Representações dos Professores sobre Dificuldades de Aprendizagem … · 2017-12-18 ·...
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UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
Representações dos Professores sobre Dificuldades de Aprendizagem Específicas Leitura, escrita e cálculo
Maria José de Oliveira Campanudo
Porto, Abril de 2009
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UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
Representações dos Professores sobre Dificuldades de Aprendizagem Específicas Leitura, escrita e cálculo
Maria José de Oliveira Campanudo
Porto, Abril de 2009
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UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
Representações dos Professores sobre Dificuldades de Aprendizagem Específicas Leitura, escrita e cálculo
Dissertação apresentada à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do grau de mestre
em Psicologia da Educação e Intervenção Comunitária
Trabalho efectuado sob a orientação de Doutor Joaquim Ramalho
Maria José de Oliveira Campanudo
Porto, Abril de 2009
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Aos meus pais, a quem tudo devo.
Ao meu marido, ao meu filho Daniel e à minha filha Ana Margarida por
compreenderem e apoiarem esta minha vontade.
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Agradecimentos
“ Um amigo nunca desaparece, encontra sempre
um pretexto para estar presente”.
(Anadrina Tokezu,s/d p.p.7)
Ao Professor Doutor Joaquim Ramalho da Universidade Fernando Pessoa, pelo
empenho da orientação que deu a este trabalho;
A todos os meus colegas – docentes do 1º ciclo do Ensino Básico – que fizeram o favor
de responder ao inquérito que realizei;
Aos meus amigos, por terem compreendido a minha “ausência” de alguns meses de
investigação.
A todos o meu profundo reconhecimento!
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Resumo
Os alunos com dificuldades de aprendizagem constituem um dos grandes desafios que
se colocam à escola, aos professores e a todos os profissionais que actuam na área da
educação. Apesar de ser um tema estudado por várias disciplinas mostra-se um objecto
de estudo controverso e ainda pouco consensual.
Em Portugal as DA ainda não beneficiam de uma definição consensual contudo, são
reconhecidas como um problema que provoca sérias dificuldades de adaptação à escola,
insucesso escolar que tem consequências devastadoras ao nível da auto-estima, do
desenvolvimento social e das oportunidades para aceder a níveis superiores de ensino
ou de emprego.
Estima-se que a prevalência das DA, seja de cerca de 5 por cento, o que equivale a
várias dezenas de milhares de alunos.
Para os profissionais da educação, a grande preocupação é responder à diversidade das
necessidades dos seus alunos, caso contrário colocam em causa o seu crescimento
educacional, social e emocional.
Com este trabalho pretende-se clarificar algumas definições (dificuldades de
aprendizagem, dislexia, discalculia e disgrafia), averiguar se os professores dominam
estas definições, estudar as representações que os professores têm do perfil dos alunos
com dificuldade de aprendizagem, que estratégias implementam, fazer ainda o
levantamento de recursos materiais e humanos em falta para um melhor atendimento
aos alunos com DA.
O trabalho incide em seis aspectos fundamentais: uma análise teórica sobre as
dificuldades de aprendizagem (capítulo I); uma abordagem aos processos cognitivos
implicados na leitura, escrita e cálculo e respectivas perturbações (capítulo II); uma
abordagem às representações sociais no capítulo III; no capítulo IV descrevemos a
metodologia; seguimos com a apresentação dos resultados no capítulo V; no capítulo VI
apresentamos a discussão dos resultados.
Finalizamos o nosso estudo com as conclusões sobre o trabalho desenvolvido, no que
diz respeito ao seu contributo, às suas limitações e sobre algumas reflexões e novos
desenvolvimentos no futuro.
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Summary
Students with learning difficulties are just one of the challenges that schools, teachers
and all other educational professionals face. Though studied in many areas, they are the
subject of controversial and non-consensual study.
In Portugal, LD do not benefit from consensual definition. However, LD are recognised
as a problem which induces serious school adaptation difficulties, school failure, with
devastating consequences in terms of self-esteem, social development and access to
further education or employment.
It is estimated that the LD index is around 5%, which translates into tens of thousands
of students.
Educational professionals are seriously concerned with being able to respond to the
wide range of students’ needs, because their educational, social and emotional
development is at stake.
In this paper, we aim to clarify some definitions (learning difficulties, dyslexia,
dyscalculia and dysgraphia), check whether the teachers have a working knowledge of
those definitions, study the pictures teachers make of the profile of students with
learning difficulties, the strategies they implement, survey the lack of material and
human resources required to better help students with LD.
The paper focuses on six main points: theoretical analysis of the learning difficulties
(chapter I); approach of the cognitive processes used in reading, writing and maths, and
their respective perturbances (chapter II); approach of the social representations, in
chapter III; in chapter IV, we describe the methodology; followed by the presentation of
results in chapter V; in chapter VI, we discuss the results.
We end our study by drawing conclusions on the work undertaken, in terms of its
contribution, its limitations and on some reflections and new development for the future.
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Résumé
Les élèves en difficulté d’apprentissage constituent l’un des grands défis que l’école, les
professeurs et tous les professionnels du domaine de l’Enseignement doivent relever.
Bien qu’étant un thème étudié par diverses disciplines, il s’avère être un objet d’étude
controversé et encore peu consensuel.
Au Portugal, les difficultés d’apprentissage ne bénéficient pas encore d’une définition
consensuelle mais elles sont néanmoins reconnues comme un problème qui entraîne
des difficultés d’adaptation à l’école, d’insuccès scolaire qui ont des conséquences
dévastatrices au niveau de l’auto-estime, du développement social et des opportunités
pour accéder à des niveaux supérieurs d’enseignement ou d’emploi.
La prévalence des difficultés d’apprentissage est estimée à 5 pour cent, ce qui équivaut
à plusieurs dizaines de milliers d’élèves.
Pour les professionnels de l’éducation, la grande inquiétude est de répondre à la
diversité des besoins de leurs élèves, sinon ils compromettent leur croissance
éducationnelle, sociale et émotionnelle.
Avec ce travail, nous prétendons clarifier quelques définitions (difficultés
d’apprentissage, dyslexie, dyscalculie et dysorthographie), vérifier si les professeurs
maîtrisent ces définitions, étudier les représentations des professeurs quant au profil des
élèves en difficulté d’apprentissage, les stratégies mises en œuvre, dresser une liste des
ressources matérielles et humaines manquantes pour accueillir au mieux les élèves en
difficulté d’apprentissage.
Le travail repose sur six aspects fondamentaux: une analyse théorique des difficultés
d’apprentissage (chapitre I); une approche des procédures cognitives engagées dans la
lecture, l’écriture et le calcul et les troubles respectifs (chapitre II); une approche des
représentations sociales (chapitre III); une description de la méthodologie au chapitre
IV; suivie par la présentation des résultats au chapitre V; et enfin, au chapitre VI, une
présentation de la discussion des résultats.
Nous clôturons notre étude par les conclusions sur le travail développé, en ce qui
concerne son apport et ses handicaps, et par quelques réflexions et de nouveaux
développements futurs.
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Índice Geral
Dedicatória v
Agradecimentos vi
Resumo vii
Summary viii
Résumé ix
Índice x
Índice de tabelas e gráficos xiii
Introdução 1
Capítulo I – Aprendizagem e dificuldades de aprendizagem
1. 1.Conceito de aprendizagem 4
2. Resenha histórica 5
3. Definição de dificuldade de aprendizagem 8
4. Etiologia das dificuldades de aprendizagem 9
5. Classificação e características das dificuldades de aprendizagem 10
6. Perfil das crianças com dificuldades de aprendizagem 10
Capítulo II – As dificuldades de aprendizagem específicas
2.1. Leitura 12
2.2. Os processos cognitivos implicados na leitura – perceptivos,
lexicais, sintácticos e semânticos 13
2.3. Dificuldades na aprendizagem da leitura 15
2.4. Dislexia 16
2.5. Etiologia. 17
2.6. Formas de dislexia 19
3. A escrita 20
3.1. Os processos psicológicos envolvidos na escrita 21
3.2. Dificuldades na escrita – Disgrafia 22
3.2.1 Disgrafia 22
3.2.2 Tipos de disgrafia 22
3.2.3. Causas da disgrafia 23
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xi
3.2.4. Perfil dos disgráficos 23
4. Linguagem Quantitativa 24
4.1. Dificuldades na Matemática – Discalculia 26
4.2. Subtipos de discalculia 26
4.3. Sintomatologia da discalculia 26
Capítulo III - As Representações Sociais
3.1. Representações Sociais e Práticas Escolares 27
3.2. O conceito de Representação Social 27
3.3. As representações dos professores sobre os alunos com
dificuldades de aprendizagem e práticas escolares 39
3.4. A importância das atitudes dos professores no atendimento às DA 30
Capítulo IV – Metodologia
4.1.Objectivos 34
4.2. Justificação dos objectivos 34
5. Participantes 35
6. Material 36
7. Procedimento 37
8. Estudo psicométrico da escala relativa ao perfil dos alunos com DA 38
8.1. Validade 38
8.2. Fidelidade 40
Capítulo V – Resultados
5.1. Grau de importância da leitura, escrita e cálculo 41
5.2. Diferença de médias no grau de importância da leitura, escrita e cálculo
em função das variáveis de caracterização sócio-demográficas 42
6. Definição de dificuldade de aprendizagem 43
7. Representação do perfil do aluno com dificuldades de aprendizagem 44
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7.1. Diferenças de médias na representação do perfil do aluno com
dificuldades de aprendizagem em função das variáveis de caracterização
sócio-demográficas 46
8. Contacto dos professores com as dificuldades de aprendizagem 56
8.1. Existência de alunos com DA ao nível da leitura 56 8.2. Existência de alunos com DA ao nível da escrita 57
8.3. Existência de alunos com DA a nível do cálculo 58
8.4. Existência de alunos com DA ao nível da leitura e escrita 58
8.5. Existência de alunos com DA ao nível da leitura, escrita e cálculo 59
8.6. Quadro resumo das dificuldades de aprendizagem apontadas 60
8.7. Alunos com retenção 60
9. Estratégias utilizadas na sala de aula para lidar com alunos com DA 61
10. Questões relativas à dislexia, disgrafia e discalculia 65
Capítulo VI – Discussão dos resultados 66
Conclusão 71
Referências bibliográficas 74
ANEXOS
Anexo I – Questionário aplicado
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xiii
ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS ÍNDICE DE TABELAS
página
Tab.1 – Enumeração das outras situações referenciadas pelos professores 36
Tab.2 – Estudo da fidelidade através da consistência interna dos itens 40
Tab.3 – Grau de importância da leitura, escrita e cálculo (amostra total) 41
Tab.4 – Tabela referente aos testes de diferenças de médias no grau de
importância da leitura, escrita e cálculo em função das variáveis género,
ser ou não professor titular, ser ou não professor de EE 42
Tab.5 – tabela referente à definição de dificuldades de aprendizagem 44
Tab.6 – Perfil do aluno com dificuldades de aprendizagem 45
Tab.7 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
da linguagem 48
Tab.8 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
da memória 49
Tab.9 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
da atenção 50
Tab.10 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
na motricidade 51
Tab.11 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
no comportamento social 52
Tab.12 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
da leitura 53
Tab.13 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
da escrita 54
Tab.14 – Diferença de médias na frequência dos aspectos relativos às DA
do cálculo 55
Tab.15 – Nº de professores a indicarem alunos com DA ao nível da leitura 57
Tab.16 – Nº de professores a indicarem alunos com DA ao nível da escrita 57
Tab.17 – Nº de professores a indicarem alunos com DA ao nível do cálculo 58
Tab.18 – Nº de professores a indicarem alunos com DA ao nível da
leitura e escrita 59
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xiv
Tab.19 – Nº de professores a indicarem alunos com DA ao nível da
leitura, escrita e cálculo 59
Tab. 20 – Tabela resumo do número de alunos com DA referenciados 60
Tab.21 – Nº de professores a indicarem alunos com retenção 60
Tab.22 – Categorias de estratégias implementadas pelos professores 61
Tab.23 – Entidade a quem foi solicitada a avaliação 62
Tab.24 – Recursos materiais em falta 64
Tab.25 – Recursos humanos em falta 64
Tab.26 – Tabela de frequência referente à definição de dislexia, disgrafia e
discalculia 65
ÍNDICE DE GRÁFICOS
página
Gráf.1 – Caracterização da amostra em função das habilitações literárias 35
Gráf.2 – Representação gráfica relativa à suficiência dos recursos materiais 63
Gráf.3 – Representação gráfica relativa à suficiência dos recursos humanos 63
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1
É fazendo que se aprende
a fazer aquilo que se deve
aprender a fazer. (Aristóteles, 384 a.C. – 322 a. C.)
Introdução
Hoje, exige-se que a escola seja para todos, na prática e não apenas na lei, por um maior
espaço temporal, isto é, requer-se o prolongamento da permanência de todos e de cada
um na escola. Pretende-se que ela sirva para aprender mais, não apenas no plano dos
saberes disciplinares e outros de índole cultural genérico, mas também no plano das
atitudes, das competências, dos valores, dos requisitos relacionais e críticos necessários
à participação social e laboral. Pretende-se que se faça tudo isso sem qualquer tipo de
discriminação, sem deixar para trás ou de fora os que apresentam maiores dificuldades
na aprendizagem.
Neste contexto os professores são naturalmente os primeiros agentes desse trabalho,
fazendo uso, diariamente, dos mais variados recursos e processos de operacionalização,
no sentido de darem resposta a aspectos de ordem pedagógica e social, de modo a que
os seus alunos possam adquirir e aplicar conhecimentos enquanto simultaneamente,
desenvolvem competência comunicativa no domínio da expressão oral, escrita e
quantitativa considerada condição sine qua non para a obtenção do sucesso em todas as áreas curriculares.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem (DA) constituem um dos grandes desafios
que se colocam à escola, aos professores e a todos os profissionais que actuam na área
da educação. De acordo com Correia (2008), a percentagem de alunos com dificuldades
de aprendizagem específicas (DAE), no sistema escolar português, será, pelo menos, de
cerca de 5 por cento, o equivalente a milhares de alunos. O mesmo autor refere que esta
percentagem é considerada por vários autores estrangeiros e em estudos de prevalência
efectuados noutros países. No nosso país não existe qualquer estudo de prevalência que
nos possa dar uma ideia do número de alunos com DAE.
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2
As crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem são portadoras de um potencial
intelectual dito médio, sem perturbações visuais ou auditivas, motivados em aprender e
inseridos num processo de ensino eficaz para a maioria, revelam dificuldades
inesperadas em vários tipos de aprendizagem sejam:
- De índole escolar e ou académica, isto é, simbólica ou verbal, como aprender a
ler, a escrever e a contar;
- De índole psicossocial e ou psicomotora, isto é, não simbólico ou não verbal,
como aprender a orientar-se no espaço, a andar de bicicleta, a desenhar, a
pintar, a interagir socialmente com os seus pares.
Clarificar algumas definições (dificuldades de aprendizagem, dislexia, discalculia e
disgrafia), averiguar se os professores dominam estas definições, estudar as
representações que os professores têm do perfil dos alunos com dificuldade de
aprendizagem, que estratégias implementam na sala com estes alunos, fazer ainda o
levantamento de recursos materiais e humanos em falta para um melhor atendimento
aos alunos com DA são os objectivos do nosso estudo.
Foi neste contexto que surgiu o presente trabalho. Situado numa perspectiva cognitiva e
psicolinguística, pretende ser um contributo para um conhecimento mais aprofundado
das dificuldades de aprendizagem, de dois sistemas da linguagem – a linguagem visual
ou escrita e linguagem quantitativa e respectivas perturbações.
O trabalho incide em seis aspectos fundamentais: uma análise teórica sobre as
dificuldades de aprendizagem (capítulo I); uma abordagem aos processos cognitivos
implicados na leitura, escrita e cálculo e respectivas perturbações (capítulo II); uma
abordagem às representações sociais no capítulo III; no capítulo IV descrevemos a
metodologia; seguimos com a apresentação dos resultados no capítulo V; no capítulo VI
apresentamos a discussão dos resultados e terminamos este trabalho com a conclusão.
No primeiro capítulo começamos com a evolução histórica e alguns modelos teóricos
do conceito de dificuldades de aprendizagem. Serão abordadas as quatro fases da
sequência histórica das Dificuldades de Aprendizagem. Faremos ainda referência aos
aspectos da etiologia mais referidos na literatura do tema.
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3
No segundo capítulo abordaremos dois dos sistemas da linguagem – a linguagem visual
ou escrita e linguagem quantitativa, isto é, a leitura, a escrita e o cálculo e respectivas
perturbações. Começamos este tema por realçar a importância do saber ler, de seguida
apresentamos os processos cognitivos implicados na leitura, escrita e cálculo e
respectivas perturbações.
No terceiro capítulo faremos uma abordagem às representações dos professores sobre os
alunos com dificuldades de aprendizagem e práticas escolares implementadas na sala de
aula.
O quarto capítulo é dedicado ao estudo empírico, apresentação da metodologia, os
objectivos do estudo, apresentação dos participantes, o material e o procedimento.
No quinto capítulo apresentamos os resultados do nosso estudo.
No sexto capítulo faremos a discussão dos resultados.
Terminamos com as conclusões sobre o trabalho desenvolvido, no que diz respeito ao
seu contributo, às suas limitações e sobre algumas reflexões e propostas de trabalhos
para o futuro.
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“Não há, não
Duas folhas iguais em toda a criação.
Ou nervura a menos, ou célula a mais.
Não há, de certeza, duas folhas iguais”
(António Gedeão - Teatro do mundo, 1958)
Capítulo I - Aprendizagem e dificuldades de aprendizagem 1.1. Conceito de aprendizagem
Em geral, o conceito de aprendizagem refere-se a (1) uma mudança de comportamento
resultante de influências práticas ou experiências e a (2) um processo mediante o qual
interiorizamos conhecimentos e capacidades intelectuais. Sublinha duas características
fundamentais da aprendizagem:
- Processo de interiorização
- Influência externa
Segundo Coelho (2000), a aprendizagem é fruto da interacção de factores extrínsecos ao
indivíduo (condições sócio-económicas, método de ensino, modelos educativos
parentais e familiares, entre outros) e intrínsecos, como as capacidades cognitivas,
sensoriais e o próprio estilo pessoal de cada um, assim entendê-las-emos como uma
“mudança de comportamento provocada pela experiência de outro ser humano, e não
meramente pela experiência própria e prática em si, ou pela repetição ou associação de
estímulos e de respostas” (Fonseca, 1999, p.89).
Jerome Bruner (1983) considera que a aprendizagem compreende “três processos quase
simultâneos”: (1) a aquisição da nova informação, que muitas vezes vem contradizer
aprendizagens anteriores, (2) a transformação, que corresponde à análise e manipulação
do novo conhecimento pelo indivíduo, para ele se apropriar de modo a adaptá-lo a
situações concretas, e (3) a avaliação, que analisa a adequação do conhecimento às
acções com ele relacionadas, o que permite, também uma maior regulação do processo.
Uma definição comummente aceite é a de que a aprendizagem é uma “mudança mais ou
menos permanente de comportamento que se produz como resultado da prática. Trata-se
de um processo que, prevalentemente depois de uma experiência, produz mudança,
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relativamente estável, no comportamento ou na capacidade de operar do sujeito. Todo
este processo supõe a aquisição de conhecimentos que, no homem, não se faz sem a
inteligência e a memória” (Kimble, 1969).
Pelo exposto definir aprendizagem não é uma tarefa fácil. Numa primeira (análise)
poderíamos dizer que aprender é adquirir novos conhecimentos. No entanto o acto de
aprender constitui-se como algo um pouco mais complexo, uma vez que, não só nos
implica a nós próprios (de maneira individualizada), como também muitas outras
pessoas (professores, pais, amigos). Este processo não se limita à aquisição de saberes
sobre coisas que não conhecíamos antes, mas pressupõe relacionar o que aprendemos de
novo com o que já sabíamos.
2. Resenha histórica
“O desejo e a vontade de aprender são talvez os mais importantes alicerces da
aprendizagem e do desenvolvimento humano” (Miranda & Bahia, 2005, p.193).
Contudo, existem crianças com desejo e vontade de aprender, com um potencial para a
aprendizagem médio, ou acima da média, mas que estão constantemente a apresentar
insucesso escolar, especialmente em áreas académicas tais como: a leitura, a escrita ou o
cálculo. São estas crianças que fazem parte do grupo de crianças com dificuldades de
aprendizagem (DA).
Ao debruçarmo-nos sobre esta problemática e de acordo com Hammil (1990), notamos
que constituem um grupo heterogéneo de problemas, que se encontra em termos de
categorização ainda mal definido e o seu estudo tem gerado quer um largo interesse,
quer uma grande controvérsia. Este autor listou as características críticas incluídas em
mais de 70% das definições de dificuldades de aprendizagem da seguinte maneira:
- Desempenho abaixo da média devido a factores internos e externos do sujeito;
- Alterações do sistema nervoso central (SNC);
- Persistência de distúrbios de aprendizagem ao longo da existência;
- Deficits relacionados com a linguagem.
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6
García, (1995), Casas, (1994), Rebelo, (1993) e Cruz, (1999), dividem a sequência
histórica das dificuldades de aprendizagem em quatro fases:
- Fase de fundação (1800 a 1930)
- Fase de transição (1930 a 1963)
- Fase de integração (1963 a 1980)
- Fase contemporânea (1980 à actualidade)
De entre os investigadores mais relevantes da “Fase de fundação" destacam-se alguns
investigadores da chamada Escola de Neurologistas Ingleses, tais como, Pierre Paul
Broca (1824-1880) que realizou estudos post-mortem em indivíduos que tinham perdido
a habilidade de falar como resultado de danos cerebrais e Carl Wernicke (1848-1905),
cujas investigações se centraram na afasia. Wernicke assinalou uma área no lóbulo
temporal esquerdo do cérebro, que, segundo ele, está directamente implicada na
compreensão verbal, na compreensão de sons e na associação de sons à linguagem
escrita e à escrita e que ficou a ser chamada de área de Wernicke.
Outros investigadores como Orton (1925) e Fernald (1921), preocuparam-se com a
linguagem escrita nas suas vertentes da leitura e escrita, estudando também eles, adultos
que tinham sofrido lesões cerebrais.
Na “Fase de transição”, apoiando-se nos conhecimentos teóricos da fase anterior,
psicólogos e educadores desenvolveram instrumentos e programas úteis para o
diagnóstico e a recuperação de distúrbios manifestados pelas crianças no processo de
aprendizagem (Casas, 1994; Cruz, 1999 e Rebelo, 1993). Nesta fase destacam-se os
investigadores Werner e Strauss (1942), para quem os processos de aprendizagem
deficiente centravam-se muito naquilo que actualmente chamamos de distractibilidade,
hiperactividade, problemas perceptivo-visuais e perceptivo-motores e geralmente
estavam presentes em crianças com lesões cerebrais. Estas mesmas ideias foram
defendidas por Torgesen (1991). Ainda nesta fase, destacam-se Frostig e Horner (1964),
cujo trabalho se centrou inicialmente na percepção visual, mas que depois se foi
orientando para o tratamento dos problemas auditivos, linguísticos e cognitivos.
Salienta-se ainda, a contribuição dada conjuntamente com Maslow, LeFever e
Whinttlesey, para o desenvolvimento do primeiro teste de percepção visual.
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7
Na “Fase de integração” destaca-se Samuel Kirk pioneiro de educação especial que
popularizou o termo distúrbio de aprendizagem (learning disability) ao utilizá-lo numa
comunicação apresentada na XVIII Annual Conference da NAOP (2008) e subordinada
ao tema Exploration into Problems of the Perceptually Handicapped Child.
Kirk definia distúrbio de aprendizagem como sendo “(…) um atraso, desordem, ou
atraso no desenvolvimento de um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita,
aritmética, ou outras áreas escolares, resultantes de uma desvantagem (handicap)
causada por uma possível disfunção cerebral e/ou distúrbios emocionais ou
comportamentais. Não é o resultado de deficiência mental, privação sensorial ou
factores culturais e instrucionais” (Hammil, 1990).
Segundo Casas (1994), o termo dificuldades de aprendizagem, proposto por Kirk,
restringia os critérios de classificação das crianças com DA e identificava estas como
crianças: (1) que mostravam uma discrepância entre o seu potencial de aprendizagem e
o de execução; (2) em que o atraso académico não se devia a outras deficiências
sensoriais; (3) que não tinham aprendido pelos métodos usuais e que necessitavam de
métodos especiais de instrução.
Na “Fase contemporânea” Casas (1994) e Rebelo (2003), consideram que o panorama
contemporâneo das DA, onde enquadram a maioria dos autores e os desenvolvimentos
teórico-práticos mais importantes neste domínio, está relacionado com três grandes
quadros conceptuais que são: (1) o da análise aplicada do comportamento (análise do
comportamento centrada na tarefa); (2) do processamento de informação; (3) o
neuropsicológico.
O quadro de análise aplicada, explica o comportamento por relações observáveis entre
as respostas dadas pelo indivíduo e as condições nas quais essas respostas ocorrem
(Fontana 1995; Rebelo, 1993). Kirby e Williams (1991), a este propósito, referem que a
descrição dos processos psicológicos básicos do processamento de informação é a
seguinte: (1) a informação entra no sistema; (2) há uma breve retenção da informação na
memória de trabalho enquanto aquela é examinada segundo a sua relevância ou
importância; (3) alguma desta informação é seleccionada para futuro processamento
(esquecimento, rechamada ou recodificação); (4) os resultados desse processamento são
armazenados de uma forma mais ou menos permanente na memória de longo termo; (5)
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a resposta/acção é preparada e essa preparação envolve a coordenação de informação
previamente aprendida e da informação actual que entra no sistema; (6) a realização de
todos estes processos é feita sob a direcção e controlo de um programa ou plano de
acção.
3. Definição de dificuldade de aprendizagem
As grandes definições formuladas ao longo dos anos reflectiram uma terminologia que
pode ser classificada em três categorias principais: lesão cerebral, disfunção cerebral
mínima e dificuldades de aprendizagem. (Correia, 1991, Kirby & Williams, 1991 e
Mercer, 1994). Estas definições, como sublinham Correia (1991) e Kirk e Gallagher
(1991), reflectem o contributo de diferentes áreas do saber como a medicina, a
psicologia e a educação. De acordo com a sua formação e orientação teórica, os
diferentes autores tendem a salientar aspectos que lhes parecem essenciais, excluindo
outros que noutras perspectivas serão considerados relevantes. Baseados nesta realidade,
o objectivo a prosseguir é a procura de uma definição consensual.
A definição, a que se atribui actualmente grande importância, é a elaborada pelo
National Joint Committee on Learning Disabilities (NJCLD) e que afirma que : “as dificuldades de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogéneo de desordens
manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio,
ou habilidades matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao indivíduo, presumivelmente devem-se a
disfunções do sistema nervoso central e podem ocorrer ao longo da vida. Problemas na auto-regulação
comportamental, percepção social e interacção social podem existir com as dificuldades de aprendizagem
mas não constituem por eles próprios uma dificuldade de aprendizagem. Embora as dificuldades de
aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições desvantajosas (handicapping)
(por exemplo, dificuldades sensoriais, deficiência mental, distúrbios emocionais sérios) ou com influências
extrínsecas (tais como diferenças culturais, instrução insuficiente ou inapropriada), elas não são o
resultado dessas condições ou influências” (NJCLD; 1994, p. 65-66).
A propósito desta definição, Correia (2004) refere que, mesmo sendo a mais consensual
e uma das mais explícitas, nem assim deixa antever toda a gama de problemas
académicos e psicológicos que o termo dificuldades de aprendizagem engloba. Assim e
tendo por base as definições existentes, a investigação produzida e a sua experiência o
mesmo autor, em 2005, propôs a seguinte definição:
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“ As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa
a informação – a recebe, a integra, a retém, e a exprime -, tendo em conta as suas capacidades e o
conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim,
manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou resolução de problemas,
envolvendo défices que implicam problemas de memória, perceptivos, motores, de linguagem, de
pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais,
deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais,
embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar
o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente” (Correia, 2005, cit. in Correia,
2008 p.47).
4. Etiologia das dificuldades de aprendizagem
Cada vez mais parece evidente que não existe apenas uma etiologia concreta que
justifique a maioria das DA (Casas, 1994; Mercer, 1994), uma vez que se reconhece que
estas são muito heterogéneas, tanto na sua etiologia, como na sua apresentação clínica e
desenvolvimental. Por estas razões pode afirmar-se que a concepção que domina
relativamente à etiologia no campo das DA é a multifactorial (Casas, 1994; Kirk,
Gallagher & Anastasiow, 1999; Martín, 1994).
Na opinião de Martin (1994), as três teorias mais explicativas, mais representativas e
universalmente aceites são as seguintes:
1. Teorias baseadas num enfoque neuropsicológico;
2. Teorias perceptivo-motoras;
3. Teorias psicolinguísticas e cognitivas.
De acordo com o mesmo autor, as primeiras tentam encontrar uma relação entre as DA
e disfunções ou lesões do sistema nervoso central, ou seja, esta perspectiva entende que
o comportamento humano actua em função do funcionamento neurológico e cerebral do
indivíduo. O segundo grupo de teorias relaciona as DA com uma série de deficiências
de tipo motor e perceptivo que existem nos indivíduos, baseando-se no pressuposto que
o desenvolvimento motor e perceptivo antecede e é um requisito prévio para o
desenvolvimento conceptual e cognitivo. As teorias psicolinguísticas e cognitivas
consideram que as DA são devidas a deficiências nas funções de processamento
psicológico, ou seja, referentes aos processos pelos quais a informação sensorial é
codificada, armazenada, elaborada e recuperada.
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Ao reportar-se às causas das DA Correia (1991, p.57) refere que “…mesmo uma análise
menos profunda da literatura sobre dificuldades de aprendizagem revela uma ampla
discordância entre os autores quanto à etiologia do problema…”. Opinião semelhante é
apresentada por Fonseca (1999, p.127) ao afirmar “… na maioria dos casos a causa das
dificuldades de aprendizagem na criança permanece um mistério”.
5. Classificação e características das dificuldades de aprendizagem
O termo DA tem sido aplicado a uma população muito heterogénea de indivíduos, o que
tem dificultado a aceitação de um critério de classificação susceptível de reduzir a
confusão conceptual existente neste campo da psicopedagogia (Fonseca, 1994ª). Ao
longo dos últimos vinte anos foram propostas diversas classificações para as DA.
Contudo, neste trabalho optámos por fazer referência às categorias propostas no DSM-
IV em 1996.
O DSM-IV (1996) distingue quatro categorias na classificação dos indivíduos por
dificuldades ou síndromes específicas que são:
- Perturbação da leitura;
- Perturbação do cálculo;
- Perturbação da escrita;
- Perturbação sem outra especificação.
Nesta abordagem, pertencente à Associação Americana de Psiquiatria, as perturbações
da aprendizagem são diagnosticadas quando o rendimento individual nas provas
habituais de leitura, aritmética ou escrita for substancialmente inferior ao esperado para
a idade, para o nível de escolaridade ou para o nível intelectual (DMS-IV, 1996).
6. Perfil das crianças com dificuldade de aprendizagem
As características dos alunos com DA são por inerência, muito heterogéneas, há pelo
menos alguns denominadores comuns, independentemente de poderem surgir
isoladamente ou em conjunto, sendo certo que do conjunto destas características resulta,
muitas vezes, um desempenho académico irregular. Entre várias características comuns
possíveis, será pertinente salientar os problemas registados no processamento de
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informação transmitida através de actividades baseadas na linguagem (recepção,
integração e expressão/linguagem falada e escrita); o funcionamento intelectual muito
próximo da média, na média ou mesmo acima da média e os problemas expressivos na
aprendizagem da leitura, da escrita ou do cálculo.
O Federal Register (1977) fornece um contributo essencial quando abordamos a
questão dos alunos considerados inaptos para a aprendizagem “típica”. Para que tal
avaliação seja equacionada, devem verificar-se uma série de situações de entre as quais
destacamos:
- A incapacidade de alcançar resultados proporcionais aos seus níveis de idade e
capacidades numa ou mais de sete áreas específicas quando lhe são proporcionadas
experiências de aprendizagem adequadas a esses mesmos níveis;
- A existência de uma discrepância significativa entre a sua realização escolar e a
capacidade intelectual numa ou mais das seguintes áreas: expressão oral;
compreensão auditiva; expressão escrita; capacidade de leitura básica; compreensão
na leitura; cálculo matemático; raciocínio matemático.
Cruz (1999) após revisão bibliográfica, verificou que os problemas referidos com mais
frequência nos indivíduos com DA são os que ocorrem nos seguintes níveis: indícios
neurológicos, atenção, percepção, memória, cognitivo, psicolinguístico, actividade
motora, psicomotora, emocional e socioemocional.
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Capítulo II - As dificuldades de aprendizagem específicas
2.1. A Leitura
Saber ler é uma condição indispensável a qualquer ser humano e indispensável na
sociedade actual, pois constitui uma das mais importantes competências cognitivas e
comunicativas.
A importância da leitura é uma questão abordada a todos os níveis e trata-se de uma
competência cujo tema tem uma presença quotidiana na agenda política e mediática. A
leitura é um “veículo” que nos permite ter acesso a todos os outros saberes e, por isso,
quem não tiver um nível aceitável de literacia não poderá acompanhar a rápida evolução
dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Para além do mais, vida profissional e
pessoal poderão ser seriamente prejudicadas, correndo a pessoa analfabeta sérios riscos
de marginalização.
As definições para o acto de ler têm sido alvo de múltiplas discussões e da construção
das mais variadas perspectivas e teorias. Contudo, com o decorrer do tempo
verificaram-se diferenças nítidas. Até meados do século passado, a leitura foi entendida
como uma actividade grafoperceptiva, baseada essencialmente no reconhecimento das
palavras, o qual era explicado a partir da associação de estímulos visuais as
representações auditivas, deixando para segundo plano os processos cognitivos e
linguísticos envolvidos na compreensão.
Os vários estudos vieram mostrar que as definições para o acto de ler eram incompletas,
por entender a leitura exclusivamente como um acto receptivo, em vez de a conceber
como um acto interpretativo que revela tanto do texto, como do autor e leitor, bem
como do que estas três dimensões implicam (Cadório, 2001 p.17). Sim-Sim (1998),
refere que a leitura não é nem uma actividade natural, nem de aquisição espontânea e
universal. O seu domínio exige um ensino directo que não se esgota na aprendizagem a
sua mestria permite o aumento das competências verbais e dos interesses individuais e é
a grande facilitadora das aprendizagens escolares e do crescimento cognitivo de cada
indivíduo.
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A leitura implica uma constante interacção dos processos perceptivos, cognitivos e
linguísticos que por sua vez interagem com a experiência e os conhecimentos prévios do
leitor, os objectivos da leitura e as características do texto.
2.2. Os processos cognitivos implicados na leitura – perceptivos, lexicais,
sintácticos e semânticos
Analisando a tarefa concreta da leitura e tendo como base uma ênfase psicológica, é
possível identificar quatro grandes módulos: o perceptivo, o léxico, o sintáctico e o
semântico (Cuetos, 1990). Estes são os módulos que incluem os grandes processos e
sub-processos que são postos em funcionamento ao realizar a tarefa de ler. Citoler
(1996), sugere que os processos de nível inferior ou de descodificação envolvem os
módulos perceptivo e léxico. Nos processos de nível superior ou de compreensão estão
os módulos sintáctico e semântico.
Processos de nível inferior ou de descodificação
- O módulo perceptivo
Vega (2002), refere que a primeira actividade que realizamos ao ler é a de extrair os
sinais gráficos escritos sobre a página, para posteriormente os identificarmos. Nesta
tarefa estão envolvidas várias operações consecutivas, a primeira é a de orientar os
olhos para os diferentes pontos do texto que queremos processar isto é, os movimentos
oculares. Estes movimentos são seguidos por uma análise visual, a qual envolve
processos de extracção de informação, que têm a ver com a memória icónica e com a
memória de trabalho e onde se efectuam tarefas de reconhecimento e análise linguística.
Para Cruz (2007), na memória icónica não se realiza nenhum tipo de interpretação
cognitiva. O que esta realiza é, durante um espaço de tempo muito curto de
aproximadamente 250 ms, manter grandes quantidades de informação em estado puro,
para que possa ser processada.
- O módulo léxico
O reconhecimento ou descodificação de palavras implica tanto uma dimensão
perceptiva, de análise e identificação de elementos visuais para os transformar em sons,
como uma dimensão léxica, de procura e recuperação dos significados das palavras no
léxico interno. Para autores como Citoler (1996) e Vega (2002), na construção deste
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tipo de memória ou informação sobre as palavras, participam as distintas informações
linguísticas (fonológica; pragmática; a sintáctica; a semântica; a ortográfica; etc.) sobre
as palavras, que se vão acumulando e constituem a matéria-prima ou unidades com as
quais os leitores constroem o significado, denominado de léxico interno. São cruciais
para a leitura os processos de acesso ou recuperação léxica. Estes processos são
geralmente analisados com base no modelo de dupla via ou modelo dual. Para García
(1995) há duas vias: uma, a via directa, visual, ortográfica ou léxica, que permite a
conexão do significado com os sinais gráficos através da intervenção da memória global
das palavras e, outra, uma via indirecta, fonológica ou sub-léxica, que recupera a
palavra mediante a aplicação das regras de correspondência entre grafemas, levando a
que se alcance o significado. A via directa supõe várias operações, a saber: (1) de início,
uma análise visual da palavra, cujo resultado é transmitido para um armazém de
representações ortográficas de palavras (i.e., o léxico visual) e, através da qual, ao fazer-
se a comparação com as unidades ali armazenadas, se identifica a palavra; (2 depois, a
unidade léxica irá, por sua vez, activar a correspondente unidade de significado situada
no sistema semântico Segundo Morais (1997), enquanto que através da via directa ou
visual podemos ler todas as palavras conhecidas, tanto regulares como irregulares, a via
indirecta ou fonológica é absolutamente necessária tanto para ler pseudo-palavras como
para ler palavras desconhecidas (i.e., palavras que não estão representadas no léxico
mental).
A leitura explicada através da via indirecta, fonológica ou sub-léxica, consiste em: (1)
identificar as letras que compõem a palavra através do sistema de análise visual, (2)
recuperar os sons que correspondem a essas letras, por intermédio de um mecanismo de
conversão de grafemas em fonemas, (3) depois de recuperada a pronunciação das
palavras consulta-se o léxico auditivo para identificar a representação que corresponde a
esses sons e, (4) finalmente, essa representação activa o significado correspondente no
sistema semântico. Mas, apesar de distintas, a leitura eficaz implica estas duas vias.
- Processos de nível superior ou de compreensão – O módulo sintáctico
Este módulo refere-se à habilidade para compreender como estão relacionadas as
palavras entre si, ou seja, refere-se ao conhecimento sobre a estrutura gramatical básica
da língua. Segundo Citoler (1996), para executar esta tarefa dispomos de um conjunto
de estratégias ou regras sintácticas que nos permitem: segmentar cada oração nas suas
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partes constituintes; classificar esses constituintes de acordo com os seus papéis
sintácticos; e construir uma estrutura ou marco sintáctico que possibilita a extracção do
significado. Isto significa que, incluindo estratégias de reconhecimento sintáctico ou
gramatical, devemos fazer uso dos vários factores sintácticos tais como: a ordem das
palavras; o tipo de complexidade gramatical da oração; a categoria das palavras e o seu
significado; os aspectos morfológicos das palavras; o uso dos sinais de pontuação, etc.
Sendo a leitura uma conduta muito complexa, o processo de análise sintáctica
compreende três operações principais: (a) atribuição das etiquetas correspondentes aos
distintos grupos de palavras que compõem a frase (i. e., sintagma nominal; verbo; frase
subordinada; etc.); (b) especificação das relações existentes entre essas componentes; (c)
construção da estrutura correspondente, mediante a ordenação hierárquica das
componentes.
- O módulo semântico
O módulo semântico tem como grande meta a compreensão do significado das palavras,
das frases e dos textos, isto é, extrair o significado das palavras o qual tem de ser
coordenado com as matizes impostas pela estrutura gramatical e pelo contexto
linguístico e extra-linguístico, tendo ainda de ser considerada a inter-relação dos
significados das palavras com os conhecimentos prévios e emergentes do leitor. Isto é,
após as palavras serem reconhecidas e relacionadas entre si, o passo seguinte é o último
dos que intervêm na compreensão da leitura e diz respeito à análise semântica, através
da qual o leitor retira o significado da frase ou texto e o integra com os conhecimentos
que já possui na sua base de dados. Para Cruz (2007), a base de dados é constituída
pelas experiências e aprendizagens prévias e pelas emoções e motivações, que são
elementos de imersão para que a informação que chega seja processada. Por isso, Veja
(2002), afirma que o módulo semântico consta de dois subprocessos, nomeadamente a
extracção de significado e a sua integração na memória.
2.3. Dificuldades na aprendizagem da leitura
São vários os autores (Caldas 2002, Das et all.2001 e Morais 1997) que sugerem a
existência de dois tipos de dificuldades na aprendizagem da leitura:
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- As dificuldades gerais na aprendizagem da leitura ou atrasos na leitura, que resultam
tanto de factores exteriores à pessoa como de factores inerentes a ela, como é o caso de
alguma(s) deficiência(s) manifesta(s);
- As dificuldades específicas na aprendizagem da leitura ou dislexia, que se situam ao
nível do cognitivo e do neurológico, e para as quais não existe uma explicação evidente,
ou seja, quando um indivíduo reúne condições favoráveis para a aprendizagem da
leitura e mesmo assim manifesta inesperadas dificuldades severas de aprendizagem
daquela, então tem dificuldades específicas de leitura.
2.4. Dislexia
“Percy F., (…), com 14 anos (…) foi sempre um rapaz inteligente (…) de
forma alguma inferior aos seus pares. A sua dificuldade sempre foi – e
continua a ser – a incapacidade para aprender a ler”(Shaywitz, 1996, p.98).
O termo dislexia refere-se a distúrbios na leitura ou a distúrbios na linguagem. Contudo
a ideia de que se refere a um distúrbio na leitura parece ser aquela que é mais
consensual.
Existem muitas definições e explicações diferentes, para a dislexia, contudo, alguns
autores (Cuetos, 1990; Garcia, 1998), sugerem que existem quatro aspectos de consenso
entre os investigadores: (1) a dislexia tem uma base biológica e é causada por uma
condição neurológica congénita; (2) os problemas associados à dislexia persistem ao
longo da adolescência e da idade adulta; (3) a dislexia tem dimensões perceptivas,
cognitivas e linguísticas; (4) a dislexia origina dificuldades em muitas áreas da vida de
um adulto.
A Federação Mundial de Neurologia (1968), define dislexia como sendo “uma
perturbação que se manifesta na dificuldade em aprender a ler, apesar de o ensino ser
convencional, a inteligência adequada e as oportunidades sócio-culturais suficientes”. A
dislexia varia conforme o método de investigação adoptado e a população alvo objecto
de estudo, existindo cálculos que apontam para uma prevalência desde 4% a 15% (Stein
e Walsh, 1997).
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2.5. Etiologia
Os estudos baseados em critérios etiológicos podem ser organizados segundo duas
abordagens. A primeira delas sugere três grupos de perspectivas:
- A tradicional, de enfoque visuo-perceptivo-motor,
- A neurobiológica,
- A concepção actual de enfoque psicolinguístico.
A segunda abordagem, refere dois grupos:
- Os que admitem uma causa única;
- Os que referem causas múltiplas.
Classificação tripla
Citoler (1996), denomina-a de “tripla” e sugere que ela reflecte mais a existência de
distintas tradições de investigação que se centraram em ópticas distintas de um mesmo
problema do que a existência de três causas bem diferenciadas da dislexia. Contudo,
podem existir relações entre elas de tal maneira que um transtorno de origem
neurológica pode ser a causa de uma alteração perceptiva, ou um transtorno genético ser
a causa das dificuldades fonológicas.
Quanto à perspectiva neurobiológica, sugere que as suas duas áreas de maior interesse
são os estudos genéticos e os estudos neuroanatómicos. Um estudo recente no contexto
da neuroanatomia feito por Shaywitz (2003), identifica três regiões envolvidas na leitura,
todas elas localizadas no lado esquerdo do cérebro, aquele que é tradicionalmente
associado à linguagem: (a) a área de Broca, na região frontal, está envolvida na
articulação-temporal e análise das palavras; (b) a região parieto-temporal e a região
occipito-temporal, estão localizadas na parte de trás do cérebro e estão respectivamente
envolvidas na análise das palavras e na fluência e automatização da leitura.
Os recentes avanços tecnológicos, os estudos neurobiológicos estão actualmente em
fase de expansão. O interesse deste tipo de estudos é evidente, mas, de um ponto de
vista educativo parece ser mais importante aprofundar perspectivas como a
psicolinguística.
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Na perspectiva psicolinguística, tem sido demonstrado nos últimos anos que, apesar de
nas tarefas não linguísticas alcançarem níveis comparáveis, os bons e os maus leitores
distinguem-se principalmente por uma série de aspectos relacionados com a execução
de certas tarefas linguísticas (Shaywitz, 2003).
Para Cruz (2007) foi também comprovado que as pessoas que são eficientes na análise
da linguagem oral em idades precoces têm uma grande probabilidade de serem
melhores leitores mais tarde (p.230). Os avanços da investigação cognitiva sobre a
leitura, as teorias que defendem que a base dos problemas de leitura assentam num
défice psicolínguístico impõem-se e permanecem predominantes até à actualidade.
Classificação dupla
Na classificação dupla, podemos encontrar autores que admitem uma causa única como:
Orton, que refere como causa da dificuldade na leitura, a falta de dominância cerebral e
Bender que a considera como o resultado da falta de maturação de certos centros
cerebrais (Citoler, 1996; Rebelo, 1993). Por seu lado, Frostig e Horne (1964), tomando
como quadro de referência o processamento de informação, propõem como causa única
da dificuldade de leitura as perturbações na percepção visual.
Com base em estudos clínicos, Johnson e Myklebust (1991) e Pollatseck (1993)
sugerem a distinção da dislexia de tipo auditivo da de tipo visual. Baseando-se em
provas de soletração, Boder (1973) categorizou a dislexia em três subtipos:
. dislexia auditiva ou disfonética: os problemas fundamentais referem-se à análise e
síntese das características fonéticas das sílabas e palavras;
. dislexia visual ou diseidética: neste tipo de dislexia surgem deficiências na percepção e
memória de letras e palavras;
. dislexia mista que é a mais grave de todas dado que os indivíduos apresentam ambos
os problemas dos subtipos anteriores e porque que combinam os transtornos e ordem
fonética com os de análise e síntese visual.
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2.6. Formas de dislexia
De acordo com a altura do aparecimento, Citoler (1996), distingue dois tipos: as
dislexias adquiridas e as dislexias evolutivas ou de desenvolvimento. As dislexias
adquiridas são as que caracterizam as pessoas que tendo previamente sido leitoras
competentes perdem essa habilidade como consequência de uma lesão cerebral. As
dislexias evolutivas ou desenvolvimentais englobam os indivíduos que experimentam
dificuldades na aquisição inicial da leitura.
Dislexia de desenvolvimento ou evolutiva
As dislexias de desenvolvimento ou evolutivas manifestam-se por uma deficiência
grave na aprendizagem da leitura, assim, os indivíduos disléxicos têm dificuldade para
aprender a ler, apesar de não existir uma lesão cerebral (pelo menos conhecida);
estarmos na presença de uma inteligência normal; e estarem excluídos outros problemas,
tais como alterações emocionais severas, contexto sociocultural desfavorecido, carência
de oportunidades educativas adequadas ou desenvolvimento insuficiente da linguagem
oral. As pessoas com dislexia de desenvolvimento não constituem um grupo
homogéneo. Segundo Cruz (2007), surgiram recentemente uma série de trabalhos que
comprovam a existência de grupos de pessoas dentro dos disléxicos, as quais
manifestam diferentes comportamentos de leitura. O seu fracasso reside na
impossibilidade de desenvolverem um dos mecanismos componentes do sistema de
leitura de palavras (via léxica e via subléxica), ou, em casos mais graves, em ambos os
mecanismos ou procedimentos do sistema de leitura. Ainda segundo o mesmo autor, a
dislexia de desenvolvimento pode ser dividida em:
1 - Dislexia fonológica – caracterizada por uma incapacidade ao nível da
descodificação fonológica, que se manifesta por um mau desempenho na leitura de
pseudo-palavras
2 - Dislexia superficial – caracterizada por uma incapacidade ao nível do tratamento
ortográfico, que conduz a dificuldades na leitura das palavras irregulares e das
homófonas;
3 - Dislexia mista ou profunda – caracteriza-se por dificuldades em ambos os
procedimentos – descodificação fonológica e tratamento ortográfico.
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3. A escrita
Paralelamente à linguagem oral, início e modelo da comunicação humana, foi surgindo
outra forma de comunicação, reflexo daquela que lhe deu origem, e que permitiu
superar a intemporalidade imediata da voz e do instante em que se articula. A
importância da escrita é tal que Olson (1977) ao escrever sobre ela diz que “a linguagem
oral faz-nos humanos e a linguagem escrita faz-nos civilizados”.
Miras (2000), refere que a linguagem escrita, tal como a linguagem oral, para além de
uma dupla função – a função comunicativa e a função representativa ou ideacional –
desempenha uma função específica: a função epistémica, que também pode ser
considerada como uma função da anterior. Assim:
- A função comunicativa traduz-se na possibilidade de comunicar em diferido com
outras pessoas, através da mediação do texto;
- A função representativa ou ideacional corresponde à possibilidade que a escrita nos dá
de expressar pensamentos, opiniões, ideias, sentimentos, bem como de explicitar
conhecimentos, organizar saberes, recriar situações e representações.
- A função epistémica corresponde ao papel da escrita na construção do conhecimento,
numa perspectiva metacognitiva, pelas tomadas de consciência que o processo promove.
Esta função epistémica é confirmada por Luria, (1987) numa das suas últimas
conferências, quando afirma: “a linguagem escrita é um instrumento essencial para os
processos de pensamento, incluindo, por um lado, operações conscientes com
categorias verbais, transcorre mais lentamente do que o oral; permitindo, por outro
lado, retornar ao já escrito, garante o controlo consciente sobre as operações que se
realizam. Tudo isto faz da linguagem escrita um poderoso instrumento para precisar e
elaborar o processo de pensamento” (p.171).
Sendo a escrita uma conduta criativa e complexa, na sua realização são postos em
funcionamento pelo menos quatro grandes módulos que são o de composição, o
sintáctico, o léxico e o motor, bem como os seus respectivos subprocessos.
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3.1. Os processos psicológicos envolvidos na escrita
O módulo de Composição
O módulo de composição da escrita inclui três grandes determinantes gerais: a memória
de longo termo, o contexto de produção do texto e o processamento, que inclui a
planificação da mensagem, bem como a geração e ideias e hipóteses, a organização das
ideias e a revisão da mensagem.
- Na memória a longo prazo, o indivíduo que tenta escrever um texto tem armazenado
na sua memória uma série de conhecimentos relevantes para alcançar o seu objectivo: o
conhecimento do tema, o conhecimento da audiência a que se destina o texto, o
conhecimento da linguagem escrita e suas convenções.
- O contexto de produção de texto é modelado pelos os objectivos da escrita.
- O processamento é o conjunto de processos e operações concretas que o indivíduo que
escreve leva a cabo.
O módulo sintáctico
Garcia, (1995), refere que escrever um texto supõe que este seja feito com frases e se
ajuste a algumas regras e estruturas gramaticais que, sendo as próprias da língua em que
se escreve, dependem também do objectivo que se quer atingir, do estilo em que se
escreve, etc.
O módulo léxico
Os processos léxicos referem-se à escrita adequada das palavras, utilizando para tal as
duas vias já referidas, a léxica, ortográfica, visual ou directa e a subléxica, fonológica
ou indirecta, que devem alcançar um alto grau de automatização.
O módulo motor
Este módulo refere-se à recuperação dos padrões motores e à consecução de uma
caligrafia (que exige uma coordenação fina para o desenhar das letras), e continua com
a inclusão de aspectos como o respeito pelos espaços em branco ou pelas margens, isto
é, o conjunto de convenções para se conseguir uma apresentação final do texto
adequada.
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3.2. Dificuldades na escrita – Disgrafia
A escrita e a sua aprendizagem implicam duas grandes componentes ou funções, a
codificação e a composição, em cada uma das quais podem surgir distintas alterações:
. a disgrafia – que se prende com a codificação escrita (problemas de execução gráfica e
de escrita das palavras;
. a disortografia – relaciona-se com a composição escrita, aqui destacam-se problemas
ao nível da planificação e da formulação escrita.
3.2.1. Disgrafia
O conceito de disgrafia é abordado em dois contextos: (a) o contexto neurológico
relativo às afasias. (b) a abordagem funcional da disgrafia. Trata-se de perturbações da
escrita que surgem em crianças, e que não correspondem a lesões cerebrais ou
problemas sensoriais, mas a perturbações funcionais.
O nosso interesse reside na abordagem funcional da disgrafia.
Torres e Fernández (2001) definem disgrafia como uma perturbação de tipo funcional
que afecta a qualidade da escrita, no que se refere ao traçado ou à grafia.
3.2.2. Tipos de disgrafia
Citoler (1996) sugere dois tipos: disgrafias adquiridas e disgrafias evolutivas ou
desenvolvimentais. Nas disgrafias adquiridas os indivíduos, depois de terem aprendido
a escrever de modo adequado, perdem essa habilidade num maior ou menor grau como
consequência de uma lesão neurológica, nas disgrafias desenvolvimentais existe uma
dificuldade na aquisição da escrita sem que exista uma razão aparente.
O nosso interesse centra-se nas dificuldades iniciais da escrita isto é, nas disgrafias
desenvolvimentais.
Disgrafias desenvolvimentais ou evolutivas
As disgrafias desenvolvimentais ou evolutivas como refere Citoler (1996), dizem
respeito às dificuldades na aprendizagem inicial da escrita e ocorrem na ausência de
uma razão objectiva para isso. Apesar de os alunos terem tido um escolarização
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adequada, terem uma capacidade intelectual normal, um ambiente familiar sem
problemas, um desenvolvimento emocional sem bloqueios e processos perceptivos e
motores correctos, manifestam dificuldades na aprendizagem da escrita.
Nas disgrafias desenvolvimentais podem ser encontrados diferentes tipos de disgrafias,
que são a:
- Superficial – quando há dificuldades na aquisição da via ortográfica ou directa; aqui
as crianças cometem um maior número de erros nas palavras irregulares ou nas não
familiares do que nas regulares ou nas familiares.
- Fonológica – quando há dificuldades na aquisição da via fonológica ou indirecta; os
sujeitos apresentam vários erros no desenvolvimento da via fonológica e no domínio
das regras de correspondência entre os fonemas e os grafemas, o que se traduz numa
maior dificuldade para escrever pseudo palavras do que para escrever palavras.
- Mista – quando há dificuldades na aquisição de ambas as vias. O desenvolvimento
inadequado de uma das vias dificultará também o desenvolvimento da outra.
3.2.3. Causas da disgrafia
De acordo com Torres e Fernández, (2001), os factores etiológicos que podem
influenciar a perturbação disgráfica podem advir de:
1) Causas de tipo maturativo – perturbações da lateralidade, perturbações da
eficiência psicomotora;
2) Causas caracteriais – factores da personalidade, factores psicoafectivos;
3) Causas pedagógicas – orientação deficiente do processo de aquisição de
destrezas motoras; ensino rígido e inflexível, orientação inadequada da mudança
de letra de imprensa para letra manuscrita, ênfase excessiva na qualidade ou
rapidez da escrita, prática da escrita como actividade isolada das exigências
gráficas.
3.2.4. Perfil dos disgráficos
Os indivíduos disgráficos apresentam uma série de sinais ou manifestações secundárias
que acompanham o seu grafismo defeituoso, e por sua vez o determinam. Entre estes
sinais destacam-se:
- Uma postura gráfica incorrecta.
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- Forma incorrecta de segurar o instrumento com que se escreve;
- Deficiências de preensão e pressão;
- Ritmo de escrita muito lento ou excessivamente rápido.
Citoler (1996) sugere que, para além dos erros ortográficos, das substituições e das
omissões, é necessário referir a mistura de letras maiúsculas com minúsculas; a
confusão de letras semelhantes; letras com traços ou tamanhos inadequados (muito
grandes ou muito pequenas); linhas horizontais torcidas; uniões e fragmentações
incorrectas; etc.
4. Linguagem quantitativa
A matemática, ou aritmética, como nos sugere Anastasiow, Kirk e Gallagher (1993),
pode ser pensada como um sistema de linguagem que em vez de letras e palavras utiliza
símbolos numéricos. Assim a leitura e a aritmética são similares de muitas maneiras,
pois números e palavras substituem conceitos, existem sistemas de regras para orientar
o uso correcto de números e palavras, etc.
A habilidade matemática é uma função cognitiva complexa cuja execução requer a
colaboração de um certo número de componentes que interagem entre si. A psicologia
cognitiva tem-se interessado fundamentalmente pelos processos subjacentes às três
componentes da sequência evolutiva da competência na matemática e que são a noção
elementar de número ou numeração, a realização de operações ou cálculo e a resolução
de problemas. Como sugere Citoler (1996), em termos evolutivos a aprendizagem da
matemática é um processo lento e construtivo, no qual os conhecimentos se vão
integrando parcial e gradualmente até que se constitui a habilidade global.
Tendo por base a perspectiva evolutiva, de seguida faremos uma breve abordagem a
cada uma das três principais componentes da matemática, que são: o número, as
operações e a resolução de problemas.
A Noção Elementar do Número
A noção mais elementar da numeração é o número. Este é uma complexa abstracção
que a criança forma lentamente através da grande diversidade de experiências
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quotidianas em casa ou na escola. Gelman e Gallistel (1987, cit. in Citoler 1996, cit. in
Deaño, 1994 e cit in Cruz 1999) referem que a tarefa de contar nas crianças é uma
actividade que engloba cinco princípios. Os três primeiros referem-se ao como se conta
e os restantes dois ao que se conta.
1º - Correspondência um a um ou correspondência biunívoca;
2º - Ordenação estável;
3º - Cardinalidade;
4º - Abstracção;
5º - Irrelevância da ordem.
A Realização de Operações ou Cálculo
As operações ou cálculo, segundo Casas (1988), são processos mediante os quais se
realizam simbolicamente manipulações difíceis de realizar de forma real. Ainda de
acordo com este autor, para realizar as operações a criança deve ser capaz de analisar e
verbalizar uma série de factos que decorrem no tempo e no espaço, para depois os
traduzir simbolicamente, isto é, na realização das operações torna-se necessária a
existência da função simbólica, a percepção do tempo e a orientação espacial, para além
de ser necessária a consciência da reversibilidade das mesmas.
A Resolução de Problemas
A resolução de problemas constitui o último objectivo do ensino da matemática, e
consiste na realização de uma ou mais operações concretas e tradução das mesmas
mediante uma ou mais operações aritméticas. Segundo Casas (1988), a resolução de
problemas, exige: Compreensão do enunciado, estabelecimento das relações lógicas
necessárias na ordem adequada.
Citoler (1996), sugere quatro etapas de resolução de um problema (estas etapas embora
com diferente terminologia, já tinham sido propostas por Polya em 1945):
1ª - Definir o problema
2ª - Planear a solução
3ª - Executar o plano
4ª - Rever
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4.1. Dificuldades na Matemática – Discalculia
Citoler (1996) refere que o termo discalculia se refere às dificuldades de aprendizagem
específicas da matemática, sem que estejam presentes outros problemas e que surgem
como consequência de disfunções do sistema nervoso central. Cruz, (1999, p.209),
sintetizando, diz que a discalculia ou discalculia desenvolvimental se refere a um
transtorno estrutural (disfunção neurológica) da maturação das habilidades matemáticas,
que está presente sobretudo nas crianças e que se manifesta por dificuldades na
realização do processamento dos números, no cálculo aritmético e na resolução de
problemas.
4.2. Subtipos de discalculia
Kosc (1974, cit. in Cruz 1999) diferencia seis subtipos. Esta é a classificação mais
clássica das discalculias. Estes podem ocorrer isoladamente ou em combinação, os
subtipos propostos são os seguintes: discalculia verbal, discalculia practognósica,
discalculia léxica, discalculia gráfica, discalculia ideognósica e discalculia operacional.
4.3. Sintomatologia da discalculia
Nos alunos com discalculia podem-se encontrar os seguintes sintomas ou manifestações:
dificuldades na identificação de números, incapacidade para estabelecer uma
correspondência recíproca, escassa habilidade para contar de modo que seja
compreensivo, dificuldade na compreensão de conjuntos, dificuldades na conservação,
dificuldade em entender o valor segundo a ubiquação de um número (não compreendem
que os números 760, 607 e 706 são diferentes), dificuldades nos cálculos, dificuldades
na compreensão do conceito de medida, dificuldade para aprender a dizer a hora,
dificuldade na compreensão do valor das moedas, dificuldade de compreensão da
linguagem matemática e dos símbolos - +, −, ÷, x, etc;, dificuldade em resolver
problemas orais.
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Capítulo III - As Representações Sociais
A noção de escola inclusiva tem vindo a afirmar-se nos últimos anos, e especialmente
após a Declaração de Salamanca (1994), como sendo “capaz de acolher e reter, no seu
seio, grupos de crianças e jovens tradicionalmente excluídos” (Decreto-Lei 3 de Janeiro
de 2008). Com a educação inclusiva pretende-se garantia de igualdade, quer no acesso
quer nos resultados. Assim, “(…) o sistema e as práticas educativas devem assegurar a
gestão da diversidade da qual decorrem diferentes tipos de estratégias que permitam
responder às necessidades educativas dos alunos”( Decreto-Lei 3 de Janeiro de 2008,
p.154). Contudo as Dificuldades de aprendizagem específicas e de acordo com Correia
(2008), são totalmente entregues à sua sorte, culminando o percurso escolar num
insucesso total. A sua prevalência será, pelo menos, de cerca de 5 por cento, o que
equivale a milhares de alunos. De acordo com Minke (1996) numerosas investigações
mostram que os professores de educação regular se percepcionam como não estando
preparados para ensinar crianças com dificuldades, referindo baixa percepção de auto-
eficácia a nível pessoal e de ensino e considerando ineficazes as adaptações
instrucionais e curriculares na sala, ao invés dos professores de educação especial, que
tem uma visão mais positiva da inclusão, acontecendo o mesmo com os professores de
educação regular na situação de turmas inclusivas.
Apesar do desígnio do governo no sentido de promover a igualdade de oportunidades,
valorizar a educação e promover a melhoria do ensino, os serviços e apoios de educação
especial, o modo como o professor lida com as necessidades dos alunos, a organização e
gestão da sala de aula, as representações do professor e atitudes podem ser variáveis
muito influentes no êxito de uma educação inclusiva.
3.1. Representações Sociais e Práticas Escolares
3.2. O conceito de Representação Social
O conceito de representação social surgiu nos anos sessenta, na esteira daquilo que
Émile Durkheim designou como “consciência colectiva”, mas, só na década de oitenta
do século passado foi aceite e valorizado. Na verdade, é a partir dos anos sessenta que
se verifica um interesse pelo estudo dos fenómenos que ocorrem no plano simbólico.
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Foi Moscovici quem revolucionou o pensamento da época ao propor a teoria das
representações sociais, em 1961. A sua perspectiva rompia com o paradigma vigente, ou
seja, o behaviorismo e com o primado experimental na construção do conhecimento
científico. De acordo com Moscovici (1981), representações sociais são “um conjunto
de conceitos, proposições e explicações criado na vida quotidiana no decurso da
comunicação inter-individual. São o equivalente, na nossa sociedade, dos mitos e
sistema de crenças das sociedades tradicionais; podem ainda ser vistas como versão
contemporânea do senso comum”. Assim, a representação não é uma cópia da realidade
e ela própria gera uma transformação do sujeito na medida em que ambos são
modificados: o sujeito amplia a sua categorização e o seu conhecimento, e o objecto
acomoda-se ao reportório do próprio sujeito. Nesta perspectiva, pode dizer-se que há
um processo de construção e não apenas de reprodução. Poderá, então, dizer-se que as
representações sociais se compõem tanto pelas teorias científicas, como pela cultura,
pelas ideologias, pelas experiências e informações do dia-a-dia. Para Jodelet (1989), a
representação social é “uma modalidade de conhecimento, socialmente elaborada e
partilhada, com um objectivo prático e contribuindo para a construção de uma
realidade comum a um conjunto social”.
Apesar da multiplicidade de definições polissémicas do conceito de representação social
Vala (2004) salienta que “as representações sociais remetem sempre para um objecto
específico, posicionado num conjunto de dimensões tendencialmente relacionadas, e
para um sujeito social produtor da representação”. As representações sociais surgem
como um saber funcional, como uma interpretação prática social e que têm como
função a atribuição de sentido, significação à realidade envolvente, com vista à
explicação e justificação de acontecimentos e comportamentos sociais.
Por tudo o que anteriormente foi exposto, é preciso reconhecer a importância que as
representações sociais têm no dia-a-dia e na compreensão da sociedade pois, de acordo
com Braga, (2001), são as representações que temos das coisas que nos permitem
ajustarmo-nos ao mundo, dominá-lo física ou intelectualmente, identificar e resolver os
problemas que se nos colocam. As representações sociais constituem assim, o modo
como organizamos o nosso conhecimento sobre a realidade social.
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3.3. As representações dos professores sobre os alunos com dificuldades de
aprendizagem e Práticas Escolares
Benavente (1999), refere que analisar a questão das representações sociais na escola
implica falar do universo cultural, porque as representações da profissão e dos alunos
falam de quadros de referência culturais nos quais essas representações tomam sentido e
ultrapassam o quadro escolar. Para além de um universo, estruturado pelos objectivos
da escola, das condições pedagógico-didácticas e do estatuto profissional dos
professores, é necessário considerar uma articulação com o universo vivido e sentido,
estruturado por habitus, que é, segundo Bordieu (1972), “um sistema de disposições
duradouras e transponíveis que, integrando todas as experiências passadas, funciona
em cada momento como uma matriz de percepções, de apreciações e de acções”
(p.178).
Relativamente ao conceito de DA, e de acordo com um estudo efectuado no Brasil e
apresentado no “Congresso Internacional Educação e Trabalho”, em Aveiro (2005),
mostra que os professores apresentam três concepções distintas de dificuldade de
aprendizagem: dificuldade em assimilar o conteúdo, dificuldade na leitura e na escrita e
dificuldade no raciocínio. Contudo, dizem que estas dificuldades são reversíveis. As
causas das dificuldades são atribuídas à família, à criança e à escola. Quanto à
intervenção destes professores pode ser classificada em estratégias pedagógicas e
estratégias afectivas. Pedagogicamente, dizem utilizar actividades diferenciadas e
encaminham o aluno para o reforço escolar. Afectivamente, motivam e incentivam as
crianças, através de conversas, elogios e advertências.
Sobre este assunto Correia (2008), refere que há mais de quarenta anos que os
especialistas andam a tratar do conceito de dificuldades de aprendizagem e ainda há
quem não faça a mínima ideia do seu significado. Considera ainda mais grave quando se
encontram professores universitários, técnicos superiores de educação, psicólogos,
professores dos ensinos secundário e básico, educadores e pais que não entendem o
conceito mas usam-no frequentemente.
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3. 4. A importância das atitudes dos professores no atendimento às DA
Para um atendimento eficaz, é de primordial importância a atitude do professor face às
crianças com dificuldades de aprendizagem. Como refere Benavente (1999), a
representação im