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Resenha da Teoria Crítica, Harry Edmar Schulz

São Carlos, 2011. Projeto: Humanização como ferramenta de aumento de interesse nas exatas.

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Resenha Crítica da Obra

A Teoria Crítica

de Marcos Nobre

Harry Edmar Schulz

Nota explicativa: O presente texto fundamenta-se na obra “A Teoria Crítica”, de Marcos Nobre, publicada por Jorge Zahar Editor, em 2004. A metodologia seguida foi a apresentação do número do parágrafo considerado, seu resumo e o comentário crítico, indicado com HES. Entendeu-se que esta seria a metodologia mais adequada.

São Carlos, Outubro de 2011

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Resenha Crítica da Obra

A Teoria Crítica, de Marcos Nobre

Harry Edmar Schulz 2011

1 Introdução 1o e 2o parágrafos, pgs. 7 e 8. Resumo: O autor menciona que ter uma teoria sobre algo é ter uma hipótese ou conjunto de argumentos que explica fenômenos. Se uma teoria é científica, deve poder prever eventos futuros, fazer prognósticos. Entretanto, o autor menciona o dito “na prática a teoria é outra”, que, num sentido mostra a diferença entre manipular objetos e dizer como eles são. HES: Os parágrafos são introdutórios e expositivos. 3o e 4o parágrafos, pgs. 8 e 9. Resumo: Num segundo sentido, a diferença é entre “o que as coisas são” e que “deveriam ser”. A prática é um “conjunto de ideais que orientam a ação”. O autor menciona que, para Kant, este sentido de “prático” é o mais elevado, abrangendo a moral, a ética, a política e o direito. A diferença mencionada deve permanecer, mantendo tanto a teoria como a prática. Se a teoria é feita para dizer como deve ser, não se sabe como é. Se diz como é, não há como ser outra coisa. Surge um fosso que exige suprimir a lógica do “conhecer” ou do “agir”.

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HES: Ainda se trata de uma descrição, onde a idéia de Kant prevalece e é mencionada a necessidade de considerar apenas ou o conhecer ou o agir. . 5o e 6o parágrafos, pg. 9. Resumo: O autor questiona o título “Teoria Crítica”. Se é, como criticar no contexto da teoria? Criticar não é mostrar como deveria ser? Se se critica a teoria, não se abdica de mostrar como é, não se abandona o conhecer pelo agir? Portanto, não se teria ação cega, sem considerar como é? Daí o autor diz que a Teoria Crítica não quer nem a ação cega, nem um conhecimento vazio (ignora poder ser de outra forma), mas questiona o sentido e distinção de “teoria” e “prática” HES: O autor define o objetivo da “Teoria Crítica”, exemplificando a partir da posição de que a teoria estaria dizendo como as coisas são. Nesses parágrafos não se exemplifica o caso de a teoria estar mostrando como as coisas deveriam ser. Apesar disso, o autor conclui que a teoria crítica não defende nem uma nem outra posição. 7o e 8o parágrafos, pgs. 9 e 10. Resumo: O autor coloca a crítica como ser: dizer o que é em vista do que ainda não é, mas pode ser. Menciona ser uma forma de enxergar as melhores potencialidades do mundo real, embutido em si. Mas não se abdica de mostrar como é, nem de prognosticar. Entretanto, o crítico não vê completamente como as coisas são, nem como deveriam ser, e daí um novo ponto de vista da crítica aparece: aquele que aponta as dificuldades a superar para que as potencialidades possam acontecer. HES: O fato de haver apenas uma possibilidade parcial de indicar o que é ou deveria ser permite que um espectro amplo de possibilidades se abra, uma vez que ninguém sabe de fato a que se destina o objeto sob análise. Isso é colocado como uma abertura de um novo ponto de vista,

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de sobrepujar obstáculos. Mas ao leitor pode parecer uma forma de reafirmar nossa incapacidade de conhecer algo absolutamente, seja como é, seja como deveria ser. 9o e 10o parágrafos, pgs. 10 e 11. Resumo: Criticamente, o “a ser” que partiria do “ser”, mostra este último como o obstáculo à realização das potencialidades, uma dominação vigente. A Teoria Crítica apresenta o “é” como tendência presente do processo histórico, como emancipação e arranjo dos obstáculos em cada momento histórico. HES: Este trecho é uma explicação da causalidade no arranjo da realidade social, e da dependência entre a possibilidade e o presente. 11o e 12o parágrafos, pgs. 11 e 12. Resumo: O autor afirma que a teoria se confirma na prática transformadora das “relações sociais vigentes”. O curso histórico permite avaliar a confirmação ou refutação da teoria, envolvendo questões “sociais e políticas. A prática é um momento da teoria. Os resultados comparados aos prognósticos são retrabalhados continuamente pela teoria, que passa a ser também um momento da prática. O autor conclui a introdução comentando o objeto tratado como a “idéia” da teoria crítica, e justificando a apresentação histórica que se seguirá. HES: Neste parágrafo o autor se localiza essencialmente no contexto histórico social, evidenciando que sua discussão se vincula ao desenrolar das sociedades, com suas questões políticas e embates sociais. Portanto, não se trata de uma teoria crítica para uma ciência no contexto de seus princípios básicos. O último parágrafo é um fecho às primeiras páginas e informa os procedimentos seguintes.

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2 Teoria crítica e escola de Frankfurt 13o e 14o parágrafos, pgs. 12 e 13. Resumo: Horkheimer é apresentado como quem cunhou primeiramente o conceito de teoria crítica, mencionando a revista e o instituto com os quais esteve envolvido, bem como enfatizando os momentos históricos. HES: Os dois parágrafos são um breve passeio pela época conflituosa na qual o conceito foi desenvolvido. 15o e 16o parágrafos, pgs. 13 e 14. Resumo: O Instituto de Pesquisa Social criado com a doação de um cerealista, para investigar cientificamente a obra de Karl Marx, portanto visando o marxismo e seu método. Como o marxismo era marginalizado, foram necessárias gestões para criar o Instituto e conferir-lhe um diretor. HES: Vê-se o desenvolvimento do instituto vinculado aos procedimentos alemães e à realidade política vigente. 17o e 18o parágrafos, pgs. 14 e 15. Resumo: O nome escolhido estava vinculado ao movimento operário e a um periódico que publicava estudos a este respeito, que passou a ser do instituto. Com a subida de Horkenheimer ao cargo de diretor, a Teoria Crítica passou a ser objeto de trabalho. HES: Nota-se que a personalidade dos atores históricos também confere personalidade à instituição gerada, vinculando-a aos estudos dos movimentos trabalhistas e, posterioremente, à Teoria Crítica. 19o e 20o parágrafos, pgs. 15 e 16. Resumo: O autor menciona o lançamento das bases de um trabalho coletivo interdisciplinar, com unidade dada pela referência à obra de Marx, dito “materialismo

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interdisciplinar”. A Teoria Crítica surge com o sentido: “pesquisadores de diferentes especialidades trabalhando em regime interdisciplinar e tendo como referência comum a tradição marxista”. É lançado o periódico “revista de pesquisa social”. Nomes relevantes são mencionados. HES: O relato do trabalho de organização de um instituto sob um conceito é interessante. Mostra-se que se menciona a autonomia e independência das disciplinas, mas ao mesmo tempo se enfatiza a unidade, sugerindo objetividade na direção do Instituto. Infere-se que o periódico foi um elemento agregador, uma vez que o meio acadêmico necessita manifestar suas idéias em um veículo próprio, que, ele próprio, dá personalidade ao conjunto de pesquisadores que dele se utiliza. 21o e 22o parágrafos, pgs. 16 e 17. Resumo: A Escola de Frankfurt é mencionada, pelos nomes citados, enfatizando que havia divergências decorrentes das interpretações das obras de Marx. Os nomes a incluir nesta escola poderiam ser tomados das contribuições à revista (incluindo nomes que não se referenciam a Marx), ou como membros do Instituto (implicando em variações ao longo dos anos). HES: O aspecto interessante nessa parte do texto é a menção da “Escola de Frankfurt” como uma convenção contraditória. Não tendo havido uma “escola” propriamente dita, passa-se a idéia de um movimento intelectual direcionado, que, contudo, também não é verdadeira, porque os nomes tinham opiniões divergentes. Assim, a “escola” fica, nessa parte do texto, como uma entidade ainda a ser melhor decifrada. 23o e 24o parágrafos, pgs. 17 e 18. Resumo: Fundado em 1931 com bases marxistas e contendo pesquisadores de origem judaica, o instituto

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criou uma sede em Genebra. Com a subida de Hitler à chancelaria em 1933, o Instituto transferiu seu capital para a Holanda e mudou-se para Genebra, abandonando Frankfurt. Horkheimer foi exonerado do cargo, as instalações físicas do instituto foram depredadas, a editora alemã não podia mais publicar a revista e o exílio durou até 1950. HES: O contexto histórico é interessantíssimo, mostrando as preocupações e o caráter preditivo das decisões, considerando um possível desenvolvimento político desfavorável. 25o e 26o parágrafos, pgs. 18 e 19. Resumo: A revista é editada na França, até sua ocupação pela Alemanha, e a sede do Instituto passa a Nova York, com a emigração de pesquisadores aos EUA. Os dois últimos números da revista são editados nos EUA. O nome “Escola de Frankfurt” é usado apenas após 1950, como um rótulo a posteriori da experiência do instituto. Têm mais influência na moldagem do nome os intelectuais que dirigiram o instituto e a universidade no pós-guerra, entre eles Horkheimer e Adorno. HES: A narrativa é interessantíssima, mostrando que a própria idéia do “instituto” era algo etérea, mutável, sujeita aos ditames das condições políticas favoráveis. Nesse contexto, não se pode deixar de admirar a busca de uma identidade daquilo que deveria ter sido o instituto, ou seja, a identidade de uma idéia a posteriori, denominada de escola de Frankfurt. 27o e 28o parágrafos, pgs. 19 e 20. Resumo: O rótulo da “escola” foi importante nos debates públicos sobre a experiência nazista, a experiência comunista da DDR, a busca de entendimento do capitalismo como agente social e o papel da ciência e da técnica, por exemplo. Esses são temas que formam a

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“Escola de Frankfurt”, que mostram ser essa uma idéia de uma Teoria Crítica, e uma forma de intervenção político-intelectual no debate público do pós-guerra. HES: Surge a idéia de Teoria Crítica como uma ferramenta para direcionar os debates no pós-guerra alemão. Em tendo tido sucesso, pode ter conferido uma nova identidade ao público, em torno da idéia da Alemanha, agora desvestida dos ideais nazistas. É muito interessante considerar esta hipótese, uma vez que o público necessitava superar as antigas concepções daquilo que era ser alemão, para abraçar novas. Considerando o sucesso alemão nas décadas seguintes, é possível que esta ferramenta tenha sido parte importante neste êxito. Nesse sentido, trata-se de um exemplo da utilidade de efetuar discussões filosófico-políticas junto ao público. 29o e 30o parágrafos, pgs. 20 e 11. Resumo: O autor argumenta que a experiência anterior da dita “escola” permitiu acomodar divergências e associar à “escola” um núcleo teórico comum realmente inexistente, mas permitindo que uma relação entre “membro e conjunto” se estabelecesse. Portanto, a força da “escola” está na inexistência da unidade, mas com sua afirmação enfática. HES: Ao leitor desponta o aspecto utilitário da escola. Considerando as necessidades históricas decorrentes da recente extrema violência de uma guerra amparada pela melhor tecnologia de então, há a necessidade de defender uma pretensa unidade para que se possa confiar no seu papel de intervenção político-social. Em atingindo o sucesso, a escola passa a ser supérflua, e a própria Teoria Crítica de então passa a ser um componente a entrar em segundo plano, justamente por permitir a identidade com a escola. Entretanto, para que se possa levar adiante o projeto crítico, ou sua utilidade, convém redirecioná-la, ou reformatá-la.

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3 A idéia de teoria crítica 31o e 32o parágrafos, pgs. 21 e 22. Resumo: Teoria Crítica aqui considera um campo teórico e um grupo selecionado de intelectuais. O campo é demarcado a partir da obra de Marx. E a assim dita Teoria Crítica em sentido amplo possui os elementos teóricos fundamentais que a distinguem de outras teorias. HES: O autor delimita o seu próprio campo de estudo a partir das concepções originais de Horkheimer. Assim, o trabalho parece que se tornará uma interpretação do que, a posteriori, se entende que tenha sido o início dos trabalhos em torno de uma estrutura voltada para o marxismo. 33o e 34o parágrafos, pgs. 22 e 23. Resumo: O autor apresenta o conceito de Teoria Crítica em sentido restrito, como sendo a conceituação de Horkheimer da Teoria Crítica. Assim, a interpretação dos princípios gerais (fundamentados em Marx) e a aplicação são Teoria Crítica em sentido restrito. Modelos são mencionados, que permitem diagnósticos e prognósticos, baseados nas tendências históricas. HES: No contexto da sua definição de modelos, o autor permite entender a Teoria Crítica como uma ciência incipiente, uma vez que o modelo reproduz e é calibrado com um evento ou conjunto de eventos passados e presentes, denominado de diagnóstico, e permite previsões, denominado de prognóstico. A exatidão dos prognósticos, se verificável, permite estabelecer, daí, uma ciência. 35o e 36o parágrafos, pgs. 23 e 24. Resumo: A autor menciona que a Teoria é constantemente renovada e exercitada, não sendo fixada

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em um conjunto de teses imutáveis. Posteriormente, alguns dados históricos e referências consideradas importantes são apresentados. HES: Relevante é reconhecer, nas palavras do autor, que o modelo a ser discutido admite calibrações repetitivas, para cada momento que serve de base para o diagnóstico, permitindo o prognóstico considerando as tendências históricas momentâneas. 37o e 38o parágrafos, pgs. 24 e 25. Resumo: Teoria Crítica aqui é todo o modelo fundamentado no modelo de Horkheimer de 1937, baseado nos escritos de Horkheimer de 1930 (e não necessariamente nos escritos de Marx). HES: A definição permite delimitar o campo de discussão da obra aos escritos de Horkheimer e a seus principais desdobramentos. Assim, é uma Teoria Crítica particular. 39o e 40o parágrafos, pg. 25. Resumo: Matriz da Teoria Crítica: capitalismo de Marx. O mercado capitalista é o centro das atividades de produção e reprodução da sociedade. A tarefa da Teoria é compreender a natureza do mercado capitalista, como se distribui o poder político e a riqueza, o Estado, a família, a religião, entre outros aspectos. HES: Nesses parágrafos o autor coloca o capitalismo como o centro de sua análise. 41o e 42o parágrafos, pgs. 25 e 26. Resumo: No mercado, todos os valores se subordinam a troca mercantil, e tudo pode ser trocado. A mercadoria é a unidade, e todo e qualquer bem tem um valor. HES: A materialização de “todo e qualquer bem” é ainda um pouco etérea. Vale a ressalva de que o autor não

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eliminou outros valores, mas os subordinou à troca mercantil. 43o e 44o parágrafos, pgs. 26 e 27. Resumo: O trabalho se tornou uma mercadoria, vendendo-se a força do trabalho. A separação entre os instrumentos e a força decorre da forma histórica do capitalismo. O capitalismo acarreta desenvolvimento tecnológico, com os instrumentos ficando mais complexos, exigindo mais capital para comprá-los. HES: O autor coloca a força de trabalho separada do instrumento e discorre sobre as características conhecidas a posteriori do capitalismo, como até o momento nós o conhecemos. 45o e 46o parágrafos, pg. 27. Resumo: O início do crescimento é colocado como o uso, na compra de máquinas, da riqueza concentrada, tornando-a “capital”. O século XV marca o início do êxodo rural europeu, com os indivíduos vendendo, nos centros urbanos, sua força de trabalho. Este novo proletariado gasta seu salário em bens de consumo e move um mercado interno. HES: A descrição histórica visa o entendimento da Teoria Crítica. Evidentemente há coincidências históricas que podem ser consideradas com mais detalhe em estudos vinculados à realidade novo-mundista. Coincide que o século XV marcou o início do holocausto novo-mundista, com grandes aportes de riquezas na Europa provindas do novo mundo. Toda seqüência de concentração de riquezas, de avanço científico (renascimento), de aplicação dessas riquezas, é conseqüência primeira de uma transferência compulsória das riquezas e destruição de seus criadores. O autor não tece comentários a esse respeito. Evidentemente Marx não teceu comentários a este respeito. A realidade marxista assume a riqueza

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presente já na Europa, independente de suas causas extra-continentais. 47o e 48o parágrafos, pgs. 27 e 28. Resumo: A divisão entre os capitalistas (que detém os meios de produção) e proletários (que vendem sua força de trabalho em troca de um salário) é apresentada, bem como o aprofundamento das desigualdades, seguindo a proposta de Marx. HES: Trata-se da apresentação das definições clássicas de Marx. 49o e 50o parágrafos, pgs. 28 e 29. Resumo: O mercado, tendo origem justa, também permite colocar esta origem para o mercado capitalista, que deveria garantir a liberdade e a igualdade de todos. Mas, como a mais-valia está presente (excedente de trabalho agregado à mercadoria produzida e não pago pelo salário), fornecendo lucro ao capitalista, as diferenças se intensificam. Assim, havendo lucro, não há liberdade e igualdade. HES: Novamente, a apresentação das definições clássicas de Marx. 51o e 52o parágrafos, pgs. 29 e 30. Resumo: O mecanismo descrito acima efetivamente estabelece-se, sendo o capitalismo a primeira formação histórica que permite o crescimento maciço da técnica e da produção, tornando possível a igualdade e a liberdade. Segundo Marx, essa formação tende a se extinguir. A tendência é de abolição do capital, mas o capitalismo impede também essa conclusão. HES: Novamente, a apresentação das definições clássicas de Marx.

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53o e 54o parágrafos, pgs. 30 e 31. Resumo: Passa-se à conscientização do proletariado e de sua emancipação pela revolução. Em seguida são apresentados os princípios fundamentais da Teoria Crítica. A consecução da liberdade e igualdade é uma possibilidade real que não depende da teoria, mas da prática. Assim, a Teoria Crítica só se confirma na “prática transformadora das relações sociais vigentes”. HES: Tem-se a apresentação final das definições clássicas de Marx, e a apresentação da Teoria Crítica como fundamentada na prática. Ainda que contraditória no uso dos termos, a idéia é interessante. 55o e 56o parágrafos, pgs. 31 e 32. Resumo: A prática transformadora é relevante, mas também é relevante a teoria na análise das estruturas reais, na excução do diagnóstico e do prognóstico, com base na tendência histórica momentânea. A teoria não se limita a dizer como as coisas funcionam, mas visam a emancipação possível e bloqueada pelas relações sociais vigentes. A orientação para a emancipação é dita ser o primeiro princípio fundamental da Teoria Crítica. HES: Ou seja, tem-se a calibração do modelo e seu uso na previsão. A prática se efetuará após o estudo decorrente do modelo. Caso não haja modelo, os procedimentos de análise o incorporam de forma implícita. Isto porque qualquer prognóstico necessita de um modelo que diga de onde se parte (diagnóstico, calibração) e o cenário provável. 57o e 58o parágrafos, pgs. 32 e 33. Resumo: O autor menciona que a teoria não pode se limitar a descrever o mundo social, mas deve procurar o melhor que pode ser, sendo a expressão de um comportamento crítico relativo ao conhecimento da realidade social. Este comportamento crítico é o segundo princípio fundamental da Teoria Crítica. Os dois

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princípios caracterizam a posição social do proletariado (classe), que mostram as potencialidades e os obstáculos à emancipação. HES: Os aspectos mencionados pelo autor “orientação para a emancipação” e o “comportamento crítico” funcionam como a condição inicial do modelo e a função que é representada pelo próprio modelo. Em outras palavras, a orientação estabelece em que sentido a mudança deverá ocorrer e o comportamento crítico estabelece a “intensidade” ou “velocidade” com que isto ocorrerá (note-se que está-se falando de um modelo genérico, ou seja, de uma possível análise teórica de diagnóstico e prognóstico). 59o parágrafo, pgs. 33 e 34. Resumo: Os dois princípios, segundo o autor, excluem teóricos que constroem modelos abstratos (utópicos ou normativistas) e os que reduzem a teoria a uma descrição neutra do funcionamento da sociedade (positivistas). A teoria não descreve apenas, mas também identifica potencialidades e obstáculos em cada momento histórico. HES: O campo de trabalho do autor exclui então os extremos abstratos e neutros, estabelecendo um campo de ação próprio, cuja abrangência deverá ser esclarecida.

4 A teoria crítica segundo Max Horkheimer 60o e 61o parágrafos, pgs. 34e 35. Resumo: O autor menciona que deve-se mostrar como Horkheimer trabalha os dois princípios. O conhecimneto crítico opõem-se a todo outro conhecimento gerado sem base nesses dois princípios. Deve-se mostrar que este conhecimento é parcial, devendo-se integrá-lo no conhecimento crítico, produzido sob condições sociais capitalistas, denominado de “Teoria Tradicional”. HES: Trata-se da introdução ao escrito de Horkheimer.

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62o e 63o parágrafos, pgs. 35 e 36. Resumo: A concepção tradicional da teoria inicia com a descrição de teoria para as ciências, como o uso de princípios abstratos para formar leis, aplicáveis a casos particulares que, se confirmados, confirmam a própria teoria. Nesse caso, nas ciências, as interconexões na natureza se dão independente da interferência do cientista. O objetos são abstraídos das qualidades e do sentido que podem ter no contexto das relações sociais, sendo elementos de uma cadeia causal. Esta é a concepção tradicional da teoria. HES: A teoria tradicional é compreensível como um modelo (uma lei natural), onde interferências do observador não são consideradas. Isto é simples de ser compreendido. 64o e 65o parágrafos, pg. 36. Resumo: O autor questiona a aplicação de tal teoria à sociedade, onde os objetos são decorrentes da ação humana e a dificuldade da definição de um fenômeno social. Para tanto, o observador deve ser diferenciado do agente social. O que ele observa e o que avalia a partir de seus valores devem ser reconhecidos. HES: Um modelo, em essência, deve ser independente do observador. Havendo a possibilidade de existir alguma influência, seria necessário estabelecer critérios corretivos. A questão da interpretação, ou avaliação da sociedade ou dos resultados do modelo como dependente do observador coloca um foco de desvio também no observador (e não no modelo). 66o e 67o parágrafos, pgs. 36 e 37. Resumo: Para haver a separação mencionada nos parágrafos anteriores, é preciso aplicar um método científico, como nas ciências naturais, que impeça o

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cientista social de dirigir a investigação para a comprovação de seus valores pessoais. Ou seja, o cientista não pode valorar o objeto, mas somente sua classificação segundo parâmetros neutros. HES: A discussão, portanto, volta à necessidade de uma observação isenta, nos moldes das ciências naturais, para que possa produzir resultados vinculados ao objeto estudado, e não ao observador. 68o e 69o parágrafos, pgs. 37 e 38. Resumo: A teoria, então, não pode ter objetivo prático. Deve só mostrar a interrelação dos fenômenos sociais. Sendo possível a investigação do geral sem estar sujeito ao particular (observador) estabelece-se a disciplina científica. Os exemplos são a sociologia, antropologia social, ciência política, reorientando a história, a psicologia e o direito. HES: Esta parte da discussão está clara. Como nas ciências naturais, um resultado isento é obtido sem a interferência do observador. Qualquer interferência tendenciosa é fraude, e é irrelevante para o conhecimento, porque gera uma conexão ficcional entre causas e efeitos. 70o e 71o parágrafos, pg. 38. Resumo: O autor se concentra na atitude crítica. Menciona que Horkheimer argumenta que, nesse caso, a sociedade de classes, sendo uma forma histórica presente da dominação, passa a ser vista, pela teoria tradicional, como necessária. Daí põe-se a questão de se é necessário separar “conhecer” e “agir”, se se quer o conhecimento científico da realidade. HES: O autor questiona se há algo a mais a fazer do que a teoria tradicional. Note-se que ela é um sucesso, considerando os avanços nas disciplinas mencionadas.

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72o e 73o parágrafos, pgs. 38 e 39. Resumo: O autor comenta que Horkheimer afirma ser o conhecimento da realidade um momento da própria ação social. A realidade é o resultado da ação humana, determinada no contexto de estruturas históricas, por uma forma de organização social. O autor menciona que a teoria tradicional expulsa da reflexão as condicionantes históricas. Mas considerar as condicionantes nos força a trabalhar superficialmente. Tradicionalmente, o método torna-se uma instância atemporal, que tenta eliminar o cerne histórico. HES: Esta forma de abordagem não parece convincente. A sociedade ser resultante de seus momentos históricos passados (estrutura histórica) é bastante evidente. Entender isto e observar a sociedade de hoje com base nisso é atemporal: será feito em qualquer tempo, com as sociedades passadas e com a sociedade presente, no presente e no futuro. O nosso momento presente interferir na interpretação dos fatos do passado é inevitável, mas ainda assim, essa interpretação deve ser feita para que se possam estabelecer cenários futuros de aplicação do modelo utilizado. Ademais, sempre que se aplica um modelo, subentende-se que haverá uma comprovação, ainda que seja no futuro. A partir dela, pode-se estabelecer 1) se o modelo foi inadequado, 2) se a interpretação dos fatos foi inadequada. Portanto, nesse estágio de checagem poderá ser recalibrado o modelo e poderá ser feita uma interpretação menos sujeita aos erros já cometidos pelo observador. A afirmação de que ou se tem uma investigação superficial mascara o esforço de tentar estabelecer todas as condições de contorno que possam estabelecer uma previsão mais confiável. 74o e 75o parágrafos, pgs. 39 e 40. Resumo: O comportamento crítico visa conhecer sem abdicar da reflexão sobre o caráter histórico do

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conhecimento produzido. Reafirma-se o contexto do mercado capitalista, com sua produção de mercadorias, dizendo ainda que uma teoria que não considera a sociedade de classes e o exercício da ciência como um momento dessa sociedade produtora de mercadorias e uma concepção parcial de ciência. Daí o autor afirma que o comportamento crítico pretende mostrar que “a produção científica de extração tradicional” é parcial, pois gera uma imagem, uma aparência, a qual é produzida pela lógica ilusória do capital (liberdade e igualdade não serão obtidas no capitalismo). Assim essa parcialidade é real, porque mostra-se como característica de uma sociedade de classes. HES: Aqui há o pressuposto de que há uma atividade científica que produz imagens parciais de um fato. A aplicação da teoria tradicional seria a causa desta imagem parcial. Também há o pressuposto de que os pesquisadores não percebem que seus resultados são vinculados a um momento histórico e sujeitos aos seus próprios valores, cujo efeito deve ser minimizado. Mesmo admitindo que hajam pesquisadores que não observem essas características, deve-se também admitir que provavelmente a maioria as observa e busca relativizar as suas conclusões e seus prognósticos. Se, ao fazer isso, esses pesquisadores estão abandonando a teoria tradicional e adentrando na teoria restrita, parece antes uma convenção acadêmica do que uma modificação de procedimento a ser imputada aos pesquisadores. Em outros termos, o problema posto pode ser encarado como “um sinal de advertência” aos pesquisadores, para que considerem esta possibilidade. 76o e 77o parágrafos, pgs. 40 e 41. Resumo: O autor cita Horkheimer, para o qual à teoria tradicional deve ser dada consciência da sua limitação, superando então a sua função de legitimação da

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dominação, estabelecida na sua origem “objetiva e neutra”. Daí se menciona que a Teoria Crítica considera o conhecimento produzido sob condições capitalistas e à realidade que o conhecimento procurou apreender, mostrando que o comportamento crítico tem sua fonte na orientação para a emancipação. HES: Surge uma posição algo desconfortável para o leitor. A teoria tradicional é apresentada como tendo uma origem objetiva e neutra, que são, em princípio, adjetivos positivos para uma teoria. Como os desvios acerca dos quais se argumentou decorrem dessa origem, fica a pergunta de se a Teoria Crítica, então, tem uma origem que não é objetiva e neutra. E parece que isso é fato, ao enfatizar agora a “orientação para a emancipação”, não indicando como ela será reconhecida sem haver uma referência. Orienta-se sob qual critério? Para adotar uma imagem, pode-se perguntar: orienta-se pelo curso do rio ou pelo Sol? Note-se que apenas se quer colocar o fato de que assumir que haja uma “orientação para a emancipação” não responde a questão da referência. É claro que a referência é marxista, como Horkheimer deixa claro. Mas também é claro que essa referência é arbitrária, como ilustra o exemplo de orientar-se pelo rio ou pelo Sol. Assim, a referência para a orientação não é neutra, mas ditada pelo marxismo, considerado adequado para o estudo proposto. Embora isto não tenha sido explorado nesta resenha, outros podem considerar que podem haver outras referências também válidas. 78o e 79o parágrafos, pg. 41. Resumo:.O autor menciona que o método da teoria tradicional envolve distinções rígidas, e que a Teoria Crítica mostra que as divisões rígidas são características de uma sociedade ainda não emancipada. A Teoria Crítica permite compreender o sentido da divisão imposta pelo capitalismo e “reconciliar”a sociedade. O

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comportamento critico é fundado na emancipação, na realização da liberdade e da igualdade que o capitalismo bloqueia. HES: Esta parte do texto parece mais um esforço de doutrinação. A Teoria Crítica permite que se adote o comportamento crítico para orientar-se no sentido da liberdade, igualdade, reconciliação da sociedade. Embora haja essa impressão de doutrinação, pode-se também entender as propostas como “objetivos”, como “fins”, tornando esta leitura mais isenta. 80o e 81o parágrafos, pg. 42. Resumo:.O autor concentra-se no materialismo interdisciplinar, mencionando que a característica de permanente renovação permite a Horkheimer atualizar as propostas de Marx. O autor menciona as diferenças entre a economia política entendida por Marx e a atual. HES: Está-se contextualizando o estudo a seguir. 82o e 83o parágrafos, pgs. 42 e 43. Resumo:.O autor menciona que a especialização parece ir contra o modelo de análise do capitalismo proposto por Marx, prejudicando a apreensão do todo. Mas se é preciso que a teoria tradicional se incorpore à Teoria Crítica, o procedimento tem que ser válido para a especialização científica. Diz-se que isso é possível reconhecendo os condicionantes históricos da especialização, em seu sentido social. Mas a especialização, a divisão da sociedade em fragmentos, impede a visão do geral e justifica a presente ordem. HES: O autor afirma que deve-se considerar a especialização sob um ponto de vista histórico-social, mas ao mesmo tempo diz que a especialização permite justificar a presente ordem. Em princípio, não está dito que será usada a aespecialização como ferramenta, ainda

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se valorizando a visão do todo. Mas não está dito como se fará algo mais objetivo sem haver a especialização. 84o e 85o parágrafos, pgs. 43 e 44. Resumo: Horkheimer percebe isso e “pretende encontrar um sentido positivo para o movimento em direção à crescente especialização, a fim de orientá-lo no sentido crítico”. Daí justifica-se a presença do materialismo interdisciplinar, com uma miríade de pesquisadores de diferentes áreas tendo como base o marxismo. Todos tentariam ver seus resultados sob a ação da sociedade capitalista, mostrando como superar esta dominação. Diz o autor que esta forma de trabalho permitiu Horkheimer diagnosticar o momento presente, interpretando o pensamento de Marx e utilizando este resultado para a análise do momento presente. Isto inaugurou a Teoria Crítica em sentido restrito. HES: Assim, a especialização é um movimento natural da sociedade. Esse movimento é contrário ao modelo de Marx. Portanto, forçosamente é preciso reinterpretar Marx, se há o desejo de aplicar seus conceitos. Esse exercício estabelece novas bases, vinculadas ao marxismo, mas reinterpretadas por Horkheimer. 86o e 87o parágrafos, pgs. 44 e 45. Resumo: O autor concentra-se no diagnóstico do momento presente, mencionando três elementos fundamentais. O primeiro elemento diz que as tendências destrutivas do capitalismo não estavam acirradas, tendo este passado da concorrência ao monopólio. O Estado interfere no mercado, e, segundo Marx, se isto se perenizar, destrói a lógica de valorização do capital. HES: O autor descreve as bases para o diagnóstico do momento presente.

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88o e 89o parágrafos, pgs. 45 e 46. Resumo: O segundo elemento é o reconhecimento da diferenciação econômica do proletariado, que não levou ao empobrecimento, como previra Marx, mas de uma aristocracia operária e da melhoria das condições de vida do operariado. Também a concentração em torno de um pólo de pobreza e um de riqueza não se observa, havendo diferentes níveis e camadas sociais. O terceiro elemento é a ascensão do nazismo e do fascismo, possibilitada pela classe operária, mas que mostra que foi superestimada a capacidade de resistência da classe trabalhadora à dominação capitalista, mencionando o controle espiritual das massas. HES: Nesse caso, o autor mostra que as previsões de Marx não se efetivaram, o que aponta contra o seu modelo. Ou este estava errado em suas bases, ou a interpretação de Marx estava equivocada (ou seja, eventualmente o observador interferiu no resultado de sua observação). Acerca da ascensão de governos ditatoriais, o autor evidencia a capacidade de formar opinião dos meios de comunicação e entretenimento. 90o e 91o parágrafos, pgs. 46 e 47. Resumo: Com os elementos descritos por Horkheimer, este conclui que aquele momento histórico mostrava que o potencial de emancipação estava bloqueado. Assim, a prática estava bloqueada, restando ao exercício crítico apenas a teoria. As contradições à teoria de Marx evidenciaram-se, tendo sido retomadas posteriormente. HES: Conclui-se, portanto, com o estabelecimento de um limite da própria teoria original, que fundamenta as interpretações de Horkheimer. Portanto, também se limita a discussão em torno da sociedade, cujo comportamento fugiu àquilo que era esperado e que poderia ser considerado pela teoria. Embora dramático, isto mostra que não houve condições de “ajustar a sociedade à

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teoria”, e que há influências que determinam o comportamento das sociedades que não haviam sido anteriormente consideradas. 92o parágrafo, pg. 47. Resumo: O texto original de Horkheimer é descrito como complexo, procurando conciliar elementos contraditórios, o que faz com que a análise do autor se fixe no texto de 1937 de Horkheimer. Menciona-se que dois modelos são apresentados em suas grande slinhas na seqüência do texto. HES: É um parágrafo de fechamento, que lança na complexidade do tema original a opção por um segmento deste tema para a posterior discussão.

5 Modelos de teoria crítica 93o e 94º parágrafos, pgs. 47 e 48. Resumo: O autor menciona os pesquisadores que utilizaram ou podem ter utilizado as idéias de Horkheimer, bem como quem o influenciou. Comenta que o texto visa fornecer elementos fundamentais para posterior aprofundamento. HES: O autor contextualiza o início de sua apresentação de modelos. 95o e 96º parágrafos, pgs. 48 e 49. Resumo: Os modelos da Dialética do Esclarecimento (Horkheimer e Adorno) e o modelo comunicativo (Habermas) são mencionados. O primeiro foi escrito durante o exílio nos EUA, contendo o ensaio do “Conceito do Esclarecimento”, um ensaio sobre a indústria cultural e uma análise do anti-semitismo, concluindo com pequenos textos e fragmentos de diversos temas.

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HES: É uma descrição do texto que apresenta o primeiro modelo. 97o e 98º parágrafos, pgs. 49 e 50. Resumo: O modelo abandona alguns pressupostos do materialismo interdisciplinar e, por conseguinte, da própria Teoria Crítica (pressuposto da produção de uma ilusão de igualdade e liberdade, e da realização concreta destas). Esta possibilidade estaria bloqueada pela propaganda nazista. Mas no pós guerra, a intervenção do Estado deu margem ao Capitalismo de Estado, ou, nos termos de Horkheimer e Adorno, ao capitalismo ou mundo administrado. De qualquer forma, há desvios dos comportamentos “previstos” por Marx. HES: Nesse caso, apresentam-se os condicionantes do primeiro modelo, que apontam um direcionamento mais uma vez corrigido (Note-se que a primeira aproximação tinha sido a interpretação das bases de Marx. Agora, é o abandono de conceitos e adequação para uma sociedade não prevista). 99o e 100º parágrafos, pgs. 50 e 51. Resumo: Segundo a descrição do autor, o capitalismo regido por si próprio permite a resistência do proletariado. Mas o capitalismo administrado bloqueia a emancipação e a ação transformadora. A auto regulação do mercado não existe, mas um controle que ajusta os meios a fins estabelecidos exteriormente. HES: Mais uma vez vê-se a descrição de um momento que fugiu a uma previsão anterior (ou seja, os prognósticos não se verificaram). Entretanto, descreve-se uma nova situação, que pode ser usada para calibrar o modelo (diagnóstico) e permitir novas previsões (prognósticos), agora sem a interferência interpretativa “a priori” das condições pré-guerra, mas uma análise dos

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acontecimentos ocorridos e de sua influência na nova realidade. 101o e 102º parágrafos, pg. 51. Resumo: O projeto de emancipação previa a discussão dos fins, porém o capitalismo administrado impõe um ajuste dos meios para atingir um fim pré-determinado. Isto não apenas determina a economia, a política e a burocracia, mas a socialização, o aprendizado e a formação da personalidade. Daí surge a questão: porque a razão humana voltou-se a uma função instrumental, ao invés de buscar a liberdade e igualdade humanas. HES: O autor argumenta provavelmente no sentido apontado por Horkheimer e Adorno. Entendo, inicialmente, que ambos se reportam ao “mundo capitalista” e não ao “bloco comunista”, estabelecidos no pós-guerra. Parece-me, entretanto, que ambos os “blocos” apresentam características de “burocracias dominantes” que estabelecem os fins e aos quais se ajustam os meios. Também, em ambos os “blocos”, as influências se fizeram sentir até a formação da personalidade. Havendo, portanto, dois universos amostrais diferentes, ou duas sociedades “diferentes” em desenvolvimento, vale efetuar um estudo das analogias e discrepâncias entre as linhas gerais tratadas pelo autor. Não parece que tal estudo tenha sido efetuado neste texto, o que também limita uma argumentação mais embasada no presente momento. 103o e 104º parágrafos, pgs. 52 e 53. Resumo: O capitalismo administrado é apontado como permitindo apenas a forma de pensamento ilusória, do conformismo à dominação vigente. A Teoria Crítica não encontra mais base nessas condições. A possibilidade de crítica torna-se extremamente precária. HES: Interessantemente, não se está descrevendo um modelo, ou seja, não se está descrevendo como se pode

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diagnosticar o presente para efetuar prognósticos a partir das tendências históricas. Note-se que é justamente isto que está sendo enfatizado, mas não há modelo, ou ferramenta previsiva em questão. Ou seja, trata-se de uma descrição estática da situação momentânea. 105o e 106º parágrafos, pgs. 52 e 53. Resumo: O autor se concentra no modelo comunicativo de Habermas, que pretende criticar a posição descrita por Horkheimer e Adorno. A posição desses dois autores colocava em risco o projeto crítico, tanto em relação ao conhecimento como em relação a orientação para a emancipação. HES: Trata-se da descrição da situação encontrada por Habermas, a ser discutida. 107o e 108º parágrafos, pgs. 53 e 54. Resumo: Habermas concorda que o capitalismo administrado eliminou a possibilidade de colapso interno do capitalismo e da organização do proletariado contra a dominação. Entretanto, esta última não está estruturalmente bloqueada, sendo necessário repensar esta emancipação (em relação a Marx e Horkheimer). HES: Chegando ao ponto de impossibilidade, mas percebendo que esta impossibilidade não pode impedir a crítica, deve haver uma solução teórica para que ainda se possa adotar o comportamento crítico. Ou seja, é necessário adaptar, corrigir a teoria para que possa considerar também essa nova realidade. O que ocorre é que a teoria antiga caiu em dificuldades, decorrente dos rumos não previstos da sociedade, sendo necessário ou substituí-la, ou ajustá-la. 109o e 110º parágrafos, pgs. 54 e 55. Resumo: Habermas conclui que as formulações originais de Marx devem ser abandonadas, porque os conceitos

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originais não são suficientemente críticos na nova realidade. Habermas, para fugir à situação apontada por Horkheimer e Adorno, propõe um novo conceito de racionalidade. HES: Para que se possa desvencilhar o “nó” conceitual decorrente da base marxista, ainda que reinterpretada por Horkheimer, apenas abandonando esta base, ou seja, criando novos conceitos. 111o e 112º parágrafos, pg. 55. Resumo: A racionalidade, inicialmente definida como instrumental por Horkheimer, passa a conviver com uma segunda modalidade, dita comunicativa. Habermas cria uma teoria da ação. O desenvolvimento leva a uma diferenciação entre os dois tipos de razão. HES: Trata-se de um artifício, uma hipótese, cuja validade deve ser testada considerando os possíveis cenários observáveis das sociedades organizadas. 113o e 114º parágrafos, pgs. 55 e 56. Resumo: A racionalidade instrumental dirige-se para o êxito, perseguindo um fim definido previamente. É a ação que caracteriza o trabalho e permitem a reprodução material da sociedade. A racionalidade comunicativa volta-se ao entendimento, permitindo a reprodução simbólica da sociedade. HES: Nesses parágrafos, diferenciam-se os dois tipos de racionalidade. 115o e 116º parágrafos, pgs. 56 e 57. Resumo: A ação comunicativa está presente de fato, mas a ação para o entendimento depende de condições inicialmente colocadas como ideais sem obstáculos, para dizer posteriormente que essas são as condições reais. HES: O texto visa o ajuste da teoria, o que faz com que tenha componentes paradoxais, eventualmente

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minimizados em textos posteriores. Esses elementos paradoxais não podem ser explicados sem uma leitura mais profunda dos textos originais. 117o e 118º parágrafos, pgs. 57 e 58. Resumo: A ação comunicativa pressupõe uma série de condições, que jamais se cumprem no mundo real. Mas Habermas argumenta que os sujeitos antecipam necessariamente as condições ideais. A comunicação se dá pela antecipação das condições ideais nas situações reais. Isto desbloqueia a orientação para a emancipação. HES: Subentende-se que os argumentos convencem que a situação ideal é necessariamente antecipada. Subentende-se também que a ação comunicativa efetivamente ocorre. Subentende-se que não pode não ocorrer. Em sendo o caso, o problema teórico parece suplantado, e pode-se novamente falar em uma Teoria Crítica. 119o e 120º parágrafos, pg. 58. Resumo: Habermas cria a idéia de uma racionalidade dupla, com as partes complementares. Cada racionalidade não pode ir além de seus limites, o que seria uma patologia social. A teoria é crítica em relação à realidade social, mas dista conceitualmente bastante da teoria original de Marx. Emancipação deixa de ser sinônimo de revolução. Surge o potencial emancipatório presente na participação do Estado democrático de direito. HES: Como foi mencionado, a conceituação evolui e abandona partes não verificadas nos desenvolvimentos sociais. A adequação e as limitações devem ser testadas a partir dos desenvolvimentos sociais vindouros.

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6 Breve nota final Em um breve texto de cinco parágrafos o autor menciona a pluralidade de modelos no campo da Teoria Crítica, e a conveniência de estudos mais profundos. Questões interessantes são colocadas, procurando incentivar o espírito mais investigador, levando a Teoria Crítica adiante, e não deixando-a apenas como um marco da história. Bibiografia Nobre, M. (2004), A Teoria Crítica, Jorge Zahar Editor,

Rio de Janeiro, R.J., 80p. Imagem da capa: A fotografia da capa é um telhado na região do “Römer”, em Frankfurt, utilizada como uma metáfora visual para a “Escola de Frankfurt”.

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Posfácio à Resenha Todos os textos do projeto “Humanização como

ferramenta de aumento de interesse nas exatas” envolvem uma leitura inicial de um autor, seguindo-se o resumo da-quilo que foi compreendido, e dos comentários próprios. O presente estudo foi efetuado no contexto disciplinar do curso de Filosofia da Universidade Federal de São Carlos. Nota-se, ao longo de sua leitura, que a característica descritiva do texto original torna a compreensão mais imediata. Não há a proposta de uma nova forma de abordagem, mas a descrição de momentos históricos e do período de ascensão e declínio de uma abordagem no contexto dos estudos sociais. Esta forma de apresentação, descritiva, não produz desconfortos intransponíveis ao leitor, mostrando que é uma boa ferramenta na transmissão de idéias (objeto principal do estudo em curso). Evidentemente, houveram simplificações decorrentes do recorte proposto pelo autor, mas ainda assim, o procedimento não prejudicou a transmissão das idéias dimensionadas neste recorte. Nesse sentido, o planejamento de recortes de temas a serem comunicados aos alunos é um procedimento considerado positivo no presente estudo (Planejamento é a palavra forte aqui).

Harry Edmar Schulz EESC/USP Outubro de 2011