REPRESENTAÇÕES DE LEITOR E DE LEITURA NA REVISTA … · Filhos contribuiu para a construção de...

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 4179 REPRESENTAÇÕES DE LEITOR E DE LEITURA NA REVISTA PAIS & FILHOS (1968-1989) Liana Pereira Borba dos Santos 1 Este trabalho tem por objetivo compreender de que forma a revista mensal Pais & Filhos contribuiu para a construção de representações de leitura e de infância leitora no período de 1968 a 1989. Examinaram-se 44 exemplares do periódico, consultados na Fundação Biblioteca Nacional FBN, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Pais & Filhos foi lançada em setembro de 1968 pela Bloch Editores S.A., intitulada como “a revista mensal da família moderna” (PAIS & FILHOS, n. 1, set. 1968, p. 1). O periódico apresentava a proposta editorial de discutir temas relacionados à infância, à família, à sexualidade, ao comportamento, à saúde e à educação. Atualmente, a revista é produzida pela Editora Manchete e, com 49 anos de existência, configura uma das publicações periódicas de maior longevidade do mercado brasileiro. A pertinência de Pais & Filhos para a pesquisa em História da Educação pode ser justificada por seu papel divulgador de discursos e práticas de cuidado e educação das crianças, dirigidas às famílias, o que vai ao encontro das reflexões pautadas em perspectivas históricas e culturais que consideram a imprensa periódica como um constructo social (NÓVOA, 2002; CASPARD-KARYDIS 2005). Assume, ainda, a relevante função educativa de divulgação, de reprodução e de transformação de determinadas práticas sociais. Apesar de não possuir um caráter especificamente escolar ou de estar diretamente ligada à profissão docente, Pais & Filhos atuou como um espaço de educação informal ou não institucionalizada, permeado pelo debate de ideias pedagógicas e pela diversidade de objetivos educativos dispostos em suas páginas. Nessa perspectiva, ganham centralidade as questões: Como a leitura era abordada em suas páginas? Como os sujeitos leitores eram representados? Quais publicações foram sugeridas no periódico? 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PROPED-UERJ) e membro do Grupo de Pesquisa Infância, Juventude, Leitura, Escrita e Educação GRUPEEL (FAPERJ/CNPQ/UERJ). Professora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Educação Infantil do Colégio Pedro II. E-Mail: <[email protected]>.

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 4179

REPRESENTAÇÕES DE LEITOR E DE LEITURA NA REVISTA PAIS & FILHOS (1968-1989)

Liana Pereira Borba dos Santos1

Este trabalho tem por objetivo compreender de que forma a revista mensal Pais &

Filhos contribuiu para a construção de representações de leitura e de infância leitora no

período de 1968 a 1989. Examinaram-se 44 exemplares do periódico, consultados na

Fundação Biblioteca Nacional – FBN, localizada na cidade do Rio de Janeiro.

Pais & Filhos foi lançada em setembro de 1968 pela Bloch Editores S.A., intitulada

como “a revista mensal da família moderna” (PAIS & FILHOS, n. 1, set. 1968, p. 1). O

periódico apresentava a proposta editorial de discutir temas relacionados à infância, à

família, à sexualidade, ao comportamento, à saúde e à educação. Atualmente, a revista é

produzida pela Editora Manchete e, com 49 anos de existência, configura uma das

publicações periódicas de maior longevidade do mercado brasileiro.

A pertinência de Pais & Filhos para a pesquisa em História da Educação pode ser

justificada por seu papel divulgador de discursos e práticas de cuidado e educação das

crianças, dirigidas às famílias, o que vai ao encontro das reflexões pautadas em perspectivas

históricas e culturais que consideram a imprensa periódica como um constructo social

(NÓVOA, 2002; CASPARD-KARYDIS 2005). Assume, ainda, a relevante função educativa de

divulgação, de reprodução e de transformação de determinadas práticas sociais.

Apesar de não possuir um caráter especificamente escolar ou de estar diretamente

ligada à profissão docente, Pais & Filhos atuou como um espaço de educação informal ou não

institucionalizada, permeado pelo debate de ideias pedagógicas e pela diversidade de

objetivos educativos dispostos em suas páginas. Nessa perspectiva, ganham centralidade as

questões: Como a leitura era abordada em suas páginas? Como os sujeitos leitores eram

representados? Quais publicações foram sugeridas no periódico?

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PROPED-UERJ) e membro do Grupo de Pesquisa Infância, Juventude, Leitura, Escrita e Educação – GRUPEEL (FAPERJ/CNPQ/UERJ). Professora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico – Educação Infantil – do Colégio Pedro II. E-Mail: <[email protected]>.

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Leituras em revista

Feliz do homem que nasce e se cria numa casa cheia de livros. Nasci e fui criado em casa de um tio-avô, jornalista, que fazia questão de se manter atualizado com os lançamentos literários. Desse modo, pude alternar a leitura do Tico-Tico (único gibi do meu tempo de criança) com os grandes nomes que então despontavam: Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, Rachel de Queiroz, Jorge Amado. Entre mim e as estantes nunca se pôs qualquer barreira calcada em moral rançosa. Feliz também do homem que vê seus filhos nascerem e se criarem numa casa cheia de livros, não opondo nenhum tabu entre a curiosidade infantil e o papel impresso (PAIS & FILHOS, n. 1, set. 1968, p. 102).

O universo da leitura esteve presente nas páginas de Pais & Filhos desde o seu

número inaugural. Como exemplificado no trecho acima, O artigo “Livros Proibidos”,

assinado por Macedo Miranda, apresentou interessante relato sobre práticas de leitura

vivenciadas na infância, especialmente por se tratar de um homem falando da educação dos

filhos, em uma perspectiva indicativa da ausência de tabus ou restrições à curiosidade

infantil. No trecho, também assume relevo a sugestão da leitura dos respectivos autores

citados, atualmente possuidores de reconhecido prestígio no campo da literatura brasileira.

Para Miranda, “não existem livros proibidos para os nossos filhos”, sendo necessária,

por outro lado, orientação em relação aos critérios para a escolha das crianças e jovens. O

autor sinaliza a importância de “educar os filhos para a vida. A boa literatura, a literatura

honesta, pode ser uma excelente escola de vida” (Idem, p. 101). Tal constatação colabora com

a discussão de que, historicamente, as indicações de livros para crianças foram orientadas

por critérios de qualidade definidos por adultos e, de modo específico, por aqueles

considerados especialistas na área2.

A educação das crianças para vida também foi abordada no artigo “Não é só na escola

que se aprende a viver”, assinado por Elice Munerato, da redação de Pais & Filhos, que teve

como consultora especializada3 Esther Ozon Monfort, professora de Psicologia da Educação

da Secretaria de Educação da Guanabara e professora de filosofia do Colégio Pedro II.

2 Peter Hunt sinaliza a necessidade de exame dos juízos e padrões estabelecidos como bons livros. Para este autor, “há uma tensão entre o que é bom em abstrato, o que é bom para a criança em termos sociais, intelectuais e educacionais, e o que nós, real, honesta e reservadamente achamos ser um bom livro” (HUNT, 2010, p. 39).

3 O periódico contava com uma equipe de profissionais consultores, provenientes de áreas como foniatria, obstetrícia, pedagogia, pediatria, psicologia, psiquiatria, entre outros. Esta identificação era apresentada na página inicial dos artigos, ao lado do nome dos redatores da equipe de Pais & Filhos que assinavam a matéria, e também na lista de consultores publicada em suas últimas páginas. Tal prática pode ser observada em inúmeras publicações destinadas à família, como estratégia de valorização de discursos ditos especializados.

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Aprender na escola da vida ou viver na escola? Nem uma coisa nem outra: ambas são fundamentais para a perfeita formação da criança. A verdade não está só nos livros ou nas experiências da vida, mas na aliança dos dois. O papel dos pais modernos é fornecer às crianças oportunidades de desfrutar de ambos os ensinamentos. Elas não devem ficar distantes da realidade; precisam saber enfrentá-la quando for o momento adequado, baseadas na sua vivência e nos exemplos retirados dos livros (PAIS & FILHOS, n. 1, set. 1969, p. 51).

No artigo, constatou-se que o livro e a leitura são associados às aprendizagens

construídas no ambiente escolar, enquanto as experiências cotidianas e práticas são

colocadas no âmbito de uma dita “escola da vida”. Aos pais que empreendem as práticas

sugeridas é conferido o status de “modernos”, caracterizados pela capacidade articular os

conhecimentos escolares e os conhecimentos provenientes das experiências vividas fora da

escola.

A posição corporal no momento de leitura foi abordada no artigo “Posição de leitura”,

que contou com redação de Glorinha Chaves de Melo e consultoria de Samuel Cuklermam e

Líbero Rossi – oftalmologistas, de Laura Sandroni, então diretora da Fundação Nacional do

Livro Infantil4, e das pedagogas Leny Werneck Dornelles e Ruth Vilella.

Muitas vezes, preocupados com a visão e a postura das crianças, os pais exigem que seus filhos só leiam com o livro sobre a mesa, sentados na posição convencional, que consideram correta. É evidente que os pais estão certos, quando se preocupam com estas coisas. Mas estão absolutamente errados quando começam agindo dessa forma, a tirar o interesse da criança pelos livros. Aqui, nós ensinamos a posição correta para a leitura. E mais: mostramos quanto é importante desenvolver na criança o hábito de ler (PAIS & FILHOS, n. 7, mar. 1975, p. 62).

O artigo problematizou o fato de ainda ser imposto à criança uma posição de leitura

padrão, sob o pretexto de adquirir doenças, situação considerada prejudicial à construção do

gosto pela leitura. Por outro lado, identificou-se uma perspectiva formativa na matéria, na

medida em que pretendeu ensinar a “posição correta” de leitura, definida por aquela capaz de

oferecer maior conforto e acessibilidade para a criança leitora, e mostrar a importância do

desenvolvimento de hábito de ler, em uma discussão embasada no discurso de consultores

especializados do campo médico e pedagógico. Esta estratégia discursiva pretendeu

4 Criada em 1968, atualmente é chamada Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Trata-se de instituição de direito privado, de utilidade pública federal e estadual, de caráter técnico-educacional e cultural, sem fins lucrativos, estabelecida na cidade do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.fnlij.org.br/site/o-que-e-a-fnlij.html>. Acesso em: 20 fev. 2017.

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sensibilizar e aproximar o leitor, com uma linguagem mais lúdica e acessível, a fim de

contextualizar o cenário de repressão corporal da criança no momento de leitura.

Sempre que Betinha tentava ler deitada na cama, era repreendida pela sua mãe, que exigia que ela lesse ou estudasse com o livro sobre a escrivaninha. O argumento de Dona Marta parecia cheio de razão: “Essa não é a posição correta de leitura. Assim você vai ficar com a espinha torta e com a vista cansada”. Como nem sempre a menina estivesse disposta a obedecer a mãe, a solução mais fácil era deixar o livro de lado e apanhar a boneca. A consequência desse comportamento foi uma sensível queda no seu rendimento escolar, acompanhada da falta de interesse pelos livros de contos infantis que o pai levava para a casa (Idem, p. 63).

Sugeriu-se que o melhor rendimento da leitura seria conquistado por um maior

conforto e descontração, cuja efetivação foi atribuída às famílias, capazes de tornar a leitura

em “um ato de amor” e de fornecer uma “atmosfera de carinho e prazer”, pautado no

entendimento de que

o gosto pela leitura não é uma atividade natural, e depende de uma aprendizagem correta, num ambiente sem repressão. Essa aprendizagem deve ser iniciada nos primeiros anos de vida, quando a criança, ao ver a mãe contando histórias, com o livro na mão, sente desejos de decifrar aquele código, que lhe permitirá descobrir sozinha todo o encanto da literatura infantil (Ibidem, p. 65).

“Iniciada nos primeiros anos”, a leitura pode ser compreendida como atividade

cognitiva, própria a determinada fase da vida, assim como atividade cultural, constituída na

interação com outros sujeitos leitores. De um lado, a participação da família, em especial da

figura materna, foi valorizada no artigo em questão. De outro, reforçou o discurso de que a

revista Pais & Filhos também contribui para a formação da família no que diz respeito à sua

função de educar as crianças-leitoras, ao capacitá-la para a mediação de uma correta

aprendizagem da leitura.

O artigo “Livro infantil”, assinado por Liana Corrêa Cortes e com consultoria de Laura

Sandroni, também valorizou o papel da família na educação das crianças. Em seu conteúdo,

identificou-se a representação de leitura como atividade cujo objetivo é o de desenvolver “a

capacidade da criança pensar, sentir, comparar, optar, opinar, criar” e como “um dos hábitos

mais gratificantes que há”, já que:

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através da leitura, podemos transportar-nos para qualquer lugar, em qualquer tempo. O livro pode ser relido, interrompido ou alternado com uma atividade diferente sem qualquer prejuízo ao leitor. Ele nos leva a sonhar, mas também exige reflexão e interiorização – a participação que os modernos meios de comunicação de massa deixaram de exigir – e ainda ensina o leitor a tomar posições, a opinar (PAIS & FILHOS, n. 7, mar. 1977, p. 33).

No artigo “A história vai começar” também se identificou interessante definição do

livro e de criança:

É ele quem abre as portas. É através dele que ampliamos nossa visão de mundo, nosso vocabulário e até nossa capacidade de sentir. Ele contém o saber e, portanto, é dos maiores valores que o homem possui. Só que a criança não quer saber de nada disso: o que ela quer é brincar, ter prazer, ser feliz. Criança quer distância de obrigações. Tudo bem! Ele também serve

para isto (PAIS E FILHOS, n. 4, dez. 1989, 104).

No entanto, o texto complementou que o livro por si só não era capaz de ensinar, se

não contasse com a mediação da família. Sua participação foi considerada como possível

“fórmula” eficaz na constituição do hábito da leitura.

Para começar, desligue a TV e apresente seu filho a ele: o livro. Mas como despertar os pequenos para os livros, diante de uma televisão tão atraente e de acesso tão fácil? A resposta é simples: basta facilitar o acesso aos livros – até porque, seus atrativos serão imediatamente percebidos. A fórmula para se criar o hábito da leitura é aproximar a criança do livro, por exemplo, convidando-a a folhear um deles (Idem, p. 105).

No artigo, o gosto da leitura também foi associado ao contato com pais leitores. A fim

de reforçar esse argumento, o texto apresentou exemplos de estratégias para atrair a atenção

das crianças para o material impresso, como folhear livros, revistas e jornais na frente das

crianças e brincar com elas, utilizando parlendas, cantigas e trava-línguas. Por fim, destacou-

se a importância da atuação dos pais nesse processo, aspecto que, segundo o texto,

contribuiria para crescimento do mercado editorial brasileiro:

É inegável, no entanto, o aumento do número de pequenos leitores. E a prova é o crescimento do mercado editorial infantil que imprime, hoje, uma quantidade de obras infinitamente superior a de 10, 20 anos atrás. Isto se deve, em grande parte, às escolas que obrigam à leitura de autores nacionais. Mas, o papel dos pais continua vital: trata-se de um verdadeiro dever dar a seu filho a oportunidade de enxergar não só pelos olhos do corpo, mas também com os olhos da mente – olhos, estes sim, capazes de recriar a realidade. Portanto, abra o livro e chame seu filho porque a história vai começar: “Era uma vez...” (Ibidem, p. 106)

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Por uma literatura brasileira

A produção literária brasileira, de modo específico, foi alvo de discursos e estratégias

nas páginas de Pais & Filhos. Na matéria “Literatura Infantil”, assinada por Verônica Guedes

e Otacílio Lage, ganharam relevo os problemas enfrentados pelo Brasil no que diz respeito à

literatura infantil, a saber: “a concorrência com material estrangeiro, importado a preço bem

mais baixo pelos editores nacionais, e a falta de hábito dos pais em desenvolver na criança o

interesse pela leitura” (PAIS & FILHOS, n. 6, fev. 1977, p. 109).

O texto apresentou como estratégia argumentativa a veiculação de depoimentos de

autores nacionais. Ana Maria Machado destacou a importância do livro para o

desenvolvimento infantil, na medida em que “a situação narrativa, o contar histórias, são da

maior importância para a criança criar gosto pela leitura. Não apenas a história oral, mas a

história contada no livro” (Idem, p.111).

Já André de Carvalho comentou sobre o preço dos livros comparados com

brinquedos: “Bonecas custam 400 cruzeiros, bolas, 40, contra 15, 20 ou 30 no máximo, de

um livro infantil. Acho que a criança precisa ver o livro como um objeto de prazer, que deve

ser cheirado, brincado e, obviamente, lido” (Ibidem, p. 111).

Os autores Mary e Eliardo França ressaltaram a dificuldade enfrentada para

encontrar um editor que “acredite no trabalho do autor brasileiro” e a concorrência da

produção nacional com livros de péssima qualidade, muitos deles estrangeiros, sem

preocupação com a forma e o conteúdo: “O leitor também não está conscientizado para

comprar um livro de autor nacional: quando ele entra em uma livraria, compra logo um livro

de Walt Disney, porque toda a carga de informação que ele recebe em termos de literatura

infantil é em cima disso” (Ibidem, p. 111).

Luiz Raul Machado problematizou a dita “briga da linguagem”, pertinente ao conflito

entre o uso de uma linguagem coloquial, mais próxima da falada pelas crianças, e a exigência

do uso da norma culta da língua: “A gente tem que tentar escrever a língua que fala, para a

criança tentar reconhecer a língua que ela fala, que ela conhece. Mas aí, isso esbarra com

problemas com editoras e professoras, porque uma das saídas para o autor nacional de

literatura infantil é ser indicado pelas escolas” (Ibidem, p. 111).

Nesse contexto discursivo que pretendia legitimar a produção literária brasileira, o

artigo também comentou as iniciativas do Instituto Nacional do Livro e da Fundação

Nacional do Livro Infantil acerca do tema, das quais se destacavam a realização de concursos

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literários, cursos e seminários, em prol da mudança do cenário nacional da literatura para

crianças.

A edição de Pais & Filhos de outubro de 1983, comemorativa ao mês das crianças,

publicou entrevista com Ruth Rocha, escritora de livros infantis que, naquele período, havia

conquistado a marca “um milhão de exemplares vendidos” (PAIS & FILHOS, n. 2, out. 1983,

p. 124). Em relação à leitura, a autora problematizou o termo “hábito de leitura”, sinalizando

desgosto pelo seu uso por considerar que a palavra “hábito” fazia referência à ação

“obrigatória e mecânica”. Propôs, então, o argumento de que “a criança precisa é ter uma

relação de afetividade com o livro que ela vai ler” (Idem, p. 126). Ruth Rocha valorizou a

atuação familiar nesse processo, pois, para ela, a construção dessa relação é capaz de “criar

amor pelo livro. E o amor pelo livro se cria, primeiro, contando histórias. Desde pequena, a

criança pode ser introduzida à história. E, nesta fase, o que mais ela goza é o contato com os

pais” (Ibidem).

Ao longo da entrevista, a autora abordou aspectos relacionados à leitura e televisão e à

participação da escola na construção do interesse pela leitura. Ao final, ao ser questionada a

respeito “dos autores de livros infantis que considera grandes” (Idem, 126), Ruth Rocha

indicou a existência do movimento da literatura infantil brasileira, referendando os seguintes

autores: João Carlos Marinho, Edy Lima, Ana Maria Machado, Lygia Bojunga Nunes, Ziraldo,

Marina Colassanti, Bartolomeu Campos de Queirós e Joel Rufino.

Leituras para crianças

Articulada à intenção de educar os pais no que diz respeito à importância da leitura na

infância, efetuada por meio dos artigos levantados, pode-se inferir que Pais & Filhos também

contribuiu para a construção de uma biblioteca infanto-juvenil.

Para tal, utilizou como estratégia discursiva recorrente a publicação da seção Livros,

identificada em inúmeros exemplares pesquisados. Este espaço apresentava breve resenha

das obras sugeridas, associada aos dados bibliográficos como o nome da editora e o valor de

venda do produto.

A título de ilustração das sugestões de leitura divulgadas na seção, levantaram-se: a)

obras literárias para o público infanto-juvenil, como O Menino Maluquinho – Ziraldo; A arca

de Noé – Vinícius de Moraes; O jogador de sinuca e mais historinhas – Rachel de Queiroz;

b) literatura adulta, como Fogo Morto, de José Lins do Rêgo e Instinto Supremo, do

português Ferreira de Castro; c) publicações especializadas sobre educação, psicologia e

literatura, como Educação Sexual e Afetiva, do francês André Berge; Os Direitos da Criança,

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da psicanalista americana Margaret A. Ribble; A mente infantil, do pernambucano Zaldo

Rocha.

No já citado artigo “Posições de leitura”, também foi proposta a criação de uma

biblioteca infanto-juvenil, como estratégia para “para criar o hábito de leitura no seu filho e,

ao mesmo tempo, encaminhá-lo corretamente, através de uma leitura sadia” (PAIS &

FILHOS, n. 7, mar. 1975, p. 64). A partir da “colaboração de pedagogos”, a matéria sugeriu a

organização dos livros em temáticas específicas, conforme exposto no quadro a seguir:

QUADRO 1 LIVROS INDICADOS NO ARTIGO “POSIÇÃO DE LEITURA”

ÁLBUM DE ILUSTRAÇÕES E PRIMEIRAS LEITURAS

VIDA RURAL

1. Uma vez um homem uma vez um gato – Irene Albuquerque

2. O cavalinho de vento – Eliardo França

3. Entrou por uma porta e saiu pela outra – Maria Mazzetti

4. Flicts - Ziraldo

1. O coleira preta – Francisco Marins

2. Minha vida no garimpo – Antônio de Pádua Morse

3. Os colegas – Lígia Nunes

4. Dois meninos na Transamazônica – Margarida Ottoni

CONTOS INFANTIS BASE INFORMATIVA

1. A fada que tinha ideias – Fernando Lopes de Almeida

2. A toca da coruja – Valmir Ayala

3. O velho que foi embora – Leny Dornelles

4. O boi Aruá – Luís Jardim

1. Os girinos de salta longe – Maria do Carmo Pinheiro

2. Qual é a história de hoje? – Gian Calvi

3. O sobradinho dos pardais – Herberto Sales

4. Rosa Maria no castelo encantado – Érico Veríssimo

NOVELAS JUVENIS HUMOR

1. Viagens maravilhosas de Marco Polo – Lúcia Almeida Machado

2. Três escoteiros em férias no Paraguai – Francisco de Barros Júnior

3. O menino de Palmares – Isa Silveira e Alberto Leal

4. Tonzeca, o calhambeque – Camila Cerqueira Cézar

1. Napoleão em Parada de Lucas (Aventuras de um ex-cabo de Vassouras) – Orígenes Lessa

2. A vaca voadora – Edy Lima

3. Hans Staden – Monteiro Lobato

4. A aldeia Sagrada – Francisco Marins

AVENTURAS BRASILEIRAS BIOGRAFIAS

1. O mistério do escuto de ouro – Odete de Barros Motta

2. Uma rua como aquela – Lucília Junqueira de Almeida Prado

3. Aventuras do Escoteiro Bila – Odete de Barros Motta

4. O gênio do crime – J. C. Marinho Silva O

1. Heróis da comunidade mundial – Ofélia Fontes

2. O menino que voa – Franco Oranice e Mary França

3. Villa Lobos, Alma Sonora do Brasil – Arnaldo Magalhães de Giácomo

Fonte: Pais & Filhos, n. 7, mar. 1975, p. 65

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Dentre os livros sugeridos no artigo, destacam-se a indicação às obras de autores

reconhecidos no âmbito da literatura infantil brasileira, dos quais podem-se citar: Eliardo

França, Mary França, Monteiro Lobato, Érico Veríssimo, Maria Mazetti e Ziraldo.

Já no artigo “A história vai começar”, assinado por Denise Moraes e com consultoria de

Laura Sandroni, identificou-se a recomendação de leituras de acordo com a dimensão etária,

relacionadas aos temas considerados de interesse em cada fase:

Cada idade pede um tipo de leitura, corresponde a um interesse, embora isso não seja rígido. As crianças pequenas gostam de assuntos próximos: histórias que falam de mãe, pai, do gatinho e dela mesma. Entre os três e os cinco anos, elas adoram os contos de fada, repletos de princesas, madrastas e reis. Estas histórias mexem com os sentimentos mais profundos da criança que aprende a lidar com ele mesmo que ainda não consiga identificá-los. Ciúmes, inveja, amor, tudo está e João e Maria, Cinderela e tanto outros, com uma linguagem poética e metafórica facilmente assimilada pelos pequenos – que afinal, vivem do faz-de-conta. Aos poucos, a criança vai ampliando sua área de interesse e a atração por este ou aquele assunto se torna algo muito individual. Na adolescência, porém, histórias de suspense e aventuras fazem sucesso. Romances também (PAIS & FILHOS, n. 4, dez. 1989, p. 105).

Apesar da ponderação de que a divisão proposta não deva ser considerada de forma

rígida, o artigo expressa uma concepção de infância centrada em uma dimensão etária e que

tem na Psicologia do Desenvolvimento sua principal base epistemológica. Segundo Jobim e

Souza (2007), essa área historicamente autorizou e legitimou teorias e conceitos sobre os

aspectos evolutivos da infância e da adolescência:

A psicologia do desenvolvimento habituou-nos a pensar a criança na perspectiva de um organismo em formação, que se desenvolve por etapas, segundo uma dada cronologia, e que, além disso fragmenta a criança em áreas ou setores de desenvolvimento (cognitivo, afetivo, social, motor e linguístico) de acordo com a ênfase dada a essas áreas por cada teoria específica” (JOBIM E SOUZA, 2007, p. 45).

A matéria em questão exemplifica o argumento da autora, na medida em que segmenta

a recomendação de leitura em faixas etárias, justificando tal medida em conhecimentos

acerca do desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional das crianças e adolescentes. O

artigo apresenta, ainda, quadro com indicações de livros, baseados no critério então utilizado

pela “Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, segundo o qual a divisão é feita por grau

de alfabetização” (PAIS & FILHOS, n. 4, dez. 1989, p. 106).

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Utilizam-se cinco faixas para organização da biblioteca: 1) Pré-leitor (livros

basicamente de imagens); 2) Leitor iniciante (recém-alfabetizado); 3) Leitor com alguma

experiência de leitura; 4) Leitor com habilidade de leitura e 5) Leitor experiente. Por fim,

propõe-se a faixa dos 14 anos em diante, composta de livros indicados também para adultos.

No quadro seguinte, apresentam-se os livros indicados, referendados pelo nome do autor(a),

editora e ano de publicação.

QUADRO 2 LIVROS INDICADOS NO ARTIGO “A HISTÓRIA VAI COMEÇAR”

PRÉ LEITOR LEITOR INICIANTE

1. Amendoim, Eva Furnari, Ed. Paulinas, 1983

2. O Almoço, Mário Vale, Ed. Formato, 1987

3. Purutaco Tataco, Marcelo Moreira, Ed. FTD, 1987

4. A menina, O cobertor, Luiz Lorenzon, Ed. FTD, 1985

5. Que medo!, Mary França, Ed. Ática, 1988

1. O Menino Maluquinho, Ziraldo, Ed. Melhoramentos, 1982

2. Quando eu comecei a crescer, Ruth Rocha, Ed. Nova Fronteira,1983

3. A galinha que criava um ratinho, Ana Maria Machado, Ed. Globo, 1987

4. Dodó, Ziraldo, Ed. Melhoramentos, 1987

5. Se As Coisas Fossem Mães, Sylvia Orthof, Ed. Nova Fronteira, 1984.

LEITOR COM ALGUMA EXPERIÊNCIA DE LEITURA

COM HABILIDADE DE LEITURA

1. A bola e o goleiro, Jorge Amado, Ed. Record, 1984

2. Amor de Cão, Sura Berditchevsky, Ed. Nova Fronteira, 1985

3. Faca sem ponta, galinha sem pé, Ruth Rocha, Ed. Nova Fronteira, 1983

4. Uma ilha lá longe, Cora Ronái, Ed. Record, 1987

5. O cavalinho azul, Maria Clara Machado, Ed. Cedibra, 1982

1. O cavalo transparente, Sylvia Orthof, Ed. FTD, 1987

2. Tchau, Lygia Bojunga Nunes, Ed. Agir, 1986

3. Boi, boiada, boiadeiro, Ruth Rocha, Ed. Quinteto Editorial, 1987

4. Era uma vez um tirano, Ana Maria Machado, Ed. Salamandra, 1982

5. Jornal falado, Antonieta Dias de Moraes, Ed. Global, 1982

LEITOR EXPERIENTE 14 ANOS EM DIANTE

1. O homem que calculava, Malba Tahan, Ed. Record, 1983

2. O gigolô das palavras, Luís Fernando Veríssimo, Ed. L&PM, 1982

3. Macacos me mordam, Fernando Sabino, Ed. Record, 1984

4. A visitação do amor, Jorge Miguel Marinho, Ed. Contexto, 1987

5. O gênio do crime, João Carlos Marinho, Ed. Global, 1986

1. Clarissa, Érico Veríssimo, Ed. Globo, 1978

2. Uma ideia toda azul, Maria Colassanti, Ed. Nórdica, 1979

3. Os cavalinhos de Platiplanto, José J. Veiga, Ed. Civilização Brasileira, 1980

4. O Cortiço, Aluísio Azevedo, Ed. Ática, 1975

5. O primeiro beijo, Clarice Lispector, Ed. Ática, 1989

Fonte: Pais & Filhos, n. 4, dez 1989, p. 106

Em linhas gerais, nota-se a multiplicidade de editoras e de autores cujas publicações

foram recomendadas, situação indicativa da expansão do mercado de literatura infantil

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brasileiro experimentada no final dos anos 1980, se comparado ao contexto preocupante

sinalizado pelos autores da área, em depoimentos apresentados em matéria dos anos 1970.

Em relação às editoras citadas, destacam-se pelo maior número de indicações a Editora

Record e Editora Nova Fronteira, com quatro livros sugeridos, respectivamente. As Editoras

Ática e FTD, por sua vez, tiveram 3 livros recomendados, sendo a primeira preponderante no

segmento “14 anos em diante”, e a FTD mais presente no segmento “pré-leitor”. Cabe

destacar que as quatro editoras em questão são sediadas na cidade do Rio de Janeiro, mesma

localidade de produção da revista Pais & Filhos.

A despeito da variedade de autores citados no quadro, identificou-se que Ruth Rocha

teve obras indicadas para três faixas: leitor iniciante, leitor com alguma experiência de leitura

e leitor com habilidade de leitura. Ana Maria Machado e Sylvia Orthof, por sua vez, também

mereceram destaque, com obras indicadas para as faixas de leitor iniciante e de leitor com

habilidade de leitura.

Considerações finais

Em diálogo com Foucault (2010), verificaram-se, nas páginas de Pais & Filhos,

estratégias discursivas utilizadas pelos editores e consultores especializados, por meio das

quais legitimaram-se algumas obras e autores como Ruth Rocha, Ana Maria Machado,

Ziraldo, entre outros, com a finalidade de valorizar a literatura infanto-juvenil brasileira.

Destacou-se a dimensão educativa dos livros em ensinar, por meio de linguagem

própria, aspectos sociais, afetivos e morais. Nesse contexto, a leitura foi apresentada como

“hábito gratificante” e “real engrandecimento e profundo prazer”, em que a criança, por meio

dela, seria capaz de “pensar, sentir, comparar, optar, opinar, criar”. Nos artigos analisados,

identificou-se que a infância foi compreendida à luz dos conhecimentos pautados na

Psicologia do Desenvolvimento, caracterizados pela segmentação etária e pela condição de

fase inicial do desenvolvimento humano.

Valorizou-se o papel a ser desempenhado pelas famílias na construção do interesse

pela leitura, mediado pelos conhecimentos adquiridos na leitura do periódico em questão. A

partir da compreensão da revista como espaço discursivo, ganharam vulto as estratégias

dirigidas à formação das famílias leitoras de suas páginas, como a recomendação de práticas

a serem realizadas com os filhos, em consonância com às leituras recomendadas nos artigos e

na seção Livros.

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A investigação pretendeu contribuir com os estudos que valorizam a imprensa

periódica como espaço de educação não formal, considerando-a como veículo que atinge as

famílias de modo objetivo e lúdico (GOUVEA, PAIXÃO, 2004). Pretendeu-se, ainda,

colaborar com o campo de estudos da historiografia da infância e da literatura infantil no

Brasil (KUHLMANN, 1998; LAJOLO & ZILBERMAN, 2004), considerando o entendimento

de que Pais & Filhos configurou um espaço privilegiado de educação das famílias leitoras e de

construção de representações de leitura e de infância no período pesquisado.

Referências

CASPARD-KARYDIS Pénélope et alii. La Presse d'éducation et d'enseignement. 1941-1990. Répertoire analytique. 4 vol. Paris: INRP, 2003-2005. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collége de France pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução: Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2010. GOUVEA, Maria Cristina S.; PAIXÃO, Cândida G. Uma nova família para uma nova escola: a propaganda na produção de sensibilidades em relação à infância (1930-40). In: XAVIER, Maria do Carmo (Org.). Manifesto dos pioneiros da educação: um legado educacional em debate. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. HUNT, Peter. Crítica, teoria e literatura infantil. São Paulo: Cosac Naify, 2010. JOBIM E (SILVA) SOUZA, Solange. Re-significando a psicologia do desenvolvimento: uma contribuição crítica à pesquisa da infância In: KRAMER, Sonia e LEITE, Maria Isabel. Infância: fios e desafios da pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 1996. (9ª ed. 2007). KUHLMANN, Marcos., Jr. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998. LAJOLO, Marisa, ZILBERMAN, Regina. Um Brasil para crianças, para conhecer a literatura infantil brasileira: História, histórias, autores e textos. São Paulo: Global, 1986. NÓVOA, António. A imprensa de Educação e Ensino: concepção e organização do repertório português. IN: CATANI, Denice B.; BASTOS, M. Helena C. (orgs.). Educação em Revista: a imprensa periódica e a História da Educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2002. REVISTA PAIS & FILHOS. Rio de Janeiro: Bloch Editores, n. 1, set. 1968. REVISTA PAIS & FILHOS. Rio de Janeiro: Bloch Editores, n. 1, set. 1969. REVISTA PAIS & FILHOS. Rio de Janeiro: Bloch Editores, n. 7, mar. 1975. REVISTA PAIS & FILHOS. Rio de Janeiro: Bloch Editores, n. 6, fev. 1977. REVISTA PAIS & FILHOS. Rio de Janeiro: Bloch Editores, n. 7, mar. 1977.

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REVISTA PAIS & FILHOS. Rio de Janeiro: Bloch Editores, n. 2, out. 1983. REVISTA PAIS & FILHOS. Rio de Janeiro: Bloch Editores, n. 4, dez. 1989.