RESENHA CRÍTICA: COMO FAZER

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RESENHA CRÍTICA COMO FAZER UMA RESENHA CRÍTICA A resenha (ou resumo crítico) não é apenas um resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elemento importante de interpretação de texto. Por isso, antes de começar a escrever seu resumo crítico você deve se certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando: 1. QUAL O TEMA TRATADO PELO AUTOR? 2. QUAL O PROBLEMA QUE ELE COLOCA? 3. QUAL A POSIÇÃO DEFENDIDA PELO AUTOR COM RELAÇÃO A ESTE PROBLEMA? 4. QUAIS OS ARGUMENTOS CENTRAIS E COMPLEMENTARES UTILIZADOS PELO AUTOR PARA DEFENDER SUA POSIÇÃO? No entanto, para se fazer uma RESENHA CRÍTICA ainda falta “A CRÍTICA”, ou seja, A SUA ANÁLISE SOBRE O TEXTO. E o que é esta ANÁLISE? A análise é, em síntese, a capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores e idéias sobre o tema em questão, contextualizando o texto que está sendo analisado. Para fazer a análise, portanto, certifique-se de ter: - INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR, SUAS OUTRAS OBRAS E SUA RELAÇÃO COM OUTROS AUTORES; - ELEMENTOS PARA CONTRIBUIR PARA UM DEBATE ACERCA DO TEMA EM QUESTÃO; - CONDIÇÕES DE ESCREVER UM TEXTO COERENTE E COM ORGANICIDADE. A partir daí você pode escrever um texto que, em linhas gerais, deve apresentar: NOS PARÁGRAFOS INICIAIS, UMA INTRODUÇÃO À OBRA RESENHADA, APRESENTANDO: - O ASSUNTO/ TEMA;

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ARTIGO SOBRE COMO FAZER, PASSO A PASSO UMA RESENHA CRITICA

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RESENHA CRTICA

COMO FAZER UMA RESENHA CRTICAA resenha (ou resumo crtico) no apenas um resumo informativo ou indicativo. A resenha pede um elemento importante de interpretao de texto. Por isso, antes de comear a escrever seu resumo crtico voc deve se certificar de ter feito uma boa leitura do texto, identificando:1. QUAL O TEMA TRATADO PELO AUTOR?2. QUAL O PROBLEMA QUE ELE COLOCA?3. QUAL A POSIO DEFENDIDA PELO AUTOR COM RELAO A ESTE PROBLEMA?4. QUAIS OS ARGUMENTOS CENTRAIS E COMPLEMENTARES UTILIZADOS PELO AUTOR PARA DEFENDER SUA POSIO?No entanto, para se fazer uma RESENHA CRTICA ainda falta A CRTICA, ou seja, A SUA ANLISE SOBRE O TEXTO. E o que esta ANLISE? A anlise , em sntese,a capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores e idias sobre o tema em questo, contextualizando o texto que est sendo analisado. Para fazer a anlise, portanto, certifique-se de ter:- INFORMAES SOBRE O AUTOR, SUAS OUTRAS OBRAS E SUA RELAO COM OUTROS AUTORES;- ELEMENTOS PARA CONTRIBUIR PARA UM DEBATE ACERCA DO TEMA EM QUESTO;- CONDIES DE ESCREVER UM TEXTO COERENTE E COM ORGANICIDADE.A partir da voc pode escrever um texto que, em linhas gerais, deve apresentar:NOS PARGRAFOS INICIAIS, UMA INTRODUO OBRA RESENHADA, APRESENTANDO:- O ASSUNTO/ TEMA;- O PROBLEMA ELABORADO PELO AUTOR;- E A POSIO DO AUTOR DIANTE DESTE PROBLEMA.NO DESENVOLVIMENTO, A APRESENTAO DO CONTEDO DA OBRA, ENFATIZANDO:- AS IDIAS CENTRAIS DO TEXTO;- OS ARGUMENTOS E IDIAS SECUNDRIAS.POR FIM, UMA CONCLUSO APRESENTANDO SUA CRTICA PESSOAL, OU SEJA:- UMA AVALIAO DAS IDIAS DO AUTOR FRENTE A OUTROS TEXTOS E AUTORES;- UMA AVALIAO DA QUALIDADE DO TEXTO, QUANTO SUA COERNCIA, VALIDADE, ORIGINALIDADE, PROFUNDIDADE, ALCANCE, ETC.Seguindo as dicas apresentadas, certamente voc far uma tima resenha. Ento, bons estudos e mos obra!!!OBS: Nunca se esquea de conferir se sua resenha est de acordo com essas exigncias:Exigncias de contedo_ Toda resenha deve conter uma sntese, um resumo do texto resenhado, com a apresentao das principais idias do autor;_ Toda resenha deve conter uma anlise aprofundada de pelo menos um pontorelevante do texto, escolhido pelo resenhista;_ Toda resenha deve conter um julgamento do texto, feito a partir da anliseempreendida no item acima.Exigncias de forma_ A resenha deve ser pequena, ocupando geralmente at duas laudas de papel A4 comespaamento 1,5;_ A resenha um texto corrido, isto , no devem ser feitas separaes fsicas entre aspartes da resenha (com a subdiviso do texto em resumo, anlise e julgamento, porexemplo); _ A resenha deve sempre indicar a obra que est sendo resenhada.Um grande abrao!Resenha crticaA resenha crtica no requer apenas um resumo informativo ou indicativo. A resenha deve ser entendida como uma anlise interpretativa e, por esse motivo, ir depender da sua capacidade de relacionar os elementos do texto lido com outros textos, autores e idias sobre o tema em questo, e tambm da opinio daquele que escrever a resenha, contextualizando o texto que est sendo analisado.Resenha crtica uma descrio minuciosa que compreende certo nmero de fatos: a apresentao do contedo de uma obra. Consiste na leitura, resumo, na crtica e na formulao de um conceito de valor do livro feito pelo resenhista.Ao elaborar uma resenha crtica deve-se procurar resumir o assunto, apontar as deficincias e/ou pontos que, sob a sua tica, poderiam ser melhor trabalhados (lembre-se que tais pontos podem estar fora do escopo da obra analisada), sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, destacar os pontos fortes com ponderao e sem bajular. Como uma sntese, a resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de pura descrio com momentos de crtica direta.Muita gente ainda fica em dvida sobre a estrutura de uma resenha, e claro que existem algumas sugestes que podem ser bastante teis. Entretanto, deve-se pensar nessas sugestes de estrutura como um guia para a sua redao, e no como um formulrio. O texto deve ser uno, fludo e suas opinies devem estar dialogadas com as do autor resenhado ao longo do texto todo, e no apenas no final.Sugere-se que a resenha no seja muito extensa, e que seja um texto corrido, isto , no devem ser realizadas separaes fsicas entre as partes da resenha, como a subdiviso do texto em resumo, anlise e julgamento, por exemplo.Com estas ressalvas em mente, confira algumas orientaes utilizadas na disciplina de Metodologia em Cincia da Informao do curso de Ps-Graduao em Cincia da Informao da UnB sobre a estrutura de uma resenha crtica, lembrando que no so itens de formulrio, que a redao deve ser corrente, que tais tpicos so apenas diretrizes e que no precisam, necessariamente serem trabalhados nessa ordem:1. Situe o texto no contexto da vida e da obra do autor, assim como no contexto da cultura de sua especialidade, tanto do ponto de vista histrico como do ponto de vista terico;2. Explique os pressupostos filosficos do autor que justifiquem suas posturas tericas;3. Aproxime e associe as idias do autor expressas na unidade com outras idias relacionadas mesma temtica;4. Exera uma atitude crtica frente s posies do autor em termos de:a) coerncia interna da argumentao;b) validade dos argumentos empregados;c) originalidade do tratamento dado ao problema;d) profundidade de anlise do tema;e) alcance de suas concluses e conseqncias;f) apreciao e juzo pessoal das idias defendidas.

Resenha uma produo textual, por meio da qual oautorfaz uma breve apreciao, e uma descrio a respeito de acontecimentos culturais (como uma feira de livros, por exemplo) ou de obras (cinematogrficas, musicais, teatrais ou literrias), com o objetivo de apresentar o objeto (acontecimento ou obras), de forma sintetizada, apontando, guiando e convidando o leitor (ou espectador) a conhecer tal objeto na integra, ou no (resenha crtica).Uma resenha deve conter uma anlise e um julgamento (de verdade ou devalor).Uma resenha pode ser:* Descritiva o caso dos resumos delivrostcnicos, tambm chamada de resenha tcnica ou cientifica. A apreciao, ou o julgamento em uma resenha descritiva julga as idias do autor, a consistncia e a pertinncia de suas colocaes, ao longo da descrio da obra, ou seja, trata-se de um julgamento de verdade.* Crtica ou opinativa Nesse tipo de resenha o contedo apresentado um pouco mais detalhado do que na resenha descritiva, pois oscritriosde julgamento so de valor, de beleza da forma, estilo do objeto (acontecimento ou obra). A explorao um pouco maior dos detalhes ocorre devido necessidade de que o autor da resenha fundamente suas crticas, sejam elas positivas ou negativas, utilizando outros autores que trabalharam o mesmo tema.Antes da produo da resenha de um livro por exemplo - devem ser seguidos os seguintes passos:- Leitura e reflexo sobre o texto do qual ser feito a resenha, sendo que muitas vezes so necessrias leituras complementares para um melhor entendimento do tema.- Resumo da obra, no qual devero ficar clara as idias principais do autor. Este resumo ser a base para a resenha, mas no ela.- Selecionar dentre as idias principais, uma que ser destacada, e at aprofundada (no caso das resenhas crticas).- Emitir um julgamento de verdade (resenha descritiva) ou de valor (resenha crtica), sendo necessria a fundamentao no caso da resenha crtica.- Elaborar a resenha a partir dos passos anteriores, sendo que a organizao do texto fica a critrio do autor. A resenha deve conter, ainda, uma brevssima identificao do autor da obra (vida e outras obras). Ao fim da resenha, o autor da mesma deve se identificar.Alguns autores indicam ainda outro tipo de resenha, chamada pelos mesmos de resenhas temticas. Nesse caso, so apresentados vrios textos e autores que falam sobre o mesmo tema, fazendo as devidas referncias.

Como elaborar uma resenha

1. Definies

Resenha-resumo: um texto que se limita a resumir o contedo de um livro, de um captulo, de um filme, de uma pea de teatro ou de um espetculo, sem qualquer crtica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo principal informar o leitor.

Resenha-crtica: um texto que, alm de resumir o objeto, faz uma avaliao sobre ele, uma crtica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informao e de opinio, tambm denominado de recenso crtica.

2. Quem o resenhista

A resenha, por ser em geral um resumo crtico, exige que o resenhista seja algum com conhecimentos na rea, uma vez que avalia a obra, julgando-a criticamente.

3. Objetivo da resenha

O objetivo da resenha divulgar objetos de consumo cultural - livros,filmes peas de teatro, etc. Por isso a resenha um texto de carter efmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa.

4. Veiculao da resenha

A resenha , em geral, veiculada por jornais e revistas.

5. Extenso da resenha

A extenso do texto-resenha depende do espao que o veculo reserva para esse tipo de texto. Observe-se que, em geral, no se trata de um texto longo, "um resumo" como normalmente feito nos cursos superiores ... Para melhor compreender este item, basta ler resenhas veiculadas por boas revistas.

6. O que deve constar numa resenha

Devem constar: O ttulo A referncia bibliogrfica da obra Alguns dados bibliogrficos do autor da obra resenhada O resumo, ou sntese do contedo A avaliao crtica

7. O ttulo da resenha

O texto-resenha, como todo texto, tem ttulo, e pode ter subttulo, conforme os exemplos, a seguir:

Ttulo da resenha: Astro e viloSubttulo: Perfil com toda a loucura de Michael JacksonLivro: Michael Jackson: uma Bibliografia no Autorizada (Christopher Andersen) - Veja, 4 de outubro, 1995

Ttulo da resenha: Com os olhos abertosLivro: Ensaio sobre a Cegueira (Jos Saramago) - Veja, 25 de outubro, 1995

Ttulo da resenha: Estadista de mitraLivro: Joo Paulo II - Bibliografia (Tad Szulc) - Veja, 13 de maro, 1996

8. A referncia bibliogrfica do objeto resenhado

Constam da referncia bibliogrfica:

Nome do autor Ttulo da obra Nome da editora Data da publicao Lugar da publicao Nmero de pginas PreoObs.: s vezes no consta o lugar da publicao, o nmero de pginas e/ou o preo.

Os dados da referncia bibliogrfica podem constar destacados do texto, num "box" ou caixa.

Exemplo:Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do escritor portugus Jos Saramago (Companhia das Letras; 310 pginas; 20 reais), um romance metafrico (...) (Veja, 25 de outubro, 1995).

9. O resumo do objeto resenhado

O resumo que consta numa resenha apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano geral.

Pode-se resumir agrupando num ou vrios blocos os fatos ou idias do objeto resenhado.

Veja exemplo do resumo feito de "Lngua e liberdade: uma nova concepo da lngua materna e seu ensino" (Celso Luft), na resenha intitulada "Um gramtico contra a gramtica", escrita por Gilberto Scarton.

"Nos 6 pequenos captulos que integram a obra, o gramtico bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variao sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a lngua materna, as noes falsas de lngua e gramtica, a obsesso gramaticalista, a inutilidade do ensino da teoria gramatical, a viso distorcida de que se ensinar a lngua se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prtica lingstica, a postura prescritiva, purista e alienada - to comum nas "aulas de portugus".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas de lngua, terico de esprito lcido e de larga formao lingstica e professor de longa experincia leva o leitor a discernir com rigor gramtica e comunicao: gramtica natural e gramtica artificial; gramtica tradicional e lingstica;o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramticos, dos lingistas, dos professores; o ensino til, do ensino intil; o essencial, do irrelevante".

Pode-se tambm resumir de acordo com a ordem dos fatos, das partes e dos captulos.

Veja o exemplo da resenha "Receitas para manter o corao em forma" (Zero Hora, 26 de agosto, 1996), sobre o livro "Cozinha do Corao Saudvel", produzido pela LDA Editora, com o apoio da Beal.

Receitas para manter o corao em forma

"Na apresentao, textos curtos definem os diferentes tipos de gordura e suas formas de atuao no organismo. Na introduo os mdicos explicam numa linguagem perfeitamente compreensvel o que preciso fazer (e evitar) para manter o corao saudvel.

As receitas deCozinha do Corao Saudvelvm distribudas em desjejum e lanches, entradas, saladas e sopas; pratos principais; acompanhamentos; molhos e sobremesas. Bolinhos de aveia e passas, empadinhas de queijo, torta de ricota, sufl de queijo, salpico de frango, sopa fria de cenoura e laranja, risoto com aafro, bolo de batata, alcatra ao molho frio, pur de mandioquinha, torta fria de frango, crepe de laranja e pras ao vinho tinto so algumas das iguarias".

10. Como se inicia uma resenha

Pode-se comear uma resenha citando-se imediatamente a obra a ser resenhada. Veja os exemplos:

"Lngua e liberdade: por uma nova concepo da lngua materna e seu ensino" (L&PM, 1995, 112 pginas), do gramtico Celso Pedro Luft, traz um conjunto de idias que subvertem a ordem estabelecida no ensino da lngua materna, por combater, veementemente, o ensino da gramtica em sala de aula.

Mais um exemplo:

"Michael Jackson: uma Bibliografia No Autorizada(Record: traduo de Alves Calado; 540 pginas, 29,90 reais), que chega s livrarias nesta semana, o melhor perfil de astro mais popular do mundo". (Veja, 4 de outubro, 1995).

Outra maneira bastante freqente de iniciar uma resenha escrever um ou dois pargrafos relacionados com o contedo da obra.

Observe o exemplo da resenha sobre o livro "Histria dos Jovens" (Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt), escrita por Hilrio Franco Jnior (Folha de So Paulo, 12 de julho, 1996).

O que ser jovem

Hilrio Franco Jnior

H poucas semanas, gerou polmica a deciso do Supremo Tribunal Federal que inocentava um acusado de manter relaes sexuais com uma menor de 12 anos. A argumentao do magistrado, apoiada por parte da opinio pblica, foi que "hoje em dia no h menina de 12 anos, mas mulher de 12 anos".

Outra parcela da sociedade, por sua vez, considerou tal veredito como a aceitao de "novidades imorais de nossa poca". Alguns dias depois, as opinies foram novamente divididas diante da estatstica publicada pela Organizao Mundial do Trabalho, segundo a qual 73 milhes de menores entre 10 e 14 anos de idade trabalham em todo o mundo. Para alguns isso uma violncia, para outros um fato normal em certos quadros scio-econmico-culturais.

Essas e outras discusses muito atuais sobre a populao jovem s podem pretender orientar comportamentos e transformar a legislao se contextualizadas, relativizadas. Enfim, se historicizadas. E para isso a "Histria dos Jovens" - organizada por dois importantes historiadores, o modernista italiano Giovanno Levi, da Universidade de Veneza, e o medievalista francs Jean-Claude Schmitt, da cole des Hautes tudes em Sciences Sociales - traz elementos interessantes.

Observe igualmente o exemplo a seguir - resenha sobre o livro "Cozinha do Corao Saudvel", LDA Editores, 144 pginas (Zero Hora, 23 de agosto, 1996).

Receitas para manter o corao em forma

Entre os que se preocupam com o controle de peso e buscam uma alimentao saudvel so poucos os que ainda associam estes ideais a uma vida de privaes e a uma dieta insossa. Os adeptos da alimentao de baixos teores j sabem que substituies de ingredientes tradicionais por similares light garantem o corte de calorias, acar e gordura com a preservao (em muitos casos total) do sabor. Comprar tudo pronto no supermercado ou em lojas especializadas barbada. A coisa complica na hora de ir para a cozinha e acertar o ponto de uma massa de panqueca,crepe ou bolo sem usar ovo. Ou fazer uma polentinha crocante, bolinhos de arroz e croquetes sem apelar para a frigideira cheia de leo. O livro Cozinha do Corao Saudvel apresenta 110 saborosas solues para esses problemas. Produzido pela LDA Editora com apoio da Becel, Cozinha do Corao saudvel traz receitas compiladas por Solange Patrcio e Marco Rossi, sob orientao e superviso dos cardiologistas Tnia Martinez, pesquisadora e professora da Escola Paulista de Medicina, e Jos Ernesto dos Santos, presidente do departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia e professor da faculdade de Medicina de Ribeiro Preto. Os pratos foram testados por nutricionistas da Cozinha Experimental Van Den Bergh Alimentos.

H, evidentemente, numerosas outras maneiras de se iniciar um texto-resenha. A leitura (inteligente) desse tipo de texto poder aumentar o leque de opes para iniciar uma recenso crtica de maneira criativa e cativante, que leva o leitor a interessar-se pela leitura.

11. A crtica

A resenha crtica no deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a que se acrescenta, ao final, uma avaliao ou crtica. A postura crtica deve estr presente desde a primeira linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crtica do resenhista se interpenetram.

O tom da crtica poder ser moderado, respeitoso, agressivo, etc.

Deve ser lembrado que os resenhistas - como os crticos em geral - tambm se tornam objetos de crticas por parte dos "criticados" (diretores de cinema, escritores, etc.), que revidam os ataques qualificando os "detratores da obra" de "ignorantes" (no compreenderam a obra) e de "impulsionados pela m-f".

12. Exemplos de resenhas

Publicam-se a seguir trs resenhas que podem ilustrar melhor as consideraes feitas ao longo desta apresentao.

Atwood se perde em panfleto feminista

Marilene FelintoDa Equipe de Articulistas

Margaret Atwood, 56, uma escritora canadense famosa por sua literatura de tom feminista. No Brasil, mais conhecida pelo romance "A mulher Comestvel" (Ed. Globo). J publicou 25 livros entre poesia, prosa e no-fico. "A Noiva Ladra" seu oitavo romance.

O livro comea com uma pgina inteira de agradecimentos, procedimento normal em teses acadmicas, mas no em romances. Lembra tambm aqueles discursos que autores de cinema fazem depois de receber o Oscar. A escritora agradece desde aos livros sobre guerra, que consultou para construir o "pano de fundo" de seu texto, at a uma parente, Lenore Atwood, de quem tomou emprestada a (original? significativa?) expresso "meleca cerebral".

Feitos os agradecimentos e dadas as instrues, comeam as quase 500 pginas que poderiam, sem qualquer problema, ser reduzidas a 150. Pouparia precioso tempo ao leitor bocejante.

a histria de trs amigas, Tony, Roz e Charis, cinqentonas que vivem infernizadas pela presena (em "flashback") de outra amiga, Zenia, a noiva ladra, inescrupulosa "femme fatale" que vive roubando os homens das outras.

Vil meio inverossmel - ao contrrio das demais personagens, construdas com certa solidez -, a antogonista Zenia no se sustenta, sua maldade no convence, sua histria no emociona. A narrativa desmorona, portanto, a partir desse defeito central. Zenia funcionaria como superego das outras, imagem do que elas gostariam de ser, mas no conseguiram, reflexo de seus questionamentos internos - eis a leitura mais profunda que se pode fazer desse romance nada surpreendente e muito bvio no seu propsito.

Segundo a prpria Atwood, o propsito era construir, com Zenia, uma personagem mulher "fora-da-lei", porque "h poucas personagens mulheres fora-da-lei". As intervenes do discurso feminista so claras, panfletrias, disfaradas de ironia e humor capengas. A personagem Tony, por exemplo, tem nome de homem ( apelido para Antnia) e professora de histria, especialista em guerras e obcecada por elas, assunto de homens: "Historiadores homens acham que ela est invadindo o territrio deles, e deveria deixar as lanas, flechas, catapultas, fuzis, avies e bombas em paz".

Outras aluses feministas parecem colocadas ali para provocar riso, mas soam apenas ingnuas: "H s uma coisa que eu gostaria que voc lembrasse. Sabe essa qumica que afeta as mulheres quando esto com TPM? Bem, os homens tm essa qumica o tempo todo". Ou ento, a mensagem rabiscada na parede do banheiro: "Herstory Not History", trocadilho que indicaria o machismo explcito na palavra "Histria", porque em ingls a palavra pode ser desmembrada em duas outras, "his" (dele) e story (estria). A sugesto contida no trocadilho a de que se altere o "his" para "her" (dela).

As histrias individuais de cada personagem so o costumeiro amontoado de fatos cotidianos, almoos, jantares, trabalho, casamento e muita "reflexo feminina" sobre a infncia, o amor, etc. Tudo isso narrado da forma mais achatada possvel, sem maiores sobressaltos, a no ser talvez na descrio do interesse da personagem Tony pelas guerras.

Mesmo a, prevalecem as artificiais inseres de fundo histrico, sem p nem cabea, no meio do texto ficcional, efeito da pesquisa que a escritora - em tom cerimonioso na pgina de agradecimentos - se orgulha de ter realizado.

Estadista de mitra

Na melhor bibliografia de Joo Paulo II at agora, o jornalista Tad Szulc d nfase atuao poltica do papa

Ivan ngelo

Como ser visto na Histria esse contraditrio papa Joo Paulo II, o nico no-italiano nos ltimos 456 anos? Um conservador ou um progressista? Bom ou mau pastor do imenso rebanho catlico? Sobre um ponto no h dvida: um hbil articulador da poltica internacional. No resolveu as questes pastorais mais angustiantes da Igreja Catlica em nosso tempo - a perda de fiis, a progressiva falta de sacerdotes, a forma de pr em prtica a opo da igreja pelos pobres -; tornou mais dramticos os conflitos teolgicos com os padres e os fiis por suas posies inflexveis sobre o sacerdcio da mulher, o planejamento familiar, o aborto, o sexo seguro, a doutrina social, especialmente a Teologia da Libertao, mas por outro lado, foi uma das figuras-chave na desarticulao do socialismo no Leste Europeu, nos anos 80, a partir da sua atuao na crise da Polnia. uma voz poderosa contra o racismo, a intolerncia, o consumismo e todas as formas autodestrutivas da cultura moderna. Isso far dele um grande papa?

O livro do jornalista polons Tad SzulcJoo Paulo II - Bibliografia(traduo de Antonio Nogueira Machado, Jamari Frana e Silvia de Souza Costa; Francisco Alves; 472 pginas; 34 reais) toca em todos esses aspectos com profissionalismo e competncia. O autor, um ex-correspondente internacional e redator do The New York Times, viajou com o papa, comeu com ele no Vaticano, entrevistou mais de uma centena de pessoas, levou dois anos para escrever esse catatau em uma mquina manual porttil, datilografando com dois dedos. O livro, bastante atual, acompanha a carreira (no propriamente a vida) do personagem at o fim de janeiro de 1995, ano em que foi publicado. um livro de correspondente internacional, com o vis da poltica internacional. Szulc no literariamente refinado como seus colegas Gay Talese ou Tom Wolfe, usa com freqncia aqueles ganchos e frases de efeito que adornam o estilo jornalstico, porm persegue seu objetivo como um mssil e atinge o alvo.

Em meio poltica, pode-se vislumbrar o homem Karol Wojtyla, teimoso, autoritrio, absolutista de discurso democrtico, algum que acha que tem uma misso e no quer dividi-la, que contra o "moderno" na moral, que prefere perder a transigir, mas gentil, caloroso, fraterno, alegre, franco ... Szulc, entretanto, s faz o esboo, no pinta o retrato. Temos, ento, de aceitar a sua opinio: " difcil no gostar dele".

Opus Dei- O livro comea descrevendo a personalidade de Joo Paulo II, faz um bom resumo da Histria da Polnia e sua opo pelo Ocidente e pela Igreja Catlica Romana (em vez da Ortodoxa Grega, que dominava os vizinhos do Leste), fala da relao mstica de Wojtyla com o sofrimento, descreve sus brilhante carreira intelectual e religiosa, volta sua infncia, aos seus tempos de goleiro no time do ginsio ""um mau goleiro", dir mais tarde um amigo), localiza a sua simpatia pelos judeus, conta que ele decidiu ser padre em meio ao sofrimento pela morte do pai, destaca a complacncia de Pio XII com o nazismo, a ajuda Opus Dei (a quem depois Joo Paulo II daria todo o apoio), demora-se demais nos meandros da poltica do bispo e cardeal Wojtyla, cresce jornalisticamente no captulo sobre a eleio desse primeiro papa polons, mostra como ele reorganizou a Igreja, discute suas posies conservadoras sobre a Teologia da Libertao e as comunidades eclesiais de base, CEBs, na Amrica latina, descreve sua decisiva atuao na poltica do Leste Europeu, a derrocada do comunismo, e termina com sus luta atual contra o demnio ps-comunista. Agora o demnio, o perigo mortal para a humanidade, o capitalismo selvagem e o "imperialismo contraceptivo" dos EUA e da ONU.

Szulc, o escritor-mssil, no se desvia do seu alvo nem quando v um assunto saboroso como a Cria do Vaticano, que diz estar cheia de puxa-sacos e fofoqueiros com computadores, nos quais contabilizam trocas de favores, agrados, faltas e rumores. O sutil jornalista Gay Talese no perderia um prato desses.

Entretanto, Szulc est sempre atento s aes polticas do papa. Nota que Joo Paulo II elevou a Opus Dei prelatura pessoal enquanto expurgou a Companhia de Jesus por seu apoio Teologia da Libertao; ajudou a Opus Dei a se estabelecer na Polnia, beatificou rapidamente seu criador, monsenhor Escriv. Como um militar brasileiro dos anos 60, cassou o direito de ensinar dos padres Kng, Pohier e Curran, silenciou os telogos Schillebeeckx (belga), Boff (brasileiro), Hring (alemo) e Gutirrez (peruano), reduziu o espao pastoral de dom Arns (brasileiro). Em contrapartida, apoiou decididamente o sindicato clandestino polons, a Solidariedade. Fez dobradinha com o general dirigente polons Jaruzelski contra Brejnev, abrindo o primeiro pas socialista, que abriu o resto. O prprio Gorbachev reconhece: "Tudo o que aconteceu no Leste Europeu nesses ltimos anos teria sido impossvel sem a presena deste papa".

Talvez seja assim tambm com relao ao que acontece com as religies crists no nosso continente. Tad Szulc, com cautela, alerta para a penetrao, na Amrica Latina, dos evanglicos e pentecostais, que o prprio Vaticano chama de "seitas arrebatadoras". A participao comunitria e o autogoverno religioso que existia nas CEBs motivavam mais a populao. Talvez seja. Acrescentando-se a isso o lado litrgico dos evanglicos que satisfaz o desejo dos fiis de serem atores no drama mstico, no tanto espectadores, tem-se uma tese.

O perfil desenhado por Szulc o de um poltico profundamente religioso. Um homem que reza sete horas por dia, com os olhos firmemente fechados, devoto de Nossa Senhora de Ftima e do mrtir polons So Estanislau e que acredita no martrio e na dor pessoais para alcanar a graa.

Um gramtico contra a gramtica

Gilberto Scarton

Lngua e Liberdade: por uma nova concepo da lngua materna e seu ensino(L&PM, 1995, 112 pginas) do gramtico Celso Pedro Luft traz um conjunto de idias que subverte a ordem estabelecida no ensino da lngua materna, por combater, veemente, o ensino da gramtica em sala de aula.

Nos 6 pequenos captulos que integram a obra, o gramtico bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla - uma variao sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a lngua materna, as noes falsas de lngua e gramtica, a obsesso gramaticalista, inutilidade do ensino da teoria gramatical, a viso distorcida de que se ensinar a lngua se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prtica lingstica, a postura prescritiva, purista e alienada - to comum nas "aulas de portugus".

O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da lngua, terico de esprito lcido e de larga formao lingstica e professor de longa experincia leva o leitor a discernir com rigor gramtica e comunicao: gramtica natural e gramtica artificial; gramtica tradicional e lingstica; o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramticos, dos lingistas, dos professores; o ensino til, do ensino intil; o essencial, do irrelevante.

Essa fundamentao lingstica de que lana mo - traduzida de forma simples com fim de difundir assunto to especializado para o pblico em geral - sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se convence de que aprender uma lngua no to complicado como faz ver o ensino gramaticalista tradicional. , antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser humano; um processos espontneo, automtico, natural, inevitvel, como crescer. Consciente desse poder intrnseco, dessa propenso inata pela linguagem, liberto de preconceitos e do artificialismo do ensino definitrio, nomenclaturista e alienante, o aluno poder ter a palavra, para desenvolver seu esprito crtico e para falar por si.

EmboraLngua e Liberdadedo professor Celso Pedro Luft no seja to original quanto parea ser para o grande pblico (pois as mesmas concepes aparecem em muitos tericos ao longo da histria), tem o mrito de reunir, numa mesma obra, convincente fundamentao que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores - vtimas do ensino tradicional - e os professores de portugus - tericos, gramatiqueiros, puristas - tm ao se depararem com uma obra de um autor de gramticas que escreve contra a gramtica na sala de aula.