Resíduos sólidos e impacto ambiental
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Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso Aproveitamento Energético de Resíduos Sólidos e o
Impacto Ambiental
Gabriela Chicarelli Almeida Curso de Ciências Biológicas
Belo Horizonte – MG 2010
1
Gabriela Chicarelli Almeida
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso Aproveitamento Energético de Resíduos Sólidos e o
Impacto Ambiental
Projeto de Trabalho de
conclusão de curso
apresentado junto ao Curso de
Ciências Biológicas do Centro
Universitário Metodista Izabela
Hendrix, como requisito parcial
para obtenção do titulo de
licenciado no curso de Ciências
Biológicas.
Orientadora: Maria Esther
Macêdo
Belo Horizonte – MG
2010
2
SUMÁRIO
1 RESUMO ................................................................................................................................ 1
2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 2
3 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 4
4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 4
5 O APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
COMO ESTRATÉGIA DE DEFESA AMBIENTAL ........................................................... 5
BIOGÁS ..................................................................................................................................... 6
DIGESTÃO ANAERÓBIA ...................................................................................................... 8
INCINERAÇÃO ....................................................................................................................... 9
RECICLAGEM ...................................................................................................................... 10
6 A QUESTÃO AMBIENTAL .............................................................................................. 11
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 11
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 12
3
1. RESUMO
Sabemos que grande parcela das emissões de gás carbônico (CO2), responsável por 80% do
efeito estufa são provenientes da geração de energia elétrica, produzida a partir de
combustíveis fósseis. Portanto, faz-se necessário substituir a fonte primária fóssil, por
energia renovável. O objetivo deste trabalho é mostrar um estudo sobre a produção de
energia a partir de resíduos sólidos como mecanismo de desenvolvimento limpo,
enfatizando os diversos benefícios ambientais, econômicos e sociais advindos de um
melhor aproveitamento energético do lixo, seja este indireto, através da reciclagem e da
conseqüente conservação de energia, seja este direto, através de técnicas como
gaseificação, incineração e aproveitamento do gás nos aterros.
Palavras-chave: Resíduos sólidos, aproveitamento energético, meio ambiente.
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2. INTRODUÇÃO
Embora o petróleo ainda seja a fonte da economia atual, isso poderá se reverter em um
intervalo de tempo menor que o esperado. Estudiosos de diversos países estão empenhados
em desenvolver novas tecnologias que visam substituir uma parcela razoável de
combustíveis fósseis por combustíveis alternativos, seguindo uma nova ordem mundial que
busca repensar as formas de obtenção e geração de energia elétrica preservando o meio
ambiente (KINTO et al., 2002).
A energia é um elemento fundamental para garantir nosso desenvolvimento. Porém,
para assegurar a sustentabilidade das fontes energéticas, devemos buscar opções de
energias limpas e renováveis, que sejam também economicamente viáveis e socialmente
justas (GREENPEACE, 2004). A necessidade energética vem aumentando cada vez mais
por causa de inúmeros fatores, como os crescimentos populacional e industrial, novos
produtos e tecnologias, e aumento do poder de compra em países emergentes. Isso está
causando problemas no fornecimento de energia, crescimento nas emissões de gases
danosos e aquecimento global.
Além de serem dois dos maiores problemas atuais – o crescimento da atividade
industrial e do consumo gera, por um lado, aumento na produção de lixo, e por outro, o
risco de falta de energia para atender a crescente demanda –, algumas das fontes de energia
usadas atualmente são grandes produtoras de lixo, gerando resíduos, na maioria das vezes,
prejudiciais à saúde. No entanto, o que é um grande problema pode ser, ao mesmo tempo,
uma solução: o lixo pode se tornar ele mesmo uma fonte de energia (BUENO, 2008).
Transformar resíduos em energia não é novidade no mundo desenvolvido. Nos
países europeus, nos Estados Unidos e no Japão, essa técnica já está em prática desde a
década de 80. Mas o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer (BUENO, 2008). Esta
transformação teria duas conseqüências benéficas. A primeira é incentivar a armazenagem
correta dos resíduos, que passam a ser matéria-prima. A outra seria vantajosa
economicamente: assim como outras fontes de energia renovável, o lixo pode gerar créditos
de carbono e favorecer o Brasil nas negociações sobre mudanças climáticas. A geração de
créditos se deve à queima do metano, produto natural da decomposição orgânica. Este gás é
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mais danoso ao aquecimento global do que o gás carbônico, mas é eliminado com a
combustão (LOBATO, 2008).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que no
Brasil são gerados diariamente cerca de 140 mil toneladas de resíduos domiciliares, dos
quais 70 mil toneladas são destinadas de forma totalmente inadequada nos lixões e o
restante vai para aterros sanitários. Isso sem contar as quatro mil toneladas de resíduos
produzidos pelos serviços de saúde, coletadas diariamente, das quais apenas 14% são
tratadas adequadamente. Os lixões e aterros existentes já estão, em sua maioria, saturados.
E, segundo Oliveira (2008), a maioria dos problemas causados pelo lixo seriam resolvidos
com sua conversão em energia.
Dentre as rotas para aproveitamento energético do lixo, estão a fermentação
anaeróbica do lixo feita por microorganismos, gerando metano como produto metabólico, e
a incineração controlada. A decomposição da matéria orgânica geralmente é feita em
biodigestores, ou em aterros sanitários munidos de sistema de dutos de coleta do biogás. O
biogás possui entre 50% e 70% de metano, que tem poder calorífico, isto é, pode ser
queimado para gerar energia. No caso da incineração, a energia é gerada através da queima
completa dos resíduos. Esse processo produz monóxido de carbono, que também apresenta
poder calorífico. Em ambos os casos, é possível não apenas gerar energia a partir do lixo,
mas também utilizar a redução das emissões de gases do efeito estufa para negociar
certificados de créditos de carbono com valor no mercado financeiro, de acordo com o
Protocolo de Kyoto (BUENO, 2008).
Assim, este trabalho busca mostrar a partir de uma revisão bibliográfica, que a geração
de energia a partir do lixo é uma solução não apenas econômica, mas também social e
ambiental. Basta pensar que o destino mais comum do lixo brasileiro, os lixões e aterros,
também são um problema para a saúde e para o meio ambiente, pois contaminam o solo
com um líquido altamente tóxico, chamado chorume, que polui também as águas de lençóis
freáticos, e produzem metano (CH4), um gás ainda mais prejudicial à atmosfera que o
próprio dióxido de carbono (CO2), considerado o grande vilão do efeito estufa. Essa
situação pode ser revertida com uma ação relativamente simples: o aproveitamento do gás
produzido nos depósitos de lixo como fonte de energia. O Brasil possui grande potencial
para gerar energia elétrica a partir de resíduos sólidos e a alternativa poderia aumentar a
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atual oferta do país em 50 milhões de megawatt-hora por ano, o que representa mais de
15% do total atualmente disponível ou cerca de um quarto do que gera a usina hidrelétrica
de Itaipu.
Apesar disso, quase nada dos resíduos brasileiros é transformado em energia, ao
contrário dos países ricos, que processam 130 milhões de toneladas de lixo, gerando
energia elétrica e térmica em 650 instalações (BUENO, 2008).
3. OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é mostrar um estudo sobre a produção de energia a partir
de resíduos sólidos como mecanismo de desenvolvimento limpo, enfatizando os diversos
benefícios ambientais, econômicos e sociais advindos de um melhor aproveitamento
energético do lixo, seja este indireto, através da reciclagem e da conseqüente conservação
de energia, seja este direto, através de técnicas como gaseificação, incineração e
aproveitamento do gás nos aterros.
4. JUSTIFICATIVA
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil são
produzidos por dia cerca de 240 mil toneladas de resíduos, sendo que 60% não tem destino
adequado e a maioria dos aterros estão saturados. Isso significa que o país necessita
melhorar e aumentar a infra-estrutura para captação e tratamento de resíduos sólidos. A
geração de energia a partir do lixo não depende de condições naturais como o sol, o vento e
a água, mas apenas do suprimento contínuo dos resíduos orgânicos.
Dentre as rotas para aproveitamento energético do lixo, destacam-se a utilização do poder
calorífico deste através da queima direta ou da gaseificação, que poderia permitir a co-
produção de múltiplos produtos, inclusive de eletricidade, e o aproveitamento calorífico do
biogás ou GDL (Gás do Lixo), que é produzido lentamente a partir do lixo orgânico. A
tecnologia da gaseificação, em pequena escala poderia ser uma opção para melhorar o
acesso à energia em áreas isoladas.
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Este assunto é de extrema importância, pois o lixo é percebido pela maioria como algo que
não tem mais utilidade e considerado como um conjunto de materiais com valor econômico
agregado. Além disso, quando não tratado adequadamente, pode ser responsável por
impactos ambientais graves.
5. O APROVEITAMENTO ENERGÉTICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS COMO ESTRATÉGIA DE DEFESA AMBIENTAL
Aproveitar, tratar ou destinar o que é chamado de lixo é uma responsabilidade da
qual a sociedade não tem como se esquivar. Assim, passa a ser uma questão de cidadania
propor alternativas para que a sociedade trate de maneira menos impactante ao meio
ambiente e a si mesma o que é atualmente considerado rejeito.
A pesquisa sobre diversas formas de conversão de energia tendo resíduos como
insumo vem se desenvolvendo desde a década de 70 (JACKSON, 1974). Desde então, os
RSU passaram a ser vistos não apenas como um rejeito da população e razão de
preocupação para os órgãos públicos responsáveis, mas também como insumos capazes de
gerar dividendos para os investidores deste segmento. Ou seja, os RSU passaram a ter valor
de mercado. Além disso, viu-se uma perspectiva para minimizar os impactos negativos
gerados pela sua má disposição.
O Anuário Estatístico do Brasil (IBGE, 1996) preparado pelo IBGE, apresenta o
número de domicílios e de habitantes que são atendidos por serviço de coleta de lixo.
Segundo tais dados, em 1995, 72% dos domicílios e 69% dos habitantes tinham seu lixo
coletado.
Dados de 1996 da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
revelam que apenas 3% dos municípios brasileiros tratam seu lixo de forma adequada. Em
63% dos casos, o lixo é simplesmente jogado nos corpos d’água e, em 34%, dispostos em
vazadouros ou “lixões” a céu aberto.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, menos de 3% do lixo doméstico
nacional passa por processos de compostagem e apenas 2% são reciclados. A grave
situação quanto ao tratamento dos resíduos sólidos no Brasil é resultado, por um lado, da
falta de recursos destinados ao setor, bem como do despreparo e desinteresse das
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administrações municipais, e, por outro, da falta de cobrança por parte do Ministério
Público e da sociedade como um todo.
BIOGÁS
A utilização do biogás é o uso energético mais simples dos resíduos sólidos
urbanos, bem como mundialmente o mais utilizado. Quando resíduos são depositados em
aterros, ou seja, são colocados e compactados a uma densidade específica, uma
decomposição anaeróbica se inicia e então surge o gás de lixo. As camadas geralmente se
tornam estratificadas e, uma vez que a atividade microbiana começa, a produção de gás do
lixo se inicia (ETHERIDGE, 2003).
A tecnologia de gás de lixo advém da necessidade do homem utilizar de maneira
proveitosa os gases oriundos da disposição de resíduos em aterros ou lixões. Esta
tecnologia visa resgatar esses gases e destiná-los a outros fins que não somente a sua
emissão descontrolada para a atmosfera (HENRIQUES, 2004). Consiste na recuperação do
biogás oriundo da decomposição anaeróbica da fração orgânica de RSU, por ação de
microorganismos que transformam os resíduos em substâncias mais estáveis, como dióxido
de carbono (CO2), água, metano (CH4), gás sulfídrico (H2S) e outros componentes
(LOBÃO et al, 2008).
No Brasil, há três décadas atrás, os choques do petróleo deram impulso ao uso de
fontes alternativas de energia. A iniciativa mais bem sucedida neste período foi o programa
do Pró-álcool que, apesar da crise de credibilidade que vive hoje, continua participando
significativamente na composição da gasolina. Da mesma forma, o uso energético de
biogás também já teve um período em que projetos tornaram-se realidade. Exemplos disso
foram o aterro do Caju, no Rio de Janeiro, e a usina de açúcar e álcool Santa Elisa em
Piracicaba, gerando combustível para abastecimento de caminhões e carros de passeio
durante anos (ALVES & LUCON, 2001).
Hoje existem aproximadamente 950 plantas de gás de lixo em todo o mundo, na
qual o gás é utilizado com propósito energético. Infelizmente, as iniciativas para utilização
de gás de lixo no Brasil ainda estão muito incipientes (WILLUMSEN, 2001).
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Durante os últimos 25 anos as plantas para extração e utilização de gás de lixo vêm se
desenvolvendo. Estima-se que os aterros sanitários produzem mundialmente de 20 a 60 Tg
(teragramas, ou entre 20 e 60 milhões de toneladas) de metano por ano, como um resultado
direto da decomposição orgânica dos componentes do lixo. Os Estados Unidos é o maior
emissor, seguido por China, Canadá, Alemanha, Reino Unido e Comunidade dos Estados
Independentes (ex-URSS) (MUYLAERT 2000; WILLUMSEN 2001).
Os aterros sanitários representam uma oportunidade de redução de emissão de
metano em vários países, além de apresentarem oportunidades de geração ou recuperação
de energia e produção de fertilizantes orgânicos (compostagem), que podem ser associados
a um processo de reciclagem, com ganhos econômicos e ambientais pela matéria prima
virgem evitada. Alguns países como os Estados Unidos e o Reino Unido criaram programas
de recuperação de metano que reduzirão suas emissões de metano em 50% ou mais nas
próximas décadas e que têm um ganho econômico pelas emissões evitadas e,
principalmente, pela recuperação ou geração de energia (HENRIQUES, 2004).
Segundo uma reportagem do Globo News (2007), o gás do lixo já vem sendo
utilizado como fonte de energia na maior cidade do Brasil. Desde 2004, o gás metano
retirado do Aterro Bandeirantes, em São Paulo, abastece aproximadamente 300 mil
moradores da capital paulista.
Em 2008, com o processamento do metano retirado do Aterro São João, a energia
abasteceu 7% da população de SP a partir do lixo produzido pelos próprios moradores. A
tecnologia é a mesma que já vem sendo usada no Aterro de Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense (GLOBO NEWS, 2007).
De um modo geral, o aproveitamento do GDL apresenta vantagens como redução
dos gases de efeito estufa, receita adicional para aterros existentes (energia + créditos de
carbono), utilização para geração de energia ou como combustível e redução da
possibilidade de ocorrência de auto-ignição e/ou explosão pelas altas concentrações de
metano. E desvantagens, como recuperação parcial do gás em aterros, sobretudo naqueles
cuja construção não foi projetada para este fim, em que a recuperação máxima muitas vezes
se limita a 50%, alto custo da planta de aproveitamento do gás, decorrente do tratamento
necessário e decaimento da disponibilidade de combustível ao longo da vida útil do projeto
(HENRIQUES, 2004).
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DIGESTÃO ANAERÓBIA
Digestão anaeróbia (DA) pode ser definida como a conversão de material orgânico
em dióxido de carbono, metano e lodo através de bactérias, em um ambiente pobre em
oxigênio. Este processo é uma das formas mais antigas de digestão e ocorre naturalmente
na ausência de oxigênio, como em plantações de arroz, águas paradas, estações de
tratamento de esgoto e aterros sanitários. O gás obtido durante a digestão anaeróbica,
chamado de biogás, inclui além do metano e do dióxido de carbono, alguns gases inertes e
compostos sulfurosos (LOBÃO et al, 2008).
A digestão anaeróbia para RSU é amplamente usada por todo o mundo e tem uma
eficiência de 35% na conversão de energia térmica para energia elétrica. Uma vantagem
sobre o aproveitamento do gás de aterro é reduzir a quantidade de resíduos depositados em
aterro sanitário, além disso, a parte úmida do RSU não oferece boa recuperação de energia,
e a digestão anaeróbica oferece vantagens neste sentido (LOBÃO et al, 2008).
Desde o início da década de 90 ocorre um aumento da capacidade instalada de
plantas de digestão anaeróbica. Durante o período de 1990 a 1995 a capacidade instalada
aumentou a uma taxa de 30 kt/ano e cerca de 150 kt/ano no período seguinte, entre 1996 e
2000. Uma alta de 200 kton estava prevista para o ano de 2001. O número de novas
instalações nesse período subiu de 2,4 para 7,2 por ano, em 1998 cerca de dez instalações
foram colocadas em operação. A maior parte das instalações foi construída na Alemanha
(30) e representam uma capacidade combinada de 449.605 toneladas, com capacidade
média anual por volta de 14.987 toneladas por instalação. Nove instalações foram
construídas da Suíça e juntas tem a capacidade de 78.500 toneladas por ano, com uma
capacidade média anual de 8.722 toneladas por ano por instalação. Essas capacidades são
muito modestas comparadas com grandes instalações construídas na Bélgica, nos Países
Baixos (Holanda) e na França que tem uma capacidade média situada acima de 30 a 50 kt
por ano (OWS 1998).
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INCINERAÇÃO
É um método de alto custo devido a utilização de equipamentos especiais. Neste
método existe uma grande redução do volume do lixo, cerca de 4% do volume original. A
eliminação de resíduos pelo uso do fogo é uma prática bastante antiga. Mesmo hoje, a
queima do lixo a céu aberto ainda é praticada nas áreas rurais e em algumas cidades
pequenas. A queima de lixo a céu aberto acaba contribuindo para o aumento da poluição do
ar (CONECTE EDUCAÇÃO).
O primeiro incinerador municipal no Brasil foi instalado em 1896 em Manaus para
processar 60T por dia de lixo doméstico, tendo sido desativado somente em 1958 por
problemas de manutenção. Um equipamento similar foi instalado em Belém e desativado
em 1978 pelos mesmos motivos (MENEZES, 2000; IPM, 2002).
A incineração do lixo urbano é utilizada em muitos países desenvolvidos. Os dois
países onde são incineradas as maiores porcentagens de lixo são a Suíça (88%) e o Japão
(72%). Nestes países, o calor liberado pela incineração do lixo é aproveitado na obtenção
de energia elétrica, além de água aquecida (CONECTE EDUCAÇÃO).
A incineração no Brasil ainda se caracteriza pela existência de grande quantidade de
incineradores de porte muito pequeno, instalados em hospitais, casas de saúde, etc.
espalhados pelo país. São equipamentos muito simples, com capacidades inferiores a 100
kg/hora. A grande maioria destes, está hoje desativada ou incinerando de forma precária,
em geral com emissões bastante elevadas. A razão principal para tanto é que estes
equipamentos são geralmente mal operados, e mantidos de forma inadequada (MENEZES
et al, 2000).
Em 23 de maio de 2001, o Brasil assinou a Convenção de Estocolmo, tratado da
Organização das Nações Unidas (ONU), que aponta a incineração de resíduos como uma
das principais fontes geradoras de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). A Convenção
recomenda que o uso de incineradores seja eliminado progressivamente. Além de ser uma
tecnologia suja, a incineração inviabiliza a implantação de projetos sócio-ambientais e de
infra-estrutura para a coleta e reciclagem de materiais. Disfarçada muitas vezes como
"recuperação energética", a incineração exige elevados investimentos, que vão de R$ 2,4
milhões a R$ 1,7 bilhão. (GREENPEACE, 2002).
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RECICLAGEM
A reciclagem é um processo industrial que converte o lixo descartado (matéria-
prima secundária) em produto semelhante ao inicial ou outro.
A grande solução para os resíduos sólidos é aquela que prevê a máxima redução da
quantidade de resíduos na fonte geradora. Quando os resíduos não podem ser evitados,
devem ser reciclados por reutilização ou recuperação, de tal modo que seja o mínimo
possível o que tenha como destino final os aterros sanitários (AMBIENTE BRASIL).
De acordo com a Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), o Brasil reciclou, em
2006, 138,1 mil toneladas de sucata de latas, o que corresponde a 10,3 bilhões de unidades.
Pelo sexto ano consecutivo, o país liderou a reciclagem de latas de alumínio para bebidas,
com índice de 94,4%, superior ao do Japão (90,9%), da Argentina (89,6%) e de outros
países. Nesse mesmo ano, conforme dados da organização Compromisso Empresarial para
Reciclagem (CEMPRE), 51,3% das embalagens PET pós-consumo foram efetivamente
recicladas no país, totalizando 194 mil toneladas. O índice brasileiro de reciclagem de
embalagens PET é bastante superior ao de países como a Alemanha, que é de 32%
(LOBÃO, 2008).
No Brasil, estima-se que técnicas como a reciclagem pode fazer com que as 44
milhões de toneladas anuais estimadas de lixo produzam pelo menos 30% da energia
gerada na Hidrelétrica Binacional de Itaipu. Segundo Oliveira (2008), a reciclagem desses
resíduos sólidos geraria um invejável incremento de R$ 10 bilhões na economia e criaria
um milhão de empregos, além de proporcionar o reaproveitamento de produtos para a
fabricação de novos utensílios, o que representa economia de matéria prima e de energia.
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6. A QUESTÃO AMBIENTAL
Pode-se afirmar que a poluição local, relacionada à área de destinação final, é a
principal questão ambiental dos RSU. Mas podemos contar também com outros problemas
ambientais relacionados com o lixo, como o efeito estufa, que é causado pela liberação de
gases com dióxido de carbono e metano na atmosfera. O dióxido de carbono é liberado pela
queima de carvão, petróleo e gás natural nas usinas de energia, fábricas e veículos. O gás
metano se acumula com a decomposição do lixo e é liberado por ele (LOBÃO, 2008).
Além disso, tem a poluição das águas, que são contaminadas por elementos químicos,
despejos de fábricas, óleo, tinta despejada pelos consumidores, líquido tóxico em aterros
que se misturam à água da chuva e outros.
A destruição da Camada de Ozônio, que nos protege dos efeitos danosos dos raios
ultravioletas do sol está sendo destruída por gases chamados clorofluorcarbonos (CFCs ou
HCFCs) ameaçando à saúde humana, as colheitas e a fauna. Além de erosão do solo e
chuva ácida, que ocorre por causa dos gases que são liberados pelos automóveis, fábricas e
usinas de energia durante a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural)
(COSTA, 2004).
7. CONCLUSÃO
O Brasil tem uma expressiva produção de RSU, que ainda é tratado com descaso
pelos órgãos públicos e a maior parte destes resíduos ainda tem destino inadequado, sendo
vetores de doenças e de poluição do meio ambiente.
A gestão eficiente dos RSU orientada ao seu uso energético contribui para diminuir
o consumo de combustíveis fósseis, aliviando o impacto ambiental. Além disso, os RSU
quando dispostos de forma inadequada em lixões geram metano, cuja emissão para a
atmosfera se dá de foram descontrolada, o que vem a contribuir para o aumento da
concentração de gases intensificadores do efeito estufa. Este fato tem gerado um grande
debate mundial no que se refere às mudanças globais provenientes deste fenômeno.
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Diante deste quadro urge que se crie uma alternativa para a destinação destes
resíduos com alto potencial energético, e que de alguma forma ainda contribua para a
melhoria social, ambiental e econômica.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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