Reprodução Animal

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EDITORES PAULO BAYARDDIAS GONÇALVES JOSÉ RICARDO DE FIGUEIREDO VICENTE JOSÉ DE FIGUEIRÊDO FREITAS Biotécnicas aplicadas à reprodução animal Livraria l~~~ VARELAEDITORAELIVRARIALTOA SÃoPAULO - 2002

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Livro muito interessante.

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EDITORES

PAULO BAYARDDIAS GONÇALVESJOSÉ RICARDO DE FIGUEIREDO

VICENTE JOSÉ DE FIGUEIRÊDO FREITAS

Biotécnicas aplicadasà reprodução animal

Livraria

l~~~VARELAEDITORAE LIVRARIALTOA

SÃoPAULO- 2002

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Sumário

1. Diagnóstico de Gestação em Bovinos...........................................Jairo Pereira Neves, João Francisco Coelho Oliveira, Marlon Nadal Maciel

2. Diagnóstico de Gestação em Caprinos.........................................Vicente José de Figueirêdo Freitas, Aurino Alves Simplício

3. Controle do Estro e da Ovulação em Bovinos e Ovinos ................José Carlos Ferrugem Moraes, Carlos José Hoff de Souza,Paulo Bayard Dias Gonçalves

4. Controle do Estroe da Ovulação em Caprinos .............................Vicente José de Figueirêdo Freitas, Edilson Soares Lopes Júnior

5. Inseminação Artificial em Cães ....................................................Lúcia Daniel Machado da Silva, Alexandre Rodrigues Silva,Rito de Cássio Soares Cardoso

6. Inseminação Artificial em Bubalinos .............................................Otávio Mitio Ohashi

7. Inseminação Artificial em Caprinos "

José Ferreiro Nunes

8. Transferênciae Criopreservação de Embriões Bovinos...................Horst-DieterReichenbach, Marcos Antônio Lemosde Oliveira, Paulo Fernandesde Lima, Antônio Santana dos Santos Filho, Joaquim Corrêa de Oliveira Andrade

9. Transferência de Embriões em Caprinos "...................Vicente José de Figueirêdo Freitas, Aurino Alves Simplício

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10. Produção in vitro de Embriões 195Paulo Bayard Dias Gonçalves, José Antônio Visintin, Marcos Antônio Lemos deOliveira, Marcelo Marcos Montagner, Luís Fabiano Santos da Costa

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11. Manipulação de Oócitos Inclusosem Folículos OvarianosPré-antrais - Moifopa ..................................................................José Ricardode Figueiredo,Ana PauloRibeiro Rodrigues,ChristianiAndrade Amorim

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12. Marcadores Moleculares em Reprodução Animal..........................João FranciscoCoelho de Oliveira, LuizErnaniHenkes

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13. Clonagem Animal por Transferência Nuclear ................................Vilceu Bordignon, Lawrence C. Smith

14. Produção de Animais Transgênicos nas Espécies Domésticas:

Tecnologia e Aplicações ........Matthew B. Wheeler, Seong:Jun Choi, Gary R. Voelker, Eric M. Walters,Gabriela G. Cezar

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Prefácio

Agrande maioria de publicações, na áreade reprodução animal, disponíveisno Brasilé gerada em outros países e, até certo tempoatrás, não se dispunha de bibliografiade au-tores brasileiros. Um dos primeiros livrossobre biotecnologia foi a obra do Dr. Antô-nio Mies Filho que, editada mais de umavez, tem sido, praticamente, uma das pou-cas fontes de consulta nacional para estu-dantes e profissionais. No entanto, a refe-rida obra concentrou maior ênfase na inse-

minação artificial.Com a expansão da informática, tem

ocorrido uma proliferação de livros que sebaseiam em compilaçõesde obras estrangei-ras, sem uma contribuição mais consistentedos autores.

O presente livro, Biotécnicas Aplicadasà Reprodução Animal, está divulgando re-sultados de pesquisa básica e aplicada, pro-duzida por pesquisadores brasileiros e cola-boração de estrangeiros que mantêm pro-gramas de cooperação científica com enti-dades brasileiras. O conhecimento na áreade biotecnologia existe (há um grande nú-mero de artigos científicos e comunicaçõesem congressos), entretanto está disponívelde uma maneira dispersa e não há publica-

ção nacional que apresente essas informa-ções sistematizadas facilitando o acesso dopúblico alvo: Médicos Veterinários que atuamna área, alunos de graduação e pós-gradua-ção e outros profissionais da área como Bió-logos, Agrônomos, Zootecnistas, Geneticistas,Médicos, etc.

Sob o ponto de vista de crescimento cien-tífico, a política educacional de um país deveestimular paralelamente pesquisa básica eaplicada. Em países subdesenvolvidos ou emdesenvolvimento, é comum se ouvir críticasàs pesquisas básicas e uma maior valoriza-ção da pesquisa aplicada. Daí decorre umadependência destes países daqueles maisdesenvolvidos.

As informações obtidas nas pesquisasbásicas que estão nesta obra colocam o nos-so país em nível qualitativo de igualdade aospaíses do primeiro mundo. Do mesmo mo-do, os resultados das pesquisas aplicadasapresentados neste livro, permitem uma utili-zação imediata em nosso meio, dispensandoadaptações que se fazem necessárias quandose consulta autores estrangeiros cuja realida-de é diferente da brasileira.

É com grande satisfação que redijo o pre-fácio desta obra que vem trazer aos profis-

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sionais brasileiros, informações atualizadase geradas pelos autores de cada capítulo emseus laboratórios e ambientes de trabalho.

O livroconsta de tópicos avançados emreprodução animal, com uma abrangênciade informações que vão desde o diagnósti-co de gestação até clonagem em espéciesdomésticas. Cada capítulo é escrito de umamaneira didática e com referências quepermitem ao leitor localizar a fonte das in-formações disponíveis. Além disso, os au-tores não apenas apresentam tópicos osquais dominam, como relatam resultadosgerados em trabalhos de pesquisa nos quaisparticiparam ativamente. Portanto, essa

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obra contém ensinamentos atualizados e de

fundamental importância, não apenas paraprofissionais brasileiros como para usuáriosde outros países.

Finalmente, a edição de uma obra desteporte, unindo pesquisadores capazes de darbrilho ao conhecimento científico nacional,pode ser comparada ao seguinte pensamen-to de Edson Pereira Neves:

"...diante do colar - belo como um so-

nho - admirei sobretudo, o fio que uniaas pérolas e se imolavaanônimo para quetodas fossem um..."

Prof. Cláudio Alves Pimentel

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Capítulo 1

Diagnóstico de Gestação em Bovinos

Jairo Pereira Neves, João FranciscoCoelho Oliveira,Marlon Nadal Maciel

IntroduçãoO diagnóstico de gestação é uma técnica

que permite determinar a existência e o pe-ríodo de gestação. Em bovinos, através dapalpação retal, essa técnica é utilizada desdeo início do século XX. Posteriormente, a par-tir da década de oitenta, o emprego da ultra-sonografia possibilitou o diagnóstico de ges-tação em fases mais precoces. A utilizaçãodo diagnóstico de gestação em criatórios bo-vinos, tanto de leite como de corte, constitui-se numa ferramenta estratégica no manejogeral de uma propriedade. O conhecimentoda existência ou não de gestação possibilitaa tomada de decisões as quais podem afetardiretamente os índices de produtividade comreflexos econômicos imediatos. O diagnósti-co precoce, por exemplo, com a identificaçãode fêmeas não gestantes, se constitui em umaimportante ferramenta na avaliação do futurodesses animais dentro da propriedade, possi-bilitando que sejam tomadas providências nosentido de reduzir o período parto-concep-ção ou de descartar o animal, minimizandodessa forma as perdas econômicas. Assim, autilização rotineira dessa técnica facilita omanejo dos animais e evita gastos desneces-sários com alimentação. Permite ainda uma

avaliação imediata da eficiência de programasde indução, sincronização ou transferência deembriões. É também utilizada na formulaçãode laudos periciais e fêmeas que irão partici-par de feiras e exposições.

Reconhecimento da Gestação

O reconhecimento materno da gestaçãoem ruminantes se dá através da ação de umaproteína (172 aminoácidos) produzida pelascélulas trofoblásticas do blastocisto, denomi-nada de Interferon tau (lNF-t). O INF-t éexpresso somente em ruminantes e represen-ta uma das cinco famílias de interferon do

Tipo I, classificadas como IFN -a, IFN -~,IFN -õ, IFN -O) e IFN -to Anteriormente àidentificação do IFN -t, já havia indicativosda ação de proteínas blastocísticas no proces-so de reconhecimento da gestação em rumi-nantes. Pesquisas realizadas ainda na décadade sessenta, apontaram para a ocorrência deinibição da luteólise a partir da liberação desubstâncias blastocísticas antes do momento

da implantação (Moor & Rowson, 1966).Posteriormente, por ter sido isolada das célu-las trofoblásticas, essa substância foi denomi-nada de trofoblastina ou proteína trofoblásti-ca (Martal et aI., 1979). Após a sua purifica-

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ção, realizada na espécie ovina (Imalawa etal., 1987), por apresentar grande semelhançaestrutural com algumas classes de interfe-rons, passou a ser chamada de INF-"[. Sub-seqüentemente, foi caracterizada no concep-to bovino, entre os dias 16 e 24 de gestação.O IFN -"[bovino é uma proteína com pesomolecular entre 22 a 24 KDa, com diferentesisoformas, diferenciando-se do seu análogoda espécie ovina por algumas alterações nasua estrutura bioquímica.

O processo de luteólise a partir da secre-ção de PGF 2a necessita da secreção luteal daocitocina, bem como da interação da ocitocinacirculante com os seus receptores, os quais selocalizam, principalmente, nas células do epi -télio endometrial. Os efeitos anti-Iuteolíticos

do IFN -"[são traduzidos a partir da sua açãoinibitória sobre a expressão dos genes que co-dificam para os receptores endometriais deocitocina e de estrógenos, substâncias essasque atuam sobre as células do endométrio, es-

timulando-as a produzirem PGF2a. Dessaforma, o IFN -"[regula a produção de PGF 2aatravés da inibição da sua expressão no endo-métrio. O IFN -"[não é detectado na circulaçãoperiférica de fêmeas gestantes, sendo sua açãolocalizada apenas no útero.

Um marcado aumento na expressão dogene do IFN-"[ ocorre no 15°dia de gestaçãonos bovinos, coincidindo com a fase de tran-sição morfológica do blastocisto, que nesseperíodo passa da forma esférica para a formafilamentosa. Por isso, a produção de IFN-"[parece ser mais dependente do desenvolvi-mento blastocístico do que propriamentedo dia de gestação. O pico de produção doIFN-"[ ocorre no 17° dia de gestação e o seumRNA é detectado no trofoblasto até o 25°

dia de gestação nos bovinos. No momentodo pico de produção, o seu mRNA estápresente no blastocisto em níveis mais eleva-dos do que qualquer outro mRNA. Embo-ra a expressão do gene pareça ser genetica-

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mente programada e independente do am-biente uterino, considerando que a sua ex-pressão ocorre também in vitro, esse proces-so é largamente afetado pelas concentraçõesplasmáticas de progesterona. A suplementa-ção de progesterona no início da gestação,auxilia o desenvolvimento do blastocisto, au-mentando os níveis de IFN-"[ no útero e dimi-

nuindo os índices de perda gestacional nesseperíodo (Mann & Lamming, 1999). O de-créscimo na expressão do IFN -"[ parece serdependente do processo de implantação,ocorrendo diminuição na medida que deter-minadas regiões do trofoblasto começam aestabelecer contato com o epitélio uterino.

Fases Iniciais do DesenvolvimentoGestacional

Parafinsdidáticos,a gestaçãopode serdi-vidida em três estádios. O estádio inicialvaidesde a fecundaçãoaté o 13°dia; o segundo,denominado embrionário se estende do 14°ao 45° dia; e o terceiro,denominado feta!,vaido 46° dia até o parto (Peters & BaTI,1991).Imediatamenteapós a fecundaçãoocorre umprocesso de clivagem, seguido de divisõesmitóticas dando origem ao zigoto. Essas di-visõesse processam até o 5° ou 6° dia, quan-do se forma uma massa de células denomi-

nada mórula. O oviduto propicia condiçõesambientaisfavoráveisao desenvolvimentodozigoto independentemente da situação hor-mona!, enquanto que o ambiente uterino édesfavorável a sobrevivência dos mesmosquando presentesprematuramente no seu lú-men. Após essa fase, ocorre a formação doblastocistoque consistenuma estrutura esfé-rica de células denominadas de trofoblasto.Essa estrutura apresenta um halo central decélulas que darão origem ao embrião. Apóso 8° dia, ocorre a perda da zona pelúcida,iniciando o período de alongamento doblastocisto. O desenvolvimento das célulasgerminativas tem o seu inícioa partir do 14°

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dia e caracteriza o início da fase embrioná-ria. Dessas, originam-se três cordões de cé-lulasdenominadas de ectoderma, mesoder-ma e endoderma. O ectoderma irá constituirestruturas como pele, pêlos, cascos, glân-dula mamária, e sistema nervoso. O cora-ção, músculos e ossos serão formados apartir do mesoderma e os outros órgãos in-ternos do endoderma.

No 18° dia, o alantóide expande-se nocorno ipsilaterale logo em seguida no con-tralateral,seguidode uma erosão gradual noepitéliodas carúnculaspelas célulasbinuclea-das do trofoblasto. Antes do 22° dia ocorreuma ligaçãoatravés de microvilosidadesquese torna progressivamente mais íntima até o27° dia. A partir do 32° dia de gestação oalantóideiniciasua fIXaçãono corno uterino.O âmnio, formado de célulasdo mesodermae ectoderma, cresce juntamente com o em-brião envolvendo-ocompletamente. Essa es-trutura esta formada a partir do 18° dia. Asbolsas amniótica e alantoideana são densa-mente vascularizadas e conectadas com ocordãoumbilical.Nos ruminantes, a placentaé do tipo cotiledonária, caracterizando-sepelo contato apenas em determinadas áreasendometriais, denominadas de carúnculas.Nessespontos, ocorrem as trocas gasosas de°2 e CO2, assim como de nutrientes entrefeto e a mãe. Esse processo se denominaplacentação, tem seu iníciono 20° dia e con-solida-se entre 40-45 dias de gestação.

Modificações FisiológicasObservadas na Gestação

O estabelecimento da gestação provocauma sériede alterações no organismo mater-no, de ordem hormonal, anatômica e com-portamental. Uma delas, que diz respeito aocomportamento reprodutivo da fêmea, é onão retorno ou ausência do estro. Esse fato,no entanto, não é suficiente para garantir odiagnóstico, pois o não retorno pós-serviço

poderá também ser resultante de outras cau-sas. O ideal seria poder realizar o diagnósticoantes do primeiro estro. No entanto, isso so-mente é possível de ser realizado, com boamargem de segurança, antes do segundo es-tro. As modificações anatômicas que servemde suporte para o diagnóstico clínico, dizemrespeito às alterações evidenciadas no tama -nho, simetria, conteúdo e parede uterina esão de grau e intensidade variáveis depen-dendo do estádio gestacional.

O corno gestante apresenta alteração noseu tamanho e posição, ficando progressiva-mente maior que o não gestante, gerando umaassimetria. Em virtude do aumento progressi-vo do útero observam-se mudanças na sua po-sição em relação às cavidades pélvica e abdo-minal, com variações individuais, dependendodo porte do animal. Geralmente até aos 60dias o útero gestante permanece na cavidadepélvica. A partir dos três meses, situa-se numaposição de transição pélvico-abdominal e aoscinco/seis meses, localiza-se à direita, ventral-mente no abdômen. A partir dos sete meses,ocorre uma expansão, inicialmente transversale fmalmente crânio-dorsal.

Uma das primeiras evidências clínicas degestação é a presença da vesícula amniótica,constituída pelo fluído e concepto. Essa es-trutura pode ser palpada a partir dos 28 diasde gestação. Nessa fase, apresenta forma es-férica, diâmetro de 1 cm e consistência túrgi-da. Permanece parcialmente livre, flutuandono líquido alantoideano, sendo freqüente-mente encontrada no ápice do corno gestan-te. Aumenta progressivamente de tamanhocom o avanço da gestação, porém o seu reco-nhecimento após 65 dias é dificultado pelaredução da sua turgidez e maior volume delíquido alantoideano. A palpação da vesículaamniótica deve ser feita por profissional ha-bilitado, considerando os riscos de lesão doconcepto e conseqüente perda gestacional.

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Uma característica marcante e de impor-tância fundamental para o diagnóstico degestação é o efeito de parede dupla. É detec-tado através do deslizamento da parede uteri-na sobre a membrana alantoideana e percebi-do à palpação, em algumas vacas, já aos 35dias. Esse sinal torna-se mais evidente apósos 40 dias de gestação. O crescente acúmulode fluídos gestacionais acompanhados peladistensão e redução da espessura da paredeuterina, proporciona ao toque o efeito de flu-tuação observado a partir dos 45 dias.

Os cotilédones da placenta fetal com suasvilosidades penetram nas criptas das carúncu-Ias uterinas constituindo os placentônios, dis-postos em ftleiras dorsais em número de 75 a120, os quais são detectados já a partir dos75 dias de gestação. Apresentam uma variaçãode tamanho de tal maneira que os maiores si-tuam-se medialmente e os menores nas extre-

midades cervical e apical do corno gestante.O feto pode ser percebido após 65 dias,

quando a vesícula amniótica reduz sua turgi-dez, até os quatro meses de gestação. No pe-ríodo seguinte, quando ocorre o deslocamen-to do corno grávido no sentido ventral, suadetecção fica dificultada ou inviáveI.A partirdos 6 meses, devido ao seu crescimento e ex-pansão dorso-craneal, haverá maior facilida-de para sua detecção. A crescente demandade sangue, como conseqüência do curso ges-tacional, provoca um aumento do diâmetroda artéria uterina média a partir dos 90 dias,provocando um frêmito arterial. Esse sinalcorresponde ao pulso arterial aumentado,mais facilmente detectado quando se provocauma obstrução parcial da artéria. É impor-tante destacar que após um aborto, parto oudeterminadas condições patológicas esta evi-dência poderá ainda estar presente. O corpolúteo gravídico presente durante toda a ges-tação não difere do cíclico, localizando-segeralmente no ovário ipsilateral ao cornogestante.

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Perfil de Hormônios e ProteínasLigadas à Gestação

O período inicial da gestação é marcadopor eventos que prolongam o período funcio-nal do corpo lúteo a partir da inibição do me-canismo de luteólise, conforme descrito ante-riormente. Esse processo é responsável pelamanutenção dos níveis adequados de proges-terona necessários para que ocorra a conti-nuidade do desenvolvimento embrionário.

Diversos estudos evidenciam a relação entrebaixas concentrações de progesterona e per-das gestacionais, assim como descrevem oaumento nos índices de gestação e desenvol-vimento embrionário após a suplementaçãocom progesterona (Garret et aI., 1988, Ne-phew et al., 1991, Mann & Lamming, 1999).

Os bovinos são corpo lúteo dependente,significando que necessitam da produção lu-teal para a manutenção dos níveis de pro-gesterona durante todo o período gestacio-nal, embora essa também seja produzida pelaplacenta. As concentrações de progesteronadetectadas no leite e no plasma de vacas nosprimeiros dias de gestação são semelhantesaquelas observadas nas fêmeas não gestantesque se encontram na fase de diestro. Assim,sua utilização para diagnóstico de gestaçãoé limitada a períodos bem específicos, sendoem conseqüência dependente de registroscriteriosos da data do serviço.

Os níveis de estrógenos, estrona e estra-diol-17B, começam a aumentar na segundametade da gestação, atingindo o seu ápicepróximo ao parto. Assim sendo, sua utiliza-ção não é adequada para diagnóstico de ges-tação. O hormônio lactogênico placentáriobovino (bPL) é uma proteína secretada pelascélulas binucleadas e possível de ser detecta-da na circulação materna a partir do 26° diade gestação. As concentrações maternas des-se hormônio aumentam progressivamentedurante o período gestacional, atingindo ní-veis em torno de 1 a 2 ng/rnl próximo ao

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parto. A proteína específica da gestação B(PSPB) é uma glicoproteína específica daplacenta com peso molecular entre 47.000e 53.000 daltons. Os seus níveis periféricospodem ser detectados já a partir do 24° diade gestação nos bovinos (Sasseret al., 1986),os quais apresentam uma elevação gradualaté o parto. As glicoproteínas associadas àgestação (PAG) são pertencentes à superfa-mília das proteases aspárticas, no entanto,são consideradas enzimaticamente inativas.Nos bovinos, o seu perfil caracteriza-se porum aumento gradativo do primeiro ao oitavomês de gestação, apresentando uma rápidaelevaçãoapós esse período.

Métodos de DiagnósticoPaipoção retal

A adequada contensão da fêmea é um im-portante fator a ser considerado para o diag-nóstico de gestação. A fêmea deve ser contidaem estação, de tal forma que sejam evitadosmovimentos bruscos ou mesmo quedas quevenham provocar lesões ou ferimentos, tantonos animais examinados quanto no examina-dor. Além disso, para a realização do examede palpação reta! de forma segura, é indispen-sável que o médico-veterinário também tenhaalguns cuidados com relação ao seu materialde trabalho, devendo utilizar sempre luvas es-peciais de boa qualidade bem como lubrifican-te adequado. O diagnóstico de gestação porpalpação retal é um método seguro, que nãooferece risco para a integridade da vaca e tam-pouco para a viabilidade do feto quando rea-lizada por profissional habilitado. Antes do iní-cio do exame propriamente dito, é aconselhá-vel efetuar uma inspeção da vulva, seus arre-dores e glândula mamária o que poderá servirde subsídio para o diagnóstico final.

O diagnóstico de gestação em bovinos érealizado levando-se em consideração deter-minadas características do controle reproduti-

vo, se individual ou de rebanho. O controleindividual é realizado em criações intensivas,de gado de leite ou plantéis de gado de corte,e nesses casos há geralmente informações so-bre datas de serviço e principalmente interesseacentuado em um diagnóstico precoce. Quan-do se trata de um controle de rebanho, típicode criações extensivas de gado de corte, sub-metidos a monta natural ou inseminação ar-tificial, o diagnóstico é realizado em períodosestratégicos, contribuindo para racionalizaçãodo manejo. Esse método é considerado o maisprático e preciso para o diagnóstico de gesta-ção em fêmeas bovinas, desde que realizadoapós 45-50 dias pós-serviço, dependendo dacapacidade do examinador. Uma vaca somen-te deverá ser considerada gestante se pelo me-nos um dos sinais indicativos de gestação fordetectado e reconhecido. O estádio da gesta-ção pode ser estimado com base nas caracte-rísticas uterinas e fetais, com maior precisãoem sua primeira metade.

Cabe destacar que algumas evidências des-critas no item "Modificações FisiológicasObservadas na Gestação", quando considera-das isoladamente, não servem como parâme-tro para o diagnóstico de gestação. Determi-nadas situações fisiológicas, como por exem-plo a fase de puerpério precoce ou mesmo dis-túrbios reprodutivos tais como piometra, mu-mificação ou maceração fetal, proporcionamtambém um aumento de tamanho uterino.Outras características são peculiares e exclu-sivas da gestação, razão pela qual é indispen-sável fundamentar o diagnóstico consideran-do, pelo menos um dos seguintes sinais posi-tivos para gestação (Zemjanis, 1970):.Vesícula amniótica. Efeito de parede dupla. Placentônios.Feto

É importante salientar que profissionaismenos experientes devem procurar funda-mentar o diagnósticopor pelomenos dois ou

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mais desses sinais característicos, tendo assimmaior segurança. A detecção desses sinais vaidepender também da fase gestacional. Deve-se também destacar que nenhum animal deveser considerado não-gestante a menos que oexaminador provoque uma retração uterina,pela cérvice, e se certifique de que não há si-nais indicativos de gestação.

A utilização de fases gestacionais propos-tas originalmente por Grunert & Berchtold

(1988); Grunert (1993), apresentadas na ta-bela 1.1 proporcionam maior facilidade e se-gurança, não só para o estabelecimento dodiagnóstico de gestação, como também paraestimativa do período em que ela se encontra.É importante ressaltar que esses dados ser-vem apenas como parâmetro para o exami-nador. Devem ser consideradas variações in-dividuais e não existem limites rígidos entreas fases.

~ Eficiência do Método de Palpação Retal

O diagnóstico de gestação por palpaçãoretal é considerado um método eficiente e se-

guro, cuja acuidade aproxima-se de 100%,

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desde que realizado por profissional treinado(Youngquist, 1997). Erros de diagnóstico po-dem ocorrer devido a repleção vesical, con-teúdo uterino não fisiológico, pós-parto pre-

Tabelo1.1. Principoiscoractensticosqueservemdesuporteparao diagnósticodegestaçãoe estimativodopenadogestocionolembovinos.

FASE PERíODO POSIÇÃO TAMANHOFETO CARAaERíSTICAS

(meses) DOUTERO (cm)

Semsinais I Pélvico I sem sinaisevidentes

evidentes

Pequenobolso 1-11 Pélvico 3-9 iJssimetriadoscornosuterinos;(31'00 60' dia) -vesículaamniótico;

-efeitodeporededuplo;-IIutuaçãa;

-carpalúteaipsilateral.

Grandebolso 1-111 Pélvico/ 10-14 iJssimetriapronunciadodoscornosuterinos;(61' 0090') Abdominal -IIutuaçãa;

-efeitodeparededuplo;

-feto possívelde serpalpado;

Balão III-IV Pélvico/ 15o 20 -grandebalão;(91'001200) Abdominal -IIutuação;

-plocentãnios;

-feto;-frémitoarterial.

Descido IV-VI Abdominal -cérvicedistendido;

(121'001800) Ventral -plocentãnios;

-difícilpaipoçãodo feto.

Final VII-IX Abdominal -palpoçãodofeto;(181'280') Ascendente -placentônios;

-frémitoarterial.

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coce, projeções de porções do rúmen nosentido dorso ventral ou confusão devido àpalpação de ovários por placentônios. A in-cidência de perdas gestacionais principal-mente no primeiro terço gestacional é maiorque nas outras fases, e esse fato deve ser deconhecimento do proprietário. O parto po-de não ocorrer por erro de diagnóstico oupor perda/morte pré-natal. Os erros de dia-gnóstico ocorrem por falhas na interpreta-ção dos exames realizados ou devido a con-dições patológicas peculiares, no entanto,nesses últimos, os sinais positivos de gesta-ção não estão presentes. As condições pato-lógicas mais comuns são piometra, hidro-metra, doenças das novilhas brancas, linfo-ma uterino, morte fetal, mumificação e ma-ceração fetal e tumores ovarianos. A discus-são detalhada dessas patologias, no entanto,fogem ao escopo deste capítulo.

Ultra-sonografia

... Princípios Básicos da Ultra-sonografia

A ultra-sonografia ou ecografia é um mé-todo de diagnóstico para exploração de es-truturas, através da emissão de ultra-som ecaptação de ecos. Constitui-se em uma técni-ca complementar ao exame clínico e é utiliza-da para avaliação de tecidos moles em todasas espécies. É uma técnica não invasiva e nãoprovoca modificações biológicas, tanto aospacientes como ao operador. A ultra-sono-grafia permite a avaliação do tamanho, daforma, da localização e da consistência deór-gãos em funcionamento ou o monitoramen-to de suas funções. Possibilita ainda o registrode imagens para ser utilizado em atestadosou laudos clínicos. Uma das limitações da ul-tra-sonografia inclui a natureza não específi-ca de muitas alterações observadas, o que im-pede, muitas vezes, um diagnóstico preciso eimediato. Para obtenção de imagens precisas,há necessidade de uma perfeita interação en-tre o homem, a máquina e o paciente. A apli-

cação dessa técnica a partir da década de 80constituiu-se em um dos passos mais impor-tantes para o estudo e entendimento doseventos fisiológicos que ocorrem no ciclo es-traI e gestação em diversas espécies. Permiteainda maior precisão e segurança para o diag-nóstico, prognóstico e terapêutica proporcio-nando uma maior eficiência reprodutiva, prin-cipalmente em explorações intensivas. Infeliz-mente sua utilização é ainda restrita conside-rando o elevado custo de aquisição e manu-tenção do equipamento em relação ao retornoeconômico com a prestação de serviços.

O som é uma onda mecânica caracteriza-

da por compressão e rarefação, dentro de ummeio, audível pelo homem (8-20 KHz) oupel-o cão até 50 KHz. Uma onda sonora possuicomprimento, freqüência e velocidade. O com-primento é o número de ciclos que elas per-correm em um dado período de tempo, medi-do em ciclos por segundo ou Hertz. O ultra-som é caracterizado por uma onda sonoracom freqüência muitas vezes superior à queé percebida pelo ouvido humano, medida emMHz. A velocidade do som varia conforme atextura das áreas a serem examinadas mas são

muito próximas, na maioria dos tecidos mo-les, com exceção do ar, ossos e pulmões. Paraa ultra-sonografia diagnóstica, os aparelhossão programados para uma velocidade cons-tantede 1540m/seg. (Griffith, 1980).

Ondas ultra-sônicas são emitidas a umavelocidade constante até encontrarem uma su-

perfície refletora. Nessa superfície, uma pe-quena porção do som é refletida e captadapelo transdutor. O transdutor possui cristaisque têm propriedades piezelétricas, como ada transformação de um tipo de energia emoutro, como por exemplo, mecânica em elé-trica. O aparelho converte essa transforma-ção em pontos de luz em uma tela conversorade varredura. A amplitude do ponto na telaé proporcional à distância percorrida. Assim,temos reconstruída uma imagem dos tecidos

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e órgãos atingidos pelo ultra-som. As ondassonoras são atenuadas à medida que percor-rem os órgãos do animal examinado. As prin-cipais causas de atenuação são absorção, re-flexão e espalhamento. Porções de onda so-nora poderiam ser responsáveis por danosbiológicos sofridos pelo tecido examinado.No entanto, a intensidade da onda é tão baixaque a quantidade absorvida de calor é ínfima.Além disso, a posição do transdutor é muda-da constantemente e o tempo de exame nãoé suficiente para ocasionar danos aos tecidos.

Quando o som atinge uma interface, queé a linha formada entre tecidos de diferentes

impedâncias acústicas, uma porção será re-fletida com maior intensidade e a amplitudedo eco retomado será determinada pela dife-rença absoluta na impedância acústica de umtecido comparado a outro. Quanto mais se-melhantes forem as impedâncias acústicasentre os tecidos tanto menor será o eco. Esseeco retomará ao transdutor onde será trans-

formado em impulsos elétricos e finalmenteem imagens. A elasticidade dos tecidos tam-bém contribui para sua ecogenicidade. Osgases e os ossos agem como barreiras às on-das sonoras. Para ser possível examinar umlocal circundado por gás ou estruturas ósseashá necessidade de se utilizar uma janela acús-tica, ou seja um meio que não impeça a pas-sagem do eco (Nyland & Matoon, 1995).Atualmente, utiliza-se o sistema em temporeal que permite a observação de movimentona imagem, representada pela variação de tonsna escala cinza.

Diversos planos podem ser observadosmediante mudança da posição do transdutor.De acordo com a natureza e capacidade emabsorver e refletir os feixes de ultra-som os

tecidos são caracterizados na imagem geradadentro de uma escala que vai desde o pretoaté o branco com vários tons intermediários

de cinza. Existe uma terminologia própria pa-ra interpretar essas imagens que são anecói-

8

co, ecóico, hipoecóico, hiperecóico, isoecóicoe interfaces. Anecóico significa ausência deecos, transmissão completa de som aparecen-do na tela em cor preta, ecóica ou ecogênicoa presença de ecos ou a capacidade de refletiras ondas sonoras em maior ou menor intensi-

dade aparecendo na tela diversos tons de cin-za. Hiperecóico representa estruturas brilhan-tes, altamente reflexivas predominando obranco e hipoecóico, ecos esparsos, reflexãointermediária. Aspecto isoecóico é traduzidopor estruturas com a mesma ecotextura ouecogenicidade. Os artefatos são estruturas queaparecem na imagem por interações ecográ-ficas, erros técnicos, interferências ou ruídoseletrônicos como, por exemplo, sombra acús-tica, reverberação e reforço posterior, cujo co-nhecimento evitará falsas interpretações.

Os equipamentos de ultra-sonografia sãofundamentalmente constituídos por um con-sole, que possui uma fonte de energia e servepara recebimento, amplificação e conversãode sinais em imagens; por um teclado alfanumérico e outro de funções; transdutor,constituído por cristais de quartzo turmalina,zirconato de chumbo e titanato de bário co-nectados ao console através de um cabo e

impressora ou vídeo para documentação deimagens. Para revisão ver Fritsch & Gerwing(1996) e Nyland & Matton (1995).

~ Condições para Diagnóstico Ecográficode Gestação

Para realização do diagnóstico ecográficode gestação, a fêmea deve ficar contida de talmaneira que ofereça segurança tanto para oexaminador como para o equipamento. Oequipamento de ultra-sonografia deverá ficarposicionado em plano elevado, permitindo fá-cilvisualização da tela em ambiente de poucaluminosidade, protegido de chuva e poeira.Os transdutores, para uso retal, possuem ge-ralmente uma freqüência de 5- 7,5 MHz e de-verão ser recobertos com plástico descartá-

'--

Page 14: Reprodução Animal

vel.A utilização de gel entre o transdutor eessaproteção permitirá uma imagem de me-lhor qualidade.

.,. Técnica de Ultra-sonografia

O diagnóstico gestacionaI, por ultra-sono-grafia, na vaca, pode proporcionar o ganho detempo correspondente ao de um ciclo estralem relação ao que é utilizado por palpaçãoretal (Chaffauxetal., 1988; Neves, 1991; San-tos, 1993; Santos & Neves, 1994). Além dis-so, permite que o desenvolvimento embrio-nário seja monitorado, com total inocuidade

para o feto e para a gestante (Kastelic et al.,1991; Kãhn, 1990; Totey et a!, 1991). A vesí-cula embrionária pode ser detectada entre os17-19 dias após o serviço e caracteriza-se poruma área não ecogênica e esférica no lúmenuterino, geralmente ipsi-Iateral ao corpo lúteo,próximo à junção útero tubárica. O embriãopoderá ser detectado a partir do 23° dia pós-serviço, caracterizando-se como uma estru-tura de ecogenicidade média no interior davesícula embrionária, que é anecóica. A tabe-la 1.2 e a figura 1.1 (Santos, 1993) servemde subsídio para o diagnóstico e estimativa do

A B

c D E

Figura 1.1. Imagens ecográficas da gestação na vaca. As setas indicam embrião aos 18 (AIe 24 dias (S), membranaamniótica no 31 ° dia (CI membros anteriores e posteriores no 33° dia (DI e coluna vertebral no 41 ° dia (E).

9

Page 15: Reprodução Animal

período da gestação. O primeiro órgão a seridentificado é o coração caracterizado comouma estrutura ora não ecogênica, ora compouca ecogenicidade. A freqüência cardíacaé de 184 a 188 batimentos por minuto. Oâmnio poderá ser visualizado dos 25 aos 30dias de gestação (Curran et al., 1986ab; Fis-sore et al., 1986; Toteyet al., 1991). Os mem-bros são detectáveis aos 32 dias; a colunavertebral aos 40 dias e os movimentos fetais

são percebíveis aos 45 dias. Do dia 23 ao 50a vesícula embrionária cresce em diâmetro narazão de 1,38 mm/dia e o embrião aumentaseu comprimento em 1,15 mm/ dia, confor-me Santos & Neves, 1994. O diagnósticorealizado antes do 22° dia de gestação atra-vés da presença de fluídos uterinos não é se-guro considerando que a detecção do con-cepto nem sempre é viável. Isso depende tam-bém da resolução do equipamento, freqüên-cia do transdutor e habilidade do examina-

dor, podendo ser também mascarado pelapresença de fluídos uterinos fisiológicos. Por-tanto, o período mais conveniente e seguro éa partir dos 25 dias pós-serviço. Uma práticarecente que tem sido utilizada em vacas lei-teiras e receptoras de embriões é a determi-nação do sexo fetal. Fundamenta-se na ob-servação do tubérculo genital, escroto e glân-

Tabelo 1.2. Característicos gestacianais que servem de parômetro paro

diagnóstico nos fases iniciais de gestação através do ultra-

sonogrofia.

CARAaERíSTICASGESTAClONAIS DIASPÓS-SERVIÇO-13-1920-2424-2730-3228-34

4042-5051-5533-38

60

Vesículo embrionário

Embrião

BoIimentos cardíacos

Âmnio

Membros

Coluna vertebral

Movimentos fetois

Costelas

Plocentônios junto 00 embrião

Plocentônios em todo o útero

10

dula mamária a partir dos 50 dias de gestação(Curran et al.,1989).

Eficiênciado Método de DiagnósticoEcográficode Gestação

A eficiência do diagnóstico ecográfico degestação depende do equipamento, habilida-de do examinador e período gestacional. Exa-mes realizados antes dos 25 dias estão mais

susceptíveisa erros (50%) em relação aos reali-zados posteriormente, quando o embrião eos batimentos cardíacos possibilitam um diag-nóstico mais consistente (Kastelic et aI.,

1989). A localização pélvica dos órgãos ge-nitais permite um diagnóstico mais seguro emrelação a animais cujos genitais localizam-seno abdômen. Assim, o período mais indicadopara a realização do diagnóstico por ultra-so-nografia vai do dia 25 até quando for possí-vel uma avaliação segura por palpação retal.

A crescente utilização da ultra-sonografiatem proporcionado um salto de qualidade naassistência veterinária em algumas regiões doPaís no âmbito da reprodução animal. As fa-lhas na concepção e morte embrionáriaprecoce podem ter seus efeitos minimizadosmediante uma maior precisão e rapidez diag-nóstica. Novas biotecnologias como induçãoe sincronização do estro, transferência e pro-dução de embriões in vitro têm sido otimi-zados. Considerando ainda que a média dosíndices reprodutivos brasileiros, mesmo comtodos os avanços tecnológicos, apresentempoucos sinais de progresso, as utilizações detécnicas de diagnóstico mais precisas podemcontribuir substancialmente para a reversãodesse quadro. Para isso, as instituições de en-sino, cooperativas, núcleos de criadores, pro-fissionais liberais e entidades afins devem

avaliar o potencial incremento que poderá sergerado na produtividade com a adoção des-sa tecnologia.

Page 16: Reprodução Animal

DosagemHormonal

.. Progesterona

A progesterona é secretada pelo corpo lú-teo no decorrer da gestação. Nas vacas nãogestantes ocorre uma queda brusca em tor-no do 17° dia do ciclo. Portanto, a determi-

nação dos teores de progesterona no soro eleite entre os dias 21 a 24, pós-serviço, per-mite avaliar a existência ou não de uma fun-

ção lútea indicativa de gestação. Testes de ra-dioimunoensaio e ELISA têm sido utilizados

comercialmente para aplicação em diagnós-tico precoce de gestação nos bovinos. Vacasgestantes apresentam níveis de progestero-na semelhantes ao de uma vaca na fase lútea.

Ao contrário, se a concentração de progeste-rona nos dias 21 a 24 for baixa significará quea vaca não está gestando.

A eficiência do método é estimada em 75

a 85% para detecção de gestação e de 100%para detecção das não gestantes. Resultadosfalso-positivos ocorrem devido a erros deidentificação de amostras, variações indivi-duais na duração do ciclo, anormalidadesovarianas (cistos) ou uterinas e morte embrio-nária. Na verdade, a determinação da proges-terona nesse período indica unicamente a pre-sença ou não do corpo lúteo o que pode estarou não associado com uma gestação. Consi-derando a baixa eficiência do método e o custo

relativamente alto, em relação aos demais, adosagem de progesterona não se tornou umprocedimento usual em nosso meio.

.. Estrógenos

O sulfato de estrona, produzido pela pla-centa das vacas em concentrações suficien-tes para um diagnóstico de gestação, ocorrea partir dos 100 dias de gestação. Em com-paração com outros métodos existentes, adeterminação de estrógenos deixa de ser umaopção viável, considerando o período gesta-cional em que poderá ser utilizado.

... Hormônio lactogênio PlacentárioBovino

Em virtude da sua detecção somente serpossível a partir do 110° de gestação na gran-de maioria das vacas, o seu uso não é indica-do para o diagnóstico de gestação na espéciebovina.

... Proteína específica da gestação B

A mensuração das concentrações da PSPB,através de radioimunoensaio, pode ser utili-zada para o diagnóstico de gestação a partirdo 28° de gestação em bovinos. O risco deerro no diagnósticoé de no máximo10%.

... Proteínas associadas à gestação (PAGj

A utilização da dosagem de PAG comométodo de diagnóstico de gestação em bovi-nos é recomendada, somente, após os 34 diasde gestação (Zoli et al., 1992). Além dos altosíndices de precisão da técnica, descritos entre87 e 98%, a PAG conserva-se em níveis de-tectáveis por até 10 dias após a colheita desangue, mesmo em temperatura ambienteelevada (Skinner et aI., 1996). Considerandoas vantagens de precocidade e precisões dométodo existem perspectivas de uma efetivautilização desta técnica no futuro.

Considerações Finais

É indiscutível a importância do diagnósti-co de gestação em qualquer tipo de explora-ção bovina. O método mais utilizado e mun-dialmente consagrado é apalpação retal pelasua praticidade, eficiência e baixo custo. Emfêmeas de maior valor comercial, principal-mente vacas de leite ou plantéis de corte, écrescente a utilização da ultra-sonografia.Isso se deve a possibilidade de um diagnosti-co mais precoce, preciso e passível de ser do-cumentado. Assim, pode-se otimizar a efi-ciência reprodutiva através de novo serviçodiminuindo dessa forma o intervalo entre

11

Page 17: Reprodução Animal

partos. A baixa eficiência, custo relativamen-te elevado e pouca praticidade das dosagenshormonais fazem dessa opção a menos utili-zada em nosso meio. Deve-se destacar que adeterminação de PAG pela sua precisão e pe-ríodo de determinação constitui-se numa pos-sibilidade de diagnóstico. Sua utilização co-mercial vai depender fundamentalmente docusto e agilidade para retorno do diagnóstico.

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13

Page 19: Reprodução Animal

Capítulo 2

Diagnóstico de Gestação em Caprinos

VicenteJosé de Figueirêdo Freitas, Auríno Alves Simplício

Bases FisiológicasQuando ocorre um ciclo estral normal na

cabra, esse é geralmente associado a uma oumais ovulações que ocorrem 30 a 36 horasapós o início do estro. O corpo lúteo formado

após a luteinização do folículo ovulatório se-creta uma elevada quantidade de progestero-na que será responsável pela manutenção daposterior gestação, caso ocorra a fecundação(Figura 2.1). O embrião resultante da fecun-

CicloGestação

5 7 9 11 13 15 17 1921 2325272931 33 35 37 3941

Dns

Figura2.1. Curva de progesterona plasmática em uma cabra cíclica e, em seguida, gestante (Adaptado de Chemineauetal.1991).

15

14

12

10

]' 8bb5

6,::l.,

4

2

O1 3t

Estro

Page 20: Reprodução Animal

dação começa a implantar-se no 149dia dociclo quando a vesícula coriônica está desen-volvida suficientemente para entrar em con-tato estreito com o epitélio uterino. No mo-mento da implantação (entre o 149e o 17Qdiapós-estro), o embrião desenvolve, juntamen-te com o útero, uma placenta do tipo cotile-donária. Todas as trocas serão feitas através

dessa placenta, na qual a fixação embrionáriaocorre em um número restrito de regiões ar-redondadas ou ovais, onde uma camada devilosidades sai do cório fetal e agregam-seem uma saliência da mucosa uterina deno-minada carúncula (Oeriveaux et aI., 1988).Do lado materno, o corpo lúteo continua asecretar progesterona até o parto. Na cabra,a destruição química ou física do corpo lúteo,em qualquer momento da gestação, provo-ca o aborto.

A duração da gestação em caprinos estáentre 144 e 152 dias (lshwar, 1995). No en-tanto, em cabras nativas do Nordeste do Bra-sil (Moxotó, Canindé, Marota e Repartida),uma duração de 137 dias é considerada nor-mal. A duração da gestação é também geral-mente ligada ao número de fetos, pois as fê-meas gestantes de vários fetos têm uma dura-ção mais curta que aquelas com um únicofeto. A duração da gestação é também deter-minada pelo peso dos fetos, onde cabras ges-tantes de fetos mais pesados têm uma gesta-ção mais curta (Martal & Charlier, 1985).

IntroduçãoEm regime de manejo extensivo, onde

machos e fêmeas são exploradosjuntos du-rante todo o ciclode produção, a realizaçãodo diagnósticoprecocede gestação apresen-ta poucasvantagenspara o sistemade produ-ção, desde que se trabalhe com matrizes ereprodutores de fertilidadecomprovada.Ge-ralmente, nesse tipo de manejo, o custo demanutenção de algumas cabras não gestan-tes é substancialmente menor que o preço

16

dos exames de gestação em todo o rebanho.Por outro lado, o diagnóstico precoce de ges-tação em caprinos, como em outras espéciesdomésticas, tornou-se uma necessidade emregimes de manejo semi-intensivo e intensivodentro de sistemas de exploração produtivos.A prática do repasse mediante o uso de rufiãoe o não retorno ao estro não são métodos

eficazes de diagnóstico de gestação, servindoapenas como elementos auxiliares. Ainda, emcaprinos, não é possível proceder apalpaçãodo sistema genital através do reto objetivandoo diagnóstico de gestação, a exemplo do queé feito na égua e na vaca. Em adição, condi-ções patológicas do útero e dos ovários sãocausas de anestro na cabra, dificultando, des-ta forma, um diagnóstico de gestação basea-do no não retorno ao estro. A incapacidadede proceder-se o diagnóstico precoce de ges-tação na cabra pode resultar em perdas eco-nômicas significativas, quer em sistema deprodução de leite quer de carne, devido aoaumento no intervalo entre partos (Freitas& Simplício, 1999).

Vários métodos para diagnóstico precocede gestação em caprinos têm sido descritos;todavia, a grande maioria deles depende demão-de-obra qualificada e do uso de equipa-mentos sofisticados e, por conseqüência, deelevado custo. Como exemplos destes méto-dos, pode-se citar: biópsia vaginal, radiogra-fia, laparotomia, laparoscopia, dosagem hor-monal, métodos ultra-sônicos, determinaçãodo antígeno específico da gestação e outrosmétodos que não podem ser consideradosprecoces, como por exemplo a palpação ab-dominal. A escolha do método dependerá,dentre outros fatores, da disponibilidade delaboratório, equipamentos e mão-de-obraqualificada, idade provável da gestação, custooperacional e eficácia desejada. Neste capítu-lo, são descritos os métodos de diagnósticode gestação disponíveis e mais freqüentementeusados na espécie caprina.

Page 21: Reprodução Animal

Métodos Ultra-sônicos

O ultra-som é refletido de tecidos móveis,em suaves mudanças de freqüência, o que oqualifica como um instrumento importantepara exames de tecidos pela sua segurança pa-ra o operador e o paciente (Bishop, 1966).Em adição, técnicas ultra-sônicas têm sidousadas para examinar estruturas sub-superfi-ciais em tecidos vivos pelo uso de scan-A edo efeito Doppler.

A gestação na cabra pode ser diagnostica-da por um dos três métodos ultra-sonográfi-cos a seguir enumerados: o scan-A (amplitu-de do eco-tempo), o efeito Doppler (registrode movimentos) e o scan-B (tempo real). To-dos eles podem ser usados em condições decampo. A precisão do diagnóstico, o tempodespendido para a realização do exame e aacurácia na determinação do número de fe-tos e sua idade variam entre as três técnicas

e dependem da sensibilidade do equipamentousado, além da qualificação e experiência doprofissional. Entretanto, independente dométodo a ser usado deve-se atentar para osseguintes pontos:

A

.proceder a jejum hídrico e alimentarde, pelo menos, 12 horas;.o exame cutâneo deve ser priorizadoa menos que um diagnóstico precoceseja essencial;.o diagnóstico transabdominal, feito en-tre o 252 e o 352 dia pós-cobrição ou in-seminação artificial, propicia boa acu-rácia desde que conduzido com trans-dutor de 5 MHz e com a cabra em po-sição de estação.

~ Técnica Ultra-sônica- $can-A

O princípiodo ultra-som, considerando aamplitude do eco x tempo, é baseado na de-tecção da faixa fluida presente no útero. A uni-dade scan-Aemite ondas ultra-sônicas a partirde um transdutor manual colocado externa-

mente contra a pele do abdômen e em direçãoao útero (Figura 2.2). As ondas ultra-sônicassão refletidas entre os diferentes tecidos parao transdutor e convertidas em energia elétricana forma de sinais audíveis ou visuais. A uni-

dade é sensível a uma profundidade de 10 a20 cm. Um sinal sonoro ou luminoso é emiti-

Figura 2.2. Locale ângulo de aplicaçâo do módulo transreceptor do aparelho, em vista póstero-anterior (AI e lateraldireita (8)

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do pela unidade quando uma faixa de estru-tura fluida é registrada. O ultra-som scan-Aé considerado um método de gestação satis-fatório em caprinos com idade fetal entre50 a 120 dias conforme descrito por Wani(1981). Contudo, Haibel (1990) descreveuma acurácia de, no mínimo, 95% quando odiagnóstico é feito entre 60 e 80 dias após acobrição ou inseminação artificial. É impor-tante considerar que a bexiga urinária repleta,a hidrometra e a piometra podem levar a resul-tados falsos positivos. Por outro lado, resulta-do falso negativo pode ocorrer no início oufinal da gestação, devido à reduzida quantida-de de fluido uterino em relação ao volume detecido feta!. A viabilidade fetal e o número

de fetos não são detectáveis por esse método.Ressalta-se que a técnica pode ser muito útilem áreas onde a eletricidade não é disponível.

~ EfeitoDoppler

O princípio envolvido no efeito Dopplerpara a confirmação diagnóstica de gestaçãoé o registro de movimentos como um indica-dor da gestação tais como: a pulsação san-guínea, o batimento cardíaco e os movimen-tos fetais. A técnica foi pela primeira vez usa-da por Callahan et aI. (1964) para diagnósti-co de gestação na espécie humana.

Doppler Cutâneo

Semelhantemente ao scan-A o transdutor

deve ser posicionado no flanco direito, cra-nialmente e ligeiramente ao lado do úbere,com a cabra em posição de estação. Os pelosda área devem ser, preferencialmente, retira-dos objetivando favorecer um melhor conta-to. Agentes de ligação, tais como gel para ul-tra-som ou óleo vegetal, devem ser aplicadosno transdutor para eliminar espaços vaziosentre a pele e a parte correspondente à cabe-ça do transdutor. A acurácia da técnica é de,aproximadamente, 100% durante a segundametade da gestação (Ishwar, 1995). Contudo,

18

essa técnica apresenta uma eficiênciamuitobaixa durante o primeiro terço da gestação(Lindahl, 1969).

Doppler Retal

A técnica Doppler retal é superior à cutâ-nea no diagnóstico de gestação, pois a viabi-lidade fetal pode ser avaliada. Entretanto, aacurácia do diagnóstico diferencial entre agestação, simples e múltipla, não é elevada.Por outro lado, a técnica Doppler retal podeser utilizada mais precocemente para o diag-nóstico de gestação quando comparada àtécnica de ultra-som scan-A (lshwar, 1995).

~ Técnica Ultra-sônica- Scan-BAté recentemente não existia uma técnica

que permitisse determinar satisfatoriamenteo número de fetos na espécie caprina. O ul-tra-som scan-B foi desenvolvido na Austrália

e oferece acurácia, rapidez, segurança e pra-ticidade para diagnosticar a gestação e de-terminar o número de fetos. O método pro-duz uma imagem bidimensional e móvel doútero, fluidos fetais, feto, batimento cardíacofetal e dos placentomas, a qual pode ser foto-grafada. O exame pode ser realizado sob a luzsolar ou sob uma luz tênue permitindo umavisibilidade ótima (lshwar, 1995). A cabradeve estar em posição de estação e a partecorrespondente à cabeça do transdutor é co-locada contra a pele, após a tricotomia naregião inguinal cruzando o abdômen cranial-mente. A melhor acurácia é alcançada quan-do o exame é feito entre 40 e 75 dias após acobrição ou inseminação artificial. Neste pe-ríodo, o útero gestante, que se encontra emdistensão, ocupa principalmente o lado direi-to do abdômen. O método, quando usado porvia trans-abdominal, permite uma boa acu-rácia a partir do 50Qdia após a cobrição ouinseminação artificial. No entanto, Haibel(1990) demonstrou que o diagnóstico de ges-tação é possível entre o 25Qe o 30Qdia após

Page 23: Reprodução Animal

a cobrição ou inseminação artificial, desdeque se use a via transreta1. Para tanto, o retodeve ser esvaziado reduzindo-se a possibi-lidade das fezes envolverem o transdutor difi-

cultando, por conseguinte, o contato destecom a parede do reto e levando a obtençãode uma imagem de má qualidade. Otransdu-tor deve ser lubrificado e colocado no retomediante movimentos delicados e rotativos.O feto e o seu batimento cardíaco são, geral-mente, perceptíveis a partir do 25Qdia de ges-tação. A viabilidade fetal pode ser avaliadapelo registro dos movimentos e batimentoscardíacos fetais. Os placentomas podem servisualizados a partir do 26Qdia da gestação.

A possibilidade e a acurácia da determi-nação do número de fetos com o uso da ultra-sonografia em tempo real é uma vantagem so-bre as demais técnicas ultra-sônicas. O perío-do mais seguro para contagem dos fetos é en-tre 45 e 90 dias de gestação, uma vez que apartir dos 90 dias os fetos estarão muito de-senvolvidos para serem diferenciados um dosoutros (Dawsonetal., 1994). Umaoutravan-tagem do ultra-som em tempo real é que essepermite diferenciar com segurança a gesta-

ção da hidrometra, da piometra e da mumifi-cação feta! (Haibel, 1990). Nos dois primeiroscasos, os placentomas estão ausentes e o úteroaparece distendido com um fluido ecogênicona hidrometra (Figura 2.3), além de um flui-do cinza-esbranquiçado na piometra. A mu-mificação fetal é caracterizada pela ausênciade fluido e a presença de uma imagem densa,hiperecogênica. A idade fetal pode ser deter-minada entre 40 e 100 dias de gestação pelamensuração da largura da cabeça, o que tornaa técnica valiosa na predição do provável pe-ríodo do parto quando a data da cobrição ouinseminação artificial não é conhecida (Daw-son et aI., 1994).

A ultra-sonografia em tempo real para odiagnóstico de gestação na espécie caprinapode ser fácil e rapidamente dominada, per-mitindo que um profissional qualificado ecom boa experiência obtenha uma acuráciano diagnóstico da ordem de 90% a 100%. Odiagnóstico falso positivo é raro e pode serdevido à morte embrionária precoce comabsorção fetal, aborto não observado ou errono registro da bexiga como se fosse o útero(Bruckell, 1988). O diagnóstico falso negati-

Figura 2.3. Imagens de gestação (A)e hidrometra (8) obtidas através do método de ultra-som scan-8.

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