Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

download Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

of 21

Transcript of Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    1/21

    REPENSANDO AS FASES DO PENSAMENTO DE ROGERS

    Adriano Holanda

    Psiclogo e Psicoterapeuta, Mestre em Psicologia pelo Instituto de PsicoloGia da

    Universidade de Braslia, Professor do Departnento de Psicologia do CEUB/DF

    INTRODUO

    Uma proposta de repensar uma teoria j se mostra, na base, pretensiosa. Narealidade, a pretenso de se rediscutir um assunto to antigo e j to debatido sedeve a uma necessidade pessoal. Necessidade esta de carter terico quando daperspectiva das idias de Rogers, e prtico quando da aplicao destas idias situao de consultrio, mas fundamentalmente, transmisso destas idias.

    O que representa, hoje em dia, a Abordagem Centrada na pessoa? Uma teoria depersonalidade, um esboo metodolgico, uma linha teraputica ou uma filosofia

    de relaes humanas? Eu me atreveria a dizer que nenhuma dessas e todas, aomesmo tempo. Todavia, estas asseres no conseguem abarcar a importnciahistrica e metodolgica das idias de Rogers.

    A perspectiva de Rogers revolucionria no seio da prtica psicoteraputica, masno apenas ai. Num de seus artigos autobiogrficos, Rogers revela seu prprioespanto ante a penetrao de suas idias aos mais variados campos de atuao.Escreve ele seu trabalho e de colaboradores:

    Revolucionou o campo do aconselhamento. Permitiu que a psicoterapia fosseexaminada e pesquisada abertamente... Desempenhou um papel na mudanaocorrida nos mtodos de ensino em todos os nveis. Foi um dos fatoresresponsveis pelas mudanas conceituais que ocorreram na rea de liderana naindstria (e tambm na rea militar), da prtica do servio social, da enfermagem eda assistncia religiosa...[1]

    O pensamento de Rogers foi ainda bsico para o movimento de grupos deencontro, tendo influenciado em certa medida a Filosofia da Cincia, as relaesinter-culturais e inter-raciais, e alguns estudiosos de Teologia e Filosofia. Mas, aocolocar a pessoa do cliente como o expert de sua prpria vida, Rogers reatribui-lhe poderes sobre si-mesma. Esta o mais autntico legado revolucionrio dopensamento rogeriano, segundo Bozarth [2]. A grande revoluo do pensamento deRogers consiste na considerao do processo de psicoterapia como uma interao,

    na qual se tem a introduo de um aspecto fundamental, a espontaneidade doterapeuta.

    Um pensamento de tal relevncia merece ser continuamente repensado e revisto.Minha pretenso, pois, est intimamente ligada minha dificuldade de organizar arepresentao da Abordagem Centrada na Pessoa hoje, dentro do fluxo de seudesenvolvimento e evoluo histricos.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    2/21

    2

    Gostaria de salientar que este trabalho tem um forte carter especulativo, baseadoem aspectos tericos do pensamento de Rogers. Sua contribuio pode ser, casocomprovado e aceito, de ordem ampla da prpria teoria da Abordagem Centrada naPessoa ou ainda, como uma tentativa de abertura a novas perspectivas de ao.

    De fato, no sei ao certo onde se encaixa esta reflexo. notria a quantidade decrticas que so direcionadas atuao de Rogers. Todavia, nada me tira da menteque, caso estivesse ainda vivo, ele teria estado no Brasil, em Agosto de 1987, parao I Congresso Holstico Internacional, teria concordado com grande parte dasreflexes ali colocadas, estaria empenhado em lutas pela abertura do ser humanoao seu ambiente, e at, talvez concordasse comigo ao discutir a evoluo doconceito de Pessoa (como j o fez, implicitamente, com Buber, em 1957).

    1. A PROPOSTA DE ROGERS

    Pode-se entender a proposta da Psicoterapia Centrada na Pessoa como uma trocade experincias vivenciais entre terapeuta e cliente, sendo caracterstica uma

    postura especfica pessoal, ou seja, a colocao da pessoa do profissional, algoque no havia na poca de Rogers.

    Podemos definir esta postura como uma dedicao do terapeuta em caminhar emdireo ao seu cliente, acompanhando o ritmo do cliente e respeitandoo comouma unicidade existencial [3]. Esta postura supe um compromisso do terapeuta esua totalidade, com o cliente e sua totalidade.

    A Abordagem Centrada na Pessoa se revela ento como uma filosofia de atitude,como uma filosofia de um agir, uma filosofia bsica[4] que desemboca numafilosofia de vida [5].

    A proposta psicoteraputica de Rogers repousa na valorizao dos aspectossubjetivos e intersubjetivos[6] do relacionamento entre cliente e terapeuta.

    Na sua empreitada por tornar mais claras e acessveis suas idias sobre oprocesso psicoteraputico, Rogers termina por revelar uma profunda preocupaocom a cientificidade de seu modus operandi, procurando sempre estar empenhadoem pesquisas que pudessem lhe dar dados mais fidedignos; mas tambm convivecom uma preocupao filosfica, chegando mesmo a discutir a respeito danatureza da cincia[7].

    Sobre a questo da subjetividade e da inter subjetividade, temos que:

    proposta rogeriana facilitar a pessoa a tornar-se pessoa. Para ele a soluo a interioridade que permita a cada um assumir o que em verdade e faculte, aomesmo tempo, aceitar as outras como so. noo de pessoa a base daproposio rogeriana. O importante a dinmica vivencial que o indivduoestabelece consigo e com o outro. O que predomina no ser humano asubjetividade[8].

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    3/21

    3

    Rogers releva ainda a questo da liberdade individual e da responsabilidade, almda potencialidade inerente a cada pessoa. Nestes conceitos e na sua atuaoteraputica, Rogers se aproxima de um pensamento fenomenolgico [9] eexistencial [l0].

    Desta posio, Rogers deriva una noo de homem subjacente sua prtica. Nose trata de uma noo fechada, o que implicaria num conceito esttico e numaconsiderao apriorstica. Alm disso, uma conceptualizao rgida do ser humanoserviria de obstculo ao contato imediato.

    Puente assinala que:

    ...Rogers no concebe o homem como fundamentalmente hostil, destrutor, ele noo considera tampouco como um ser cuja natureza seja de nada possuir, umatbula rasa malevel de onde tudo pode ser extrado: Rogers no concebeentretanto a natureza do homem como sendo a de um ser cuja essncia sejaperfeitamente boa (..). A hiptese de Rogers, que o homem possui sua natureza,

    e que esta natureza digna de confiana. (...) Visto deste ngulo, o homem no nem uma mquina nem um ser sujeito a seus influxos inconscientes, mas umapessoa em vias de auto-criao, uma pessoa que cria significao na vida, e queexprime a dimenso da liberdade subjetiva [11].

    Para Rogers, o ser humano tem uma natureza que lhe prpria, e esta naturezatem um valor positivo, na medida em que revela o desejo de vir a atuarintegralmente, o mais efetivamente possvel. Sua hiptese que cada ser humanopossui uma natureza particular e digna de confiana. O homem no nem umamquina, nem um ser sujeito a seus influxos inconscientes, mas uma pessoa emvias de auto-criao, de auto-estruturao[12], um ser que cria significaes navida e que expressa toda a dimenso de sua liberdade subjetiva.

    Para Rogers - ao contrrio de Rousseau [13] - , o homem no considerado comouma essncia perfeita, maculada pela sociedade, mas tem caractersticas prpriasde um ser positivo, progressista, construtivo, realista e, principalmente, merecedorde confiana.

    O homem, como todos os membros de sua espcie, possui uma natureza bsica,com atributos compartilhados por seus semelhantes. Se o ambiente no qual estiverinserido for favorvel, permissivo, no sentido de valorizar sua liberdade, haver aexpresso dos homens, em todas as suas formas de sentimentos, sem reservas.No decorrer da convivncia com estes sentimentos, perceber que sua prpria

    natureza confivel, e partilhada pelos demais.O homem , pois, um membro da espcie humana, um ser digno de confiana,com tendncia a desenvolver-se, de um estado de dependncia independncia,tendendo ainda harmonizar seus impulsos - e no ficar eternamente sujeito a eles- e a evoluir.

    O que se pode afirmar que a pessoa do cliente no um objeto de conhecimento,nem mesmo um objeto de ao teraputica; ele um sujeito, com sua

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    4/21

    4

    individualidade, suas caractersticas, diante do qual um outro sujeito, o terapeuta,vai se situar [14]. O terapeuta, de sua parte, no um homem de cincia nosentido em que estuda um objeto cientfico, algum que se coloca em relao,que faz parte da experincia do cliente. Ambos so seres concretos, criadores ecriaturas, que se transformam sempre pelas relao que estabelecem com os

    outros.

    2. AS FASES DO PENSAMENTO DE ROGERS

    O pensamento de Carl Rogers acompanhou sua prpria teoria, no sentido deatualizar-se continuamente, sempre buscando um maior desenvolvimento na suaprxis, evoluindo at constituir certas fases bem distintas que servem de parmetropara a compreenso de sua teoria como um todo.

    H, porm, certa divergncia quanto esquematizao destas fases. Comumentese estabelecem trs grandes etapas [15] para o pensamento de Rogers, cada umadelas com caractersticas prprias no que diz respeito a posturas e consideraes

    do terapeuta, alm de ter sempre uma determinada obra de Rogers como ponto dereferencial. Estas etapas obedecem o critrio relativo ao processo teraputico e no ambientao ou teoria da personalidade

    Para Puente [16] as fases seriam estas:

    1) A fase do Insight (1940-1945).

    2) A fase da Congruncia (1946-1957)

    3) A fase do Experiencing (1957- )

    Hart & Tomlinson(17) e Wood(18) estabelecem as seguintes fases:

    1) Psicoterapia No-Diretiva (1940-1950)

    2) Psicoterapia Reflexiva (1950-1957)

    3) Psicoterapia Experiencial (1957-1970)

    Huizinga [19], citando Hart e Dijkhuis, traa um quadro comparativo com algumasperspectivas histricas das fases do pensamento de Rogers:

    1. Terapia No-Diretiva

    1940-1950 (Hart)

    1940-1947 (Dijkhuis)

    2. Terapia Centrada no Cliente

    1950-1957 (Hart)

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    5/21

    5

    1947-1957 (Dijkhuis)

    3. Terapia Experiencial

    1957-1964

    J ao se referir ao bigrafo Kirschenbauin [20], traa outra perspectiva, assimdividida:

    1. Incio e Meio da dcada de 1930, perodo em que a essncia do counseling comcrianas consiste na manipulao das condies externas e do meio;

    2. Meados da dcada de 1930 e incio da de 1940, quando Rogers se mostra maisinteressado na mudana teraputica e comea a desenvolver seus mtodos no-diretivos;

    3. Meados/Fim da dcada de 1940, onde se percebe una maior nfase nas atitudes

    centradas no cliente (basicamente aceitao e compreenso emptica);

    4. Final de 1940 e incio dos anos 1950, quando se adiciona a atitudecongruncia.

    At chegarmos A atual Abordagem Centrada na Pessoa, o pensamento de Rogersevoluiu sobremaneira. O prprio termo Centrado na Pessoa surge, segundoBozarth [21], em literatura recente, ao redor de 1976, mas se formalizando a partirda publicao, em 1977, de Carl Rogers On Personal Power, onde Rogers ampliasua filosofia da terapia centrada no cliente para outras reas, tais como aadministrao, a superviso e a educao.

    Apesar das pequenas divergncias entre os autores, convm analisar as diversasfases com base nas suas caractersticas principais.

    3. EVOLUO E CARACTERSTICAS DAS FASES DO PENSAMENTO DEROGERS

    A ttulo de anlise das caractersticas primordiais, tomemos por base a distinodas etapas feita por Wood e Hart & Tomlinson [22].

    3.1. A Psicoterapia NoDiretiva (19401950)

    O primeiro rtulo que a perspectiva teraputica de Rogers recebe a de nodiretiva, por volta de 1940, expresso que captura a essncia do mtodo deaconselhamento desenvolvido por Rogers [23].

    A primeira fase, que recebe o nome de Psicoterapia NoDiretiva, referese aoperodo compreendido entre os anos 1940 e 1950, nos quais Rogers est naUniversidade de Ohio. Antes desta fase, segundo Puente(24), Rogers teria seguidouma orientao ecltica.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    6/21

    6

    Esta fase corresponde ao momento no qual o objetivo principal do terapeuta sevoltava para o insight do cliente (insight a nvel muito mais intelectual e ainda nopreocupado em ser vivencial). Nesta fase, as atitudes do terapeuta so muitotecnolgicas havendo a primazia da tcnica do reflexo de sentimentos, alm deuma postura de neutralidade, de permissividade e nointervencionismo, alm

    de uma postura de aceitao e clarificao do comportamento do cliente e certasrestries ao atendimento; uma fase de grande intelectualismo, o que restringe oatendimento a pessoas com razovel capacidade intelectiva e analtica(25).

    nesta atmosfera de permissividade que surgem as mais contudentes criticasdirecionadas ao papel pouco ativo que o terapeuta exerceria, o que levou a umasrie de mal entendidos e de mitos sobre a figura do terapeuta que no fala emterapia. Na realidade, seu esforo era uma tentativa de desarticular a conotao deautoridade relacionada ao terapeuta.

    O conceito central o de nodireo, ou seja, a absteno de intervenes quepossam vir a se interpor ao processo do cliente. Mas os malentendidos surgiam

    da confuso entre nodireo e dar diretivas:

    Nodireo em essncia a absteno de juzos de valores, em outro sentido,no direo no existe. Cumpre distinguir entre diretivas e direo. Enquanto otermo diretivas implica conselhos, sugestes, ordens, o termo direo sugere aidia de significao(26).

    Segundo Puente(27), a principal referncia a esta fase seria o artigo de Rogers,The Processes of Therapy, publicado em 1940, no Journal of ConsultingPsychology embora a obra mais caracterstica seja Counseling and Psychotherapyde 1942 (publicado em portugus sob o titulo de Psicoterapia e ConsultaPsicolgica).

    O germe do que viria a ser a Abordagem Centrada na Pessoa j se encontravapromissor nesta obra, inclusive com certas intuies a respeito do significado damudana em psicoterapia:

    ...pela primeira vez, ele enfatiza a prpria relao teraputica como umaexperincia de crescimento para o cliente. Afirma ainda que este tipo de terapia no uma preparao para a mudana, ela a prpria mudana(28).

    Sua prtica clnica se inicia em terreno infantil, onde realiza numerosasexperincias prticas. A encontra como ponto de partida de suas idias a chamada

    Terapia da Relao de Otto Rank, que focaliza primordialmente a independnciado individuo, e valoriza a relao teraputica.

    Esta fase representa um momento de reflexo que leva Rogers a conclusesoriginais acerca do papel do cliente e das tcnicas. O interesse maior o indivduo,que o centro, o objetivo, e no o problema em si. Pretendese ajudar o indivduoa crescer, ao invs de simplesmente ajudlo a resolver suas pendncias.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    7/21

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    8/21

    8

    Agora j se percebe um reconhecimento da universalidade do conceito detendncia atualizante, um pouco limitada na primeira fase.

    3.3. Terapia Experiencial (19571970)

    A terceira fase, ou fase da Terapia Experiencial, que se situa a partir de 1957 at1970 apresenta um salto qualitativo no que se refere ao trabalho de Rogers, a fasede Wisconsin.

    O objetivo nesta fase ajudar o cliente a usar plenamente sua experincia,promovendo uma maior congruncia do self e desenvolvimento relacional. A nfasedo processo recai aqui na vida inter e intrapessoal do individuo, onde se percebemais considerao em termos de totalidade de existncia.

    Em termos posturais, h um aumento da variao dos comportamentos doterapeuta, com maior significado na relao teraputica como um encontroexistncia com uma interveno caracterizada pelo abandono da tcnica e pela

    focalizao na experincia do cliente e na expresso das experienciaes doterapeuta.

    H uma total reformulao do conceito de processo psicoterpico e umaconsidervel nfase na congruncia do terapeuta. Seu livro, On Becoming aPerson, de 1961, o referencial desta fase.

    Nesta fase, h uma maior interao entre Rogers e seus colaboradores. Umaspecto importante que Rogers aceita sugestes e crticas, e se v influenciadoem especial, pelo conceito de experiencing de Eugene Gendlin, definido como umdado sentido com referncia direta da pessoa em relao sua conscinciafenomnica. Trata-se de um conceito prlgico(33), experiencial, vivencial, sendoum processo vivido organicamente.

    Gendlin, segundo Spiegelberg(34), quem fornece a Rogers substratos tericospara a passagem do positivismo lgico a uma orientao existencialista, dandonfase reinterpretao do termo experincia.

    Para Cury(35), esta uma fase bicentrada, onde interatuam dois mundosfenomenais distintos, o do cliente e o do terapeuta. Este pensamento conduzRogers aos movimentos de grupos e encontros de comunidade na dcada 70-80.

    Uma das crticas mais importantes recebidas por Rogers vem do prprio Gendlin:

    Gendlin opese a Rogers ao recusar a hiptese de que a simples percepo dasatitudes teraputicas condio necessria e suficiente para a terapia. Suaconcepo de terapia essencialmente existencial, e atribui ao terapeuta maiorinterveno no dilogo teraputico do que admitido pela terapia rogeriana(36).

    No pensamento de Gendlin, a congruncia no considerado apenas como aconscincia de suas experincias, mas a conscincia de seu experiencing.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    9/21

    9

    Nesta fase h uma tendncia para que o self desaparea como objeto concreto,passando a ser sentimento, o que de fato parece ocorrer.

    Estas so as fases tradicionalmente apontadas como delimitadoras do pensamentode Rogers. Porm, ainda que n&o esquematizada, me parece que h uma

    significativa diferena entre o pensamento de Rogers no ano de 1970, quandopublicou, Carl Rogers On Encounter Groups, e o seu pensamento em 1980,quando temos A Way of Being.

    4. UMA QUARTA FASE

    A idia de uma quarta fase surge de algumas posies explcitas de Rogers ealgumas constataes. H uma considervel mudana de seu posicionamento naterapia em direo a uma terapia fenomenolgica, como assinala Moreira(37),mesmo que Rogers no alcance, a contento, realizar esta mudana.

    A partir da fase anterior, percebese uma preocupao maior de Rogers com a

    interao com o cliente, abandonando uma postura mais intelectualizada ecentrada na pessoaindivduo.

    Isto fica mais claro, ao observarmos a evoluo de sua prtica clnica. Moreira, aanalisar algumas entrevistas teraputicas de Rogers, afirma:

    Rogers busca apoiarse na experincia subjetiva que se constitui no campo dainterrelao terapeutacliente e expressa suas prprias emoes emergentesdesse campo. Isso faz com que sua conduta teraputica se aproxime de umametodologia fenomenolgica, medida em que chega mais perto das articulaesde sentido que acontecem na situao de terapia(38).

    Esta fase compreenderia os ltimos anos de sua vida (1970 a 1987). Nesteperodo, Rogers se dedicou integralmente s atividades de grupo (abandonando aterapia individual), e s questes que se acercavam do relacionamento humano nacoletividade.

    Apesar de tudo, esta fase meramente especulativa, no havendo ainda umaestruturao adequada. Mesmo assim, Moreira prope uma nova diferenciaoentre as fases, que seria: 1) Fase No Diretiva (19401950); 2) Fase Reflexiva(19501957); 3) Fase Experincia (19571970) e, 4) Fase Coletiva (19701985).

    A esta ltima fase, propomos o nome de fase interbumana (utilizando uma

    linguagem buberiana), por considerar que coletiva privilegia demasiado uma outradimenso da existncia humana, a social, representada pelo grupo onde temos arealizao desse coletivo, mas que, em geral, suprime o elemento pessoal,individual, justamente o elemento mais importante(39).

    Esta tambm uma fase de transcendncia de valores e de idias, na qual Rogersexpressa uma preocupao com o futuro do homem e do mundo, com questesque abrangem outras reas da cincia(40). Na suas ltimas obras, Rogersempreende uma discusso que ultrapassa o simples cientificismo tradicional e parte

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    10/21

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    11/21

    11

    Vrios exemplos confirmam esta hiptese, e Rogers cita personalidades do quilatede Kurt Goldstein (importante figura que influenciou a GestaltTerapia), AbrabamMaslow, Angyal e Albert von SzentGyoergyi.

    SzentGyoergyi(43) apresentou alguns trabalhos no campo da Biologia, e em

    alguns momentos afirma que todo organismo procura sua prpria realizao. Outrafigura de analogia, Magohah Murayana, em seus estudos epistemolgicos, apontapara as interaes mtuas de causa e efeito, ou seja, no mais se considera aunivocidade das relaes causa efeito (o que, de fato, se constitui numaconsiderao limitada da cincia - a tempo: o prprio behaviorismo h muito j reviueste ponto).

    Rogers utilizase de alguns outros exemplos para justificar esta sua apresentao,como a formao do universo, dos planetas ou da vida na Terra; ou ainda aformao dos cristais. Sua concepo de uma tendncia sempre atuante emdireo a uma ordem crescente e unia complexidade interrelacionada encontraeco nos conceitos de sintropia de Szent-Gyoergy e de tendncia mrfica de

    Lancelot White. O universo se encontra em constante construo e deconstruo, em processo de criao e deteriorao, e posterior recriao.

    Escreve Rogers que a transformao de um estado em outro um evento sbito,no linear, em que muitos fatores interagem ao mesmo tempo(44), como o aHistria e a Evoluo.

    Mas a analogia mais forte usada por Rogers com a fsica contempornea, emespecial figuras como Fritjof Capra e Ilya Prigogine. De Capra aborda basicamentea relao existente entre fsica moderna e misticismo oriental. De Prigogine(45)toma certos conceitos sobre sistemas dinmicos e os aplica s situaes docotidiano.

    Todas estas formas de pensamento cientfico fortalecem, em Rogers, a idia deque o ambiente psicolgico adequado facilita a mudana e a aprendizagem. mente maior do que o crebro, ou seja, a pessoa maior do que o que fazemdela. chave potencializar a pessoa:

    Potencializar a pessoa colocar em movimento uni processo que poderevolucionar a famlia, a escola, a organizao, a instituio, o Estado. Estamosdiante de uma outra mudana paradigmtica(46).

    Fortalecese, com isto, a hiptese central da Abordagem Centrada na Pessoa, a

    tendncia atualizante, e o processo teraputico, como descrito por Rogers, se vtambm confirmado, na questo da necessidade de se criar um clima propicio mudana de personalidade.

    Alm dos novos paradigmas cientficos, numerosas pesquisas confirmaram asintuies de Rogers. Seno vejamos: da discusso acerca da eficciapsicoteraputica, as pesquisas tm demonstrado que, dentre os inmeros fatoresdeterminantes de uma abordagem eficaz, ternos o fato de que a psicoterapia uma

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    12/21

    12

    relao onde atuam a influncia que o terapeuta exerce sobre o cliente e a relaoque ambos estabelecem.

    Os primeiros questionamentos sobre este ponto levantaram a primazia das tcnicase modelos especiais de cada psicoterapia como os fatores preponderantes. Nasce

    dai a Teoria da Especificidade, que afirma que a eficcia decorre da tcnica e docontexto especifico do tratamento. Como exemplo disto temos a Psicanlisefreudiana clssica e o Behaviorismo radical.

    Este modelo de pensamento delimita um tradicional raciocnio mecanicista, alm deuma univocidade da causalidade, derivando numa onipotncia metodolgica doterapeuta, mantendo seu status de poder, alm de estimular a antiquada separaoda psicoterapia em linhas separadas.

    Empiricamente no foram determinadas estas diferenas atribudas pelas diversastcnicas, o que gerou considerveis questionamentos nas prprias bases com aproliferao de novos modelos que buscavam elementos comuns de eficcia.

    Surge ento, a Teoria dos Fatores Inespecficos, uma reao iniciada na dcadade 1950, por M.J.Eysenck. concomitantemnente, Rogers(47) passa a apontar comofatores eficazes e suficientes em psicoterapia: a autenticidade, a empatia e aconsiderao positiva, numa proposta relacional de psicoterapia.

    Frank(48), na dcada de 60 explicitou os fatores especficos em oposio aosnoespecficos: os resultados em psicoterapia decorrem de fatores comuns atodas as psicoterapias, e incluem:

    relao de confiana e carregada de emoo

    ambiente teraputico facilitador da expresso um racional (para patognese,cura e ritual)

    J Altshuler [49] sintetiza os elementos considerados comuns por diversos autores:(1) Relao Terapeutacliente, com a particularidade de ser intensa, carregadaemocionalmente e de confiana; (2) Aceitao e Apoio do Cliente, ou seja, o cliente uma pessoa que merece respeito e ajuda, e uma atitude de aceitaoincondicional leva a uma melhora de sua auto estima; (3) Oportunidade deExpressar Emoes, num encorajamento reflexo e expresso de desejos,causando alvio, aceitao e senso de domnio; (4) Rituais, cada terapia possui umritual prprio a ser observado, o que aumenta a confiana do cliente no terapeuta e;

    (5) Base Racional, isto , uma explanao racional sobre a causa dos sintomas, umreferencial terico que d segurana ao terapeuta.

    Partese, atualmente, para uma viso integrada do processo teraputico, numasntese, desembocando no chamado Movimento de Integrao dePsicoterapias(50).

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    13/21

    13

    Este posicionamento holstico e ao mesmo tempo, fundamentado empiricamente,abre novos rumos Abordagem Centrada na Pessoa, como rediscutir o papel dapessoa na relao teraputica.

    5. REDISCUTINDO A NOO DE PESSOA

    Das crticas do individualismo ao centramento na pessoaindivduo, temosconsiderveis mudanas.

    Se considerarmos que o conceito de pessoa transcendente materialidade e individualidade, a caracterstica bsica da nossa compreenso do conceito depessoa, o que Gabriel Marcel aponta por reciprocidade interhumana:

    Diramos de inicio que ela (reciprocidade interhumana) um dado primordial dapercepo das pessoas, visto que a pessoa no conhecida seno quando ela sed de certa maneira a quem a contempla(51).

    Tentemos entender este conceito de pessoa como um ser inserido historicamentena sua realidade, e inter atuante, participe desta realidade, sendo que o sersomente se determina a partir dela.

    Esta realidade da pessoa, como integrada ao mundo transparece na compreensomoderna do seu conceito, pois:

    Eu no estou jamais verdadeirawente s: as coisas que me cercam no cessamde se oferecer em espetculo (..), e mesmo a indiferena tambm uma tomada deposio; ela no jamais pura absteno(52)

    Fazse necessrio diferenciarmos alguns conceitos at aqui abordados, comoestes aparecem para ns: Homem, Individuo e Pessoa. Homem o conceito maisgenrico e mais amplo e designa o ser, a espcie, o existente. O Indivduo unidade, singularidade na espcie humana; a especificidade do homem emrelao consigo. uma complexidade dotada de identidade interna que resulta emum determinado homem, em particular.

    Sobre o conceito de individuo, encontramos em Kierkegaard a anlise maisacurada, donde podermos estrair sua caracterstica primordial: o isolamento.

    Kierkegaard considera do indivduo isolado de seus semelhantes: todacomunicao se faz atravs e com Deus. Esta categoria do nico, do homem no

    singular, corta todos os laos com o inundo; ora, como assinala Martin Buber, nose alcana a Deus evitando o mundo(53).

    A este ente que se encontra com Deus sem se destacar do mundo circundante,Buber d o nome de pessoa; que difere do indivduo justamente por ser o indiviso,o singular, o nico, mas inserido ativamente no mundo, com o mundo.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    14/21

    14

    Pessoa deve ser compreendida enquanto um ser transcendente, integrado einserido historicamente na sua realidade, no sendo existente apenas como umdado, mas como uma expresso, um ato sujeito de sua prpria ao.

    Sua relao como pessoamundo define justamente o fato desta ser uma

    experincia individual, pessoal, estabelecida a partir da sua conscincia que ,antes de tudo, intencional, Sendo assim, a experincia da pessoa sempreinatingvel e irredutvel ao terreno do pessoal.

    Uma compreenso de pessoa no adequada a nvel objetivo, cientfico, poissomente me aproximo da outra pessoa atravs da co-execuo de seus atos(54).

    A experincia de pessoa articulada a partir de seu centro dinmico e ativo, que seordena pelo eu sou, inatingvel objetivamente, e somente experienciado comoco participao na sua existncia singular e nica de sujeito de sua prpriaconstituio e manifestao.

    Para Buber, a noo de pessoa central de sua filosofia. Convm ressaltar queBuber era conhecedor da filosofia de Sren Kierkegaard que, como precursor doExistencialismo, foi quem mais firmemente tratou da questo do individuo. Nareflexo de Kierkegaard, o pensamento abstrato deixa de lado a existncia, ou seja,a individualidade. Sob este aspecto, vemos que tema central de sua filosofia aunidade da existncia.

    O indivduo se define, pois, como a verdadeira singularidade do ser humano. caracterstico do pensamento de Kierkegaard a unicidade da existncia e, porconseqncia, a unicidade do indivduo relevada mais alta importncia.

    Apesar das considerveis similitudes entre o pensamento de Kierkegaard e o deBuber, este no se mostra satisfeito com a sua considerao, e diferenciaclaramente Individuo de Pessoa. De fato, ambos os pensadores concordam que sedeve instaurar a existncia no indiviso, no ser distinto da massa, numa oposioque em Buber no tem o carter an encontrado em Kierkegaard. No pensamentodo filsofo dinamarqus, a real existncia (que implica encontro com Deus)somente se daria quando o Indivduo se desligasse completamente da sociedade,vindo a permanecer em solido, onde ento encontraria a verdade.

    Para Buber, no possvel compreender o conceito de indivduo em Kierkegaard,sem entender a sua prpria solido, O indivduo a singularidade concreta que seencontra a si mesma(55)

    J em Buber, a diferena reside exatamente neste ponto. Um retorno unicidade necessria, porm a relao com o mundo deve ser mantida, o contato com o outrodeve ser estabelecido, e a singularidade deve estar aberta a convivncia com acomunidade.

    Existe, portanto, uma diferena crucial entre o indivduo e a pessoa. Deve-seretornar ao que caracteriza o nico, o singular, e ainda manter as relaes com o

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    15/21

    15

    mundo; ou seja, o contato com o outro deve ser estabelecido e a singularidadedeve estar aberta, a servio da vida conjunta com a comunidade.

    ...o conceito de pessoa est em aparncia muito prximo do de individuo; creio serconveniente distingui-los. Um indivduo , certamente, unia singularidade do ser

    humano, e ele pode se desenvolver desenvolvendo sua singularidade. o queJung chama de individuao. Ele pode se tornar cada vez mais indivduo, sem sercada vez mais humano (..). Entretanto, uma pessoa, um indivduo que viverealmente com o mundo. E com o mundo, no pretendo significar no inundo - senoem contato real, em reciprocidade real com o mundo, e todos os aspectos que elepode sair de encontro com o homem. No digo somente com o homem, visto que,algumas vezes, samos ao encontro do mundo de diferentes maneiras. Mas seria aeste que eu chamaria de pessoa, e se posso expressamente dizer sim ou no acertos fenmenos, sou contra os indivduos e a favor das pessoas(56)

    Diante do exposto, entendemos que a noo de pessoa nos remete a umaconsiderao do homem como um ser vinculado sua realidade e ao mundo, como

    na filosofia de Rogers.

    CONSIDERAES FINAIS

    A partir desta discusso, temos que a Abordagem Centrada na Pessoa hoje,difere radicalmente era alguns aspectos das fases ulteriores de sua evoluo.

    A compreenso da noo de pessoa sob uma tica buberiana, permite umdescentramento do trabalho da terapia na figura do indivduo, para se focalizar narelao que ambos (terapeuta e cliente, ou terapeuta e grupo) estabelecem.

    Este posicionamento pode ser uma realidade ou uma perspectiva. O quepermanece a discusso e o dilogo.

    Referncias Bibliogrficas

    ADVINCULA, I.F. (1991). Tendncia atualizante e vontade de potncia: um paraleloentre Rogers e Nietzsche.

    Psicologia: Teoria e Pesquisa, 7(2):201214.

    ALTSHULER, K.Z. (1989). Will the psychotherapies ye differencial results? A lookat assuTnption in therapy triais, American Joumal of Psychotherapy, 43(3):310320.

    BASTOS, J.M. (1985). Similaridades entre a Psicoterapia Centrada no Cl lente e oPensamento Existencial de Sren Kierkegaard, Rio de Janeiro: Fundao GetMioVargas/ISOP, Dissertao de Mestrado.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    16/21

    16

    BOWEN. M. e. V. 8. (1987). Espiritualidade e Abordage Centrada na Pessoa:Interconexo no Universo e na

    Psicoterapia, In Antonio M.dos Santos, Maria C.V.B.Bowen & Cari R.Rogers,Quando Fala o Corao: A

    Essncia da Psicoterapia Centrada na Pessoa, Porto Alegre: Artes Mdicas.

    BOZRTM, J.D. (1989). Person-Centeredness: A Paradigm from Client CenteredTherapy, IV Forum Internacional da Abordagem Centrada na Pessoa, Rio deJaneiro, manuscrito.

    BRUNING, W. (1956). Indivduo e Pessoa na Concepo Atual do Homem,Revista Portuguesa de Filosofia, XII, Fasc.2, 138150.

    BUBER, I (1982). Do Dilogo e do Dialgico, So Paulo: Perspectiva.

    BUBER, M. (1988). Appendix. Dialogue Between Nartin Buber and Carl Rogers,In Martin Buber, Dhe Knowledge o! Man. Selected Essays, NeW Jersey: HunanitiesPress International, Inc.

    CURY V. E. (1987). Psicoterapia Centrada na Pessoa: Evoluo das Formulaessobre a Relao Terapeuta Cliente, Dissertao de Mestrado, So Paulo:Universidade de So Paulo.

    DE FINANCE, J. (1969). Sur les Trois Personnes, Revista Portuguesa deFilosofia, XXV, (34):l40142.

    EVANS, R.I. (1979). Carl Rogers: O Homem e Suas Idias, So Paulo: MartinsFontes.

    FRANK, J. (1971). Therapeutic factors i psychotherapy, American Joumal o!Psychotherapy, 25, 350361.

    GILES, T. R. (1989). Histria da Fenomeno e do Existencialismo, So Paulo: EPU.

    HART, J.T. & TOMLINSON, T.M. (1970) (Orgs.). New Directions in Client-CenteredTherapy, Boston: Houghton Miff

    HOLANDA, A. F. (1992). Presena de Her em Psico terapia, InsightPsicoterapia,

    So Paulo, Ano II (15):1012.

    HOLANDA, A. F. (1993). CarI Rogers e Martin Buber: Abordagem Centrada naPessoa e Filosofia Dialgica em Questo, Universidade de Braslia, Dissertao deMestrado.

    HUIZINGA, J. (1984). Developments in Life and Work of Carl Ransom Rogers, EmAlberto S.Segrera (Ed.), Proceedings o! Um First International Forum on thePerson-Centered Approacb, Mxico: Universidad Iberoariericana.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    17/21

    17

    LAMBABI, M.A (1954). De lEtre la Personne. Essai de Personnalisme Raliste,Paris :Presses Universitaires de France.

    MARCEL, G. (1957). tT Personna Encyclopdie Franaise, Philosophie/Religion,Tome XIX, Paris:

    Socit Nouvelie de lEncyclopdie Franaise, Librairie Larousse.

    MAY, R. (1991). A Descoberta do Ser, Rio de Janeiro: Rocco.

    MOREIRA, V. (1990). Para Alm da Pessoa: Uma Reviso Critica da Psicoterapiade Cari Rogers, Pontificia Universidade Cat de So Paulo, Tese de Doutorado.

    MOREIRA. V. (1993). Psicoterapia Centrada na Pessoa e Fenomenologia.Psicologia: Teoria e resquisa, 9(1):157- 172.

    POEYDOMENGE, M.L.(1984). LEducation Selon Rogers. Le Enjeux de la Non

    Directivit, Paris: Dunod.

    PUENTE, M. de la (1970). Cari Rogers: De la Psychoth&apie lEnseignement,Paris: EPI Editours.

    ROGERS, C.R. (1961). On Becoming a Person, Boston: Houghton Mifflin Co.

    ROGERS, C.R. (1977). Em Retrospecto. Quarenta e Seis anos, Em Cari R.Rogers& Rachei Lea Rosenberg, A Pessoa como Centro, So Paulo: EPU/EDUSP.

    ROGERS, C.R. (1983a). U Novo Mundo Uma Nova Pessoa, Em Cari R.Rogers;John K.Wood; Maureen M.OHara & A.H.L.Fonseca, Em Busca de Vida: Da TerapiaCentrada no Cliente Abordagem Centrada na Pessoa, So Paulo: Summus.

    ROGERS, C.R. (1983b). Um Jeito de Ser, So Paulo: E.P.U.

    ROGERS, C.R. (1987). Abordagem Centrada no Cliente ou Abordagem Centradana Pessoa, In Antonio M.Santos, Maria C.V.B.Bowen & Carl R.Rogers, QuandoFala o Corao: A Essncia da Psicoterapia Centrada na Pessoa, Porto Alegre:Artes Mdicas.

    SORMAN, G. (1989). Os Verdadeiros Pensadores de Nosso Tempo, Rio deJaneiro: Imago.

    TABOAS, A.M. (1993). La investigacin psicoterapeutica y ei movimiento deintegracln de las psicoterapias, Revista Interamericana de Psicologia, 27(2):197218.

    WOOD, J.K. (1983). Terapia de Grupo Centrada na Pessoa, Em Carl R.Rogers;John K.Wood; Maureen M.Hara & A.H.L.Fonseca, Em Busca de Vida: Da TerapiaCentrada no Cliente Abordagem Centrada na Pessoa, So Paulo: Summus

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    18/21

    18

    ---------------------------------

    notas de rodap, convertidas em notas de fim de texto

    1.Rogers, 1977:30. Artigo originalmente publicado em 1974.

    2.Bozarth, 1989.

    3.Bozarth, 1989.

    (4) Rogers, 1987.

    (5) Bowen, 1987.

    (6) Rogers, 1961; Evans, 1977.

    (7) Bastos, 1985:63.

    (8) Wood, 1983.

    (9) como bem nos aponta Moreira, 1990, 1993. Peretti (1967) chega a se referir aesta postura de Rogers como uma fenomenologia de confiana, por sua crena nopotencial dos organismos e do ser humano, bem expresso no seu conceito detendncia atualizante.

    (10) Puente, 1970.

    (11) Puente, 1970:7677.

    (12) Numa concepo que se aproxima sobremaneira do pensamento heraclticoacerca do devir (Holanda, 1992).

    (13) Quando se ressalta o conceito de liberdade em Rogers, uma correlaopossvel com o pensamento de J.J.Rousseau, filsofo social suio do sculoXVIII, para quem a liberdade o mais importante dos princpios. Sua concepo deliberdade inclui uma liberdade interior, caracterizada por uma autonomia que surgiaa partir do contato do homem com a natureza. J em Rousseau existia a crena deum potencial inerente ao ser humano, potencial este que somente poderia serdesenvolvido com liberdade.

    (14) Pags, 1986.

    (15) Puente (1970), Eart & Tomlinson (1970), Wood (1983), Cury (1987), Huizinga(1984).

    (16) Puente, 1970.

    (17) Hart & Tomlinson, 1970.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    19/21

    19

    (18) Wood, 1983,

    (19) Huizinga, 1984.

    (20) Huizinga, 1984.

    (21) Bozart 1989.

    (22) Wood (1983), Bati & Toilinson (1970).

    (23) Huizinga, 1984.

    (24) Puente, 1970.

    (25) Bastos, 1985.

    (26) Bastos, 1985:72.

    (27) Puente, 1970.

    (28) Cury, 1987:12.

    (29) Bastos 1985:89.

    (30) Cury, 1987:1516.

    (31) Puente, 1970. Este texto de Rogers foi publicado nula edio de S,Koch,Psycbology: Study of

    a science, )iew York: McGraw Book Coipany, Inc.

    (32) Puente, 1970; Bastos, 1985.

    (33) Bastos, 1985.

    (34) Splegelberg apud Moreira, 1990.

    (35) Cury, 1987.

    (36) Bastos, 1985:101.

    (37) Moreira, 1993.

    (38) Jioreira, 1990:156.

    (39) Giles, 1989.

    (40) Rogers, 1983.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    20/21

    20

    (41) Rogers, 1983a.

    (42) Rogers, 1983b.

    (43) lbert von SzentGyoergy! (18931986), hngaro naturalizado norte-

    americano, ganhou o prmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1937, com otrabalho sobre o estudo dos metabolismos e dos efeitos das vitaminas e C.

    (44) Rogers, 1983b.

    (45 llya Prigogine, nascido em 1917, em Moscou, desde os quatro anos de Idadeest radicado na Blgica, foi prmio Nobel de Qumica e 1971 por seus trabalhoscom a termodinmica e sua teoria das estruturas dissipativas, ou seja, a criaoda ordem a partir da desordem. Para Prigogine (Sorman, 1989), o modelo clssicode cincia o da simetria e da simplicidade, determinista e reversvel, e estemodelo est sendo progressivamente substitudo por clculos de probabilidade,pois a maior parte dos sistemas dinmicos na verdade, instvel. Cria, com isto, a

    perspectiva de que a ordem nasce do caos. Prigogine observa que nosso universo,nascido de um caos inicial usa exploso h quinze bilhes de anos organizou-se em galxias e planetas. A prpria vida, nascida dos acasos da seleo natural,progride no sentido de uma sempre maior organizao e complexidade. Aeconomia funciona tambm sobre este modelo da soma das atividades individuaisdesordenadas surge a ordem social e o progresso econmico. O destino dasnaes igualmente atingido por turbulncias que, depois de gigantescasflutuaes movimentos de massa, conflitos terminam num nova ordem socialque clama por mais recursos energticos (Sorman, 1989:46).

    (46) Rogers, 1983a:13.

    (47) Rogers, 1961.

    (48) Frank, 1981.

    49) Altshuler, 1989

    (50) Taboas, 1993.

    (51) Narcel, 1957:19.0816.

    (52) De Piriance, 1984:141.

    (53) Labba 1959:78.

    (54) liruning, 1956.

    (55) Buber, 1982.

    (56) Buber 1988:173-174.

  • 7/22/2019 Repensando as Fases Do Pensamento de Rogers

    21/21

    Trabalho apresentado no VII Encontro Latino-Americario da Abordagem Centradana Pessoa, 9 a 16 de Outubro de 1994, Maragogi-Al, Brasil.

    Apresentado no VII Encontro Latino Americano da ACP

    09 a 16 de outubro de 1994 - Maragogi- AL - Brasil