REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do...

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MARIA LUCIA MARIANO REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E SOBRE FRACASSO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO Osasco 2009

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MARIA LUCIA MARIANO

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E SOBRE FRACASSO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O

ENSINO/APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA

CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO Osasco

2009

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MARIA LUCIA MARIANO

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E SOBRE FRACASSO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O

ENSINO/APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação em Psicologia Educacional, do Centro Universitário FIEO, para a obtenção do título de Mestre em Psicologia Educacional. Área de concentração: Ensino-aprendizagem. Linha de pesquisa: Ensino-aprendizagem no contexto social e político. Orientadora: Prof. Dra. Maria Laura Puglisi Barbosa Franco. Co-orientadora: Prof. Dra. Marisa Irene Siqueira Castanho

CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO Osasco

2009

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Mariano, Maria Lúcia

Representações sociais de jovens sobre sucesso e sobre

fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de

História/ Maria Lúcia Mariano; orientação de Maria Laura

Puglisi Barbosa Franco. – Osasco : UNIFIEO, 2009.

90p. (número de páginas)

Dissertação (mestrado) Psicologia Educacional

1. Ensino-aprendizagem. 2. Psicologia Educacional. 3. Franco,

Maria Laura Puglisi Barbosa Franco

CDU 37:159.953.5.

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MARIA LUCIA MARIANO

FOLHA DE APROVAÇÃO Dissertação apresentada no Centro Universitário UNIFIEO para obtenção do título

de Mestre em Psicologia Educacional.

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E SOBRE FRACASSO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O

ENSINO/APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA.

Aprovado em: 01 de setembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA:

----------------------------------------------------------------------------------------------

Nome: Dra. Maria Laura Puglisi Barbosa Franco Instituição: Centro Universitário FIEO

----------------------------------------------------------------------------------------- Nome: Dra. Marisa Irene Siqueira Castanho Instituição: Centro Universitário FIEO

----------------------------------------------------------------------------------------

Nome: Dra. Marisa Todescan Dias da Silva Baptista Instituição: Universidade São Marcos

----------------------------------------------------------------------------------------

Nome: Dra. Márcia Siqueira de Andrade Instituição: Centro Universitário FIEO

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Dedicatória À honra e glória de DEUS, que me presenteou com a vida para poder buscar o sucesso e me presenteia com a força para poder enfrentar os fracassos. A meus pais, a quem devo tudo!

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Agradecimentos

Aos jovens desta pesquisa pela colaboração.

Aos diretores da escola pública estadual e da escola particular que autorizaram a

realização da pesquisa nas instituições de ensino.

À professora Dra. Maria Laura Puglisi Barbosa Franco, pela paciência, acolhimento,

carinho e disponibilidade com que me orientou no decorrer deste trabalho.

À professora Dra. Marisa Irene Siqueira Castanho, também pelo seu acolhimento,

seu carinho, sua paciência e disponibilidade e ajuda valiosa sendo minha co-

orientadora.

À professora Dra. Márcia Siqueira de Andrade e Dra. Marisa Todescan Dias da Silva

Baptista pela leitura atenta do trabalho e pelas sugestões apresentadas no exame

de qualificação.

Aos queridos amigos, companheiros do curso de mestrado, que estarão sempre em

meus pensamentos.

A todos os professores que fizeram parte deste mestrado e que, como ensinantes,

ampliaram o meu conhecimento.

E a todos que contribuíram direta ou indiretamente com esse trabalho.

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MARIANO, Maria Lucia. Representações Sociais de jovens sobre sucesso e sobre fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. 2009. 80f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Educacional) – Curso de Pós-Graduação em Psicologia Educacional, Centro Universitário FIEO, Osasco.

RESUMO O objetivo desta pesquisa foi identificar analisar e interpretar as representações

elaboradas por jovens de dois diferentes segmentos educacionais e sociais a

respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem

de História. Visto que, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do

Ensino Médio - PCN (2000), a História enquanto disciplina escolar possibilita ampliar

estudos sobre as problemáticas contemporâneas. Entende-se que representações

são formas de organização simbólica do pensamento que se estruturam em três

dimensões relevantes, a sócio-cognitiva, sócio-afetiva e a sócio-histórica. A dinâmica

entre estas três dimensões, cujo eixo comum é o social, é responsável pela

construção das Representações Sociais do fracasso e sucesso na vida dos jovens.

Os participantes foram alunos da rede pública e particular de ensino da cidade de

Ibiúna, interior de São Paulo, na faixa etária de 15 a 18 anos, dos 2º e 3º anos do

Ensino Médio, do turno diurno, totalizando 40 participantes. Foram utilizadas,

como técnica e coleta de dados, questionários compostos de questões

abertas e fechadas e o procedimento de associação livre por meio de três

palavras que os jovens relacionaram a sucesso e a fracasso. Os dados

coletados foram contextualizados e tratados pelos procedimentos de análise

de conteúdo. As categorias foram criadas a posteriore, ou seja, foram criadas

a partir dos conteúdos expressos pelos participantes. Foram identificadas as

convergências e as divergências entre os jovens do mesmo grupo social e

nos dois grupos pesquisados, indicando que, as Representações Sociais sobre

sucesso para os grupos pesquisados são construídas com base nos elementos

relacionados a atributos pessoais. E as Representações Sociais sobre fracasso, são

construídas com base nos elementos materiais e concretos e relacionadas à falta de

atributos pessoais.

Palavras- chave: Representações Sociais, jovens, sucesso, fracasso.

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MARIANO, Maria Lucia. Social Representations of young on success and failure and its contribution for education/learning of History. 2009.80f.Dissertation (master's degree in educational psychology) – post-graduate course in educational psychology, University Centre FIEO, Osasco.

ABSTRACT

The objective of this research was to identify, to analyze and interpret the

representations elaborated for young of two different educational and social

segments regarding the success and of the failure and its contribution to the history

teaching/learning. Since, according to the national curriculum parameters school-

PCN (2000), the history while school discipline allows studies on contemporary

issues. It is understood that representations are symbolic forms of organization of

thought that if structure into three dimensions relevant socio-cognitive, affective and

social and socio-historical. The dynamics between these three dimensions, whose

common social axis, is responsible for the construction of Social Representations of

failure and success in the lives of young people. Participants were students of public

and private network of the city of Ibiúna, Interior of São Paulo, aged 15 to 18 years, 2

and 3 years of high school, period morning, totaling 40 participants. Were used, as

data collection and technical, questionnaires composed of open and closed

questions and free association procedure through three words that young people

drew to success and failure. The data collected were contextualizados and treated by

content analysis procedures. The categories were created posteriori, that is were

created from the content expressed by the participants. Were identified similarities

and differences between young people from the same social group and two groups

searched, indicating that the Social Representations about success for groups

searched are constructed on the basis of personal attributes related elements. And

Social Representations are built on failure, on the basis of concrete and related

materials and the lack of personal attributes.

Word-key: Social Representations, young, success, failure.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................11

2 OBJETIVO.....................................................................................................14

3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS.....................................................................15

3.1 REPRESENTAÇÃO SOCIAL, A MÍDIA E O JOVEM.....................................20

4 JOVENS.........................................................................................................23

4.1 JOVENS E O ENSINO MÉDIO......................................................................29

4.2 A DISCIPLINA DE HISTÓRIA ENSINO MÉDIO.............................................31

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................36

5.1 COLETA DE DADOS......................................................................................36

5.1.1 Caracterização da cidade.............................................................................38

Figura 1 - Represa........................................................................................40

Figura 2 - Cachoeiras...................................................................................40

Figura 3 - Campo de Golf.............................................................................40

Figura 4 - Grutas de São Sebastião............................................................41

Figura 5 - Campo de Beisebol YAKULT......................................................41

Figura 6 - Templo Budista.............................................................................41

Figura 7 - Parque do Jurupará......................................................................41

Figura 8 - Academia SEICHO-NO-IE...........................................................41

Figura 9 - Pousada.......................................................................................41

Figura 10 - Pesqueiro.....................................................................................41

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5.1.2 Caracterização das escolas.........................................................................42

Figura 11 - Escola Particular - Unidade I........................................................43

Figura 12 - Escola Particular - Unidade II.......................................................43

Figura 13 - Escola Pública Estadual...............................................................44

5.1.3 Caracterização dos participantes................................................................45

6 RESULTADOS...............................................................................................47

6.1 APLICAÇÃO E RECEPTIVIDADE..................................................................47

6.1.1 Escola particular...........................................................................................47

Tabela 1: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre

- estímulo “sucesso” – escola particular..........................................................48

Tabela 2: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre

- estímulo “fracasso” – escola particular.........................................................49

Tabela 3: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre

- estímulo “sucesso”, já agrupadas por categorias. Escola particular...........51

GRÁFICO 1 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PARTICULAR.

PALAVRA DE ORIGEM “SUCESSO”............................................................ 52

Tabela 4: Palavras emitidas pelos sujeitos na associação livre

- estímulo “fracasso”, já agrupadas por categorias. Escola particular...........55

GRÁFICO 2 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PARTICULAR.

PALAVRA DE ORIGEM “FRACASSO”...........................................................56

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6.1.2 Escola pública estadual................................................................................58

Tabela 5: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre

- estímulo “sucesso” – escola pública estadual..............................................59

Tabela 6: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre

- estímulo “fracasso” – escola pública estadual.............................................60

Tabela 7: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre

- estímulo “sucesso”, já agrupadas por categorias. Escola pública

estadual...........................................................................................................61

GRÁFICO 3 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PÚBLICA

ESTADUAL. PALAVRA DE ORIGEM “SUCESSO”......................................62

Tabela 8: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre

- estímulo “fracasso”, já agrupadas por categorias. Escola pública

estadual.........................................................................................................67

GRÁFICO 4 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PÚBLICA.

PALAVRA DE ORIGEM “FRACASSO”............................................................68

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................72

REFERÊNCIAS..........................................................................................................76

ANEXOS

A – Autorização para realização da pesquisa na escola pública estadual.

B – Autorização para realização da pesquisa na escola particular.

C – Modelo do questionário.

D- Aprovação pelo Comitê de Ética do Centro Universitário FIEO.

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1 – INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objeto de estudo as Representações Sociais sobre

sucesso e sobre fracasso, elaboradas por parte de jovens pertencentes a dois

segmentos educacionais diferentes, de uma escola particular e de uma escola

pública estadual, localizadas na cidade de Ibiúna, interior de São Paulo.

A decisão de valorizar o estudo das Representações Sociais como categoria

analítica nas áreas da Psicologia Educacional se dá por serem elas elementos

simbólicos que os indivíduos expressam mediante o uso da linguagem, oral ou

escrita, gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada.

A escolha da categoria “jovem” justifica-se pela importância de pesquisas que

contribuam para o desenvolvimento de propostas educacionais.

A investigação sobre sucesso e sobre fracasso surgiu a partir do resultado

obtido em uma investigação anterior, mais ampla, de um Projeto Temático e

Integrado de Pesquisa em Representações Sociais de Jovens e Professores e suas

Implicações para o Processo de Ensino e Aprendizagem (FRANCO, 2007a). A

referida pesquisa teve por objetivo, investigar e analisar algumas das

Representações Sociais de jovens de diferentes grupos sociais e espaços

educacionais. Para tal, foram contatados jovens residentes na cidade de São Paulo,

provenientes de Escolas Públicas e Particulares, de um Curso Profissionalizante

noturno; outros vinculados a atividades oferecidas por uma Organização Não

Governamental, a EDUCAFRO (Educação e Cidadania de Afro-descendentes e

Carentes); e também de uma Escola destinada a jovens de alto poder aquisitivo.

Nessa investigação foi aplicado aos jovens um questionário reflexivo

composto por várias questões, sendo que duas dessas questões foram: qual o

sonho da sua vida? E, o que você faria para que seu sonho tornasse realidade?

Algumas das respostas que apareceram para a primeira questão apontada foram:

ter sucesso na vida e evitar o fracasso. As respostas que surgiram para a segunda

pergunta foram vagas e imprecisas. Nenhum dos participantes sabe o que fazer

para ter sucesso na vida e evitar o fracasso.

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Outro fator que justifica indagar sobre sucesso e sobre fracasso é o fato de

que, na área da Psicologia Educacional aliada a área de Representação Social

existe a tendência muito forte de se trabalhar com Representação Social sobre

escola, sociedade, educação, professores, porém é muito raro encontrar literatura e

pesquisas que trabalhe com Representação Social sobre sucesso. O que pode ser

encontrado relativamente próximo são livros de autoajuda, direcionados a palestras,

treinamentos, tanto no mercado de trabalho como em relacionamentos, tais como:

Tavares (1991); Pereira (1995); Shinyashiki (1993; 2002); Osho (2002).

Destacamos que os livros de autoajuda fazem referência a conseguir sair de

alguma situação de fracasso, que é ruim para o indivíduo e para a própria

sociedade. Tais obras vêm ao encontro dos anseios de muitas pessoas que não

conseguiram realizar algum objetivo e buscam uma maneira de chegar ao sucesso,

elaborando uma direção de superação. Mas este não é o foco desta pesquisa.

Neste trabalho nos interessamos em pesquisar as Representações Sociais

que orientam as ações dos jovens no mundo, tendo em vista que, como diz Leontiev

(2004), a Representação Social é uma orientação para a ação.

As afirmações introdutórias deste trabalho de pesquisa nos inquietam como

educadora, atuando na formação de jovens, como professora de História, há 18

anos. Preocupamo-nos com o fato de, os jovens, exatamente por estarem em

processo de formação de suas identidades, viverem de maneira intensa, por

aceitação ou oposição, as circunstâncias do mundo que habitam.

Em especial, são os jovens e as crianças, hoje, alvo da indução feita pela

mídia que veicula valores e produtos de toda ordem: música, roupas, moda, estilo,

esporte, lazer, comida, comportamento, etc. prontos a serem “consumidos”, tendo

em vista as exigências e pressões sociais em ser bem realizados e bem sucedidos.

Dentre outros, esse conjunto de argumentos é que nos leva a questão que o

trabalho pretende responder: Representações Sociais de jovens sobre sucesso e

sobre fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto

que, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio - PCN

(2000), a História enquanto disciplina escolar, ao se integrar na área Ciências

Humanas e suas Tecnologias para o Ensino Médio, possibilita ampliar estudos sobre

as problemáticas contemporâneas. Vivemos em uma sociedade tecnológica,

entendida aqui como a sociedade contemporânea, na qual as relações sociais

encontram-se profunda e intensamente marcadas pelas mídias e demais

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tecnologias, ganhando novas configurações. O ensino de História pode

desempenhar um papel importante na configuração da identidade ao incorporar a

reflexão sobre a atuação do indivíduo nas suas relações pessoais com o grupo de

convívio, suas afetividades, sua participação no coletivo e suas atitudes de

compromisso com classes, grupos sociais, culturas e valores, que fornecerá valiosos

subsídios para serem trabalhados na sala de aula. Tais observações tendem a

tornar as aulas de História e outras disciplinas mais realistas e, portanto qualificadas.

Consequentemente destaca-se a importância que significa para professores e

alunos conhecer e discutir sobre uma série de assuntos e temas relacionados a

disciplinas decorrentes do cotidiano. Por isso estamos interessadas em jovens que

no momento da pesquisa são jovens alunos do Ensino Médio.

A contribuição deste trabalho reside na possibilidade de continuar gerando

perspectivas de análise a respeito do participante, no caso desta pesquisa, de

jovens na faixa etária de 15 a 18 anos, face às expectativas, de sucesso e de

fracasso, nos contextos de produção de bens materiais e simbólicos na realidade

atual.

Tendo em vista as justificativas já arroladas segue-se o objetivo.

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2 – OBJETIVO

- Identificar, analisar e interpretar as Representações Sociais que jovens

elaboram sobre sucesso e sobre fracasso e sua contribuição para o

ensino/aprendizagem de História.

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3 - REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Valorizar o estudo das Representações Sociais como categoria analítica é

importante, pois, como já foi dito, elas são elementos simbólicos que os indivíduos

expressam mediante o uso da linguagem oral ou escrita, gestual, silenciosa,

figurativa, documental ou diretamente provocada.

Segundo Moscovici (2007), as Representações Sociais (RS) compreendem

pensamentos, sentimentos, emoções, práticas, afetos e cognição, que se

apresentam em constante mudança no tempo e na história.

As Representações Sociais circulam, cruzam-se e se cristalizam

incessantemente através de uma fala, um gesto, um encontro, em nosso universo

cotidiano. A maioria das Relações Sociais estabelecidas, os objetos produzidos ou

consumidos, as comunicações trocadas, delas estão impregnados (MOSCOVICI,

2007).

Segundo Banchs (1991), as Representações Sociais se caracterizam por

serem autônomas, dinâmicas e mutáveis, fazendo parte da realidade social, o que

dará sustentação ao conteúdo representado. São, assim, formas de saberes

construídos na convivência cotidiana e por esta determinada, comportando

contradições e transformações.

Moscovici (2007) é capaz de demonstrar, a partir de sua própria análise de

textos fundantes na Psicologia Social Moderna, que o referencial explanatório

exigido para tornar os fenômenos sociais inteligíveis deve incluir conceitos

psicológicos e sociológicos. Conceito expresso via mensagens.

Mensagens estas que, como já dissemos, podem ser mediadas por várias

formas de linguagem, são construídas socialmente em um compasso interativo e,

portanto, estão necessariamente ancoradas no âmbito da situação concreta dos

indivíduos que as emitem.

Segundo Abric (2003) toda realidade é representada, ou seja, apropriada por

indivíduos e por grupos, reconstruída num sistema sócio-cognitivo. A realidade

social é o fato objetivo, apropriado e reconstruído pelo grupo ou pelo indivíduo, uma

vez que a experiência grupal se incorpora às estruturas cognitivas individuais.

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E o estudo das Representações Sociais investiga como se formam e como

funcionam os sistemas de referência que utilizamos para classificar pessoas e

grupos e para interpretar os acontecimentos da realidade cotidiana. Por suas

relações com a linguagem, a ideologia e o imaginário social e, principalmente, por

seu papel na orientação de condutas e das práticas sociais, as Representações

Sociais constituem elementos essenciais à análise dos mecanismos que interferem

na eficácia do processo educativo.

Mas o que entendemos por "Representações Sociais"? Nas sociedades

modernas, somos diariamente confrontados com uma grande massa de

informações. As novas questões e eventos que surgem no horizonte social

freqüentemente exigem por nos afetarem de alguma maneira, que busquemos

compreendê-los, aproximando-os daquilo que já conhecemos, usando palavras que

fazem parte de nosso repertório. Nas conversações diárias, em casa, no trabalho,

com os amigos, somos instados a nos manifestar sobre eles procurando

explicações, fazendo julgamentos e tomando posições. Estas interações sociais vão

criando "universos consensuais" no âmbito dos quais as novas representações vão

sendo produzidas e comunicadas, passando a fazer parte desse universo não mais

como simples opiniões, mas como verdadeiras "teorias" do senso comum,

construções esquemáticas que visam dar conta da complexidade do objeto, facilitar

a comunicação e orientar condutas.

Há muitas formas de conceber e de abordar as Representações Sociais,

relacionando-as ou não ao imaginário social. Elas são associadas ao imaginário

quando a ênfase recai sobre o caráter simbólico da atividade representativa de

sujeitos que partilham uma mesma condição ou experiência social: eles exprimem

em suas representações o sentido que dão a sua experiência no mundo social,

servindo-se dos sistemas de códigos e interpretações fornecidos pela sociedade e

projetando valores e aspirações sociais (Jodelet, 2001).

Na definição de Moscovici (2007), a Representação Social refere-se ao

posicionamento e localização da consciência subjetiva nos espaços sociais, com o

sentido de constituir percepções por parte dos indivíduos.

Quando falamos em Representações Sociais acreditamos que elas são

elaborações mentais construídas socialmente, a partir da dinâmica que se

estabelece entre a atividade psíquica do sujeito e o objeto do conhecimento, seja ele

objetivo ou subjetivo, por meio da relação que se dá na prática social e histórica da

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humanidade. Entendemos que as Representações Sociais são historicamente

construídas e estão estreitamente vinculadas aos diferentes grupos

socioeconômicos, culturais e étnicos que as expressam por meio de mensagens e

que se refletem, nos diferentes atos e nas diversificadas práticas sociais.

Daí a importância de conhecer os emissores em termos de suas condições de

subsistência, de sua situação educacional ou ocupacional e também ampliar esse

conhecimento, pela compreensão de um ser histórico, inserido em uma determinada

realidade social, com expectativas diferenciadas, dificuldades vivenciadas e

diferentes níveis de apreensão crítica da realidade (FRANCO, 2004).

Para Moscovici (2007), sujeito e objeto não são funcionalmente distintos, eles

formam um conjunto indissociável. Isso quer dizer que um objeto não existe por si

mesmo, mas apenas em relação a um sujeito (individuo ou grupo). Ao formar sua

representação de um objeto, o sujeito, de certa forma, o constitui e reconstitui em

seu sistema cognitivo, de modo a adequá-lo aos seus sistemas de valores, o qual,

por sua vez, depende de sua história e do contexto social e ideológico no qual está

inserido. Para este autor as Representações Sociais compreendem pensamentos,

sentimentos, emoções, práticas, afetos e cognição, que se apresentam em

constante mudança no tempo e na história.

Jodelet (2001), refletindo sobre aquilo que pareceu ser consensual entre os

estudiosos deste campo, apresenta o seguinte conceito:

[...] Representação Social é uma forma de conhecimento,

socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Igualmente designada como saber de senso comum ou ainda saber ingênuo, natural, esta forma de conhecimento é diferenciada, entre outras, do conhecimento científico. Entretanto, é tida como um objeto de estudo tão legítimo quanto este, devido, à sua importância na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das interações sociais (JODELET, 2001, p. 22).

Por esta razão atribuímos-lhe uma virtude preditiva, uma vez que, segundo o

que um indivíduo diz ou expressa a partir de diferentes configurações, não apenas

podemos inferir suas concepções de mundo, pensamentos, valores, sentimentos ou

emoções, como também podemos deduzir sua orientação para a ação (FRANCO,

2004).

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A orientação para a ação conduz à percepção das Representações Sociais

como importantes indicadores que se refletem na prática cotidiana, tanto de

professores quanto de alunos, sem contar com os demais profissionais envolvidos

no exercício de suas competências, no âmbito da Psicologia Educacional.

As Representações Sociais têm como uma de suas finalidades tornar familiar

algo não-familiar, isto é, uma alternativa de classificação, categorização e nomeação

de novos acontecimentos e idéias, com as quais não tínhamos contato

anteriormente, possibilitando, assim, a compreensão destes a partir de idéias,

valores e teorias já preexistentes e internalizadas por nós e amplamente aceitas pela

sociedade (MOSCOVICI, 2007).

Para Vygotsky (1998) o significado de um objeto pode ser absorvido,

compreendido e generalizado a partir de suas características definidoras e pelo seu

corpus de significação. Já, o sentido implica a atribuição de um significado pessoal

e objetivado, que se concretiza na prática social e que se manifesta a partir das

Representações Sociais, cognitivas, subjetivas, valorativas e emocionais,

necessariamente contextualizadas. O sentido de uma palavra é um agregado de

todos os fatores psicológicos que surgem em nossa consciência, como resultado da

palavra. O sentido é uma formação dinâmica, fluida e complexa que tem inúmeras

zonas de sentido que variam em sua instabilidade.

As Representações Sociais expressam em geral tanto o significado quanto o

sentido das palavras. Assim sendo é importante usar a técnica da associação livre

que ultrapassa questões fechadas e o participante coloca o que pensa a partir de

uma palavra de origem sugerida. A primeira palavra citada é a mais próxima do

senso comum, que já está convencionado a significar isso ou aquilo. O sentido em

geral vem logo depois, associado à mesma palavra geradora, mas é um sentido

pessoal que passa pela vivência.

Segundo Vygotsky (1998), a dialética entre o externo e o interno é mediada

pela linguagem, pelas significações que emergem das relações sociais. Desse

modo, podemos dizer que a matéria-prima da consciência, isto é, da dimensão

subjetiva do indivíduo, é a linguagem, pois ela materializa e constitui as significações

construídas no processo social e histórico. Quando os indivíduos a interiorizam,

passam a ter acesso a estas significações que, por sua vez, servirão de base para

que possam significar suas experiências, e serão estas significações resultantes que

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constituirão suas consciências, mediando, desse modo, suas formas de sentir,

pensar e agir.

A linguagem é um instrumento cognitivo que permite aos indivíduos lidarem

com objetos externos não presentes, abstrair, analisar e generalizar características

desses objetos, situações e eventos, bem como preservar, transmitir e assimilar

informações e experiências acumuladas pela humanidade ao longo da história

“Nesta perspectiva a análise do conteúdo das Representações

Sociais assenta-se nos pressupostos de uma concepção crítica e dinâmica da linguagem. Linguagem, aqui entendida, como uma construção real de toda a sociedade e como expressão da existência humana que, em diferentes momentos históricos, elabora e desenvolve representações sociais no dinamismo interacional que se estabelecem entre linguagem, pensamento, sentimentos e ação” (FRANCO, 2007 p.25).

De acordo com Franco (2007), esses pressupostos, se afastam de uma

concepção formalista da linguagem no bojo da qual se atribui um valor exagerado ao

conteúdo observável à primeira vista, sem levar em conta o latente, a hermenêutica

e toda a complexidade que acompanha a diferença que se estabelece entre

significado e sentido.

Utilizando-se da linguagem oral ou escrita, os indivíduos explicitam

conhecimentos, opiniões, sentimentos conscientes ou inconscientes, emoções,

crenças, valores, pensamentos absorvidos pela mídia e em diferentes situações

culturais e sociais, expectativas objetivas ou subjetivas. Estas mensagens, mediadas

pela linguagem, são construídas socialmente e, portanto, estão necessariamente,

aportadas no âmbito da situação concreta dos indivíduos que as emitem (FRANCO,

2004). E no caso dessa pesquisa é expressa via linguagem escrita.

Sob esta ótica, o contexto no qual se engendram e se constroem as

Representações Sociais assume grande importância, pois a partir delas pode-se

prever o comportamento do individuo que o emite. Isso se torna importante porque

direciona a parte pedagógica, direciona as aulas para o que o aluno expressa.

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3.1 - REPRESENTAÇÃO SOCIAL, A MÍDIA E O JOVEM

Para Moscovici (2007) o objeto central da Psicologia Social deve ser o estudo

de tudo o que se refere à ideologia e à comunicação do ponto de vista da sua

estrutura e função. E nosso objeto de estudo básico central apóia-se na teoria das

Representações Sociais criadas e estão intimamente ligadas a outras teorias e

enfoques teóricos vinculados às áreas de comunicação e mídia.

De acordo com Barbosa e Rabaça (1987), o termo comunicação deriva do

latim communicare, com o sentido de tornar comum, partilhar, repartir, trocar

opiniões, associar ou conferenciar. A comunicação modifica a disposição mental das

partes envolvidas e inclui todos os procedimentos por meio dos quais uma mente

pode afetar outra. Isso envolve não somente a linguagem oral e escrita, como

também a música, as artes plásticas e cênicas, ou seja, todo comportamento

humano.

Percebemos o grande desenvolvimento tecnológico no decorrer dos anos,

como por exemplo, o avanço dos meios de comunicação. A televisão e a imprensa

como formadores de opinião influenciam o homem contemporâneo, reforçando

ideologias e interesses de quem está no poder, instigando a passividade, o

conformismo aos problemas sociais atuais e ao consumismo exagerado.

A expansão do jornalismo e da mídia como um todo na sociedade

contemporânea é muito intensa e utiliza espaços de comunicação. Esses espaços

de comunicação já eram utilizados na Antigüidade, como por exemplo, na Grécia

Antiga.

Usando termos da contemporaneidade, a mídia do homem grego era sua

própria fala e capacidade de oratória. Daí a importância dada à retórica na

Antiguidade (FINLEY, 1989).

Alguns oradores conseguiam exercer a influência desejada, enquanto outros

não (MARROU, 1998). Assim sendo, a retórica surgiu como formulação sistemática

dos métodos e das técnicas empregados pelos vitoriosos. Além de ser uma cultura

marcada pela oralidade, toda a comunicação interpessoal se dava em espaços

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públicos e coletivos. Isso implica uma intensa comunicação verbal e vida

comunitária, formando um espaço de comunicação no próprio espaço público de

uma cidade. Atenas, por exemplo, era uma sociedade mediterrânea onde as

pessoas se juntavam fora de casa, nos dias de mercado, nos inúmeros momentos

festivos e, em qualquer altura, no porto e na praça da cidade. Os cidadãos

pertenciam a vários grupos formais e informais. Todos esses grupos forneciam

ensejo para se saberem novidades e para bisbilhotices, para discussões e debates,

para a contínua educação política.

Em Atenas a participação do povo acontecia na ágora, à própria “praça” da

cidade. A ágora representava um mundo compartilhado de significações, a partir do

qual a ação e a palavra de cada um podiam ser reconhecidas como algo dotado de

sentido e eficácia na construção da história. Ao partilhar a ágora, o indivíduo, ainda

que não fosse cidadão, com certeza se sentia informado das decisões políticas, dos

acontecimentos sociais, das ironias, sátiras e informações culturais. Há nesse

sentido uma semelhança muito grande com a mídia moderna (BARBOSA E

RABAÇA, 1987).

A retórica, tão importante para a comunicação na Antiguidade, está presente

na mídia hoje. Para Aristóteles, a retórica é a faculdade de descobrir em todo

assunto o que é capaz de persuadir (SANT‟ANNA, 1988). A mídia tem na retórica

um recurso fundamental para persuadir seu público, influenciando assim as

Representações Sociais sobre sucesso e sobre fracasso. A retórica é um método de

persuasão, é a técnica (ou a arte) de convencer o interlocutor através da oratória.

Tornou-se um meio prático para se compreender como o ser humano usa a

linguagem para modificar ou moldar nossa compreensão de realidade, nos

influenciando de uma forma apelativa.

De acordo com Chklovski (2005) essa função apelativa visa ao destinatário, a

quem se procura influenciar através do apelo contido na mensagem, seduzindo-o ao

consumo de mercadorias ou ao uso de serviços. Quando falamos de linguagem, não

se trata apenas de um canal de comunicação, a linguagem tem um poder imenso;

tem o poder de persuadir, visto que há muitas coisas que desejamos adquirir porque

ouvimos falar delas, porque nos deixamos persuadir de seus encantos. Aliás, já se

falava nisso na Antiguidade via Aristóteles. A força da mídia permeia os jovens o

tempo todo os levando a desejar o que é anunciado. E geralmente a mídia passa

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em suas novelas românticas, nos seus seriados, ou até em inocentes comerciais a

necessidade do ter, não a do ser.

Segundo Sandmann (2005), o anúncio geralmente vale-se do testemunho de

um personagem rico e famoso, o qual, através de uma frase, remete o leitor a

aspirações de inteligência, criatividade e alta posição social, que são idéias

associadas, ao autor da frase na propaganda. E isso está estreitamente vinculado às

Representações Sociais elaboradas sobre sucesso no sentido de ser bem sucedido.

Conforme Coracini (2007), Aristóteles, em sua Retórica, refere-se ao testemunho

como um recurso argumentativo fortemente persuasivo; daí o seu uso na

publicidade, enfatizando a força argumentativa do discurso, que pertence a pessoas

famosas e admiradas, concedendo, assim, legitimidade e veracidade ao que é dito.

E muitas vezes essa legitimidade pode influenciar as Representações Sociais.

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4 – JOVENS

Tendo o jovem como referência, a primeira indagação que se mostra

pertinente diz respeito à concepção de jovem. A resposta a ser dada à pergunta “o

que é ser jovem?”, está diretamente ligada à categoria juventude e construir uma

definição para esta categoria não é uma tarefa fácil, principalmente, porque, além de

poder ser considerada um período de vida, seus critérios são históricos e sociais.

Muitos autores já se debruçaram sobre o tema, trazendo importantes contribuições1

(FRANCO, 2007).

Do ponto de vista histórico, de acordo com Gonçalvez (2005), o interesse pela

juventude desponta de tempos em tempos e pode ser entendido a partir de duas

visões principais.

“Na visão clássica, [a juventude] é entendida como uma categoria social

gerada por tensões inerentes à crise do sistema”. (GONÇALVEZ, 2005, p.56). Esta

visão acentua o conflito político, o engajamento do jovem nas lutas sociais e

políticas, nos movimentos estudantis e a participação juvenil e coletiva em busca de

um mundo melhor. Esta visão acentua o conflito político, o engajamento do jovem

nas lutas sociais e políticas, nos movimentos estudantis e a participação juvenil e

coletiva em busca de um mundo melhor.

Os levantes populares principalmente os ocorridos em meados do século

passado, foram saudados como rupturas contra regimes opressivos e injustos e

como pontos de partida para a construção de sociedades socialistas, em que as

desigualdades seriam eliminadas. No Brasil, foi expressiva a participação juvenil

contra o Golpe do Regime Militar nos idos dos anos 60 e 70. Esse período ficou

marcado na história pelas revoluções promovidas pelos jovens, que rompeu padrões

e comportamentos.

Paulatinamente, porém, as promessas de mudanças se tornaram falsas e a

desilusão com a política foi se acentuando. Essa desilusão e o enfraquecimento de

movimentos populares mais consistentes provocaram significativas mudanças

econômicas e sociais. Aos poucos, solidifica-se a globalização neoliberal, no bojo da

1 Dentre outros, destacam-se os artigos mais recentes, que compõem os livros: Retratos da Juventude Brasileira,

Instituto Cidadania, Fundação Perseu Abramo (2003); Juventude e Sociedade, Instituto Cidadania, Fundação

Perseu Abramo (2004), e a Revista de Sociologia da USP, Tempo Social, vol.17 (2005)

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qual, as fronteiras nacionais deixaram, cada vez mais, de serem barreiras às trocas

comerciais e aos fluxos de capitais. Acentua-se a competição, o individualismo e a

necessidade de empreendimentos personalizados e, muitas vezes, solitários

(FRANCO, 2004).

Surge, então, a segunda visão relacionada à busca do que seria o motor

propulsor dos jovens de hoje. Motor este, que, em princípio, os levaria a procurar

caminhos individualistas, para o alcance de situações concretas mais adequadas às

suas aspirações. No entanto, fazendo um parêntese, diríamos que ao atribuir à

característica de individualista, somente ao jovem, pode ser considerada como uma

postura fragmentada, falsa e preconceituosa, pois na verdade é parcial. Hoje, em

maior ou menor proporção, todos nós somos individualistas (FRANCO, 2004).

Voltando ao jovem, de acordo com a literatura divulgada, os historiadores

atribuem aos jovens do século XXI, uma postura individualista e personalizada, seja

ela esperançosa ou pessimista frente ao futuro.

Embora participem, em grupo, de movimentos punks e até de protestos, nota-

se que tais movimentos estão circunscritos a situações contextuais, personalizadas

e, muitas vezes, incentivados pela mídia (FRANCO, 2004). Segundo essa autora,

outra concepção sobre jovem é que é a transição para a vida adulta. Porém

considerar o jovem como um sujeito social em transição para a vida adulta, não

significa descartar a indispensável necessidade de concebê-lo na categoria de ser e,

não apenas, de vir a ser. Perceber os jovens somente sob a ótica da transitoriedade

de sua situação dificulta enxergá-los como sujeitos de direitos e como agentes

sociais com características próprias e peculiares de uma determinada faixa etária.

Com isso, abandona-se a possibilidade de recuperar os elementos básicos que

constituem suas identidades e, conseqüentemente, os jovens passam a ser

concebidos pelo negativo, pela ausência, ou seja, não pelo sendo, mas pelo que

seriam.

Essa visão que se deixa pautar pela concepção de juventude como mera

transição

“decorre de uma compreensão da ordem social adulta como estática e rígida em oposição à pretensa instabilidade juvenil, fato que não se sustenta hoje, pois parte significativa do que denominamos condições contemporâneas da vida se inscrevem na insegurança, na turbulência e na transitoriedade” (SPOSITO, 2005 p. 129).

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No mesmo compasso das posturas que atribuem à juventude um caráter de

transitoriedade, deparamo-nos com as concepções sobre juventude marcadas pela

ambigüidade.

Se por um lado, mesmo quando considerados individualistas, como já

discutimos, os jovens são também vistos, em muitos casos, como agentes

propulsores de mudança, como indivíduos ativos, emergentes, desprovidos de

preconceitos. Por outro lado, são vistos pela ótica negativa dos problemas sociais,

seja como protagonistas de uma crise de valores e de um conflito de gerações, seja

como portadores de defeitos (FRANCO, 2004).

Principalmente na mídia, é recorrente a associação dos jovens a sujeitos

inconseqüentes, propensos ao desvio e ao delito e perigosos para a sociedade.

Sob este aspecto é importante ressaltar que os jovens, quando enfocados

como “problema social”, ora de quem a sociedade tem que se proteger, ora a quem

ela deve acolher, não entram na agenda das políticas públicas...

”No Brasil, as demandas por políticas públicas de juventude permanecem como estados de coisas, precariamente resolvidos no âmbito de políticas destinadas a um público mais amplo _ com o qual os jovens têm que competir pelo espaço de entendimento _, sem chegar a se apresentar especificamente como problemas políticos” (RUA, 1998, p.3).

Numa perspectiva mais específica e que se encaminha para a discussão do

significado de jovens do ponto de vista social, há que se considerar, em primeiro

lugar, que os mesmos estão inseridos em uma sociedade constituída por pessoas

de diferentes faixas etárias. No que diz respeito à categoria jovem e por ocasião do

Ano Internacional da Juventude, a Assembléia Geral da ONU (1985), sem prejuízo

de outros Estados membros, considerou como jovens as pessoas entre 15 e 24

anos (FRANCO, 2007a).

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Em 2000 a CEPAL reafirma a faixa etária definida, em 1985, e enfatiza que:

“o entorno etário escolhido é baseado em fundamentos apropriados, pois as entradas e saídas dessa fase coincidem com importantes períodos de transição no ciclo de vida. O limite inferior [15 anos] considera a idade em que já estão desenvolvidas as funções sexuais e reprodutivas, que diferenciam o adolescente da criança e repercutem na sua dinâmica física, biológica e psicológica. O limite superior [24 anos] diz respeito ao momento em que os indivíduos normalmente concluem o ciclo da educação formal, passam a fazer parte do mercado de trabalho e constituem suas próprias famílias, caracterizando assim, de forma simplificada, a transição para a fase adulta” (CAMARANO, 2003).

Tendo em vista a dificuldade de se definir jovens, escolhemos esta definição

da Assembléia Geral da ONU, que estabelece a faixa etária como argumento da

definição de jovem.

De acordo com o censo de 2000 a complexa realidade brasileira envolve 34

milhões de jovens de 15 a 24 anos de idade (IBGE, 2000), o que justifica a

importância de pesquisas que contribuam para o desenvolvimento de políticas

púbicas de ações para a juventude, nas diversas áreas.

Políticas públicas, de acordo com ABAD (2003) são formas de políticas

implementadas pelo Estado, que pretendem garantir o consenso social. Através de

iniciativas que contribuam para a redução de desigualdade e controle das esferas da

vida pública para garantir os direitos dos cidadãos. Mas as políticas públicas só

surtem efeitos esperados quando é levada em conta a opinião dos sujeitos para os

quais o beneficio será propiciado.

Portanto, políticas públicas específicas para os jovens são muito importantes,

pois, esta faixa da população mostra-se vulnerável a questões como desemprego,

violência e drogas.

Pensar num projeto de políticas públicas para jovens é pensar em políticas

que lhes assegurem uma escola acessível e de qualidade, formação profissional

adequada, oportunidades dignas de trabalho e renda, alternativas de lazer. O jovem

necessita de apoio, atenção e perspectivas de auto-realização (ABAD, 2003).

A vida cotidiana dos jovens deve ser levada em conta para a formulação das

políticas que visem o estimulo e participação da juventude. Visto que os jovens sem

educação e sem trabalho estão condenados ao subemprego, a sub cidadania e, por

tabela, a uma espécie de subvida marcada pela ausência de perspectivas e de

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ambições positivas. São o que a ONU chama de uma “cultura impulsionada pela

mídia”, não podem aspirar aos bens e valores cultuados por essa mesma mídia

(IBASE, 2005).

Historicamente a educação ocupa o setor de gestão pública que mais

centralizou a formulação de políticas. Hoje, os jovens possuem mais acesso à

escolarização formal e permanecem nela por mais tempo, mostrando que a

juventude tem condições para alcançar novos objetivos a fim de melhorar sua vida.

Mas há a necessidade de que o jovem seja participativo nos debates sobre seu

cotidiano escolar. Para tanto, é necessário, criar mecanismos que estimulem a

participação e a integração dos jovens como protagonistas desse processo para que

as políticas públicas atendam efetivamente suas demandas e garantam a inclusão

destes no contexto de participação política da sociedade. Para tanto se faz

necessário o protagonismo juvenil.

De acordo com Rabêllo (2009), a palavra protagonismo juvenil significa “o

primeiro”, o principal lutador (proto+agos). A autora recorda ainda que a palavra

sugere “a personagem principal”, ou seja, a pessoa que desempenha ou ocupa o

primeiro lugar em um acontecimento. Para essa autora, qualquer projeto que tenha

por objetivo incentivar ou promover o protagonismo juvenil deve estar vinculado a

uma perspectiva pedagógica, tendo por objetivo a criação de espaços e de

mecanismos de escuta e participação. Para isso, no entanto, é preciso conceber os

jovens como fontes e não apenas como receptores ou porta-vozes daquilo que os

adultos dizem ou fazem em relação a eles.

Possivelmente, a instituição moderna que foi mais duramente atingida nos

últimos anos foi à família. O papel da família está relacionado ao momento social

vivido por ela, isto pode ser percebido através das mudanças ocorridas na sua

organização no decorrer dos anos.

A atenção e o acolhimento das crianças e jovens pelas famílias é uma prática

recente, desenvolvida a partir do século XVIII. Antes eram os aparelhos públicos,

mantidos pela comunidade, que educavam e socializavam os jovens, isso desde

Roma e Grécia da Antiguidade.

Até a Idade Média, as famílias eram extensas, tinham não só a função de

reprodução, mas também amplos cuidados com a valorização de seus costumes, de

suas vestimentas, produções artesanais, religião, profissão e outras manifestações

de vida dentro dela.

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Com a revolução industrial a partir do Séc. XVIII houve grandes mudanças na

constituição da família, principalmente com relação à redução do número de seus

componentes e funções.

O capitalismo da época necessitava de homens descomprometidos, que

mantivessem apenas vínculos de trabalho e com isso o papel da família se torna

mais restrita como a proteção e o mínimo de educação aos filhos.

As mudanças ocorridas a partir do capitalismo, como o reforço da

individualidade, fez com que a importância da cultura familiar antes tão valorizada,

ficasse enfraquecida.

A família e a autoridade dos pais são muito importantes para o ser humano, é

nela que se dará o seu equilíbrio psicológico e moral. Isto é estabelecido pelas

relações de afeto, de solidariedade, de valorização de suas tradições, nas regras de

disciplina, no vínculo de coletividade entre outras manifestações familiares.

Entretanto hoje em dia, a partir das recentes mudanças tecnológicas, o tempo e o

espaço do mundo do trabalho invadiram a vida privada com intensidade, diminuindo

o tempo de convívio familiar (RABÊLLO, 2009).

Pesquisas recentes como as realizadas pela Consultoria em Políticas

Públicas (CPP) revelam que nas famílias brasileiras, o tempo de convívio familiar se

reduz a 6 horas diárias, sendo que três delas ocorrem à noite, quando a família sofre

uma dispersão tecnológica, divididas entre aparelhos de televisão e informática (no

caso das famílias que possuem esses aparelhos). Sendo assim, o diálogo, a troca

de interesses, a construção de valores sociais são catapultados do seio familiar.

E o dialogo é extremamente necessário, os jovens querem ser ouvidos. E nos

reportando ao espaço educacional, geralmente, nas escolas, os jovens não são

ouvidos. Então, onde os jovens nos dias de hoje aprendem? Segundo Rabêllo

(2009) estudos recentes na Europa revelam que a maioria dos jovens aprende e

define sua conduta a partir de seus grupos de iguais, formando uma “sub cultura” ou

“linguagem da adolescência”. De acordo com essa autora, hoje, o grupo dos iguais

está novamente a assumir a tarefa de socialização dos adolescentes; e, à medida

que as crianças se deslocam para a puberdade, a idéia dos pais acerca do bem e do

mal e do certo e do errado tornaram-se para elas cada vez mais irrelevantes. Os

jovens ouvem muito mais conselhos de seus iguais do que dos pais no campo dos

valores e dos problemas pessoais.

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De acordo com Rabêllo (2009), o jovem gosta de ser desafiado quando está

aprendendo. E aprendem quando são desafiados a participar de experiências

significativas. Os jovens sentem necessidade de vivenciar os problemas para depois

buscar-lhes a solução. De forma que, para essa autora, a melhor maneira de tornar

a aprendizagem interessante para o jovem é propondo que identifiquem e depois

tentem resolver os problemas. O primeiro passo é identificar por quais temas os

jovens têm mais interesses, quer de natureza informativa e ou reflexiva.

Quanto mais próximo do jovem, mais eficazes serão as ações geradas pelas

políticas públicas. Por isso a importância de conhecê-los a partir de suas

características. Esse conhecimento se amplia quando se percebe as

Representações Sociais que elaboram sobre sucesso e sobre fracasso, assim tendo

condições de vislumbrar políticas públicas que possibilite que os jovens sejam bem

sucedidos de uma maneira geral, evidentemente guardando todos os limites

necessários ao processo de implantação política.

4.1 JOVENS E O ENSINO MÉDIO.

Visto que, o foco desta pesquisa, são jovens estudantes do Ensino Médio, se

justificam as observações a cerca da formação do aluno do Ensino Médio.

As observações a seguir foram elaboradas tendo como base os Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Médio (2000).

A formação do aluno do Ensino Médio deve ter como alvo principal a

aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de

utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação.

Propõe-se, no nível do Ensino Médio, a formação geral, em oposição à

formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar

informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular,

ao invés do simples exercício de memorização.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei - 9.394/96 - explicita

que o Ensino Médio é a “etapa final da educação básica” (Art.36), o que concorre

para a construção de sua identidade. O Ensino Médio passa a ter a característica da

terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de

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consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental;

aprimorar o educando como pessoa humana; possibilitar o prosseguimento de

estudos; garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania; dotar o

educando dos instrumentos que o permitam “continuar aprendendo”, tendo em vista

o desenvolvimento da compreensão dos “fundamentos científicos e tecnológicos dos

processos produtivos” (Art.35, incisos I a IV).

As diretrizes gerais e orientadoras da organização curricular do Ensino Médio

são:

• Aprender a conhecer: Considera-se a importância de uma educação geral,

suficientemente ampla, com possibilidade de aprofundamento em determinada área

de conhecimento, priorizando o domínio dos próprios instrumentos do conhecimento,

considerado como meio e como fim. Meio, enquanto forma de compreender a

complexidade do mundo, condição necessária para viver dignamente; para

desenvolver possibilidades pessoais e profissionais, para se comunicar, entendendo

que o aumento dos saberes que permitem compreender o mundo favorece o

desenvolvimento da curiosidade intelectual, estimula o senso crítico e permite

compreender o real, mediante a aquisição da autonomia na capacidade de discernir.

• Aprender a fazer: Enfatizando o desenvolvimento de habilidades e o

estímulo para o surgimento de novas aptidões, como condição de enfrentar novas

situações, sabendo, aplicar a teoria na prática.

• Aprender a viver: Trata-se de aprender a viver juntos, desenvolvendo o

conhecimento do outro e a percepção das interdependências, de modo a permitir a

realização de projetos comuns ou a gestão inteligente dos conflitos inevitáveis.

• Aprender a ser: A educação deve estar comprometida com o

desenvolvimento total da pessoa; supõe a preparação do indivíduo para elaborar

pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor,

de modo a poder decidir por si mesmo, frente às diferentes circunstâncias da vida.

Supõe ainda exercitar a liberdade de pensamento, discernimento, sentimento e

imaginação, para desenvolver os seus talentos e permanecer, tanto quanto possível,

dono do seu próprio destino.

A partir desses princípios gerais, o currículo deve ser articulado em torno de

eixos básicos orientadores da seleção de conteúdos significativos, tendo em vista as

competências e habilidades que se pretende desenvolver no Ensino Médio. Um eixo

histórico-cultural dimensiona o valor histórico e social dos conhecimentos, tendo em

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vista o contexto da sociedade em constante mudança e submetendo o currículo a

uma verdadeira prova de validade e de relevância social.

O Ensino Médio estabelece a divisão do conhecimento escolar em áreas, uma

vez que entende os conhecimentos cada vez mais imbricados aos conhecedores,

seja no campo técnico-científico, seja no âmbito do cotidiano da vida social. A

organização em três áreas – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências da

Natureza, Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias

– tem como base a reunião dos conhecimentos que compartilham objetos de estudo

e, portanto, mais facilmente se comunicam, criando condições para que a prática

escolar se desenvolva numa perspectiva de interdisciplinaridade.

No caso dos participantes dessa pesquisa, nos interessa a área de Ciências

Humanas e suas Tecnologias, mais especificamente a área de História.

4.2 - A DISCIPLINA DE HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO

As observações a seguir da área específica de História foram elaboradas

tendo como base os Parâmetros Curriculares Nacionais de História no Ensino Médio

(2000).

A disciplina de História está incluída na Área de Ensino em Ciências

Humanas e suas Tecnologias, aqui entendida como a configuração a partir de um

conjunto de disciplinas específicas, cuja afinidade é definida pelo objeto comum de

estudos – o comportamento humano – e por pontos de intersecção das

metodologias específicas de produção desses conhecimentos, e cujas

especificidades ocorrem pelos focos diferenciados a partir dos quais olham o seu

objeto em relação ao espaço; ao tempo; à sociabilidade; aos processos de reflexão

sobre comportamentos e pensamentos, de onde decorrem peculiaridades

metodológicas importantes de serem preservadas.

A História enquanto disciplina escolar, ao se integrar na área Ciências

Humanas e suas Tecnologias para o Ensino Médio, possibilita ampliar estudos sobre

as problemáticas contemporâneas. Vivemos em uma sociedade tecnológica,

entendida aqui como a sociedade contemporânea, na qual as relações sociais

encontram-se profunda e intensamente marcadas pelas mídias e demais

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tecnologias, ganhando novas configurações. O ensino de História pode

desempenhar um papel importante na configuração da identidade ao incorporar a

reflexão sobre a atuação do indivíduo nas suas relações pessoais com o grupo de

convívio, suas afetividades, sua participação no coletivo e suas atitudes de

compromisso com classes, grupos sociais, culturas e valores.

A partir do uso diário da televisão têm-se informações e a oportunidade do

lazer e do entretenimento dentro de casa; músicas, novelas, programas de humor,

entrevistas, noticiários, ampliando as fronteiras do entorno em que vivemos,

alterando nossos hábitos de vida e nossos horizontes de busca de oportunidades,

de compreensão do mundo, e as nossas relações com as pessoas. Destacamos

também a influência que a mídia exerce sobre os jovens, principalmente a vinculada

através da televisão, devido ao fácil acesso.

Com todos os recursos de que dispomos na atualidade encontramo-nos

imersos em uma sociedade complexa. Encarar, entender e compreender tal

sociedade, enquanto palco das relações humanas vividas na atualidade significa

encará-la em sua historicidade, com a qual convivemos, lidamos, e na qual também

tecemos na cotidianidade de nossas vidas, visto que somos produto e produtores

dessa história. Lembramos que a representação social é uma orientação para a

ação e a partir dela podemos prever o comportamento do individuo que o emite,

podendo assim trazer uma significativa contribuição para o ensino/aprendizagem de

História.

Os processos de globalização do mundo e da mundialização da cultura

desencadeados pela sociedade tecnológica em que vivemos recolocam as questões

da sociabilidade humana em espaços cada vez mais amplos, e trazem questões de

identidade pessoal e social cada vez mais complexas que precisam ser enfrentadas,

para uma melhor compreensão do mundo e da vida, permitindo aos alunos melhor

se situarem na realidade pós-moderna, de maneira consciente e construtiva, ou

criando vínculos produtivos e realizadores com esta realidade. A Representação

Social sobre sucesso e fracasso poderá ajudar os educadores na elaboração de

estratégias de metodologia que possibilite essa compreensão do mundo melhorando

as condições do jovem de se situar na realidade. Visto que o encontro dos homens

entre si e com o meio natural em que se inserem define, por intermédio das

Relações Sociais que travam para a sobrevivência, o espaço sociocultural de sua

existência, decorrente das transformações e criações que promovem nesse meio.

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Na verdade, o que chamamos de realidade são representações que

construímos de suas múltiplas facetas, através das comunicações que conseguimos

estabelecer com os outros, com o mundo e com o conhecimento e que nos

aproximam em diferentes graus dessa realidade.

Por diferentes caminhos é possível buscar compreender a realidade e

elaborar uma visão de mundo.

Os objetivos de ensino da área de História voltam-se basicamente para a

construção da identidade pessoal e da identidade social do educando. E os

diferentes campos ou áreas de conhecimento com que o Ensino Médio trabalha,

podem se constituir em torno de três grandes categorias capazes de abrigar os

objetivos gerais pretendidos com o conhecimento neste nível de ensino, a saber:

- Representação e Comunicação.

- Compreensão e Investigação.

- Contextualização histórica e sociocultural.

Ter por meta o desenvolvimento desses três objetivos gerais no Ensino Médio

significa no caso do ensino da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias:

preparar agentes sociais para conviver com sua realidade e transformá-la no

exercício de uma cidadania orientada pela ciência e na observância da alteridade e

da solidariedade crítica/cooperativa; e por meio de projetos condizentes com o

modelo de democracia participativa, formar cidadãos capazes de lidar com situações

novas e inusitadas, no ritmo da suas ocorrências, de maneira desafiadora e

construtiva; estimular o desenvolvimento de seres humanos na integridade de suas

múltiplas dimensões (física, afetiva, intelectual, psicológica, social) e de suas

identidades sociais.

A História enquanto disciplina escolar, ao se integrar na área Ciências

Humanas e suas Tecnologias para o ensino médio, possibilita ampliar estudos sobre

as problemáticas contemporâneas, situando-as nas diversas temporalidades,

servindo como arcabouço para reflexão sobre possibilidades de mudanças e

necessidades das continuidades.

O papel das disciplinas que compõem a área de Ciências Humanas, para

essa faixa etária e o momento histórico que estão vivendo, deve ser entendido em

suas dimensões amplas que envolvem a formação de uma cultura educacional.

Trata-se de uma sociedade marcada pelo mundo tecnológico, com ritmos de

transformações aparentemente muito acelerados, com informações provenientes de

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vários espaços, mas predominando a mídia audiovisual, com a fragmentação do

conhecimento sobre os indivíduos e a sociedade e pelo domínio do mito do

consumo.

As concepções políticas e as referentes às ações humanas no espaço

público e privado assim como as relações homem natureza estão sendo

modificadas. Os paradigmas científicos que sustentavam as bases fundamentais

dessas concepções estão sendo questionados e colocados em cheque pelas

realidades que glorificam o novo tecnológico, mas não solucionam problemas

antigos, como os das desigualdades, preconceitos, dificuldades de percepção do

“outro”, e outras formas de convivência e de estabelecer relações sociais.

Tais constatações sobre as incertezas e mitos vividos pelos jovens da atual

geração implicam em delimitar com maior precisão o papel educativo da área, no

sentido de possibilitar um ensino médio de caráter humanista capaz de impedir a

constituição de uma visão apenas utilitária e profissional das disciplinas escolares.

A História tem contribuído para as indagações relativas ao funcionamento das

sociedades de maneira a integrar as multiplicidades temporais, espaciais, sociais,

econômicas, culturais, presentes em uma coletividade, destacando estudos das

“mentalidades” como componentes fundamentais da realidade e da prática social.

A diversidade de tradições historiográficas e a pluralidade de vinculações

teóricas apontam para o ensino de História, muitas alternativas válidas e viabilidades

de criações pedagógicas. Desta forma, é importante considerar as diferentes

dimensões dos estudos históricos no sentido de que possibilitam forjar teorias de

ensino e aprendizagem. Nesse sentido as Representações sociais sobre sucesso e

sobre fracasso representam grande importância para que possamos direcionar as

aulas para o que o educando expressa.

Nessa perspectiva, as Representações Sociais no ensino de História

aumentam as condições de ampliar nossas práticas pedagógicas, contribuindo

substantivamente para a construção dos laços de identidade e consolidar a

formação de cidadania, pois pode desempenhar um papel importante na

configuração da identidade ao incorporar a reflexão sobre a atuação do indivíduo

nas suas relações pessoais com o grupo de convívio, suas afetividades, sua

participação no coletivo.

A contribuição mais substantiva das Representações Sociais sobre sucesso e

sobre fracasso direcionando o processo ensino/aprendizagem de História poderá ser

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para a melhor compreensão da realidade do jovem na sociedade contemporânea e

mais efetivamente, para a possibilidade de desenvolver capacidades de apreensão

do tempo em seu sentido completo das vivências humanas, podendo favorecer a

formação do jovem como cidadão, aprendendo a discernir os limites e possibilidades

de sua atuação, na permanência ou na transformação da realidade histórica em que

vive.

Assim sendo a percepção das Representações Sociais são importantes

indicadores que se refletem na prática cotidiana, tanto de professores quanto de

alunos, pois como já dissemos direciona escolhas pedagógicas. Fornecem também

métodos que auxiliam a capacidade de relativizar as próprias ações e as de outras

pessoas no tempo e no espaço.

Desta maneira, trabalhar com Representações Sociais constitui uma escolha

pedagógica que pode contribuir de forma significativa para que os educandos

desenvolvam competências e habilidades que lhes permitam fazer uma reorientação

para a ação visto que nos dias atuais, a cultura capitalista, fornece uma valorização

do ter; e pode favorecer a reavaliação dos valores do mundo de hoje.

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5 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.1 - COLETA DE DADOS

Foram contatadas uma escola pública estadual e uma particular, por meio da

direção das mesmas, que autorizaram a pesquisa (ver anexos A e B).

Os dados foram coletados nas próprias escolas localizadas na cidade de

Ibiúna, interior de São Paulo. A escolha da cidade deveu-se ao fato da pesquisadora

residir lá e, as duas escolas, pública estadual e particular, tendo em vista a facilidade

de acesso e de trânsito no interior das mesmas, uma vez que a intenção era

contatar os jovens no próprio espaço onde circulam diariamente, em especial, as

salas de aula.

Aos alunos foi explicado que estávamos realizando uma pesquisa com jovens

de 15 a 18 anos de idade, para conhecer melhor suas idéias e expectativas. Foram

aplicados questionários aos alunos com questões fechadas para a caracterização

dos respondentes e foi incluída uma atividade de Associação Livre. Para sua

realização solicitou-se, aos jovens, que associassem três palavras, umas às outras,

bem livremente. Para a associação foram propostas as palavras sucesso e fracasso.

Além do questionário (ver anexo C), foi feita a observação no local.

Neste item serão desenvolvidas algumas observações sobre a aplicação do

questionário e em seguida será efetivada uma análise de conteúdo de significado e

sentido que foram surgindo livremente a partir das palavras geradoras: sucesso e

fracasso.

Os jovens foram todos de uma mesma sala de aula, cujo funcionamento se

efetiva no período diurno.

Para a interpretação das respostas foi utilizada a análise de conteúdo, que é

um procedimento de pesquisa que se situa em um delineamento mais amplo da

comunicação e tem como ponto de partida a mensagem (FRANCO, 2007b). Nesse

sentido, nosso ponto de partida foi à palavra escrita pelos participantes.

Os dados obtidos foram submetidos a uma Análise de Conteúdo, concebida

como um procedimento utilizado para fazer inferências a partir das mensagens. De

acordo com Franco (2007), uma importante finalidade da análise de conteúdo é

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produzir inferências sobre qualquer um dos elementos básicos do processo de

comunicação: a fonte emissora; o processo codificador que resulta em uma

mensagem; a própria mensagem; o receptor da mensagem; e o processo

decodificador. A inferência é o procedimento intermediário que vai permitir a

passagem da descrição à interpretação.

Produzir inferência é, pois „la raison d‟ etre” da análise de conteúdo.

É ela que confere a esse procedimento relevância teórica uma vez que implica, pelo menos, uma comparação, já que a informação puramente descritiva, sobre conteúdo, é de pequeno valor. Um dado sobre o conteúdo de uma mensagem (escrita, falada e/ou figurativa) é sem sentido até que seja relacionado a outros dados. O vínculo entre eles é representado por alguma forma de reflexões teóricas que vai conferir consistência às vinculações efetuadas entre conteúdo e confronto teórico analítico e interpretativo. Assim, toda análise de conteúdo implica comparações; o tipo de comparação é ditado pela competência do investigador no que diz respeito a sua maior ou menor compreensão acerca de diferentes situações vivenciadas e refletidas e acerca do nível de conhecimento assimilado sobre diferentes abordagens teóricas (FRANCO, 2005, p.26).

Produzir inferências em análise de conteúdo tem um significado bastante

explicito e pressupõe a comparação dos dados.

As palavras associadas à palavra de origem foram consideradas indicadores

que possibilitaram a criação de categorias, a partir da análise dos indicadores e

levando em conta semelhanças, proximidade de sentidos e de significados.

Categorias aqui são entendidas como uma operação de classificação de

elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação, seguida de um

reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos (FRANCO,

2007).

Por exemplo: os indicadores referentes à “alegria”, “felicidade”, “sentir bem”

apresentados para a palavra “sucesso” foram organizados por proximidade e sentido

e foi criada a categoria emoções e sentimentos, que abrangesse os indicadores. O

mesmo procedimento foi usado para os indicadores da palavra “fracasso”.

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5.1.1- Caracterização da cidade

As escolas situam-se na região central da Estância Turística de Ibiúna, cuja

distância da capital é de 71 km. Trata-se do 34º município em extensão territorial do

Estado de São Paulo tendo 1.093 km². Na realidade apenas 10% pode ser

considerada como zona urbana. O restante corresponde à área rural onde é

desenvolvida a agricultura e a pecuária de pequenos produtores e onde estão

situados os condomínios, sendo que a maior parte do território corresponde a áreas

de preservação ambiental.

A população oficial da cidade medida pelo IBGE (2005) é de 73.905

habitantes, sendo 46.777 de zona rural, 27.128 de zona urbana, embora a

população estimada pelas autoridades locais seja de 85 mil habitantes, e uma

população flutuante de final de semana de aproximadamente 30.000 pessoas.

Pessoas que vêm atraídos pelas belezas naturais, que incluem grande represa

como a de Itupararanga, cachoeiras, serras, vales e muita reminiscência de Mata

Atlântica. Porém, a maior parte dessas belezas naturais não pode ser desfrutada

pelos jovens de Ibiúna, pois está restrita aos donos das chácaras, população

flutuante de final de semana, que fecharam os acessos á represa e cachoeiras,

tendo-as para seu uso exclusivo.

Além dos turistas, Ibiúna também recebe nos finais de semana familiares e

convidados dos proprietários de várias centenas de chácaras de recreio, algumas

literalmente cinematográficas. São mais de 80 condomínios residenciais, 30% deles

de alto luxo, espalhados pelos quadrantes ibiunenses, inseridos em meio às belezas

naturais das diferentes regiões do município. Todas essas chácaras precisam de

manutenção permanente, consumindo uma variedade considerável de diversos

produtos, além do abastecimento normal de uma propriedade de alto luxo, que

possui embarcações, automóveis e veículos diversos. Para assegurar essa

necessária manutenção, contratam caseiros e outros trabalhadores que consomem

e têm a incumbência, muitas vezes, de manter a dispensa da propriedade

abastecida. São eles que fazem o contato com prestadores de serviços como

mecânicos e outros profissionais e fornecedores em geral.

A população flutuante, por um lado traz benefícios para o município, pois gera

empregos, contrata mão-de-obra especializada e paga impostos gerando subsídios.

Por outro, há alguns pontos negativos, oriundos da alta rotatividade pela contratação

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de caseiros de fora sem a devida verificação de suas procedências, o que acaba por

culminar em suas dispensas do trabalho, aumentando o número de desempregados

e muitas vezes também o índice de criminalidade. Outro ponto negativo é o fato de

as terras onde se praticava a agricultura, ou se poderia praticá-la, serem

transformadas em loteamentos, diminuindo assim a produção agrícola, base da

economia do município.

Podemos notar que não se trata de uma simples cidade do interior, trata-se

de uma das 29 cidades do Estado de São Paulo consideradas Estância Turística. A

localização e o grande fluxo de população flutuante nos finais de semana fazem com

que Ibiúna não tenha uma vida só de interior, há contato direto com pessoas da

capital.

A particularidade da cidade de Ibiúna de não ser exatamente interiorana,

tende a influenciar as Representações Sociais elaboradas pelos jovens moradores

nos temas privilegiados pelo presente estudo, ou seja, sucesso e fracasso, que será

melhor, desenvolvido nos itens subseqüentes.

Colocamos fotos de Ibiúna para evidenciar suas belezas, um dos motivos da

presença significativa da população flutuante nos finais de semana. Lembramos que

os acessos à represa e cachoeiras estão fechados pelos donos das chácaras.

Outras opções de lazer são de alto custo, dificultando assim o acesso da grande

maioria dos jovens da cidade.

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Figura 1 - REPRESA

Figura 2 - CACHOEIRAS

Figura 3 – CAMPO DE GOLF

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

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Figura 4 – GRUTAS DE SÃO SEBASTIÃO

Figura 5 – CAMPO DE BEISEBOL YAKULT Figura 6 – TEMPLO BUDISTA

Figura 7 – PARQUE DO JURUPARÁ Figura 8 – ACADEMIA SEICHO-NO-IE

Figura 9 - POUSADA Figura 10 - PESQUEIRO.

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

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5.1.2 – Caracterização das escolas

A escola particular escolhida funciona em duas unidades. Em 2008,

apresentava 239 alunos matriculados sendo que, na unidade I, 13 alunos estavam

matriculados no maternal; 12 alunos no jardim, 14 alunos no Pré I, 64 alunos no

Ensino Fundamental I (1º ano a 4ª série). Na unidade II, 76 no Ensino Fundamental

II (5ª a 8ª séries) e 59 alunos no Ensino Médio.

Os alunos são moradores do centro e de diversos bairros rurais que

circundam a escola e a maioria que mora nos bairros vai à escola de perua

contratada e paga mensalmente pelos pais. Sendo que o bairro mais próximo do

centro fica a 4 km. , o mais distante aproximadamente a 40 km.

A escola pública Estadual escolhida, em 2008 apresentava 1896 alunos

matriculados sendo que 703 alunos estavam matriculados no Ensino Fundamental

(5ª a 8ª séries), 569 no Ensino Médio e 624 na Educação de Jovens e Adultos –

EJA.

Os alunos são moradores do centro e de diversos bairros rurais que

circundam a escola e a maioria depende de ônibus, cujo passe é fornecido pela

Secretaria da Educação Municipal. Sendo que, o bairro mais próximo está distante 3

km do centro da cidade e o mais distante fica a aproximadamente 40 km.

No aspecto físico as escolas são bem estruturadas. Há uma grande diferença

no número de alunos matriculados: na escola pública estadual há aproximadamente

oito vezes mais alunos matriculados do que na escola particular.

Outro dado importante é o fato de que, na escola pública, dos 20 jovens

pesquisados, apenas 10% vieram de outra cidade, os demais, 90%, são ibiunenses.

O mesmo não ocorre na escola particular, onde 50% dos 20 alunos pesquisados são

de famílias ibiunenses. E 50% são provenientes de famílias que moravam em São

Paulo e até outros Estados e vieram morar em Ibiúna. Isso se explica pelas

condições de mercado devido ao aumento da população flutuante, que abriu novas

possibilidades de comércio no município, que fez com que muitos paulistas

mudassem para a cidade, trazendo seus filhos e os matriculando nas escolas

particulares. Filhos estes, que, provavelmente, em sua maioria, não ficarão em

Ibiúna, pois quando terminarem o Ensino Médio irão para outras cidades cursar o

Ensino Superior.

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Fotos das escolas onde foram realizadas as pesquisas que mostram que no

aspecto físico as mesmas são bem estruturadas.

Figura 13 - ESCOLA PARTICULAR - UNIDADE I

Figura 14 - ESCOLA PARTICULAR - UNIDADE II

FONTE: ARQUIVO PESSOAL

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Figura 15 – ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL

FONTE: ARQUIVO PESSOAL.

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5.1.3 – Caracterização dos participantes

A pesquisa teve como participantes dois grupos de jovens provenientes de

famílias oriundas de camadas sócio-econômicas média, média baixa e baixa,

estudantes das redes, particular e pública estadual de ensino, totalizando 40 alunos.

Os jovens estudados são da cidade de Ibiúna, interior do Estado de São Paulo, na

faixa etária de 15 a 18 anos, alunos dos 2º e 3º anos do Ensino Médio, do turno

diurno.

Na escola particular o grupo é composto por 20 jovens, 12 do sexo feminino e

08 do sexo masculino e estão na faixa etária de 16 a 18 anos. São solteiros, não tem

filhos e moram com os pais ou familiares. A maioria, 13 dos 20 pesquisados são

sustentados pelos familiares, 06 tem parte de seus estudos sustentados pelos pais e

apenas 01 além do seu próprio sustento, contribui parcialmente para o sustento de

sua família.

A maioria, 16 pesquisados, trabalha ou já trabalhou. Os trabalhos citados

foram: Na empresa do pai, na loja da mãe, na loja dos pais, trabalha na roça do pai,

loja de plantas dos pais, na marcenaria do pai, no comércio do pai, no escritório do

pai, marketing com o pai, aulas de balé, monitor de recreação, monitora em um

pesqueiro, vendedora, comércio de roupas, loja de roupas, funções de adjunto de

secretaria para subsidiar os estudos. Destacamos que a maioria dos pesquisados

trabalham ou já trabalharam em estabelecimentos que pertencem aos pais. Apenas

um trabalha para subsidiar seus estudos na secretaria da própria escola onde

estuda.

Os pais em sua maioria são comerciantes e concluíram o Ensino Superior.

As famílias possuem de dois a quatro dependentes e a maioria apresenta

médio nível sócio-econômico e cultural, o que facilita, em parte, o trabalho da equipe

escolar na garantia de um bom envolvimento dos alunos com o trabalho

desenvolvido na escola.

Nos momentos de folga os pesquisados da escola particular namoram,

passeiam com amigos ou familiares, viajam oportunamente, descansam, assistem

televisão, lêem revistas, ouvem música, estudam, nadam em suas piscinas ou dos

condomínios, lêem livros e acessam a Internet na própria residência.

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Na escola pública estadual o grupo é também composto por 20 jovens, 13 do

sexo feminino e 07 do sexo masculino e estão na faixa etária dos 15 aos 18 anos.

Todos são solteiros, não tem filhos e moram com pais ou familiares. A maioria, ou

seja, 14 dos pesquisados são sustentados pela família e 06 tem parte dos seus

gastos sustentados pelos pais.

Os pais em sua maioria são caseiros ou agricultores e não concluíram o

Ensino Fundamental.

O lazer dos alunos, bem como de suas famílias, se restringe a atividades

como andar de bicicleta, jogar bola, assistir televisão e ouvir música. A maioria

acessa a Internet nas lan houses.

Percebemos que em ambos os grupos de jovens, a mídia, com sua extensa

gama de produtos para o entretenimento, principalmente no caso da televisão, se

configura como uma possibilidade presente e preferida para ocupar o tempo

destinado ao lazer, isso com certeza influencia a representação social desses

jovens.

As famílias possuem de quatro a cinco dependentes e a maioria apresenta

baixo nível sócio-econômico e cultural, o que possivelmente exige um maior esforço

por parte da equipe escolar para garantir um bom envolvimento dos alunos com o

trabalho desenvolvido na escola e, conseqüentemente, a sua transformação em

agentes multiplicadores do núcleo familiar no qual estão inseridos.

Dos 20 pesquisados 13 trabalha ou já trabalhou. Os trabalhos citados foram:

trabalho em um lava rápido, gandula de quadra de tênis, ajudante de costureira, em

uma sorveteria, caseiro (2), babá (3), garçonete em restaurante, fazendo doce para

vender, vendedor de plantas na CEAGESP e secretária.

Possivelmente esses jovens poderão ter uma vivência mais diversificada e

próxima às condições trabalhistas do que os jovens da escola particular, que na

maioria trabalha com os pais, e a inserção no mercado de trabalho tende a ser bem

diferente, o que poderá ser aprofundado em estudos posteriores.

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6 – RESULTADOS

6.1 – APLICAÇÃO E RECEPTIVIDADE

Durante a aplicação do questionário não se observou dúvidas. Os

participantes demonstraram interesse, alguns comentaram que se sentiram

importantes. Porém na escola pública estadual o interesse foi maior, queriam saber

do por que da pesquisa e se mostraram muito interessados nos resultados, o que

pode confirmar que se sentem valorizados quando são incluídos.

Os resultados a seguir apresentam as palavras expressas a partir dos

significados e sentidos atribuídos as palavras de origem sucesso e fracasso.

Os dados serão apresentados em duas etapas. Em primeiro lugar análise das

respostas expressas por alunos da escola particular. Na segunda etapa será feita

análise das respostas provenientes dos alunos da escola pública estadual.

6.4.1 Escola particular

A partir das palavras obtidas, passamos a construir tabela ilustrativa para

facilitar os procedimentos de agrupamentos, de classificações, de pré-análise,

procedimentos estes fundamentais para auxiliar a posterior criação de categorias e,

consequentemente, a efetiva possibilidade de inferir, analisar e interpretar os dados

a serem submetidos a uma Análise de Conteúdo.

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Respostas obtidas a partir das palavras associadas á palavra de origem sucesso

provenientes dos alunos da escola particular.

Tabela 1: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre- estímulo “sucesso” – escola particular. SUCESSO SUCESSO

S1 1ª 2ª 3ª

Dinheiro Felicidade Empenho

S11 1ª 2ª 3ª

Superação Esforço Luta

S2 1ª 2ª 3ª

Felicidade Qualidade Estabilidade

S12 1ª 2ª 3ª

Esforço Luta Comemoração

S3 1ª 2ª 3ª

Felicidade Esforço Estudo

S13 1ª 2ª 3ª

Dinheiro Família Vida

S4 1ª 2ª 3ª

Alegria Superação Objetivo

S14 1ª 2ª 3ª

Riquesa Fama Estudo

S5 1ª 2ª 3ª

Trabalho Vida Eu

S15 1ª 2ª 3ª

Trabalho Meu futuro Alegria

S6 1ª 2ª 3ª

Trabalho Educação Família

S16 1ª 2ª 3ª

Estudo Alto confiança Dinheiro

S7 1ª 2ª 3ª

Felicidade Orgulho Merecimento

S17 1ª 2ª 3ª

Jogador Ator Presidente

S8 1ª 2ª 3ª

Felicidade Metas Conquistas

S18 1ª 2ª 3ª

Realização Conquista Correria

S9 1ª 2ª 3ª

Amar Sentir bem Dedicação

S19 1ª 2ª 3ª

Batalha Conquista Fé

S10 1ª 2ª 3ª

Dinheiro Profissão Não respondeu

S20 1ª 2ª 3ª

Conquistas Sonho Vitória

Obs. As palavras foram transcritas exatamente como foram escritas pelos participantes.

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Respostas obtidas a partir das palavras associadas á palavra de origem fracasso provenientes dos alunos da escola particular.

Tabela 2: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre- estímulo “fracasso” – escola particular

FRACASSO

FRACASSO

S1 1ª 2ª 3ª

Tristeza Derrota Não respondeu

S11 1ª 2ª 3ª

Desistir Tristeza Derrota

S2 1ª 2ª 3ª

Falta de dedicação Azar Tristeza

S12 1ª 2ª 3ª

Derrota Tristeza Decepção

S3 1ª 2ª 3ª

Má informação Má vontade Preguiça

S13 1ª 2ª 3ª

Morte Violencia Fome

S4 1ª 2ª 3ª

Tristeza Tentativas Capacidade

S14 1ª 2ª 3ª

Perda Tristesa Desunião

S5 1ª 2ª 3ª

Esforço Não consigo Mente

S15 1ª 2ª 3ª

Tristeza Seguir em frente Nunca olhar p/ atras

S6 1ª 2ª 3ª

Drogas Morte Não respondeu

S16 1ª 2ª 3ª

Desemprego Pobreza Drogas

S7 1ª 2ª 3ª

Perda Ruína Vergonha

S17 1ª 2ª 3ª

Tentar Conseguir Desistir

S8 1ª 2ª 3ª

Desistir Incapaz Pensamento negativo

S18 1ª 2ª 3ª

Covarde Fraco Consequencia

S9 1ª 2ª 3ª

Não gostar Ir mal Não dedicar

S19 1ª 2ª 3ª

Medo Choro Dor

S10 1ª 2ª 3ª

Tristeza Não respondeu Não respondeu

S20 1ª 2ª 3ª

Força Esperança Recomeço

Obs. As palavras foram transcritas exatamente como foram escritas pelos participantes.

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Conhecidas as palavras citadas pelos alunos, estas passaram a se constituir

em indicadores para a criação das categorias, a partir de uma pré-análise das

palavras. Os indicadores que surgiram permitiram a criação de categorias e de

subcategorias.

Em relação às categorias e subcategorias abertas, faz-se necessário

esclarecer que:

Atributos pessoais, aqui estão entendidos como uma categoria mais ampla

na qual estão inseridas subcategorias. Nos atributos pessoais aparecem

palavras que foram relacionadas a desenvolvimento pessoal. E também

palavras citadas mais próximas a esforço. Entendemos também como

atributo pessoal as palavras relacionadas a conquistas e vitórias, assim

como também as relacionadas a metas, que foram colocadas em

subcategorias. Trata-se do sentido pessoal que caracteriza a consciência

individual do sujeito particular.

Elementos materiais e concretos foram vistos como algo visível, como Por

exemplo: dinheiro, riqueza, jogador, ator.

Na categoria emoções e sentimentos, esclarecemos que de acordo com

Leite (2005) as emoções se relacionam com diferentes tipos de fenômenos

e apresenta-se sempre de forma opositiva como: certo/errado, bom/ruim,

sucesso/fracasso. E no entender de Leontiev (2004) elas seriam forças

essenciais do processo que conectam necessidade e motivo. Assim, as

emoções não nos são dadas, elas advêm. Portanto as emoções, de acordo

com esse autor, são impulsos que nos movem para a ação. Sentimento é a

emoção filtrada e de acordo com Leite (2005) vinculá-se com atividade

dominante como agir, buscar, fazer, conseguir alguma coisa.

1a) Na tabela a seguir estão explícitos os indicadores e as categorias correspondentes. O total de palavras escritas equivale a 59.

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Tabela 3: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre – estímulo “sucesso”, já agrupadas por categorias. Escola particular. 59 palavras

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES Nº %

Relacionados á atributos pessoais

Autoconfiança

Eu

26

45%

Relacionados á esforço pessoal

Esforço (3)

Luta (2)

Batalha

Empenho

Objetivo

Dedicação

Correria

Relacionados á conquistas

Conquista (4)

Superação (2)

Realização

Vitória

Merecimento

Comemoração

Relacionados á metas.

Meta

Meu futuro

Sonho

Relacionados á elementos materiais e concretos

Dinheiro (4)

Riqueza

Jogador

Fama

Ator

Estabilidade

Presidente

14

24%

Relacionados á trabalho

Trabalho (3)

Profissão

Relacionados á emoções e sentimentos

Felicidade (5)

Alegria (2)

Amar

Orgulho

Sentir bem

10

17%

Relacionados á educação

Estudo (3)

Educação

04 6%

Relacionados á família

Família (2) 02 3%

Outros Vida (2)

Qualidade

03 5%

Obs.: As porcentagens foram calculadas a partir do total de palavras explicitadas (e não a partir do número de alunos) e, posteriormente, registradas nas categorias criadas.

Page 53: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

A seguir apresentamos gráfico ilustrativo das porcentagens a partir das categorias criadas.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

RELACIONADOS Á ATRIBUTOS PESSOAIS

RELACIONADOS Á ELEMENTOS MATERIAIS E CONCRETOS

RELACIONADOS Á EMOÇÕES E SENTIMENTOS

RELACIONADOS Á EDUCAÇÃO

RELACIONADOS Á FAMÍLIA

OUTROS

GRÁFICO 1 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PARTICULAR.

PALAVRA DE ORIGEM “SUCESSO”

Page 54: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

1b) Análise

A categoria com maior número de respostas está concentrada na

representação de que o sucesso está estritamente ligado aos atributos pessoais.

A partir das palavras emitidas por parte de 20 jovens pesquisados obtivemos

um total de 59 palavras associadas á sucesso, das quais 45% ou seja, 26 palavras

relacionam sucesso a atributos pessoais inerentes á desenvolvimento pessoal:

autoconfiança, eu e fé. Sendo que, atributos pessoais, quer sejam de ordem

cognitiva, afetiva e social, foram vista numa categoria mais ampla na qual estão

inseridas subcategorias. São subcategorias que apresentam uma significação que

está relacionada a atributos, porém com um colorido especial. Foi criada uma

subcategoria onde as palavras são mais próximas á esforço tais como: esforço

citada três vezes, luta citada duas vezes, batalha, empenho, objetivo, dedicação e

correria, sendo todas da categoria mais ampla, porém com alguma especificidade de

significado mais particular. Foi criada uma subcategoria na qual as palavras citadas

foram relacionadas a conquistas, tais como: conquista citada quatro vezes,

superação citada duas vezes, realização, vitória, merecimento e comemoração. E

também uma subcategoria relacionada á metas, cujas palavras citadas foram: meta,

meu futuro, sonho.

24%, ou seja, 14 palavras emitidas para sucesso foram relacionadas a

elementos materiais e concretos, tais como: dinheiro citada quatro vezes, riqueza,

jogador, fama, ator, estabilidade, presidência. Sendo que elementos materiais e

concretos foram considerados como algo visível. Neste caso e tendo em vista a

força da mídia que permeia os jovens é possível que se estabeleça a seguinte

relação: a palavra fama pode ser relacionada ás palavras jogador, ator e

presidência, pois se supõe e também é divulgado pela mídia, que jogador, ator e

presidência, tenham a fama e o dinheiro.

Trata-se da categoria com palavras concentradas na representação de que o

sucesso é ter dinheiro, fama, conquistar, realizar seus objetivos. E isso é colocado o

tempo todo na mídia. Foi criada a subcategoria trabalho, onde aparece a palavra

trabalho citada três vezes e profissão.

17%, ou seja, dez palavras emitidas para sucesso foram relacionadas á

emoções e sentimentos: felicidade citada cinco vezes, alegria citada duas vezes,

amar, orgulho e sentir bem.

Page 55: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

6% (quatro palavras citadas) foram relacionadas á educação. Vale destacar

que, em nossa sociedade, pessoas que gostam de estudar, são consideradas

pessoas que pensam no seu futuro, portanto subtendesse que isso leve ao sucesso.

Inclusive essa é a minha fala aos alunos enquanto educadora.

3%, ou seja, duas palavras emitidas foram relacionadas á família, palavra

citada duas vezes. A família é a unidade básica da sociedade. Representa um grupo

social primário que influencia e é influenciada por outras pessoas e instituições. Isso

demonstra que alguns ainda vêem a família associada ao sucesso, possivelmente

por viverem o sucesso em família.

No item outros foram classificados palavras que não se enquadram em

nenhuma das categorias anteriores. São 5%, ou seja, três palavras: vida citada duas

vezes e qualidade.

Em seu conjunto, as representações construídas por esses jovens mostram

que valorizam o esforço individual, tendo claros que devem se esforçar e lutar para

conquistar suas vitórias.

1c) Na tabela a seguir estão explícitos os indicadores e as categorias

correspondentes para a palavra de origem “fracasso”. A abertura das categorias

permitiu a criação de subcategorias. O total de palavras escritas equivale a 56.

Page 56: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

Tabela 4: Palavras emitidas pelos sujeitos na associação livre - estímulo “fracasso”, já agrupadas por categorias. Escola particular. 56 palavras.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES Nº %

Relacionados á elementos materiais e concretos

Morte (2)

Drogas (2)

Violência

Fome

Pobreza

Desemprego

17

30,5%

Relacionados á

derrotas.

Derrota (3)

Perda (2)

Ruína

Azar

Ir mal

Incapaz

Relacionados á emoções e sentimentos

Tristeza (8)

Vergonha

Decepção

Medo

Dor

Não gostar

Choro

16

28,5%

Relacionados á

negatividade

Pensamento negativo

Desunião

Atributos pessoais

Relacionados á

esforço pessoal

(negativo)

Desistir (3)

Falta de dedicação (2)

Má vontade

Preguiça

Não consigo

Covarde

Fraco

10

18%

Relacionados á

esforço pessoal

(positivo)

Tentativas (2)

Esforço

Seguir em frente

Nunca olhar p/ atrás

Força

Esperança

Recomeço

Conseguir

09

16%

Outros Capacidade

Mente

Conseqüência

Má formação

04

7%

Obs.: As porcentagens foram calculadas a partir do total de palavras explicitadas (e não a partir do número de alunos) e, posteriormente, registradas nas categorias criadas.

Page 57: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

A seguir apresentamos gráfico ilustrativo das porcentagens a partir das categorias criadas.

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

RELACIONADOS Á ELEMENTOS MATERIAIS E CONCRETOS

RELACIONADO A EMOÇÕES E SENTIMENTOS

ESFORÇO PESSOAL (NEGATIVO)

ESFORÇO PESSOAL (POSITIVO)

OUTROS

GRÁFICO 2 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PARTICULAR. PALAVRA

DE ORIGEM “FRACASSO”

Page 58: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

1 d) Análise

A categoria com maior número de palavras está concentrada na

representação de que o fracasso está relacionado a elementos materiais e concretos

negativos que por sua vez, geram as emoções e sentimentos negativos.

A partir das palavras apresentadas pelos 20 jovens pesquisados obtivemos

um total de 56 palavras associadas á fracasso, das quais 30,5%, ou seja, 17

palavras foram relacionadas á elementos materiais e concretos como: drogas e

morte citada duas vezes, violência, fome, pobreza e desemprego. Foi criada uma

subcategoria relacionada à derrota onde aparecem as palavras: derrota citada três

vezes, perda citada duas vezes, ruína, azar, ir mal, incapaz.

Em seguida 28,5%, 16 das palavras expressas foram relacionadas a emoções

e sentimentos colocadas em uma categoria mais ampla: tristeza, citada oito vezes,

vergonha, decepção, medo, dor, choro e não gostar. Foi criada a subcategoria

relacionada á negatividade, onde aparecem as seguintes palavras: pensamento

negativo e desunião. O que vem confirmar que elementos materiais e concretos

negativos levam os jovens a sentirem emoções e sentimentos negativos.

18%, ou seja, 10 palavras citadas foram relacionadas á falta de esforço

pessoal, tais como: desistir citada três vezes, falta de dedicação citada duas vezes,

má vontade, preguiça, não consigo, fraco e covarde.

16%, 09 das palavras expressas para fracasso foram relacionadas á esforço

pessoal no sentido positivo, sendo as palavras citadas: tentativas duas vezes,

esforço, seguir em frente, nunca olhar pra trás, força, esperança, recomeço,

conseguir. Concluímos assim que, tais palavras citadas colocam o fracasso não

como algo essencialmente negativo, mas sim como incentivo para se tentar

novamente. Isso nos reporta ao filósofo alemão Nietzsche (2003), para quem, as

dificuldades que passamos constantemente nos dão pistas do que pode estar errado

em nossas vidas, se observarmos e refletirmos de modo adequado podendo apontar

o melhor caminho para torná-la melhor. Para esse filósofo devemos encarar nossos

fracassos e dificuldades para aprendermos com eles. Porém isso só poderá ser

confirmado mediante a realização de um grupo focal (que é a reunião do

pesquisador e pequenos grupos de participantes, para avaliar conceitos e tirar

dúvidas) ou um debate. O que pode ser desenvolvido ou escrito em aulas de

Literatura ou até mesmo de História.

Page 59: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

No item outros foram classificados palavras que não foram enquadradas em

nenhuma categoria arrolada, 7%, ou seja, quatro palavras citadas: capacidade,

conseqüência, mente e má formação.

6.4.2 Escola Pública estadual

A partir das palavras obtidas, passamos a construir tabela ilustrativa para

facilitar os procedimentos de agrupamentos, de classificações, de pré-análise,

procedimentos estes fundamentais para auxiliar a posterior criação de categorias e,

consequentemente, a efetiva possibilidade de inferir, analisar e interpretar os dados

a serem submetidos a uma Análise de Conteúdo.

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Respostas obtidas a partir da palavra de origem sucesso provenientes dos alunos

da escola pública estadual.

Tabela 5: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre- estímulo “sucesso” – escola pública estadual. SUCESSO SUCESSO

S1 1ª 2ª 3ª

Superar Acontecer Vencer

S11 1ª 2ª 3ª

Lutar Humildade Trabalho

S2 1ª 2ª 3ª

Dedicação Esforço Conquista

S12 1ª 2ª 3ª

Inteligência Honestidade Simpatia

S3 1ª 2ª 3ª

Criatividade Diferencial Oportunidade

S13 1ª 2ª 3ª

Trabalho Família Esforço

S4 1ª 2ª 3ª

Determinação Força de vontade Garra

S14 1ª 2ª 3ª

Felicidade Crescimento Vontade

S5 1ª 2ª 3ª

Dedicação Esforço Realização

S15 1ª 2ª 3ª

Trabalho Família Filhos

S6 1ª 2ª 3ª

Música Dinheiro Talento

S16 1ª 2ª 3ª

Felicidade Objetivo Persistência

S7 1ª 2ª 3ª

Conquista Dinheiro Fama

S17 1ª 2ª 3ª

Impresário Cantor Dinheiro

S8 1ª 2ª 3ª

Vitória Estrela Inteligência

S18 1ª 2ª 3ª

Orgulho Acerto Dinheiro

S9 1ª 2ª 3ª

Dedicação Educação Motivação

S19 1ª 2ª 3ª

Esforço Capacidade Crescimento

S10 1ª 2ª 3ª

Simpatia Carisma Brilho

S20 1ª 2ª 3ª

Inteligência Honestidade Controle

Obs. As palavras foram transcritas exatamente como foram escritas pelos participantes.

Respostas obtidas a partir da palavra de origem fracasso provenientes dos

alunos da escola pública estadual.

Page 61: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

Tabela 6: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre- estímulo “fracasso” – escola

pública estadual.

FRACASSO FRACASSO

S1 1ª 2ª 3ª

Perder Tristeza Inresponsabilidade

S11 1ª 2ª 3ª

Fraquesa Desistência Egoísmo

S2 1ª 2ª 3ª

Superação Negatividade Preguiça

S12 1ª 2ª 3ª

Preguiça Trapassa Pensamentos negativos

S3 1ª 2ª 3ª

Horrível Descarte Egoísmo

S13 1ª 2ª 3ª

Desistir Preguiça Negatividade

S4 1ª 2ª 3ª

Desanimo Falta de vontade Ganância

S14 1ª 2ª 3ª

Tristeza Motivo Influência

S5 1ª 2ª 3ª

Negatividade Desemprego Preguiça

S15 1ª 2ª 3ª

Desistir Não correr atrás Vergonha na cara

S6 1ª 2ª 3ª

Ambição Roubar Preguiça

S16 1ª 2ª 3ª

Infelicidade Insatisfação Sem persistência

S7 1ª 2ª 3ª

Desistir Infelisidade Insatisfação

S17 1ª 2ª 3ª

Provas Fora Mentira

S8 1ª 2ª 3ª

Derrota Falta de grana Burrice

S18 1ª 2ª 3ª

Erro Decepção Tristeza

S9 1ª 2ª 3ª

Desemprego Preguiça Negatividade

S19 1ª 2ª 3ª

Um motivo Influencia Cabeça

S10 1ª 2ª 3ª

Preguiça Trapassa Derrota

S20 1ª 2ª 3ª

Burise Desonestidade Descontrole

Obs. As palavras foram transcritas exatamente como foram escritas pelos participantes. Conhecidas as palavras citadas pelos alunos, estas passam a se constituir em indicadores para a criação das categorias, a partir de uma pré-análise das palavras. Os indicadores que surgiram permitiu a criação de categorias e de subcategorias. 2a) Na tabela a seguir estão explícitos os indicadores e as categorias correspondentes a palavra de origem “sucesso”. O total de palavras escritas e observadas equivale a 60.

Page 62: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

Tabela 7: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre – estímulo “sucesso”, já agrupadas por categorias. Escola pública estadual. 60 palavras. CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES Nº %

Relacionados á atributos pessoais

Inteligência (3)

Simpatia (2)

Honestidade (2)

Criatividade

Talento

Carisma

Brilho

Humildade

Capacidade

39

65%

Relacionados á esforço pessoal

Esforço (4)

Dedicação (3)

Força de vontade (2)

Determinação

Garra

Luta

Objetivo

Persistência

Controle

Relacionados á conquistas

Conquista (2)

Crescimento (2)

Oportunidade

Superar

Acontecer

Vencer

Realização

Vitória

Acerto

Relacionados á elementos materiais e concretos

Dinheiro (4)

Fama

Empresário

Cantor

Música

11

19%

Relacionados á trabalho

Trabalho (3)

Relacionados á emoções e sentimentos

Felicidade (2)

Orgulho

Motivação

04 6,5%

Relacionados á família

Família (2)

Filhos

03 5%

Relacionados á educação

Educação 01 1,5%

Outros Diferencial

Estrela

02 3%

Obs.: As porcentagens foram calculadas a partir do total de palavras explicitadas (e não a partir do número de alunos) e, posteriormente, registradas nas categorias criadas.

Page 63: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

A seguir apresentamos gráfico ilustrativo das porcentagens a partir das categorias criadas.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

RELACIONADOS Á ATRIBUTOS PESSOAIS

RELACIONADOS Á ELEMENTOS MATERIAIS E CONCRETOS

RELACIONADOS Á EMOÇÕES E SENTIMENTOS

RELACIONADOS Á FAMÍLIA

RELACIONADOS Á EDUCAÇÃO

OUTROS

GRÁFICO 3 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL.

PALAVRA DE ORIGEM “SUCESSO”

Page 64: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

2b) Análise

A categoria com maior número de palavras está concentrada na

representação de que o sucesso é algo que depende de cada individuo. Isso nos

remete á esforço pessoal, ao pensamento de que nada é dado de graça. E isso é

colocado o tempo todo na mídia, na família e na escola. O que tem significado e

sentido razoável porque se supõe que a maioria que se esforça obtém sucesso e

isso deveria estimular os jovens a estudar.

A partir das palavras apresentadas pelos jovens pesquisados obtivemos um

total de 60 palavras associadas á sucesso, das quais 65% ou seja, 39 palavras

foram relacionadas á atributos pessoais. Sendo que atributos pessoais, quer, sejam

de ordem cognitiva, afetiva e social, foi vista numa categoria mais ampla na qual

estão inseridas subcategorias. Na categoria relacionada a atributos pessoais, as

palavras expressas foram relacionadas á desenvolvimento pessoal, tais como

inteligência citada três vezes, simpatia e honestidade citadas duas vezes,

criatividade, talento, carisma, brilho, humildade e capacidade. Foi criada uma

subcategoria na qual as palavras citadas são mais próximas a esforço tais como:

esforço citada quatro vezes, dedicação citada três vezes, força de vontade citada

duas vezes, determinação, garra, luta, objetivo, persistência e controle. Foi aberta a

subcategoria conquistas, onde aparecem as seguintes palavras: conquista e

crescimento citadas duas vezes, superar, acontecer, vencer, realização, vitória e

acerto.

19%, ou seja, 11 palavras escritas para sucesso foram relacionadas a

elementos materiais e concretos numa categoria mais ampla: dinheiro citada quatro

vezes, fama, empresário, cantor, música e oportunidade. O empresário

historicamente é visto como alguém que tem dinheiro, mas recentemente, tendo em

vista a força da mídia que permeia os jovens é possível que se estabeleça a

seguinte relação: fama, que é o principal requisito para o status de celebridade, ou

seja, uma pessoa amplamente reconhecida pela sociedade pode ser relacionada ás

palavras cantor e empresário, pois se supõe e também é divulgado pela mídia, que

cantor e empresário tenham a fama e o dinheiro. Também foi criada a subcategoria

trabalho, palavra citada três vezes. Isso demonstra que essa porcentagem de jovens

relaciona também suas vitórias a elementos materiais e concretos. Embora sejam

Page 65: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

poucas as expectativas de sucesso passadas pela mídia através do trabalho,

quando é alarmante o número de desempregados no Brasil.

6,5%, ou seja, quatro palavras expressas foram relacionadas á emoções e

sentimentos: felicidade citada duas vezes, orgulho e motivação. As emoções

impulsionam as variadas formas de atividade do homem garantindo sua formação,

existência e desenvolvimento como indivíduo e personalidade no sistema das

relações sociais.

5% (três palavras) escritas para sucesso foram relacionadas á família:

aparece a palavra família citada duas vezes e filhos. Isso demonstra que alguns

ainda vêem a família associada ao sucesso, possivelmente por viverem o sucesso

em família.

1,5%, ou seja, uma única palavra citada foi relacionada á educação.

No item outros foram classificados palavras que não foram enquadradas em

nenhuma categoria arrolada. Foram duas palavras, ou seja, 3%: diferencial e estrela.

Em seu conjunto, as representações construídas por esses jovens mostram

que valorizam o esforço individual e que esse esforço é importante para a

construção de sua história de sucesso, a qual depende de cada um.

As Representações Sociais sobre sucesso para o grupo de jovens

pesquisados são construídas com base nos elementos relacionados a atributos

pessoais.

Na escola particular obtivemos um total de 59 palavras associadas ao

sucesso, das quais 45% relacionam sucesso a atributos pessoais inerentes á

desenvolvimento pessoal, e também palavras mais próximas a esforço. Assim como

também, palavras relacionadas a conquistas e metas. Em sua maioria, as palavras

são concentradas na representação de que o sucesso está estritamente ligado aos

atributos pessoais.

Na escola pública estadual obtivemos um total de 60 palavras associadas ao

sucesso, das quais 65% foram relacionadas também a atributos pessoais. Sendo

palavras ligadas a desenvolvimento pessoal, a esforço e conquistas. Aqui não

aparecem palavras relacionadas a metas que apareceram na escola particular.

Portanto, tanto na escola particular como na escola pública estadual, as

palavras para sucesso são concentradas na representação de que o sucesso é algo

que depende deles, que depende do esforço pessoal de cada um.

Page 66: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

Concluímos que a perspectiva do sucesso que está presente no grupo de

jovens da escola particular, também está presente no da escola pública. A maioria

das palavras é concentrada na representação de que o sucesso está estritamente

ligado aos atributos pessoais, sendo isso comum aos dois grupos, embora, na

escola pública a porcentagem seja bem maior. Na escola particular aparecem 45%

de palavras relacionadas a essa categoria e na escola pública são 65% das

palavras. Percebemos assim que o esforço pessoal, embora seja valorizado pelos

dois grupos tem um peso maior para os jovens da escola pública.

Em segundo lugar, em ambos os grupos as palavras foram relacionadas na

categoria elementos materiais e concretos como dinheiro e riqueza, porém mais

valorizado pelos jovens da escola particular com 24%, e para os jovens da escola

pública 19%.

Em terceiro lugar, também em ambos os grupos aparece palavras na

categoria emoções e sentimentos, tais como felicidade e alegria, porém com maior

destaque para jovens da escola particular com 17%, e para os jovens da escola

pública apenas 6,5%.

Há uma diferença em relação ao quarto lugar, visto que para os jovens da

escola particular 6% das palavras aparecem na categoria educação e para os jovens

da escola pública estadual, 5% das palavras citadas aparecem na categoria família.

A mesma diferença aparece em relação ao quinto lugar aonde as palavras

citadas na escola particular são de 3% na categoria família, e para os jovens da

escola pública 1,5% na categoria educação.

Na categoria outros na escola particular tivemos 5%; e na escola pública 3%.

Destaca-se, portanto, a atribuição de características pessoais como esforço,

dedicação, inteligência como condição para o sucesso, o que não pode ser

desperdiçada; pois como já foi dito anteriormente, isso precisa estimular os jovens a

estudar e oferece um campo aberto para educadores e psicólogos educacionais.

Visto que há necessidade de formação dos jovens com base em conhecimentos e

competências, de modo que possam interagir com as profundas mudanças

socioeconômicas, tecnológicas e culturais da contemporaneidade. Há também

necessidade que se desenvolva a cidadania democrática, aqui entendida como a

compreensão histórica das relações estruturantes do mundo econômico e social, de

forma que a sociedade seja percebida como passível de ser transformada.

Page 67: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

Conhecidas as palavras citadas pelos alunos para “fracasso”, estas passam a

se constituir em indicadores para a criação das categorias, a partir de uma pré-análise

das palavras. Os indicadores que surgiram permitiu a criação de categorias e de

subcategorias.

2c) Na tabela a seguir estão explícitos os indicadores e as categorias

correspondentes para a palavra de origem “fracasso”. O total de palavras escritas e

observadas equivale a 60.

Page 68: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

Tabela 8: Palavras emitidas pelos participantes na associação livre – estímulo

“fracasso”, já agrupadas por categorias. Escola pública estadual. 60 palavras.

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS INDICADORES Nº %

Relacionados á atributos pessoais (negativo)

Egoísmo (2)

Burrice (2)

Ganância

Ambição

Desonestidade

Mentira

24

40%

Relacionados esforço pessoal (negativo)

Preguiça (7)

Desistir (4)

Irresponsabilidade

Não correr atrás

Sem persistência

Descontrole

Falta de vontade

Relacionados á emoções e sentimentos.

Tristeza (3)

Insatisfação (2)

Infelicidade (2)

Desânimo

Fraqueza

Decepção

Vergonha na cara

Horrível

17

28%

Relacionados á negatividade

Negatividade (4)

Pensamentos

negativos

Relacionados á elementos materiais e concretos (negativo)

Desemprego (2)

Falta de grana

11

19%

Relacionados á derrota.

Trapaça (2)

Derrota (2)

Perder

Descarte

Fora

Erro

Outros Motivo (2)

Influência (2)

Provas

Roubar

Superação

Cabeça

08

13%

Obs.: As porcentagens foram calculadas a partir do total de palavras explicitadas (e não a partir do número de alunos) e, posteriormente, registradas nas categorias criadas.

Page 69: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

A seguir apresentamos gráfico ilustrativo das porcentagens a partir das categorias criadas.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

RELACIONADOS Á ATRIBUTOS PESSOAIS (NEGATIVOS)

RELACIONADOS Á EMOÇÕES E SENTIMENTOS

RELACIONADOS Á ELEMENTOS MATERIAIS E CONCRETOS

OUTROS

GRÁFICO 4 - GRÁFICO DAS CATEGORIAS – ESCOLA PÚBLICA. PALAVRA DE

ORIGEM “FRACASSO”

Page 70: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

2 d) Análise

A categoria com maior número de palavras expressas está concentrada na

representação de que o fracasso é algo que depende de atitudes que não geram

esforço e luta.

A partir das palavras emitidas pelos jovens pesquisados obtivemos um total

de 60 palavras associadas a fracasso, das quais 40% ou seja, 24 palavras citadas

foram relacionadas á atributos pessoais no sentido negativo. Sendo que atributos

pessoais foram vistos numa categoria mais ampla. Inerentes á desenvolvimento

pessoal apareceram palavras tais como: egoísmo citada duas vezes, burrice citada

duas vezes, ganância, ambição, desonestidade e mentira. Foi criada uma

subcategoria na qual estão inseridas palavras mais próximas á falta de esforço tais

como: preguiça citada sete vezes, desistir citada quatro vezes e irresponsabilidade,

não correr atrás, sem persistência, descontrole e falta de vontade.

28 %, ou seja, 17 palavras colocadas para fracasso foram relacionadas á

emoções e sentimentos negativos, colocadas em uma categoria mais ampla:

tristeza, citada três vezes, insatisfação e infelicidade, citada duas vezes, desânimo,

fraqueza, decepção, vergonha na cara e horrível. Foi criada a subcategoria

relacionada á negatividade, onde aparecem as seguintes palavras: negatividade

citada quatro vezes e pensamentos negativos.

19%, ou seja, 11 palavras foram relacionadas à falta de elementos materiais e

concretos como desemprego citada duas vezes e falta de grana. Foi criada uma

subcategoria relacionada á derrota onde aparecem as palavras: trapaça e derrota

citada duas vezes, perder, descarte, fora e erro.

No item outros foram classificados palavras que não foram enquadradas em

nenhuma categoria aberta, 13%, ou seja, oito palavras: motivo e influência citada

duas vezes, provas, roubar, superação e cabeça. Subtendendo-se que provas

podem ser consideradas fracasso para o participante, porém só poderíamos

confirmar através de um grupo focal.

Em seu conjunto, as representações construídas por esses jovens mostram

que o fracasso é algo que depende deles mesmos quando não se esforçam e não

se empenham para conquistar seus objetivos.

Page 71: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE JOVENS SOBRE SUCESSO E … lucia... · respeito do sucesso e do fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de História. Visto que, de acordo

As Representações Sociais sobre fracasso, para os grupos de jovens

pesquisados, são construídas com base nos elementos materiais e concretos e

relacionadas à falta de atributos pessoais.

Em relação ao fracasso, na escola particular obtivemos um total de 56

palavras associadas a fracasso, das quais 30,5% foram relacionadas á elementos

materiais e concretos, entendido aqui como algo visível e também palavras

relacionadas à derrota, aqui entendido como perda ou situação que leva a perda.

Trata-se da categoria com maior número de palavras concentradas na

representação de que o fracasso está relacionado a elementos materiais e concretos

negativos.

Na escola pública estadual, a partir das palavras emitidas pelos jovens

pesquisados obtivemos um total de 60 palavras associadas a fracasso, das quais

40% foram relacionadas a atributos pessoais no sentido negativo. Sendo que

atributos pessoais foram vistos numa categoria mais ampla, inerentes a

desenvolvimento pessoal e também palavras mais próximas a falta de esforço.

Trata-se da categoria com maior número de palavras expressas concentradas na

representação de que o fracasso é algo que depende de atitudes que não geram

esforço e luta por parte desses jovens em questão.

Há diferenças significativas nas Representações Sociais sobre o fracasso, se

considerarmos que dois conjuntos bastante distintos de palavras se evidenciaram:

para os jovens da escola particular, o fracasso se liga a elementos materiais e

concretos ou no caso, falta deles, como por exemplo, desemprego, pobreza, fome e

também a derrotas, sendo 30,5% das palavras citadas. Tal categoria aparece em

terceiro lugar no grupo de jovens da escola pública. Em contrapartida, para este

grupo, a maioria das palavras citadas, 40%, relaciona fracasso a atributos pessoais

no sentido negativo, onde as palavras são inerentes a falta de desenvolvimento

pessoal e a falta de esforço. Evidenciando assim que, para esse grupo de jovens, o

fracasso depende deles mesmos por não terem atitudes de esforço e luta que

acabam os levando ao fracasso.

Em segundo lugar, em ambos os grupos as palavras estão na categoria

emoções e sentimentos tais como tristeza e medo com 28,5% das palavras escritas

na escola particular e para os jovens da escola pública 28%.

Em terceiro lugar, aparece diferença, pois para os jovens da escola particular,

as palavras emitidas foram colocadas na categoria esforço pessoais no sentido

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negativo, ou seja, falta de esforço pessoal com 18% e para os jovens da escola

pública as palavras são relacionadas a elementos materiais e concretos, sendo 19%

das palavras escritas.

Há uma diferença em relação ao quarto lugar, visto que para jovens da escola

particular 16% das palavras emitidas estão na categoria esforço pessoal, no sentido

positivo, tais como esperança, recomeço e esforço. Concluímos assim que, tais

palavras citadas colocam o fracasso não como algo essencialmente negativo, mas

sim como incentivo para se tentar novamente.

Na categoria outros, na escola particular tivemos 7%; e na escola pública

13%.

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7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objeto de estudo as Representações Sociais sobre

sucesso e sobre fracasso e sua contribuição para o ensino/aprendizagem de

História. Estas representações foram elaboradas a partir de dois grupos de jovens

que pertenciam a dois segmentos educacionais diferentes: uma escola particular e

uma escola pública estadual, localizadas na cidade de Ibiúna, interior de São Paulo.

Trata-se de um estudo de uma única e parcial realidade, de cidade do interior

paulista, mas cujos dados apontam questões pertinentes para reflexões nas áreas

da Pedagogia, da Psicologia Educacional e de História.

A pesquisa promoveu um grande aprendizado, à medida que pudemos

observar, ao longo de nosso trabalho, que as Representações Sociais se constituem

como uma aliada dos profissionais ligados à Educação e à Psicologia Educacional,

porque propicia um amplo conhecimento dos participantes com o qual trabalhamos.

A Representação Social assume grande importância, e a partir dela pode-se prever

a necessidade do indivíduo que a emite. Isso se torna importante porque direciona a

parte pedagógica, ou seja, direciona as aulas para aquilo que o aluno expressa, pois

a Representação Social procura, na medida do possível, prever as necessidades de

cada indivíduo e as do grupo.

Observamos que as Representações Sociais são elaboradas a partir do

senso comum, no cotidiano mais amplo, logo se subentende que elas guardam as

nuances e o colorido especial dependendo das circunstâncias dos espaços sociais e

culturais que os sujeitos habitam.

No caso desta pesquisa, buscamos apreender as Representações Sociais

sobre sucesso e sobre fracasso, ancoradas nas situações concretas vividas pelos

participantes que as emitiram e que estão na base das suas ações. O que os jovens

pensam sobre sucesso e sobre fracasso pode possibilitar aos educadores a

utilização de estratégias adequadas para que esses temas sejam discutidos e

incorporados na vida desses jovens, a fim de lhes proporcionar uma reflexão sobre a

realidade vivida, sobre o lugar que ocupam e o desenvolvimento de uma visão crítica

sobre como estão sendo preparados para a vida. Como já foi dito, também são

elementos a mais para a ação do professor e do psicólogo educacional para atuar

junto ao jovem. E em termos mais amplos poderão contribuir para uma melhor

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compreensão das diversas motivações, desejos, expectativas referenciadas pelos

espaços sociais e educacionais aos quais os jovens pertencem.

A partir da análise das Representações Sociais supomos que, de fato, foi

legítima a análise que fizemos sobre o sucesso e o fracasso na vida dos jovens

participantes.

As Representações Sociais sobre sucesso para o grupo de jovens

pesquisados são construídas com base nos elementos relacionados a atributos

pessoais. Concluímos que a perspectiva do sucesso que está presente no grupo de

jovens da escola particular, também está presente no da escola pública. A maioria

das palavras é concentrada na representação de que o sucesso está estritamente

ligado aos atributos pessoais.

E as Representações Sociais sobre fracasso, para o grupo de jovens

pesquisados, são construídas com base nos elementos materiais e concretos e

relacionadas à falta de atributos pessoais. Para os jovens da escola particular, o

fracasso se liga a elementos materiais e concretos ou no caso, falta deles, como por

exemplo, desemprego, pobreza, fome e também a derrotas. Para os jovens da

escola pública, o fracasso depende deles mesmos por não terem atitudes de esforço

e luta que acabam os levando ao fracasso.

Como síntese das análises feitas, consideramos a importância da categoria

atributos pessoais para o trabalho educacional do jovem. Principalmente no que se

relaciona à força de vontade, que é a energia que, ao que parecem, os jovens

supõem ser fundamental para impulsionar a realização das coisas e obtenção do

sucesso. Estudos dessa natureza podem fornecer pistas interessantes para o

surgimento de propostas educacionais, propondo que se potencialize pelo diálogo a

compreensão dos indivíduos sobre sua própria realidade e as estruturas cognitivas e

emocionais com as quais operam no mundo.

O ritmo das mudanças em nosso mundo é o mais rápido já alcançado em

termos de inovação. Mas pudemos perceber que muitos buscam o sucesso através

do esforço pessoal.

No caso dos jovens desta pesquisa percebemos que os mesmos estão

abertos para aprender, basta que sejam direcionados para isto, visto que valorizam

demasiadamente o esforço e a dedicação na conquista do sucesso. Essa

valorização do esforço é uma característica importante que demonstra os valores

desses jovens, o que pode ser uma grande oportunidade de avançar em direção ao

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sucesso dos objetivos. Para isso não se pode desprezar esse contingente jovem

impedindo-os de ter acesso ás oportunidades de que precisam para se desenvolver

como parte ativa e protagonista para que, assim possam estar realmente inseridos

na sociedade em que vivem.

Destacamos que é preocupante que na escola particular apenas 04 palavras

e na escola pública apenas uma palavra emitida para sucesso tenham sido

relacionadas à educação.

Faz-se necessário que os educadores procurem se aproximar da cultura

adolescente. Pois, de acordo com Zibas (2004), se há distanciamento, afunila a

cultura da escola, empobrece as trocas entre os sujeitos do mundo escolar e

converte, muitas vezes, o conteúdo das disciplinas em elemento aversivo aos

alunos. Além disso, está muito evidente que, mesmo para aqueles jovens que

conseguem terminar o ensino médio, o baixo crescimento econômico do país e, em

alguma proporção, as novas estruturas produtivas já automatizadas tornam as

oportunidades de trabalho muito escassas. Essa falta de perspectiva tende a induzir

o estudante a desinteressar-se pelas atividades escolares. Na verdade, o jovem vive

um paradoxo: de um lado, sabe que precisa do certificado do ensino médio para a

obtenção de um emprego formal; por outro, também percebe que, mesmo que

obtenha o certificado, suas chances no mercado de trabalho são muito pequenas.

Nesse quadro, a sensibilidade de educadores à cultura juvenil (por exemplo, à

música, à dança, às “tribos”, à moda) torna-se uma exigência pedagógica como

meio de enriquecimento dos conteúdos disciplinares e forma de construir uma

identificação positiva do aluno em relação à escola. Nessa perspectiva, no entanto, a

aproximação aqui discutida não deve significar a simplificação do currículo ou mero

instrumento de sedução dos jovens para facilitar o trabalho docente.

A construção das Representações Sociais é um processo intimamente ligado

à memória do indivíduo e da sociedade. Representar é, portanto, pôr em atividade o

acervo de memória que define uma sociedade. E o funcionamento desse acervo não

a torna estática, mas faz ser controlado o processo de construções e revisões de

valores, costumes, tradições, enfim daquilo que as coisas significam. Esse controle é

resultado da construção de sentidos para o funcionamento da sociedade.

E só há sentidos para as coisas, surgidos a partir da construção de um

conhecimento objetivo, em um tempo histórico específico que corresponda aos

interesses das populações ao longo de suas construções. E as Representações

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Sociais são ferramentas poderosas para tal feito já que se constituem enquanto

mediadores, códigos entre aquilo que se vê e aquilo que se fala. E as

Representações Sociais têm caráter dinâmico, integrando a dimensão histórica com

o aqui e agora.

Sucessos e fracassos fazem parte de um processo de aprendizagem -

através do qual nos preparamos para enfrentar situações novas. E para enfrentar

novas situações é preciso que as competências sócio-históricas sejam vistas como

possibilidade de que os jovens, aprendendo inevitavelmente a viver em meio à

insegurança, à incerteza, submetidos ao desemprego ou a ocupações precárias,

possam perceber as contradições do processo e os caminhos para a construção de

uma sociedade menos desigual.

A contribuição deste trabalho reside na possibilidade de continuar gerando

perspectivas de análise, face às expectativas, de sucesso e de fracasso, nos

contextos de produção de bens materiais e simbólicos na realidade atual.

Destacamos a importância da realização de um grupo focal para que sejam sanadas

eventuais dúvidas sobre algum conceito, dessa forma colocamos a importância da

realização do mesmo que poderão ser retomados nas aulas de História.

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ANEXO A

Autorização para realização da pesquisa na escola pública

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ANEXO B

Autorização para realização da pesquisa na escola particular

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ANEXO C

Modelo do questionário

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Prezado (a) jovem

Estamos realizando uma pesquisa com jovens de 15 a 18 anos de idade, para

conhecer melhor suas idéias e expectativas.

Por isso estamos nos dirigindo a você e contamos com sua colaboração para

responder a este questionário.

Não existem respostas certas e erradas. Queremos apenas saber o que você

pensa e suas opiniões.

Como sua colaboração é muito importante, pedimos que responda às

questões da forma mais sincera e completa possível.

Seu anonimato será garantido.

Qualquer dúvida, pergunte ao aplicador.

Desde já agradecemos!

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Questionário 1) Dados pessoais:

Nome:_________________________________________sexo:______________

Data de nascimento:___________________Idade:______Estado civil:________

Escola:______________________________série:______Período:___________

Local de nascimento (cidade):________________________________________

Há quanto tempo reside em Ibiúna:____________________________________

Endereço (rua e bairro):_____________________________________________

2) Dados dos pais:

Local de nascimento do pai:____________________da mãe:_______________

Idade do pai:________________________________da mãe:_______________

Grau de escolaridade do pai:___________________da mãe:_______________

Profissão do pai:_____________________________da mãe:______________

3) Outros dados:

Você mora com:

( ) seus pais ou familiares

( ) com esposo(a) e ou filhos

( ) com amigos

( ) sozinho

Qual a sua participação na vida econômica de sua família:

( ) minha família me sustenta

( ) minha família sustenta parte dos meus estudos

( ) sou responsável por meu sustento, não recebo nenhuma ajuda financeira

( ) além do meu próprio sustento, contribuo parcialmente para o sustento de minha família ou de outra pessoa.

( ) sou o principal responsável pelo sustento de minha família.

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Você trabalha ou já trabalhou

( ) sim ( ) não

Se você trabalha ou já trabalhou, escreva o que faz ou o que fazia?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Você tem algum incentivo em casa para: (marque mais de uma se for o caso)

( ) estudar

( ) ir á escola

( ) ler (livros, revistas etc.)

( ) fazer lição de casa ou trabalhos escolares

( ) não tenho incentivo

Quais os principais motivos pelos quais você frequenta a escola? (marque mais

de um se for o caso)

( ) aumentar seu conhecimento

( ) obter, no futuro, qualificação profissional

( ) conseguir melhorar de vida

( ) é importante para você

( ) é importante para sua família

( ) encontrar amigos

( ) outros motivos. Quais?_____________________________________________________________________________________________________________________________

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Associação livre

Associação livre significa associar palavras umas às outras, bem

livremente.

Por exemplo, após a palavra boneca eu posso me lembrar de menina,

brinquedo, infância. Ou outras coisas. É bem livre e pessoal.

Agora é a sua vez. Depois de cada palavra que está escrita abaixo, escreva

mais três, que, em sua opinião, estão associadas.

SUCESSO:_________________, __________________, _________________

FRACASSO:________________, __________________, _________________

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ANEXO D

Aprovação pelo Comitê de Ética do Centro Universitário FIEO.

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