

    componentes da mistura. A análise desta separação pode ser realizada de modo

    qualitativo (por exemplo, por inspeção visual) ou de modo quantitativo (por exemplo, por

    métodos espectrométricos).3

    A técnica da cromatografia está sempre tentando melhorar o desempenho em

    separações, aprimorando a eficiência para cada componente de um sistema

    cromatográfico.4 Um exemplo relevante para esta tese é o desenvolvimento de novas

    fases estacionárias para separações analíticas em cromatografia líquida de alta

    eficiência (CLAE), o qual tem ocorrido de maneira extraordinária nos últimos anos. As

    tendências estão centradas principalmente na obtenção de maior rendimento de

    separação através de três estratégias: (i) eficiência da FE na coluna; (ii) permeabilidade

    da FE na coluna; (iii) material da fase estacionária que permite separações em

    condições desafiadoras de pH ou temperatura.5 A ênfase na FE se dá devido ao fato de

    que a separação ocorre principalmente por causa dela. Neste sentido, diz-se que a FE

    na sua própria coluna é o coração de um sistema CLAE.6 Embora a teoria da separação

    em colunas cromatográficas não tenha mudado muito desde os tempos de Tswett, a

    técnica vem sendo aprimorada continuamente. Por exemplo, as colunas de vidro

    empregadas por Tswett foram substituídas e, nas últimas décadas, são preparadas em

    tubos de aço inox. O carbonato de cálcio, fase estacionária mais usada por Tswett para

    preencher as colunas, deu lugar a materiais baseados em sílica, alumina ou géis

  • 2

    poliméricos. Por fim, a FM explora solventes de diversas polaridades, acidez e

    basicidade.2 Contudo, com o desenvolvimento da técnica de cromatografia

    naturalmente ocorreu uma expansão e ramificação deste método de separação

    resultando em várias modalidades de cromatografia conforme descrito a seguir.

    1.1. Classificação da cromatografia

    São vários os critérios usados para a classificação das diferentes modalidades

    de cromatografia, sendo os mais comuns relacionados à técnica empregada, ao

    mecanismo de separação envolvido e aos diferentes tipos de fases utilizadas.3 De

    acordo com a IUPAC,1 as diferentes formas de cromatografia podem ser classificadas

    considerando-se diversos critérios, sendo alguns deles listados abaixo:

    1. Classificação pela forma física do sistema cromatográfico

    2. Classificação pela fase móvel empregada

    3. Classificação pelo modo de separação

    4. Classificação pela fase estacionária utilizada

    1.1.1. Classificação pela forma física do sistema cromatográfico

    Em relação à forma física do sistema, a cromatografia pode ser subdividida em

    cromatografia em coluna, na qual a FE é colocada em um tubo cilíndrico, e

    cromatografia planar, na qual a FE é disposta sobre uma superfície planar. A

    cromatografia planar resume-se à cromatografia em papel (CP) e à cromatografia em

    camada delgada (CCD), enquanto a cromatografia em coluna se apresenta em diversos

    sistemas e variações.

  • 3

    1.1.2. Classificação pela fase móvel empregada

    Esta classificação leva em consideração o estado físico do fluido em que a FM se

    encontra. Desta forma, tem-se a cromatografia gasosa (CG), a cromatografia líquida

    (CL) e a cromatografia com fluido supercrítico (CSC). A cromatografia líquida, foco

    desta tese, ainda pode ser subdividida em cromatografia líquida clássica (CLC) e

    cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), nas quais o transporte da FM é

    realizado por força da gravidade ou por bombas de alta pressão, respectivamente.

    1.1.3. Classificação pelo modo de separação

    O tipo de CLAE é geralmente definido pelo modo de separação ou pelo tipo de FE.

    Estes incluem (i) absorção/partição ou cromatografia líquido-líquido e com fase ligada;

    (ii) adsorção ou cromatografia líquido-sólido; (iii) troca iônica ou cromatografia por troca

    iônica; (iv) cromatografia por exclusão por tamanho.

    1.1.4. Classificação pela fase estacionária utilizada

    As FE em cromatografia empregam um suporte sólido, mas podem ser

    classificadas com base no componente do suporte que de fato influencia a retenção e a

    separação. Neste caso, tem-se: (i) FE sólidas, nas quais o próprio suporte é a FE; (ii)

    FE líquidas, nas quais se deposita uma camada líquida sobre o suporte; e (iii) FE

    quimicamente ligada, nas quais o suporte é modificado quimicamente (ou por

    imobilização de um líquido na sua superfície) para aumentar o desempenho

    cromatográfico da FE.

    1.2. Cromatografia liquida de alta eficiência - CLAE

    CLAE ou Cromatografia Líquida de Alta Eficiência é uma das técnicas analíticas

    de separação mais desenvolvida e popular, além de ser amplamente utilizada. CLAE

  • 4

    vem sendo usada em laboratórios de todo o mundo nos últimos 50 anos nas ciências

    farmacêuticas, química clínica, análises ambiental e de alimentos, química sintética, etc.

    A popularidade da CLAE se origina principalmente de sua confiabilidade (uso de fase

    móvel líquida controlado por pressão) e versatilidade (possibilidade de ajuste da

    composição de ambas as fases, estacionária e móvel).7

    Os sistemas clássicos de separação baseados em sílica pura ou alumina pura –

    denominados de cromatografia em fase normal – com fases móveis apolares não teriam

    resultado na ampla variedade e simplicidade de métodos de separação, além da

    reprodutibilidade encontrada no estado da arte em CLAE. Porém, modificações destas

    fases constituem os carros-chefe da CLAE.8 Se por um lado, CLAE em fase normal

    utiliza fases estacionárias mais polares e fases móveis menos polares, sistemas de

    CLAE operando no modo de fase reversa (FR) consistem de uma fase estacionária de

    menor polaridade e uma fase móvel de maior polaridade.3,9 A ascensão da CLAE-FR

    como a ferramenta analítica de separação mais empregada origina-se, em parte, da

    ampla variedade de seletividades, introduzida pelo enorme número de fases

    estacionárias disponíveis. A grande maioria das fases reversas comumente

    empregadas tem a sílica como material de suporte. Sua seletividade e eficiência

    dependem das propriedades físicas e químicas do material base (sílica), bem como do

    tipo e modo de ligação de grupos para sistemas em fase reversa. Sua diversidade

    permite a seleção de colunas apropriadas para uma vasta gama de aplicações,

    variando desde separações de hidrocarbonetos aromáticos, agrotóxicos e compostos

    farmacêuticos até aplicações na separação de biomoléculas.10,11,12

    1.3. Sílica

    A sílica é o material mais comumente empregado como FE e como suporte,

    devido às suas favoráveis propriedades mecânicas, químicas, térmicas e,

    principalmente, eficiência em separações cromatográficas. A sílica foi empregada como

    FE ou suporte desde o início do desenvolvimento da técnica CLAE, devido à estas

    propriedades vantajosas.13 Além disto, diversos trabalhos vêm sendo realizados com o

    objetivo de superar as limitações da sílica com relação às separações cromatográficas.

  • 5

    Por exemplo, as FE à base de sílica empregam partículas de sílica cada vez menores e

    mais simétricas. Enquanto há 40 anos as partículas exibiam formas irregulares e

    tamanhos da ordem de dezenas de micrômetros, hoje em dia é possível utilizar

    partículas esféricas de alguns micrômetros, mais especificamente 5 m ou até mesmo

    chegando a ordem de sub micrometros.14,15

    Além da otimização da geometria da sílica, as propriedades químicas da sílica

    também são alvo de intensa investigação.16,17 Em geral, a sílica para cromatografia

    pode ser produzida via processo sol-gel, no qual silicatos dissolvidos são poli-

    condensados via reação de hidrossilação, como mostra a equação 1,

    lsOHH

    aq ROHSiOORSi

    2

    ,

    4

    2

    , equação 1,

    resultando em sílicas porosas e amorfas denominadas sílica do tipo A ou do tipo B.18 A

    diferença entre estes dois tipos de sílica é o material utilizado como precursor. A sílica

    do tipo A utiliza ácido silícico (R = H) e, na equação acima, observa-se que isto resulta

    na formação de água como produto. Devido ao alto valor de pKa (9,8) do ácido silícico,

    a base conjugada aniônica pode solvatar cátions metálicos, incorporando-os à rede de

    polissiloxano e, consequentemente, resultando em produto contaminado com metais.

    Por outro lado, a sílica do tipo B é preparada a partir de policondensação de

    alcoxissilano destilado do tipo tetrametoxissilano (R = CH3) e tetraetoxissilano (R =

    CH2CH3). Consequentemente, o sub-produto é composto de álcoois primário ao invés

    de água. Devido à etapa de destilação menores quantidades de impurezas metálicas

    serão incorporadas à sílica quando comparado com a sílica do tipo A. Desta forma,

    atualmente processos envolvendo a reação de preparo de sílica do tipo B são mais

    utilizados. O grande inconveniente de fases estacionárias a base de sílica do tipo A é

    devido ao fato dessas FE apresentarem um aumento na acidez dos grupos silanóis (Si-

    OH) provocado pela proximidade de átomos metálicos (Figura 1). Dessa forma, podem

    causar alargamento substancial do pico cromatográfico, principalmente dos compostos

    básicos, perda de resolução cromatográfica e reações indesejáveis.19

  • 6

    Figura 1. Estrutura da superfície da sílica. (adaptada da referência 20)

    1.3.1. Propriedades químicas da sílica

    A sílica é um produto poroso e amorfo de SiO2 contendo uma superfície recoberta

    por grupos hidroxila ligados aos átomos de silício, onde estas superfícies de hidroxila

    podem ser classificadas em grupos hidroxila livre e hidroxila ligada.21 Na Figura 1, os

    três tipos distintos de Si-OH são apresentados: livres, geminais e vicinais, sendo que

    cada tipo tem propriedades químicas diferentes, baseadas em suas reatividades: a)

    silanóis livres, que ocorrem em baixa concentração e são o tipo mais ácido (pKa ~ 5,0,

    sendo que a acidez depende de impurezas na superfície). Portanto, silanóis livres

    podem atuar como trocadores catiônicos. Além disto, silanóis podem se ligar fortemente

    a solutos básicos, com efeitos indesejáveis sobre o rendimento cromatográfico, como

    aumento de retenção, alargamento de picos e aparecimento de caudas; b) silanóis

    geminais, que são menos ácidos do que os livres, sendo o tipo mais reativo em reações

    de derivatização e c) silanóis vicinais ou associados, ligados uns ao outros por ligação

  • 7

    de hidrogênio, sendo o tipo de silanol menos ácido (pKa ~ 8,5) e o mais abundante na

    superfície da sílica.

    Na literatura, há discussões extensas e, às vezes, controversas, sobre a

    concentração total de grupos silanóis, bem como a distribuição de grupos isolados e

    vicinais. De um modo geral, o consenso é que a concentração total de sílica

    completamente hidroxilada está em torno de 8 ± 1 mol m-2.22 Siloxanos (Si-O-Si)

    apresentados na superfície e interior da sílica, são inertes em termos de reatividade e

    interação com analitos.23

    Com relação às suas propriedades térmicas, o aquecimento da sílica abaixo de

    400 K leva a perdas de moléculas de água adsorvidas fisicamente. Na faixa de

    temperatura entre 400 K e 900 K, a superfície é primariamente desidroxilada pela

    reação de vários grupos silanóis vicinais. Esta reação é reversível, pois, fervendo o

    sistema desidroxilado com água, a superfície é re-hidroxilada, resultando em uma

    distribuição mais homogênea de silanóis.21 Em temperaturas acima de 900 K, perde-se

    ainda mais água, porém este processo é acompanhado de mudanças estruturais

    irreversíveis (por exemplo, sinterização). Uma sílica totalmente des-hidroxilada

    (aquecida a 1500 K) exibe somente grupos siloxanos na superfície (absorção no FTIR

    entre 1250 – 1020 cm-1), é hidrofóbica e não pode mais ser hidratada pela água.

    1.4. Fases estacionárias a base de sílica

    O material de preenchimento (suporte) empregado em colunas para CLAE pode

    ser dividido em três tipos: polímero orgânico, substâncias inorgânicas e materiais

    híbridos.24 Atualmente, materiais inorgânicos, incluindo sílica, são amplamente

    empregados em pesquisas básica e aplicada.25

    Um suporte considerado ideal,26 no qual as propriedades das FE são determinadas,

    deve apresentar as seguintes características:

    reprodutibilidade na síntese (quando os suportes são sintetizados),

    área superficial alta, para aumentar a capacidade de aceitação da amostra,

    ser poroso, com diâmetro apropriado para o tamanho do analito e faixa estreita de

    tamanho, para permitir alta transferência de massa da FM, e aumentar a eficiência,

  • 8

    estabilidade química, mecânica e térmica, para resistir às diferentes condições de

    FM, às altas pressões e temperaturas utilizadas,

    superfície homogênea e ter o máximo de grupos ativos em sua superfície, para

    facilitar a adsorção do líquido estacionário,

    não deve apresentar aumento na espessura (intumescimento) quando em contato

    com FM.

    A sílica vem sendo amplamente empregada como suporte para CLAE nas últimas

    décadas.27 Isto se deve às suas propriedades altamente favoráveis para aplicação em

    cromatografia.21 A elevada atividade química da superfície da sílica é desejável para a

    interação com diversas moléculas de polaridade variadas, proporcionando FE de

    diferentes seletividades. Por outro lado, problemas relacionados ao impedimento

    estérico fazem com que grande número dos silanóis não seja quimicamente modificado,

    resultando nos denominados silanóis residuais. Consequentemente, modificações

    químicas das FE a base de sílica geralmente resultam em modos mistos de retenção:

    hidrofóbico e hidrofílico.3

    Atualmente, o modo de separação mais usado em CLAE é o modo em fase reversa,

    o que corresponde à aproximadamente 80% das aplicações em áreas industriais e

    acadêmicas, pois permite separações analíticas e preparativas eficientes para uma

    ampla faixa de compostos.27 Exemplos típicos de fase estacionária para CLAE-FR são

    organossilanos (C8, C18) ligados quimicamente à sílica; exemplos de fase móvel para

    CLAE-FR incluem solventes relativamente polares como água, metanol, acetonitrila ou

    tetraidrofurano. Neste modo de separação, a retenção dos analitos ocorre em uma

    camada de líquido extremamente fina que está adsorvida ou quimicamente ligada na

    superfície da sílica.8,28 Além do mais, a separação em fase reversa apresenta curto

    tempo de equilíbrio entre análises, possibilitando o uso da eluição na forma de

    gradiente e também o uso de fase móvel rica em componente aquoso.

    O desenvolvimento rápido da teoria dos processos de retenção em cromatografia

    tornou claro que a separação eficiente de vários compostos requer um conhecimento

    aprofundado do impacto das características moleculares dos solutos e das fases móvel

    e estacionária, e a ação combinada destes efeitos no nível molecular de retenção. A

    aplicação bem fundamentada deste conhecimento facilitará enormemente o

  • 9

    planejamento racional de métodos ótimos de separação. Considerando que a química e

    a físico-química da superfície do suporte determinam as características de retenção da

    fase estacionária, várias ferramentas analíticas de caracterização de materiais têm sido

    utilizadas para estudar fases estacionárias para cromatografia líquida: ressonância

    magnética nuclear (RMN), espectroscopia no infravermelho com transformada de

    Fourier (FTIR), microscopia eletrônica de varredura, (MEV), entre outras.

    Na literatura, existem várias discussões sobre as propriedades necessárias para

    uma fase reversa ótima.26 De acordo com Melander e Horvath,29 a fase estacionária

    ideal para CLAE-FR deve ter as seguintes propriedades:

    apresentar alta eficiência, permitindo análise rápida,

    ter estabilidade química e térmica adequadas e tempo de vida longo, para permitir

    separações cromatográficas em ampla faixa de condições de pH e temperatura.

    permitir a modulação do comportamento de retenção sob ampla faixa de condições

    de trabalho. Isto significa que a fase estacionária é inerte e não exibe interações

    específicas com certos grupos funcionais de solutos com a vantagem concomitante

    de cinética rápida de adsorção e dessorção. Fases ligadas bem preparadas e

    contendo organossilanos devem ter propriedades que se aproximam destes

    requerimentos, os quais correspondem a uma fase estacionária ideal,

    estar disponível com diferentes tamanhos de poros, para permitir a separação

    eficiente de analitos com diversos valores de massa molar,

    ter homogeneidade, isto significa que a cinética e a termodinâmica associada ao

    processo de retenção são as mesmas ao longo do leito cromatográfico.

    Devido à necessidade de melhorar a confiabilidade e versatilidade de FE

    comerciais, diversos métodos têm sido desenvolvidos para modificar a superfície da

    sílica a partir de ligações covalentes, criando fases estacionárias quimicamente ligadas

    (FEQL).30

  • 10

    1.4.1. Fases estacionárias quimicamente ligadas - FEQL

    Reações de esterificação, nas quais álcoois reagem com grupos silanóis (Si-OH)

    para formar uma monocamada orgânica na superfície da sílica (Figura 2A),

    representaram os primeiros esforços no sentido de obter FEQL. Porém, com a

    popularização de fases móveis aquosas, a baixa estabilidade hidrolítica das FE

    esterificadas ficou evidenciada, tornando obsoleto o seu uso.

    Si OH R OH Si OR+ + H2O

    Si OH SOCl+ 2 Si Cl

    MgBr

    H2NCH2CH2NH2

    Si

    Si NCH2CH2NH2

    H

    A-

    B-

    Si OH +

    ClSiR2R'

    ROSiR2R'

    ouC- Si O SiR2R'

    Figura 2. Reações para o preparo de fases estacionárias quimicamente ligadas.

    FEQL contendo ligações Si-C ou Si-N foram preparadas em duas etapas: reação

    com cloreto de tionila com os grupos Si-OH, seguida de reação de Grignard ou pela

    reação com aminas para formar Si-C ou Si-N, respectivamente (Figura 2B). Embora as

    FEQL baseadas em Si-N tenham apresentado baixa estabilidade hidrolítica, as FEQL

    contendo ligações Si-C representaram um avanço com relação às FE esterificadas no

    que diz respeito à estabilidade hidrolítica. Porém, as novas FEQL de Si-C também

    apresentaram diversas limitações que restringiram seu uso para CLAE-FR. O baixo

    rendimento das reações de Grignard resultou em grande quantidade de silanóis

  • 11

    residuais e, consequentemente, em modos mistos de retenção, além de resultar em

    sub-produtos de reação.

    A reação de grupos Si-OH com organossilanos, resultando em ligações siloxano

    (Si-O-Si-C) é, atualmente, o método mais popular na síntese de FEQL. Os agentes

    silanos mono-, di- e tri-funcionais, RSi(CH3)3-nXn (n = 1 - 3; R = cadeias alquila de

    comprimento C4, C8, C12, C18, C22, C30; X = Cl, OR’, H) podem ser ligados a

    superfícies de óxidos metálicos e sílica, resultando em fases com características

    cromatográficas bastante distintas. Os principais motivos da ampla utilização deste

    método foram (i) maior estabilidade hidrolítica; (ii) maior transferência de massa e

    eficiência de colunas recheadas com estas FEQL e (iii) baixa quantidade de grupos

    silanóis residuais.

    Outro fator importante para o sucesso das FEQL preparadas a partir de reações

    de silanização foi a versatilidade deste método, pois o mesmo permitia preparar fases

    com ligantes monoméricos ou poliméricos, dependendo da ausência ou presença de

    água durante a reação, respectivamente, bem como uso de agentes silano mono-, bi-

    ou trifuncionalizados (Figura 2C).

    As FEQL monoméricas exibiram alta reprodutibilidade de síntese e eficiência na

    separação. As FEQL poliméricas, por sua vez, exibiram maior estabilidade hidrolítica,

    mas com menor reprodutibilidade na síntese devido à dificuldade de conter reações de

    entre cruzamento, assim como controlar a espessura da camada resultante.9,31

    1.4.2. Fase estacionária imobilizada

    Vários estudos têm relatado que fases reversas quimicamente ligadas exibem

    limitada estabilidade química.32 Consequentemente, surgiu o interesse em desenvolver

    alternativas, tanto para suportes como fases estacionárias propriamente ditas. Uma

    alternativa relativamente simples é a deposição/adsorção de macromoléculas, tais

    como os polialquilsiloxanos, sobre a sílica. As primeiras publicações descrevendo esta

    abordagem, realizadas por Schomburg et al.33 relataram fases estacionárias com

    eficiência cromatográfica baixa, possivelmente devido à presença de um filme

    polimérico que preenchia os poros da sílica. Isto, por sua vez, diminuía a transferência

  • 12

    de massa e, consequentemente, a eficiência da separação cromatográfica.

    Subsequentemente, foi demonstrada a ligação química ou adsorção física, por

    interações eletrostáticas ou mais fracas, à superfície do substrato, catalisada por

    radiação gama ou tratamento térmico.34

    A imobilização de um polímero orgânico sobre a sílica resulta em um compósito

    contendo uma sinergia de propriedades desejáveis, incluindo a excelente estabilidade

    mecânica da sílica com a seletividade do polímero.

    Espera-se que a formação de uma camada homogênea de macromoléculas

    imobilizadas sobre a superfície da sílica resulte em uma proteção efetiva de grupos

    silanóis residuais, evitando que estes interajam com eluentes agressivos e/ou com

    analitos iônicos por interação eletrostática.

    A estrutura porosa da sílica evidentemente determinará a qualidade da

    imobilização do polímero e das propriedades do compósito resultante. Neste sentido,

    uma série de técnicas para imobilização de polímero podem ser classificadas de acordo

    com a forma do polímero imobilizado ou de acordo com a rota de imobilização. Como

    foi discutido e comparado no artigo de revisão de Petro e Berek, a imobilização de

    polímeros sobre sílica gel como fase estacionária para cromatografia líquida é um

    amplo tema de investigação.35

    Devido à grande variedade de polímeros orgânicos, fases estacionárias para

    praticamente todos os modos cromatográficos podem ser preparadas pela imobilização

    de macromoléculas sobre suportes de sílica. Portanto, a escolha de um suporte de

    sílica e a seletividade do polímero adequada, são muito importantes para a preparação

    de fases estacionárias sílica-polímero com propriedades cromatográficas desejáveis.

    Há mais de 25 anos o laboratório de pesquisa em cromatografia líquida (LabCrom)

    tem direcionado esforços para o preparo de FE com polímeros sorvidos e imobilizados

    por diferentes tratamentos sobre sílica, tanto em sua forma pura como sílica metalizada.

    Os suportes investigados no LabCrom incluem sílica nua, sílica titanizada e sílica

    zirconizada.36 Métodos de imobilização investigados pelo grupo incluem tratamento

    térmico (TT),37,38,39 radiação gama (RG),40,41 e radiação de micro-ondas (RM).42,43 Os

    materiais poliméricos para recobrimento incluem poli(metiloctilsiloxano) (PMOS),38,44

    poli(metiloctadecilsiloxano) (PMODS),45 poli(metiltetradecilsiloxano) (PMTDS),41,46

  • 13

    polibutadieno (PBD),42,43 poli(2-fenilpropil)metilsiloxano (PFPMS)47 e poli(metil-3,3,3-

    trifluorpropilsilano) (PMTFS).48 De um modo geral, o conjunto de resultados obtidos com

    estas novas FE indicam que a sílica modificada com polímeros apolares tem

    estabilidade aumentada em valores de pH maiores e praticamente não apresentam

    interações silanofílicas com compostos fortemente básicos. Tais resultados são

    possíveis de igualar e, em casos favoráveis, até mesmo superar a estabilidade e o

    desempenho cromatográfico de colunas comerciais.49

    Estas propriedades fazem com que tais materiais sejam adequados para

    separação de agrotóxicos, fármacos e outros compostos com fases móveis alcalinas.

    Através de espectroscopia de RMN foi confirmado um processo de “auto

    imobilização” envolvendo ligações covalentes de polissiloxanos na sílica, as quais

    ocorrem quando amostras de sílica com polímero adsorvido são mantidas em contato a

    temperatura ambiente.38 Os espectros de RMN de 29Si das fases auto-imobilizadas à

    base de sílica submetidas ou não a uma etapa de extração com solvente orgânico no

    qual o polímero avaliado, PMOS, possui alta solubilidade foram comparados em função

    do tempo de auto-imobilização. A presença de novas espécies de 29Si em ambas as

    amostras é uma indicação clara de uma ligação covalente entre o polímero e os grupos

    silanol presentes na superfície da sílica.50

    1.5. Estabilidade química das FE à base de sílica

    A limitação das aplicações da sílica gel em cromatografia deve-se, principalmente,

    à baixa estabilidade química da sílica, tanto em altos valores de pH como em baixos

    valores de pH.51 Especificamente, em pH da FM em meio básico, as colunas à base de

    sílica tem baixa estabilidade química devido à sua dissolução acima de pH 7-8.

    Em termos de desempenho cromatográfico, isto implica diminuição da eficiência,

    número de pratos, bem como no entupimento da coluna pela perda da FE (ver Figura

    3A). Por outro lado, em pH menor do que 2, a degradação da fase estacionária à base

    de sílica está relacionada à estabilidade da ligação Si-C.52

  • 14

    (A)

    (B)

    Figura 3. Esquema de degradação química de FE em modo reverso a base de sílica. A- ataque básico (pH > 8,0) e B- ataque ácido (pH < 2,0). (adaptada da referencia 51).

    Sendo assim, apesar das características de retenção de FE a base de sílica pura

    serem excelentes, estes suportes também exibem deficiências, como a instabilidade

    química da sílica (e sílica quimicamente modificada) em função do pH (Figura 4).53

    Com base nas explicações mencionadas acima, compreende-se que a grande

    limitação das FE a base de sílica como suporte cromatográfico é uma faixa estreita de

    pH da FM permitida. Considerando a maioria das FE à base de sílica disponíveis

    comercialmente, a faixa de operação está entre pH 2 e pH 8.

    Além disto, outro aspecto importante é a longevidade de colunas em fase reversa

    sob condições práticas de eluição e outras condições experimentais.

    Consequentemente, durante as últimas décadas, vários pesquisadores tem

    desenvolvido novas metodologias para melhorar tanto a estabilidade química como

  • 15

    térmica de fases estacionárias em fase reversa. Nestas pesquisas, o enfoque é

    geralmente no desenvolvimento de novos suportes mais robustos para a FE.

    Figura 4. Instabilidade química da sílica em função do pH e estrutura da sílica (adaptada da referência 53).

    A determinação da estabilidade química de fases estacionárias em modo reverso

    de operação envolve o acompanhamento de vários parâmetros cromatográficos, tais

    como o número de pratos, fator de retenção, assimetria do pico de componentes de

    misturas-teste padrão. No entanto, ainda não há um consenso com relação a estas

    abordagens distintas, o que dificulta uma interpretação correta e objetiva entre as

    abordagens empregadas. Por exemplo, o próprio tampão empregado pode afetar a

    estabilidade química, como é o caso de tampões a base de carbonato ou de fosfato,

    quando comparado com tampões borato ou glicina.36,49

    Outro fator muito importante na estabilidade química de FE é a presença de

    contaminantes metálicos, principalmente no caso de eluentes alcalinos. Por exemplo,

    Kirkland et al.54 mostraram que a estabilidade de fases reversas de sílica do tipo A e B

    exibem respostas diferentes frente a contaminação com metais, sendo que a tipo A é

    mais estável do que a tipo B em eluentes alcalinos.

  • 16

    A modificação química de um substrato de sílica influencia substancialmente sua

    solubilidade e, portanto, a estabilidade química resultante de eluentes neutros e

    alcalinos. Um exemplo é o efeito da cadeia alquila, no qual se demonstrou que o

    aumento da cadeia alquila melhorou a estabilidade química das FE em modo reverso

    de operação. Outra tentativa de melhorar esta estabilidade é através da chamada

    reação de capeamento, em que moléculas pequenas do tipo trimetilclorossilano (TMCS)

    e/ou hexametildissilazano (HMDS) interagem com grupos OH em regiões estericamente

    inacessíveis a grupos de cadeias longas de organossilanos.55 Portanto, grupos OH que

    não reagiram provavelmente representam hidróxidos que são inacessíveis aos

    reagentes por causa de considerações estéricas.56,57

    A realização do capeamento de fases ligadas com silanóis mais reativos (como o

    hexametildissilazano, HMDS) pode ajudar a reduzir a influência de silanóis residuais; no

    entanto, não é possível fazer com que todos os silanóis reajam e excedam uma

    concentração de grupos ligados igual a 4 mol m-2.26

    Consequentemente, aproximadamente 50% dos grupos silanóis superficiais

    ainda estão presentes, enquanto que o restante está totalmente blindado pelos grupos

    alquilas e os grupos de capeamento (trimetilclorosilano, TMS). No entanto, a premissa

    de que a sílica é uma superfície planar não é muito realística. Logo, é fácil demonstrar a

    influência dos silanóis residuais superficiais e descrever sua contribuição para retenção

    de analito e seletividade de separação, mas é extremamente difícil medir sua

    concentração de modo exato.26

    Além das considerações acerca de novas FE, o emprego de fases móveis de

    baixo pH são essenciais para o sucesso de muitas aplicações, tais como separações de

    biomoléculas ou de ácidos orgânicos.10 Por exemplo, peptídeos e proteínas são

    separados em eluentes contendo ácido trifluoroacético em pequenas quantidades, o

    qual resulta em pH baixo do eluente.

    Outros trabalhos38 mostram que a reação de capeamento, antes da deposição do

    polímero, resulta em um suporte pior para retenção do polímero, quando comparado

    com o material preparado a partir de sílica não modificada. Uma provável explicação é

    que sendo a reação de capeamento realizada antes da imobilização, grupos silanóis

    que servem como pontos de ancoramento das cadeias poliméricas sobre a superfície

  • 17

    do suporte são significativamente reduzidos diminuindo portanto, a quantidade de

    polímero imobilizado.

    Esta limitação, somada à absortividade com relação à analitos básicos,

    motivaram o interesse em preparo de novas FE capazes de utilizar as vantagens da

    sílica e, ao mesmo tempo, super suas limitações. Neste sentido, novas pesquisas e

    desenvolvimentos vêm sendo realizada com materiais alternativos. O foco principal

    destes esforços é superar as deficiências da sílica sob certas condições experimentais

    em CLAE.

    Os objetivos dos desenvolvimentos mais recentes em CLAE são o

    desenvolvimento e aplicação prática de suportes mais estáveis do que sílica e sílica

    modificada. A incorporação de outros compostos, tais como zircônia,58 titânia59 e

    alumina,60,61,62,63 à matriz de sílica têm atraído atenção considerável para aplicações em

    condições mais extremas de temperatura e pH.

    1.6. Novos materiais inorgânicos como suportes cromatográficos

    Como descrito anteriormente, suportes para FE a base de sílica foram

    aprimorados, resultando em propriedades ótimas com relação a os desempenhos

    cromatográficos. Desta forma, obtiveram-se tamanhos de partículas cada vez menores,

    bem como volumes e distribuição dos poros bem estabelecidos. Mesmo assim, as FE a

    base de sílica ainda apresentam instabilidade com respeito à temperatura e ao pH. A

    busca por novos materiais que reúnam propriedades desejáveis como estabilidade

    química, elevada área superficial, tamanho da partícula reduzido, estreito do tamanho

    da partícula e reatividade, é de extremo interesse contemporâneo para a cromatografia.

    Óxidos metálicos, tais como zircônia (Zr), titânia (Ti) e alumina (Al), e/ou mistura

    dos mesmos, têm sido estudados por vários investigadores, uma vez que existem

    muitas aplicações como materiais avançados na indústria ótica e cerâmica, como

    catalisadores e como materiais de suporte para fases estacionárias em sorção e

    separação.64 Óxidos de (Zr), (Ti) e (Al), a princípio, deveriam apresentar propriedades

    cromatográficas similares às da sílica. Além disto, FE operando em modo de fase

    reversa ou normal, baseadas em óxidos de (Zr), (Ti) e (Al), foram introduzidas com o

  • 18

    propósito de obtenção de excelente estabilidade química e/ou térmica destes metais,

    quando comparadas com FE exclusivamente a base de sílica.49 Desta forma, FE à base

    de zircônia têm sido exploradas como um suporte alternativo com desempenho

    cromatográfico superior a FE a base de sílica. As características mais úteis de FE a

    base de zircônia estão relacionadas com a estabilidade em ampla faixa de temperatura

    (até 200 oC) e extensa faixa de valores de pH (1 – 14).65,66 As outras vantagens de

    colunas baseadas em zircônia estão relacionadas com sua seletividade quando

    comparadas com FE baseadas em sílica. Isto, por sua vez, permite sua utilização em

    condições brandas. As colunas baseadas em zircônia são adequadas para análise de

    ácidos carboxílicos, além de analitos básicos. As interações fortes com ácidos de Lewis

    na superfície da zircônia podem ser reduzidas com a adição de bases de Lewis na fase

    móvel, evitando o aparecimento de caudas cromatográficas. Hoje em dia, FE à base de

    zircônia em modo de fase reversa estão disponíveis comercialmente, cada uma com

    suas propriedades de retenção características.67,68

    Outro óxido metálico que pode ser usado como ponto de partida para FE para

    CLAE é o TiO2.69 Suas propriedades e utilidade em cromatografia têm sido

    investigadas, entretanto ainda faltam estudos mais sistemáticos descrevendo a

    aplicabilidade da técnica para fins de separação. No entanto, sabe-se que FE baseadas

    em TiO2 recobertas com polietileno foram desenvolvidas para separações em modo

    reverso. A camada de polímero causa um decréscimo de interações ácido-base de

    Lewis, melhorando a forma do pico. Esta FE a base de óxido de titânio imobilizada com

    poli(butildieno) (Ti(PBD)) possui propriedades similares ao Zr-polibutadieno (Zr-PBD), o

    qual permite sua utilização como uma alternativa, quando a separação sobre Zr-PBD é

    insatisfatória.67,69

    Finalmente, a alumina é um óxido metálico amplamente empregado como um

    adsorvente polar em cromatografia clássica. A isoterma de adsorção do analito,

    dependerá da área superficial específica do sólido adsorvente, da natureza do

    adsorvente e do pH do meio. Para óxidos anfóteros como a alumina, as propriedades

    da superfície dependem fortemente do valor do pH do meio. O valor do pH no qual a

    carga líquida da superfície é zero é conhecido como ponto isoelétrico (PI). O PI da

    alumina é de 9 ± 0,1, e a carga da alumina varia quando se vai de pH 7 a 9, ou seja, a

  • 19

    superfície é carregada positivamente em valores de pH em meio ácido (pH < PI) e

    negativamente em valores de pH em meio básico (pH > PI). Sendo assim, o grau de

    polarização da superfície da alumina irá depender de valores de pH do meio.70,71

    A aplicação da alumina como fase sólida em cromatografia líquida surgiu pela

    descoberta de que ela pode ser empregada em modo de troca iônica de maneira similar

    à sílica não modificada, com a vantagem adicional de ser estável em uma faixa mais

    ampla de pH, desde pH 1 até pH 13.72 Além disto, devido ao seu caráter anfotérico, a

    alumina se comporta como um trocador catiônico (como a sílica)73 em soluções neutras

    ou básicas, ou como um trocador aniônico (ao contrário da sílica) em soluções ácidas,

    permitindo portanto a realização de separações cromatográficas tanto de ânions como

    de cátions.74

    Heinemann et al.75 descreveram que fases de troca iônica baseadas em sílica,

    obtidas por silanização, têm estabilidade química limitada e não podem ser utilizadas

    com fases móveis em pH acima de 8. Em geral, todas as fases a base de sílica usadas

    para troca aniônica exibem degradação rápida, já na etapa de armazenamento, desde

    que o enchimento da coluna seja preenchido por fase móvel aquosa. Caso contrário,

    trocadores aniônicos baseados em alumina são muito estáveis sob condições similares

    de armazenamento, sendo, desta forma, utilizados sem problemas para separações

    analíticas no modo de fase normal em fase móvel com pH entre 2 e 13.

    Kritz et al.76 investigaram as propriedades de retenção em alumina de 46

    alquilbenzenos com estruturas moleculares correlacionadas. A utilidade da alumina

    reside na separação de compostos que diferem em seus sistemas de elétrons pi, ou

    seja, compostos mais aromáticos são mais fortemente retidos.

    Apesar do considerável uso da alumina no modo de fase normal, como

    mencionado anteriormente, existem poucos trabalhos descrevendo materiais à base de

    alumina em modo de fase reversa. Os aspectos cromatográficos das características da

    superfície da alumina como FE não têm sido estudados tão profundamente como

    suportes baseados em zircônia ou titânia.77 A atividade é afetada por dois fatores

    principais: (i) a natureza química da superfície, que envolve o número de grupos

    hidroxila e de sítios ácidos na superfície, bem como a morfologia do sólido, e (ii) a

  • 20

    disponibilidade de reagentes alcançar em um sítio ativo, que depende do tamanho e

    distribuição dos poros.

    A cromatografia de adsorção clássica, usando colunas de vidro com base em

    óxidos de alumínio, foi extensivamente usada na separação da classe de compostos

    hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), os quais estão presentes em misturas

    complexas.78 Embora muitas separações de HPA tenham sido realizadas com sucesso

    empregando colunas tubulares abertas de sílica ou alumina através de cromatografia de

    adsorção, esta técnica apresenta duas desvantagens: (i) primeiramente, a alta retenção

    destes materiais pode resultar em adsorções irreversíveis, picos com caudas

    possibilitando a sobreposição de compostos; (ii) características de separações podem

    ser alteradas pela adsorção de moléculas de água, causando separações com baixa

    repetibilidade.

    Porém, para preparar FE reversas a base de alumina, ainda não existem rotas

    sintéticas que sejam bem detalhadas para a incorporação de polímero com intuito de

    preparar FE em modo de fase reversa. De fato, FE reversas a base de alumina não são

    amplamente disponíveis comercialmente. Inclusive, faltam informações relacionadas à

    estrutura do material de recobrimento e seu desempenho cromatográfico.79 Por outro

    lado, estes materiais têm excelente estabilidade frente a FM em uma ampla faixa de

    valores de pH.

    Knox e Pride80 foram os primeiros a descreverem em modificações da alumina

    para posterior utilização em CLAE-FR. Estas fases foram sintetizadas utilizando a

    química convencional de organo-silanos para FE monomérica e polimérica. Outra

    possibilidade envolve o recobrimento físico da alumina com polímeros tais como

    poliestireno-divinilbenzeno, polibutadieno ou poli(octadecilsilano). Porém, as FE a base

    de alumina frequentemente exibem forte retenção, valores altos de back pressure

    devido ao intumescimento em certos solventes, além de baixa eficiência cromatográfica

    quando comparada a FE quimicamente ligadas a base de sílica.81

    Recentemente, Paek et al.82 mostraram a preparação e evolução de alumina

    recoberta com carbono como FE, a qual apresentou alta área superficial. A FE a base

    de alumina foi comparada com FE a base de zircônia recoberta com carbono que exibe

    alta estabilidade química e térmica porém baixa área superficial. A FE a base de

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    alumina exibiu seletividade comparável a fases de carbono e, como esperado, a

    retenção foi melhor do que em FE a base de zircônia com carbono.

    Outra alternativa para suportes mais estáveis termicamente e quimicamente é o

    uso de sílica recoberta com um óxido metálico, uma possibilidade que vem sendo

    estudada pelo LabCrom. A estratégia neste caso é manter as propriedades apropriadas

    da sílica, como estabilidade mecânica, morfologia e estrutura mesoporosa, combinada à

    estabilidade química dos óxidos metálicos a serem incorporados.

    1.6.1. Misturas de óxidos inorgânicos como suportes cromatográficos

    Vários artigos recentemente publicados pelos pesquisadores do LabC