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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÚDE JOCIMAR WRUCK REPRESENTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UM NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA QUANTO À ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL PARA INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE São Paulo 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO

MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÚDE

JOCIMAR WRUCK

REPRESENTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UM

NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA QUANTO À

ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL PARA INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO

À SAÚDE

São Paulo 2016

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JOCIMAR WRUCK

REPRESENTAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UM NÚCLEO DE

APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA QUANTO À ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL PARA

INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO À SAÚDE

Dissertação apresentada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo - Programa de Mestrado em Promoção da Saúde sob orientação da Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira.

São Paulo 2016

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Ficha catalográfica

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Dissertação apresentada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo -

Programa de Mestrado em Promoção da Saúde aprovada em ___/___/___.

_________________________________________

Maria Dyrce Dias Meira

__________________________________________

Segundo leitor

__________________________________________

Terceiro leitor

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Dedico à minha esposa Irene por seu amor, companheirismo, pela presença constante e pelo seu grande incentivo. Aos meus filhos Priscila, Christopher e Johann, tesouros que me motivam a cada dia. Aos meus pais, Maria e Jaldir, pelo amor, dedicação e exemplos de vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela força, proteção e carinho em todos os momentos de minha vida.

À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira, por ter me conduzido com

serenidade, confiança e muita paciência, pelo apoio e incentivo recebido que foram

essenciais na execução deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Leonardo T. Martins e à Prof.ª Dr.ª Regina Lucia Herculano Faustino

pelas contribuições geradas no exame de Qualificação.

Ao Prof. Dr. Fernando Lefèvre e ao Prof. Dr Carlos Antonio Teixeira, bem como, à

profª. Drª. Odete Santelle e à Profª. Drª. Maria Cecilia Leite de Moraes pelas

contribuições e disponibilidade para participarem na banca examinadora de defesa.

À Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo Regional Campo limpo pela

autorização para a realização da pesquisa de campo, após apreciação do projeto.

Em especial aos profissionais de saúde do NASF pelo carinho e disponibilidade com

que colaboraram na realização desta pesquisa, sem os quais não seria possível a

realização deste projeto.

Aos professores do Mestrado Profissional em Promoção da Saúde da Universidade

Adventista de São Paulo pelos conhecimentos compartilhados.

À Coordenação do mestrado pelo apoio e direcionamento.

Aos colegas de turma do Mestrado pela convivência harmônica, a alegria, os

momentos de descontração e a troca de saberes ao longo desta jornada.

Ao grupo REIS pelo companheirismo, apoio, incentivo e auxílio nas entrevistas com

os profissionais de saúde.

À Associação Paulista Sul pelo investimento e motivação.

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Acima de tudo, no entanto, revesti-vos do

amor que é o elo da perfeição. [...]tendo

em vista que fostes convocados para

viver em paz, como membros de um só

corpo.

Paulo de Tarsos, Colossenses 3:14-15.

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RESUMO Introdução: a integralidade, enquanto princípio proposto pelo Sistema Único de Saúde, engloba aspectos da assistência à saúde que esbarram em práticas sistematizadas e conceitos que carecem de uma reflexão mais aprofundada sobre as dimensões que impactam em sua operacionalização. Promover a saúde integral do ser humano, vendo-o em suas interdependentes dimensões biopsicossociais; ampliar a visão dos profissionais e os serviços de saúde, desfragmentando a assistência ao usuário; e organizar ações que ampliem o acesso a todos os níveis assistenciais, promoção, proteção e recuperação da saúde são aspectos imbricados no conceito de integralidade que têm desafiado os gestores da área da saúde. Embora esses aspectos estejam presentes nos discursos oficiais, percebe-se um descompasso no direcionamento das ações que buscam integralizar a assistência e incentivar a produção de pesquisas que abordam a integralidade em sua amplitude e complexidade conceitual, incluindo aspectos da religiosidade e da espiritualidade. Objetivo: conhecer a percepção de profissionais de saúde de um Núcleo de Apoio à Saúde da Família do distrito do Capão Redondo quanto à importância da Religiosidade/Espiritualidade para a integralidade da Atenção à Saúde. Método: estudo descritivo e exploratório desenvolvido em uma abordagem qualiquantitativa. A amostra foi de conveniência e adesão espontânea, pois foram convidados a participar do estudo todos os profissionais que compõem o Núcleo de Apoio à Saúde da Família, sendo que (n=29) de uma regional da Estratégia Saúde Família. Foram coletados dados referentes às variáveis sociodemográficas e oportunizado aos sujeitos participar de uma entrevista gravada, com roteiro semiestruturado. Após transcrição, o conteúdo das entrevistas foi submetido à técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo, tendo como referencial a teoria da Representação Social. Resultados: a representação social dos profissionais envolvidos na pesquisa foi diversificada. Quanto ao que o profissional entende por integralidade na Atenção à Saúde, identificou-se três Ideias Centrais com seus respectivos discursos: “ver e entender o ser humano de forma integral” (45%); “cuidar de forma integral” (27%) e “trabalhar em equipe multiprofissional para dar um atendimento integral ao cliente” (17%). Sobre o papel da Religiosidade/Espiritualidade na integralidade da prática assistencial, os discursos versaram sobre: “A religiosidade na prática assistencial é muito importante” (59%); “É complicado falar de espiritualidade e prática de saúde” (30%) e “A religiosidade interferem na forma de viver” (11%). Relativo à contribuição dessa dimensão para a promoção da integralidade, as representações dos sujeitos foram: “Sim, com certeza (59%)”; “Sim, mas na prática é complicado” (27%); e “Não acredito” (7%). Para inserção dessa temática na prática cotidiana sugeriram: “Grupos terapêuticos” (24%); “Várias formas de humanização” (20%); “Grupos de promoção de saúde” (10%); “Saúde deve ser ampliada para outros setores” (7%); e “Não vejo como aplicar” (26%). Considerações Finais: a maioria dos profissionais considera importante abordar a Religiosidade/Espiritualidade para efetivação da integralidade do cuidado na prática assistencial da Atenção Básica. Ressaltaram em seus discursos a necessidade de investimentos na formação e informação quanto aos aspectos potencializadores dessa dimensão para a promoção da saúde em todos os níveis assistenciais.

Palavras-chave: Integralidade. Espiritualidade. Religiosidade. Promoção da Saúde.

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ABSTRACT

Introduction: The integrality, as a principle proposed by the Unified Health System, comprehend aspects of health care that scramble into systemized practices and concepts that require a deepen reflection about the dimensions that impact on their operationalization. To promote the integral health of the human being, seeing it in their interdependent bio-psychosocial dimensions; to expand the vision of professionals and health services, defragmenting the user assistance; and to organize actions that increase access to all levels of care, promotion, protection and recuperation of health, are imbricate aspects in the concept of integrality that have challenged the health managers. Although these aspects are present in the official discourses, a gap is perceived in the direction of the actions that seek to integrate the assistance and encourage the production of research addressing the integrality in its extent and conceptual complexity, including Religiousness/Spirituality aspects. Objective: To know the perception of health professionals of a Center for Health Family Support of Capão Redondo district about the importance of Religiousness/Spirituality for the integrality of Health Care. Method: This is a descriptive and exploratory study developed in a qualitative and quantitative approach. The sample was of convenience and spontaneous adhesion because all the professionals that compose the Center for Family Health Support were invited to participate in the study, being (n=29) of a regional Family Health Strategy. Data about socio-demographic variables were collected and giving an opportunity to the subjects to participate in a recorded interview with semi-structured script. After transcription, the content of the interviews was submitted to the analysis technique of the Collective Subject Discourse, taking as reference the Social Representation theory. Results: The social representation of the professionals involved in the research was diverse. As for the professional understands by integrality in Health Care, three Central Ideas were identified to their speeches: “to see and understand the human being in an integral way” (45%); “to care in an integral way” (27%) and “work in multidisciplinary team to provide a comprehensive customer service” (17%). Concerning the role of religiosity/spirituality in the integrality of care practice, the speeches were about, “Religiosity in care practice is very important” (59%); “It is difficult to speak about spirituality” (30%) and “Health practice and religiosity interfere in the way of living” (11%). About the contribution of this dimension to the promotion of integrality, the representations of subjects were: “Yes, sure” (59%); “Yes, but in practice it is complicated” (27%) and “I do not believe” (7%). To insert this theme in daily practice, the suggestions were: “Therapeutic groups” (24%); “Various humanization forms” (20%); “Health promotion groups” (10%); “Health should be expanded to other sectors” (7%) and “I do not see how to apply” (26%). Final Considerations: Most professionals consider important to address Religiosity/Spirituality for realization of integrality care in care practice of Primary Care. They highlighted in their speeches the need for investment in training and information about the empower aspects of this dimension for health promotion at all care levels.

Keywords: Integrality. Spirituality. Religiousness. Health Promotion.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU TERMOS OPERACIONAIS

ESF – Estratégia Saúde da Família

CEP/UNASP - Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Adventista de

São Paulo

CEP/SMS - Comitê de Ética em Pesquisas da Secretaria Municipal da Saúde de São

Paulo

ECH – Expressões-Chave

IC – Ideia Central

DSC - Discurso do Sujeito Coletivo

ESF - Estratégia Saúde da Família

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

MS - Ministério da Saúde

NASF - Núcleo de Apoio à Saúde da Família

OMS – Organização Mundial da Saúde

WHO - World Health Organization

PAB - Política de Atenção Básica

PSF - Programa de Saúde da Família

R/E - Religiosidade/Espiritualidade

REIS - Religiosidade e Espiritualidade na Integralidade da Saúde (Grupo de

pesquisa)

SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica

SUS - Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16

2.1 Geral ................................................................................................................................. 16

2.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 16

3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 17

3.1 Integralidade na Atenção à Saúde ............................................................................ 17

3.2 Religiosidade/Espiritualidade na integralidade da saúde .................................... 22

3.3 Integralidade e NASF ................................................................................................... 27

4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 29

4.1 Referencial Teórico-Metodológico ............................................................................. 29

4.2 População e Amostra ................................................................................................... 31

4.3 Instrumentos para coleta de dados ........................................................................... 31

4.4 Coleta de dados ............................................................................................................. 32

4.5 Análise dos dados ......................................................................................................... 33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 65

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 68

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 79

APÊNDICE B ......................................................................................................................... 80

APÊNDICE C ......................................................................................................................... 81

ANEXO A ................................................................................................................................ 83

ANEXO B ................................................................................................................................ 85

ANEXO C ................................................................................................................................ 88

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1 INTRODUÇÃO

Na Constituição Federal de 1988, o estado brasileiro assumiu como

responsabilidade trabalhar para a redução das desigualdades sociais e regionais, a

promoção do bem-estar de todos e a construção de uma sociedade solidária sem

quaisquer formas de discriminação. Tais objetivos marcam o modo de conceber os

direitos de cidadania e os deveres do estado no País, entre os quais a saúde

(BRASIL, 2006a).

No texto constitucional, consta ainda que o Sistema Sanitário Brasileiro se

encontra comprometido com a integralidade da atenção à saúde, quando suas

ações e serviços são instados a trabalhar pela promoção, proteção e recuperação

da saúde com base na descentralização e na participação social (BRASIL, 2006a)..

Em 1994, o Ministério da Saúde (MS) criou o Programa de Saúde da Família

(PSF), posteriormente denominado Estratégia Saúde da Família (ESF), pela Portaria

648/06, demonstrando sinais em direção de uma concepção ampliada, apontada

para as especificidades loco-regionais, o trabalho intersetorial e a valorização dos

saberes e atuação interdisciplinar (BRASIL, 2006b).

Em 2006, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Promoção da

Saúde (PNPS) propondo ações que visam contribuir para limitar o adoecimento e

descongestionar o Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse documento, apresenta-se

o desafio de organizar estudos e pesquisas para identificação, análise e avaliação

de ações de promoção da saúde que operem em estratégias mais amplas das que

foram definidas em Ottawa (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1986) e que, ao

mesmo tempo, estejam alinhadas às diretrizes do SUS propostas pelo Ministério da

Saúde, a saber: integralidade, equidade, responsabilidade sanitária, mobilização e

participação social, intersetorialidade, direito à informação, educação, comunicação

e sustentabilidade. Apresenta o desafio de romper com a excessiva fragmentação

na abordagem do processo saúde-adoecimento e de reduzir a vulnerabilidade, os

riscos e os danos que nele se produzem (BRASIL, 2006a).

O Ministério da Saúde criou o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF),

mediante a Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008, para apoiar a ESF com o

objetivo de aumentar a resolutividade e a abrangência das ações da atenção básica,

a capacidade de resposta aos problemas da população, fortalecer o processo de

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territorialização, contribuir com a regionalização da atenção básica e promover a

integralidade do SUS (BRASIL, 2008).

No entanto, percebe-se um descompasso no direcionamento das ações que

se apresentam para fazer frente aos desafios atuais e também em relação aos

estudos que abordam os aspectos da integralidade em sua amplitude e

complexidade conceitual, principalmente, no que diz respeito ao enfoque da

espiritualidade na Atenção Básica. As pesquisas que abordam esta temática são

essenciais para o aprimoramento do conhecimento e do cuidado em saúde, quando

articulam, para este fim, a relação dos profissionais de saúde com outros aparelhos

sociais (ALMEIDA; CIOSAK 2013).

Assim, se apresenta a proposta de investigar a percepção de profissionais

que atuam no NASF quanto às implicações da dimensão da espiritualidade em uma

assistência à saúde que tem como princípio e desafio a perspectiva da

“integralidade” na Atenção à Saúde. Escolheu-se investigar os profissionais do

NASF por se tratar de uma equipe multiprofissional que dá suporte à equipe nuclear

da saúde da família desenvolvendo ações diferenciadas, mas que se

complementam.

Este estudo se insere em uma pesquisa conduzida pelo grupo de pesquisa

Religiosidade e Espiritualidade na Integralidade da Saúde (Grupo REIS) intitulada:

“Percepção dos profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família quanto à

assistência espiritual aos usuários” que tem como objetivo “analisar a percepção dos

profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família do distrito do Capão

Redondo quanto à importância da Religiosidade/Espiritualidade para a integralidade

da Atenção à Saúde” (APÊNDICE A).

Segundo Tomasso et al. (2011) há carência de instrumentalização entre os

profissionais de saúde para que possam detectar as carências espirituais e

prestarem uma assistência adequada aos usuários, respeitando suas crenças

individuais (BENKO; SILVA, 1996; LUCCHETTI et al., 2010; MOREIRA-ALMEIDA;

STROPA, 2012). Assim sendo, a pergunta que norteia esta pesquisa é: Qual é o

pensamento dos profissionais de saúde do NASF, de uma regional da ESF do

Capão Redondo, quanto à R/E para a integralidade da assistência à saúde?

Presume-se que não há um consenso entre os profissionais de saúde em

relação às definições dos termos “Religiosidade” e “Espiritualidade”, bem como,

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quanto a importância deste enfoque para a integralidade da atenção à saúde

(KOENIG, KING, CARSON, 2012).

No âmbito desta pesquisa se utiliza o termo “Religiosidade/Espiritualidade”

(R/E), entendendo que, embora religiosidade seja diferente de espiritualidade

conceitualmente, elas são utilizadas de forma similar na maioria das pesquisas que

abordam esta temática. Vale ressaltar que o uso do termo “R/E” foi cunhado por

Koenig (2012) ao reunir pesquisas que abordam tanto a religiosidade como a

espiritualidade. Por outro lado, este pesquisador considera mais apropriado o uso do

termo “religiosidade” devido a disponibilidade de instrumentos para medir essa

variável e associa-la aos desfechos de saúde..

As evidências da utilização da R/E como recurso potencializador da

Promoção de Saúde e também como minimizador de agravos à saúde e seus

determinantes tem levado os estudiosos a associar a R/E à estilos de vida saudáveis

(DALGALARRONDO, 2007; SCHUNEMANN, 2002; FRASER, 2003). O enfoque da

R/E durante a assistência prestada na Atenção Básica poderá contribuir para que o

acolhimento seja mais humanizado e o indivíduo visto na sua integralidade, e não

apenas como um “número ou doença”, podendo ajudar a melhorar a satisfação do

usuário e a eficácia do Sistema de Saúde Brasileiro.

Nesta perspectiva, evidencia-se a necessidade de pesquisas que considerem

a dimensão da espiritualidade, tendo como quadro de referência a integralidade do

ser humano no processo Saúde/Doença. Este projeto pretende inserir o tema da R/E

no âmbito da Promoção de Saúde envolvendo profissionais de saúde que defendam

com ousadia um estilo de vida saudável em que os aspectos físicos, mentais e

espirituais estejam incorporados, sem nenhuma fragmentação.

O SUS tem como um dos seus princípios fundamentais a integralidade que vê

o ser humano em suas inseparáveis dimensões biopsicossociais e desafia a

percepção dos profissionais e serviços de saúde a perseguir o propósito de

conceder ao cidadão o direito de acesso a todas as esferas de Atenção à Saúde,

incluindo a dimensão espiritual (BRASIL, 2015).

O distrito do Capão Redondo, enquanto cenário de atuação dos profissionais

de saúde, participantes deste estudo, destaca-se como uma das regiões com maior

incidência de violência da cidade de São Paulo. Tal condição retrata o impacto das

condições de saúde da população que apresenta um Índice de Desenvolvimento

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Humano – IDH de 0,782, considerado médio, mas que abriga grandes bolsões de

pobreza e uma população de alta vulnerabilidade social (SÃO PAULO, 2007).

Não foi encontrado no Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) o

registro da proporção da população atendida pelo PSF, nesse distrito, que professa

uma religião, no entanto, estima-se que a mesma seja correspondente à distribuição

brasileira que segundo o censo do IBGE (BRASIL, 2010) se mostra conforme Tabela

1.

Tabela 1- Porcentagem das religiões no Brasil, 2010.

Religiões no Brasil (2010)

Religião Porcentagem

Catolicismo romano 64,6

Protestantismo 22,2

Sem religião 8,0

Espiritismo 2,0

Outras religiões 3,2

Fonte- IBGE, 2010.

A relevância desta pesquisa se amplia ao vislumbrar a possibilidade da

contribuição da R/E para desfragmentação das ações que visam à promoção da

saúde na perspectiva da integralidade e assim melhorar a qualidade da assistência

prestada à população.

Ao buscar apreender o significado de “integralidade” na perspectiva de

profissionais de saúde da Atenção Básica e identificar as lacunas de conhecimento

quanto ao manejo das necessidades espirituais dos usuários, este estudo se

relaciona com a linha de pesquisa institucional: “Promoção da Saúde na família com

atenção à saúde mental e espiritual e educação para saúde”, visto que abarca

pesquisas que objetivam investigar os aspectos associados ao adoecimento e ao

fortalecimento de mecanismos potencializadores da saúde física mental e espiritual.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Conhecer a percepção de profissionais de saúde de um Núcleo de Apoio à

Saúde da Família do distrito do Capão Redondo quanto à importância da

Religiosidade/Espiritualidade para a integralidade da Atenção à Saúde.

2.2 Objetivos específicos

• Identificar a percepção dos profissionais Saúde sobre o significado da

integralidade na atenção à saúde.

• Apreender como os profissionais de saúde lidam com as necessidades

espirituais demonstradas pelos usuários.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Integralidade na Atenção à Saúde

O conceito de integralidade é um dos fundamentos que orientou a criação e

constitui um desafio para a consolidação do SUS. Princípio consagrado pela

constituição de 1988 que, se colocado em prática, poderá contribuir em muito para

garantir a qualidade de Atenção à Saúde.

No glossário temático sobre a promoção da saúde à integralidade é definida

como:

Princípio fundamental do Sistema Único de Saúde que abrange três dimensões: a abordagem integral do ser humano, visto em suas inseparáveis dimensões biopsicossociais; a ampliação da percepção dos profissionais e serviços de saúde na relação com os usuários para o acolhimento de suas histórias, condições de vida e necessidades em saúde; e o modo de organizar a atenção à saúde de forma a ampliar o acesso a todos os níveis de complexidade abrangendo ações de assistência, promoção, proteção e recuperação da saúde (BRASIL, 2012, p. 24).

O mesmo documento declara que:

Essa forma de organizar o sistema de saúde extrapola o âmbito dos serviços de saúde, com vista à formulação de políticas destinadas à produção da saúde tomada em seu sentido mais amplo. A integralidade é um dos princípios constitucionais do SUS que garante ao cidadão o direito de acesso a todas as esferas de atenção em saúde (BRASIL, 2012, p. 24).

O dicionário Aurélio online define integralidade como estado de uma coisa

inteira, completa: a integralidade de uma quantia. No campo da saúde, há diferentes

compreensões de integralidade.

A integralidade no conceito hebraico de saúde é traduzida pela

palavra “Shalem” que descreve, melhor que qualquer outro termo, a compreensão

hebraica do conceito de saúde total. O significado básico por traz da raiz “shlm” é

terminar ou completar algo, de entrar em um estado de integridade e unidade, de

participar de um relacionamento restaurado, perfeito, inteiro, completo. No

pensamento hebraico, saúde é entendida como sinônimo de integralidade. É estar

bem, sem conflito físico, mental e espiritual (HARRIS, 1998).

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Vilela e Mendes (2003) cita que a integralidade ou a ideia de um saber

unitário sempre existiu na história do pensamento. O mito para o homem pré-

histórico, o cosmo para os gregos, aceitação de um Deus criador na idade média.

Faz referência ao programa de ensino chamado “enkúklios paideia”, que tinha por

objetivo a formação da personalidade integral. Este conceito se manteve até meados

do século XVII, quando Descartes inaugura o pensamento moderno propondo o uso

disciplinado da razão, conhecido como modelo cartesiano. Esse modelo era

adequado para atender às necessidades da industrialização, que necessitava de

especialistas para enfrentar problemas emergentes que tinham objetivos

específicos.

Insatisfeito com a fragmentação do conhecimento nasce na Europa,

principalmente na França e Itália, em meados da década de 1960, o movimento da

interdisciplinaridade como oposição a todo conhecimento que privilegia certas

ciências, buscando a integralidade do conhecimento (FAZENDA, 2000).

A integralidade foi prioridade no Movimento de Reforma Sanitária desde

meados de 1980, nas lutas que culminaram com a Constituição de 1988. Uma série

de políticas foi formulada e estabelecida ao longo dos anos para responder às

demandas e necessidades da população em seus diversos níveis e complexidade,

entre elas a Política de Atenção Básica (PAB), na qual se destaca a Estratégia

Saúde da Família (ESF), que tem a intenção de superar o modelo biomédico por

meio da incorporação de novas práticas assistenciais e promovam maior interação e

respeito entre profissionais e usuários. A integralidade tem sido considerado, dentre

os princípios do SUS, o menos visível e talvez, o maior desafio da saúde no Brasil e

o mais negligenciado, portanto a sua discussão é uma necessidade que desafia os

que trabalham visando à promoção da saúde (LINARD et al., 2011).

Para Pinho et al. (2006), o modo de atender deve basear-se na integralidade,

ver o homem como ser indivisível, que não pode ser explicado, nem avaliado

separadamente por seus aspectos físicos, psicológicos e sociais, e sugerem que a

Integralidade seja algo como um ideal de objetividade para a investigação científica.

Em uma pesquisa realizada por Santana et al. (2010) com docentes de três

instituições de ensino superior, por meio de entrevistas e análise documental de

planos de ensino, com o objetivo de analisar as concepções de integralidade do

cuidado presentes nos discursos dos docentes e as estratégias utilizadas para a

apreensão da integralidade pelos discentes, surgiram três categorias: “Integralidade

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do cuidado – do singular ao global”; “Integralidade do cuidado - os caminhos para o

SUS” e “Integralidade do cuidado - estratégias para a ensinagem”.

Na pesquisa realizada por Linard et al. (2011), já citado, os profissionais

envolvidos divergem quanto à definição do conceito de Integralidade,

compreendendo como holismo, lei orgânica de saúde, interdisciplinaridade e outras

compreensões. Esses autores destacam as implicações de um “ensino integral” que

poderá favorecer a visão e a prática da integralidade, sugerindo que os profissionais

necessitam de ferramentas para que possam trabalhar de modo a aplicar a

transdisciplinaridade no seu cotidiano. Ressaltam ainda que é necessária mais

discussão sobre o tema “Integralidade” para uma compreensão e aplicação do

conceito na prática. Também apresentam a Integralidade como o princípio mais

negligenciado. O maior desafio no campo da saúde no Brasil.

Analisando as inquietações e constantes mudanças do Mundo

contemporâneo, Minayo (2011) declara que o contínuo crescimento científico sobre

origem, o funcionamento e a evolução do universo e da vida oferecem conceitos e

práticas que influenciam cada vez mais a conduta humana e sua visão do futuro.

Vocábulos e teorias vão sendo incorporados em diversas áreas, inclusive na área da

saúde, entre estes a “integralidade”, interdisciplinaridade, multidisciplinaridade,

interprofissionalidade, interrelações, multiprofissionalidade, transdisciplinaridade,

interinstitucionalidade, internacionalização e muitos outros.

A interdisciplinaridade tem sido apresentada como uma alternativa promissora

para o enfrentamento dos desafios no mundo atual, incluindo os da área da saúde.

Segundo Santomé (1998), a interdisciplinaridade é fundamentalmente um processo

e uma filosofia de trabalho que entra em ação na hora de enfrentar os problemas e

questões que preocupam cada sociedade. Erich Jantsch (apud LAVAQUI; BATISTA,

2007 p. 400) apresenta definições de termos correlatos para as modalidades ou

níveis de interdisciplinaridade:

Multidisciplina: justaposição de disciplinas diversas com a intenção de esclarecer os seus elementos comuns, mas desprovidas de relação aparente entre elas; Pluridisciplina: justaposição de disciplinas, mais ou menos vizinhas, nos domínios do conhecimento, visando à melhoria das relações entre elas; Disciplinaridade cruzada: abordagem baseada em posturas de

força, em que a possibilidade de comunicação está desequilibrada, pois uma das disciplinas predomina sobre as outras;

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Interdisciplinaridade: interação existente entre duas ou mais disciplinas, em contexto de estudo de âmbito mais coletivo, no qual cada uma das disciplinas em contato é, por sua vez, modificada e passa a depender claramente uma(s) da(s) outra(s). Resulta em enriquecimento recíproco e na transformação de suas metodologias de pesquisa e conceitos; Transdisciplinaridade: é o nível superior da interdisciplinaridade, em que desaparecem os limites entre as diversas disciplinas; a cooperação é tal que se fala no aparecimento de uma nova macrodisciplina.

A análise do significado destes vocábulos amplia o conceito de integralidade,

que não pode prescindir de nenhum deles, pois quando bem compreendidos

evidenciam o imbricamento existente entre os mesmos.

Minayo (2011) acredita que a interdisciplinaridade é também um olhar

complexo, perspectivista e aberto que permite compreender o sujeito em sua

realidade global. E que qualquer esforço de integração entre ciências e práticas é

bem-vindo para ampliar e aprofundar o conhecimento dos objetos. E, diante das

incertezas da ciência tradicional, essa integração necessita ser cada vez mais

entendida mediante os conceitos das teorias complexas, entendendo que há um

caminho longo a ser percorrido tanto no desenvolvimento da ciência como em

relação à colaboração entre elas.

Os princípios do cartesianismo com a separação/disjunção e redução dos

fenômenos complexos promoveram o crescimento do conhecimento, mas criaram

problemas e desafios como a hiperespecialização. Klein (1996) cita o avanço dos

campos de conhecimento da ciência que de sete campos em 1300 passou a 54, em

1950, e chegou a 8.530, em 1987.

Edgard Morin (2003, p.51) faz a crítica da visão cartesiana no mundo e

incentiva a uma nova maneira de olhar, pesquisar e atuar diante da realidade por

aqueles que trabalham com as ciências sociais e humanas e a chama de

“inteligência cega”, pois, segundo ele, ela é: parcelada, compartimentalizada,

mecanicista, disjuntiva, reducionista, que fragmenta a complexidade do mundo e

unidimensionaliza o multidimensional.

Tem avançado nos últimos anos a utilização da teoria da complexidade na

busca da compreensão de fenômenos organizacionais. O pensamento complexo de

Morin (2005) aspira ao conhecimento multidimensional e mais abrangente que a

trandisciplinaridade, mas acredita que o conhecimento completo é impossível. Há

uma inquietude no pensamento complexo que é a oposição entre a aspiração de um

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conhecimento não fragmentado, não compartimentado, não redutor, e o

reconhecimento do inacabado e da incompletude de qualquer conhecimento.

Apresenta-se como o desafio a enfrentar.

O desejo de Morin (2003) era sensibilizar para as enormes carências do

pensamento e promover a compreenção de que um pensamento mutilador conduz

necessariamente a ações mutilantes. Apresenta, ainda, a necessidade de aceitar o

desconhecido, acolher o inesperado, o imprevisível. Sugere que para integrar as

liberdades e desordens que podem trazer adaptabilidade e a inventividade, mas

também a fragmentação e a morte, precisa-se de verdadeira solidariedade, pois,

segundo Morin, é a única coisa que permite o incremento de complexidade. Com a

visão da complexidade, vê-se que todos os setores são interdependentes. Planos e

programas de saúde devem ser transetoriais, fazendo parte de planos do governo

com apoio da sociedade civil.

Assim, a integralidade enquanto princípio do SUS engloba aspectos da

assistência à saúde que esbarram em práticas sistematizadas e conceitos amplos,

porém “imprecisos”, que carecem de uma reflexão mais aprofundada sobre outras

dimensões que impactam em sua efetividade, como por exemplo, a

Religiosidade/Espiritualidade. WANDERLEY (2013) apresenta como desafio da

transdisciplinaridade o desenvolvimento de uma civilização em escala planetária,

que promova o diálogo e que seja aberta para a singularidade e inteireza do ser, que

reconheça e promova a integração entre os múltiplos níveis da realidade, entre eles

as experiências espirituais.

De acordo com Chaves (1998) o pensamento complexo deve nos conduz no

sentido do melhoramento e transformação da realidade, religando cada sistema com

os demais promovendo uma permanente interação. A partir da ideia de um

holograma, procura uma forma de representar no plano o que seria uma figura

tridimensional, um agregado de sistemas complexos, formando um sistema maior e

então, um meta-sistema, como ilustra a imagem a seguir.

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FONTE: CHAVES, 1998

Para Riberio et al. (2014) o NASF, por ter em sua estrutura profissionais de

várias áreas do conhecimento, pode contribuir para o aprendizado coletivo, capacitar

para o autocuidado através de reuniões, atendimentos compartilhados, articulados

com a ESF em que está cadastrado. Para esse autor, a atenção básica é um espaço

que permite maior interdisciplinaridade, proporcionando conhecimento, promoção e

inserção de outras especialidades ou outros setores que até então não faziam parte

da mesma.

3.2 Religiosidade/Espiritualidade na integralidade da saúde

Para que a promoção da saúde seja efetiva torna-se imprescindível a inclusão

de crenças e práticas religiosas individuais e coletivas ao se considerar a definição

de saúde. Essa dimensão do conceito de saúde vem ganhando espaço e significado

na medida em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) assume a inclusão do

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tema “espiritualidade” em documentos oficiais que visam investigar os parâmetros

da qualidade de vida, como é observado nos instrumentos WHOQOL- Bref e o

WHOQOL-SRPB (PANZINI et al., 2011; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2002).

Estudos têm demonstrado maior relação entre R/E e saúde mental, incluindo

menor prevalência de depressão, menor tempo de remissão de depressão após o

tratamento, menor prevalência de ansiedade e menor taxa de suicídio. Também

demonstram uma relação da espiritualidade com melhor qualidade de vida e bem-

estar geral; menores índices de hipertensão e de mortalidade; e fortalecimento do

sistema imunológico (LUCCHETTI et al., 2011; KOENIG, 2012).

Mesquita et al. (2013) apresenta resultados de uma pesquisa quantitativa de

corte transversal com 101 pacientes oncológicos. O estudo indica que a maioria dos

pacientes gostaria que seus médicos abordassem questões relacionadas à sua

religiosidade e espiritualidade, durante o atendimento. Neste estudo, constataram

que 93% dos pacientes consideravam importante a abordagem das necessidades

espirituais como forma de auxiliar o enfrentamento da doença; 80% manifestaram o

interesse de receber cuidados no âmbito espiritual; e apenas 16% dos entrevistados

reconheceram haver recebido algum tipo de apoio espiritual durante o tratamento.

Segundo pesquisa do IBGE (BRASIL, 2010), apenas 8,0% da população

brasileira se diz sem religião. Esse dado é significativo, pois aponta um percentual

elevado de indivíduos que declaram um vínculo religioso, evidenciando que os

profissionais de saúde não podem ignorar este aspecto quando o paciente

apresenta alguma doença e contingencialmente precisa se submeter aos cuidados

desses profissionais.

Larson e witham (1997), em uma pesquisa na qual mil pessoas foram

escolhidas aleatoriamente da lista de cientistas apresentada no dicionário biográfico

American Men and Women of Science e questionadas sobre sua crença em Deus,

constataram que cerca de 40% criam no tipo de Deus que responde às orações.

Notável que o resultado foi semelhante a outra pesquisa realizada 80 anos antes.

Com base nessa pesquisa, se observa que a crença individual dos cientistas

se manteve inalterada em quase um século. Período que foi caracterizado por

grandes mudanças. Mesmo com o aumento das descobertas científicas e do

conhecimento, os cientistas estão mantendo sua fé, podemos acreditar que a

religião ortodoxa não mais está desaparecendo entre aqueles considerados a elite

intelectual do que entre o público em geral. A ciência não está satisfazendo todas as

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necessidades humanas. Os resultados desta pesquisa também indicam que, embora

a ciência e a religião muitas vezes sejam descritas como antagonistas

irreconciliáveis, cada um pretendente ao título de senhor da verdade, muitos

cientistas não vêem contradição entre a busca de compreender as leis da natureza e

uma crença em uma divindade superior (LARSON; WITHAM, 1997).

O tema da espiritualidade passou a ser abordado na maior parte das

universidades norte-americanas. Enquanto em 1993 eram apenas cinco, em 15 anos

subiu para mais de 100 o número de escolas médicas americanas que

incorporaram, em seus currículos alguma disciplina relacionada à religiosidade e/ou

espiritualidade. Seguindo este movimento, 59% das escolas médicas britânicas e

90% das escolas americanas já possuem disciplinas relacionadas à espiritualidade

(LUCCHETTI et al., 2011).

No entanto, em outras partes do mundo, como o Brasil, ainda há poucos

estudos sobre o ensino da R/E em escolas médicas. Em outro estudo, realizado com

os diretores das escolas de medicina do Brasil a fim de investigar a situação do

ensino de R/E nas escolas medicas brasileiras, concluíram que poucas têm cursos

que tratam especificamente da relação espiritualidade e saúde e cerca de 40%

apresentam o tema de alguma forma. Mas, a maioria do ensino não é padronizada e

poucas escolas oferecem oportunidades para os alunos praticarem o que aprendem

sobre este tema. Porém, é animador que 54% dos diretores médicos disseram

acreditar que espiritualidade/saúde é um aspecto importante do atendimento ao

paciente que os alunos devem compreender (LUCCHETTI et al., 2012a).

Estudiosos que abordam a temática da Promoção da Saúde consideram

imprescindível o esclarecimento do conceito de saúde. Esse conceito tem sido

objeto de amplas discussões, e partem da premissa de que saúde não se restringe

apenas ao “completo bem-estar físico, mental e social”, tampouco pode ser

entendida simplesmente como “algo” descolado do contexto de vida das pessoas,

devendo incluir, portanto, no seu escopo, também as crenças e práticas religiosas

individuais e coletivas (DALMOLIN et al., 2011; SANTOS et al., 2013).

Miller (1998) e Sullivam (1993) definem religiosidade como sendo a

representação de uma crença e práticas fundamentadas em uma religião, enquanto

a espiritualidade é entendida como uma característica individual que determina a

ligação do indivíduo com o Universo e com os outros Seres Humanos, podendo ou

não estar relacionada à crença em um “Deus”. Koenig, (2012) resume esses

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conceitos definindo a religiosidade como a prática de uma religião e espiritualidade

como uma relação do indivíduo com o sagrado.

Outro estudo que merece destaque foi desenvolvido por Panzini et al. (2011)

e objetivou a validação conjunta dos instrumentos, a escala “CRE- Breve”, o

WHOQOL- Bref e o WHOQOL-SRPB, utilizados para pesquisas que investigam a

dimensão da espiritualidade no contexto da qualidade de vida, Segundo esses

pesquisadores, independentemente de frequentarem ou não encontros religiosos,

76% dos sujeitos participantes descreveram a religião como "bastante" ou

"muitíssimo" importante e 70,8% consideraram importantíssimo o papel da R/E no

enfrentamento de situações estressantes.

Por outro lado, a R/E não tem sido considerada nos estudos enquanto

dimensão integrante do conceito ampliado de saúde e representa um campo

sensível, tanto para pacientes quanto para cuidadores da saúde. Portanto,

recomenda-se cautela na abordagem aos profissionais que lidarão com a R/E dos

pacientes, particularmente, no que diz respeito em como aplicar as evidências

científicas encontradas no cuidado integral ao paciente (KOENIG, 2012).

Moreira-Almeida e Stroppa (2012) resgatam vários estudos sobre as

evidências científicas do emprego da R/E no “cuidado clínico especializado”

oferecido a doentes com transtornos psiquiátricos, implicando diretamente na

prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos mesmos. Ressaltam que o

preparo dos profissionais de saúde é uma necessidade prioritária perante a

demanda evidenciada no cotidiano do trabalho nos diversos níveis da Atenção à

Saúde. Esses autores argumentam com propriedade sobre a importância de um

treinamento adequado nessa direção, alertando que, além do risco de se ignorar

essa dimensão, o profissional pode, inadvertidamente, fazê-lo de forma a

desqualificar a crença dos pacientes ou, ainda, sutil ou intencionalmente tentar impor

a sua própria ideologia religiosa.

A religião e a espiritualidade, quando entendidas como “busca por algo

superior”, estão intrínsecas no ser humano e podem ser consideradas um capital

social que deve ser potencializado para a promoção da saúde integral do indivíduo e

da comunidade. Assim, a noção do conceito de saúde é ampliada para além dos

aspectos físico, mental e social que têm fundamentado as práticas de saúde nos

diversos cenários. Portanto, deve-se dar atenção a esses aspectos no preparo dos

profissionais de saúde, nas práticas assistenciais e no planejamento organizacional.

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Gussi e Ditz (2008, p.382) declaram que “esta conformação está tão imbricada na

memória coletiva que, mesmo com a expansão de instituições de saúde que não se

declaram religiosas, os pressupostos ligados à espiritualidade se mantêm presentes

e com vitalidade”.

Cortez (2009) fortalece o pensamento dos autores acima quando apresenta a

importância da adição destes temas na formação do enfermeiro visando ao

fortalecimento do princípio da integralidade do cuidado.

Murakami e Campos (2012) defende a capacitação dos profissionais nesta

direção para que possam integrar a espiritualidade na prática clínica, argumentando

que é necessário o reconhecimento, por parte dos profissionais, desta dimensão

como componente essencial da saúde.

Peres et al (2007), em uma revisão de literatura das publicações indexadas

pelo Medline com objetivo de descrever estratégias atuais de abordagem de

pacientes com dores crônicas, baseadas na literatura científica, enfatizando medidas

relacionadas à R/E, apresenta associação positiva entre R/E e melhora em variáveis

e marcadores de doenças crônicas. Portanto, conclui que é importante que os

profissionais da área de saúde reconheçam que a R/E é um fator que pode contribuir

para a saúde e a qualidade de vida do paciente. Esse conceito é encontrado em

todas as culturas e sociedades.

Faz parte das diretrizes do NASF a elaboração de projetos terapêuticos com

ações multiprofissionais e transdiciplinares (BRASIL, 2011). A prece, a oração, a

elevação ao sagrado podem ser mais uma ferramenta a ser utilizada pelos

profissionais de saúde. Em revisão de literatura em língua portuguesa feita

recentemente, a oração é apontada como um dos métodos de “coping” mais

utilizados pelos pacientes no processo saúde-doença (ESPERANDIO, 2014a).

Entre os objetivos específicos da Política Nacional de Promoção da Saúde

(PNPS) se apresenta o de “promover o entendimento da concepção ampliada de

saúde, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades-meio como os da

atividades-fim” (BRASIL, 2006a, p. 19). Ao buscar a representação dos profissionais

de saúde do NASF sobre integralidade e investigar os aspectos da R/E que

poderiam ser implementados na Atenção Básica como estratégia para melhorar a

qualidade da assistência e a efetividade das ações de Promoção da Saúde, esta

pesquisa propõe um passo importante para se refletir sobre a integralidade da

Atenção à Saúde e ampliar do conceito de saúde.

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3.3 Integralidade e NASF

No Caderno de Atenção Básica sobre as diretrizes do NASF, as principais

responsabilidades desse núcleo são: atuar e reforçar a ação interdisciplinar e

intersetorial; promover a educação permanente em saúde dos profissionais e da

população; integralidade; participação social; promoção da saúde; e a humanização

da assistência (BRASIL, 2009).

A integralidade, como já visto, é um dos pilares do SUS e se apresenta como

o principal desafio para as equipes do NASF. Podendo, neste contexto, ser

compreendida como a abordagem integral do indivíduo, considerando o meio em

que vive, sua família e cultura; ações integradas para prevenção, reabilitação e cura;

a organização do sistema para que a população tenha acesso a toda a rede de

atenção à saúde. As equipes do NASF, atuando em conjunto com as Equipes de

Saúde da Família, devem fomentar a integralidade, assim como a resolutividade, a

qualidade do cuidado e práticas de promoção de saúde, acompanhando e

monitorando em seus diversos aspectos (BRASIL, 2009).

A Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, apresenta a relação dos

profissionais que poderão integrar a equipe do NASF, são eles: médico

acupunturista; assistente social; educador físico; farmacêutico; fisioterapeuta;

fonoaudiólogo; médico ginecologista/obstetra; médico homeopata; nutricionista;

médico pediatra; psicólogo; médico psiquiatra; terapeuta ocupacional; médico

geriatra; médico internista; médico do trabalho; médico veterinário; arte educador; e

sanitarista (BRASIL, 2011).

As políticas públicas de saúde e sua estruturação devem ocorrer de acordo

com as demandas da população, adequando-se às necessidades dos usuários e

buscando incorporar novas possibilidades de atenção que sejam apropriadas à

realidade local (BRASIL, 2014).

Para Araujo e Galimbertti (2013), a colaboração interprofissional tem

contribuído para o cuidado de saúde mais qualificado, ampliado e efetivo. O estudo

desta temática tem crescido nas últimas décadas, tanto pelo aumento da

complexidade quanto para melhor compreensão dos determinantes do processo

saúde-doença. Esta tendência tem incentivado a incorporação de novas áreas e

funções ao sistema e promovido o desenvolvimento do cuidado compartilhado. No

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entanto, muitos ainda continuam com uma visão de trabalho individualizado e pouco

integrado.

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4. METODOLOGIA

4.1 Referencial Teórico-Metodológico

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, desenvolvido em abordagem

qualiquantitativa, utilizando a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) e

embasado na Teoria da Representação Social.

Segundo Gil (2010), os estudos descritivos objetivam descrever as

características de determinada população ou identificar possíveis relações entre

variáveis, enquanto que os estudos exploratórios têm como objetivo tornar o

problema mais claro ou sugerir hipóteses, considerando os mais variados aspectos

relativos ao fato ou fenômeno estudado. Podem ser conduzidos por meio de

levantamento bibliográfico e/ou entrevistas com pessoas que têm ou tiveram

experiência prática sobre o problema estudado.

De acordo com Minayo (2008, p.57), as pesquisas qualitativas se aplicam às

representações, crenças, opiniões e interpretações dos modos de vida, de

relacionamentos e sentimentos de pessoas e grupos. Caracteriza-se pela

“sistematização progressiva do conhecimento até a compreensão da lógica interna

do grupo ou do processo em estudo”. Preocupa-se em conhecer as

intencionalidades e o significado da realidade em um nível que não pode ser

quantificado. Por outro lado, as pesquisas quantitativas se fundamentam em

princípios clássicos e são estruturadas em dados objetivos, precisos e passíveis de

generalizações. Esta autora argumenta que não há oposição entre os dados

qualitativos e quantitativos, e sim uma complementaridade, uma vez que a realidade

abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia.

O DSC é uma estratégia metodológica que integra técnicas de coleta e

análise de dados de natureza predominantemente qualitativa, mas pode abranger

também os aspectos quantitativos. Essa técnica foi desenvolvida para apreender as

percepções coletivas representativas em um determinado contexto e tem sido

aplicada em pesquisas na área da saúde, educação e comunicação. A Teoria da

Representação Social é um dos referenciais que melhor se aplica às pesquisas que

utilizam DSC (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2006).

Após as entrevistas, os discursos transcritos submetidos à técnica de análise

do DSC contam com o apoio do software Qualiquantsoft de Lefèvre e Lefèvre (SPI,

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2004), que possibilita a apresentação e representação quantitativa do universo

pesquisado, a partir do número de Expressões-Chave (ECH) que se somam na

apresentação de um discurso-síntese elaborado com partes de vários discursos de

sentidos semelhantes (LEFÈVRE E LEFÈVRE, 2003).

O DSC é uma técnica de tratamento de dados que preserva a discursividade

do pensamento coletivo por meio de um conjunto de procedimentos metodológicos

que visa organizar as representações de indivíduos de um grupo ou comunidade

(LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003).

Para a elaboração dos DSCs, os depoimentos literais são submetidos a

procedimentos analíticos que buscam identificar as ECH, consideradas como parte

do depoimento que revelam a essência do conteúdo discursivo, respondendo ao que

foi perguntado para alcançar os objetivos propostos pela pesquisa. A seguir,

reúnem-se as ECH cuja temática gira em torno da mesma Ideia Central (IC) para

então juntá-las construindo um discurso que, embora redigido na primeira pessoa do

singular, representa a opinião de vários sujeitos como se fosse o discurso de apenas

um indivíduo respondendo aos pressupostos da pesquisa.

A IC é uma descrição sintética e fidedigna de um depoimento ou de um

conjunto de depoimentos, de modo a traduzir o seu significado como se fosse uma

categoria. Para identificar e nomear uma IC de um conjunto de depoimentos, deve-

se examinar as ECH presentes em cada um deles. Para a construção do DSC, é

preciso aproveitar todas as “peças” como se fosse a montagem de um “quebra-

cabeça”, ou seja, todas as ideias significativas, presentes nos depoimentos,

precisam aparecer para que a figura fique completa (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003).

Por se tratar de uma pesquisa qualiquatitativa a representatividade deve ser

considerada ao analisar os DSC obtidos. A utilização do software “qualiquantsoft”

favorece este tipo de análise, facilitando o trabalho do pesquisador (SPI, 2004).

Faculta ainda a visualização dessa análise em gráficos e tabelas para melhor

apreensão dos resultados, definindo quantitativamente o caráter coletivo do

pensamento do grupo pesquisado.

A técnica de análise do DSC (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003), aliada à teoria da

Representação Social possibilita uma compreensão mais abrangente da realidade

por permitir a expressão de crenças e valores que influenciam comportamentos e

atitudes e de alguma forma são determinantes da realidade que está sendo

pesquisada (MINAYO, 2008).

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A teoria da Representação Social parte da linguagem do senso comum

tomado como um campo de conhecimento e de interação social. Particularmente,

quando se trata da comunicação da vida cotidiana, as palavras são dotadas de

ideologias e estão envoltas por tramas e relações sociais em todos os domínios e

áreas do conhecimento. Os sujeitos sociais interagem de acordo com o senso

comum ao grupo. Cada sujeito analisa e entende a realidade de acordo com sua

visão, mas desenvolve a sua vida naquela sociedade sob grande influência do

conhecimento consensual. O senso comum é ao mesmo tempo transformador e

resistente à mudança, e estes dois aspectos paradoxais são sistemas empíricos e

observáveis (MINAYO, 2008).

Para essa autora:

As Representações Sociais manifestam-se em falas, atitudes e condutas que se institucionalizam e se rotinizam, portanto podem e devem ser analisadas. Mesmo sabendo que o senso comum traduz um pensamento fragmentário e se limita a certos aspectos da experiência existencial frequentemente contraditória, ele possui graus diversos de claridade e nitidez em relação à realidade (MINAYO 2008, p.236).

A Teoria da Representação Social é defendida por Moscovici (2003) e Spink

(1993) como adequada para apreender o significado de conteúdos de discursos que

se expressam através de símbolos construídos e interpretados por indivíduos

vivendo a mesma realidade. Os símbolos são expressos através da fala, nos

encontros entre os sujeitos, para dar sentido e forma às circunstâncias partilhadas.

4.2 População e Amostra

Trata-se de uma amostra de conveniência e de adesão espontânea, pois

foram convidados a participar do estudo todos os profissionais de saúde do NASF

de uma regional da ESF do distrito do Capão Redondo. A população era composta

por 46 profissionais, sendo que 29 aceitaram participar da pesquisa.

4.3 Instrumentos para coleta de dados

Inicialmente foi entregue aos profissionais um questionário semiestruturado

contendo questões relacionadas aos dados sociodemográficos: idade, sexo, raça,

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escolaridade, religião, há quanto tempo é formado, escola em que se formou, se

teve algum enfoque durante a graduação ou se já participou de algum evento sobre

Religiosidade/Espiritualidade na Atenção à Saúde. Após responderem ao

questionário, os participantes foram entrevistados utilizando as seguintes questões

norteadoras: “O que você entende por integralidade na Atenção à Saúde?”; “Qual o

papel da religiosidade/espiritualidade na integralidade da prática assistencial?”;

“Você acredita que religiosidade/espiritualidade pode contribuir para a promoção da

integralidade?”; e “Se sim, poderia dar alguma sugestão de como isso aconteceria

na atenção à saúde?” (APÊNDICE B). Estas questões foram submetidas a um pré-

teste para adequação aos objetivos propostos na pesquisa que serviram de base

para este estudo.

4.4 Coleta de dados

Os profissionais de saúde do NASF que aceitaram participar da pesquisa e

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C) foram

entrevistados individualmente, em horário e local conveniente a cada um, entre os

meses de Junho a agosto 2014. As entrevistas foram gravadas e transcritas para

processamento da análise dos dados.

Como já referido, este estudo faz parte da pesquisa “Percepção dos

profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família quanto à assistência

espiritual aos usuários” (APÊNDICE A) e foi autorizado pela unidade administrativa

da ESF do Capão Redondo (ANEXO A), pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Centro Universitário Adventista de São Paulo – CEP/UNASP, em 16/06/2014,

(ANEXO B) e pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Secretaria Municipal da Saúde

de São Paulo CEP/SMS, em 03/10/2014 (ANEXO C).

As recomendações da Resolução 466/12 divulgada em junho de 2013 pelo

Ministério da Saúde (MS) que dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos

(BRASIL, 2013) foram todas acatadas. Os sujeitos da pesquisa foram esclarecidos

sobre riscos e benefícios, liberdade de participar ou não do estudo, possibilidade de

retirar sua participação a qualquer momento sem prejuízo pessoal e/ou

organizacional e garantia de anonimato enquanto participante da pesquisa. Foram

solicitados o preenchimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APÊNDICE B) para só então proceder à coleta de dados.

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33

4.5 Análise dos dados

Decidiu-se tabular os depoimentos de todos os entrevistados em conjunto,

visto que não se observou diferenças entre as representações sociais presentes no

conteúdo discursivo apresentado pelas diferentes categorias profissionais que

compunham o grupo.

As opiniões, sentimentos e atitudes referentes ao tema

“Religiosidade/Espiritualidade na Integralidade da Saúde” presente nos discursos

desses profissionais de saúde foram submetidos à análise por meio da técnica do

DSC, sugerida por Lefevre e Lefevre (2003) e utilizada por vários autores, dentre

estes Gravina (2005), Figueira (2003) e Santelle et al. (2007).

As entrevistas foram transcritas de forma literal e, em seguida, as respostas

de cada pergunta foram agrupadas, isto é, juntou-se no mesmo bloco todas as

respostas da questão um; em outro bloco todas as respostas da questão dois; e

assim sucessivamente. Na sequência foi feita uma leitura flutuante para se identificar

as categorias de respostas.

A técnica consistiu em selecionar da cada resposta individual, as ECH, que

são os trechos mais significativos dos depoimentos e que de fato respondiam às

perguntas, pois na maioria das vezes os respondentes divagam nas suas falas e

dizem coisas desnecessárias, fugindo do objetivo da pergunta.

Em seguida, todas as ECH que apresentavam um conteúdo discursivo

semelhante foram agrupadas em categorias, identificadas como Ideia Central. Com

a “soma qualitativa” das ECH, foram construídos discursos-síntese, na primeira

pessoa do singular, com um número variado de participantes. Ressaltando que no

DSC o pensamento de um grupo ou coletividade aparece como se fosse um

discurso individual (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2003).

A análise dos dados foi realizada à luz das Representações Sociais sobre o

tema pesquisado de onde emergiram do conjunto de DSC, obtidos no contexto do

grupo e relacionados com os motivos implícitos e explícitos em suas falas, bem

como à realidade que vivenciam e como são influenciados pelas práticas que vão

sendo sedimentadas no cotidiano (JODELET, 2001).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo incluiu 29 participantes, de ambos os sexos, 20 mulheres e nove

homens, com idade entre 25 e 53 anos, sendo nove fisioterapeutas, quatro

nutricionistas, um assistente social, um médico, dois fonoaudiólogos, quatro

terapeutas ocupacionais, um educador físico, quatro psicólogos e três que não

registraram no impresso do questionário sociodemográfico a sua categoria

profissional.

Esses indivíduos são profissionais de saúde que atuam no NASF de uma

unidade administrativa da Estratégia Saúde da Família localizada na zona sul do

município de São Paulo. Para melhor caracterização da amostra foi perguntado aos

participantes se durante o processo formativo houve algum enfoque relativo à R/E e

sua aplicação na assistência à saúde. Perguntou-se também se havia sido oferecido

algum treinamento no local de trabalho e se haviam participado. O percentual dos

que responderam afirmativamente se apresenta na Figura 1.

Figura 1 – Profissionais do NASF Capão Redondo segundo enfoque espiritual, treinamento e participação (%)

Fonte - Dados primários. São Paulo, 2016.

58,6 58,6

48,3

0

10

20

30

40

50

60

70

NASF (n=29)

Teve enfoque Treinamento oferecido Participação no treinamento

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Considerou-se importante também conhecer a representação dos

participantes quanto à filiação religiosa que se apresenta na Figura 2, destacando

que, dos que afirmaram professar uma religião, 25 se dizem praticantes.

Figura 2 – Profissionais do NASF Capão Redondo segundo a religião

Fonte - Dados primários. São Paulo, 2016.

Visando ao alcance dos objetivos propostos, a análise dos depoimentos

possibilitou a composição de vários Discursos do Sujeito Coletivo (DSC)

representativos das Ideias Centrais (IC) abstraídas das Expressões-Chave (ECH)

destacadas das falas de cada participante.

Análise da questão 1 - O que você entende por “integralidade” na Atenção à

Saúde?

A análise das respostas da primeira questão identificou três IC, relacionadas

a: ver e entender o ser humano de forma integral; cuidar de forma integral e

trabalhar em equipe multiprofissional para dar um atendimento integral ao cliente.

A soma das ECH de cada IC, isto é, a parte dos depoimentos que respondem

à pergunta um, foi organizada em três Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) que são

apresentados a seguir (Figura 3):

2

23

11

2

Religião

Católicos Protestantes Sem religião Espíritas Outras religiões

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Figura 3 – Representação das ideias centrais da primeira pergunta

Fonte - Dados primários. São Paulo, 2016.

IC A - É ver e entender o ser humano de forma integral. IC B - É cuidar do paciente de forma integral. IC C - É trabalhar como equipe e promover a saúde.

Ideia Central A – É ver e entender o ser humano de forma integral (13 ECH)

DSC 1- Eu entendo que a integralidade é olhar o ser humano como

um todo além da doença, além dos sintomas, olhar em todos os aspectos da vida, né?, como o espaço que ele vive, não só aquela questão que ele traz para gente. É tentar enxergar o ser humano de forma integral, entender todos os aspectos da vida dele, da saúde, do lazer, do convívio com a família, da educação, e a questão da espiritualidade também, em todos os sentidos da vida desse usuário, desse paciente. Integralidade também é ver a pessoa não somente como um indivíduo doente, mas olhar ele como um todo, entender o que se passa na vida dele, seus anseios, suas angústias muitas vezes. Olhar para todos os ângulos, desde o aspecto físico, o aspecto mental e o aspecto espiritual, o religioso. Então é pelo todo mesmo, do bem-estar completo. Tem muito a ver com a gente observar o ser humano como um todo, e não só no segmento específico que ele refere o problema ou a dor, ver o paciente numa visão holística, não como uma patologia, não só o aspecto da doença, mas olhar os aspectos físico, mental, social e espiritual também. É ver o indivíduo como membro da comunidade de uma família, isso para mim é integralidade. Ah, eu acho que tudo que a gente faz tem que estar integral e 100%, né?

45%

27%

17%

0

2

4

6

8

10

12

14

O que você entende por "integralidade" na Atenção à Saúde?

Ideia Central A Ideia Central B Ideia Central C

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Cursino et al. (2014), ao analisar na perspectiva de docentes se o ensino

incorpora o princípio da integralidade na formação de enfermeiros, concluíram que

apesar da compreensão ampliada do processo saúde-doença que ajuda enxergar a

indivíduo inserido em família e comunidade, o ensino ainda é fragmentado, com a

teoria dissociada da prática. Os docentes entrevistados entendiam integralidade

como olhar para além dos aspectos biológicos e que os determinantes sociais

deveriam ser considerados, mas que na prática não percebiam a integração entre as

disciplinas, nem entre as instituições de ensino e os serviços. Eles argumentavam

que o aluno deve entender que o adoecimento não é apenas um evento biológico e

que no atendimento prático há necessidade de conhecer o indivíduo e sua história

pessoal e coletiva, consolidando seu aprendizado.

Na visão desses autores, o ensino para ser efetivo não pode prescindir da

prática que, por vez, estando fragmentada, irá influenciar a formação dos futuros

profissionais. Assim, sem a perspectiva de integralidade, torna-se difícil tanto o

ensino como a prática visando ao indivíduo como um todo, que por sua vez deveria

estar inserido em um sistema também integrado. Percebe-se, então, a necessidade

de um crescimento integrado, ampliando a visão, buscando o amadurecimento tanto

no âmbito do ensino quanto na prática visando à integralidade em todos os níveis

que envolve a promoção da saúde, desde a formação dos profissionais até a

atenção à saúde do usuário.

Nessa direção, os autores enfatizaram que os currículos da área da saúde

tiveram como base as recomendações do Relatório Flexner, que na década de 1940

representava o modelo de educação para a área da saúde, com foco no biológico,

na especialização e na assistência hospitalar. Eles defenderam a necessidade de

uma reavaliação nos currículos escolares e registraram a existência de algumas

iniciativas para tornar real a integração de várias áreas do conhecimento, bem como

da teoria com a prática visando à integralidade. Ressaltaram, ainda, que nos

momentos em que conseguem efetivar essa prática, os resultados têm sido muito

positivos, mas para tanto depende do interesse dos professores que deveriam

demonstrar que não somente o usuário deve ser visto como um todo, mas que o

aluno deveria, também, ser visto “como um todo” pelo professor (CURSINO et al.,

2014).

Nas últimas décadas, esforços na busca do cuidado integral ou da

integralidade em saúde deixam claro o quanto alguns aspectos essenciais da prática

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do cuidado em saúde não têm sido lembrados. A dimensão da espiritualidade é um

aspecto importante que não tem sido vinculado ao cuidado integral, talvez pela visão

fragmentada do cuidado no contexto da saúde e pela maneira como se entende o

que vem a ser espiritualidade (ESPERANDIO, 2014b).

Para Wanderley (2013, p. 129-130), a luta em favor da transdisciplinaridade

consiste em desenvolver uma civilização, em escala global, que, por força da

comunicação intercultural, abra-se para a individualidade de cada um e para a

inteireza do ser, em que sejam considerados os seguintes aspectos: a existência de

múltiplos níveis de realidade; a prática unificada das disciplinas; o relacionamento

das ciências exatas com as humanas e com a arte, a literatura, a poesia e com as

experiências espirituais; que se reconheça que o ser humano pertence a uma nação

e ao planeta terra; que seja transcultural; em que a economia esteja a serviço da

humanidade.

Leite et al. (2014), em uma pesquisa qualitativa, exploratória, com orientação

analítico-descritiva, cujo eixo teórico foi o direito à saúde relacionado ao acesso à

informação e à integralidade do cuidado, identificaram que a informação é um ponto-

chave para a promoção do cuidado integral. O conteúdo das entrevistas demonstrou

que a verdade, o respeito e a empatia contribuem para o fortalecimento e

humanização do relacionamento entre profissional e usuário. Ressaltaram a

importância de se ver o paciente não apenas como mais um número, mas como um

ser humano, que possui uma história de vida distinta, sentimentos e necessidades.

Destacaram ainda que para que se estabeleça um cuidado realmente integral e

humanizado, o profissional deve “tentar” se “colocar no lugar do outro”

compreendendo as suas particularidades.

Lima et al. (2013) enfatizaram outro aspecto importante no processo de

construção da integralidade na assistência à saúde que está relacionado à formação

dos profissionais da área. Em uma pesquisa com tema “Integralidade como princípio

pedagógico na formação do enfermeiro”, realizada com 19 acadêmicos de

graduação em enfermagem de uma universidade pública do Sul do Brasil,

identificaram que, na ótica dos acadêmicos, alguns docentes e seus alunos aplicam

a integralidade no atendimento ao usuário, mas o mesmo princípio não alcança a

relação pedagógica. Sendo esta uma condição essencial para a formação da

identidade do futuro profissional de saúde, necessita então ser considerada na

atuação pedagógica durante o processo de formação. Salientaram a importância de

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o aluno ser respeitado como sujeito ativo e “inteiro” no processo educativo, assim

como o usuário do sistema de saúde deve ser visto em sua totalidade, inserido em

um contexto social, político e econômico, e não fragmentado.

A falta de conexão entre o meio acadêmico e os serviços de saúde produz

tensões e conflitos, que na maioria das vezes estão latentes, mas não são

perceptíveis. É importante propiciar espaços para reflexão conjunta entre atores do

ensino e atores dos serviços para gerir esses conflitos, a começar por (re)conhecer

o trabalho do outro e identificar objetivos em comum. Quando se busca um currículo

integrado, teoria e prática precisam ser indissociáveis (TANJI et al., 2010).

Santana et al. (2010), reconhecendo que a integralidade tem sido defendida

como o eixo condutor dos processos de transformação na capacitação dos

enfermeiros, concluíram um estudo que objetivou analisar as concepções de

integralidade do cuidado e as estratégias utilizadas para a apreensão da

integralidade pelos discentes. Concluíram que os processos de formação dos futuros

profissionais da saúde precisam prepará-los para novas maneiras de pensar e agir.

Ao sair para o campo de trabalho, devem estar capacitados e dispostos a aprender

a: “aprender, fazer, ser e viver juntos”. Para isso, é primordial usar pedagogias

problematizadoras, que possam inserí-los como integrantes do meio social. Coloca-

se então a integralidade como um ideal a ser buscado, mesmo contra a lógica do

capital e do modelo biomédico de saúde focado no indivíduo, na especialização, na

tecnificação do trabalho, na doença e concentração de recursos.

Para Higuchi et al. (2011), a deficiente articulação entre a teoria e prática e de

integração das disciplinas no currículo, dos cursos de enfermagem, dificulta o

desenvolvimento de habilidades e competências que são imprescindíveis à

formação do enfermeiro. Não adianta apenas introduzir a visão de integralidade da

atenção durante a formação, é necessário consumar a integração entre as

disciplinas e entre teoria e prática para que o profissional, ao sair para o mercado de

trabalho, esteja capacitado a relacionar aspectos importantes no desenvolvimento

de habilidades e competências necessárias à sua formação, tendo a visão do todo

para uma assistência integral.

Ideia Central B – É cuidar do paciente de forma integral (8 ECH)

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DSC 2- Para mim, integralidade está relacionada à atenção a todos os âmbitos do ser humano com relação a sua saúde, interagindo tanto a parte física, social, mental e espiritual. A integralidade deve atender o paciente como um todo em geral, não só na saúde, na doença, mas integral, como o paciente tá se sentindo hoje, espiritualmente, mentalmente e fisicamente – tudo. Na integralidade, o profissional vai estar assistindo esse paciente na parte física e mental. É importante lembrar que a espiritualidade é essencial na qualidade de vida, então eu incluiria também a atenção ao aspecto religioso para que se consiga através disto gerar um conforto. Na integralidade você cuida do paciente como um todo, atendendo as suas necessidades espirituais, físicas e emocionais. Integralidade é você perceber o indivíduo como um todo e tratá-lo dessa forma, sabendo que ele é um ser único e que a mente depende do corpo e o corpo depende da mente, em geral é isso.

Se consideramos que o ser humano possui a dimensão espiritual, então

necessitamos considerá-la na prática assistencial para que possamos promover a

atenção integral. Entende-se que se o profissional buscar ver o todo é porque quer

atender melhor o usuário em todos os aspectos, dentro das possibilidades. Embora,

conceitualmente, a interdisciplinaridade esteja imbricada na integralidade enquanto

diretriz que orienta o SUS e o NASF, os profissionais não têm conceito claro de

integralidade e de como a interdisciplinaridade pode favorecer a sua aplicação

(BRASIL, 2009).

Com objetivo de analisar a concepção dos trabalhadores acerca do que vem

a ser interdisciplinaridade, Souza e Ribeiro (2013), em pesquisa de abordagem

qualitativa realizada com profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS),

que trabalhavam com uma equipe multiprofissional, argumentaram que o termo

interdisciplinaridade se apresenta em ideias e conceitos inovadores, mas chega a

ser banalizado, pois, mesmo fazendo parte do discurso dos profissionais, não é

totalmente entendido ou é confundido com “multi, pluri ou transdisciplinaridade”.

Abordaram a forma como os profissionais acreditam aplicar a interdisciplinaridade na

prática e como eles acham que as instituições a exercem. Destacaram, ainda, a

importância da interação, sem reservas, com outras áreas, para o desenvolvimento

do pensamento e da prática de ações que “entendam e atendam” o usuário como

um todo.

Ideia Central C – Integralidade é trabalhar como equipe e promover a saúde (5

ECH)

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DSC 3- Integralidade é um conjunto de ações articuladas para um bem comum. São ações pensadas juntas, então a gente tem que ter uma equipe multiprofissional, todo mundo estar dando seu melhor em conjunto. É a troca dos saberes, a integração entre os profissionais, né? É você apoiar e promover a saúde com relação a todas as questões da vida de maneira integral, em todos os aspectos da vida da pessoa. Então, integralidade é você atingir todos as pessoas independente de como elas sejam, independente da região que elas moram. Isso é mais ou menos a maneira como eu entendo.

Para Silva et al. (2013), é evidente a importância do trabalho da equipe

multiprofissional para a saúde pública, pois não só tornam o atendimento mais

integral, como também oportunizam outros profissionais de saúde a atuar na

atenção básica, promovendo a troca de experiências, o respeito ao trabalho e a

valorização da opinião de todos. Esses autores conduziram um estudo que objetivou

investigar a produção científica relacionada à atuação de profissionais de saúde em

equipes multiprofissionais nos últimos dez anos. Observaram que nos artigos

analisados o trabalho em equipe tem sido relatado como uma grande conquista para

o atendimento em saúde pública mesmo com os desafios a serem vencidos pelo

SUS e pelos profissionais que atuam na área. Mesmo que o trabalho em equipe

multiprofissional não seja uma proposta nova, encontra desafios para plena

aceitação, visto que tem um passado regido por um sistema hierarquizado e

centrado em um único profissional. Os estudos apresentaram a formação acadêmica

como um dos fatores responsáveis por tais dificuldades devido a não prepararem o

profissional de saúde para atuar em equipes que discutam temas referentes à saúde

da comunidade em uma perspectiva de integralidade.

Segundo Araujo e Galimbertti (2013), as ações compartilhadas continuam

como uma grande batalha, pois a falta de articulação entre os profissionais se

mostra como um empecilho para efetivação do modelo de apoio, bem como para a

construção da integralidade. Os resultados mostraram que ainda persistem visões

de trabalho individualizado ou pouco integrado. Argumentaram que agrupar

profissionais em equipes não necessariamente se traduz em integralidade, há

necessidade de vencer a lógica do encaminhamento para especialista e fortalecer o

compartilhamento de responsabilidades, decisões, visões e práticas na produção do

cuidado de usuários, famílias e comunidade. Esta abordagem requer também que

novas áreas e funções sejam implementadas às estruturas ja existentes, bem como

o desenvolvimento de práticas de cuidado compartilhado, já que a agregação de

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outras categorias profissionais por meio do NASF proporciona diferentes formas de

atuação e amplia as possibilidades do cuidado oferecido na ESF.

Há carência de se buscar harmonia entre as equipes, alinhamento das ideias,

olhar menos para si e sua posição e mais para a equipe e para o usuário e suas

necessidades. Os alicerces do conhecimento estão se desenvolvendo para que se

alcance uma prática integralizada. O problema é cair no laço do discurso que não

condiz com a prática (SOUZA; RIBEIRO, 2013).

Hirdes (2015), em pesquisa na área de saúde mental, recomenda que a

articulação em rede e o suporte sistemático de especialistas são fundamentais para

a descentralização da assistência e, sobretudo, que o compartilhamento de

experiências e de saberes por meio das interações estabelecidas com os colegas

demanda a construção conjunta, o querer fazer e o respeito aos estilos de trabalho.

Análise da questão 2 - Qual o papel da Religiosidade/Espiritualidade na

integralidade da prática assistencial?

A análise das respostas da questão dois identificou três IC, sendo que as

duas primeiras respondem à pergunta que foi dirigida aos participantes, porém as

respostas da terceira IC demonstram que os participantes não relacionaram a R/E

com a prática assistencial, mas, sim, com o papel da religião na vida dos clientes. A

seguir tem-se a representação numérica das IC (Figura 4) e os respectivos DSC

produzidos a partir das ECH extraídas do conteúdo das entrevistas.

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Figura 4 – Representação das ideias centrais da segunda pergunta

Fonte - Dados primários. São Paulo, 2015.

IC A - A religiosidade na prática assistencial é muito importante. IC B - É complicado falar de espiritualidade e prática de saúde. IC C - A religiosidade interfere na forma de viver.

Ideia Central A – A religiosidade na prática assistencial é muito importante (16

ECH)

DCS - Bem, na minha opinião, quando a gente tem uma certa espiritualidade a gente consegue mais facilmente ver o indivíduo como todo mesmo, porque a gente não pensa só na doença dele, a gente pensa se ele está se relacionando bem com as pessoas, pensa se ele tem fé, pensa se ele tem força de vontade para superar o problema da doença. Eu acho muito importante o papel da religião em todos os aspectos. Na minha opinião como profissional, uma coisa não dá para ser efetiva sem a outra, elas têm que ser juntas para ter um resultado satisfatório. A questão da religiosidade e espiritualidade ajuda bastante, porque o profissional que tem religiosidade, ele tenta entender o lado do outro. Eu percebo que de modo geral a pessoa que tem essa questão desenvolvida na vida consegue ter essa integração na prática assistencial e consegue ter um olhar diferente para essas pessoas que vai estar dando assistência. Eu entendo que o ser humano não consegue viver sem a parte espiritual, penso que é a base de tudo. Eu particularmente como um profissional religioso, acho que devo usar minha religiosidade em favor das pessoas que eu atendo.

59%

30%

11%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

2 - Qual o papel da Religiosidade/Espiritualidade na integralidade da prática assistencial?

Ideia Central A Ideia Central B Ideia Central C

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Quando a gente entende o aspecto religioso na vida da pessoa, a gente pode entender muitas outras coisas, que antes poderia não entender. Então se a gente passar a levar em consideração também a espiritualidade da pessoa, poderemos ajudá-la a resolver alguns outros problemas que às vezes a gente não atentaria para isso. A religiosidade reforça o papel que a gente já tem de fazer uma escuta, de ter empatia com o paciente e a espiritualidade geralmente afirma isso. Não tem como a gente separar saúde de espiritualidade, pois faz parte do dia a dia do ser humano e eu sempre foco isso no meu trabalho. Eu acredito que a religiosidade e espiritualidade é fundamental para ajudar as pessoas enfermas. Eu vejo na minha prática profissional que o fato da gente incentivar o paciente para praticar a sua fé, seja ela qual for, traz uma sensação de acolhimento, de alívio, né, ao sofrimento que a pessoa está passando, seja ele físico ou emocional. Muitas vezes é uma questão financeira, social, e quando a gente incentiva o paciente para buscar sua fé, seja ela qual for, eu vejo que isto ajuda muito. A religiosidade favorece uma certa confiança para o paciente. Talvez o paciente esteja com um quadro da saúde complicado, mas se ele confiar em Deus e estiver em contato com o profissional também temente a Deus, que passa confiança para ele, a recuperação dele vai ser muito mais efetiva.

O Dr. Koenig, com base nas pesquisas apresentadas em seu livro, “Handbook

of religion and health”, diz que as implicações da R/E são significativas e apresenta

vários motivos para que os profissionais dediquem tempo para se apropriarem desse

conhecimento e busquem satisfazer as necessidades espirituais dos pacientes. Ele

argumenta que muitos pacientes são religiosos, e a maioria gostaria que sua fé

fosse considerada no tratamento médico; a religião influencia a capacidade dos

pacientes de enfrentar a doença; as crenças e práticas religiosas podem influenciar

os resultados médicos; os pacientes muitas vezes estão isolados de outras fontes de

ajuda religiosa; as crenças e os rituais religiosos podem entrar em conflito ou

influenciar as decisões médicas tomadas pelos pacientes; as crenças e os

compromissos religiosos influenciam o tipo de cuidado à saúde e o monitoramento

que o paciente recebe na comunidade após sair do hospital ou do consultório

médico; programas de treinamento médico, de enfermagem e psiquiátrico são

exigidos para assegurar que todos os graduados ofereçam atendimento médico

sensível, incluindo a sensibilidade às crenças religiosas. Considera que cada

paciente é uma pessoa única com necessidades físicas, psicológicas, sociais e

espirituais que devem ser respeitadas para potencializar o tratamento médico,

tratando a pessoa inteira (KOENIG, 2012).

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Lucchetti et al. (2011) apresenta o resultado de uma revisão em que o

objetivo foi comparar o impacto da RE e de outras intervenções de saúde sobre a

mortalidade. Vinte e cinco intervenções de saúde bem conhecidas foram

selecionadas. Estudos de meta-análises, entre 1994 e 2009, envolvendo mortalidade

foram escolhidas. O mesmo foi feito para a R/E. A taxa de risco combinado foi obtida

diretamente pelas revisões sistemáticas e as reduções da mortalidade por R/E e

outras intervenções de saúde foram comparadas. Vinte e oito meta-análises com

resultados de mortalidade foram selecionadas, 25 intervenções de saúde e três

relacionadas à R/E. A partir destas três meta-análises, mesmo considerando

aqueles com os resultados mais conservadores, verificou-se que pessoas com maior

envolvimento de R/E tiveram uma redução de 18% na mortalidade. Ressaltaram que

esse resultado foi mais significativo do que 60% das 25 revisões referente as outras

intervenções. Estes resultados sugerem que a R/E desempenha um papel

considerável na redução das taxas de mortalidade, comparável às intervenções que

analisaram a relação com o exercício físico, o consumo de frutas e vegetais e a

terapia com estatina.

Maior religiosidade, também, pode contribuir para o desenvolvimento da

resiliência em certos indivíduos de alto risco de desenvolverem depressão, ajudando

a desenvolver a capacidade de se recuperar e superar adversidades com maior

facilidade (KASEN et al., 2012).

Para Murakami e Campos (2012), a importância da relação entre religião e

saúde é reconhecida na teoria, no entanto os profissionais de saúde podem não se

sentirem confortáveis para abordar essas questões. Então, torna-se necessário que

os profissionais recebam formação acadêmica para que diminua o desconforto e o

usuário possa receber um atendimento integral, envolvendo aspectos físicos,

mentais, sociais e espirituais.

Ideia Central B – É complicado falar de espiritualidade e a prática da saúde (7

ECH)

DSC - Eu acho bastante complicado a gente falar de espiritualidade com relação à prática da saúde. Como profissional, eu acho que devemos tomar muito cuidado porque cada pessoa tem uma crença diferente e algumas não têm nenhuma crença, então eu acho que a gente tem que ver aquilo que é importante para aquela pessoa com a

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qual estamos lidando, tentar apoiar, se aquilo que ela acredita for ajudá-la na questão de saúde dela. Mas, eu acho que a assistência religiosa precisa ser levada em conta, nas ações, nos cuidados, enfim, mas respeitando sempre a opinião do paciente, pois como agente de saúde, nós precisamos respeitar todas as religiões. Quando vamos atender o paciente não podemos ir diretamente com nossas crenças e nossa religiosidade, mas ver o que ele acredita, o que ele segue como princípio de vida e tentar tratá-lo com base nisso, e não com base nas nossas crenças, e isso ajudaria em todo o processo terapêutico. Se a pessoa não acredita, a assistência não deve promover ou pregar para a pessoa aquilo que a ela deve crer, a assistência deve simplesmente apoiar aquilo que faz sentido e que é de crença da pessoa. Quando a religiosidade não existe dentro da família, eu acho que é um pouco mais difícil de trabalhar qualquer questão neste sentido porque isso não é uma cultura para aquela determinada pessoa. Então, é importante ter isso em mente, conhecer a cultura da pessoa, conhecer suas crenças, e através disso trabalhar com aquela pessoa de forma positiva. Olha, na verdade é uma parte difícil de enfocar a questão da religiosidade, mas se a gente atende o paciente de uma forma amável, consegue manter um contato bom, acho que acabamos passando essa paz que a gente tem na nossa vida e de alguma forma estaremos passando espiritualidade, religiosidade para o paciente.

Neste discurso, o sujeito coletivo expressa sua preocupação quanto a forma

de abordar a temática da R/E na assistência ao individuo doente e que, nesta

condição, procura o serviço de saúde para receber tratamento medicamentoso.

Percebe-se tensões quando os métodos de trabalho são baseados nos

procedimentos técnicos, centrado no profissional ou no usuário. Nesta

representação o sujeito coletivo demonstra crer que a R/E pode contribuir para

mudar o centro, mudar as crenças, mudar a base.

No entendimento do sujeito coletivo, as ações dos profissionais não serão

mais uma reação de seus próprios sentimentos e desejos, nem uma reação à ação

de outros, mas uma reação à ação de um ser superior que ele acredita que o ama,

perdoa-o, que atua em sua cura. Depreendem que, como resposta, os profissionais

passarão a cuidar melhor de si mesmos e do seu próximo, nesse caso o usuário,

transmitindo esse amor e conforto ao doente. O usuário, por sua vez, quando

perceber esse sentimento de amor, poderá ser influenciado a pensar que existe um

ser superior que se preocupa com ele e que pode contribuir com o desenvolvimento

de sua saúde, sendo motivado a ter um estilo de vida mais saudável.

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A maioria dos estudos sobre esta temática indica que a religiosidade é um

aspecto determinante da vida humana e que, geralmente, tem uma associação

positiva com a saúde mental, promovendo a qualidade de vida. Sendo assim, para

honrar o compromisso dos profissionais de saúde, aliviar o sofrimento e oferecer

uma assistência de qualidade, é necessário aumentar o conhecimento sobre o

aspecto religioso (MURAKAMI; CAMPOS, 2012).

Embora muitos profissionais cultivem alguma forma de culto religioso, julguem

importante ter conhecimento acerca de questões espirituais e acreditem que a R/E

afeta os resultados em saúde, poucos integram de forma efetiva a dimensão

espiritual em sua prática profissional. Fica evidente que uma das contribuições da

teologia poderia ser uma reflexão teórica sobre espiritualidade, uma diferenciação

mais clara das noções de espiritualidade e religiosidade (ESPERANDIO, 2014b).

Como já foi citado anteriormente, Murakami e Campos (2012) destacam o

desconforto dos profissionais diante do assunto e a falta de capacitação como

desafios para que a R/E possa melhor contribuir na atenção à saúde.

Ideia Central C - A religiosidade interfere na forma de viver (3 ECH)

DSC - A religiosidade interfere na forma de viver, na forma de pensar, na forma de agir, na forma de tratar a própria saúde. Então, o papel da religião é de extrema importância. Eu acho que a pessoa que desenvolve algum tipo de patologia, ela cria a necessidade de algo mais forte, de algo mais presente na vida dela e eu acho que se a espiritualidade estivesse presente na vida desta pessoa, ela não passaria por várias dificuldades. É, eu acredito que quando o indivíduo tem alguma religião, independente de qual seja a religião, isso mostra que ela tem uma fé em alguma coisa. E eu entendo que quando isso existe, né, quando o indivíduo é mais espiritualizado, quando ele tem uma crença, eu vejo que eles têm uma facilidade, sim, de superar as doenças e de se recuperar.

Para Koenig (2012) é incontestável que a religião produz melhor saúde

mental e que essas conexões entre religião e saúde mental também podem ter

implicações na saúde física, pois o modo como pensamos, acreditamos e sentimos

é capaz de afetar nossos corpos.

Foi realizada uma revisão integrativa de produções científicas de treze

trabalhos completos do período de 2000-2010, que apresentavam como assunto

uma interface entre religião e cuidados em saúde mental. Concluiu-se que a religião

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é uma dimensão que pode contribuir positivamente no tratamento do paciente com

doença mental por proporcionar continência emocional e social e ensinamentos de

costumes que incentivam a qualidade de vida, podendo estar relacionado às

decisões sobre os cuidados médicos (MURAKAMI; CAMPOS, 2012).

Uma revisão em que foi relacionado risco de câncer e convívio em

comunidades cristãs identificou 17 estudos epidemiológicos publicados em um

período de 40 anos, concluiu-se que o fator mais importante na correlação entre

membros de uma comunidade religiosa cristã e risco de câncer é o estilo de vida

saudável inerente à prática religiosa nessas comunidades (HOFF et al., 2008).

Musgrave et al. (2002) reconheceram que há uma variedade de resultados

positivos para a saúde e apresentaram alguns exemplos de como a espiritualidade

pode melhorar intervenções relacionadas à promoção e prevenção em saúde

pública. Esses autores mencionaram um projeto em que alunos de enfermagem e

teologia fazem apresentações integrando fé e saúde e os ministros também são

convocados para apresentar cinco minutos de saúde em seus púlpitos. Em outro

projeto, profissionais de saúde das igrejas são treinados para trabalhar com as

pessoas a fim de aumentar a eficácia no autocuidado da diabetes e a literacia em

saúde. Os profissionais perceberam que as crenças influenciam a maneira de ser,

viver, pensar, cuidar-se, como ver o outro, como ver o mundo, a responsabilidade do

cuidado do próprio corpo e de outros, lembrando o conceito de literacia em saúde,

que cada vez mais tem sido reconhecida como um fator importante para a

compreensão e adesão do paciente ao tratamento. A R/E como algo intrínseco ao

ser humano e à sociedade deve ser considerada como fator que influencia e

interfere na forma de pensar e viver e, portanto, na literacia em saúde.

A Organização Mundial de Saúde define Literacia em saúde como:

[...] as habilidades cognitivas e sociais que determinam a motivação e a capacidade dos indivíduos para ganhar acesso, compreender e utilizar a informação para promover e manter uma boa saúde. Implica a realização de um nível de conhecimentos, competências pessoais e confiança a tomar decisões para melhorar a saúde pessoal e comunitária, alterando estilos de vida pessoais e as condições de vida. Assim, a literacia em saúde significa mais do que ser capaz de ler panfletos e fazer nomeações. Ao melhorar o acesso das pessoas à informação em saúde e sua capacidade de usá-lo de forma eficaz,

a literacia em saúde é essencial para o empoderamento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998 p. 10).

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A literacia em saúde traduz a capacidade de usar as competências,

compreender e avaliar a informação em saúde, aplicando-as no dia a dia para a

tomada de decisão em diferentes contextos, tendo em conta as escolhas possíveis

(LOUREIRO, 2015).

A literacia em saúde engloba também componentes de diferentes fatores

relacionados à identidade das pessoas e crenças culturais e práticas. Ressalta-se,

ainda, que há necessidade de investigar mais como a literacia em saúde se

desenvolve em diferentes crenças e culturas (POURESLAMI et al., 2011).

Se as instituições religiosas já se mostram dispostas a realizar um trabalho

em prol da sociedade, os profissionais de saúde ou os programas de saúde

poderiam agregar seus conhecimentos e, trabalhando juntos, melhorar a qualidade

de vida da comunidade (RIBEIRO; MINAYO, 2014).

Análise da questão 3 - Você acredita que religiosidade/espiritualidade pode

contribuir para a promoção da integralidade?

A análise dos depoimentos referentes à questão três identificou três IC, sendo

que a primeira se contrapõe à terceira, enquanto a segunda expressa a

representação dos participantes sobre a complexidade que percebem quanto ao

manejo de situações que demandem um tempo maior de dedicação, por parte da

equipe, para integrar essa dimensão na prática assistencial. Apresenta-se a seguir

as IC (Figura 5). e os DSC produzidos em resposta a essa questão.

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Figura 5 – Representação das ideias centrais da terceira pergunta

Fonte - Dados primários. São Paulo, 2015.

IC A - Sim, com certeza. IC B - Sim, mas na prática é complicado. IC C - Não acredito.

Ideia Central A – Sim, com certeza (16 ECH)

DSC - Sim, com certeza. Eu acho que isso é fundamental, pois pelo fato de acreditar em alguma coisa, de ter uma fé, de ter esperança, essa fé faz ela acreditar no tratamento e tem alguma coisa ali que pode dar força para ela. Acho que seria nesse sentido. Acho que independente de religião ou de pregar religiosidade, a pessoa sabendo que existe um Deus criador e mantenedor ela consegue ter um conforto maior diante de uma doença. Então, vejo a religiosidade como um ponto importante para um equilíbrio na vida da pessoa para contribuir para a saúde, melhoraria a qualidade de vida dela. Só o fato da pessoa ter uma crença, ter uma religião, isso já pode ajudar ela em muitos aspectos da vida dela. Eu creio que iria ajudar muito na recuperação daquele paciente, no processo de cura, promoção da saúde. Ele iria viver bem melhor. Às vezes, o paciente chega para nós, às vezes ele não tem nada, mas ele está totalmente desiludido da vida. E se ele tivesse uma religião, um Deus a servir, eu tenho certeza que ele teria um tratamento mais eficaz. Não teria tantas pessoas que precisam de medicação para dormir, pessoas que precisam de consulta com psiquiatras, psicólogos.

55%

27%

7%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

3 - Você acredita que Religiosidade/Espiritualidade pode contribuir para a promoção da integralidade?

Ideia Central A Ideia Central B Ideia Central C

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Porque na prática o que acontece, quando você está na religião você tem um meio social, você não fica tão isolado, então esse meio social ele pode ter uma ação bem melhor na sua saúde. Sabe, eu sinto na minha vida a questão da espiritualidade, eu sinto que quanto mais perto de Deus eu estou, melhor eu atendo meu paciente, compreende? Eu penso que se o profissional estiver bem espiritualmente ele pode ajudar as outras pessoas aquilo que foi bom para ele.

A religião é uma dimensão que pode contribuir positivamente no tratamento

do paciente com doença mental por proporcionar estabilidade emocional e maior

inserção social, incentivando hábitos que promovam a qualidade de vida

(MURAKAMI; CAMPOS, 2012).

Em uma revisão sistemática abrangente sobre os estudos que analisam a

relação religião e saúde mental, utilizando várias bases de dados, identificou-se 850

artigos publicados ao longo do século XX. Entre as conclusões, destacaram que o

envolvimento religioso está associado positivamente a indicadores de bem-estar

psicológico, satisfação com a vida, felicidade, afeto positivo e moral mais elevado,

afetando assim o convívio social (MOREIRA-ALMEIDA; STROPA, 2006).

Castilho e Cardoso (2015), em um estudo com o intuito de identificar e

analisar a abordagem dos termos “espiritualidade”, “religiosidade” e “religião” nas

políticas públicas de saúde brasileiras que pretendiam uma perspectiva da

integralidade, investigaram 65 políticas publicadas disponíveis para pesquisa

analisadas em duas etapas. Os resultados apontaram, sob a perspectiva da

integralidade, que é importante nas práticas em saúde respeitar o sujeito em todas

as dimensões (física, social, mental e espiritual). Usualmente, as práticas dos

profissionais de saúde são embasadas no ideário proposto pelas políticas públicas

de saúde, desta forma, acredita-se que as orientações desses documentos voltadas

para uma dimensão mais subjetiva dos indivíduos, considerando a “espiritualidade”,

“religião” e “religiosidade”, devem ser fortalecidas, com vistas à produção de um

cuidado integral.

Para Backes et al. (2012), a R/E é uma força integradora e única, na qual

todas as potencialidades podem ser desenvolvidas. Logo, é uma força essencial e

vital para a manutenção e o cuidado da vida em suas diferentes dimensões.

Ideia Central B – Sim, mas na prática é complicado (8 ECH)

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Pode contribuir com certeza porque faz parte do indivíduo, mas eu ainda não vejo uma saída. Porque eu não enxergo a aceitação do público em geral com relação à religião e às vezes o paciente não está pronto para aceitar Deus, a fé ou a religiosidade na sua vida, então eu ainda não enxergo uma forma de como isso poderia entrar dentro do âmbito da saúde. Então, a gente vai ter barreiras, mas vai ser possível através do conhecimento do paciente. Na minha atenção, eu tomo muito cuidado por conta da minha formação. Eu sempre dou este espaço sempre procurando respeitar, não trago as minhas ideias religiosas, não gosto de fazer esta mistura, eu acho que não é bom. O que eu costumo fazer na minha prática é incentivar que o paciente busque sua fé, que ele procure um apoio espiritual, né, é mais isto assim, pois não tenho nenhuma outra sugestão a princípio. Acredito que é possível estimularmos a busca espiritual de forma geral, dentro da área da saúde, isto sempre traz um crescimento, mas isto precisa ser feito de uma forma coerente, delicada, respeitando o indivíduo. A sugestão seria que o profissional fosse treinado para assistir o paciente com equilíbrio respeitando os dois lados.

Realmente pode parecer um pouco complicado, mesmo o Brasil sendo um

país considerado profundamente religioso e existam muitos estudos apontando o

importante papel que R/E exerce no processo de tratamento das doenças, não se

encontrou muitos estudos sobre como os profissionais da saúde lidam com essa

questão na prática. Sabe-se que as crenças religiosas podem funcionar tanto como

um recurso no tratamento, facilitando o cuidado, como pode, ao contrário, conflitar e

interferir neste processo (ESPERANDIO, 2014b).

Pela dificuldade que a equipe de saúde encontra em interpretar as

informações religiosas ditas pelo paciente, as instituições religiosas deixam de ser

consideradas possíveis parceiras na inserção social dos pacientes. O diálogo entre

os serviços voltados para a assistência em saúde mental e as entidades

representantes das igrejas reforçam mitos e desconhecimentos em ambas as partes,

gerando o preconceito (MURAKAMI; CAMPOS, 2012).

Os profissionais da ESF orientam seu trabalho pautados por metas de

produção. O NASF por ter como objetivo o apoio à ESF, organizaria seu trabalho a

partir das demandas das equipes de saúde da família. Como a ESF organiza seu

trabalho a partir dessas metas, o NASF, em consequência, também compõe seu

trabalho condicionado pelas metas de produção da ESF. O foco, então, é o

cumprimento das metas, e não a demanda do usuário. Se são avaliados pelas

metas, ou acreditam que são, nada mais lógico que trabalharem em função das

metas. Incluir em sua tarefa diária algo, que não lhe é cobrado, e que para fazê-lo

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ainda precisa enfrentar barreiras, então o profissional talvez prefira se acomodar ou

não arriscar (ARAUJO, 2013).

Independente da realidade de cada contexto, no qual o profissional está

inserido, há indicadores de produção para cada categoria inserida na ESF. As metas

referem-se apenas ao número de procedimentos realizados pelos profissionais da

ESF. São utilizadas como instrumento de avaliação do trabalho. Porém, esta

avaliação permanece quantitativa, baseada em procedimentos e limitada ao

processo de trabalho nas equipes. No entanto, presume-se que a avaliação

quantitativa pode incentivar um trabalho mecânico, centrado nos números e não no

desenvolvimento da comunidade ou do indivíduo (ARAUJO, 2013).

Para Esperandio (2014b), a teologia pode contribuir com integralidade,

principalmente com os profissionais da saúde, tanto no fomento de uma reflexão

sobre R/E e saúde quanto na oferta de cursos breves de formação desses

profissionais acerca de questões práticas que envolvem o tema, abordando temas

como “coping” religioso/espiritual, conflitos espirituais e os riscos e desafios da

integração da espiritualidade na prática do cuidado em saúde.

A importância da relação entre religião e saúde é reconhecida na teoria, mas

muitas vezes o profissional de saúde poderá não se sentir confortável para abordar

essas questões. Para reduzir esse desconforto e proporcionar o atendimento integral

ao paciente, é necessário que os profissionais sejam capacitados em sua formação

acadêmica a integrar a espiritualidade na prática clínica (MURAKAMI; CAMPOS,

2012).

Ideia Central C – Não acredito (2 ECH)

Eu acredito que a assistência à saúde não pode promover algo relacionado à espiritualidade porque isso tem a ver com a pessoa, se a pessoa é umbandista, se a pessoa é católica, se a pessoa é enfim qualquer coisa, a assistência deve estimular a pessoa ir atrás de sua própria crença. Ela pode falar que é importante, mas não pregar nada.

Percebe-se que o profissional se sente desconfortável diante do assunto.

Acreditam que a assistência não pode interferir ou promover a R/E, mas que as

pessoas deveriam ser estimuladas a procurar sua própria crença, o que já seria uma

forma intervenção.

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Murakami e Campos (2012) citam em seu estudo que alguns profissionais

não percebem a importância ou influência da R/E sobre a saúde, mesmo havendo

estudos que demonstram essa relação. Portanto, deveriam ser capacitados para que

venham compreender efeitos positivos e negativos da R/E e como integrá-la na

assistência ao usuário.

O fato de ser um tema que suscita debates no campo da ciência e da saúde

repercute em uma postura de insegurança do profissional de saúde diante da

questão (BACKES et al., 2012).

Análise da questão 4 - Você poderia dar alguma sugestão de como isso

aconteceria na atenção à saúde.

A representação dos profissionais do NASF referente a essa questão versou

sobre as ações de caráter individual e coletivo no âmbito da UBS, mas também

sugeriu ações de caráter intersetorial. Destaca-se nessa questão que a maioria dos

entrevistados não conseguia ver como a dimensão da R/E poderia ser utilizada por

eles durante o atendimento ao usuário da Atenção Básica (Figura 6).

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Figura 6 – Representação das ideias centrais da quarta pergunta

Fonte - Dados primários. São Paulo, 2015. IC A - Grupos terapêuticos. IC B - De várias formas visando à humanização. IC C - Grupos de promoção de saúde. IC D - Saúde deve ser ampliada para outros setores. IC E - Não vejo como aplicar.

Ideia Central A – Grupos terapêuticos (7 ECH)

Eu acho que através de grupos em que a gente possa sempre focar primeiro a saúde e depois falando para o paciente que a parte espiritual também faz parte da saúde dele. A gente pode usar os meios das religiões, por exemplo: eu faço um grupo dentro da igreja adventista, uma amiga minha faz fisioterapia dentro da casa de oração, que é uma igreja espírita,,enfim, a gente tem esta abertura, eles se respeitam. Em formas de grupo de terapia, de passeio, de caminhada, grupos de encontros, de atividades manuais. Talvez com grupos voltados com o tema espiritualidade ou nos grupos que a gente já realiza introduzir a questão da religiosidade, da espiritualidade, acho que é importante e dá para fazer dessa maneira. Eu acho que na Unidade Básica de Saúde a gente poderia fazer grupos voltados para a área da espiritualidade porque a gente já tem tantos outros grupos voltados para outros aspectos, de hipertensão, de diabetes, a gente poderia estar fazendo um de espiritualidade e religiosidade e poderia estar incluindo nesses grupos atividades que influenciassem a espiritualidade. Não voltada para uma religião específica, mas para a espiritualidade como um todo. Nos grupos que nós fazemos, de alguma forma acrescentar ou incentivar através de leitura de salmos e de alguns ensinos que são

24%

20%

10%

7%

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1

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3

4

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6

7

8

9

4 - Você poderia dar alguma sugestão de como isso aconteceria na atenção à saúde?

Ideia Central A Ideia Central B Ideia Central C Ideia Central D Ideia Central E

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princípios bíblicos de uma vida cristã que isso traga algum benefício a esses pacientes.

Mas, mesmo o Brasil sendo fortemente religioso e existam muitos estudos

que apresentam a importância do papel da R/E para a integralidade, há carências de

estudos sobre como os profissionais de saúde lidam com essa questão na prática

dos cuidados em saúde (ESPERANDIO, 2014b).

Entre as diretrizes do NASF, está a de elaborar projetos terapêuticos

individuais por meio de discussões periódicas que permitam a apropriação coletiva

da equipe e a realização de ações multiprofissionais e transdisciplinares

compartilhadas (BRASIL, 2009).

No caderno de Atenção Básica, n. 39 de 2014 que traz as recomendações

para a implantação do NASF, entre as sugestões recomendadas, encontram-se a

necessidade de perceber o perfil socioambiental e de vulnerabilidade social da

comunidade a ser implantado no NASF; listar possíveis parceiros intra e

intersetoriais, bem como a presença de instituições para promoção de suporte

social, por exemplo, igrejas, clube de mães, entre outras (BRASIL, 2014).

A oração e a prece podem ser utilizadas nos grupos terapêuticos e estímulo a

elevação ao sagrado, visto que, em uma recente revisão de literatura em língua

portuguesa sobre oração e saúde, a oração foi apontada como um dos métodos de

enfrentamento mais utilizados pelos pacientes nos processos saúde-doença

(ESPERANDIO, 2014a). Para Santos e Tesser (2012), a oferta de práticas

integrativas e complementares no SUS é estimulada para ampliar a integralidade da

atenção e o acesso às mesmas, mas salienta que é um desafio incorporá-las aos

serviços. Assim sendo, é importante que profissionais de saúde percebam que a

inclusão de práticas complementares é complexa e necessita de mais estudos,

pesquisa e planejamento.

Alguns modelos que temos da integração da R/E e saúde são as oficinas de

espiritualidade e saúde, com ênfase nos remédios da natureza e as oficinas de

espiritualidade como alternativa de cuidado para o tratamento integral de

dependentes químicos, reforçando que o ser humano é um ser multidimensional e,

como tal, um ser complexo, compreendido em sua dimensão física, emocional,

social e espiritual, que se entrelaçam e formam o todo integrado (ABDALA et al.,

2015; BACKES et al., 2012).

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Deve-se ter em mente que a R/E, como dimensão do ser humano, e as

práticas complementares que podem ser incorporadas na atenção ao usuário devem

ser estudadas e analisadas visando contribuir para nortear a importância e para

ajudar a sistematizar práticas de R/E que possam contribuir com a saúde dos

profissionais e usuários.

Ideia Central B – De várias formas visando à humanização (6 ECH)

Ah, são várias formas: numa consulta, a forma que você pode conduzir a consulta, num atendimento num grupo, às vezes você faz uma oração, por exemplo, com um paciente, o paciente já sente melhor, independente de religião, de crença, é isso. Ah, através do meu exemplo, e de repente falar com meus pacientes sobre isso, né? conversar com meus pacientes sobre isso, sobre religiosidade e espiritualidade, eu acho que é isso. Um exemplo simples é através do amor, a gente aprende que amando uns aos outros a gente consegue começar com essa parte da religiosidade com todas as pessoas. A forma como você acolhe o paciente quando ele chega no lugar. Não olhar simplesmente uma perna quebrada, enfim, a queixa que ele chega pra você. A humanização do tratamento, o acolhimento, a forma como você se porta perante o paciente, acho que são formas de fazer com que a religiosidade ou a crença implique no tratamento dele. Olha, eu acho que quando a gente atende o paciente, a gente tem que entender o que ele está vivendo naquele momento. Então, se a gente escutar ele, tentar ajudar, e ele sentir que você tá apoiando, essa é uma forma de integralidade na assistência.

A percepção dos profissionais mostra-se de acordo com as diretrizes do

NASF que apresentam a importância de acolher os usuários e humanizar a atenção

(BRASIL, 2009). Nesta direção, Esperandio (2014b) relata em um estudo piloto entre

profissionais de saúde e pastoralistas, que 15% dos profissionais dizem integrar a

R/E à saúde por meio de uma atitude de empatia; 7% despertando a consciência

espiritual; 5% integrando essas questões com a família e equipe médica e sendo

uma fonte de conforto para os pacientes, enquanto apenas 1% dos respondentes diz

acreditar que não se deve integrar a dimensão da religiosidade/espiritualidade na

prática dos cuidados em saúde.

As respostas são parecidas com as de alguns profissionais do NASF em que

se percebe a importância do amor como princípio norteador da relações do

profissional com o paciente. Esperandio (2014b) acrescenta que os profissionais que

integram espiritualidade aos cuidados em saúde através de atitudes de empatia

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relatam sua experiência do seguinte modo: “Cuido do paciente de maneira como

gostaria de ser tratado” e “Acho que apoiar meu paciente já é espiritualidade”. O

profissional de saúde tem o desafio de olhar não somente para a “doença da

pessoa”, mas também para a “pessoa do doente”.

Os valores que sustentam a relação com o especialista em saúde organizam-

se em torno do vínculo, da confiança e da honestidade. O vínculo com o profissional

é relatado como um fator que facilita o trabalho intersetorial e interdisciplinar

(HIRDES, 2015).

Ideia Central C – Grupos de promoção da saúde (3 ECH)

Oito Remédios Naturais – Na minha prática, eu tento usar os oitos remédios naturais para colocar em prática na população. Colocar essa consciência que eles precisam ter uma quantidade de descanso adequada, tem que tomar água, tem que se alimentar de uma maneira boa, tem que participar de alguma atividade de exercício e precisa confiar em Deus. Com isso, ela vai conseguir cuidar de sua saúde como um todo. Não se focar somente em uma doença ou numa dor específica. Normalmente, as pessoas que fazem isso têm bons resultados.

Esse não é um assunto recente, ainda no século XIX um pastor presbiteriano

chamado Sylvester Graham, considerado reformador da dieta americana, mais

conhecido por sua ênfase sobre o vegetarianismo e o movimento de temperança,

publicou, em 1839, um livro com o tema “saúde e longevidade”, no qual

recomendava uma dieta saudável com preferência para alimentos integrais,

temperança, um estilo de vida simples, abstinência do álcool, combatia a

promiscuidade sexual, incentivando o abandono dos espartilhos em favor do bem-

estar físico, combatia os estimulantes e o açúcar, recomendava caminhar e

destacava a importância dos exercícios físicos, falava sobre a hidroterapia,

importância das frutas, buscava desenvolvimento da força moral e física,

apresentava o café e fumo como venenosos e incentivava o bom relacionamento

social (THE GRAHAM JOURNAL OF HEALTH AND LONGEVITY, 1839).

Em um artigo de revisão, citado anteriormente, se apresenta o estilo de vida

saudável como fator mais importante na relação entre membros de uma comunidade

religiosa e o risco de câncer. Os autores salientaram que o estilo de vida saudável é

inerente à prática religiosa nessas comunidades (HOFF et al., 2008).

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O Dr. Koenig destaca a importância de profissionais de saúde organizarem e

treinarem voluntários para que realizem programas de saúde, promovendo estilo de

vida saudáveis, dietas, e exercícios entre os membros das organizações religiosas

(KOENIG, 2012).

Cres et al. (2015), em uma pesquisa sobre a religiosidade e estilo de vida de

uma população adulta, analisou a associação entre essas variáveis e encontrou que

a religiosidade se relacionou às dimensões do estilo de vida quanto ao uso de álcool

e drogas, alimentação equilibrada e saúde mental.

As oficinas de espiritualidade e saúde, “oito semanas de espiritualidade e

saúde para hipertensos ou pré-hipertensos”, podem ser consideradas como um

modelo para integrar R/E na promoção de saúde, utilizando, neste caso, os oito

remédios naturais: água, ar puro, luz solar, alimentaçnao saudável, exercício físico,

sono e repouso, equilíbrio/temperança e confiança. (ABDALA et al., 2015).

Esporte – Bem, eu já vi, isso não aconteceu exatamente num grupo meu, mas tem um colega que tinha um grupo de vôlei adaptado e também tem uma outra colega fisioterapeuta, eles reservam um momento antes do grupo para integrar os pacientes, eles fazem momento de oração, de pedidos e de agradecimento. E os pacientes conversam, oram, gostam muito, se sentem bem, se sentem aliviados de alguma carga emocional.

Entre as diretrizes do NASF, encontra-se a proposta de desenvolver

coletivamente, com vistas à intersetorialidade, ações que se integrem a outras

políticas sociais, como educação, esporte, cultura, trabalho, lazer, entre outras

(BRASIL, 2009).

Cuidado dos Profissionais da Saúde - Ah, eu acredito que primeiramente deveria se pensar em tratar os adoecidos profissionais, como eles lidam com questão de saúde mental e tudo eles se adoecem muito e isso às vezes reflete na espiritualidade, então isso traria uma assistência para o profissional inicialmente.

Dezorzi e Crossetti (2008), em um estudo que teve por objetivo compreender

como a espiritualidade permeia o processo de cuidar de si e do outro, no trabalho

em terapia intensiva, mostrou o autoconhecimento como prática essencial no

cuidado de si, constituindo-se no ponto de partida no processo de formação para a

prática de enfermagem que englobe o ser humano em sua integralidade. Só pode

ocorrer o cuidado que contemple o ser humano como todo, quando o profissional

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está consciente de si mesmo e quando seu serviço está integrado e harmonioso.

Para ter condições de cuidar da espiritualidade de seus pacientes, os profissionais

precisam cuidar deles mesmos através da contínua busca por harmonia e

integridade.

Ideia Central D - Saúde deve ser ampliada para outros setores (2 ECH)

DSC - Eu ampliaria isso para uma questão intersetorial. Acho que se a gente pensar neste aspecto como um possível viés dentro do nosso atendimento na saúde a gente teria que pensar isso também dentro da educação. Desde os primeiros anos, desde a atenção básica, né, para que isso possa ser algo que vá circulando em todos os ambientes que essa pessoa esteja envolvida. Tem também o serviço de capelania de hospitais, mesmo os públicos, mas a gente vê que não é um serviço amplamente divulgado ou amplamente acessível, então se isso fosse ou tivesse um projeto um plano para integrar as ações de religiosidade e espiritualidade no SUS seria interessante.

Em pesquisa que teve como objetivo “verificar o modo como a dimensão da

religiosidade/espiritualidade é compreendida e integrada (ou não) na prática dos

profissionais da área da saúde e pastoralistas em um hospital de Curitiba-PR”, a

autora percebeu a importância do papel que pode ter o serviço de capelania como

suporte para a equipe multidisciplinar, desde que este profissional tenha sido

capacitado de maneira satisfatória para assistir efetivamente o doente quanto às

questões relacionadas à espiritualidade. Por outro lado, alerta sobre a necessidade

de se incluir, no currículo de formação desses profissionais, os aspectos pertinentes

a essa temática que venham a contribuir para atuarem especificamente em tais

contextos. Indica ainda que sejam realizadas pesquisas que incluam a opinião dos

pacientes sobre o enfoque da espiritualidade no cuidado em saúde (ESPERANDIO,

2014b).

Para Araujo e Galimbertti (2013) é nítida a necessidade de aperfeiçoar a

gestão do trabalho adotando os serviços de mais recursos, de apoio à colaboração

interprofissional, mas há uma tensão entre dois modelos de trabalho. Um modelo

centrado em procedimentos especializados e outro cujo centro deveria estar nas

necessidades de saúde, tanto em sua dimensão individual quanto coletiva. De um

lado, uma perspectiva de diferenciação e de outro uma perspectiva de integração na

qual valores de preservação da independência profissional, de concentração de

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poder e ascendência sobre outras categorias são colocados em cheque para dar

lugar a decisões compartilhadas com outros profissionais.

A literacia em saúde é outra abordagem que requer o envolvimento de todos

os setores na co-construção da saúde, melhorando as competências dos cidadãos

para lidarem com a sua saúde e com o sistema de saúde (LOUREIRO, 2015).

Cabe ressaltar também que na revisão da PNPS, realizada recentemente, se

faz referência à proposta que emerge da declaração de Adelaide sobre a “Saúde em

Todas as Políticas” cujo objetivo é engajar líderes e formuladores de políticas em

todos os níveis de governo. O maior desafio para se alcançar essa proposta é fazer

com que o setor saúde aprenda a trabalhar em parceria com os outros setores que

compõem a rede intersetorial (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010; BRASIL,

2015)

De acordo com as últimas diretrizes do NASF registradas no caderno 39, a

integralidade necessita, para sua concretização, de políticas abrangentes e

generosas; existência e organização de diversos modelos de serviços articulados

em rede para conseguir atender a diferentes necessidades; bem como práticas

eficazes no sentido do aumento dos graus de autonomia dos usuários, da redução

de danos, dos riscos e das vulnerabilidades; além do aumento da potência de vida.

A agregação de profissões e ocupações propiciadas pelo NASF aumenta a

possibilidade de resposta mais abrangente diante das demandas e necessidades

dos usuários (BRASIL, 2014).

Ribeiro e Minayo (2014), em uma revisão de literatura, analisaram 29 estudos

entre 1990 e 2011, com foco no debate sobre o papel da religião na promoção da

saúde, na prevenção da violência e na reabilitação de pessoas envolvidas com

criminalidade. Destaca a multiplicidade de papéis da religião, sua atuação diante das

pessoas encarceradas, como base de apoio e controle social e sua influência na

promoção da saúde mental e da qualidade de vida.

Alguns estudos põem em xeque o papel da R/E, portanto há necessidade de

mais estudos e fortalecimento dos aspectos metodológicos para que se possa ter

referências do que deve ser potencializado e o que deve ser minimizado da R/E de

maneira a contribuir na assistência ao usuário e na promoção da saúde da

comunidade (RIBEIRO; MINAYO, 2014).

Entre as contribuições da R/E estão incluídas a motivação para o cuidado

pessoal; melhora do ambiente de instituições correcionais; papel relevante na

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socialização; prevenção da violência e reabilitação; a formação de redes de proteção

e apoio social e a influência na formação de políticas públicas. Então, se as

instituições religiosas já se mostram dispostas a realizar um trabalho em prol da

sociedade, os profissionais de saúde ou os programas de saúde poderiam agregar

seus conhecimentos e trabalhando juntos melhorar a qualidade de vida da

comunidade, bem como a literacia em saúde (RIBEIRO; MINAYO, 2014).

Segundo Murakami e Campos (2012), a deficiência na comunicação entre os

serviços relacionados com a assistência em saúde mental e as entidades

representantes das igrejas fortalece os mitos e desconhecimentos em ambas as

partes, gerando o preconceito. Portanto, é importante o reconhecimento por parte

dos profissionais de que a espiritualidade é um componente essencial da saúde. E,

a partir desse reconhecimento, sugere-se a organização de um serviço de apoio

espiritual nas instituições de saúde, uma vez que as convicções religiosas dos

pacientes estão relacionadas com as decisões do cuidado médico a ser

administrado.

A essência do cuidar humanizado é a visão da multidimensionalidade do

paciente, que se traduz na visão biopsicossocial e espiritual do ser humano. A

capelania aparece como um eixo fundamental, um instrumento imprescindível, no

sentido de alcançar a espiritualidade do paciente fornecendo suporte diante dos

momentos mais difíceis da vida. A religião se apresenta como fio para proporcionar

um cuidado humanizado, holístico e espiritual da capelania (FRANCISCO et al.,

2015).

Estudo bibliométrico que objetivou identificar a produção científica sobre

capelania hospitalar concluiu que a produção sobre assunto é recente, restrita aos

últimos dez anos, com aumento crescente na primeira década do século XXI. Há

evidências de que se trata de uma área do conhecimento em construção, a maioria

dos Estados Unidos e poucos do Brasil. O tema tem atraído a atenção de

profissionais de diversas áreas. E, estudar o tema sobre serviços de capelania está

se tornando cada vez mais oportuno em razão dos movimentos para a instalação

desses serviços nas instituições em nosso país (GENTIL et al., 2011).

Piderman et al. (2010) relata uma pesquisa realizada com pacientes clínicos e

cirúrgicos dos hospitais elegíveis em Minnesota, Arizona e Flórida com o intuito de

identificar as expectativas do paciente quanto a capelão e visitação. Dos

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entrevistados, quase 70% relataram querer a visita do capelão, 43% foram visitados

e 81% indicaram que a visitação era importante.

Murakami e Campos, (2012) argumentam que devido à religião ser

reconhecida como um recurso psicossocial, de promoção à saúde mental, deve-se

incentivar a participação em atividades que envolvam R/E porque além de beneficiar

a vida do paciente, não traz despesas para os sistemas de saúde.

Alguns profissionais acham complicado inserir a assistência psicoespiritual

em sua prática cotidiana, e um dos fatores que contribuem para que eles tenham

essa visão é a fragmentação das religiões ou mesmo a diversidade das religiões.

Havendo diferentes maneiras de entender o ser humano, a saúde, a vida e a morte.

Se é um grande desafio para os religiosos, é um desafio maior ainda para os

profissionais de saúde que não estão tão familiarizados com o tema.

A agregação de outras categorias profissionais por meio do NASF tem

proporcionado a implementação de diferentes formas de atuação, ampliando as

possibilidades de cuidado oferecido na ESF. No entanto, agrupar profissionais em

equipes visando a uma prática colaborativa requer uma melhor articulação da rede

assistencial para a construção da integralidade que permanece como um desafio,

mas que também abre possibilidades para se integrar a R/E à assistência (MATUDA

et al., 2015).

Ideia Central E – Não vejo como aplicar (8 ECH)

Os participantes que foram incluídos nessa IC são praticamente os mesmos

que responderam às IC da questão 3, na qual se explicita que: “Acredito, mas na

prática é complicado” e “Não acredito”.

Não consigo associar nenhum fato de como usar. A assistência à saúde não deve tocar nisso. Não é fácil porque o paciente quer as coisas para ontem, são pessoas que querem resolver tudo do seu jeito. Mas, se a pessoa não acredita, não tem uma espiritualidade, não tem nenhuma religião, então a gente não tem como entrar nesse mérito para ajudá-la em questão de saúde.

A complexidade relatada pelos profissionais, muitas vezes, pode estar

relacionada à falta de orientação do profissional quanto ao papel positivo ou

negativo da R/E na saúde dos indivíduos. Pode também estar relacionada com a

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pluralidade das religiões e as particularidades de cada uma, que faz com que os

profissionais não tenham segurança para lidarem com a diversidade demandada.

Nesse discurso, percebe-se a preocupação do sujeito coletivo quanto a essa

condição que se sobrepõe à crença arraigada do seu papel como profissional de

saúde que, para a maioria, tem sido o de cuidar da parte física e até da emocional,

sem, contudo, considerar o componente espiritual de cada um, bem como o seu

impacto na saúde.

Associação negativa da R/E com a saúde é um dos problemas que talvez

poderíamos chamar de fragmentação da religião, que é muito maior que a

fragmentação da ciência ou do sistema de saúde. É perceptível a todos a

quantidade e diversidade de religiões existentes hoje, o que traz certa complexidade

para promover a R/E e o desafio de encontrar um princípio comum para facilitar a

atenção e promoção da saúde dos usuários.

Sabe-se que as crenças religiosas podem funcionar tanto como um recurso

no tratamento, facilitando o cuidado, como pode, ao contrário, conflitar e interferir

neste processo.

Nessa direção, Esperandio (2014b) adverte quanto às situações em que as

atividades e crenças religiosas são levadas a extremos, provocando efeitos

negativos sobre a saúde mental e física, podendo ser restritiva ao invés de expandir

e cooperar com o enfrentamento das condições provenientes do processo saúde-

doença. Em sua pesquisa, evidenciou ainda que existe falta de informação e que a

formação dos profissionais da saúde ainda é deficiente a respeito das questões

relativas à espiritualidade.

Murakami e Campos (2012) consideraram que os conceitos de religiosidade e

de espiritualidade deveriam ser esclarecidos no ambiente de trabalho, na área da

saúde, para que as equipes, que fazem o atendimento ao paciente, compreendam

como essas dimensões exercem influência no estado de saúde de cada usuário dos

serviços de saúde. Consideram, ainda, que os profissionais devem ser capacitados

a identificar o grau de importância da R/E, bem como o nível de envolvimento com

as questões ligadas a esses aspectos. Salientaram que o entendimento que o

indivíduo tem quanto a essa dimensão poderá ser útil ou prejudicial para a sua

saúde.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A integralidade foi interpretada como: ver, entender e assistir o ser humano

como um todo, desde o aspecto físico, mental, social, religioso, emocional e

espiritual. Que a integralidade da atenção implicaria em ver o paciente não como

uma patologia, mas ver além da doença e dos sintomas e enxergando todos os

aspectos da vida e da família desse paciente com as suas preocupações e suas

angústias.

Outro grupo entende que apoiar e promover a saúde está relacionado com

todas as questões da vida. Então, para eles, a integralidade deve atingir todas as

pessoas, independente de como elas sejam e da região que elas moram, sendo que

para isso é necessário um conjunto de ações articuladas para um bem comum,

pensadas juntas, envolvendo toda equipe multiprofissional.

Com relação ao papel da R/E na integralidade da prática assistencial, os

entrevistados concluíram que esse papel é muito importante, fundamental mesmo

para a assistência ter um resultado satisfatório. No entendimento deles, quando o

profissional que atende tem certa R/E desenvolvida, consegue mais facilmente ver o

indivíduo como todo, observa se ele tem fé, se ele tem força de vontade para

superar o problema da doença, enfim, ele reforça a escuta e tem mais empatia e a

recuperação dele vai ser muito mais efetiva.

O sujeito coletivo entende que a religiosidade interfere na forma de viver, de

pensar, de agir e de tratar a própria saúde, porém ele sugere que deve-se abordár o

indivíduo com base naquilo que ele acredita, e não baseado nas crenças pessoais

do profissional de saúde que o atende, ressaltando que isso certamente ajudaria em

todo o processo terapêutico.

Quanto à contribuição da R/E para a promoção da integralidade na atenção à

saúde, o sujeito coletivo percebe que o simples fato de acreditar em alguma coisa,

de ter uma fé e esperança, leva a pessoa a acreditar no tratamento e ter um conforto

maior diante de uma doença.

Eles sugerem que quando a pessoa tem uma religião, tem um meio social,

isso pode contribuir para a saúde e melhorar a sua qualidade de vida. No entanto,

algumas vezes, o paciente pode não estar receptivo, então o profissional deve ter

sensibilidade e respeitar os limites de cada um.

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Os entrevistados consideram, ainda, que os profissionais que fazem essa

atenção dentro da área da saúde deveriam ser treinados para essa abordagem.

Como sugestões de práticas de R/E que podem ser aplicadas na

integralidade da atenção, eles sugerem nos grupos de terapia, de passeio, de

caminhada, grupos de atividades manuais, que seja reservado um momento para

integrar os pacientes e realizar um momento de oração com pedidos e

agradecimentos. E também lembram que a humanização no acolhimento e no

tratamento são formas de integralidade na assistência.

Ainda como sugestão eles apontam a abordagem usando os oitos remédios

naturais como uma estratégia interessante, recomendando o descanso adequado, a

ingestão regular da água, a exposição ao Sol, ar puro, temperança/equilíbrio,

alimentação saudável, atividade física e, essencialmente, a confiança em Deus.

Outra ideia que surgiu e que não deve ser esquecida é de que primeiramente

deveria se pensar em tratar os profissionais “adoecidos”, proporcionando um espaço

reflexivo para eles e também ampliando isso para uma questão intersetorial com um

projeto para integrar as ações de religiosidade e espiritualidade no SUS.

Pode-se perceber que há um longo caminho a seguir, desde a definição de

conceitos até a identificação de práticas que promovam a saúde, uma vez que na

área da saúde existem vários conceitos, programas e princípios que são recentes ou

estão em fase de construção. O próprio NASF é muito recente e está em fase de

formação, sendo que o princípio da integralidade ainda não foi totalmente assimilado

como evidenciado nos depoimentos desta pesquisa, e que tudo isso dificulta a

integralização da assistência ao usuário ou à comunidade.

A falta de informação e formação pode ser um dos grandes motivos de

muitos profissionais não verem como aplicar a R/E na assistência ao usuário.

Se no Brasil tem-se um estado laico, em que é livre a expressão de crenças e

não há no governo um setor específico que promova a R/E não se pode esperar que

haja um plano integrado de promoção da saúde oriundo da integralização dos

ministérios do governo. Constata-se, então, a necessidade de maior iniciativas das

organizações sociais e instituições religiosas quanto ao desenvolvimento de ações

integradas ou, no mínimo, que esejam cientes da influência da R/E nestes setores

para a promoção da saúde.

Se é para envolver todos os setores não poderia ficar de fora as instituições

religiosas, pois influenciam na maneira da pessoa viver e cuidar de sua saúde.

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Percebe-se necessidade de profissionais que se interessem pelo assunto e

que estejam dispostos a dedicar-se à pesquisa e à prática para se obter mais

informações e referências quanto à utilização da R/E na promoção da saúde. A

promoção da saúde por meio da R/E deve ser observada na prevenção,

potencializando o tratamento, bem como, sendo um elo de ligação entre os

profissionais, e entre eles e o usuário. A R/E pode também ser uma força motivadora

e de atenção ao usuário, influenciando a população e o individuo ao autocuidado.

Necessita-se de mais estudos que possam indicar caminhos a seguir, que

práticas de R/E podem promover uma melhor qualidade de vida e prevenção de

doenças e potencializar o tratamento de enfermidades. Acredita-se que este é um

campo que pode e deve ser trabalhado. E ainda, que seria importante dedicar

estudos que sistematizem questionários específicos para realização de pesquisas,

relacionando a literacia em saúde com a R/E.

Todos precisam se ver como um ser integral, formado pelos aspectos físicos,

mentais, espirituais e sociais para depois ver o outro como um ser integral e

trabalhar para a integralidade dos sistemas. A R/E deve ser colocada não como a

solução para os problemas de saúde, mas como parte de um programa, de um

projeto ou de um sistema que tem como diretriz a integralidade. Muito mais do que

simplesmente a soma das partes, mas como um corpo unido no mesmo propósito,

na mesma direção e com o mesmo objetivo: a promoção da saúde integral a todos,

por todos os níveis e por todos os meios.

Com base nesta pesquisa, a integralidade foi considerada não apenas como

uma forma de interdisciplinaridade mas também interdependência. Apreende-se

ainda, que os profissionais de saúde deveriam reconhecer continuamente que fazem

parte de um todo que necessita ser conectado às partes, complementando uns aos

outros, para se formar um todo.

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APÊNDICE A

Figura 1 - Desenho metodológico do projeto completo (1a e 2a Fase).

Fonte: Meira, Abdala e Teixeira (2014)

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APÊNDICE B

ROTEIRO PARA AS ENTREVISTAS COM OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Código de Identificação ______________ Idade _________ Sexo _______________

Religião referida _____________________Praticante? Sim ________Não _______

Profissão ____________________ Há quanto tempo é formado ________________

Escola em que se formou_______________________________________________

Durante a sua formação, houve algum enfoque especial quanto à

Religiosidade/Espiritualidade na integralidade da prática assistencial?

O departamento onde trabalha já promoveu algum tipo de treinamento envolvendo

aspectos ligados à Religiosidade/Espiritualidade na Atenção à Saúde?

Sim ______ Não______

Se sim, você participou de algum destes treinamentos? Sim_________ Não_______

Questões orientadoras:

1. O que você entende por “integralidade” na Atenção à Saúde?

2. Qual o papel da religiosidade/espiritualidade na integralidade da prática

assistencial?

3. Você acredita que religiosidade/espiritualidade pode contribuir para a

promoção da integralidade?

4. Se sim, poderia dar alguma sugestão de como isso aconteceria na atenção à

saúde?

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APÊNDICE C

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (duas vias) Profissionais de Saúde – Primeira fase

Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa intitulada “Percepção dos

profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família quanto à assistência espiritual aos

usuários”, sob a responsabilidade da pesquisadora Maria Dyrce Dias Meira. Os

pesquisadores serão os alunos que fazem parte do grupo de pesquisa

Religiosidade/Espiritualidade na Integralidade da Saúde: Daniela da Cunha dos Santos,

Evelson Silva, Jocimar Wruck e Marli Rosangela Crês, tendo como orientadores as docentes

Maria Dyrce Dias Meira, Gina Andrade Abdala e o docente Carlos Antonio Teixeira. O

objetivo desta pesquisa é “analisar a percepção dos profissionais de saúde de uma unidade

administrativa da Estratégia Saúde da Família, do distrito do Capão Redondo quanto a

importância da Religiosidade/Espiritualidade para a integralidade da Atenção à Saúde”. A

sua participação na pesquisa ocorrerá da seguinte forma: No primeiro momento

respondendo a dois questionários, sendo um sobre “índice de religiosidade” e outro sobre

“Estilo de Vida” e também participando de uma entrevista gravada, com roteiro semi-

estruturado contendo dados sócio-demográficos e a sua percepção sobre a importância da

Religiosidade/Espiritualidade na integralidade da Atenção à Saúde. A religiosidade é

entendida como a representação de uma crença e práticas fundamentadas em uma religião,

enquanto a espiritualidade é tida como uma característica individual que determina a ligação

do indivíduo com o universo e com os outros seres, podendo ou não estar relacionada à

crença em um “Deus”. No segundo momento, conforme necessidades diagnosticadas após

análise do material coletado na primeira etapa, serão realizados quatro encontros com duas

horas e meia de duração, em meses consecutivos nas dependências da administração da

ESF. Nesses encontros se utilizará a estratégia de “Oficinas Reflexivas” quanto aos

aspectos da espiritualidade que poderiam ser integrados na Atenção à Saúde de maneira a

potencializar os resultados no planejamento da assistência, independente das crenças ou

religião de cada individuo. Por se tratar de uma pesquisa na qual você terá total liberdade de

expressar suas opiniões e/ou fazê-lo anonimamente, a sua participação não envolve riscos

eminentes. Você poderá ter como beneficio o conhecimento agregado pela participação nas

Oficinas Reflexivas que trará, em seu desdobramento, uma visão ampliada da integralidade

da atenção à saúde englobando os aspectos relacionados à espiritualidade. Você terá a

garantia de receber esclarecimentos sobre qualquer dúvida relacionada à pesquisa e poderá

ter acesso aos seus dados em qualquer etapa do estudo. Sua participação nessa pesquisa

não é obrigatória e você pode desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento

sem ser prejudicado por isso. Você não receberá pagamento pela sua participação no

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estudo e nem haverá custos para você. Os resultados da pesquisa serão divulgados, mas

você terá a garantia que o sigilo relativo à sua identidade como sujeito da pesquisa será

preservado. Caso você tenha dúvidas sobre o comportamento dos pesquisadores ou sobre

as mudanças ocorridas na pesquisa que não constam neste termo e caso se considere

prejudicado (a) na sua dignidade e autonomia, pode entrar em contato com a pesquisadoras

responsáveis Maria Dyrce Dias Meira – 11- 98289-1433 e Gina Andrade Abdala – cel: 19-

98389-3330 ou também pode consultar o Comitê de Ética em Pesquisa do UNASP, pelo

telefone (11) 2128-6230. Você poderá também em caso de qualquer questão, dúvida,

esclarecimento ou reclamação sobre os aspectos éticos dessa pesquisa entrar em contato

com o Comitê de Ética em Pesquisas da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo

CEP/SMS, Rua General Jardim, 36, 1º andar. Telefone: 3397-2464 - e-mail:

[email protected].

Diante do exposto, eu concordo em participar desta pesquisa, e sei que terei uma cópia

deste termo, que será assinado em duas vias.

Local e data __________________________________ _______/_______/_______

Nome do (a) participante: _______________________________________________

Assinatura: __________________________________________________________

Docentes orientadores: Componentes do Grupo de pesquisa:

Maria Dyrce Dias Meira Fabiana da Penha Colimoide Cel: 11- 98289-1433 Cel: 11-981101200 Assinatura________________________ Assinatura: _________________________ Gina Andrade Abdala Marli Rosangela Cres Cel: 19-98389-3330 Cel: 19-99179-7720 Assinatura________________________ Assinatura: __________________________ Carlos Antonio Teixeira Evelson Silva Cel: 1199368-0604 Cel: 11-99789-5417 Assinatura: _______________________ Assinatura: __________________________ Jocimar Wruck Cel: 11-99608-4239 Assinatura: __________________________

Guilherme Ramos Sens

Cel: 49 - 99193840 Assinatura: _________________________

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ANEXO A

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ANEXO B

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ANEXO C

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