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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA . Manaus - 2009 RÉSIDUOS AGROFLORESTAIS DA AMAZÔNIA EM MANAQUIRI/ AM Adriana de Souza FARIAS1;Marcela Amazonas CAVALCANTI 2 ; Luís Antônio CÂNDID0 3 , Nélson SILVA. 'Bolsísta PIBIC/INPA; 20rientador INPA/CPPF;3PesquisadorCPCR/INPA. 1.Introdução A sociedade moderna tem como característica o desperdício e a má utilização dos recursos naturais, com forte degradação do meio ambiente através da geração contínua de resíduos. A abordagem que a PMLfaz requer ações para conservar energia e matéria-prima, eliminar substancias tóxicas e reduzir os desperdícios e a poluição resultante dos processos produtivos (Barbieri, 2007). Logo, a tecnologia limpa insere novos mecanismos de gerenciamento/aproveitamento dos resíduos focando na busca da ecologia industrial. Na Amazônia, o avanço do aproveitamento dos produtos da floresta agrega valor à preservação, mas também gera resíduos provenientes do beneficiamento desses produtos. Uma das formas de aproveitar esses resíduos é a sua transformação em bioenergia. A redução, reutilização e reciclagem dos resíduos evita o descarte nos mananciais e contribui para o equilíbrio ambiental no entorno do beneficiamento de sementes na Amazônia, além da substituição de fontes poluidoras por fontes limpas de energia, gerando a possibilidade de obtenção de crédito de carbono (Remade, 2009). Em virtude do lançamento continuo de biomassa residual pela cooperativa de Manaquiri/AM, este trabalho visa avaliar a possibilidade de aproveitamento desses resíduos como fonte de energia no ciclo do beneficiamento, com o objetivo de propor melhorias na produção a fim de reduzir a geração de resíduos aplicando a ferramenta Produção Mais Limpa. 2.Material e Metódos A matéria prima, base deste estudo, foi obtida junto Cooperativa "Agroindustria de extração de Óleos - Coopfitos da Amazônia", localizada no município de ManaquirijAM. As espécies beneficiadas para extração de óleos essenciais incluem, entre outras, Tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Mey), Andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e Babaçu (Orbignya phalerata Martius), as quais foram trazidas em sacos com capacidade de 15 quilos até a usina do CPPF/INPA. Cada amostra foi seca e carbonizada a temperaturas variadas em retorta elétrica (Figura 1) em temperaturas diferenciadas conforme, composição do resíduo. Em seguida foi aplicada a etapa de briquetagem clássica (Figura 2), com adição de adesivo natural. A análise química imediata do carvão seguiu Norma NBR 8112/1983 para determinar teores de materiais voláteis (%), de cinza (%), carbono fixo (%) e de umidade (%) (CETEC, 1980). Figura 1. Retorta Elétrica. Figura 2. Briquetadeira. 555

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XVIII Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA . Manaus - 2009

RÉSIDUOS AGROFLORESTAIS DA AMAZÔNIA EM MANAQUIRI/ AM

Adriana de Souza FARIAS1;Marcela Amazonas CAVALCANTI2; Luís Antônio CÂNDID03, NélsonSILVA.'Bolsísta PIBIC/INPA; 20rientador INPA/CPPF;3PesquisadorCPCR/INPA.

1.IntroduçãoA sociedade moderna tem como característica o desperdício e a má utilização dos recursos naturais,com forte degradação do meio ambiente através da geração contínua de resíduos. A abordagemque a PMLfaz requer ações para conservar energia e matéria-prima, eliminar substancias tóxicas ereduzir os desperdícios e a poluição resultante dos processos produtivos (Barbieri, 2007). Logo, atecnologia limpa insere novos mecanismos de gerenciamento/aproveitamento dos resíduos focandona busca da ecologia industrial. Na Amazônia, o avanço do aproveitamento dos produtos da florestaagrega valor à preservação, mas também gera resíduos provenientes do beneficiamento dessesprodutos. Uma das formas de aproveitar esses resíduos é a sua transformação em bioenergia. Aredução, reutilização e reciclagem dos resíduos evita o descarte nos mananciais e contribui para oequilíbrio ambiental no entorno do beneficiamento de sementes na Amazônia, além da substituiçãode fontes poluidoras por fontes limpas de energia, gerando a possibilidade de obtenção de créditode carbono (Remade, 2009). Em virtude do lançamento continuo de biomassa residual pelacooperativa de Manaquiri/AM, este trabalho visa avaliar a possibilidade de aproveitamento dessesresíduos como fonte de energia no ciclo do beneficiamento, com o objetivo de propor melhorias naprodução a fim de reduzir a geração de resíduos aplicando a ferramenta Produção Mais Limpa.

2.Material e Metódos

A matéria prima, base deste estudo, foi obtida junto Cooperativa "Agroindustria de extração deÓleos - Coopfitos da Amazônia", localizada no município de ManaquirijAM. As espécies beneficiadaspara extração de óleos essenciais incluem, entre outras, Tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Mey),Andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e Babaçu (Orbignya phalerata Martius), as quais foram trazidasem sacos com capacidade de 15 quilos até a usina do CPPF/INPA. Cada amostra foi seca ecarbonizada a temperaturas variadas em retorta elétrica (Figura 1) em temperaturas diferenciadasconforme, composição do resíduo. Em seguida foi aplicada a etapa de briquetagem clássica (Figura2), com adição de adesivo natural. A análise química imediata do carvão seguiu Norma NBR8112/1983 para determinar teores de materiais voláteis (%), de cinza (%), carbono fixo (%) e deumidade (%) (CETEC, 1980).

Figura 1. Retorta Elétrica. Figura 2. Briquetadeira.

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3.Resultados e DiscussõesNo trabalho foram analisados os resíduos de: tucumã, babaçu e andiroba, considerando casca etorta (material proveniente do cozimento e prensa de caroços) para o processo de briquetagem(Tabela 1). Para o tucumã, a carbonização foi 32,18%; o babaçu teve rendimento sólido de74,90%; a andiroba correspondeu a 29,20%.

Tabela 01. Resultado da Carbonização

Resultado da Carbonização dos Resíduos

Resíduos Total Carvão Gases Licor

Torta de Andiroba 100,00% 29,20% 47AO% 23,30%

Casca de Babaçu 100,00% 74,90% 42,85% 24,97%

Caroço de Tucumã 100,00% 32,18% 19,30% 5,80%

Os briquetes gerados são resistentes aos impactos físicos em relação ao manuseio e durabilidade. Atorta de andiroba pode ser briquetada apenas em temperaturas menores que 150°C, o querepresenta economia no processo (Tabela 2). O estudo criou parâmetros para os resíduosagroflorestais da cooperativa Coopfitos da Amazônia suprir carências energéticas locais, e aindacontribui para a redução de impactos ambientais, decorrente do descarte do resíduo. Abriquetagem como solução para os rejeitos foi escolhida porque é um processo novo na Região, quepode gerar frentes de trabalho, ampliar o mercado da agroind ústria, o investimento aplicado eretorno em médio prazo, além da tecnologia da fabricação de briquetes ser de difícil disseminação.

Tabela 02. Resultado da Briquetagem

Resultado da Briquetagem do Resíduo

Resíduos Carvão (Kg) Aglutinante (Kg) Briquete (Kg) Resíduo (Kg)

Torta de12,200 1,0 10, 850 1,100Andiroba

O resultado da análise química imediata (Tabela 3) mostrou-se alto em relação ao teor deumidade, no entanto períodos mais prolongados dos resíduos durante o processo de carbonizaçãopodem melhorar o potencial do combustível gerado. O teor de cinzas também mostrou valores umpouco alto se comparados com trabalhos que utilizaram a mesma norma, porém tanto a umidadecomo as cinzas podem melhorar substancialmente o briquete se exposto durante mais tempo noprocesso de pirólise. O carbono fixo assim como os materiais voláteis apresentaram resultadobastante satisfatório visto que um representa o principal fator de composição do briquete atribuindomaior rendimento e outro o potencial de queima, respectivamente.

Tabela 03. Resultado da Análise Química Imediata

RESULTADODA ANÁLISE QUÍMICA IMEDIATA

Espécie Umidade Mat. Voláteis Cinzas Carbono Fixo

Andiroba 12,91 33,74 6,5 59,76

Babaçu 9,45 10,15 4,70 85,15

Tucumã 6,59 20,52 3,31 76,17

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4.ConclusãoO combustível adquirido do processo de briquetagem é mais denso, homogêneo e uniforme, quetraz vantagens no manuseio e estocagem do briquete (Fontes et ai, 1989). O fino, principal resíduodo carvão vegetal, atingiu cerca de 25% nas usinas siderúrgicas (Meio, 2000), no entanto pode serinserido novamente no processo. Conforme os resultados obtidos o potencial existe no segmentoquanto à geração de renda e sustentabilidade ambiental. O maior entrave à ampliação é a logística,sua estruturação otimizada, avaliação dos custos e benefícios. A viabilidade econômica épromissora, pois abastece diversos setores, dispondo de matéria-prima regional, aplicando a PML edando fim ao que se tornaria lixo. Ressalta-se que para a formação do briquete não é necessárioexclusivamente a utilização do processo de pirólise, pois os resíduos podem ser trabalhados innatura, desde que atinjam os padrões adequados e se disponha de equipamentos necessários parasua produção. Além, disso já existem estudos que comprovam a utilização do resíduo alcatrão comoaglutinante, sendo desnecessário o investimento em outros que teriam a mesma finalidade. Noentanto, este resíduo precisa ser trabalhado de maneira adequada para que seja realmentereaproveitado.

S.Referências

Barbieri, José Carlos. 2007. Gestão Ambiental Empresarial. ConceitosModelos e Instrumentos. Saraiva, São Paulo, SP, Brasil.

Fontes, P. J.; Quirino, W. F.; Okino, E. Y. 1989. Aspectos Técnicos da Briquetagem do CarvãoVegetal no Brasil. Laboratório de Produtos Florestais - IBAMA: Brasília, Brasil.

Penedo, W. R. Uso da Madeira para fins Energéticos 1980. Fundação Centro Tecnológico de MinasGerais/ CETEC.Minas Gerais, Brasil.

Produção mais Limpa. Disponivel em:http://www.pmaisl.com.br/objetivos.asp. Acesso em:12/03/09.

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