República Velha
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LIS MENDES
República Velha
“O POVO ASSISTIU BESTIALIZADO A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA”
Passividade, ausência de participação popular.
Descrença: consciência popular que o Estado consiste em um instrumento da elite econômica, indiferente se República ou Monarquia.
Oligarquia agrária, militares e profissionais liberais expoentes no Partido Republicano garantiram o monopólio da condução do processo da Proclamação da República com o intuito de evitar riscos de radicalismos.
1889-1891: Governo Provisório
Militares assumiram o comando do país e ali permaneceram até 1894 – Governo provisório: Marechal Deodoro da Fonseca.
Principais medidas administrativas:
Banimento da Família Real . Fechamento do Congresso Imperial e convocação de uma
Assembléia Constituinte. Separação entre Igreja e Estado (fim do Padroado e
afirmação efetiva do Estado laico), criação do Registro Civil , do Atestado de Óbito e instituição do cemitério público, obrigatoriedade do casamento civil .
Grande naturalização.
Encilhamento
Rui Barbosa (Ministro da Fazenda): reforma financeira
Proposta de modernização do capitalismo brasileiro com incentivo à industrialização.
Política emissionista e de facilitação de créditos.
Milhares de pessoas obtêm empréstimos com o governo e desviam o dinheiro não aplicando na produção como era o exigido.
Facilidade de créditos = desenfreada especulação com papéis e ações de novas empresas fantasmas.
Especulação = encilhamento: Bolsa de Valores, devido à euforia, lembrava o local de aposta no jóquei, quando os cavalos eram preparados para um páreo.
Oposição da elite agrária, do grupo “comércio importador” e dos grupos financeiros internacionais.
Provocou uma violenta inflação, o aumento da dívida externa e retração dos investidores e credores internacionais.
Constituição de 1891
Promulgada. Estados autônomos = Federalismo Divisão de Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Presidencialismo: presidente poderia intervir nos
Estados, escolher e dirigir o seu ministério. Sufrágio universal masculino, voto aberto (não secreto)
para maiores de 21 anos, com exceção de analfabetos, mendigos e soldados.
Determinou a igualdade perante a lei. Reconhecido o direito a liberdade, a propriedade e a
segurança individual. Garantida oficialmente a liberdade de culto.
Coronelismo
Forma de domínio político que predominou no meio rural brasileiro - termo originado do título de Coronel da Guarda Nacional concedido principalmente à elite agrária,
Coronel concentrava poder econômico do latifúndio + poder político do voto censitário no Império e do “cabresto” na República Velha + poder militar local.
Mandatários locais através do Clientelismo, do personalismo político, da fraude (não existia justiça eleitoral - fiscalização promovida pela câmara municipal) e da miséria mantida da massa populacional.
Manutenção de currais eleitorais = sustentam estrutura viciada e excludente do Estado oligárquico.
Coronelismo impediu uma efetiva mudança econômica, social ou política.
1891-94: Consolidação da República
Constituição: eleição indireta de Deodoro da Fonseca e o vice da chapa concorrente Marechal Floriano Peixoto
Executivo X Legislativo: Marechal Deodoro governou com minoria parlamentar – legislativo dominado pelas oligarquias estaduais que buscavam afirmar um federalismo exacerbado.
Impasses políticos = Deodoro tenta dissolver o Congresso – golpe de Estado que fortaleceu a oposição (civis e militares) - I Revolta da Armada.
Renúncia do presidente
1891-1894: Marechal Floriano Peixoto
Deodoro não completou dois anos de presidência –
necessidades de novas eleições
Recusa de Floriano e permanência na presidência.
Oligarquia agrária aceita a imposição = vigilância através do legislativo e da ação federalista
Floriano Peixoto: apoio do Exército + simpatia de parte da classe média e popular – perfil personalista e autoritário – Marechal de Ferro.
2ª Revolta da Armada (1893): Levante militar liderado por oficiais da marinha exigindo a imediata convocação de eleições.
Revolução Federalista
1893, Rio Grande do Sul
Confronto armado entre o Partido Republicano Gaúcho (Pica-Paus) de Júlio de Castilhos X Partido Federalista (Maragatos0 de Silveira Martins.
Disputa pelo controle político do Estado acirrada com a mudança para o regime republicano.
Maragatos tentam manter seu domínio sobre o Rio Grande e são contestados, com o apoio de Floriano, pelos Pica-Paus que ascendem em torno da figura autoritária de Júlio de Castilhos.
Resultou em mais de 10.000 mortos.
Tentativa de aliança entre a Armada rebelde e Maragatos para fortalecer a oposição ao governo federal e garantir o êxito dessas revoltas.
1894-1922: República Oligárquica
Coronelismo.
Política dos Governadores
Política do Café-com-Leite
Voto de Cabresto
Momentos de crise da Política dos Governadores.
Campanha Civilista de 1910
• Rui Barbosa X Marechal Hermes da Fonseca• Vitória de Hermes da Fonseca graças ao
restabelecimento no meio da campanha do acordo do Café com Leite.
• Política de Salvações = perseguição aos aliados de Rui Barbosa e patrocínio de uma nova elite política nas regiões onde a elite tradicional lhe fez oposição – atritos entre o poder central presidencialista e elites regionais.
Reação Republicana de 1921
Nilo Peçanha (RS, BA, PE e RJ) X Artur Bernardes (MG e SP)
• Insatisfação dos estados ‘menores’ com a hegemonia do Café com Leite.
• Apoio dos militares, da classe média urbana e do proletariado.
• Vitória do “Café com Leite” = aumento da insatisfação dos setores excluídos – Arthur Bernardes= Estado Oligárquico.
• Desencadeamento das manifestações tenentistas.
Convênio de Taubaté –1906:
Acordo firmado entre cafeicultores e o Estado: intervenção estatal, política de valorização artificial do café.
Garantia de preço mínimo por saca; Compra de excedentes e estocagem pelo governo:
equilíbrio entre oferta e procura e garantir a manutenção dos preços – utilização de empréstimos externos.
Novo imposto por saca de café exportada = pagar os juros dos empréstimos externos
Intensificação da propaganda no mercado externo.
Funding Loan :
• Renegociação da Dívida Externa brasileira na I República.
• Iniciada no governo de Prudente de Moraes e concluída no governo de Campos Sales (1898-1902).
• Venda da dívida brasileira a um só credor, os Rotschilds, com parcelamento da dívida brasileira - dívidas já vencidas e de curto e médio prazo transformadas em dívidas de longo prazo = ampliação do prazo de quitação integral da dívida.
• Concessões de novo empréstimo. • Exigiu a hipoteca das rendas da alfândega em garantia ao
pagamento das parcelas;• Exigência de adoção de política de duro combate à
inflação = fim do emissionismo e contenção de gastos públicos.
• Decorrente da necessidade de controlar a crise inflacionária do período e de resgatar a credibilidade financeira no mercado internacional = decorrentes do Encilhamento.
• Consolidou a dependência brasileira do sistema financeiro internacional e possibilitou a obtenção de novos empréstimos para patrocinar o modelo agro-exportador = caminho natural.
Substituição de Importações
• Desenvolvimento industrial brasileiro – indústrias de bens de consumo - indústria têxtil
• Grande Guerra (1914-1918)
• Investimento do capital interno = setor atacadista exportador + oligarquia agrária monocultora
• Rio de Janeiro e São Paulo – mão-de-obra imigrante = proletariado
• Governo não atuou de forma sistemática em apoio da industrialização – aumento de tarifas alfandegárias (recolhimento tributário) e desvalorização da moeda
• Necessidade da produção de bens de consumo para amenizar o desabastecimento, a inflação e a conseqüente insatisfação social.
1922: Semana da Arte Moderna
Manifestação de inquietação, insatisfação de intelectuais/artistas brasileiros com a estrutura arcaica, monolítica, tradicionalista da sociedade brasileira que persistia indiferente ao século XX.
Classe média urbana. Sintonia com as vanguardas européias (Cubismo,
Surrealismo, Dadaísmo, Futurismo) – recusa da arte renascentista.
Condenação do eurocentrismo e do academicismo. Defende o resgate/redescoberta da identidade
nativa/nacional – antropofagia Heitor Villa-Lobos, Menotti Del Picchia, Mário de
Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Di Cavalcanti,Tarsila do Amaral, Guilherme de Almeida, Anita Malfatti,Cassiano Ricardo,Plínio Salgado.
Não era um grupo homogêneo – divergiam em aspectos estéticos e políticos - evidenciado pela formação de grupos como o Antropofágico (Oswald de Andrade), o Verde-amarelismo (Cassiano Ricardo), o grupo Anta (Plínio Salgado que se identifica com o Fascismo).
Movimento Modernista: mais que uma revolução estética significa uma nova atitude mental + contestação da arte tradicional (Parnasianismo) comprometida com a ordem social e política vigente.
Catalisadores do desejo de transformação.
Tenentismo
Reação mais explícita e organizada contra o “Estado Oligárquico”
Grupo composto por oficiais de baixa patente - tenentes do Exército.
Programa nacionalista, liberal e reformista – identificado com aspirações da classe média e do proletariado urbano.
Purificação do regime = voto secreto, poder centralizado e criação da justiça eleitoral
Defesa da estabilidade econômica = rígido controle das finanças públicas, fim da política de valorização do café e modernização da economia
18 do Forte de Copacabana (1922)18 do Forte de Copacabana (1922)
Levante militar em reação a vitória eleitoral de Arthur Bernardes - persistência do Estado Oligárquico.
Jovens oficiais do Forte de Copacabana se rebelaram contestando o direito de posse de Arthur Bernardes.
Maioria do Exército leal ao governo (“Legalistas”) = isolar os revoltosos.
Percebendo-se derrotados, 18 oficiais do exército marcharam contra as tropas legalistas em uma atitude suicida - sobrevivem apenas Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
Mitificação do tenentismo.
Revolução Paulista de 24Revolução Paulista de 24
Levante tenentista: exigiam a renúncia de Arthur Bernardes e a realização de reformas eleitorais que garantissem uma eleição lícita.
General Isidoro Dias, major Miguel Costa (oficial comandante da Força Pública), tenente Joaquim Távora e seu irmão Juarez Távora – participação do tenente Eduardo Gomes que voltara do exílio para participar do movimento.
Efetivo de 2600 homens: tenentes assumem controle da cidade de SP – confronto entre Exército + Força Pública paulista X tropas governistas de SP, RJ e MG.
Derrota: revoltosos saem de SP e marcham em direção ao sul – encontro com o gaúcho
Coluna Prestes (1924-1927)Coluna Prestes (1924-1927)
Tenentes mudam tática militar: abandonam “guerra de posição” e adotam “guerra de movimento” + unificação da coluna paulista e coluna gaúcha = Coluna Prestes.
Coluna percorreu 24000 km pelo interior do Brasil – contestação do Estado Oligárquico + deposição de Arthur Bernardes + reformas eleitorais (voto secreto e justiça eleitoral).
Após 25 meses de marcha, enfrentando tropas federais e jagunços dos coronéis, sem êxito efetivo a Coluna perde fôlego e parte em direção ao exílio na Bolívia.
Revolução de 30:
Força Pública de MG e RS +
tropas tenentistas (exército)
X
Exército “legalista”+
Parcela da Força Pública de SP
Revolução de 1930 :
Condução e controle:Condução e controle:
Oligarquias dissidentes ( Aliança Liberal ) Tenentes
Apoio:Apoio:
Classe média urbana Burguesia industrial Proletariado urbano