Resenha do artigo : o índio não gosta de ficar cativo, de Sandro Campos Neves

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UENP – Universidade do Norte do Paraná Campus de Jacarezinho Curso de História Disciplina de História e Cultura Docente: Jean Carlos Moreno Discentes: Ana Carla de Paula, Francis Douglas, Jéssica Frontelli Ribeiro Cassitta, Karen Stela Simão e Thaís Francielle. Turma: 4º A Resenha: “O Índio não gosta de ficar cativo”: Trabalho e Tradição nas Atividades Econômicas dos Pataxó da Aldeia de Coroa Vermelha Sandro Campos Neves O autor de “O Índio não gosta de ficar cativo”: Trabalho e Tradição nas Atividades Econômicas dos Pataxó da Aldeia de Coroa Vermelha, Sandro Campos Neves, possui graduação em Turismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), mestrado em Cultura e Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz/UFBA (UESC/UFBA), doutorado em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além disso, é Professor Adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) no Departamento de Turismo do Instituto de Ciências Humanas (DEPTUR/ICH). Possui experiência nas áreas de Turismo e Antropologia, com ênfase em

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esse artigo de Sandro Campos Neves é fruto de suas pesquisas entre os índios Pataxós de Coroa Vermelha localizado no município de Santa Cruz Cabrália, Bahia, Brasil. Nesse texto o autor investiga a concepção de tradição entre os Pataxós, e como essa ideia está relacionada diretamente as atividades econômicas realizadas por esses indígenas . No campo cultural é importante para que possa ser desmistificada aquela ideia de que o índio é preguiçoso, um pensamento preconceituoso fruto do desconhecimento ou etnocentrismo.

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UENP Universidade do Norte do Paran Campus de Jacarezinho Curso de Histria Disciplina de Histria e Cultura Docente: Jean Carlos Moreno Discentes: Ana Carla de Paula, Francis Douglas, Jssica Frontelli Ribeiro Cassitta, Karen Stela Simo e Thas Francielle. Turma: 4 A

Resenha: O ndio no gosta de ficar cativo: Trabalho e Tradio nas Atividades Econmicas dos Patax da Aldeia de Coroa VermelhaSandro Campos Neves

O autor de O ndio no gosta de ficar cativo: Trabalho e Tradio nas Atividades Econmicas dos Patax da Aldeia de Coroa Vermelha, Sandro Campos Neves, possui graduao em Turismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), mestrado em Cultura e Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz/UFBA (UESC/UFBA), doutorado em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Alm disso, Professor Adjunto da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) no Departamento de Turismo do Instituto de Cincias Humanas (DEPTUR/ICH). Possui experincia nas reas de Turismo e Antropologia, com nfase em Antropologia do Turismo atuando principalmente nos seguintes temas: Turismo, Cultura, Etnicidade e Desenvolvimento.Nesse artigo, Sandro Campos Neves, busca realizar uma reflexo sobre as representaes que os ndios Patax da aldeia de Coroa Vermelha, municpio localizado em Cruz Cabrlia, no estado da Bahia/Brasil possuem a respeito do trabalho e de suas atividades econmicas. Onde o autor procura perceber como os nativos entendem essas atividades, como compreendem o trabalho e o relacionam com a tradio. Investigando dessa maneira, como se d o processo de relao entre a economia e a tradio ,visto internamente, ou seja, atravs do contexto especfico da cultura desses indgenas.Esse artigo fruto da pesquisa de doutorado de Neves, que realizou um trabalho de campo entre os anos de 2008 e 2011, focando-se na questo da apropriao do turismo pelos ndios como atividade econmica principal e as transformaes realizadas na maneira de praticar a atividade turstica, no processo que o autor denomina como de indianizao do turismo.O autor inicia o artigo situando geograficamente a Terra Indgena Coroa Vermelha, fazendo uma breve contextualizao do local, com o objetivo de demonstrar especificamente os locais que possuem regies tursticas e no tursticas, dessa maneira o autor compreende que h uma diviso em trs partes dessa TI Coroa Vermelha: a primeira corresponde regio da Praia (altamente turistificada), a segunda a regio da Mata (medianamente turistificada) e a terceira a rea das casas (interditada aos turistas, pois, os Pataxs buscam a preservao de sua vida privada e tambm de seus laos comunitrios).Logo aps, Neves salienta o fato desses Pataxs terem passado por variados processos de dominao intertnica, com a finalidade de mostrar todo o procedimento que desestabilizou e reconfigurou costumes e tradies desse grupo indgena e fez com que se reformulasse tambm o prprio entendimento que os Patax tinham dessas tradies. Um processo caracterizado por perdas e tentativas de reconstruo, tanto de sua lngua prpria, como de sua produo artesanal, de suas atividades econmicas de subsistncia e de suas prprias representaes dessas e sua relao com a tradio. Um maior enfoque dado pelo autor no que se refere s atividades de subsistncia e a questo das representaes das tradies, onde o autor busca compreender como se deu a construo da idia de tradio entre os Patax, destacando que a idia de tradio est intimamente ligada a atividade econmica exercida, que est hierarquizada, classificadas em atividades mais e menos tradicionais em: recentes ( como o artesanato atual de uso comercial) ou recuadas em uma poca que no se tem memria ( como por exemplo, a agricultura e a pesca e o artesanato feito para uso domstico.) O autor enfatiza que sua anlise est diretamente ligada a atividade turstica, defende o papel que o turismo tem no como agente de mudana, provocador de transformaes na tradio, mas sim que o turismo deve ser entendido como um pano de fundo que possibilitou dentro dessa discusso conceitual do que seria tradio, a realizao de uma releitura da tradio atravs de resposta econmica, uma reviso de tudo que considerado tradicional. No processo de levantamento de dados Neves investigou junto aos Patax a questo referente a quais tipos de atividades exerciam e o porqu da escolha de tais atividades , e obteve como interpretao da frase: O ndio no gosta de ficar cativo, o fato da mesma fazer referncia a preferncia em maior escala dos Patax por trabalhos autnomos , que possibilitem maior liberdade e flexibilidade na opo por horrios e na questo do ritmo de produo . Primazia a valorizao da liberdade explicada como forma de resposta aos questionamentos direcionados a eles e aos demais povos indgenas, que do conta de rotul-los como indolentes e preguiosas entre outras coisas. Trata-se de compreender o modo de vida desses povos indgenas, que sobrevaloriza outras relaes, que tem como finalidade maior prover o sustento, onde o trabalho assume o sentido para os Patax de se constituir um meio, tanto de sobrevivncia como de transmisso e elaborao de tradio, diferente da tica do trabalho vigente na sociedade dos brancos. Para os Patax a importncia, o valor atribudo ao trabalho, est contido na forma de se exercer certo trabalho, na tradio, no no cargo exercido. No decorrer do texto Sandro apresenta as atividades econmicas cotidianas inerentes as Pataxs como a: Pesca: (atividade que realizada exclusivamente ou complementarmente produo e comercializao de artesanato). Ressalta a raridade de pessoas que praticam a pesca juntamente ao cultivo da roa, pois, ambas as atividades exigem muito esforo e principalmente tempo, visto que a pesca em especial exige perodo longos de afastamento das residncias. O artesanato exercido por mulheres e crianas at os 12 anos que no se dedicam pesca. Tanto a pesca como o artesanato so atividades co-dependentes onde a pesca muitas vezes, complementa o turismo. Existem entre aqueles que se dedicam a pesca quatro tipo de modalidades: a pesca com embarcaes em alto-mar, a pesca artesanal, a pesca com redes de armao e a pesca em alto mar com mergulho, utilizando ou no equipamentos de respirao artificial. Mesmo tida como um rduo meio de sobrevivncia local a pesca defendida com orgulho pelo os que a praticam, que se vem como mantedores da tradio, e so apontados dessa maneira como exemplos para outros ndios, sobre a perspectiva de que preservar a pesca tambm preservar a prpria tradio. Ainda com respeito tradio salienta-se que a pesca possui estreita relao com a tradio indgena que pode ser observada na prpria fabricao de redes, nas modalidades de pesca mais artesanais relacionadas aos ciclos da mar e mesmo a prtica da pesca em embarcaes em alto-mar so apreciadas como atividades de ensino e transmisso da tradio aos mais jovens. Agricultura: considerada, a atividade econmica mais tradicional, pois, no perodo de isolamento a sobrevivncia era garantida graas ao plantio de roas na aldeia. Essa atividade tambm empregada como complemento junto produo e comercializao do artesanato. A agricultura bastante variada, no havendo enfoque sob nenhum gnero alimentcio que sirva como excedente. Assim, roas so plantadas com o objetivo de atender as demandas por sobrevivncia e complementar a renda em momentos que o artesanato no seja suficiente. Plantam-se corriqueiramente gneros como o: feijo, mandioca (macaxeira), milho, quiabo, alface e couve, rvores frutferas tpicas - mamo, banana, cacau, abacaxi e laranja. Sendo caracterizado o plantio de roas como uma forma de sociabilidade na medida em que comum a prtica de dividir o que se plantado com parentes prximos residentes na aldeia, formando uma rede de solidariedade mtua. A produo domstica do artesanato e as oficinas: atividade essencial para a manuteno da tradio e fundamental para o mantimento do turismo na regio. Sandro se surpreende ao perceber que o artesanato no era produzido manualmente atravs dos habitantes de cada casa, o autor constatou por meio de sua pesquisa de campo, a existncia de oficinas, pequenas, instaladas em casas, mas que contavam com maquinarias de pequeno porte onde o trabalho, como os custos e os lucros decorrentes era dividido entre os participantes dessa atividade, preferencialmente familiares. O ritmo de trabalho empreendido bastante forte e rgido demonstrando que dentro da dinmica de vida dos Pataxs, o trabalho assume o papel central como meio de sobrevivncia, instrumento de aprendizado e exerccio da tradio.Consideraes Finais:Ao longo do texto, o autor procurou demonstrar as correlaes estabelecidas entre as atividades econmicas dos pataxs de Coroa vermelha e suas concepes de trabalho e de tradio. Pesquisando o cotidiano dessa comunidade, seu modo de vida, procurando entender as suas vises de mundo e suas atribuies de sentido ao que se refere tradio e o trabalho o autor tentou desconstruir e desmistificar certas perspectivas negativas que inferiorizam e menosprezam o trabalho das sociedades indgenas. Mostrando que o trabalho e a tradio so concebidos juntos, no so desvinculados para os Pataxs estudados, a tradio est intrnseca no modo de fazer, de realizar as atividades e deve ser enfatizada sempre.

Referncias:NEVES, Sandro Campos. O ndio no gosta de ficar cativo: Trabalho e Tradio nas Atividades Econmicas dos Patax da Aldeia de Coroa Vermelha. Revista de Turismo y Patrimonio Cultural. V. 13, N. 1, p. 131-143. 2015. Disponvel em: Acesso em: 20 de abril de 2015.