RESISTÊNCIA VARIEDADES DE CEBOLA RESISTENTES … · fitossanitários da cultura da cebola,...

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RESISTÊNCIA VARIEDADES DE CEBOLA RESISTENTES AOS FUNGOS DE SOLO Daniel Pedrosa Alves Engenheiro agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento e pesquisador da Epagri [email protected] EdivànioHodri ues Araú O Engenheiro agrônomo e doutor em Fitopatologia e pesquisador da Embrapa Valter Hodri ues Oliveira Engenheiro agrônomo e doutor em Genética e Melhoramento e pesquisador da Embrapa ~ ando tratamos de fungos de solo ou quaisquer outros pato- genos de plantas, não devemos consi s como um grupo homogê- neo, pois mesmo possuindo um habitat em comum, as diferentes espécies pos- suem adaptabilidades distintas no que se refere a condições ideais de sobrevivên- cia e multiplicação. Entretanto, no que se refere à sinto- matologia, algumas semelhanças podem ser observadas. Doenças causadas por pa- tógenos habitantes de solo apresentam sintomas iniciais em rebo1eiras, poden- do causar danos à planta por meio do im- pedimento de transporte de água e nu- trientes das raizes para folhas, o que leva ao amarelecimento e murchas; ou mes- mo causa danos diretos ao hospedeiro. Alerta para a cebola Especificamente para a cultura da ce- bola, alguns fungos habitantes do solo merecem destaque nas condições brasi- leiras: ~ A raiz rosada é uma doença causada pelo fungo Pyrenochaeta terrestris. Este microrganismo tem melhor adaptabili- dade a temperaturas mais elevadas, po- dendo causar infecção após ferirnentos na planta ou após o ataque de outros microrganismos. Pode ser encontrado em pratica- mente todas as áreas de produção. Ape- sar de amplamente disperso, o patógeno não tem sido relatado como causador de grandes epidemias ou perdas. Uma pos-

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RESISTÊNCIA

VARIEDADES DE CEBOLARESISTENTES AOS FUNGOS DE SOLO

Daniel Pedrosa AlvesEngenheiro agrônomo, doutor em Genética eMelhoramento e pesquisador da [email protected]

EdivànioHodri ues Araú O

Engenheiro agrônomo e doutor em Fitopatologiae pesquisador da Embrapa

Valter Hodri ues OliveiraEngenheiro agrônomo e doutor em Genética eMelhoramento e pesquisador da Embrapa

~

ando tratamos de fungos desolo ou quaisquer outros pato-genos de plantas, não devemos

consi s como um grupo homogê-neo, pois mesmo possuindo um habitatem comum, as diferentes espécies pos-suem adaptabilidades distintas no que serefere a condições ideais de sobrevivên-cia e multiplicação.

Entretanto, no que se refere à sinto-matologia, algumas semelhanças podemser observadas. Doenças causadas por pa-tógenos habitantes de solo apresentamsintomas iniciais em rebo1eiras, poden-do causar danos à planta por meio do im-pedimento de transporte de água e nu-trientes das raizes para folhas, o que levaao amarelecimento e murchas; ou mes-mo causa danos diretos ao hospedeiro.

Alerta para a cebola

Especificamente para a cultura da ce-bola, alguns fungos habitantes do solomerecem destaque nas condições brasi-leiras:~ A raiz rosada é uma doença causada

pelo fungo Pyrenochaeta terrestris. Estemicrorganismo tem melhor adaptabili-dade a temperaturas mais elevadas, po-dendo causar infecção após ferirnentosna planta ou após o ataque de outrosmicrorganismos.

Pode ser encontrado em pratica-mente todas as áreas de produção. Ape-sar de amplamente disperso, o patógenonão tem sido relatado como causador degrandes epidemias ou perdas. Uma pos-

sível explicação para esse fato está nomaterial que constitui a base genéticadas atuais cultivares, uma vez que algunsdessesmateriais possuíam resistência aopatógeno.) Podridão branca ou podridão de es-

clerócio,causada por fungos denomi-nados Sclerotium cepivorum e S. roif-sii estão entre os principais problemasfitossanitários da cultura da cebola,principalmente na região central bra-sileira.A doença costuma ocorrer emtemperaturas inferiores a 20oe.Em condições de alta umidade, ob-

serva-se o desenvolvimento micelia1cotonoso branco próximo ao solo, comconsequente apodrecimento de bulbose raízes. A ocorrência de escleródios(estruturas de resistência do fungo) nopescoço e bulbos é importante para acorreta diagnose da doença.

O fungo Sclerotium cepivorum pro-duz pequenos escleródios escuros na re-gião atacada, enquanto o fungo S. rolfsiiproduz escleródios de coloração mar-rom, e maiores que o primeiro.

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) Por fim, a podridão basa1, doençacausada por um complexo de fungosdo gênero Fusarium, completa a gamade fitopatógenos fúngicos habitantesde solo que causam doença na culturada cebola, nas condições brasileiras.

o Trichoderma tem mostrado efeitono controle de doenças de solo

Apesar do complexo de espeClescausadores da doença, Fusarium oxys-porum f. sp. cepae tem sido o agente

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etiológico mais frequente. Altas tem-peraturas e umidade são condições ide-ais para o desenvolvimento do patóge-no. A doença pode causar problemas acampo (fase de produção de mudas e la-voura), ou ainda na pós-colheita.

Disseminação

Por se tratarem de habitantes de solo,a disseminação desses fungos está sujei-ta a mudas ou sementes contaminadas;transporte de pessoas e máquinas entreáreas contaminadas e livres do patógeno;falta de controle na qualidade da águautilizada na irrigação; e manutenção deplantas invasoras na área de cultivo, quepodem servir como fonte de inóculo.

Ainda sem controle

Para as doenças da cebola causadaspor fungos de solo não existem produtosregistrados no Ministério da Agricultu-ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA).Sendo assim, práticas de manejo preven-tivas são cruciais para evitar problemasfuturos: a rotação de culturas é uma al-ternativa viável,mas não totalmente efi-ciente no manejo da doença, uma vez queos escleródios das espécies de Sclerotiumpodem sobreviver por mais de 10 anosno solo, por exemplo.

Porém, a rotação com plantas nãohospedeiras, geralmente gramíneas, aju-da na redução da população do patógenono campo; não cultivar em áreas onde jáhouve relato da doença também é im-portante para reduzir o inóculo do fun-go; a época de semeadura e condução dalavoura pode ser adotada como estraté-gia de evasão - no Sul do País, o cultivocada vez mais precoce da cebola (duranteo inverno) tem evitado ataques mais se-veros de patógenos adaptados a tempe-raturas elevadas, como espécies de Fu-sarium e Pyrenochaeta terrestris.

Biológicos no controle

A utilização de produtos comerciaisque possuem espécies do fungo Tricho-derma tem mostrado algum efeito decontrole desses patógenos habitantesdo solo, porém, seu uso em larga esca-la ainda precisa ser melhor estudado,já

que o controle biológico é altamente de-pendente das condições edafoclimáticasàs quais ele é submetido.

Melhoramento genético

A utilização de cultivares resisten-tes sempre é preconizada, por reduzir oscustos de produção, facilitar o controle ediminuir a necessidade de agrotóxicos.No entanto, a resistência precisa ser vis-ta como uma forma de manejo da doen-ça, sendo sua utilização apenas uma dasmedidas para evitar epidemias que in-viabilizam o cultivo.

Dificilmente existirá uma cultivar decebola completamente imune aos pató-genos que evoluíram e coevoluíram coma cultura, como é o caso dos agentes cau-sadores da raiz rosada, podridão basal epodridão branca.

A grande população desses fitopató-genos em um campo de produção e altataxa de variabilidade em suas populaçõessempre proporcionarão situações de do-enças. Todavia, cultivares resistentes po-dem suportar mais tempo o ataque dospatógenos, apresentando uma menor in-tensidade de sintomas e reduzindo a taxade crescimento na população dos patóge-nos, o que resultará em produtividadesmais satisfatórias em condições de ataque.

Raiz rosada (Pyrenochaetaterrestris)

Na literatura consta que a resistên-cia à raiz rosada (Pyrenochaeta terrestris)é condicionada por um gene recessivo nolocusr. sendo a condição de resistênciarestrita às plantas homozigotas.

Contudo, há indicativo que outrosgenes de menor efeito podem estar en-volvidos na resistência. Alguns estudos,envolvendo a infecção do patógeno emplantas de cebola, mostraram que o fun-go colonizou todos os tecidos das raízese os vasos do xilema em plantas susce-tíveis, enquanto que cultivares resisten-tes apresentaram certa resistência à pe-netração do fungo.

Entretanto, vale ressaltar que, a cam-po, com alta infestação do patógeno, atéas cultivares resistentes apresentarão sin-tomas, e certamente terão a produtivida-de comprometida.

(?o CAMPO & NEGÓCIOS 1;t#!'inItfUWI JANEIRO 2016

Podridão basal (Fusariumoxysporum f. sp. cepae)

A resistência à podridão basal é atri-buída aos loci Focl e Foc2, parcialmen-te dominantes e aditivos (Bacher et al.1989). Assim como para raiz rosada,existem no mercado diversos cultivarescom algum nível de resistência à podri-dão basal no portfólio das empresas pro-dutoras de sementes.

Todavia, o cultivo, mesmo de culti-vares resistentes, em locais com alta den-sidade do patógeno, pode inviabilizar aprodução.

Podridão branca (Sclerotiumcepivorum e S. rolfsii)

Meer e Giessen (1983) relataram aexistência de dois cultivares de cebo-la, Beth Alpha e Pukekohe Longkee-per, com grande tolerância ao patógeno,contudo, até o momento não se conhecenenhuma cultivar de cebola para cultivono Brasil resistente à podridão branca.

Como o controle químico é poucoeficiente e pode não ser economicamenteviável,pois não existem fungicidas regis-trados no MAPA, as principais medidasde manejo devem ser de caráter preven-tivo, tais como: o plantio de mudas decebola livres da podridão branca em áre-as isentas do patógeno ou em épocas elocais onde as condições climáticas sãodesfavoráveis à ocorrência da doença erotação de culturas por períodos longos(superiores a dez anos).

Sintoma de raiz rosada

Viabilidade dasestratégias de controle

o uso de cultivares resistentes é aforma mais economicamente viável nomanejo de doenças. O "custo financeiroda resistência" em uma cultivar torna-sediluído durante os vários anos de desen-volvimento desse material, e por fim opreço praticamente não se difere de cul-tivares sem a resistência.

No entanto, os produtores ou técni-cos devem estar atentos às condições daregião de cultivo, pois os patógenos desolo têm no homem seu principal agen-te de dispersão, e assim sendo a princi-pal medida deve ser evitar a entrada dopatógeno nas áreas de cultivos.

Se sabidamente o(s) patógeno(s) es-tá(ão) presenteís) na área, é recomenda-do o uso de cultivares resistentes, alémda adoção de outras práticas de manejo.Caso a área de plantio esteja muito in-festada, não é recomendado o plantio decebola, pois até os cultivares resistentesa patógenos de solo tendem a ter umaredução drástica na produtividade nes-sas condições.

Por outro lado, se não existe relatoda doença na região de plantio, o uso decultivares com resistência pode ser dis-pensado, pois essa resistência pode terum custo energético desnecessário paraa cultivar."

LANÇAMENTO

TOPSEED PREMIUMDESENVOLVE VARIEDADESDE CEBOLAS PARADIVERSAS REGIDESAcebo1a é um dos principais

produtos agrícolas cultivadosno País e somente a Topseed

Premium, linha profissional da Agris-tar do Brasil e líder na comercializaçãode sementes, possui em seu portfólio11 híbridos totalmente adaptados parao cultivo em diferentes condições cli-máticas e de solo das principais áreasde cultivo do País.

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Portfólio

A Topseed Premium possui a maiscompleta linha de cebolas. "São as va-riedades híbridas Aquarius, Soberana,Andrômeda, Perfecta, Sirius, Optima,

Fernanda, Lucinda, Serena, Buccaneer ePredileta, adaptadas de Norte a Sul doBrasil, atingindo todos os territórios, comum posicionamento técnico para cadamaterial, visando explorar o máximo po-tencial genético em busca de produtivi-dade com qualidade, em todas as estaçõesdo ano", enumera o gerente comercial daTopseed Premium, Rafael de Morais.

Segundo Sant'Anna, as cebolas hí-bridas se adaptam às diversas regiões decultivo no Brasil, possuem melhor tole-rância às doenças e, o mais importan-te, são muito mais produtivas que as va-riedades convencionais OP. "Enquantoa média de produtividade dos materiaisconvencionais é de 20 a 30 tonlha, a dashíbridas pode chegar entre 60 até 120tonlha. As cebolas híbridas são uma al-ternativa para a produção com qualidadee 1ucratividade, pois trazem como van-tagens ao agricultor: alta produtividade,melhor uniformidade, rendimento e aca-bamento de bulbos", explica.s