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República no Brasil
Os movimentos sociais e a agitação política da massa frente ao descaso
do governo
Aulas 4, 5 e 6 de 8 aulas
Objetivos
• Estudar os principais movimentos sociais da Primeira República: Cangaço, Contestado, Mov. Operário, Revolta da Vacina e Revolta da Chibata
• Discutir a situação das populações pobres urbanas e rurais do Brasil e entender o porquê das organizações sociais populares.
• Refletir sobre a relação entre os governantes e as populações pobres no Brasil.
Movimentos sociais na Rep. Velha
• Vimos nas aulas anteriores que o movimento republicano no Brasil foi comandado pelas elites. E a população, como reagiu diante do desenvolvimento do sistema republicano?
• Apesar de não participar da formação da República, houve movimentos sociais em várias partes do Brasil:– Lutavam contra o descaso das autoridades para com o povo. A
República Oligárquica não se interessava pelos pobres do Brasil.
A religiosidade popular: esperança para um povo sem governo
• Durante a Primeira República, as populações pobres viviam em uma situação de abandono. – Sofriam com o problema da falta de terra. A concentração de
terra nas mãos de poucos (latifúndio) deixava as populações pobres do interior do país a mercê dos grandes fazendeiros.
• As populações do interior do Brasil, ignoradas pelas autoridades, buscam conforto na religiosidade:– Catolicismo popular (mistura de catolicismo com crenças
populares)– Pregação dos beatos ou conselheiros (líderes religiosos sem
ligação com a Igreja Católica)
Antônio Conselheiro: o beato que ameaçou a ordem republicana
• Antônio Vicente Mendes Maciel era um beato (conselheiro) que percorreu o sertão nordestino fazendo suas pregações religiosas. Era monarquista e messiânico.
• Por onde passava, construía igrejas, capelas e cemitérios.
• Suas pregações atraíram uma multidão de seguidores que, sem outra fonte de amparo e proteção, encontraram conforto nas palavras do conselheiro.
O arraial de Canudos: uma ameaça à ordem elitista
• Em 1893, na fazenda de Canudos, interior da Bahia, conselheiro e seus seguidores se estabeleceram, formando o arraial do Belo Monte.
• Aproximadamente 30 mil pessoas moravam no arraial. Era uma comunidade baseada nas ideias do catolicismo e na cooperação:– Cada família tinha uma roça– A produção de todos era dividida igualmente– A terra era de todos– Não havia diferenças sociais entre as pessoas
Localização de Canudos
A guerra de Canudos: a elite local não quer o “mal exemplo”
• As autoridades republicanas consideravam canudos um exemplo perigoso de organização popular.
• Para evitar que o exemplo se espalhasse, a oligarquia e o clero locais pediram ajudas ao governo baiano.
• Eles mandam uma primeira expedição militar para acabar com o arraial em 1896, que fracassou.
A guerra de Canudos: o arraial se transforma em problema nacional
• Depois da derrota, o governo da Bahia pede ajuda ao governo central.
• Duas expedições do exército são mandadas para acabar com Canudos. Ambas fracassam.– A derrota das tropas do governo fazem o Brasil voltar suas atenções
para o povo de Antônio Conselheiro. Latifundiários, clérigos e autoridades queriam o fim do arraial.
• Em 1897 é mandada uma nova expedição com 6 mil soldados comandada pelo gal. Artur Costa. Depois de um mês e meio de batalhas, Canudos foi vencida.
Para Refletir
• Leitura do Livro Didático, páginas 638 e 639
• Exibição do vídeo “Guerra de Canudos, Segredos do Sertão” exibido pelo Jornal da Record.– http://www.youtube.com/watch?v=uQdrihhoZtc
Lição de Casa
• Leitura da seção “Recortes da História” p. 637 do L.D.
• Leitura da seção “Recortes da História – As opiniões de Conselheiro” p. 638 do L.D.
• Questão 3 do C.A., p. 147.
• Leitura do conto semanal da revista Fon-Fon denominado “O Padre Cangaceiro” (folheto distribuído em sala)
Para refletir: cangaço
• O que você sabe sobre o cangaço?
• Como as condições sociais foram descritas no conto “O padre cangaceiro” lido na lição de casa?
• Como os governantes tratavam os sertanejos nordestinos?
• Por que o sertanejo recorria ao cangaço?
Cangaço: banditismo como questão de classe
• O cangaço surgiu no Brasil no final do séc. XVIII, do conflito de famílias pela disputa de poder e terras.
• No final do séc. XIX os grupos se tornaram independentes dos poderosos. Passaram a lutar contra a miséria vivida pelos sertanejos.– Má distribuição de terras– Fome e seca
• Atuaram no Brasil de 1880 a 1930.
Lampião: o cangaceiro famoso
• Bando do cangaço mais famoso foi o de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
• Quando jovem, a família foi expulsa das terras no Pernambuco. Lampião, revoltado, cria seu grupo de cangaceiros.
• O bando agiu de 1920 a 1938, até ser capturado e seus membros mortos pela força volante (policial).
A guerra do Contestado: o povo quer terras
• Em 1911 a população instalou-se na divisa de SC com o PR, criando grandes acampamentos.
• Estabeleceu-se uma sociedade igualitária baseada no cristianismo, sob liderança de Miguel Lucena Boaventura, chamado de monge José Maria (um beato, ou conselheiro).
Localização dos acampamentos
A reação do governo: mais um mal exemplo a ser destruído
• Tropas do exército são enviadas para o local para acabar com os acampamentos.
• O líder morre nas primeiras batalhas, mas os acampados resistem até 1915, quando as tropas destruíram os acampamentos.
• Foram necessários 7 mil homens do exército para vencer a organização popular.
Lição de Casa
• Questões 3b e 4 do C.A. (p. 147 - 148)
• Leitura do subtítulo “A Guerra do Contestado” (p. 649 – 650 do L.D.)
• Leitura do subtítulo “O período Rodrigues Alves (1902 - 1906) e os movimentos urbanos (p. 643 – 644 do L.D.)
Movimento sociais urbanos: o povo na luta por direitos
• A virada do sec. XIX para o séc. XX é marcada pela urbanização do país (Rio de Janeiro e São Paulo).
• Surgem as primeiras fábricas, e com ela os primeiros trabalhadores fabris (operários).
• Péssimas condições de trabalho nas fábricas:– Longas jornadas de trabalho (chegavam a 16 horas/dia)– Condições insalubres, sem higiene ou proteção– Trabalhadores sem nenhum direito ou garantia– Trabalho infantil
Do descontentamento à ação: trabalhadores organizados
• Muitos dos trabalhadores fabris eram estrangeiros. Com eles, chegam as ideias de esquerda:– Anarquismo (chega primeiro, com espanhóis e italianos)– Anarco-sindicalismo (o núcleo de organização era o sindicato)– Comunismo (chega na década de 1920)
• Com essas ideias, os operários se organizam na luta contra a exploração dos patrões:– Criam sindicatos e ligas operárias– Organizam a imprensa operária (jornais)– Fazem comícios, passeatas e piqueniques.
Greve: instrumento de luta dos trabalhadores
• O principal meio de reivindicação era a greve. Na época, as principais reivindicações dos trabalhadores eram:– Melhoria salarial– Jornada de oito horas– Reconhecimento de direitos trabalhistas e sindicais– Legislação previdenciária
• Na primeira república, houve greves importantes em 1907 (primeira greve geral), 1917 e na década de 1920.
Greve geral de 1917: a maior mobilização dos trabalhadores na República
• Péssimas condições de trabalho geravam pequenas greves desde 1915.
• Em 1917 os anarco-sindicalistas organizam uma greve no cotonifício Crespi, na capital paulista.
• Em solidariedade, trabalhadores de todo o estado e de outras partes do país param.
• A polícia, como era de costume, usa de violência para conter a greve em SP. O sapateiro José Martinez é morto.
• Seu enterro torna-se uma grande manifestação e um campo de batalha entre policiais e grevistas.
• Após os confrontos, os patrões aceitam algumas exigências, como o aumento salarial, e prometem atender paulatinamente as outras reivindicações.
• A greve acaba, mas depois os patrões traem os trabalhadores e não cumprem o prometido.
Revolta da Vacina: a população urbana também se revolta
• Nos fins do séc. XIX e início do XX o Rio de Janeiro era uma cidade desordenada:– População vivendo nos antigos casarões (cortiços)– Sem saneamento básico– Epidemias de varíola e febre amarela constantes
• Em 1902 o prefeito Pereira Passos faz uma reforma urbana na cidade:– Derruba os velhos casarões– Constrói largas avenidas
• O povo é expulso do centro. Começa o processo de favelização do Rio.
O combate às epidemias e as revoltas
• A reforma urbana é acompanhada do esforço pelo combate às epidemias. O médico Oswaldo Cruz é o líder.
• Não houve programas de conscientização popular. A vacinação e inspeções sanitárias eram feitas a força.
• O povo reage e em 1904 surge uma grande revolta.
• O governo reage com violência, muitos mortos e deportados para o Acre. Mas as epidemias diminuem consideravelmente.
Revolta da Chibata: até as forças armada se rebelaram
• Salários baixos, comida ruim, trabalho pesado, castigos físicos. Esse era o retrato da Marinha no começo do séc. XX.
• Nessas condições os marinheiros dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo se revoltaram. João Candido, o “almirante negro” era seu líder.
• Os revoltosos tomaram os navios e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro.
A reação do governo: mentiras e violência
• O governo, sob ameaça, cede à pressão e aceita as reivindicações dos revoltosos. Mas, assim que a revolta cessa, as autoridades voltam atrás.
• Marinheiros são expulsos da corporação. Os fuzileiros navais se revoltam em solidariedade aos marinheiros.
• O governo reage com violência. Prende e executa muitos revoltosos. Outros são deportados para Amazônia.
• João Cândido é preso e levado para um hospital psiquiátrico. Em 1914 ele é anistiado. Morre anônimo e na miséria.
Lição de Casa
• Leitura do texto: “A revolta da chibata – 1910 (p. 648 – 649 do L.D.)
• Leitura do texto “as cidades e sua gente na República Oligárquica” (p. 654 – 658 do L.D.)
• Questões 5 e 6 do C.A. (p. 148 - 150)