Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a...

42
Universidade do Minho Departamento de Sistemas de Informação Susana Sofia Freitas Fraga Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade Analítica numa IPSS Projeto de Dissertação de Mestrado Desenvolvido sob a orientação do Prof. Doutor Ricardo Jorge Machado Mestrado em Sistemas de Informação Fevereiro de 2017

Transcript of Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a...

Page 1: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

Universidade do Minho

Departamento de Sistemas de Informação

Susana Sofia Freitas Fraga

Requisitos de um Sistema de

Informação de Contabilidade

Analítica numa IPSS

Projeto de Dissertação de Mestrado

Desenvolvido sob a orientação do

Prof. Doutor Ricardo Jorge Machado

Mestrado em Sistemas de Informação

Fevereiro de 2017

Page 2: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

ii

Resumo

Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar,

controlar e tratar estas munem-se de sistemas de informação. Existem vários

sistemas de informação disponíveis no mercado que permitem auxiliar a

tomada de decisão, isto é, comprometem-se com funcionalidades que

permitem a prática da contabilidade analítica.

O conhecimento dos custos e dos proveitos que a empresa detém com os

produtos/serviços que produz, vende ou presta, e os custos que internos dos

departamentos e atividades internas são ferramentas base para a melhoria

na tomada de decisão de modo a que esta alcance os objetivos delineados.

Neste sentido as organizações veem-se na necessidade de alterar estratégias,

pensar novos modelos de negócio e adaptar os seus processos e operações

internas pois, as soluções tecnológicas que adotam não prestam o devido

cuidado no manuseamento dos custos e não permite adaptar às necessidades

da organização.

Com a presente dissertação pretende-se uma reflexão sobre esta

problemática que incide sobre a contabilidade analítica numa instituição

particular de solidariedade social. Para tal, inicialmente é realizado um

enquadramento e são descritos a motivação, os objetivos e os resultados

esperados. Posteriormente é brevemente caracterizado o terceiro setor e as

IPSS, é feita uma síntese sobre a disciplina de contabilidade analítica e

descritos os construtos de processos de negócio e requisitos. Para finalizar é

descrita a metodologia a ser adotada na realização da dissertação e o plano

de trabalhos traçado.

Palavras-Chave: Terceiro Setor, Contabilidade Analítica, Processos de

Negócio e Requisitos

Page 3: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas
Page 4: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

iii

Abstract

In an organization, Information has several origins; in order to store, control

and manage this information, organizations use Information Systems. There

are several Information Systems available in the market, which support

decision-making, undertaking, therefore, features that apply to the

analytical accounting practice.

The knowledge about costs and revenues that a company holds with the

products or services it produces, sells or delivers, as well as internal costs

with departments and activities are basic tools to improve decision-making

and contribute to achieve the defined objectives. Therefore, Organizations

need to change their strategies, think new business models and adapt

internal processes and operations. Unfortunately, technological solutions

adopted by organizations do not support properly costs management and

cannot be adapted to fulfil organizations’ needs.

The present dissertation aims to reflect upon this problematic, focusing on

the analytical accounting of a particular social solidarity institution. First, in

order to set up the context, motivations, aims and expected outcomes of the

study are described. Then, a short characterization of the third sector and of

Social Welfare Institutions (IPSS) is presented, as well as a summary of the

analytical accounting discipline and the constructs of Business Models and

Requirements. To finalize, a description of the methodology to be adopted in

the study and the working plan are presented.

Keywords: Third Sector, Management Accounting, Business Processes and

Requirements

Page 5: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

iv

Índice

Resumo ...................................................................................................... iii

Abstract ...................................................................................................... v

Índice vi

Índice de Figuras ...................................................................................... vii

Índice de Tabelas ...................................................................................... vii

1 Introdução ................................................................................................. 1

1.1 Enquadramento ...................................................................................... 1

1.2 Motivação .............................................................................................. 2

1.3 Objetivos e Resultados Esperados .......................................................... 3

2 Revisão de Literatura ............................................................................... 5

2.1 Introdução ............................................................................................. 5

2.2 Breve Caracterização do Terceiro Setor ................................................. 6

2.2.1 Conceito ....................................................................................... 6

2.2.2 Sistemas de Informação no Terceiro Setor ................................... 8

2.3 Sintese de Contabilidade Analítica ........................................................ 9

2.3.1 Conceito ....................................................................................... 9

2.3.2 O papel da Contabilidade Analítica na Gestão da Organização .... 13

2.3.3 Objetivos da Contabilidade Analítica .......................................... 16

2.3.4 Técnicas da Contabilidade Analítica ........................................... 19

2.4 Conceito de Processos de negócio .........................................................22

2.5 Conceito de Requisitos ........................................................................ 24

3 Abordagem Metodológica ....................................................................... 28

4 Planeamento do trabalho ........................................................................ 31

5 Conclusões .............................................................................................. 33

Referências ............................................................................................... 34

Page 6: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

v

Índice de Figuras

FIGURA 1 FRAMEWORK TEÓRICA DA RELAÇÃO ENTRE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

INTEGRADOS E CONTABILIDADE ANALÍTICA ....................................................... 5

FIGURA 2 MODELO LINEAR DO PROCESSE DE ENGENHARIA DE REQUISITOS ................. 27

FIGURA 3 MODELO DO PROCESSO DA DESING SCIENCE RESEARCH ............................. 29

Índice de Tabelas

TABELA 1 COMPARAÇÃO DE CONTABILIDADE FINANCEIRA E ANALÍTICA .................... 12

TABELA 2 STAKEHOLDERS DA CONTABILIDADE ANALÍTICA ..................................... 16

TABELA 4 PLANO DE TRABALHOS ..................................................................... 32

Page 7: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

1

1 Introdução

1.1 Enquadramento

Atualmente, e cada vez mais, os responsáveis pela gestão das empresas sentem

a necessidade de terem em sua posse informação pertinente, clara e objetiva,

que lhes permita uma tomada de decisão bem fundamentada.

O sucesso das organizações depende da sua capacidade de compreender os

processos internos, de definir e controlar de forma eficiente e eficaz todos os

seus custos e de aproveitar toda a informação retirada do modelo de negócio

interno para alcançar vantagens competitivas sobre os seus concorrentes

diretos.

Neste sentido as organizações veem-se na necessidade de alterar estratégias,

pensar novos modelos de negócio e adaptar os seus processos e operações

internas à margem das suas necessidades.

A contabilidade analítica (CA) surge no meio como proposta de resolução do

problema identificado. Esta visa proporcionar aos gestores das empresas todas

as informações necessárias para uma tomada de decisão consciente que vai de

encontro com as necessidades das mesmas. CA é convencionalmente retratada

como um conjunto de técnicas que representam fielmente a realidade

econômica da organização e são capazes de apoiar os gestores no processo de

tomada de decisão racional (Wanderley, Miranda, de Meira, & Cullen, 2011).

Como tal a implementação de sistemas de informação1 (SI) que permitam a

realização da contabilidade analítica tem sido uma prática comum nas

empresas. Com o avançar do tempo as organizações que adotam este tipo de

soluções deparam-se com dificuldades em atingir os resultados a que estas se

propõem.

1 Um sistema de informação é a combinação de hardware, software, infraestruturas e

pessoas organizadas para facilitar o planeamento, controlo, coordenação e tomada de

decisão em uma organização .

http://www.businessdictionary.com/definition/information-system.html

Page 8: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

2

Pretende-se com a realização desta dissertação a aquisição de um entendimento

sobre o constructo de contabilidade analítica e as ferramentas necessárias,

constructo de processo de negócio e requisitos, para a validação das práticas de

CA numa Instituição Particular de Solidariedade Social.

1.2 Motivação

Hoje em dia nos mercados das empresas de desenvolvimento de softwares ou

soluções de SI é possível encontrar um leque muito abrangente de áreas sobre

as quais estas se debruçam.

Na verdade, e indo de encontro ao tema, são muitas as soluções que dizem

disponibilizar ferramentas que permitem a realização de contabilidade

analítica, tanto para empresas comerciais ou de exploração como para as

instituições de administração pública, para escolas e hospitais.

Porém, implementada uma solução que permite a pratica de algumas

característica de CA numa IPSS de considerável dimensão, esta continuou a

sentir a necessidade de recorrer a indetermináveis folhas de Excel, onde

executam todos os estudos, manualmente, para deter um controlo mais

eficiente dos custos, por exemplo a repartição dos custos pelas atividades ou

serviços prestados.

Uma vez sentida essa necessidade acha-se de relevante valor para a área dos SI

analisar esta solução e entregar um conjunto de alterações a realizar para um

melhor aproveitamento da disciplina de CA, de forma a que a solução

implementada vá de encontro às necessidades da organização.

As motivações pessoais para o projeto são elevadas. Atualmente encontro-me a

frequentar o Mestrado em Sistemas de Informação, porém havia terminado a

licenciatura em Gestão, pelo que a área da Contabilidade e da Contabilidade

Analítica sempre me fascinou. Tendo estas bases será mais fácil perceber as

necessidades da organização que vão de encontro com a CA e concluir o trabalho

com êxito.

Page 9: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

3

1.3 Objetivos e Resultados Esperados

Esta dissertação tem como objetivo principal a realização de um estudo de uma

solução de TI (sistema de informação) implementada numa entidade. Com isto,

pretende-se perceber e indicar quais as características de contabilidade

analítica que estão presentes, mas necessitam de ser ajustadas e as que faltam

e fazem falta na gestão da entidade.

Como resultados da dissertação pretende-se obter uma lista de modificações a

realizar na solução adotada de modo a que a entidade possa avançar com uma

sequência do projeto, isto é, para a organização por em prática posteriormente.

Do ponto de vista teórico os resultados da dissertação pretendem demonstrar

que também o terceiro setor, mais propriamente as Entidades sem Fins

Lucrativos e as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social),

necessitam do contributo da área da contabilidade analítica para uma gestão

eficaz e eficiente. Do ponto de vista dos profissionais de sistemas de informação

pretende-se alertar os mesmos para esta que é uma necessidade cada vez mais

sentida por este tipo de entidades, de modo a que, futuramente, incluam mais

possibilidades ou características de CA nas soluções disponibilizadas no

mercado.

Page 10: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas
Page 11: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

5

2 Revisão de Literatura

2.1 Introdução

Sabe-se que a produção de informação não atempada, a estimação de custos de

produtos distorcida e a incapacidade para fornecer informações relevantes

relativas à performance das organizações são algumas das lacunas dos sistemas

utilizados nas organizações segundo Atkinson et al. (2012).

Os autores Rom & Rohde (2007) realizaram um estudo teórico que teve por base

diversas frameworks que analisavam as mais variadas variáveis dos sistemas

de informação e da contabilidade analítica. As suas conclusões incidiram sobre

a construção de uma framework teórica que permite servir de guia aquando da

tentativa de relacionar dois conceitos ainda pouco explorados conjuntamente.

Ou seja, este trabalho desenvolvido pelos autores permite identificar as áreas

sobre as quais a investigação deve incidir de modo a ir de encontro aos objetivos

esperados para a dissertação.

Figura 1 Framework Teórica da relação entre Sistemas de Informação Integrados e

Contabilidade Analítica

Fonte: Copyright (Rom & Rohde, 2007)

Seguindo este pensamento dos autores supracitados acha-se relevante nesta

revisão de literatura, em primeiro lugar contextualizar o ambiente em que o

projeto se vai realizar, o terceiro sector numa IPSS e abordar os sistemas de

Page 12: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

6

informação para este. Em seguida abordar-se o conceito de contabilidade

analítica, onde se inclui as vantagens para as organizações, as práticas e

técnicas. Por último serão abordados os constructos de processo de negócio e

requisitos pois, numa fase posterior, serão definidos os processos de negócio

de modo a colocar em funcionamento as práticas de CA e serão desenhados os

requisitos para o sistema de informação.

2.2 Breve Caracterização do Terceiro Setor

2.2.1 Conceito

O Terceiro Setor pode ser definido como as instituições de caracter privado que

detêm uma utilidade pública em diversas áreas, como por exemplo, na saúde,

na educação ou mesmo desenvolvimento social local. As entidades pertencentes

a este setor podem também ser chamadas de entidades sem fim lucrativo,

economia social, economia solidária, organizações não governamentais e

organizações da sociedade civil (Marcelo, 2013).

O estado tem como objetivo promover o bem-estar social e a qualidade de vida,

sendo assim percebemos que este tem um papel crucial no que toca à efetivação

dos direitos dos portugueses. Constata-se assim que o Terceiro Sector tem como

missão colmatar algumas das lacunas deixadas em aberto pelo poder público

em matéria social e procura amenizar os graves problemas sociais do país.

Com base no manual editado pela Sociedade Portuguesa de Inovação (Andrade

& Franco, 2007) conseguimos verificar que uma entidade para pertencer ao

terceiro setor tem que incumbir uma serie de características, são elas:

o Organização- deve ser formalmente registada e ter reuniões regulares e

regras de procedimentos;

o Privada- deve ser institucionalmente separada do governo, ou seja, não

é controlada por este;

o Não distribuir lucros- não deve existir a noção de propriedade pelo que

o excedente gerado não deve ser distribuído pelos seus membros,

dirigentes ou gestores, mas sim reinvestido na instituição;

Page 13: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

7

o Autogovernada- as entidades devem ter os seus próprios procedimentos

de governação não podendo ser controladas por entidades externas;

o Voluntária- a organização deve ter algum grau de contribuições

voluntárias, ou seja, pode ter mão-de-obra voluntária ou doações de

dinheiro ou bens.

Neste caso fala-se de um tipo de entidades em especifico, que de acordo com o

artigo 1º do Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social,

“são Instituições Particulares de Solidariedade Social as

constituídas, sem finalidade lucrativa, por iniciativa de

particulares, com o propósito de dar expressão organizada ao

dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos, que

não sejam administradas pelo Estado nem por um corpo

autárquico, para prosseguir, entre outros, os seguintes objetivos,

mediante a concessão de bens e a prestação de serviços:

a) Apoio a crianças e jovens

b) Apoio à família

c) Apoio à integração social e comunitária

d) Proteção dos cidadãos na velhice e invalidez e em todas as

situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de

capacidade para o trabalho

e) Promoção e proteção da saúde, nomeadamente através da

prestação de cuidados de medicina preventiva, curativa e de

reabilitação

f) Educação e formação profissional dos cidadãos

g) Resolução dos problemas habitacionais das populações”

Com esta definição chegasse à conclusão de que o principal objetivo destas

associações não é lucro, a esmagadora maioria é prestadora de serviços não

tendo um preço definido, está sujeita á atuação de acordo com a lei e padece de

carência de recursos (Salvador, 2006).

Page 14: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

8

2.2.2 Sistemas de Informação no Terceiro Setor

As Tecnologias de Informação podem permitir às organizações sem fins

lucrativos ter maior impacto social. Pois, quando adotadas e integradas

adequadamente permitem que estas estejam melhor preparadas para enfrentar

um futuro que não será menos exigente do que o presente (Nielsen, 2012).

Um Sistema de Informação é um conjunto de componentes (humanas,

materiais, tecnológicas e financeira) inter-relacionadas que recolhe, processa,

armazena e distribui informação para a tomada de decisão dos responsáveis da

organização(Amaral, 1994; Varajão, 2005). Assim, a contabilidade surge como

um sistema de informação, onde os dados (factos contabilísticos) são

processados com a finalidade de fornecer, aos distintos utilizadores (internos

ou externos), informação de natureza financeira, sob a forma de demonstrações

financeiras (tais como Balanço e a Demonstração de Resultados), que lhes

permita apoiar a tomada de decisão (Monteiro, 2013).

O terceiro setor diferencia-se dos outros setores, logo, as necessidades a nível

dos SI também serão diferentes, ou seja, aqui pretende-se que o SI seja um

auxilio na prestação de serviços, podendo assim otimizar os processos de

trabalho (Kwampaiboon, Jevtic, & Pyshnyak, 2014). Com isto os processos e as

tarefas são realizados de forma mais eficaz e com qualidade superior,

permitindo uma colaboração mais estreita entre as equipas de trabalho. Desta

forma, a organização pode alocar os recursos onde os mesmos são necessários,

assim, e de forma a agilizar processos e poupar recursos é importante priorizar

dados e processos que serão implementados.

Segundo alguns autores como Atkinson et al. (2012), Drury (1992)e Esteves

(2015), o sistema de CA está interligado com um conjunto de atividades

principais e é influenciado por um conjunto de fatores.

o Dimensão da entidade;

o Estrutura;

o Características do processo produtivo;

o Grau de variabilidade dos produtos ou serviço;

o Tecnologias Implementadas;

Page 15: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

9

o Envolvente ou variáveis externas à organização como a legislação;

o Estratégia da entidade e a importância da informação sobre os custos

atribuída pela gestão.

De modo a reunir um conjunto de possíveis soluções foi elaborada uma pesquisa

por sistemas de informação direcionados às IPSS dentro de Portugal. Verificou-

se que existem algumas empresas que detêm parcerias, por exemplo com a

Primavera e F3M, acabando por oferecer os mesmos serviços. Essas soluções

foram deixadas de parte por se considerar repetitivas. Como resposta obteve-

se a seguinte lista de softwares abaixo, pelo que se admite a falta da presença

de alguns que possam ter escapado à pesquisa.

1. Gestão de IPSS e Misericórdias da F3M2;

2. Primavera Public Sector da Primavera3;

3. ERP AIRIC4

4. Canow5 IPSS

5. Inforestilo lares e IPSS6

2.3 Sintese de Contabilidade Analítica

2.3.1 Conceito

Como é de conhecimento tácito desde os tempos primordiais que os indivíduos

sentem a necessidade de contar e registar as suas operações. Com a evolução

dos tempos para uma sociedade de trocas constantes, de bens e moeda, a

contabilidade surge como resposta à satisfação da necessidade de informações

(Caiado, 1990).

2 https://www.f3m.pt/pt/software/ipss/gestao-de-ipss-misericordias

3http://pt.primaverabss.com/pt/catalogo/solucoes-setoriais/administracao-

publica/public-sector/#overview

4 http://www.airc.pt/solucoes/gestao-financeira

5 http://canow.co/index.php/pt/produtos-ipss

6 http://www.inforestilo.pt/setores/lares-e-ipss.html

Page 16: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

10

Segundo alguns autores, foi no século XV, em 1494, que Luca Paccioli surgiu

com um livro onde explicava os fundamentos da “partida dobrada”. Este

conceito permitiu aos negociantes de outrora acesso a informações

contabilísticas que lhes indicavam o que possuíam e o que deviam

imediatamente ou no registo de um determinado período. Este principio da

dualidade de processos possibilitou que em meados do século XX que a

contabilidade servisse como base de informações para os Stakeholders. Foi

nessa época que surgiu também a regulamentação da mesma através do plano

nacional de contas aplicado, consoante as suas necessidades e regras, em vários

países europeus.

Com a evolução exponencial da área fabril a contabilidade deixa de dar acesso

às informações mais relevantes. Segundo Nabais (1987), foi com este

desenvolvimento industrial na Europa e nos Estados Unidos que surgiu o

aparecimento da Contabilidade Analítica nos séculos XVII, XIX e XX, limitando

inicialmente a sua aplicação às organizações industriais (Coelho, 2012).

Analisando a evolução da CA ou de Gestão desde a sua origem, envolvendo as

perceções de diversos autores, chegamos à conclusão que esta passou por

diversas fases onde foi apelidada de diferentes formas. Começou por ser

contabilidade de exploração ou de custos, onde incidia especialmente sobre a

determinação e imputação dos mesmos, e recentemente passou a ser

contabilidade analítica ou de gestão, munindo-se de informações para a tomada

de decisão e gestão das organizações de acordo com as suas necessidades e

objetivos e da utilização adequada dos recursos.

No estudo de Ana Pereira (2014) esta cita Franco et al. (2005) assim como Alves

& Ussman (2006) refere IFAC (1998) que discutem a existência de quatro fases

distintas da Contabilidade Analítica e de Gestão e sobre o que incidia, sendo

elas:

1ª fase (1950)- incidiu sobre uma atividade técnica crucial na época, a

determinação e controlo dos custos.

2ª fase (1965)- consistia numa atividade de gestão de apoio, facultava

informações para o planeamento e controlo de gestão.

Page 17: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

11

3ª fase (1985)- defendia a utilização eficiente dos recursos dos processos

empresariais, de forma a evitar os desperdícios.

4ª fase (1995)- visava a criação de valor com a utilização eficaz dos

recursos.

Os gestores e responsáveis pelas tomadas de decisões dentro de uma

organização tendem a procurar informações em abundância, mas ao mesmo

tempo claras, objetivas e oportunas, através das quais lhe vai ser permitido

adquirir um conhecimento aprofundado da organização (Drury, 1992). A

contabilidade é uma ferramenta que lhes permite a aquisição de algumas

informações que procuram. Segundo Costa (2005), como cita Monteiro (2013)

a contabilidade é uma atividade que pretende proporcionar informações para a

tomada de decisões, planeamento e controlo, assim como expor um relato

financeiro às partes interessadas.

A Contabilidade Financeira ou Geral é detentora de informações sobre o

relacionamento da organização com o ambiente, isto é, permite adquirir um

conhecimento da situação económica global da organização. Esta visão apenas

económica das organizações com o meio envolvente admite a possibilidade de

carência por parte destas de informações que analisem o seu interior, a

Contabilidade Analítica.

Por se tratar de uma contabilidade opcional e sem obrigações legais, focada nos

serviços ou segmentos de negócio, a contabilidade analítica não está obrigada

aos princípios da contabilidade. Ou seja, a CA está orientada para fornecer

informações uteis aos intervenientes do processo de decisão, planeamento e

controlo com base em informações passadas e atuais para projeções futuras

(Drury, 1992).

Esta abordagem incute o pensamento da relutância da CF uma vez observado o

desfasamento temporal entre o registo dos factos e a sua divulgação, assim

como a sua rigidez quando comparada à CA que procura ir de encontros às

necessidades das organizações. Contudo, a contabilidade analítica tem por base

a informação da contabilidade financeira, mas trata-se de um sistema que

suporta diversas áreas da organização.

Page 18: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

12

A Contabilidade Analítica pretende atenuar as insuficiências da Contabilidade

Financeira, enquanto utensilio de gestão. Por outras palavras, segundo Marcos

(2000) a CF embora essencial e imprescindível para uma gestão racional,

carece de operacionalidade no planeamento, no controlo e na tomada de

decisões pelos gestores e empresários.

Após a investigação sobre a contabilidade financeira e a contabilidade analítica

na perspetiva de diversos autores, por exemplo (Atkinson et al., 2012),

(Horngren, Datar, & Rajan, 2015), (Monteiro, 2013) e (Alves & Ussman, 2006)

, obtivemos a seguinte tabela que pretende diferenciar os dois conceitos.

Tabela 1 Comparação de Contabilidade Financeira e Analítica

Contabilidade Financeira Contabilidade Analítica

Natureza retrospetiva, resume e reporta

em termos financeiros os resultados de

decisões passadas

É tanto retrospetiva, fornecendo feedback

de operações passadas, como prospetiva

tendo como objetivo previsões e

estimativas para eventos futuros

Visão Global e sintética do património da

organização

Visão pormenorizada da organização

Orientada para Stakeholders externos

(investidores, credores e entidades

reguladoras)

Orientada para funcionários e gestores

tomarem decisões baseadas em

informações trabalhas.

Orientada por regras impostas pelas

entidades reguladoras de como é

produzido e apresentado o conteúdo.

Não tem regras sobre como deve ser

trabalho e apresentado o seu conteúdo.

Deve estar enquadrada com as

necessidades de informação dos gestores.

Preocupação com os registos de

recebimentos e pagamentos

Preocupações com o apuramento dos

custos dos produtos, funções e centro de

custos

Repartição dos custos e proveitos em

gastos e rendimentos por função ou

destino

Repartição dos custos e proveitos

registados por natureza

Fonte: Elaboração Própria

Page 19: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

13

2.3.2 O papel da Contabilidade Analítica na Gestão da Organização

Todas as organizações compartilham da ambição de serem bem-sucedidas ao

longo do tempo. Mas, de acordo com a CGMA7 (Charlered Global Management

Accountant), tomar uma decisão com qualidade nunca foi tão importante e

difícil como nos dias de hoje. O volume e a velocidade do fluxo de informação

tornaram-se num impeditivo ou barreira para a eficiente e eficaz tomada de

decisão.

Com base no manual de Princípios Globais de Contabilidade de Gestão (CGMA,

2015), publicado pela CGMA chegamos à conclusão que seja qual for a dimensão

da organização e a sua finalidade é, cada vez mais, crucial e difícil

profissionalizar o processo de tomada de decisão. Eles apresentam alguns

dados de forma a poderem comprovar a afirmação anterior.

o 47% dos CFOs (Chief Financial Officer) da Ásia dizem que a

tomada de decisão é prejudicada pela sobrecarga de informação.

o O International Data Corporation estima que até 2020 as

transações comerciais na internet – entre empresas e entre

empresa e consumidor – alcançarão 450 bilhões de transações por

dia.

o Eric Schmidt, do Google, afirma que na atualidade, a sociedade

cria tanta informação nova a cada dois dias, como fez do início

da civilização até 2003.

o O consumidor médio confronta-se com a tomada de mais de 70

decisões por dia.

As organizações bem-sucedidas têm funções de CA eficazes. O que faz uma

função de contabilidade analítica eficaz é a combinação de pessoas

7 Dois dos mais prestigiados órgãos de contabilidade do mundo, AICPA (American

Institute of Certified Public Accountants) e CIMA (Charlered Institute Management

Accountant), formaram uma joint venture para criar a Chartered Global Management

Accountant® (CGMA®) de forma a elevar o reconhecimento da profissão de

Contabilidade de Gestão ou Analítica. http://www.cgma.org/

Page 20: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

14

competentes, princípios claros, desempenho bem gerido e práticas robustas.

Num estudo do MIT (Massachussets Institute of Technology), que se teve

conhecimento através da dissertação de Leandro Oliveira (2013), denominado

por "Strength in Numbers: How Does Data-Driven Decision Making Affect Firm

Performance?", os autores (Brynjolfsson, Hitt, & Kim, 2011) chegaram à

conclusão que aqueles que baseiam a tomada de decisão em dados, informação

e números conseguem melhorias de produtividade de 5 a 6%. Para eles esta

pequena margem é o suficiente para separar vencedores de vencidos,

afirmando ainda que um departamento de contabilidade analítica ou de gestão

organizado ajuda a organização a colocar-se entre os vencedores.

Com base em livros relacionados com área em estudo de diversos autores, como

(Nabais, 1987), (C. A. Pereira & Franco, 1989) e (Atkinson et al., 2012), foi feito

um levantamento do papel da contabilidade analítica na gestão de empresas.

Foram identificadas quatro áreas em que esta teoria auxilia as organizações,

sendo que o processo de gestão envolve o desempenho de funções como

planeamento, organização, direção/coordenação e controlo, que à medida que

o ciclo se vai repetindo, permite uma correção e ajustamento contínuo.

o Planeamento: é uma a função base da gestão, visa combater a incerteza

e permitir uma gestão racional dos recursos postos à disposição da

empresa. Compreende a definição de objetivos (o que se deve fazer, como

e para que?); a escolha dos meios a utilizar para alcançar os objetivos; o

que cada órgão da empresa deve fazer, como e quando (atribuindo

responsabilidades).

o Organização: esta função visa determinar e preparar os meios materiais

e humanos necessários para atingir os objetivos acima definidos.

Compete à organização definir a estrutura conveniente para as diversas

unidades funcionais e as funções e responsabilidades de cada

colaborador.

o Direção/Coordenação: esta função implica que o administrador deve

motivar, comunicar e liderar os seus colaboradores em função dos

objetivos da organização.

Page 21: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

15

o Controlo: esta função tem como finalidade comparar os objetivos fixados

com as realizações dos mesmos, detetando as anomalias com vista a que

se tomem decisões corretivas.

Como podemos vir a observar nas definições de contabilidade analítica ou de

gestão, esta é maioritariamente relevante para a parte interna da organização,

na medida em que pretende retratar a situação da mesma ao pormenor. Ou seja,

para Caiado (2011), referenciado por (Esteves, 2015), a CA relata as grandezas

das organizações facilitando a tomada de decisão e controlo de gestão .

Embora tenha sido nas organizações industrias que a CA mais se desenvolveu

a informação que possibilita é igualmente conveniente para a gestão de

empresas comerciais ou de prestação de serviços (C. A. Pereira & Franco, 1989).

Não são só as empresas com uma dimensão considerável, mas também as

organizações privadas e sem fins lucrativos, pela sua abrangência de áreas

socias, necessitam de acompanhar a evolução da gestão e de planificar e

controlar toda a sua atividade de modo a tomar as melhores decisões. A

necessidade de uma contabilidade analítica faz-se sentir quer nas empresas

quer em organizações, ou seja, “esta contabilidade tanto pode ser utilizada no

sector privado (facultativa) como no sector público (obrigatória)” (V. S. M. P.

Fernandes, 2010).

Segundo o estudo e conhecimento adquirido conclui-se que as partes

interessadas em que o SI de contabilidade analítica forneça os seus resultados

podem ser internas e externas. Como já se pode ter vindo a observar os

stakeholders internos são os mais interessados, na medida em que também são

os responsáveis pela produção e tratamento da informação para que no final

usufruam da qualidade da mesma no quotidiano da organização, de modo a

facilitar-lhes o trabalho e avizinhar um futuro próspero. Ainda assim, existem

stakeholders externos aos quais a prática desta disciplina pode interessar, os

investidores ao ter acesso a documentação pormenorizada sobre a organização

podem optar, por exemplo, por investir ou não e pode ser um investimento mais

avultado. Já aos clientes ou consumidores dos bens e serviços vais-lhes facilitar

a decisão pois o preço a praticar vai ser o mais ajustado possível ao serviço ou

bem a adquirir.

Page 22: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

16

Tabela 2 Stakeholders da Contabilidade Analítica

Internos Externos

Órgãos de Gestão e Administração Credores e Investidores

Responsáveis pelos centros de custos

(Produtos ou Serviços)

Cidadãos como utentes e

consumidores dos bens ou serviços

prestados.

Funcionários encarregues do controlo

interno da organização

Fonte: Adaptado de (A. L. A. Pereira, 2014)

2.3.3 Objetivos da Contabilidade Analítica

Com já podemos comprovar de antemão a contabilidade analítica visa satisfazer

as necessidades dos responsáveis das organizações uma vez que se torna na

base do processo de tomada de decisão. Esta pode ser definida, segundo

Atkinson et al. (2012), como um subsistema de informação que visa o

apuramento dos custos, proveitos e resultados relacionados com as

necessidades da gestão.

Após a análise de diversas definições e da compreensão da perspetiva de

diversos autores, como por exemplo (Coelho, 2006), (Drury, 1992), (Nabais,

1987), sobre o que é a Contabilidade Analítica e os benefícios que esta pode

trazer a uma organização, podemos concluir que, seja qual for o setor de

atividade da organização, os seus objetivos passam por alguns dos

referenciados abaixo.

o Fornecer informações relevantes para auxiliar os gestores a tomarem

decisões quotidianas mais consistentes e coerentes com o estado da

organização.

o Proporcionar informações básicas que servem de apoio à elaboração de

previsões e orçamentos e planos fundamentados.

o Fornecer informações para o planeamento, controlo e medida de

desempenho.

Page 23: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

17

o Estabelecer responsabilidades entre os diferentes agentes de cada uma

das secções da organização.

o Apoiar decisões sobre o outsourcing, ou seja, que atividades devem

continuar internamente e quais se deve entregar a unidades externas.

o Alocar os custos aos bens e serviços vendidos ou em stock para deste

modo retirar a informação interna e externa sobre os lucros e avaliação

de stocks.

o Permitir a obtenção e justificação dos custos, proveitos e resultados por

atividades, departamento ou funções.

o Aferir a rendibilidade das atividades, departamentos ou

produtos/serviços.

o Avaliar elementos presentes no balanço resultante da CF.

o Analisar a eficiência na utilização de recursos financeiros (quais foram

os objetivos atingidos e os desvios observados)

o Conferir que são praticados preços de venda competitivos e rentáveis à

organização.

o Permitir que haja um controlo do processo de exploração da organização.

Uma vez alcançados alguns ou a totalidade dos objetivos, a contabilidade

analítica vai permitir suportar a elaboração de indicadores de eficiência,

eficácia e de gestão; valorizar os ativos da organização; comparar os custos das

atividades com os proveitos delas retirados; e justificar a aplicação de fundos

em determinadas atividades.

Segundo os Princípios Globais de Contabilidade de Gestão ou Analítica (CGMA,

015) e as abordagens ao conceito e objetivos da CA, declara-se uma lista de

práticas ou contribuições que as organizações ou entidades devem procurar

quando optam por pôr em prática um sistema de contabilidade analítica.

o Custos de Transformação e Gestão- Compreende a direção dos custos de toda

a organização. Auxilia na melhoria da eficiência na cadeia de valor.

Desenvolve metas de custos para todas as partes envolvidas no negócio.

o Relatórios Externos- Elaboração de relatórios conduzidos pelo pensamento

integrado com a organização. Relata informações no contexto de metas

estratégicas e garante que estão em conformidade com a regulação.

Page 24: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

18

o Estratégia Financeira- Controla a forma eficiente como é distribuído o

financiamento. Avalia investimentos e projeta uma politica de dividendos.

Otimiza a estrutura do capital.

o Controlo Interno- Gere, supervisiona e emite relatórios sobre a estrutura de

sistemas, processos e procedimentos que salvaguardem os recursos.

o Avaliação de Investimentos- Compreende os riscos que precisam ser levados

em conta na avaliação, fornecendo opções para os que vão tomar decisões

sobre as oportunidades que devem ser exploradas ou evitadas.

o Controlo e Gestão orçamental- Monitoriza e emite relatórios de desempenho

financeiro e operacional de modo a verificar se está dentro dos objetivos

delineados.

o Decisão sobre o preço, desconto e produto ou serviço- Entender os fluxos de

caixa relevantes para a determinação do preço de um determinado produto.

Pretende transmitir recomendações de modo a facilitar as decisões sobre a

alocação de recursos a produtos ou serviços.

o Gestão de Projetos- Fornece análises para a projeção de planos e orçamentos.

Permite garantir que aquando da execução de um projeto este tem as verbas

e recursos necessários para a sua conclusão.

o Conformidade com a Regulamentação- Cumprimento das obrigações legais

em relação à contabilidade (demonstrações, relatórios e impostos

obrigatórios). Calcula os custos de conformidade e não conformidade, ou

seja, ajuda a organização a preservar custos que incorram de punições por

não atender à regulação.

o Gestão de Recursos- Dá importância à prioridade da disponibilidade de

recursos escassos, para tal produz mapas que destacam as necessidades e as

opções. Desenvolve um entendimento sobre os custos de oportunidade e

impactos das vantagens das diferentes alocações dos recursos.

o Gestão do Risco- Incorpora a gestão do risco dentro do desenvolvimento e

monitorização do planeamento e desempenho. Suporta todas as áreas na

gestão dos riscos organizacionais e na determinação de respostas adequadas.

o Gestão Tributária Estratégica- Fornece uma análise do impacto das questões

fiscais relativas a fusões, aquisições ou decisões de investimentos de capital.

Atua sempre de acordo com a ética da organização.

Page 25: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

19

o Tesouraria e Gestão de Caixa - Fornece informações mais detalhas sobre as

demonstrações do balanço patrimonial e fluxo de caixa. Produz as projeções

mais precisas dos fluxos de caixa a incorrer aplicando o risco financeiro de

forma a que a organização tenha caixa suficiente para cumprir as suas

obrigações e financiar as oportunidades com prioridade.

o Auditoria Interna- Facilita a entrega eficiente de segurança pois fornece uma

análise de custo-benefício para as funções de controlo interno. Incentiva a

avaliação continua do sistema de contabilidade e de controlo interno. É uma

abordagem sistemática para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de

gestão de riscos, de controlo de gestão.

2.3.4 Técnicas da Contabilidade Analítica

A procura de informação contabilística de gestão, ou seja, informação relativa

às transferências internas da organização, é um fenómeno recente apesar da

sua existência remontar a “velhos” tempos. Trata-se de medidas simples,

centradas na determinação dos custos e na produção de informação de síntese

como por exemplo, o custo por hora, por processo ou, ainda, por trabalhador.

De forma a perceber como o sistema de contabilidade analítica calcula e

comunica os custos, importa ainda referir o conceito de objeto de custo ou

centro de custo e as suas diferentes abordagens. Um objeto de custo é o produto,

serviço ou atividade da organização ao qual se pretende apurar os custos de

forma a obter um conhecimento profundo sobre a origem dos custos e, por

exemplo aplicando uma margem de segurança ou lucro, obter o preço final de

venda. A maioria das organizações não procede ao apuramento dos custos, ou

seja, não explica a contribuição de cada parcela do custo no custo total.

Os custos de natureza industrial ou de exploração podem ser de caracter direto

ou indireto (Caiado, 2008):

o Custos Diretos: têm ocorrência direta a um produto ou serviço, são por

exemplo as matérias-primas, a mão-de-obra direta e alguns gastos gerais

de fabrico;

Page 26: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

20

o Custos Indiretos: têm ocorrência indireta a um produto ou serviço sendo

necessário definir critérios de repartição dos mesmos pelas diferentes

atividades, produtos ou serviços.

Sistema de custeio:

Existem varias alternativas de custeio consoante o tratamento que é dado aos

custos fixos industriais (Caiado, 2008). O sistema de custeio total inclui tanto

os custos fixos como os variáveis no custo do produto ou serviço. O sistema de

custeio variável apenas inclui os custos variáveis industriais como custos do

produto ou serviço.

o Sistema de custeio total completo (SCTC): este sistema de custeio

caracteriza-se pela incorporação nos custos dos produtos/serviços a

totalidade dos custos variáveis e fixos industriais ocorridos em

determinado período;

o Sistema de custeio total racional (SCTR): de acordo com este sistema de

custeio os custos dos produtos/serviços inclui, para além dos custos

variáveis indústrias, apenas parte dos custos fixos industriais. Aplica-se

quando a produção real difere da produção normal, ou seja, quando se

labora a níveis substancialmente inferiores ao da capacidade instalada;

o Sistema de custeio total quotas teóricas (SCTQT): implementado quando

ocorrem fatores que influenciam a sazonalidade quer das vendas como da

produção, há a necessidade de repartir os custos fixos industriais anuais

uniformemente pelos vários meses do ano;

o Sistema de custeio variável (SCV): de acordo com este sistema apenas os

custos variáveis industriais são considerados como custos do

produto/serviço, este sistema permite decidir sobre uma melhor utilização

a curto prazo da capacidade instalada, efetuar uma analise dos resultados

face as variações do volume da atividade e analisar os resultados dos

diferentes produtos e das diferentes estratégias de marketing.

Page 27: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

21

Método de Imputação:

A multiplicidade de classificações de custos incutidos aos objeto de custo

dificulta a ação de os alocar aos produtos ou serviços, pelo que as organizações

recorrem a métodos de imputação (Oliveira, 2013).

Com a investigação realizada chega-se à conclusão que os métodos de

imputação podem ser imediatos ao produto ou serviço ou com repartições

intermédias (A. L. A. Pereira, 2014).

Método de imputação imediata:

o Método de Base Única- os custos indiretos dão repartidos pelos produtos ou

serviços proporcionalmente a partir de uma única base de imputação;

o Método de Base Múltipla- os custos indiretos são repartidos pelos produtos

ou serviços em função de várias bases de imputação definidas de acordo

com a natureza dos custos.

Método de imputação sobre repartições intermediárias:

o Método das Secções Homogéneas- baseia-se na divisão da empresa em

segmentos organizacionais relativamente aos quais se determinam os

custos de funcionamento, procedendo-se posteriormente à sua imputação

aos objetos de custeio, que podem ser os produtos ou serviços. Uma secção

homogénea corresponde a uma divisão real da empresa, sendo que

corresponde a um agrupamento de meios que detêm um objetivo comum;

o Método dos Departamentos- tem por base as unidades orgânicas da

organização, definindo os custos das mesmas para posteriormente os

imputar aos produtos ou serviços de acordo com uma base de imputação.

o Método Activity Based Costing (ABC)- para este método são as atividades

que consomem os recursos e não os produtos pois, estes consomem as

atividades. Ou seja, são definidas as atividades principais da organização e

identificados os cost drivers criando um centro de custo para cada atividade,

posteriormente são imputados os custos de cada atividade aos produtos ou

serviços.

o Método Balanced Scorecard (BSC)- Tem como objetivo alinhar o

planejamento estratégico com as ações operacionais da empresa de modo a

Page 28: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

22

traduzir a visão e a estratégia. Faz uma avaliação sobre a lucratividade da

estratégia adotada pela organização e colabora para a medição e para a

avaliação dos resultados que o negócio proporciona e necessita para seu

crescimento e desenvolvimento. Sendo assim estes indicadores permitem

avaliar os retornos sobre o investimento, o valor econômico agregado, o

lucro, o aumento de receitas, redução de custos, fluxo de caixa, depreciação,

amortização, produtividade, EBITDA.

2.4 Conceito de Processos de negócio

Num mundo em que as empresas estão constantemente expostas a mudanças

no seu meio ambiente veêm-se obrigadas a optarem por novas soluções com o

objetivo de minimizar os riscos que estas implicam, mantendo-se competitivas.

De forma a manter um alinhamento estratégico com os objetivos e metas, a

empresa deve ter em conta quatro dimensões de agilidade (Hinkelmann et al.,

2016): deve ser dinamica de forma a ter a capacidade de mudar os seus

processos, podendo resultar em melhorias, inovações e reengenharia de

processos; deve ter a adaptabilidade para reagir a circunstancias exepcionais

ou acontecimentos inesperados no decorrer de um processo; a flexibilidade

para lidar com a incertesa; e a consciencia para detetar oportunidade e riscos

envolventes a mudança;

Por vezes assistimos a desempenhos organizacionais que não são os esperados,

como por exemplo, a má qualidade do serviço, ineficiência, baixa

produtividade, desperdícios de recursos, crises financeiras ou mesmo falta de

capacidade de reagir a mudanças externas e internas. Como consequência o

fracasso nas mudanças organizacionais devem-se à falta de atenção que as

organizações prestam às mudanças do ambiente em que as mesmas estão

inseridas

Podemos concluir que quando for necessário a correção de maus desempenhos

empresarias para um melhoramento de uma organização não basta a

implementação de sistemas de informação. É necessário estudar como o

sistema se vai adequar à realidade da organização, para tal precisamos

Page 29: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

23

conhecer a organização, interna e externamente, e desenvolver um plano de

forma a que haja uma integração das componentes do sistema com as

necessidades e relações internas e externas da organização.

A definição dos processos internos inerentes às alterações a realizar vai

permitir a adoção de tecnologias de informação adequadas às necessidades

transversais da organização. Ou seja, é crucial no momento inicial de um

projeto de adoção de SI ou integração de um novo modulo dar a devida

importância à identificação das entidades e das atividades inerentes a cada

processo organizacional.

Compreende-se por processo de negócio um conjunto de atividades ou tarefas

devidamente relacionadas e estruturadas com a finalidade de obter um output.

Davenport e Stoddard (1994) definem um processo de negócio como um

conjunto de atividades destinadas a produzir algo em especifico, ou seja, um

processo de negócio especifica as atividades a decorrer num determinado

espaço e horizonte temporal. Segundo Hammer, no Handbook on Business

Process Management 1 (Rosemann & Brocke, 2010), podemos concluir que um

processo de negócio tem um inicio e fim e deve ir de encontro às estratégias e

objetivos das organizações de modo à obtenção de vantagens competitivas,

agregando valor à organização .

Com base no Process Innovation: Reengineering Work Through Information

Technology de Thomas H.,Davenport (1993) chega-se à conclusão de que

existem processos operacionais, diretamente relacionados com o core business

da organização com o objetivo da criação de valor; de gestão, limitam-se à

operacionalidade da organização, como por exemplo as estratégias; e de

suporte, regem-se por suportar os processos principais, por exemplo, o suporte

técnico, contabilidade e recursos humanos.

A gestão dos processos de negócio (BPM) compreendem quatro fases essenciais

(Lee, 2004): analisar a estratégia da empresa, defenir ou redefinir os processos

de negócio, configurar as IT’s necessárias, avaliar a evolução do desempenho

quando aplicadas, sendo esta uma fase já posterior à implementação decorrido

o tempo necessário para tal.

Page 30: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

24

A utilização das TI’s associadas aos processos de negócio pretendem dar

resposta a três fases de um processo (Chan, 2000): as tecnologias de

informação iniciam o processo quando permitem que a empresa reconheça as

suas necessidades e saiba o porque da necessidade da mudança; têm um papael

facilitador na inovação de produtos pois, com os desenvolvimentos actuais, as

TI’s permitem responder à questão do como inovar para atingir os objetivos

traçados (sistemas de business analytics); por fim através de relatórios

fornecidos pelas TI’s permite saber onde atuar.

Com base na definição de Business Process Management (BPM) da aaim8

(Association for Information and Image Management), para que a BPM seja

realizada de modo a ter sucesso, advindo valor à organização, deve respeitar a

seguinte lista de orientações:

o Definir processos de acordo com os resultados e não com as tarefas;

o Corrigir e melhorar os processos antes de automatizá-los;

o Aos estabelecer os processos deve atribuir-se responsabilidades;

o Padronizar os processos organizacionais para que a sua compreenção

seja facilitada, com a espectaticva da redução de erros;

o Permitir mudanças contínuas para que seja possivel implementar

melhorias;

o Melhorar processos existentes em vez de establecer novos.

2.5 Conceito de Requisitos

Os requisitos fazem parte integrante da primeira fase do processo de

desenvolvimento de um software, e, segundo o BABOK desenvolvido pelo IIBA

(International Institute of Business Analysis) (IIBA & Brennan, 2009), um

requisito é:

1. Uma condição ou capacidade, necessária ao stakeholder, para

solucionar um problema ou alcançar um objetivo.

8 http://www.aiim.org/What-is-BPM-Business-Process-Management#

Page 31: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

25

2. Uma condição ou capacidade que tem de corresponder ou ser

possuída por um sistema ou por um componente do sistema para

satisfazer um contrato, uma norma, uma especificação ou outro tipo

de documentos formalmente impostos.

Segundo esta definição e com a leitura do SWEEBOK (Abran, Moore, Bourque,

Dupuis, & Tripp, 2004) e a exposição da investigação, apercebemo-nos da

existência de diferentes tipos de requisitos:

o Requisitos de Produto ou Sistema: são as necessidades ou restrições do

produto/software a desenvolver;

o Requisitos de Processo: são as restrições no desenvolvimento do produto;

o Requisitos do Utilizador: representam as funcionalidades que o sistema

tem de disponibilizar ao utilizador ou as restrições que se aplicam à

utilização desse sistema.

o Requisitos Funcionais: são os que descrevem as funcionalidades do

software;

o Requisitos Não-Funcionais: por vezes conhecidos como restrições ou

requisitos de qualidade estes são os que agem para restringir a solução

final.

Segundo Ricardo Machado existem alguns princípios básicos e fundamentais

aquando da definição de requisitos, são eles:

o âmbito: a engenharia de requisitos não se resume a um mero conjunto de

tarefas de front-end isoladas de todo o restante desenvolvimento do

sistema, uma vez que, pelo contrário, consiste, na verdade, numa das fases

que necessita de ser permanentemente revisitada, ao longo de todo o

processo de desenvolvimento do sistema, exigindo a existência de vários

ciclos de realimentação;

o evolução: a inevitabilidade da mudança decorre da própria natureza dos

requisitos, de tal forma que, desde a especificação dos requisitos até fases

mais avançadas do desenvolvimento, as diversas tarefas devem ser

executadas já com a mudança em mente;

Page 32: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

26

o diversidade: existem inúmeras fontes e tipos de requisitos, cuja exploração

e significado intrínseco, respetivamente, devem ser cuidadosamente

analisados;

o justificação: existe uma necessidade permanente de justificar os requisitos

capturados, de os associar às respetivas fontes, bem como de relacionar as

decisões de conceção e implementação com os requisitos que as

originaram;

A gestão dos requisitos é o processo que gere as mudanças dos requisitos do

sistema. Ou seja, os requisitos do sistema vão mudar consoante as mudanças

das necessidades do cliente, dos utilizadores, do ambiente onde o sistema vai

funcionar, do negócio, das leis entre outros. Com isto é importante que haja um

controle que tenha como função o ajuste adequado dos requisitos levantados

com as necessidades.

Quanta mais importância for dada aos requisitos na fase inicial do projeto de

desenvolvimento, menores serão os erros e falhas detetadas no momento da

entrega da solução, isto acontece pela complexidade de definição dos mesmos.

Ou seja, um empenho elevado no que se refere aos requisitos do software pode

evitar danos à posteriori e custos avultados de reparações, como podemos

constatar na figura abaixo retirada das apresentações da aula.

Engenharia de Requisitos

Como podemos constatar com o exemplo e definições anteriores o processo de

engenharia de requisitos (atividade que trata os requisitos) é a tarefa principal

no desenvolvimento de um projeto de software. Podemos então compreender

que esta tem o objetivo principal de definir e limitar o comportamento externo

perante a solução. A

engenharia de requisitos é um processo que ocorre em vários níveis do processo

de desenvolvimento de software (Hull, Jackson, & Dick, 2006).

Do processo de engenharia de requisitos devem resultar requisitos para

sistemas informáticos (Software), em consequência das necessidades detetadas

no desenvolvimento do sistema de informação ou na redefinição

organizacional.

Page 33: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

27

Com base em várias definições propostas pela comunidade científica, João

Fernandes e Ricardo Machado (J. M. Fernandes & Machado, 2015) definem

engenharia de requisitos como o “conjunto de atividades envolvidas no

levantamento, negociação e documentação das funcionalidades e restrições do

sistema a desenvolver”. Assim sendo, estes destacam três atividades como

sendo fundamentais para o processo de engenharia de requisitos: levantamento

(elicitation), negociação (negotiation) e documentação (documentation).

O termo engenharia9 de requisitos é relativamente recente e foi “inventado”

para designar todas as atividades envolvidas no levantamento, documentação

e manutenção de requisitos de sistemas baseados em software.

A definição de um modelo geral para o processo de engenharia de requisitos

apresenta-se como uma tarefa dificílima. Já conhecemos anteriormente os

modelos que auxiliam o processo de desenvolvimento de software. Estes podem

sem replicados no processo de engenharia de requisitos uma vez que este

também tem diversas fases e origina uma solução, que neste caso se trata de

um documento de requisitos, como por exemplo o modelo abaixo que é aceite a

nível mundial e é o dos autores Kotonya and Sommerville (1998) que são

referenciados em muitos trabalhos.

Figura 2 Modelo Linear do Processe de Engenharia de Requisitos Fonte: Copyriht (Martin, Aurum, Jeffery, & Paech, 2002)

9 A utilização do termo engenharia pretende significar o recurso a técnicas sistemáticas

(metodologias) para garantir a obtenção de requisitos completos, consistentes e relevantes

Page 34: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

28

3 Abordagem Metodológica

Nos projetos de investigação é de extrema importância a utilização de uma

abordagem metodológica adequada, pois esta vai contribuir para uma eficiência

na concretização dos objetivos delineados para o projeto.

Existem diferentes abordagens metodológicas que podem ser adotadas nos

projetos de investigação, por exemplo, investigação exploratória, descritiva

empírica, experimental, entre outras, todas com perspetivas quantitativa,

qualitativa ou orientada.

Será realizada uma investigação que se pretende que seja sistemática, flexível

e objetiva, contribuindo para explicar e compreender os fenómenos inerentes

ao tema. No que se refere à finalidade é uma investigação aplicada pois

pretende a resolução de problemas práticos sem a preocupação por generalizar

resultados e incorporar teorias. A natureza dos dados é qualitativa pois são os

dados da entidade que serão analisados, é pretendido uma interpretação dos

mesmos, ou seja, é dirigida ao particular.

O projeto de investigação em causa tem como prepósito principal compreender

o funcionamento de uma ferramenta de tecnologia de informação numa

entidade, pelo que se compreende a inclusão na área dos SI.

Tendo em conta a natureza da investigação a metodologia de investigação

adotada será a Desing Science Research (DSR). Esta metodologia tem como

objetivo melhorar a eficácia e a utilização das tecnologias da informação na

resolução de problemas de negócio (Hevner & Chatterjee, 2010).

O modelo do processo da metodologia DSR compreende seis fases (Peffers et

al., 2006).

1. Identificação do problema e a motivação: nesta fase é importante que se

defina claramente os objetivos da investigação, assim como as

motivações e perceções sobre o valor final da solução do problema

identificado;

2. Objetivos para a solução: definir os objetivos da solução através da

definição do problema, ou seja, os objetivos devem ser inferidos

Page 35: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

29

racionalmente a partir do trabalho realizado no ponto anterior, estado

da arte e perceção das soluções atuais para o problema;

3. Conceção e Desenvolvimento: nesta fase dá-se a conceção do artefacto,

deve-se determinar a sua funcionalidade e os recursos necessários.

Segundo (Hevner, March, Park, & Ram, 2004) os artefactos podem ser

constructos, modelos, métodos ou instanciações;

4. Demonstração: nesta fase deve-se demonstrar a eficácia do artefacto

para a resolução do problema;

5. Avaliação: pretende-se medir o quão bem o artefacto suporta uma

solução para o problema. Esta atividade envolve a comparação dos

objetivos de uma solução com os resultados efetivamente observados da

utilização do artefacto na demonstração.

6. Comunicação: esta é a última fase, nela comunica-se o problema e a sua

importância, o artefacto a sua utilidade, o rigor da sua conceção e da sua

eficácia, aos outros investigadores e profissionais da área.

Figura 3 Modelo do Processo da Desing Science Research

Fonte: Copyriht (Peffers et al., 2006)

Page 36: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

30

Metodologia de Investigação

Neste capítulo apresenta-se a revisão de literatura que sustenta a

fundamentação para o trabalho a realizar. Por isso, serão definidos os conceitos

com maior relevância para o estudo, permitindo não só a sua compreensão

individual, mas também a forma como os mesmos interagem entre si.

Tendo o trabalho a realizar por base a contabilidade analítica ou de gestão,

considerou-se importante a recorrer à definição da mesma e comparar com o

constructo da contabilidade financeira. De modo a justificar a realização deste

trabalho definiu-se ainda a importância que esta área apresenta nas

organizações assim como, a identificação das características para

posteriormente se poderem identificar e avaliar na solução implementada na

instituição.

Uma vez que se vai abordar uma área ainda pouco desenvolvida no que refere

às TI’s (Tecnologias de Informação) sentiu-se a necessidade de caracterizar o

sector e identificar e descrever as possíveis soluções que existem no mercado á

disposição das IPSS.

Para qualquer que seja o estudo a realizar é de extrema importância a adoção

de uma estratégia de pesquisa. Para tal, de modo a garantir que está reunida,

identificada e agrupada a literatura relevante na área, no seu referencial

Webster & Watson (2002)recomendam que a pesquisa seja realizada nos

principais jornais e revistas, assim como em atas de conferências,

especialmente aquelas consideradas mais relevantes. Devem ainda ser

procuradas as referências mais identificadas pelos autores.

A pesquisa foi realizada nas seguintes plataformas online, pelo que se admite a

não inclusão de alguns trabalhos relevantes por não se ter acesso, mesmo com

a VPN UMINHO.

o Google Scholar

o Web of Sience

o IEEE

o Springer

o Repositório UM e RCAAP

o B-On

Page 37: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

31

4 Planeamento do trabalho

Este capitulo pretende apresentar o plano de atividades definido para a

elaboração do projeto, ou seja, a caracterização das tarefas e a sua

calendarização.

Tarefa 1 - Revisão de Literatura

Elaborar uma revisão de literatura de modo a reunir o conhecimento necessário

para a compreensão do tema da dissertação. Para a concretização desta tarefa

foram realizadas pesquisas científica para uma melhor compreensão do projeto

e dos objetivos a delinear para o mesmo.

Tarefa 2 - Redação do Projeto de Dissertação

A escrita do documento resulta da junção de todo o esforço de síntese do

trabalho realizado na revisão da literatura. Também são revistos e ajustados os

objetivos a atingir e os resultados esperados com a realização desta dissertação.

Tarefa 3 - Entrega do Projeto de Dissertação

Tarefa 4 – Levantamento das necessidades da entidade

Nesta fase é importante a existência de uma contextualização com a entidade e

um levantamento das necessidades da mesma no que refere à CA, com o objetivo

de recolher o máximo de informação possível.

Tarefa 5- Estudo da adequação da solução instalada

De acordo com as necessidades identificadas é necessário proceder a um estudo

detalhado sobre as características que a solução permite elaborar e de que

forma estas estão adequadas às necessidades da entidade no que refere à CA.

Tarefa 6 – Levantamento e verificação das características de CA a modificar

e implementar

Após o estudo supracitado e de acordo com as necessidades internas de

contabilidade analítica nomeadas numa primeira fase, serão identificadas as

modificações a realizar na solução implementadas. De forma a comprovar que

as características se adequam às necessidades serão testadas.

Page 38: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

32

Tarefa 7 – Definição dos processos de negócio e dos requisitos para a

solução

De acordo com as características identificadas e validadas serão definidos os

processos de negócio, de modo a perceber que atividades e stakeholders que

interferem diretamente na prática de CA a implementar. Posteriormente, e

tendo por base os processos de negócio anteriormente definidos, serão

identificados e modelados os requisitos que a solução deve cumprir de modo a

ir de encontro às necessidades da organização.

Tarefa 8 – Redação do Relatório Final de Dissertação

Será o compilar de todo o trabalho anteriormente efetuado.

Tarefa 9 – Entrega do Relatório Final de Dissertação.

Tabela 3 Plano de Trabalhos

Tarefa Data de Inicio Data de Fim

Tarefa 1 - Revisão de Literatura 01-12-2016 20-02-2016

Tarefa 2 - Redação do Projeto de

Dissertação

16-01-2016 25-02-2017

Tarefa 3 - Entrega do Projeto de

Dissertação

27-02-2017 27-02-2017

Tarefa 4 – Levantamento das necessidades

da entidade

01-03-2017 20-03-2017

Tarefa 5- Estudo da adequação da solução

instalada

20-03-2017 01-05-2017

Tarefa 6 – Levantamento e verificação das

características de CA a modificar e

implementar

02-05-2017 20-05-2017

Tarefa 7 – Definição dos processos de

negócio e dos requisitos para a solução

21-05-2017 30-06-2017

Tarefa 8 – Redação do Relatório Final de

Dissertação

10-04-2017 31-08-2017

Tarefa 9 – Entrega do Relatório Final de

Dissertação.

31-10-2017 31-10-2017

Fonte: Elaboração própria

Page 39: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

33

5 Conclusões

Finda esta fase da dissertação conclui-se que o tema Contabilidade Analítica

como sistema de informação ainda é uma área com pouca exploração científica,

pois das maiores dificuldades sentidas na realização da mesma foi a obtenção

de material que interligue a contabilidade analítica aos sistemas de informação.

Embora estejamos nos anos de apogeu dos sistemas de informação, a

contabilidade analítica é uma área que ainda carece dos mesmos. Com o

trabalho de pesquisa realizado pode denotar-se a inexistência de trabalhos

realizados que abordem estas duas áreas e, quando existentes, apenas abordam

os conceitos teóricos a ter em conta.

Pode-se então concluir que esta dissertação vai de encontro a um gap

identificado na teoria, mas também nas necessidades sentidas pelas

organizações. Sendo assim, é de extrema importância que se analise as

necessidades das organizações na área da CA de forma a modelar os processos

de negócio relativos às práticas de CA para a definição dos requisitos do Sistema

de Informação (organização e solução de tecnologias de informação). Com um

documento que exprima as alterações possíveis à solução adotada a instituição

mune-se de informações para abordar as entidades responsáveis pelo

desenvolvimento da solução, de modo a que estes a alterem.

Page 40: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

34

Referências

Abran, A., Moore, J. W., Bourque, P., Dupuis, R., & Tripp, L. L. (2004). Guide to the

Software Engineering Body of Knowledge. Engineering (Vol. 19759).

http://doi.org/10.1234/12345678

Alves, M. do C. G., & Ussman, A. M. (2006). O valor da informação contabilística na

óptica do produtor e do utilizador da informação – estudo empírico. OTOC -

Contabilidade E Gestão, (2), 123–142.

Amaral, L. (1994). PRAXIS Um Referencial para o Planeamento de Sistemas de

Informação.

Andrade, A. M., & Franco, R. C. (2007). Economia do Conhecimento - Organizações Sem

Fins Lucrativos. http://doi.org/267226/07

Atkinson, A. a, Kaplan, R. S., & Young, S. M. (2012). Management Accounting:

Information for Decision-Making and Strategy Execution. (Pearson, Ed.) (6th

Editio).

Brynjolfsson, E., Hitt, L. M., & Kim, H. H. (2011). Strength in Numbers: How does data-

driven decision-making affect firm performance? ICIS 2011 Proceedings, 18.

http://doi.org/10.2139/ssrn.1819486

Caiado, A. C. P. (1990). Contabilidade Analítica: um instrumento para a gestão. (R. dos

Livros, Ed.). Lisboa: Instituto Superior de Economia.

CGMA, C. G. M. A. (2015). Global Management Accounting Principles, (May).

Chan, S. L. (2000). Information technology in business processes. Business Process

Management Journal, 6(3), 224–237.

Coelho, M. H. M. (2006). A evolução da Contabilidade de Gestão e a necessidade de

informação, 1–20.

Coelho, M. H. M. (2012). Contabilidade analítica e de gestão. (S. Edições Almedina, Ed.).

Famalicão.

Davenport, T. H. (1993). Process Innovation: Reengenering Work Through Information

Technology. (H. B. S. Press, Ed.). Boston, Massachusetts.

Davenport, T. H., & Stoddard, D. B. (1994). Reengineering: Business Change of Mythic

Proportions. MIS Quarterly.

Drury, C. (1992). Management and Cost Accounting. (E. Edition, Ed.) (3th Editio).

Retrieved from https://books.google.nl/books?hl=pt-

PT&lr=&id=l2gFCAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR19&dq=management+accounting+theo

ry&ots=EsEhCCqBt0&sig=UWZkhgsR_LHRPPkCtSyumHHzMaA&redir_esc=y#v=o

nepage&q=management accounting theory&f=false

Esteves, A. S. (2015). A Contabilidade Financeira e Analítica no Grupo Somelos. Instituto

Politécnico do Porto.

Fernandes, J. M., & Machado, R. J. (2015). Requirements in Engeneering Projects.

Springer.

Fernandes, V. S. M. P. (2010). Estudo da fase inicial de implementação de um sistema

de Contabilidade Analítica: o caso do Exército Português.

Hevner, A. R., & Chatterjee, S. (2010). Design Research in Information Systems.

Springer, 22(2), 1–16. http://doi.org/10.1007/978-1-4419-5653-8

Page 41: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

35

Hevner, A. R., March, S. T., Park, J., & Ram, S. (2004). Design Science in Information

Systems Research. MIS Quarterly, 28(1), 75–105.

http://doi.org/10.2307/25148625

Horngren, C. T., Datar, S. M., & Rajan, M. V. (2015). Cost Accounting: A Managerial

Emphasis. (Pearson, Ed.)Issues in Accounting Education (14th editi, Vol. 25).

http://doi.org/10.2308/iace.2010.25.4.789

Hull, E., Jackson, K., & Dick, J. (2006). Requirements Engineering. Springer (Vol. 13).

http://doi.org/10.1145/336512.336523

IIBA, & Brennan, K. (2009). A Guide to the Business Analysis Body of Knowledge ®

(BABOK ® Guide).

Kwampaiboon, T., Jevtic, S., & Pyshnyak, M. (2014). IS effectiveness in Small Nonprofit

Organizations, 1–90. Retrieved from

http://lup.lub.lu.se/luur/download?func=downloadFile&recordOId=4623349&file

OId=4623647

Lee, I. (2004). Evaluating business process-integrated information technology

investment. Business Process Management Journal, 10(2), 214–233.

Marcelo, D. J. M. (2013). Aplicação do SNC às Entidades do Sector não Lucrativo.

Instituto Superior de Economia e Gestão - Universidade Técnica de Lisboa.

Retrieved from http://www.repository.utl.pt//handle/10400.5/11408

Marcos, J. S. (2000). A contabilidade analítica, estudos previsionais e formação no

século xxi, 1–17.

Monteiro, S. M. (2013). Manual de Contabilidade Financeira. (V. Económica, Ed.). Porto.

Nabais, C. (1987). Contabilidade Analitica de Exploração. (Presença, Ed.). Lisboa.

Nielsen, S. K. (2012). The implementation of an information system in a non-profit

organization in a developing country.

Oliveira, L. M. F. (2013). A Implementação de um Sistema de Contabilidade Analítica

numa Unidade de Saúde. Universidade do Porto.

Peffers, K., Tuunanen, T., Gengler, C. E., Rossi, M., Hui, W., Virtanen, V., & Bragge, J.

(2006). The Design Science Research Process: A Model for Producing and

Presenting Information Systems Research. Proceedings of Design Research in

Information Systems and Technology DESRIST’06, 24, 83–106.

http://doi.org/10.2753/MIS0742-1222240302

Pereira, A. L. A. (2014). A Implementação do Sistema de Contabildade de Custos nos

Municípios Portugueses. Universidade de Lisboa.

Pereira, C. A., & Franco, V. D. (1989). Contabilidade Analítica Resopal e Euro-

Scanner,Lda.

Rom, A., & Rohde, C. (2007). Management accounting and integrated information

systems: A literature review. International Journal of Accounting Information

Systems, 8(1), 40–68. http://doi.org/10.1016/j.accinf.2006.12.003

Rosemann, M., & Brocke, J. vom. (2010). Handbook on Business Process Management 1.

Handbook on Business Process Management 1. http://doi.org/10.1007/978-3-642-

00416-2_5

Salvador, R. (2006). Contabilidade Analítica na Administração Pública, 30–36.

Varajão, J. (2005). Arquitectura da Gestão de Sistemas de Informação.

Wanderley, C., Miranda, L. C., de Meira, J., & Cullen, J. (2011). Management accounting

Page 42: Requisitos de um Sistema de Informação de Contabilidade ... · ii Resumo Numa organização a informação pode ter várias origens e para a armazenar, controlar e tratar estas

36

change: a model based on three different theoretical frameworks. BASE - Revista

de Administração E Contabilidade Da Unisinos, 8(2), 111–121.

http://doi.org/10.4013/base.2011.82.01

Webster, J., & Watson, R. T. (2002). Analyzing the past to prepare for the future :

Writing a literature review Reproduced with permission of the copyright owner .

Further reproduction prohibited without permission . MIS Quarterly, 26(2), xiii–

xxiii. http://doi.org/10.1.1.104.6570