Participação do Diretor da ABS em reportagem da Revista ABCZ de Julho/2011
Reportagem revista siará
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DOMINGO, 29 DE DEZEMBRO DE 2013 FORTALEZA, CEARÁ DIÁRIO DO NORDESTE // 5
Ele ainda preserva o jeito de me-nino: é tímido no falar e deixa evi-dente o brilho nos olhos quando conversa sobre algo que gosta. As aspirações juvenis nunca perdem o fôlego no realizador cinemato-gráfi co Ermeson Vieira Gondim, 40 anos, que busca projetar nas telonas todo o potencial político, histórico e social do cinema. O principal caminho que usa para concretizar esse objetivo é minis-trando aulas sobre a sétima arte para crianças e adolescentes bra-sileiros em Bruxelas, na Bélgica, onde mora há quase dois anos.
CEARENSEEMTODOLUGAR
VISITAEm passagem re-
cente por Fortaleza, Ermeson visitou a
Casa Amarela Eusélio Oliveira
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JÉSSICA COLAÇO [email protected] para a Siará
Natural de Quixeramo-bim, no sertão cearense, Ermeson veio para Fortaleza quando tinha cinco anos, acom-panhando os pais e irmãos. Na Capital, experimentou várias possibilidades, buscando desco-brir quais as áreas de interesse para dedicar-se a um trabalho. Nesse período, fez curso de teatro no Teatro São José, participou do Movimento Estudantil e do Cen-tro de Atividades e Estudos Polí-ticos (Caep). Aos 24 anos, em busca de novos ares, decidiu ir para a Espanha. “Quan-do você é jovem, está descobrindo o que quer e mudança de país é uma es-pécie de choque, você fi ca vulnerável”, descreve.
POSSÍVEISO realizador cinematográfi co Ermeson
Vieira Gondim ensina a sétima arte para adolescentes brasileiros em Bruxelas
imagens
DOMINGO, 29 DE DEZEMBRO DE 2013 FORTALEZA, CEARÁ DIÁRIO DO NORDESTE // 5
6 // DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ DOMINGO, 29 DE DEZEMBRO DE 2013
CEARENSEEMTODOLUGAR
Na Espanha, mesmo com extensa rotina de trabalho,
foi descobrindo, aos poucos, as maneiras de enxergar o mundo a partir das lentes. “Quando che-guei lá, fui logo comprar uma câ-mera e saí fotografando e filman-do tudo. Uma amiga também gostava disso, e nós passamos a fazer vídeos, fotos de família, e foi aí que eu vi que gostava dessa coisa do audiovisual”, lembra.
O trabalho com turismo, área a que se dedicou durante os nove anos em terras espanholas, pro-porcionou o contato com diversas culturas e paisagens, contribuin-do ainda mais para a entrada de Ermeson na prática audiovisual.
Estudo
O gosto pelo cinema tomou pro-porções maiores quando se mu-dou para Londres e foi estudar audiovisual. Na University of East London, fez o curso de Filme e Vídeos. “Aprendi muito sobre a teoria da área, eu estava no ber-ço do cinema, estudando sobre cinema”, destaca. O período na universidade foi a época em que assumiu a paixão pelas imagens
em movimento: “Procurava uma maneira de juntar as coisas que eu gosto: política, história, foto-grafia, vídeo e teatro, e o cinema era a forma de fazer isso”.
Após o aprendizado em Lon-dres, decidiu compartilhar o co-nhecimento sobre cinema e mu-dou-se para Bruxelas em 2012. Na capital da União Européia, o associativismo presente nos bairros fez Ermeson sentir-se em casa. “Bruxelas tem muitas asso-ciações, ONG’s, e elas trabalham em conjunto, as pessoas aqui são menos individualistas, eu me sinto muito no Brasil por causa disso”, compara.
Para se aproximar ainda mais da cultura da terrinha, uniu-se ao trabalho das associações e de-cidiu dar aulas de cinema para crianças descendentes de brasi-leiros. “A ideia é que eles não per-cam o português e tenham conta-to com a cultura brasileira, e uma forma de fazer isso é apresentar filmes brasileiros”, explica.
O primeiro ateliê de cinema ministrado por Ermeson foi para crianças da ONG Raiz Mirim, no ano passado, e o resultado foi a
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ERISVALDINO RODRIGUES
MARKUS WOLSCHLAGER
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SIDICLEIDE MARQUES
DOMINGO, 29 DE DEZEMBRO DE 2013 FORTALEZA, CEARÁ DIÁRIO DO NORDESTE // 7
NASCEU EM QuixeramobimIDADE 40 anosATUALMENTE VIVE EM Bruxelas, na BélgicaMOROU NO CEARÁ até 1995MOTIVO DA PARTIDA descobrir novos caminhos e estudarDESEJO realizar um trabalho social na África sobre cinema, voltado para adolescentesSÓ NO CEARÁ calor e praias bonitas, como a de Jericoacoara
ERMESON VIEIRA GONDIMrealizador cinematográfico e professor
Roteiros(1) Em 1995, com o
movimento estudantil
Juventude Resistência (na
segunda fileira, o quarto
da esq. para a dir.).
(2) Durante temporada
em Madri, no ano de
2003. (3) Na University
of East London, na qual
formou-se em Filme e
Vídeo. (4) A alegria da
graduação concluída em
2011, Londres.
(5) Na cidade de Granada
(Espanha), em frente ao
“Pateo de los Leones”
(2004). (6) Exposição em
Bruxelas na qual exibiu
algumas fotografias em
junho deste ano.
(7) Na Feira Internacional
de Turismo (Fitur), em
Madri, quando trabalhava
no setor hoteleiro
produção de três filmes em duas semanas. “Por meio do cinema, podemos aprender sobre nós mesmos, sobre a história, a so-ciedade, literatura, e isso para a criança é muito importante”, defende.
Expansão
Após o sucesso da oficina com as crianças, iniciou outro projeto de cinema, dessa vez voltado para adolescentes, desenvolvido junto ao Consulado-Geral do Brasil em Bruxelas. As aulas começaram em maio de 2013 e terminaram neste mês. “É uma coisa minha, tudo que aprendo quero colocar pra frente, e cinema é como um filho, a gente coloca pra frente, não deixa morrer”, explica. Ago-ra, o cearense pretende lançar
proposta ao consulado para abrir outra turma em 2014.
As aulas de cinema fazem parte da etapa inicial da carreira de Er-meson, que planeja participar de grandes produções cinematográ-ficas e atuar no desenvolvimento de roteiros. “Estou em um terreno muito fértil, onde posso crescer, até que eu possa vir trabalhar no Brasil”, projeta.
Apesar de reconhecer que o cinema brasileiro passa por uma fase de ascensão, acredita que de-veriam ter mais incentivos à pro-dução e à distribuição cinemato-gráfica, como uma forma de fazer com que os brasileiros conheçam e valorizem cada vez mais o pró-prio país. “Existem outros Brasis que ainda precisam ser conta-dos”, estimula.
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VALERIA VIRZIMARKUS WOLSCHLAGER